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PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS LETÍCIA TELES / ODONTOLOGIA UFPE ➢ ADAPTAÇÕES CELULARES ➢ LESÃO E MORTE CELULAR ➢ PIGMENTOS E CALCIFICAÇÕES ALTERAÇÕES DO VOLUME CELULAR - HIPERTROFIA E HIPOTROFIA HIPERTROFIA: Aumento dos constituintes estruturais e das funções celulares, resultando em aumento volumétrico das células e órgãos afetados. Forma de adaptação de células frente a uma maior exigência de trabalho (hipertrofia fisiológica) mas pode ocorrer em distúrbios ao organismo (hipertrofia patológica). A hipertrofia depende de: fornecimento de oxigênio e nutrientes maior para suprir o aumento de exigência das células; células com sistemas enzimáticos e organelas íntegros; se houver dependência de estimulação nervosa, esta deve estar preservada. Tecidos e órgão hipertróficos aumentam volume e peso mas mantém arquitetura básica inalterada, aumentando apenas o fluxo de sangue e de linfa. Se estímulos que levam à hipertrofia ultrapassarem o limiar crítico de cada tipo celular começarão a produzir lesão celular. HIPOTROFIA: Redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções das células, resultando em diminuição do volume das células e dos órgãos atingidos. Degradação de proteínas celulares e agressão por radicais livres (ativação da via ubiquitina-proteossomo) são os principais mecanismos de hipotrofia. Pode ser fisiológica (ocorre na senilidade, quando todos os órgãos e sistemas reduzem as suas atividades metabólicas) ou patológica (inanição, desuso, compressão, obstrução vascular, substâncias tóxicas, hormônios, inervação e inflamação crônica). Na hipotrofia localizada, as consequências dependem da diminuição da atividade e da função do órgão acometido. Redução da disponibilidade de nutrientes na restrição protéico-calórica pode gerar hipotrofia de adipócitos, de tecido muscular e em casos graves hipotrofia generalizada. ALTERAÇÕES DA TAXA DE DIVISÃO CELULAR - HIPERPLASIA, HIPOPLASIA E APLASIA HIPERPLASIA: Aumento do número de células de células de um tecido ou de parte dele por proliferação e/ou por diminuição da apoptose. Há aumento de volume e de peso. Para ocorrer hiperplasia, as células precisam possuir capacidade replicativa, o suprimento sanguíneo deve ser suficiente, a célula precisa estar com sua integridade morfofuncional e a inervação preservada. Vários estímulos podem levar a células à hiperplasia: aumento da estimulação hormonal, maior demanda funcional ou lesão celular crônica são os mais frequentes. Tecidos ricos em células-tronco (elevado potencial regenerativo intrínseco) conseguem responder aos mesmos estímulos com o aumento do número de células (hiperplasia). Hiperplasias fisiológicas podem ser hormonais (levando ao aumento da capacidade funcional do tecido) ou compensatória (ex: fígado após hepatectomia parcial). Hiperplasias patológicas podem ser resultado de desequilíbrios hormonais com superestimulação das células-alvo. HIPOPLASIA: Diminuição da população celular de um tecido, órgão ou de parte do corpo. A região afetada fica menor e menos pesada mas conserva o seu padrão arquitetural básico. Pode ocorrer em diversas situações na embriogênese ou após o nascimento. Quando ocorre após o nascimento, é resultado da diminuição do ritmo de renovação celular e/ou aumento da taxa de destruição das células. Hipoplasia fisiológicas que estão associadas ao envelhecimento são multifatoriais. O organismo senil apresenta diminuição fisiológica na produção de hormônios, levando à hipoplasia dos tecidos hormônios-responsivos. Hipoplasias patológicas podem ser reversíveis, desde que o estímulo agressor seja removido com exceção às hipoplasias que ocorreram em decorrência de anomalias congênitas (ex: agenesia renal). Células podem progredir para uma lesão irreversível e morte celular por apoptose, o que reduz também o número de células. Muitas vezes hipotrofia e hipoplasia ocorrem juntas (atrofia). APLASIA: Disfunção de células e tecidos que leva à interrupção do seu desenvolvimento. Existem diversos tipos de aplasias, tais como aplasia medular, aplasia arterial e aplasia óssea. Surge após o nascimento e não é transmissível. Geralmente a causa da aplasia medular não é conhecida, mas pode estar associada à exposição a agentes químicos, radiação, medicamentos, ou ser resultado de uma doença mais grave, como a anemia de Fanconi. ALTERAÇÕES DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR - METAPLASIA METAPLASIA: Mudança de um tipo de tecido maduro e diferenciado (epitelial ou mesenquimal) para outro tipo de tecido adulto e diferenciado, mas com outras características. Resulta da inativação de alguns genes (cuja expressão define a diferenciação) e desrepressão de outros (que condicionam o novo tipo de diferenciação). É uma substituição adaptativa das células, de modo que um tipo celular sensível ao estresse do ambiente, é substituído por outro tipo celular mais resistente. Ex: Tabagismo. O conjunto das agressões químicas e físicas causa morte celular e ativação dos mecanismos de regeneração e reparo teciduais, acompanhado de resposta inflamatória crônica. Nesse processo, ocorre substituição do epitélio pseudo-estratificado ciliado dos brônquios por epitélio pavimentoso estratificado. ALTERAÇÕES DA DIFERENCIAÇÃO E PROLIFERAÇÃO - DISPLASIA E NEOPLASIA DISPLASIA: Alterações simultâneas da proliferação e diferenciação das células, que muitas vezes precede o aparecimento de uma neoplasia maligna. É importante lembrar que diferenciação e proliferação celular são variáveis biológicas inversamente proporcionais. Entretanto, em períodos prolongados de agressão, células expostas à estimulação constante para se dividirem são suscetíveis a apresentar alterações genéticas e se tornarem instáveis, essencialmente pela ineficiência de reparo do genoma celular ou mesmo lesão direta no DNA pelo agente agressor (genotóxico). Associada à proliferação celular, a instabilidade genética que se instala e tende a progredir e prejudica a diferenciação das novas células formadas, de modo que estas deixam de adquirir suas características de especialização. Células displásicas apresentam pleomorfismo celular, aumento no tamanho do núcleo proporcionalmente ao citoplasma, hipercromasia nuclear e perda da polaridade. A organização arquitetural é perdida, o arranjo em camadas dos tecidos epiteliais estratificados não é evidenciado. NEOPLASIA: Alterações celulares que acarretam um crescimento exagerado destas células, ou seja, proliferação celular anormal, sem controle, autônoma, na qual reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar, em consequência de mudanças nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celular. A neoplasia pode ser maligna ou benigna. Pode ser causada por poluição; exposição a produtos químicos; exposição solar sem proteção; alguns tipos de vírus, como hepatite, HPV e HIV. Lesões celulares podem ser endógenas ou exógenas. Para produzir lesão celular o estímulo deve interferir no metabolismo celular de maneira que a sua função fisiológica não consiga ser realizada de forma plena, ocorrendo redução da sua função (menor síntese protéica e comprometimento da produção de energia). Lesões celulares podem ser reversíveis ou irreversíveis. A célula tem quatro sistemas interdependentes que quando alterados podem levar a morte celular. São eles: membranas (que mantém a homeostasia iônica e osmótica da célula e das organelas); respiração aeróbica (fosforilação oxidativa com produção de ATP nas mitocôndrias); Síntese de proteínas e manutenção do citoesqueleto; e o material genético (DNA). LESÃO CELULAR - HIPÓXIA, ANÓXIA, RADICAIS LIVRES, ALTERAÇÕES EM ÁCIDOS NUCLEICOS E PROTEÍNAS, REAÇÃO IMUNOLÓGICA HIPÓXIA: Redução no fornecimento de O2. As células modificam seu metabolismo (aceleram a glicólise, aumentam a captação de glicose, inibem a gliconeogênese e síntese de ácidos graxos, triglicerídeos e esteróides) no sentido de adaptar-se a essa condição. Redução na síntese de ATP, redução da função das bombaseletrolíticas dependentes de ATP, o que leva a retenção de Na+ no citosol, aumento da osmolaridade e expansão isosmótica do citoplasma (inicia-se a degeneração hidrópica; a célula fica com volume aumentado, organelas espaçadas e núcleo intacto, sem deslocamento. As células com núcleos pálidos ou fragmentados já estão sofrendo necrose). A alteração na quantidade de Ca++ promovem a desestruturação do citoesqueleto por ativas proteases calmodulina dependentes. O aumento da oferta de acetil-CoA às mitocôndrias e acúmulo deste, favorecendo a síntese de ácidos graxos, podendo levar ao acúmulo de triglicerídeos (pequenas gotas no citosol - esteatose). ANÓXIA: Interrupção no fornecimento de O2. Diversas lesões produzem obstruções vasculares que reduzem ou interrompem o fluxo sanguíneo (isquemia). Dependendo da intensidade e duração do fenômeno e da suscetibilidade à privação de oxigênio e nutrientes, as células degeneram ou morrem. Membranas celulares se alteram por perda de moléculas estruturais e pela incapacidade de repor os componentes perdidos. Há redução da síntese proteica dentro do retículo endoplasmático, assim, ocorre um metabolismo anaeróbico que resulta na diminuição do pH. Enzimas lizossômicas são ativadas em pH ácido. Os lisossomos tornam-se tumefeitos e perdem a capacidade de conter suas hidrolases que são liberadas no citoplasma e inicial a autólise (digestão dos componentes celulares e morte celular - necrose). RADICAIS LIVRES: Moléculas muito reativas que apresentam um elétron desemparelhado no orbital externo. Substâncias químicas produzem radicais livres quando são metabolizadas nas células; radiações ionizantes geram radicais livres ionizando a água; a fumaça do cigarro e alguns elementos oxidativos também contém radicais reativos. Nas células, a principal fonte de RL é a mitocôndria, oriundos dos processos oxidativos da respiração. São formados no citosol, lisossomos, RE e membranas, pela ação de enzimas. Os principais RL no organismo são derivados do oxigênio molecular: Ânion Superóxido O2•− e íon hidroxila OH•−. H2O2 é oxidante e fonte importante de radicais livres. O radical hidroxila parece ser o mais importante na célula. RL são potencialmente lesivos porque reagem com proteínas, lipídios e ácidos nucléicos. A peroxidação em cadeia ocorre quando um RL reage com lipídeos de membrana e provoca lesão celular pela modificação estrutural das membranas celulares. Pode ocorrer também modificação da conformação de proteínas inativando-a ou induzindo a sua degradação em proteassomos, causando dobramento anormal de proteínas e alterações funcionais. Quando interage com o DNA, RL podem formar adutos e causar quebras na molécula, favorecendo mutações. ALTERAÇÕES EM ÁCIDOS NUCLEICOS E PROTEÍNAS: Defeitos na qualidade, quantidade e/ou na função de proteínas resultam em agressões variadas, como estresse oxidativo e modificações na expressão gênica por mecanismos genéticos ou epigenéticos. Deficiências de uma enzima leva ao acúmulo do seu substrato, o que resulta em doenças de depósitos (ex: glicogenoses); anormalidades em proteínas contráteis provocam doenças musculares; defeitos em proteínas estruturais causam vários efeitos, inclusive morte do indivíduo; alterações na expressão de proteínas do ciclo celular podem resultar em neoplasias, etc. REAÇÕES IMUNOLÓGICAS: A resposta imunológica é capaz de provocar lesão e doença quando agride células e tecidos normais. Nas inflamações crônicas, como na tuberculose, a resposta imunológica contribui para destruição tecidual e progressão da doença. Quando existem falhas nos mecanismos de tolerância imunológica e as células do sistema imune reconhecem antígenos próprios como estranhos, há uma resposta lesiva contra essas células. MORTE CELULAR: APOPTOSE E NECROSE APOPTOSE: Morte celular programada e controlada intracelularmente através da ativação de enzimas que degradam o DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. Membrana celular permanece intacta, com alteração estrutural para que a célula seja reconhecida como um alvo fagocitário. A célula é eliminada rapidamente, de maneira a não dar tempo de o seu conteúdo extravasar, evitando uma reação inflamatória. Fisiologicamente: Morte de células nos processos embrionários; involução dependente de hormônios nos adultos; eliminação celular; neutrófilos e outros leucócitos após término de reações inflamatórias ou imunológicas; eliminação de linfócitos auto-reativos potencialmente danosos; morte celular induzida por células T citotóxicas. Patológica: Vírus, estímulos nocivos, atrofia patológica dos órgãos e tumores. Via Intrínseca / Mitocondrial quando há retirada de fatores de crescimento ou de hormônios, ou quando acontece lesão ao DNA por radiação, toxinas ou radicais livres. Via Extrínseca ocorre pela interação receptor-ligante. Isso ativará uma cascata de proteínas adaptadoras; ativação das caspases. Pode acontecer após a privação de fatores de crescimento; mediada por danos ao DNA. NECROSE: Morte celular patológica não regulada e lesiva ao organismo, seguida de autólise. Pode ser consequência de danos à integridade celular. Ocorre quando a agressão é suficiente para interromper as funções vitais. Os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases no seu interior e estas saem para o citoplasma, são ativadas pela alta concentração de Ca++ e iniciam a autólise. Após a necrose são liberadas alarminas que são reconhecidas em receptores celulares e desencadeiam a reação inflamatória. Microscopicamente: Picnose celular, cariólise, cariorrexe. Núcleo basofílico e o citoplasma torna-se mais acidófilo e granuloso e tende a formar massas amorfas de limites imprecisos (ruptura da membrana). NECROSE DE COAGULAÇÃO: Ocorre quando há uma isquemia ou hipóxia em qualquer tecido (exceto o tecido cerebral, que neste caso desenvolverá uma necrose de liquefação). É determinada pela desnaturação da maioria das proteínas celulares (inclusive as autolíticas) devido à queda acentuada no pH celular durante o processo de lesão por hipóxia ou isquemia. O citoplasma celular fica bastante eosinofílico e como a maioria das enzimas autolíticas foram desnaturadas a célula não é destruída e a arquitetura tecidual é mantida por alguns dias até digestão e remoção do tecido necrótico por leucócitos. Microscopicamente ocorre cariólise ou perda de basofilia nuclear, núcleo picnótico e fragmentado, com formato granular (cariorréxis). NECROSE GOMOSA: Tipo de necrose de coagulação. O tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (Goma), ou fluido e viscoso como a goma-arábica. Encontrada na sífilis tardia. NECROSE DE LIQUEFAÇÃO: Associada à infecção por agentes biológicos (principalmente bactérias) a um tecido. No caso específico do cérebro ocorre quando há lesão por isquemia ou hipóxia no tecido cerebral. Há completa destruição da arquitetura tecidual. Nos tecidos infectados, há um processo inflamatório devido ao recrutamento de leucócitos para neutralizar os micro-organismos. Pode haver lesão e morte celular mediada por toxinas bacterianas, fúngicas ou devido ao processo inflamatório. O tecido inflamado é rico em leucócitos e as células mortas são rapidamente fagocitadas e digeridas. Há formação de uma massa residual amorfa, composta por pus limitado a uma cavidade (abscesso). NECROSE CASEOSA: Tecido necrótico com aspecto de queijo. Áreas de caseificação apresentam-se como massas circunscritas, amarelas, secas e friáveis. Microscopicamente: Células necróticas são transformadas em uma massa homogênea, acidófila, com núcleos picnóticos e núcleos periféricos fragmentados (cariorrexe). Células perdem completamente seu contorno e detalhes estruturais. Comum na tuberculose, paracoccidiodomicose e em algumas infecções fúngicas. NECROSE FIBRINÓIDE: Alteração dos vasos sanguíneos lesados, nos quais o exsudato e o acúmulo de proteínas plasmáticas fazem com que a parede se core intensamente com eosina.O tecido adquire um aspecto hialino, acidofílico, semelhante a fibrina. “Aspecto de pão com manteiga”. ESTEATONECROSE: Necrose enzimática do tecido adiposo que compromete adipócitos. Encontrada tipicamente na pancreatite aguda necrohemorrágica, que resulta do extravasamento de enzimas de ácinos pancreáticos destruídos. Por ação de lipases sobre os triglicerídeos, os ácidos graxos liberados sofrem saponificação na presença de sais alcalinos, originando depósitos esbranquiçados ou manchas com “aspecto de pingo de vela”. PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS DERIVADAS DA HEMOGLOBINA PIGMENTOS BILIARES: Bilirrubina é um pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. Pode ser indicativo de doenças do fígado e do sangue. A hemácia pós-morte é fagocitada por macrófagos do sistema monocítico fagocitário no processo de hemocaterese. Nos macrófagos (no baço, fígado e medula óssea) a hemácia é lisada liberando a Hb, que é quebrada em globina e em grupos heme. O grupo Heme sofre ação da Heme-oxidase e do citocromo P450, que resulta na liberação do grupo férrico e o grupo corado. Este último será transformado em BILIVERDINA (pigmento verde), e posteriormente reduzido pela biliverdina redutase para BILIRRUBINA (Bb). Esta, ainda insolúvel na água, é liberada no plasma e combina-se com a albumina solubilizando-se, tornando-se Bb I /HemoBb / Bb não conjugada. No fígado, hepatócitos liberam albumina plasmática da Bb I e a conjugam com o ácido glicurônico formando Bb II/ colebilirrubina/ Diglucoronato de Bb/ bilirrubina conjugada hidrossolúvel. ColeBb+ sais biliares, é levada ao duodeno por vias biliares, onde sofre a ação de redutases bacterianas se convertendo em urobilinóides (urobilinogênio, mesobilinogênio, estercobilinogênio). Urobilinóides absorvidos que passarem a circulação porta hepática são removidos por hepatócitos e reconvertidos em ColeBb. Urobilinóides que alcançam a circulação sistêmica são retidos pelos rins e excretados pela urina (urobilina é responsável pela cor amarelada da urina). Urobilinóides não absorvidos no intestino são eliminados nas fezes na forma de urobilina e estercobilina (responsáveis pela cor amarronzada característica). Hiperbilirrubinemia e icterícia podem ser provocadas por aumento na produção de bilirrubina (anemia hemolítica); redução na captação e no transporte de bilirrubina nos hepatócitos; diminuição na conjugação da bilirrubina (carência de enzimas por desordens genéticas); baixa excreção celular de Bb; obstrução biliar intra ou extra-hepática (cálculos, tumores); lesões (hepatites e cirrose) HEMATOIDINA: Derivado da metabolização do grupo corado (protoporfirina III); estrutura química semelhante à bilirrubina (Bb). Ocorre nas proximidades de hemorragias antigas (final da segunda/ terceira semana após sangramento) na forma de grânulos amarelo-ouro, vermelho alaranjados ou marrom dourado ou sob forma de cristais, constituídos de agulhas dispostas radialmente. Resulta da ação hemocaterética de macrófagos locais sobre hemácias extravasadas. Processo localizado (diferente da Bb nas icterícias) e não tem repercussões para o organismo. HEMOSSIDERINA: Proteína de armazenamento de ferro assim como a ferritina, porém é insolúvel. Frequentemente encontrada em lisossomos, principalmente dos histiócitos e das células de Kupfer no fígado. Apresenta maior relação ferro/proteína e maior capacidade em reter o ferro armazenado. Principal forma de armazenamento de Fe em situações de acúmulo excessivo deste no organismo. Isso pode ser observado nos indivíduos com hemocromatose de causa genética e em portadores de beta-talassemia maior após múltiplas transfusões. PIGMENTO MALÁRICO (HEMOZOÍNA): Os parasitos da malária crescem no interior das hemácias, consomem e alteram a hemoglobina e provocam ruptura da célula vermelha. A hemoglobina alterada se transforma em um pigmento negro que contém ferro. O pigmento aparece fagocitado no citoplasma de macrófagos do baço e a sua quantidade, por vezes, pode ser considerável. PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO: Considerado de natureza hematínica. É produzido no interior do tubo digestivo do esquistossoma a partir do sangue do hospedeiro. Este sangue é ingerido, alterado e regurgitado pelos vermes adultos levando à formação de grânulos castanho escuros, semelhantes à hemozoína, que se acumulam nas células de Kupffer. MELANINA: Pigmento endógeno acastanhado que aparece em negro quando mais concentrado. Acumulado mais profundamente na derme pode aparecer com uma tonalidade azulada vista através da pele. Há dois tipos de melanina: a feomelanina (vermelho-amarela) e a eumelanina (castanho enegrecido). Altos níveis de tirosinase nos melanócitos produzem eumelanina. Baixos níveis resultam na síntese de feomelanina. Uma vez sintetizada, a melanina é empacotada nos melanossomos e transferida aos queratinócitos. Hipomelanose: Albinismo oculocutâneo, vitiligo, fenilcetonúria. Hipermelanose: Nevo melanocítico (proliferação benigna de melanócitos), melanoma, efélides (sardas), melasma. LIPOFUCSINA/ LIPOCROMO/ PIGMENTO DO DESGASTE: Pigmento insolúvel granular e castanho-amarelado, composto de polímeros de lipídeos e fosfolipídeos formando complexos com proteínas. Derivada da peroxidação de lipídeos poli-insaturados de membranas subcelulares. Não é nociva a células ou suas funções. É um sinal de alarme de lesão por radicais livres e peroxidação lipídica. ANTRACOSE: Pigmento enegrecido; o carvão é aspirado sob forma de pequenas partículas e atinge os alvéolos pulmonares. O processo de antracnose não causa alteração funcional, não sendo responsável por fibrose, porém se estiver associado ao tabagismo pode agravar os efeitos nocivos do fumo sobre os pulmões. TATUAGEM: Introdução de pigmentos exógenos insolúveis na derme acidental ou propositalmente. São permanentes ou transitórias, conforme a introdução do pigmento, se na derme ou na epiderme. Os pigmentos são compostos tanto de sais e metais inorgânicos - mercúrio (vermelho), o cromo (verde), o manganês (lilás), o cobalto (azul), o cádmio (amarelo), o hidrato de ferro (ocre) – quanto de preparações orgânicas – como o sândalo (vermelho) e o pau-brasil (vermelho). O pigmento inoculado na pele é fagocitado pelos macrófagos da derme. A reação cutânea à lesão mecânica produzida pela agulha, por grânulos do pigmento e pelo solvente é discreta e passageira. Quando fagocitado pelos macrófagos, esses pigmentos podem ser transferidos para os linfonodos regionais e também ficando retidos nos tecidos conjuntivos fibrosos, a cor varia conforme o tipo de pigmento presente. TATUAGEM POR AMÁLGAMA: Tatuagem acidental na mucosa por pequenas partículas de amálgama (prata e mercúrio) das restaurações, deixando áreas com coloração cinza-enegrecida próximas aos dentes restaurados. CALCIFICAÇÕES DISTRÓFICAS: Mais frequente que a metastática e mais localizada nos tecidos conjuntivos fibrosos hialinizados em lenta e prolongada degeneração, como na parede de vasos esclerosados (ex: placas ateromatosas antigas e esclerose medial de Monckeberg nas artérias uterinas de mulheres idosas), em tendões, em válvulas cardíacas, e em alguns tumores (ex: leiomiomas uterinos, meningiomas, carcinomas mamários e papilares da tireóide e do ovário). Encontrada nos tecidos com lesão, t. necróticos antigos e não reabsorvidos, ex. linfadenite caseosa da tuberculose, nos infartos antigos, ao redor de parasitas e larvas mortas, na necrose enzimática das gorduras da pancreatite, nos abscessos crônicos de difícil resolução e em trombos venosos crônicos (flebólitos). A morte celular expõe grupos ácidos que conjugam fosfatos e agem como núcleos para os depósitos de cálcio. CALCIFICAÇÕES METASTÁTICAS: Mais disseminada no organismo que a distrófica e decorre da absorção abundante de cálcio no tubo gastro-intestinal por intoxicação com vitamina D (hipercalcemia); e da mobilização excessiva de cálcio dosossos por osteólise (mielomas ou metástases ósseas); e do hiperparatireoidismo primário ou secundário (renal, nutricional ou por síndrome para-neoplásica). Insuficiência renal crônica provoca retenção de fosfatos (hiperfosfatemia por hipofosfatúria) o que resulta em maior secreção de paratôrmonio no sentido de se equilibrar a relação cálcio-fósforo no sangue. Hiperfosfatemia induz a elevação da calcemia por excessiva mobilização óssea, ultrapassando o limiar de solubilidade do cálcio e fósforo no plasma, permitindo sua precipitação nos tecidos. CALCIFICAÇÃO IDIOPÁTICA: Sem causa evidente. Depósitos de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normais de cálcio e fosfato. CÁLCULOS/ CONCREÇÕES ENDÓGENAS/ LITÍASE: Massas esferoidais, ovóides ou facetadas, sólidas, concretas e compactas, de consistência argilosa a pétrea. Se formam no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal, vaginal do testículo), condutos naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e no interior de vasos. O material se deposita por precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico.
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