Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 20 de outubro de 2017 2ª PROVA DE MICROBIOLOGIA Aula 1 – Vírus da imunodeficiência humana HIV/AIDS Aspectos sociais e odontológicos A AIDS pode ser definida como um conjunto de alterações provocadas pela perda da imunidade celular, pela ação de um retrovírus não oncogênico contendo um RNA de fita simples de polaridade positiva (5’ – 3’). O vírus é linfotrópico para células T humanas e denominado HIV. Vírus da imunodeficiência humana é diferente de AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida): AIDS é uma fase tardia, tecnicamente, não é certo falar que um paciente soro positivo é aidético. Inclusive, fala-se que o paciente está na fase de AIDS invés de “o paciente está aidético” pois soa preconceito. Quando o paciente chega nesta fase, ele já está no final de sua vida, pois não há como controlar mais, a carga viral já subiu muito e seu sistema imune está entrando em colapso. O vírus O vírus possui um envelope entre 80 e 100 nm, um capsídeo e dentro deste capsídeo (forma ogival; formado por proteínas do capsídeo denominadas p24 e p25) possui o genoma de RNA (2 fitas idênticas de RNA de fita simples de polaridade positiva) e algumas proteínas importantes para o ciclo (como transcriptase reversa, protease e integrasse). Todas essas estruturas são sintetizadas no genoma do vírus quando este está se multiplicando, por isso seu genoma é dividido em 3 grandes partes: uma responsável pelas enzimas do ciclo, outra pelas proteínas do envelope e a terceira por proteínas envolvidas com a formação do capsídeo. 2 20 de outubro de 2017 O envelope apresenta espículas constituídas de várias glicoproteínas, dentre elas, a gp120, que se encontra do lado externo do envelope e serve como adesina primária para receptores de células hospedeiras (CD4 de Th, macrófagos, células dendrítica e outras células com esse receptor) e a gp41, inserida no envelope, que permite a fusão do envelope viral com a membrana da célula. Após a fixação, ocorre a entrada do vírus na célula hospedeira, onde o RNA viral é liberado e transcrito em DNA com auxílio da transcriptase reversa. A seguir, o DNA viral se integra aos DNA cromossômico da célula hospedeira (pró-vírus). Após a integração, o pró-vírus pode controlar a produção de infecção ativa, originando novos vírus que são exocitados ou que permanecem no interior da célula, ou pode permanecer inativo como pró-vírus. HIV-1 e HIV-2 HIV-1: está espalhado pelo mundo todo, é mais agressivo, sua evolução é mais rápida, o período assintomático pode chegar a 10 anos, sua taxa de transmissão é mais alta e há um maior número de pessoas infectadas por este tipo de vírus. HIV-2: está restrito a África, o período assintomático é de 30 anos, é mais difícil de transmitir, por isso existem menos pessoas infectadas. OBS.: 1) Durante o período assintomático o vírus é transmitido. 2) Somente depois de 3 meses que a pessoa se infecta seu exame dá positivo. Pois, até lá, a carga viral é muito baixa e o sistema imune não foi capaz de produzir anticorpos suficientes para ser detectado em exame. 3) Origem do vírus: o HIV veio do SIV (macaco), que é originário da África, habitava chimpanzé, sofreu mutação no genoma e um ser humano ou teve relações sexuais com o animal ou comeu a carne do animal, com isso, adquiriu a carga viral. 4) Vírus com alta taxa de mutação por ser de RNA -> grande variabilidade -> resistência a antirretrovirais -> dificuldade de desenvolver medicamentos e vacinas -> o sistema imune precisa modificar com relativa velocidade. 5) Subtipos virais devido grande variabilidade -> interfere na virulência e patogenicidade. Patogenicidade HIV negativo ---3 meses---> HIV positivo (ganhou anticorpos contra o vírus). 3 20 de outubro de 2017 Fase assintomática: nenhum sinal clínico, mas o vírus se multiplica. Com o tempo, a pessoa se torna mais fraca devido seu sistema imune mais fraco e passa a ser sintomática. Fase sintomática: o Inicial (febre, sudorese, cefaleia, mal estar, fadiga, diarreia, desenvolve com mais facilidade doenças oportunistas pela queda do sistema imune: herpes zoster, herpes simples, dermatite, seborreia e tuberculose). o Intermediária (mesmos sintomas da fase inicial mais candidíase oral e orogenital, sinusite, bronquite e pneumonia); quando chega nessa fase, o médico precisa trocar o coquetel, pois ele não está funcionando, a carga viral está subindo e o sistema imunológico está entrando em colapso. o Tardia (AIDS: mais riscos de pneumonia por agentes que normalmente não causam pneumonia em pessoas saudáveis, a candidíase começa a descer para o esôfago da pessoa). o Avançada (a pessoa está praticamente com o nocaute do sistema imune, quase não possui mais sistema imunológico -> morte). HIV não possui fase de latência -> sua carga viral nunca chega a zero; está sempre se multiplicando. Vias de transmissão Contato sexual com pessoa infectada (63,7%): hetero ou homossexual; ativa e passiva; vaginal, anal e oral; Através de sangue e derivados (1 em 1 milhão) Compartilhamento de agulhas não esterilizadas por usuários de drogas endovenosas (0,8%) Transmissão de mãe para feto ou neonato ou pela amamentação (10% se estiver em tratamento ou 25% se não estiver em tratamento) Exposição ocupacional (0,5%) - O vírus também é encontrado na saliva, lágrimas e demais secreções, mas a concentração e infectividade são extremamente baixas e não relacionadas a transmissão. - Insetos não transmitem. - M-H a transmissão é de 1:700 a 1:3000 > varia porque as pessoas não são iguais e existem subtipos de vírus. -H-M a transmissão é de 1:200 a 1:2000. 4 20 de outubro de 2017 -H-H a transmissão é de 1:10 até 1:600 > muito maior devido feridas por sexo anal. -M-M ainda não possui dados. Tropismo viral principalmente por linfócitos TCD4+ A multiplicação do HIV ocorre em células de repouso e em células ativadas. Em repouso: produção viral após estimulação imune (ativação/multiplicação). Ativadas: produção viral imediata. Uma célula infectada tem meia-vida de 2 dias. Infecção > carga viral sobe > sistema imune ataca > carga viral sofre queda > sistema imune não dá conta e cai > carga viral sobe > AIDS (depois de 13 anos) e morte. Em relação ao número de partículas circulantes, se tiver abaixo de 10.000, há baixo risco de progressão. Se está entre 10.000 e 100.000, a progressão é moderada e a pessoa tende a trocar seu coquetel. Acima de 100.000, o risco é muito grande e a pessoa normalmente desenvolve a AIDS e não dá para controlar mais. O organismo começa a entrar em colapso e surgem doenças oportunistas, as vezes por microbiota residente ou organismos que não costumam causar doença em pessoas saudáveis. Antigamente, existia apenas AZT para combater a AIDS -> em 1 ano o vírus estava resistente ao AZT e as pessoas não tinham o que tomar. Em 1997, surgiu o coquetel: não pode tomar 2 drogas que ajam no mesmo alvo, tem que ser pelo menos 2 drogas que ajam em alvos diferentes. Hoje, existem diferentes medicamentos que atuam em diferentes pontos das vias do HIV. Fazendo o tratamento, há queda de 50% na taxa de transmissão. Epidemiologia 60% das pessoas infectadas não fazem tratamento: por não saberem, por não ter tratamento ou por não quererem fazer o tratamento. 5 20 de outubro de 2017 40% das pessoas que vivem com HIV não sabem que são infectadas: porque não vão fazer diagnóstico por preconceitos em postos de saúde, por terem medo do diagnóstico, por terem medo de agulha (normal em idosos).O que pode ser feito? Avisar as pessoas que podem ter uma vida normal mesmo com o vírus e tornar os testes mais acessíveis. 1 em cada 8 pessoas que vivem com HIV reportaram prestação de serviços de saúde negado devido discriminação. Em relação aos testes feitos no Brasil: 65% das mulheres profissionais do sexo Mais da metade de homossexuais 44% das pessoas que injetam drogas 37% do público geral Exame sorológico detecta o vírus após 3 meses; exame molecular detecta o vírus antes desse período. Porém, é um exame caro. 730.000 pessoas vivem com HIV no Brasil. Em 2013, teve um aumento de 44.000 novos casos. Não têm aumentado muito. Somente 41% dos adultos diagnosticados com HIV tomam medicação. O resto não toma porque não quer: devido efeitos colaterais, depressão, preconceito, etc. Aproximadamente 40 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. 70% encontram-se na África Subsaariana: sem tratamento, religião contra métodos de controle, não tem educação, poligamia. Prevenção Uso de preservativos, campanhas educativas, uso de agulhas e seringas descartáveis, cuidados à exposição ocupacional (EPI), controle de sangue e hemoderivados. Em grávidas: prevenção de novas infecções pelo HIV em idade fértil, em gravidez indesejada, não pode amamentar nem fazer parto normal. Populações chave: tratamento, prevenção e controle -Homossexuais -Usuários de drogas injetáveis -Profissionais do sexo -Pessoas em cadeias -Transgênero 6 20 de outubro de 2017 -Mulheres -Crianças -Pessoas jovens e adolescentes Aula 2 – Micoses superficiais e cutâneas As micoses são as doenças fúngicas mais frequentemente encontradas no homem. São classificadas de acordo com os tecidos do hospedeiro que estão comprometidos pela infecção: a) Micoses superficiais: limitadas às camadas mais externas da pele e pelos; b) Micoses subcutâneas ou profundas: afetam a derme, tecido subcutâneo, músculo e fáscias; c) Micoses sistêmicas: afetam sistemas e órgãos; d) Micoses oportunistas: infecções fúngicas causadas por fungo de pouca virulência ou originalmente comensais e que podem produzir infecções subcutâneas e disseminadas em indivíduos debilitados, com algum grau de imunossupressão. Micoses superficiais e cutâneas são infecções fúngicas que acometem as camadas superficiais da pele, pelos e unhas. Geralmente não penetram o tecido subcutâneo, pois ficam restritas a camada mais superficial (camada córnea). Muitas vezes não há envolvimento da resposta imune do hospedeiro -> não há inflamação: vermelhidão, edema, etc. Geralmente é assintomática, o que torna a infecção crônica. Como micoses superficiais temos: doenças causadas por Malassezia, Piedra branca, Piedra negra e Tinha negra. Como micoses cutâneas temos as dermatofitoses. DOENÇAS CAUSADAS POR MALASSEZIA (malasseziosas) Aspectos gerais: o São superficiais, por vezes crônicas; 7 20 de outubro de 2017 o Agente etiológico: leveduras do gênero Malassezia (leveduras são redondas e unicelulares, diferentes dos fungos filamentosos, que possuem hifas) -> São fungos lipodependentes: não tem capacidade de produzir ácidos graxos, então precisam de ácidos graxos no meio em que crescem. Porém, não é qualquer fonte de gordura (azeite galo = mais puro). o Causam lesões hipocrômicas que estão relacionadas à produção de ácido azeláico, que interfere na melanogênese (onde a colônia cresce, adquire coloração diferente) o Prevalência nas áreas seborreicas do corpo – tórax é a região mais densamente colonizada porque existe uma maior quantidade dessa levedura no couro cabeludo e, quando lava o cabelo, desce para o pescoço e tórax. o Faz parte da microbiota da pele. o Distribuição mundial, principalmente em clima subtropical e tropical. o A ocorrência é em ambos os sexos; sem diferença entre idade. Patogênese: o Diferentes fatores podem estar envolvidos com o rompimento do equilíbrio fungo/hospedeiro: Idade, predisposição genética, fatores geoclimáticos, aumento da oleosidade da pele, etc. Fatores endógenos: má nutrição, avitaminoses, gestação, diabetes, contraceptivo oral, imunodeficiência, etc. o Não é infectocontagiosa. Manifestações clínicas: o Pitríase versicolor: lesões maculares múltiplas com descamação fina; manchas claras na pele do pescoço, tórax e as vezes braços o Foliculite: pápulas o Dermatite seborreia: infecção crônica de caráter recidivante; o papel do fungo na etiologia da doença ainda não é bem conhecido Diagnóstico: o Exame direto: raspagem da lesão ou com fita durex, coloca na lâmina e cora com lactofenol, que deixa azul. Além disso, utiliza KOH para clarificar o material, pois os fungos possuem parede celular, coisa que as células humanas não possuem; com isso, destrói a célula do hospedeiro com o potássio e o fungo 8 20 de outubro de 2017 resiste a esse tratamento; visualizamos melhor as células do fungo em meio com as do organismo. Encontramos hifas e leveduras e as leveduras se organizam em forma de cachos de uva. Livro: hifas pequenas, grossas e ramificadas, e conídeos arredondados. o Cultivo: quando há disponibilidade de material, é feito no meio Dixon (diferentes fontes de ácidos graxos, mais o azeite como fonte de gordura; encubação entre 35 e 37°C, entre 15 dias); começa a crescer de forma cremosa, leveduriforme. o Lâmpada de Wood: usado por alguns dermatologistas; quando passa essa lâmpada, a região infectada se apresenta, porque as leveduras produzem pigmentos chamados porfirinas (fluorescentes) ao comprimento de onda emitido pela lâmpada de Wood. Tratamento: o Tópico: creme ou gel com agente queratinofílico o Hipossulfito de sódio o Cetoconazol o Itraconazol o Fluconazol PIEDRA BRANCA Aspectos gerais: o Infecção fúngica assintomática da cutícula do pelo. Os antifúngicos não variam muito: pois são caros os estudos e possuem muitos alvos semelhantes ao hospedeiro - ambos são eucariotos. 9 20 de outubro de 2017 o Agente etiológico do gêreno Trichosporon -> leveduras com micélios que desarticulam em artroconídeos. o Encontrada em regiões de clima temperado. No Brasil, já foi encontrada no PA, RS, SP, RJ, PB e ES. o Afeta ambos os sexos e todos os grupos etários. Estudos mostram prevalência em crianças sem saber o motivo. o Forma de infecção desconhecida, porém há relações entre: maior temperatura e umidade. Manifestações clínicas: o Nódulos irregulares e firmes (aderentes) de coloração variável (do brando ao castanho-claro). o Formas e tamanhos variados. Diagnóstico: o Corta a região que está afetada e faz tratamento com KOH (clareia o material). Hifas hialinas (claras), septadas, com artroconídeos (fragmentação das hifas) retangulares ou ovais. o Observa-se uma região fúngica ao redor do pelo. o Cultura: Ágar Sabouraud -> crescem como colônias de leveduras que se tornam acinzentadas. Tratamento: o Cortar ou barbear a área afetada. o Devido a frequência, antifúngicos de uso tópicos podem ser indicados. 10 20 de outubro de 2017 o Imidazólicos PIEDRA NEGRA Aspectos gerais: o Infecção crônica e assintomática. o Agente etiológico: Piedraria hortae. o Fungo demáceo: capazes de produzir pigmento (melanina) em suas hifas. o Geofílicos. o Contato através do solo e plantas. o Ocorre em regiões tropicais e subtropicais; no Brasil, é comum em populações indígenas da Amazônia. Manifestações clínicas: o Nódulosconstituídos de uma massa de células fúngicas, firmemente aderido a superfície do pelo (mais firme e escuro comparado à piedra branca). o Coloração escura (por ser fungo dermáceo = produz melanina; na piedra branca são hialinas = claras) Diagnóstico: o Dermatoscópio: permite ampliar a imagem da pele ou pelo. Permite a diferenciação dos nódulos formados por ninhos em casos de pediculose. o Cultura: Ágar Sabouraud com cloranfenicol (antibacteriano) + cicloeximida (antifúngico = impede crescimento de fungos contaminantes). Temperatura entre 25-30°C. Tempo de 2-3 semanas. Colônia filamentosa levada ou apiculada, de cor escura e reverso preto. 11 20 de outubro de 2017 Tratamento: o Mesmo que piedra branca. TINHA NEGRA Aspectos gerais: o Infecção crônica e assintomática da camada córnea da pele. Mais de caráter estético, pois não causam uma inflamação ou uma doença mais grave para o hospedeiro. o Agente etiológico: Hortae werneckii. o Fungo dermáceo (produz melanina). o Geofílico (encontrado no solo). o Ocorre nas zonas tropicais e temperadas. o Descrita nas Américas do Sul e do Norte, África e Ásia. o Prevalente entre jovens (20 anos). o Mais comum em mulheres. Manifestações clínicas: o Presença de máculas acastanhadas (palma das mãos, planta dos pés, pescoço e tórax). o Semelhante a melanoma. Diagnóstico: o Exame direto: tratamento com KOH (clarificante). Hifas escuras, curtas, ramificadas e septadas. o Cultura: Ágar Sabouraud dextrose, Ágar Batata ou Ágar Fubá. Temperatura: 25°C. Tempo: 30 dias. Colônia cremosa leveduriforme ou cerebriforme preta e reverso preto. Tratamento: o Responde bem aos antifúngicos de uso tópico. o Imidazólicos. 12 20 de outubro de 2017 o Ciclopiroxolamina. o Não há tendência a recidivas, somente se houver reexposição a materiais contaminados. DERMATOFITOSES Aspectos gerais: o Micose causada por fungos dermatófitos -> fungos ceratinofílicos = capazes de invadir tecidos ricos em queratina e degradar a queratina. o Predileção por crescer na camada córnea da pele, pelos e unhas. o Diferenciados quanto ao habitat: Geofílicos – solo. Zoofílicos – animais. Antropofílicos – seres humanos. o Agentes etiológicos: possuem três gêneros: Epidermophyton: hifas septadas com apenas macroconídios (esporos);causa micose em pele e unhas. Microsporum: hifa septada com muitos macroconídios e poucos microconídios; acomete cabelos e pele. Trichosphyton (mais comum): hifa septada com muitos microconídios e poucos macroconídios; acomete cabelos, pele e unha. Microsporum e Trichosphyton apresentam fluorescência sob a luz ultravioleta, o que pode ser usado para diagnóstico clínico. o Epidemiologia: Sexo: comum no sexo masculino. Idade: tinha do pé comum em adultos. Estado imunológico: alta incidência em imunossuprimidos. 13 20 de outubro de 2017 Populações fechadas e relacionadas a hábitos de higiene: comum em penitenciárias e populações de baixa renda. o Contágio: Contato direto com indivíduos, animais ou solo contaminado. Indireto por exposição a fômites contaminados (materiais contaminados por alguma amostra biológica por algum indivíduo contaminado; ex: materiais de fazer unha). A contaminação começa na camada córnea e sua progressão depende do balanço parasita/hospedeiro -> pode ir pro tecido subcutâneo se o indivíduo estiver imunossuprimido. Manifestações clínicas: o Classificação: ocorre de acordo com a topografia do acometimento: Tinea + sítio anatômico da lesão. Exemplo: Tinea corporis – tinha do corpo. o Tinha do couro cabeludo: comum em crianças. Microspórica: uma ou duas placas de alopecia; Gênero Microsporum. Queda de cabelo com descamação. Tricofídica: múltiplas placas de alopecia, muito descamativa; Gênero Trichophyton. o Tinha do corpo: Pode ser confundida com malassezia, mas diferencia pela descamação. 14 20 de outubro de 2017 Evolução centrífuga, descamativa, as vezes avermelhada, com tendência a coalescer (formar grande lesão). Braços, pescoço e face. o Tinha da mão e tinha do pé: Evolução centrífuga, hiperqueratóticas, eritema-escamosa. A tinha do pé (pé de atleta) é mais comum. Eliminar todos os fatores de possível contaminação: trocar de meia, roupa, calçado; e usar antifúngico no calçado. o Tinha da unha: Comprometimento fúngico das unhas, geralmente na porção distal da unha. Pode resultar na destruição da lâmina ungueal (unha). Quando é causada por dermatófito, é apenas na unha. Quando é causado por Cândida, acomete a cutícula também. Diagnótico: o Exame direto: tratamento com KOH; Escamas devem ser colhidas das bordas ativas da lesão (centrífuga – bordas mais recentes). Hifas hialinas, septadas -> fungo filamentoso. Artroconídeos (são, geralmente, a fonte de infecção). É importante descrever o tipo de parasitismo nos pelos: 15 20 de outubro de 2017 Ectotrix = fora do pelo, em toda a cutícula. Endotrix = dentro do pelo, quebra fácil. o Cultura: Ágar Sabouraud com antibiótico (cronanfenicol) e cicloeximida. Temperatura: 25-30°C. Tempo de incubação: 5-15 dias. Lâminas com lactofenol azul de algodão para observação das estruturas do fungo. A título de curiosidade: o Cultura pulvurulenta cor de canela: macroconídios em naveta ou fuso, com parede irregular fina, com até seis divisões celulares. o Cultura filamentosa branca com reverso amarelo: macroconídios fusiformes, afilados nas pontas, + de seis divisões celulares. o Cultura filamentosa branca com reverso vermelho: microconídios em gotas pequenas, implantados paralelamente na hifa; macroconídio em forma de lápis. 16 20 de outubro de 2017 o Cultura cerebriforme bege: microconídios abundantes, dispostos lateralmente. o Cultura filamentosa, bordas amarelo-esverdeada com reverso castanho: apenas macroconídios com forma de clava, arredondados nas extremidades. Tratamento: o Pode ser tópica, sistêmica ou combinada. o Griseofulvina (sistêmico). o Terbinafina. o Ciclopiroxolamina. o Cetoconazol, itraconazol e fluconazol. Aula 3 – Micoses oportunistas com ênfase nas leveduras São infecções causadas por fungos de baixa virulência mas ao encontrar condições favoráveis como distúrbios do sistema imunológico desenvolvem poder patogênico invadindo os tecidos. Exemplo: hospedeiros com imunidade comprometida, ou pelo uso de medicações (corticoide, quimioterapia, imunossupressores), ou por doenças como a Aids. Existem casos de candidose de origem vaginal causando uma micose sistêmica, podendo levar à septicemia e ao óbito. Microrganismo emergente = um microrganismo que antes não causava doença nenhuma e passa a causar doença/dano. Ex: Saccharomyces cerevisiae (usada na fermentação de pães, bebidas e na fabricação de prebióticos) quando causa micose sistêmica. A principal característica de fungos oportunistas é acometer pacientes imunocomprometidos e crescer a 37°C. Micoses sistêmicas oportunistas 17 20 de outubro de 2017 o As principais infecções observadas são: criptococoses, aspergiloses, candidoses, zigomicoses, hialohifomicoses, feohifomicoses. Criptococose (doença dos pombos) é uma infecção subaguda ou crônica de comprometimento pulmonar, sistêmico e, principalmente,do sistema nervoso central, causada pelo Cryptococcus neoformans. Aspergilose é uma doença pulmonar causada pelo fungo Aspergillus fumigatus. Regularmente respiramos esporos de aspergillus em pacientes imunodeprimidos, que causa pneumonia e formam bolas de fungos nos pulmões (aspergiloma). Candidíase - Micoses causadas por fungos do gênero Cândida Zigomicose - causada por fungos que possuem hifas não septadas. Hialo-hifomicose - fungos sem coloração. FUNGOS OPORTUNISTAS: -Saprofíticos na natureza (não fazem mal ao homem; degradam matéria orgânica): são encontrados no solo, madeiras, restos orgânicos em decomposição (plantas), animais, fezes de animais, biota normal. -Distribuição pelo ar (aparelhos de aeração). -Fungos termotolerantes: crescem a 37°C. -Baixa virulência (característica que aumente a capacidade de provocar uma doença): pacientes afetados são imunocomprometidos. Ex.: Candida Albicans possui adesão à mucosa oral e penetração no tecido. -Porta de entrada variável: cavidade oral, vaginal, inalação, TGI, etc. Se a pessoa que possui este fungo sofrer uma baixa imunológica ele pode transmigrar para o sangue causando uma candidemia. Aspergillus a pessoa inala o esporo e pode ter uma fungemia pulmonar. Candidose oral ou vaginal não está exclusivamente relacionada à uma imunodeficiência, também pode ser causada por estresse ou desbalanço hormonal. -Cosmopolitas: pois são comensais = estão em diversos locais, países (frios, quentes). 18 20 de outubro de 2017 -Determinam doenças em hospedeiros com imunodeficiência (com HIV, transplantados, uso de corticoides por longo período). Fatores predisponentes: o Pacientes transplantados, em terapia imunossupressora, com diabetes (cetoacidose), com AIDS (aumento de sobrevida); o Traumatismos/queimados; o Distúrbios endócrinos; o Pacientes que fazem uso de antibioticoterapia (acabam com microbiota normal, principalmente o de amplo espectro) e corticoterapia (diminuem a imunidade). LEVEDURAS Fungos predominantemente unicelulares (arredondadas) que se reproduzem por brotamento ou fissão. Exemplos: Saccharomyces cerevisiae, Candida albicans, Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatti. Leveduras e doenças: Uso de cateter venoso, transplantes, terapia imunossupressiva, AIDS, explosão no uso de antibióticos e aumento da expectativa de vida. Infecções por leveduras: Uso de triazólicos como profilaxia: diminuição do número de candidoses causadas por C. albicans e aumento de infecções por não-albicans. É 50% das infecções sistêmicas em centros de tratamento de câncer. CANDIDOSES OU LEVEDUROSES Candida albicans: o Vive em diferentes locais do corpo como comensal: mucosa oral, vaginal, intestinal. o Adapta a extremos de pH: mucosa vaginal e sangue. o AIDS: redução de CD4: aumento de infecção orofaríngea. Candida não albicans: parapsilosis, glabrata, krusei, tropicalis. o Natureza o Pele Infecção sistêmica por Candida spp.: o Infecção sanguínea (candidemia) o Infecção profunda (mais frequente é intra-abdominal) 19 20 de outubro de 2017 o Combinações das duas = mortalidade 27-55% o 1ª semana ocorre a colonização (queda de microbiota normal): 80% dos casos Colonização > 7 dias > infecção Fatores de risco para a candidose invasiva: o Pacientes em UTI: maior risco, principalmente doenças mais graves e em imunossuprimidos. o Uso de antibióticos de amplo espectro: ex.: cefalosporina = risco aumentado de C. glabrata; ciprofloxacina = infecção invasiva por Candida. o Pacientes onco-hematológicos: função de neutrófilos alterada devido a quimioterapia ou imunossupressores = população de risco. o Transplantados de órgãos sólidos (intestino, pâncreas, fígado, pulmão, coração, rim): mais frequente C. albicans, C. glabrata, C. parapsilosis e C. tropicalis; mortalidade superior a 60% e pior prognóstico após 60 anos. Candidemia é favorecida: o Uso de cateter venoso central e hemodiálise: Cateter: biofilme. Hemodiálise: biofilme em tubos, tanques e espaços no aparelho de hemodiálise. o Endocardite: atraso na retirada do cateter venoso central > alta taxa de mortalidade. o Causada por leveduras C. parapsilosis = presentes debaixo das unhas do profissional no momento da implantação, salientando a importância do uso de luvas. o Coloniza pele de pacientes e profissionais da saúde = contaminação. Como ocorre invasão da Candida causando candidemia? A temos em nossa pele, mucosa e intestino. 20 20 de outubro de 2017 1) Adesão: a levedura lança adesinas para aderir aos tecidos. 2) Penetração: forma um túbulo germinativo > ajudam na invasão do tecido; podem formar pseudo hifa ou hifa verdadeira. 3) Invasão e disseminação na corrente sanguínea 4) Colonização endotelial e disseminação Resistência a drogas x biofilme Leveduras em biofilmes são mais resistentes a drogas antifúngicas: -Matriz extracecular dificulta o acesso dos antifúngicos; -Biofilme maduro: mudança no ergosterol da membrana (resistência para a anfotericina B e azóis). Profilaxia Deve ter cautela devido a possível aumento da resistência aos antifúngicos. Devido a alta taxa de mortalidade a profilaxia tem sido analisada em: -Pacientes cirúrgicos de alto risco: fluconazol; -Pacientes de alto risco em UTI: micafungina-EUA, não comprovada diminuição da mortalidade; -Pacientes transplantados: pâncreas, pulmão e intestino; 7-14 dias pós transplante; AMB lipossomal; caspofungina; CUIDADO: aumento de resistência! Tratamento Se for uma candidíase invasiva, o tratamento deve ser imediato, antes mesmo de sair resultado de antifungigrama. Iniciar com equinocandina quando se suspeita de resistência a azólicos. Transplantados de órgãos sólidos: depende da neutropenia, tipo de infecção: 21 20 de outubro de 2017 Se tiver ausência de dano hepático e de neutropenia e sem antecedentes de uso de azólicos: fluconazol; Com neutropenia, uso prévio de azólicos e dano hepático: caspofungina, anfotericina ou voriconazol; Depende de cada caso, mas o que mais se vê é: anfotericina B, itraconazol, vorizonazol, fluconazol. Conclusão Importância na identificação; Testes de susceptibilidade a antifúngicos. CRIPTOCOCOSE Principal micose invasiva capaz de causar doença difundida mundialmente; Até 1mi de novas infecções anualmente; Atinge imunocomprometidos e imunocompetentes; Gênero: Cryptococcus C. neoformans e C. gattii; Levedura capsulada ---- diferencia de outras leveduras; Em geral, atinge o organismo humano pelo trato respiratório. C. neoformans C. gattii Imunocomprometidos Imunocompetentes Imunocompetentes Regiões tropicais e subtropicais 95% das infecções Mais recente: climas temperados Excreta pelos pombos Árvores: eucaliptos e outras;carvalhos 22 20 de outubro de 2017 Como a pessoa adquire Criptococos? A pessoa inala os esporos (apesar de ser uma levedura, quando faz reprodução sexuada, produz esporos) que atingem os pulmões. Dos pulmões, ocorre tropismo pelo SNC e a pessoa vai desenvolver meningite. Tratamento: é complicado, pois não são todos antifúngicos que conseguem chegar ao SNC; Anfotericina B sozinha ou associada à flucitozina (não utilizada no Brasil) e Fluconazol. Como a levedura atravessa a barreira hematoencefálica? Por parasitose = entre duas células; usando metaloproteases por exemplo. Por transcitose = como se fosse uma endocitose; usando ácido hialurônico. Por cavalo de troia = macrófagofagocita o cryptococcus no pulmão, porém, o fungo possui a cápsula e o macrófago não é capaz de mata-lo. O macrófago transita então com o fungo até o SNC e, lá, causa meningite. Aula 4 – Micoses de interesse odontológico – Candida e PCM Características gerais: Micoses sistêmicas são micoses profundas. Geralmente adquire pelas vias aéreas superiores, normalmente por esporos. De maneira geral, são fungos dimórficos ou fungos oportunistas. Dimórficos = apresentam duas morfologias: leveduriformes ou filamentosos. Oportunistas = acometem indivíduos com imunossupressão. São causadas por fungos saprófiticos do solo, geralmente pela inalação da forma infectante (esporo), atingindo órgãos internos e vísceras. Iniciam-se produzindo 23 20 de outubro de 2017 lesões pulmonares que evoluem para pneumonia aguda inicial ou autolimitada. A seguir, na forma crônica subsequente, apresentam lesões supurativas ou granulomatosas, formando as vezes cavidades pulmonares, propagando-se por extensão direta a tecidos contíguos. Podem se propagar pela corrente circulatória e produzir abscessos mestásicos em diversos órgãos, inclusive na pele. O indivíduo acometido desenvolve hipersensibilidade aos contituintes químicos do fungo. Possuem elevada disseminação. A paracoccidiodomicose é causada pelo fungo dimórfico P. brasiliensis através da inalação dos conídios que se destacam da forma filamentosa. Ocorre inicialmente nos pulmões podendo disseminar-se pelas vias linfáticas e hematogênicas, comprometendo os linfonodos, pele e glândulas suprarrenais. As lesões bucais decorrem da disseminação sistêmica com formação de úlceras sobre a mucosa alveolar, gengiva, palato, lábio, orofaringe e mucosa jugal, apresentam aspecto semelhante a amora e sangram facilmente. Paracoccidioidomicose (PCM): - Agentes etiológicos: Paracoccidioides brasiliensis (distribuição mais dispersa pelo Brasil – predomina no sudeste, por ser um polo migratório) ou Paracoccidioides lutizii (distribuição restrita as regiões norte e nordeste). São fungos termo-dimórficos pois variam a sua morfologia entre 2 formas: filamentosa (saprófito), que é a forma infectante e encontrada no meio ambiente a 25°, com hifas hialinas e septadas com presença de clamidoconídeos que são as estruturas arredondadas de resistência e reprodução das hifas. Entretanto, quando expostos a temperatura de 37° nos tecidos do hospedeiro, esses fungos mudam da forma filamentosa para a forma de levedura (parasita) - célula circunvalada que pode possuir um único ou múltiplos brotamentos laterais. A paracoccidiodomicose é causada através da inalação dos conídios que se destacam da forma filamentosa. -Essa micose é geograficamente confinada a América Latina, com destaque para o Brasil (80%). É uma das principais causas de óbitos em pacientes imunossuprimidos. Regiões endêmicas: Sul, Sudeste e Centro Oeste. Apresenta período de latência prolongado. É a 8ª causa de morte mais comum entre as infecções crônicas, acometendo principalmente trabalhadores rurais. Leva a insuficiência respiratória já que o sítio primário de infecção é o tecido pulmonar. 24 20 de outubro de 2017 -A infecção tem predileção por homens devido ao efeito protetor dos hormônios femininos entre a menarca e a menopausa. Isso porque as mulheres na fase adulta produzem o hormônio 17-beta-estradiol que inibe a diferenciação da PCM filamentosa para leveduras. -Fatores de virulência da PCM: • Melanina. É um pigmento de cor acastanhada produzido pelo fungo. Essa melanina se deposita na parede celular externamente ao fungo. Quando o fungo está melanizado, ele se torna resistente a fagocitose promovida por macrófagos. Ao invés de haver formação de fagolisossosomo para sua destruição, o fungo se torna viável para replicação no citoplasma do macrófago. Assim, juntamente com o macrófago, o fungo pode sair do tecido pulmonar e chegar até o fígado, baço e sistema nervoso central. A melanina também altera a sensibilidade a antimicrobianos > sendo mais sensível ao itraconazol e a anfotericina B. • Dimorfismo. É uma estratégia utilizada pelos fungos dimórficos para mascarar algumas moléculas que são reconhecidas pelo sistema imune do hospedeiro. Ex: alguns fungos para se diferenciarem da forma filamentosa para levedura eles diminuem o conteúdo de beta-1-3-glucana que é uma das principais glucanas reconhecidas pelos receptores de lectina dos macrófagos. A partir disso, há aumento da quantidade de alfa-1,3-glucana, com o objetivo de evasão do sistema imune. • Fase aguda. É uma fase de rápida disseminação do fungo, acomete indivíduos jovens, forma mais grave e de pior prognóstico, já que é muito comum em crianças e idosos. • Forma crônica. É uma fase unifocal ou multifocal (quando se dissemina além do ambiente pulmonar), pode levar meses ou anos para se tornar aparente, representa mais de 90% dos casos, mais frequente entre homens de 29 a 40 anos (fase reprodutiva). Manifestações clínicas da PCM crônica: Infecção de progressão lenta, originadas a partir de um longo período de latência. Ocorre inicialmente nos pulmões podendo disseminar-se pelas vias linfáticas e hematogênicas, comprometendo os linfonodos, pele e glândulas suprarrenais. Disseminação pelo sistema reticuloendotelial (sistema mononuclear fagocitário). As lesões bucais decorrem da disseminação sistêmica com formação de úlceras sobre a mucosa alveolar, gengiva, palato, lábio, 25 20 de outubro de 2017 orofaringe e mucosa jugal, apresentam aspecto semelhante a amora e sangram facilmente. Presença de halitose, inflamação, formação de microabscessos, hemorragia, mobilidade dos dentes, perda de tecido ósseo e retenção de saliva. Diagnóstico: Envolve a cultura do material, o exame direto, exame histopatológico, exame de soro (para acompanhamento da resposta do paciente ao tratamento). A biologia molecular também pode ser feita, porém é cara. EXAME DIRETO: o padrão ouro do diagnóstico é o exame direto no qual se pode coletar diferentes materiais, como pus e raspagem de lesões, e analisar a presença do fungo. Para fazer esse exame direto nós tratamos o material 10% de KOH que é clarificante, responsável por destruir as células do hospedeiro e manter apenas os fungos já que eles têm parede celular, sendo mais resistentes. Assim, é possível visualizar no microscópio células mães com múltiplos brotamentos laterais com forma de roda de leme. Essa é uma morfologia muito característica da PCM. CULTIVO: quando se objetiva ver o crescimento e o dimorfismo do fungo podemos usar o meio de cultura Ágar Sabouraud. PCM não é uma doença infecto contagiosa. À 25°C, as colônias são brancas, lisas; microscopicamente: hifas septadas, poucos conídios, alguns clamidoconídios. À 37°C, as colônias são cremosas e brilhantes; microscopicamente: células arredondadas, com brotamentos, semelhantes às estruturas verificadas em parasitismo. HISTOPATOLÓGICO: se você tiver disponibilidade de material podemos fazer o exame histopatológico. Este, permite identificar o agente infeccioso e ver alterações no tecido como granulomas, já que a PCM é uma doença granulomatosa, onde fica protegido o fungo. As colorações utilizadas são GGMS e HE. SOROLOGIA: acompanhamento do paciente a resposta a antifúngicos. TRATAMENTO INDICADO: itraconazol. Causa sequelas. CRITÉRIOS DE CURA: ausência dos sinais clínicos e sorologia negativa por 2 anos. A cura não pode ser considerada de fato 100% -> ocorre “cura aparente/cura clínica”; P. brasiliensis não é erradicado; pode haver reativação tardia.26 20 de outubro de 2017 Aula 5 – Antifúngicos Existem poucas opções disponíveis no mercado comparado aos antibióticos, apresentam maior toxicidade para mamíferos, além dos problemas relacionados à resistência. Agem na parede celular ou na membrana plasmática do fungo (esterol, ergoesterol presente na membrana ou em sua síntese). Infecções fúngicas Infecções fúngicas invasivas: mortalidade de 20 a 90% Diagnóstico tardio e tratamento Resistência Resistência genotípica (modificação do alvo) e fenotípica (ex: biofilme) Biofilmes Fenômeno multifatorial: presença de matriz; aumento da densidade celular; alta regulação de bombas de efluxo. É formado em diversos dispositivos médicos: catéters, implantes, válvulas cardíacas, próteses. Questão de prova: Pq é mais difícil tratar infecções com presença de biofilme? Antifúngicos: dificuldade no tratamento, retirar dispositivo, cirurgia se torna inviável devido ao estado de saúde do paciente. A solução é tentar tratar com medicamentos. Poucos antifúngicos são eficazes contra biofilme: miconazol, anfotericina B lipossomal e equinocandina. Todos induzem a produção de espécies reativas de oxigênio. Griseofulvina Fungistático Preciso mecanismo de ação é desconhecido; Interferência na montagem dos microtúbulos; Liga-se à proteínas microtubulares inibindo a mitose e a síntese proteica. Possui toxicidade seletiva. Espectro de ação: fungos dermatófitos, é administrada via oral. Análogos das pirimidinas Flucitosina Não possui atividade antineoplásica intrínseca, possui atividade contra leveduras: Candida spp. e Cryptococcus spp. Aspergillus spp. e agentes da cromomicose; Monoterapia: cromomicose e candidose vaginal ou trato urinário inferior 27 20 de outubro de 2017 Rápido surgimento de resistência. Associada a outros agentes: Anfotericina B tratamento da meningite criptococóccica, tornou o tratamento mais eficiente (10 para 4 a 6 semanas); Nefrotoxicidade limitada e redução da função renal (anfoB) promove um aumento do nível sérico da 5-fluocitosina, acentuando seus efeitos adversos. Possui custo elevado e não está disponível em muitos países. Base nitrogenada pirimídica: a citosina modificada pela introdução de um átomo de flúor no C 5 Substrato: responsável pela eliminação de precursores na síntese dos ácidos nucleicos. Mecanismo de ação Entra na célula através da citosina permease e sofre uma série de reações até formar nucleotídeos fluorados que serão incorporados ao DNA e irão interferir na sua síntese. Seletividade: mamíferos têm pouca ou nenhuma citosina deaminase. Complicações associadas ao uso: Mielossupressão causando anemia, trombocitopenia e leucopenia. Disfunção hepática, anorexia, náusea e vômito. Resistência: Mutações no fungo da enzima permease e deaminase. Polienos Agentes antifúngicos de amplo espectro. Nistatina e Anfotericina A e B (somente a B foi desenvolvida por ser mais potente) Anfotericina B – pertence ao grupo dos polienos classe macrolídeos Propriedade anfipática: único medicamento a ser administrado sistemicamente no tratamento de infecção visceral. Caráter fungicida (modo preciso não está claro). Modo de ação primário: Liga- se ao ergoesterol, formando poros na membrana e alterando a permeabilidade da mesma. Causa danos oxidativos à célula que leva a formação de cascata de reações oxidativas. * Habilidade de estimular macrófagos, imunomodulador: aumento na produção do ânion superóxido do macrófago. * AmB: produção de ROS levando à danos oxidativos. 28 20 de outubro de 2017 Toxicidade: hipotensão, hipóxia, erupção cutânea, convulsão, anorexia e a nefrotoxicidade é um fator limitante. Formulação lipídica: diminui a toxicidade, aflotericina fica envolvida por um complexo lipídico Possui amplo espectro de ação, embora haja espécies resistentes (raro). Hipóteses: Reorientação ou mascaramento do ergoesterol, dificultando a ligação do polieno. Quantidade de ergosterol na membrana, mudanças na composição do ergoesterol: colesterol. Estigmasterol. Componentes da parede celular afetam a interação dos polienos, a fase exponencial é menos resistente que a estacionária. Derivados Azólicos Grande classe de antifúngicos usados clinicamente Dois grupos: Imidazólicos (miconazol e cetoconazol) e triazólicos (fluconazol e itraconazol). Atividade fungistática e amplo espectro de ação. Alvo: enzima 14-alfa demetilase. Anel azólico interage com a porção heme da enzima o N se liga ao ion férrico. Maior afinidade pelas enzimas fúngicas dependentes do citocromo P-450 do que pelas células dos mamíferos (inibe a conversão lanoesterol em ergosterol). Miconazol e vorizonazol: produz ROS, atividade fungicida em Candida albicans e C glabrata. Atividade: Aumento de ROS, inibição da catalase e peroxidase: enzimas importantes na quebra de radicais de peróxido de hidrogênio. Mecanismo de resistência dos azólicos Espécies resistentes: Modificações na quantidade e qualidade da enzima alvo (C. Krusei) elevada quantidade de P450 microssomal, super expressão da enzima modeficaçôes da enzima alvo reduzido acesso ao alvo e combinação destes mecanismos. Fluconazol Eficaz contra dermatófitos Efeitos adversos: aumento da transaminase hepática, náusea e vômito, erupção cutânea Itraconazol Após ser metabolizado é formado o hidroxiitraonazol, com atividade comparada ao itraconazol. A bio-disponibilidade oral é dependente de ácido. 29 20 de outubro de 2017 Voriconazol Candida spp. (incluindo sp resistentes ao Fluconazol) Atividade em infecções cerebrais, pode causar distúrbio visual e fotosensibilidade. Não é licenciado para uso profilático ou paciente com febres persistentes e baio número de neutrófilos. Muitas interações medicamentosas, muita variabilidade farmacocinética e mais efeitos colaterais que o Fluconazol. Posaconazol Estrutura relacionada com o itraconazol. Amplo espectro de ação, disponibilidade oral aumenta com alimentação gordurosa. Pouca interação medicamentosa comparada com itraconazol e voriconazol. Prevenção de infecções fúngicas em pacientes neutropênicos com leucemia e transplantados de MO. Resistência aos azólicos: Alta produção da enzima alvo, bombas de efluxo, barreiras de entrada, mudança da enzima-alvo, inativação da droga e inativação externa (MEC) Equinocandinas Alvo: complexo de proteínas responsável pela síntese da parede celular; 1,3- beta-D-glucan sintetase, impedindo a síntese de beta glucano. Leva à fragilidade osmótica e lise. É um alvo novo e pode ser usado em associação aos azólicos. Efeitos adversos: dor de cabeça, febre, hepatotóxico, flebites, liberação de histamina, erupção cutânea. *Caspofungina Aspergilose: não é fungicida para Aspergillus mas induz mudanças morfológicas diminuindo a propensão a causar injúria pulmonar. Resistência mutação no gene FKS1 em C. albicans Mecanismo de ação acima. Aula 6 – Cárie dental -Características gerais: A cárie dentária pode ser definida como uma perda localizada dos tecidos calcificados dos dentes, decorrentes da fermentação de carboidratos da dieta 30 20 de outubro de 2017 por micro-organismos do biofilme dentário. Essa fermentação leva a produção de ácidos orgânicos, havendo desmineralização do tecido dentário. Visto isso, ocorre decomposição lenta do esmalte e dissolução da matriz, resultante da perda de cristais. O termo cárie deriva do latim cariosus, que significa destruição ou perfuração. Acárie não é produzida por todos os componentes da microbiota residente, mas micro-organismos específicos são necessários para que ocorra a cárie. Desta forma, apenas a presença de biofilme dentário (placa bacteriana inespecífica) não é suficiente para provocar lesões de cárie, sendo, portanto, necessária a presença de biofilme específico, contendo micro-organismos virulentos (cariogênicos) para que ocorra a doença. -Fatores para o desenvolvimento da doença: Primários: o sistema de defesa do hospedeiro, presença necessária de determinados micro-organismos cariogênicos, tempo de exposição e presença do substrato. Secundários: saliva (fluxo de secreção salivar e capacidade tampão) e disponibilidade de flúor. Terciários: gênero, idade, grau de escolaridade. Causas para o declínio da cárie no mundo: flúor, prevenção, mudança de dieta, educação, acesso a políticas de saúde pública. -Dinâmica da formação da lesão de cárie: Atualmente, considera-se cárie como consequência do desiquilíbrio entre os fatores de desmineralização e remineralização, sendo função direta das condições que mantenham o pH bucal abaixo do valor crítico. O esmalte dentário apresenta superfície com comportamento altamente dinâmico com o meio ambiente bucal. Enquanto for mantido um pH superior a 5,5, a composição da saliva em cálcio e fosfato supersaturante em relação a solubilidade da hidroxiapatita. Nesta situação, a tendência do dente é ganhar cálcio e fosfato do meio bucal (saliva). Quando se atinge um pH menor que 5,5 na cavidade bucal, a composição da saliva torna-se subsaturante em relação ao produto de solubilidade de hidroxiapatita. Desta forma, a tendência do dente é perder cálcio e fosfato para o meio bucal até atingir novo estado de equilíbrio, ocorrendo consequente dissolução do esmalte. Esse fenômeno é chamado de desmineralização. O pH abaixo de 5,5 é chamado crítico. Essa desmineralização pode ser progressiva (cavitação) ou interrompida (lesão de mancha branca). 31 20 de outubro de 2017 -Desenvolvimento da doença: Uma fina película se forma no esmalte logo após a escovação. Quem vai fazer a adesão inicial são os Streptococcus mutans. Eles tem tempo de proliferação muito curto. A formação da placa continua com o consumo de alimentos. Se essa placa não for removida pela escovação, o biofilme vai se tornando mais organizado, há sintetização de polímeros que dão resistência e rigidez a placa, a tornando maturada, com várias interações microbianas. Num primeiro momento, há a progressão da doença em superfícies rugosas > cicatrículas e fissuras, sendo locais de má coalescência do esmalte. Quando progride mais e invade o tecido subjacente a cárie, é chamada de cárie de dentina. Neste nível o paciente já se queixa de dor, já que a dentina é inervada. Além disso, é possível ter uma cárie no sentido látero-lateral, a cárie de cemento. A cárie pode levar a um problema endodôntico e ou periodontal. -OBS: A composição do biofilme é heterogênea. Nem toda bactéria que produz ácido produz quantidade suficiente para provocar alterações no pH e consequentemente a cárie. -OBS: Cárie incipiente: caracterizada por lesão de mancha branca que ocorre inicialmente - passível de ser reversível caso bem controlada. -OBS: São considerados agentes etiológicos da cárie dentária supragengival os Streptococcus do grupo mutans e sobrinus (presentes em maior quantidade no período inicial) e os lactobacilos (associados a progressão da doença), enquanto para cárie radicular Actinomyces spp. são envolvidos. -Fatores relacionados ao hospedeiro que favorecem a cárie: Contornos anatômicos, dieta cariogênica, saliva e microbiota. -Papel da saliva contra a cárie dental: Papel AMBIVALENTE (bom e ruim). Vários componentes inespecíficos presentes na saliva favorecem a eliminação dos micro-organismos bucais. Secreção ativa: existem várias enzimas como as lisozimas, lactoperoxidases e lactoferrinas que possuem propriedades antimicrobianas que interferem no metabolismo e no crescimento do número de bactérias que inibem crescimento bacteriano. Secreção passiva: imunoglobulinas da saliva, como principal a IgA, aglutina as bactérias orais, o que reduz a capacidade de adesão e a patogenicidade que bloqueiam adesão aos tecidos. O lado bom é que ajuda na 32 20 de outubro de 2017 formação do biofilme dental (película adquirida) e pode atuar como fonte de nutrientes. -Fatores instrínsecos da cariogenicidade (virulência) dos micro- organismos bucais: Mecanismos de aderência a cavidade bucal, capacidade de produzir ácido, capacidade de sobreviver no ácido, formação e utilização de polissacarídeos intra e extracelulares. -Os Streptococcus do grupo mutans, que são coccos Gram + tem capacidade acidúrica e acidogênica, capacidade de produzir polímeros intra e extra celulares, capacidade adesiva muito boa, trabalham com lactobacilos envolvidos na progressão da doença, expressam enzimas transferases, ex: glicosiltransferase e frutosiltransferase para formar glucanos e frutanos > sacarose como substrato exclusivo. Relembrando que os glucanos são insolúveis (mantendo a consistência do biofilme) ou solúveis (componentes estruturais da matriz exopolissacarídica) como polímeros extracelulares. Já os frutanos, são polímeros extracelulares e servem essencialmente como reservas energéticas caso não haja sacarose. Os lactobacilos não produzem polímeros extracelulares, metabolizam de forma oxidativa e fermentativa e são colonizadores da mucosa oral (acidogênicos e acidúricos). Os Actinomyces são coccos Gram + de atividade proteolítica relacionados a cáries radiculares e de cemento. • Sulcos, fissuras e superfíces lisas: grupo mutans (cocos G+) • Dentina: lactobacilos (bastonetes G+) • Cemeto: aumento exponencial do actonomyces (cocos G+) Colonização da superfície dental Sulcos e fissuras S. mutans, Lactobacillus, Actinomyces. Superfície lisa S. mutans. Cárie de dentina Lactobacillus, A. naeslundi, S. mutans, Bacilos filamentosos. Cárie de raiz A. Naeslundi, A. viscosus, Bacilos filamentosos, S. mutans. 33 20 de outubro de 2017 Aula 7 – Aspectos microbiológicos da doença periodontal O termo “doença periodontal” irá englobar diferentes formas clínicas, o que chamamos de síndrome clínica que é, portanto, a doença periodontal. A doença periodontal é um conjunto de manifestações clínicas inflamatórias que possuem origem microbiana. Ou seja, a etiologia da doença é microbiana. Ela irá atingir as estruturas de suporte dos dentes, conhecida como periodonto (gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar). A doença periodontal atinge o dente? Não diretamente. ATENÇÃO: apesar da doença atingir a cavidade bucal, ela não se restringe a cavidade bucal. Então, os microrganismos envolvidos na doença periodontal podem causar manifestações sistêmicas. As manifestações clínicas mais comuns da DP são: →Gengivite: inflamação do tecido mole e é a parte reversível da doença. →Periodontite: aqui há, além de inflamação na gengiva, perda de osso alveolar e ligamento periodontal. É irreversível. Não há como reverter a perda óssea horizontal. A doença pode ser episódica, progressiva, agressiva, podendo ter caráter crônico, localizada (incisivo e primeiro molar) ou generalizada (todos os dentes). Características da doença periodontal Periodonto saudável: caracterizado pelo comprimento de inserção (usa-se uma sonda milimetrada); sulco de 2 a 3 mm = saudável. Periodonto não saudável: sulco mais profundo, pode ter acúmulo de placa (formação de placa). É altamente prevalente(sendo a gengivite a mais prevalente). Etiologia polimicrobiana (que é o biofilme subgengival), mas são necessários outros fatores que corroboram com isso: como fumo, condições sistêmicas, genéticas e ambientais. EXPERIMENTOS: 1890-Muller descreveu os microrganismos bucais, mas o experimento mais importante foi o de Loe (1965): Gengivite experimental: Grupo de indivíduos ficaram sem escovar os dentes por 21 dias: acúmulo de biofilme desenvolvia a gengivite. Depois escovaram os dentes e não tinham 34 20 de outubro de 2017 mais. Isso demonstrou a etiologia da DP é causada pelos microrganismos da placa bacteriana, principalmente Gram negativas e espiroquetas. Teoria do biofilme não específico-1930 Foi que esse acúmulo causa doença independentemente da sua composição, MAS isso não explica porque alguns pacientes têm acúmulo de biofilme e não tem a doença. 1970- Teoria do biofilme específico: diz que a doença irá resultar do acúmulo de placa e de uma ou poucas espécies presentes no biofilme. Então, eles definiram algumas bactérias que chamaram de patógenos. O que sabemos de patógeno é sobre o que postulado de Koch diz (inocular o patógeno em um saudável e isso gerar a mesma doença anterior). Mas, quando falamos de doença periodontal, ela não se enquadra nos postulados de Koch, pois a etiologia é polimicrobiana e não é possível isolar só um microorganismo e causar a doença. Modificações -SOGRANSKY-Teoria do biofilme específico. Então, houve modificações no postulado, em 1979, para que ele se adapte à realidade da DP. As modificações dizem a expressão da doença que deve estar associada a uma proporção aumentada de microrganismo alvo no sítio. A eliminação da bactéria alvo irá estabilizar a doença. Deve haver uma expressão imunológica específica do hospedeiro a bactéria alvo. Ele chamou essas bactérias de periodontopatógenos. Patogenicidade demonstrada em modelos animais > se eu inocular esses microorganismos patogênicos, eu tenho a doença. Portanto, isso fortaleceu a teoria do biofilme específico. Ele classificou as bactérias de acordo com a suas funções e identificou-as por cores. OBS: esses sorotipos diferentes de bactérias, por exemplo, somente o AA sorotipo A faz parte do grupo verde. Complexo laranja: forte associação com doença periodontal. Ele irá favorecer a patogenicidade do complexo vermelho. Criar um microambiente favorável a implantação do complexo vermelho. Complexo vermelho: periodontopatógenos clássicos. 35 20 de outubro de 2017 Outros complexos: colonizadores iniciais. Fornecem ambiente para implantação de bactérias do complexo laranja. Estudos recentes começaram a questionar essa teoria do biofilme específico. Alguns pesquisadores perceberam que algumas bactérias do complexo vermelho estavam presentes em periodontos saudáveis e que não era sua presença que causava a DP. Teoria atual- Teoria do biofilme ECOLÓGICO Mudanças ambientais (pH, dieta, fluxo salivar) irão favorecer o aparecimento de algumas espécies. A doença resulta da quebra de equilíbrio geral da microbiota subgengival, em indivíduos susceptíveis - acontece uma disbiose. A doença depende de fatores imunológicos, de virulência e ambientais, com perda da homeostase entre eles. Microbiota subgengival relacionada à DP: Possuímos uma superfície estável (dente) e uma não estável (epitélios de descamação). A microbiota subgengival é estável. Ela é banhada por um fluido do sulco gengival derivado do plasma sanguíneo e nutricionalmente rico em aminoácidos, peptídeos e proteínas. Por isso os microrganismos são proteolíticos e anaeróbios. São, em sua maioria, bacilos Gram-negativos, microrganismos móveis, filamentosos, flagelados e espiroquetas. 36 20 de outubro de 2017 Com o aumento da bolsa gengival, há aumento do fluido, cada vez mais torna- se proteolítico e anaeróbico. Isso torna o ambiente favorável ao desenvolvimento de Fusobacterium, Eubacterium, Prevotella e Porphyromonas. Quando temos a doença periodontal, temos um aumento do sulco, aumento de nutrientes e mudança na sua composição > que favorecem o complexo vermelho. Experimento em 2006 Alterações ambientais induzem alterações na microbiota: o Aumento do fluido gengival: maior oferta de proteínas > favorece bactérias proteolíticas. o Catabolismo de proteínas: eleva o pH > favorecendo espécies como P. gengivalis. o P. gengivalis é um potente indutor de inflamação: gera mais fluido e maior oferta de nutrientes. o Menor disponibilidade de oxigênio: favorece anaeróbios obrigatórios. ENTÃO, temos mais fluido, menos oxigênio e mais nutrientes e isso favorece bactérias anaeróbias obrigatórias. Mecanismos de ação dos periodontopatógenos Fatores de virulência: capacidade de causar dano. São fatores que promoveram a colonização: adesão, coagregação, a internalização em células não fagocíticas (algumas bactérias podem permanecer mesmo depois de raspagem radicular). Fatores que promovem a evasão do sistema imune: ação de proteases (enzimas do complemento), internalização e cápsula. Fatores que induzem inflamação e degradam tecidos do hospedeiro: enzimas e proteases (colágeno), LPS. ALGUNS PERIODONTOPATÓGENOS: Aggregatibacter actinomycetemcomitans (AA) - sorotipo b: Cocobacilo, Gram negativo, microaerófilo, não forma esporos e é imóvel. Obs: periodontite agressiva localizada: perda óssea no primeiro molar e incisivos, FORTEMENTE RELACIONADA AO AA. Fatores de virulência: 37 20 de outubro de 2017 Produção de bacteriocinas, colagenases, resistência a antimicrobianos, produção de invasinas, proteínas de ligação a Fc, citotoxina (CDT), adesinas, leucotoxina, LPS. LPS: componente da membrana externa. Mas no AA o LPS sinaliza via MID88. E isso culmina na liberação de substâncias pró-inflamatórias que estimulam a reabsorção óssea (ativa os osteoclastos). DOIS FATORES SÓ DELE: >Produção de leucotoxina (LtxA), que é uma enzima que mata leucócitos formando poros na sua superfície. É essencial para o crescimento e para estimular a resposta inflamatória. Para alguns microrganismos, a inflamação é benéfica. E isso destrói os tecidos periodontais mas ajuda os microrganismos. >Presente em 7 sorotipos de A a G. ADESÃO E INVASÃO: essa característica que o AA tem de aderir e invadir células não fagocíticas é importante porque ele vai invadir os fibroblastos e vai se manter no tecido do hospedeiro. E assim a progressão será rápida mesmo com raspagem. Ele consegue se transmitir célula a célula sem causar sua lise. É por isso que é importante saber o perfil microbiológico daquele paciente. O AA pode estar envolvido em doenças sistêmicas, como endocardite. Como? Pela migração para corrente sanguínea. Disseminação resultante de procedimentos invasivos, da própria higienização ou da mastigação. AA faz parte do grupo HACEK de bactérias Gram-negativo envolvidas em endocardite infecciosa. Prevotella Cocobacilos, Gram-negativo e anaeróbios estritos. P. intermedia está mais relacionada a doença periodontal. P. negrescens: sítios saudáveis. Colonização subgengival. Associada à inflamação gengival moderada ou grave, gengivite úlcero necrosante (GUN) e periodontite crônica. Fatores de virulência: Proteases; Genes de resposta ao stress oxidativo (ela não é afetada – evasão e sobrevivência em anaerobiose); 38 20 de outubro de 2017 T6SS (sistema de secreção do tipo 6): possibilita injetar enzimas, proteínas virulentas no hospedeiro que irá destruir. LPS. Tannerella forsythiaBastonete, Gram-negativo, anaeróbio estrito e difícil de cultivar. É um indicador de risco para a DP. Ele está em risco. Está envolvida na lesão inicial e nas bolsas periodontais. Fatores de virulência: Presença de LPS, ação de proteases e atividade de indução de apoptose na célula do hospedeiro. Treponema denticola Espiroquetas, anaeróbio estrito, móvel, proteolítico, degrada colágeno, GUN e periodontite crônica, invasão ao tecido conjuntivo e epitelial. Geralmente quando em GUN e na periodontite crônica, há um aumento das bactérias espiraladas, que são as espiroquetas. A mais prevalente é o Treponema. São proteolíticos e degradam colágeno. Quando vemos muito treponema, ele está em atividade de doença. A quantidade pode ser um marcador nessas duas doenças. Fusobacterium Bastonetes, Gram-negativo, anaeróbios estritos, não formam esporos, pleomórficos (fusiformes), imóveis, 13 espécies, comensal oportunista e papel fundamental para formação do biofilme dental. Organismo fundamental para a formação do biofilme porque é ali que várias bactérias vão coagregar. Então, há adesão do Fuso aos colonizadores iniciais e a adesão de outros. É UM LIGANTE ENTRE OS DOIS. É um comensal oportunista, dependendo do estado do hospedeiro haverá aumento dele o Fusobacterium nucleatum-contém 5 subespécies: É um dos mais abundantes da cavidade oral, mas não está restrito à ela,como o AA. Está envolvido em diversas infecções extra bucais. 39 20 de outubro de 2017 Fatores de virulência: >Fatores de colonização da cavidade bucal e a disseminação em infecções sistêmicas: mecanismos de adesão e coagregação pela produção de adesinas e a produção da proteína FadA que pode agir como adesina e como invasina. Quando o fuso invade uma célula outras bactérias também podem vir se agregar. >Induzir a resposta do hospedeiro: indução de apoptose e produção de citocinas inflamatórias. ESTÁ RELACIONADA A VÁRIAS FORMAS CLÍNICAS DA DP Eikenella corrodens Cocobacilo Gram-negativo, anaeróbio facultativo. Fatores de virulência: LPS, proteínas da membrana externa, cápsula e adesinas. Faz parte do grupo HACEK de bactérias Gram-negativo envolvidas em endocardite infecciosa. Envolvida em outras infecções sistêmicas. Mudanças nas alterações no biofilme subgengival pode induzir a mudança de uma espécie por outra e isso causa a disbiose. Aula 8 – Patogênese da doença periodontal O que é patogênese? É como a doença se desenvolve, o que acontece no nosso organismo para que tenhamos a DP ou gengivite. 40 20 de outubro de 2017 O periodonto de sustentação é composto por osso alveolar, ligamento periodontal (fibras de colágeno) e cemento. O periodonto de proteção é composto pela gengiva livre, gengiva inserida e pela mucosa alveolar. Na clínica podemos observar várias manifestações de DP, que vão desde gengivite até a periodontite. O aspecto saudável da gengiva é de casca de laranja. Nela, pode-se observar calor, rubor (vermelhidão) e edema, mas a dor não é muito comum. Como perceber que o processo inflamatório está numa fase ativa? Além da observação visual, usa-se a sonda milimetrada para saber a profundidade do sulco gengival, e ao tirar há um sangramento (o sangramento é um sinal de que a doença está ativa). Se a pessoa não melhorar a higienização a doença pode progredir para uma perda de osso alveolar. O tamanho da bolsa é um indicativo clinico de que houve reabsorção óssea, e perda de inserção das fibras de ligamento periodontal. A diferença entre gengivite e periodontite é a reabsorção óssea que ocorre nesta, já que na gengivite há apenas inflamação. O que causa a doença periodontal? É uma doença multifatorial, que envolve presença de microrganismos e fatores do hospedeiro. Ou seja, não é possível ter DP sem a presença de bactérias. É a resposta do hospedeiro quem determinará quão intensa será a DP, se a resposta for parcial a pessoa não apresentará doença mesmo tendo microrganismos potencialmente patogênicos. Ao contrário, se a resposta do hospedeiro for muito exacerbada (se ele já for susceptível), as chances de ter reabsorção óssea aumentam. Além disso, fatores ambientais (fumo, diabetes) e genéticos (pouco neutrófilos, por exemplo). A DP é causada por microrganismos patobiontes. Esses são microrganismos residentes com potencial de induzir inflamação ou doença em um hospedeiro susceptível. Há aumento populacional. A colonização de “keystone pathogens” é facilitada por espécies acessórias, o que induz a disbiose e o aumento de patobiôntes. Assim, esses exarcebam resposta inflamatória, causando destruição tecidual. Há um feedback positivo entre a disbiose e a resposta inflamatória. 41 20 de outubro de 2017 A DP está na intercessão da tríade: fatores do hospedeiro, fatores ambientais e presença de microrganismos. O desafio imunomicrobiano é uma resposta do hospedeiro desencadeado pela presença da microbiota, tentando controlá-la. Acontece que é essa mesma resposta que altera o metabolismo daquele tecido conjuntivo (ligamento periodontal) e do tecido ósseo. Isso vai desencadear os sinais da DP. Pense assim: o microrganismo inicia, mas é a resposta do hospedeiro quem lesa o tecido. O Socransky determinou que existe um conjunto de bactérias relacionadas com a DP crônica, o quadro mais grave. Por que há mais Gram + que Gram – num estado de saúde? A gente tem que lembrar que num biofilme supragengival há mais Gram + e no subgengival Gram -. Isso porque os Gram + têm maior capacidade de adesão à superfície do dente. Num quadro de DP a proporção de Gram + e – se altera devido à presença da bolsa, que facilita a proliferação de Gram -. Tratar a doença periodontal é uma tarefa complexa porque envolve um conjunto de microrganismos. Por isso o procedimento mais realizado é a raspagem radicular. O uso de antimicrobianos é recomendado apenas em casos específicos. Contudo, unicamente eliminar o biofilme subgengival não é suficiente para parar o processo da doença, já que outros fatores estão envolvidos. O quadro de inflamação inicial é responsável por alterar o microambiente subgengival, fazendo com que o fluido gengival tenha componentes que ele não tinha antes, mudando a vascularização e as células presentes. Ou seja, a resposta do hospedeiro determina a modificação do biofilme no sulco gengival, levando as pessoas susceptíveis a evoluir para um quadro de periodontite. Outras pessoas, mesmo com esta resposta e presença dos microrganismos conseguem manter o estado de saúde parcial, não evoluindo de gengivite para periodontite. Quando se fala de resposta do hospedeiro, é considerada uma resposta inflamatória e imunológica. Ao responder à microbiota, o organismo produz inúmeros mediadores que vão tentar conter a progressão da doença. Só que, são esses mesmo mediadores 42 20 de outubro de 2017 que vão ativar, por exemplo, os osteoclastos (responsáveis pela reabsorção óssea e degradação das fibras de colágeno). Quando os microrganismos se instalam, há receptores do tipo Toll presentes no tecido epitelial, que vão reconhecer padrões moleculares associados à patógenos (PAMPs). Dentro do próprio epitélio há varias cels dendríticas, na qual encontramos os Tolls e eles vão ser os responsáveis por iniciar a resposta imune. Essa resposta é inicialmente vascular, tendo uma vasodilatação para que possam chegar mais células ao local. Da mesma forma, há um extravasamento de plasma, causando edema. As primeiras célulasque vão chegar ali são os neutróficos (mesmo na saúde já estão ali, porque a presença de bactérias é constante mantendo a homeostase). Observa-se ainda resposta do complemento e citocinas vão ser liberadas alterando a reposta de outras células. Na reposta inata, se observa que, as bactérias e seus fatores de virulência são reconhecidos por receptores do tipo Toll e ao serem reconhecidas induz a expressão de mediadores como a IL-8 que chama neutrófilo para o local da inflamação, por quimiotaxia. Outro evento é a liberação de grânulos de histamina pelos mastócitos, o que vai causar uma vasodilatação e conseqüentemente aumenta a saída de proteínas do soro, ativação do complemento e ativação de uma gama de mediadores que vão caracterizar a presença de processo inflamatório. São esses eventos iniciais é que vão caracterizar o quadro de gengivite. E por que sangra? Porque os vasos estão hiperemiados, tem mais sangue circulando por ali, quando você sonda, sangra (haha). 43 20 de outubro de 2017 Os fatores do complemento vão identificar substância estranhas para as quais o hospedeiro não tem receptores específicos. É uma resposta não específica. Os fatores do complemento vão então opsonizar esse microrganismo permitindo o reconhecimento por outras células, ativando repostas inflamatórias e atraindo outras células para o local da inflamação. Não é uma resposta específica. Células do complemento envolvidas: C3a/C5a: degranulação de mastócitos C5a: proteína quimiotática C3b: opsonização C8/C9: complexo de ataque a membrana causando lise celular Por que este processo não se resolve sozinho? Porque a presença dos microrganismos é constante e a presença de células inflamatórias vai favorecer o desenvolvimento de bactérias com maior potencial patogênico. Ou seja, o estímulo continua presente. A doença periodontal é, na grande maioria das vezes, crônica. Quando a célula dendrítica reconhece o antígeno, ela vai levá-lo até o linfonodo, no qual vai ocorrer a apresentação para um linfócito, induzindo uma resposta Th1 ou Th2. Quando a gente pensa em células Th1, sabemos que ela é importante para conter a infecção, mas ela também induz a reabsorção óssea ativa e perda de inserção, ela amplifica o processo de doença. A reabsorção óssea cria novos nichos para a chegada de bactérias novas. Em ratos que foram infectados por porfiromonas observou-se que a reabsorção óssea aumentou consideravelmente. Os ratos que não tinha interferon (precursor do Th1) observou-se que a reabsorção óssea foi menor. Assim, menos interferon = menos reabsorção óssea. Só que esses ratos sem interferon morreram, pois a infecção aumentou de uma maneira tal que levou os ratos a óbito. Ou seja, a resposta Th1 é importante para conter a infecção, mas também induz a reabsorção óssea. (gráficos a seguir). 44 20 de outubro de 2017 A resposta Th2 está relacionada com a expressão de IL-4, e também com o estado crônico da DP (a doença está instalada mas não está progredindo ativamente, sem reabsorção óssea ativa). A resposta Th2 parece ser importante para aumentar a população de LT e envolve também plasmócitos (produz anticorpos). A maior população de linfócitos na gengiva de uma paciente com DP crônica é de plasmócitos (LB) e a produção de anticorpo vai induzir o reconhecimento específico daqueles antígenos que vão sinalizar para que outras células destruam a bactéria. Uma DP crônica com quadros de agudização indica o aumento da presença de Th1. Na crônica não há sintomas, nem sangramentos, observa-se uma perda óssea instalada e o aspecto não é normal. As células T regulatórias são caracterizadas pela produção de IL-10, ela é uma citocina que está diretamente relacionada à inibição na diferenciação de osteoclastos. Num experimento, ratos sem Células T reg apresentam maior reabsorção óssea, mesmo que a carga bacteriana seja a mesma. Ou seja, maior quantidade de T reg retarda a reabsorção óssea. Outro conjunto de linfócitos associados ao desenvolvimento da DP é o Th17, que aumenta em quantidade no sulco subgengival e o soro sanguíneo. A IL-17 (relacionada ao interferon também) se associa a reabsorção óssea (progressão da lesão), mas também influencia no controle da infecção. Ela está mais presente na fase crônica. Por que essas células e essas citocinas induzem a reabsorção do osso alveolar? Porque elas são capazes de ativar as células responsáveis pela reabsorção, ativar os osteoclastos. Num estado ativo, haverá muito interferon e muito IL-17, eles vão ativar os osteoclastos que vão reabsorver o osso. Enquanto que o IL-4 (ele é ativado por 45 20 de outubro de 2017 LPS na superfície da célula induzindo respostas mediadas por interferon capa beta) e T reg vão inibir esse processo. Os pré osteoclastos saem da corrente sanguínea e expressam o receptor RANK. Existe um fator chamado de RANK-L que se liga ao RANK e faz com que essas células se fundam e produzam uma célula multinucleada que é capaz de levar à reabsorção óssea. Numa condição de saúde, o número de osteoclastos e pequeno. Já num estado de doença há uma quantidade maior de osteoclastos e mais expressão de RANK, induzindo a produção de novos osteoclastos. Quando isso acontece, há um desequilíbrio entre a produção de osso pelos osteoblastos e a reabsorção pelos osteoclastos. Como que o osteoclasto reabsorver osso? Pela liberação de H+ que vai desmineralizar o osso e pela produção de uma enzima que quebra colágeno: a catepsina K. Os fatores pró osteoclastogênicos e anti osteoclastogênicos é que vão determinar o nível de reabsorção óssea. A perda de inserção corresponde à degradação das fibras colágenas que ligam o tecido gengival ao dente. Essa degradação acontece através da liberação de colagenase e enzimas que são capazes de degradar colágeno tipo I. Os neutrófilos que chegaram primeiro ao local da infecção vão produzir metaloproteinase tipo 8. Além disso, outras células inflamatórias como fibroblastos, células epiteliais e macrófagos também produzem colagenase. Normalmente no organismo há inibidores de metaloproteinase que compensa sua produção, o que acontece na DP é que vai ter mais síntese dela do que sua inibição. Concluindo: o estimulo é bacteriano, mas é a resposta do hospedeiro que causa a lesão. Caso a pessoa tenha DP o protocolo é fazer raspagem e alisamento radicular. Há um trabalho que mostra que a administração de inflamatório no local da infecção impede a reabsorção óssea. Porém ainda é uma idéia que está sendo estudada. 46 20 de outubro de 2017 Aula 9 – Porphyromonas gingivalis: mecanismos de virulência Na microbiota residente nos temos: os simbiontes (regulam a microbiota), os comensais (convivem) e patobiontes (se eles aumentam, deflagram uma resposta inflamatória). Quando há disbiose, ocorre DP. Na saúde periodontal nós temos microrganismos comensais que podem ser acessórios que podem ajudar na resposta inflamatória e os comensais que não tem papel nenhum. Em gengivite isso se relaciona com disbiose entre os microrganismos. Na periodontite há um aumento dos patobiontes. Aumento da resposta inflamatória, mas a participação de alguns microorganismos que não estão em grande número na microbiota subgengival que são os KEYSTONE patógenos. São poucos microrganismos na nossa microbiota que podem agir como keystone. Por que há os patobiontes e os keystone? Eles receberam esse nome por serem responsáveis pela manutenção de um estado da microbiota. Então quando temos uma microbiota simbiótica, temos
Compartilhar