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MARC 03 Raiza Fraga Amenorreia Objetivos: Conhecer o desenvolvimento puberal e o ciclo menstrual Compreender a amenorreia primária e secundária, bem como suas causas. Entender o diagnóstico e o plano terapêutico da amenorreia O ciclo menstrual nada mais é do que um processo cíclico decorrente da secreção alternada de quatro principais hormônios: estrógeno e progesterona (secretados principalmente nos ovários), Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH), os dois últimos, secretados pela hipófise. No início de cada ciclo, quando a menstruação ocorre, há liberação hipofisária de pequenas quantidades de FSH e LH (pequenos pulsos), que juntos provocam o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. O crescimento destes folículos induz o aumento da produção de estrógeno. Este é secretado em uma taxa crescente, estimulando a proliferação endometrial, e atingindo o seu pico aproximadamente na metade do ciclo. A concentração alta de estrógeno inicialmente reduz o pulso de LH e FSH e, em seguida, provoca um aumento súbito – surto pré-ovulatório – destes dois hormônios, estimulando a ovulação (ruptura do folículo e liberação do óvulo). Após a ovulação, os elementos residuais do folículo rompido formam o desenvolvimento do corpo lúteo que secreta estrogênio e quantidades elevadas de progesterona com o objetivo de manter a gestação, até que a placenta possa assumir esta função. Não havendo fecundação os níveis de progesterona e estrogênio caem, provocando a diminuição da produção de LH e FSH, de modo que o corpo lúteo regrida (fase luteínica) reduzindo por sua vez a produção de progesterona e estrogênio e fazendo com que o endométrio descame, ocorrendo a menstruação e dando início a um novo ciclo. • A: liberação pulsátil do LH e do FSH; • B: aumento da quantidade de estrógeno; • C: redução dos pulsos de LH e FSH; • D: surtos pré-ovulatórios de LH e FSH; • E: estrógeno e grandes quantidades de progesterona secretados devido à ovulação; • F: não havendo fecundação a concentração de estrógeno e progesterona caem Ciclo Menstrual MARC 03 Raiza Fraga A puberdade vai ser caracterizada pelo amadurecimento dos caracteres sexuais primários (genitais e gonadais), pelo surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais secundários (mamas, pelos pubianos e axilares) e pelo estirão de crescimento. Sabendo disso, pode-se dizer, então, que o objetivo da puberdade é a obtenção da maturidade sexual. O desenvolvimento sexual começa intrauterino, mas continua até a vida adulta com a concretização da maturidade sexual e capacidade reprodutiva. A puberdade se refere as transições físicas que ocorrem durante a adolescência. É o estágio de desenvolvimento em que há a transição de um estágio de imaturidade sexual para o estágio de maturidade sexual. A puberdade, considerada uma etapa inicial ou biológica da adolescência, caracteriza-se pela ocorrência de dois tipos de mudanças no sistema reprodutivo sexual: • Características sexuais primárias que nas meninas referem-se às alterações dos ovários, útero e vagina; e nos meninos, testículos, próstata e glândulas seminais, experimentam marcantes mudanças estruturais. • Características sexuais secundárias: nas meninas, o aumento das mamas, aparecimento dos pêlos pubianos e axilares; nos meninos, o aumento da genitália, pênis, testículos, bolsa escrotal, além do aparecimento dos pêlos pubianos, axilares, faciais e mudança do timbre da voz. • Meninas: 8 – 13 anos • Meninos: 9 – 14 anos PUBERDADE FEMININA O primeiro sinal da puberdade da menina consiste no aparecimento do broto mamário – este momento é chamado de telarca – podendo iniciar-se de modo unilateral, resultando numa assimetria mamária temporária. Geralmente seis meses após a telarca ocorre a pubarca ou adrenarca (surgimento dos pêlos pubianos). A menarca (primeira menstruação), fato marcante da puberdade feminina, ocorre em média aos 12 anos e seis meses no Brasil, podendo variar de nove a 15 anos. A puberdade feminina envolve toda uma transformação nos órgãos sexuais. O útero, por exemplo, também cresce, para aconchegar o feto durante a futura gravidez. A composição dos tecidos também sofre profunda mudança, especialmente com a deposição de tecido adiposo nos quadris e no abdome. Alterações no esqueleto, como o alargamento da bacia, completam o quadro da formação do contorno feminino característico. • ESTADIAMENTO PUBERAL • M2 (inicia o estirão); • M3 (pico do estirão); • M4 (menarca) Desenvolvimento Puberal MARC 03 Raiza Fraga ➢ Puberdade das meninas: • Inicia-se com a aceleração da velocidade de crescimento. • 1º sinal: telarca (M2) inicia o estirão • Depois, as meninas atingem o pico de velocidade de crescimento durante as classificações de maturidade sexual 2 e 3. • A menarca geralmente acontece 2,5 anos após a telarca. ✗ Telarca (broto mamário) ✗ Pubarca (características sexuai secundária) ✗ Pico de estirão (estirão puberal – M3) ✗ Menarca: desaceleração do crescimento O termo amenorreia, por si só, significa ausência de menstruação. É definida como ausência de menstruação em uma mulher em período de menacme, decorrente de diversas alterações do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano-uterino. Diante disso, tem-se que os quadros de amenorreia podem ser classificados em dois grupos: primária e secundária. Pode ser classificada em primária ou secundária para descrever, respectivamente, a ausência de menstruação sem a ocorrência de menarca ou após a menarca. ➢ Amenorreia primária: consiste na ausência de menstruação, sem nenhum quadro ou evidência de fluxo menstrual prévio, em pacientes de 14 anos sem o aparecimento de caracteres sexuais secundários, ou em pacientes a partir de 16 anos, mesmo com a presença de sinais de desenvolvimento puberal. Nesses casos, é importante reforçar que não há sangramento menstrual prévio; ou seja, consiste na ausência de menarca acompanhada dos requisitos listados acima, uma vez que é evidentemente normal que não haja menstruação em períodos pré-puberais. Deve-se ressaltar que esses quadros possuem baixa prevalência, cerca de 0,4% das mulheres púberes. ➢ Amenorreia secundária: consiste na ausência de menstruação por um período equivalente a três ciclos menstruais prévios, caso esses sejam regulares, ou por um período total de seis meses, nos casos em que a paciente relata um ciclo mais irregular, representando cerca de 5% das mulheres em menacme. A amenorreia secundária consiste em um quadro de ausência de sangramento menstrual em mulheres que já tiveram a sua menarca. É importante lembrar que a principal causa de amenorreia secundária é a gravidez, sendo que durante a lactação e após a menopausa, a amenorreia também é normal. Amenorreia primaria e secundaria MARC 03 Raiza Fraga A amenorreia um sintoma caracterizado pela ausência de menstruação. Tem prevalência de 3% a 4%, excluídas as causas fisiológicas gestação, amamentação e menopausa. Várias etiologias são definidas na investigação da amenorreia, todas relacionadas com alteraçõesnas exigências para a ocorrência de um ciclo menstrual normal, finalizado pelo sangramento menstrual. Considerando-se que o ciclo menstrual regulado por complexas interações no eixo córtico- hipotalâmico-hipofisário-ovariano, resultando na produção de hormônios sexuais (em especial estrógeno e progesterona) que agem sobre o endométrio e a posterior menstruação, para isso exigindo adequação anatômica do útero e vagina, uma ruptura em qualquer um desses pontos pode levar a irregularidades. Assim, pode-se dizer que a amenorreia, na ausência de gestação e lactação, é indicativa de uma disfunção e o tratamento só será adequado com o diagnóstico etiológico correto. ➢ AMENORREIA PRIMÁRIA A menarca (primeira menstruação) ocorre com o amadurecimentodo eixo córtico- hipotalâmico-hipofisário-ovariano, geralmente quando as adolescentes t m, segundo a classificação de Tanner para caracteres sexuais secundários, mamas com desenvolvimentono estádio M3 ou, eventualmente, M4. Nos Estados Unidos, a m diade idade em que a menarca ocorre 12,8 anos e no Brasil 12,2 anos. A falha da menarca, isto é , ausência da primeira menstruação espontânea, deve ser investigada quando: • A menarca não ocorreu aos 15 anos de idade em meninas com caracteres sexuais secundários presentes; • A menarca não ocorreu cinco anos após o início do desenvolvimento das mamas, se isso se deu antes dos 10 anos de idade; • Meninas em que, aos 13 anos de idade, se verifique completa ausência de caracteres sexuais secundários. Algumas situações devem ser particularizadas: • Meninas com características sexuais secundárias presentes antes dos 15 anos, sem menstruar, porém, com dor pélvica cíclica. Nessa situação, deve-se iniciar a investigação devido ao risco de obstrução do trato genital; • Na presença de estigmas genéticos sugestivos, por exemplo, da síndrome de Turner, a investigação é iniciada independentemente da idade. ➢ ETIOLOGIAS Pode ser causada por fatores genéticos ou anatômicos, dependendo do compartimento, boa parte delas causadas por anomalias mullerianas. Entenda-as a seguir: • Útero e vagina: hímen perfurado, septo vaginal, deficiência de 5-alfa-redutase, agenesia congênita de endométrio, Síndrome de Morris. • Ovário: disgenesia gonadal, Síndrome de Savage. • Hipófise: causas funcionais, hiperprolactinemia, deficiência isolada de GnRH, Síndrome de Kallmann, atraso fisiológico da puberdade, doenças inflamatórias ou infiltrativas, tumores. MARC 03 Raiza Fraga • Causas uterina/ vaginal: A segunda maior causa de amenorreia primária é a Síndrome de Rokitansky, em que ocorre um defeito nos ductos de Muller, podendo ser de três tipos, sendo o mais cobrado a agenesia total dos ductos de Muller. Como fenótipo tem-se a ausência de útero, trompas e 2⁄3 superiores da vagina e vagina curta, com caracteres sexuais secundários normais. Outra síndrome que pode causar amenorreia primária é a Síndrome de Morris, em que ocorre um defeito no receptor de androgênios, devido a um distúrbio recessivo ligado ao X que provoca resistência à testosterona. Como fenótipo tem-se pacientes altas, magras e com quadril estreito, com ausência de útero, vagina curto, pelos pubianos escassos e mamas pequenas, tudo decorrente da deficiência de testosterona. Causas como hímen imperfurado e septo vaginal transverso também podem causar amenorréia primária. • Causas ovarianas: São as principais causas de amenorreia primária, levando ao quadro chamado de hipogonadismo hipergonadotrófico, em que os ovários que não produzem os esteroides. As disgenesias gonadais são as causas mais comuns, e é quando ocorre má formação das gônadas, causando o esgotamento dos folículos, e consequentemente queda do estradiol e aumento do FSH. Pode ser uma disgenesia gonadal pura, em que não existe um estigma da doença. Algumas síndromes também são comuns, como a Síndrome de Turner, em que a paciente possui cariótipo 45X0, com a ausência de um cromossomo X, que vai fornecer um fenótipo sem caracteres sexuais secundários, como genitália pré- púbere, ovários em fita, mamas pouco desenvolvidas, baixa estatura, entre outras características. Também tem-se a Síndrome de Swyer, decorrente de uma mutação no gene SRY, levando ao cariótipo XY na mulher, com o desenvolvimento de testículos. • Causas hipotalâmicas O defeito está no SNC, causando hipogonadismo hipogonadotrófico, a qual pode ser por atraso fisiológico da puberdade ou por deficiência congênita do GnRH, como na Síndrome de Kallmann, uma síndrome autossômica dominante recessiva ligada ao X, que causa o quadro de hipogonadismo hipogonadotrófico e consequentemente à amenorreia primária. ➢ AMENORREIA SECUNDÁRIA É caracterizada amenorreia secundária quando há a ausência de menstruação em pelo menos 3 ciclos, para ciclos regulares, ou 6 ciclos para irregulares, antes disso é considerado apenas um atraso menstrual. Suas causas envolvem também útero e vagina, ovário e o eixo HH. Mas antes, deve ser descartada a hipótese de uma gestação, já que é sua causa mais comum. • Causas uterina / vaginal Sua principal patologia é a Síndrome de Asherman, em que ocorre a formação de sinéquias secundárias a procedimentos intrauterinos (curetagens ou processos inflamatórios), as quais levam ao acúmulo de sangue menstrual. Seu diagnóstico é feito por histeroscopia e tratada com lise das aderências. • Causas ovarianas: A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a mais importante, e ocorre mais frequentemente em mulheres de idade reprodutiva por fatores hormonais. Seu diagnóstico mais aceito está nos Critérios de Rotterdam, em que a paciente deve ter dois deles: ciclos menstruais longos ou amenorreia, hiperandrogenismo e critério ultrassonográfico. Na plataforma Estratégia MED você encontra uma aula exclusiva de SOP. Também pode ser decorrente de uma falência ovariana prematura (FOP), com perda de oócitos antes dos 40 anos, chamada de menopausa precoce, geralmente por causas idiopáticas ou doenças autoimunes. Sendo assim, a FOP é uma causa de hipogonadismo hipergonadotrófico. • Causas hipofisárias: São os quadros de hipogonadismo hipogonadotrófico. A Síndrome de Sheehan consiste em um pan-hipopituitarismo por necrose hipofisária relacionada à hemorragia pós-parto, na qual a paciente para de produzir os hormônios hipofisários. Outra causa pode ser a hiperprolactinemia, amenorreia ocorre por uma inibição do GnRH. • Causas hipotalâmicas: Podem ser por causas funcionais, estruturais ou crônicas. Nas causas funcionais, podem ser por transtornos alimentares, estresse excessivo e/ou realização de exercícios físicos extenuantes, cursando em redução do GnRH, consequentemente em anovulação e amenorreia. Já as causas MARC 03 Raiza Fraga estruturais, podem ser por tumores hipotalâmicos, doenças infiltrativas e infecciosas, traumas e radiação, que também resultem na redução do GnRH. Já as causas crônicas podem ser por doenças como a doença renal crônica ou cirrose hepática, reduzindo também o GnRH. Doenças endócrinas também podem causar amenorreia, como as tireoidopatias ou tumores produtores de androgênios. ➢ ETIOLOGIAS DE AMENORREIA Compartimento I (útero e vagina): está relacionado ao útero e à vagina, levando a amenorreia. • Hímen imperfurado: consisteem uma causa de amenorreia primária, de modo que essa alteração estrutural que bloqueia a saída do fluxo menstrual. Esse caso naturalmente só pode ocorrer antes da menarca, de modo que a paciente portadora dessa alteração não possui tal evento. Porém, ela possui fluxo menstrual, sendo que esse somente não é liberado, as mulheres nesse quadro apresentam dor pélvica mensal e cíclica, que corresponde à menstruação, a qual não será liberada. Dá-se o nome de criptomenorreia. Em longo prazo, esse acúmulo de fluido pode aumentar o volume abdominal, cursando com distensão uterina em decorrência do acúmulo de líquido. É importante ressaltar que essas pacientes apresentam cariótipo 46, XX, caracteres sexuais secundários femininos, bem como função ovariana normal. • Síndrome de Rokitansky: também é conhecido por agenesia mülleriana, na qual a paciente possui uma anomalia congênita que ela nasce sem útero, colo uterino, tubas uterinas e terço superior da vagina. Ocorre no período embrionário, no qual os ductos müllerianos (que dão origem ao terço superior da vagina, ao colo e corpo uterinos e às tubas uterinas) sofrem um processo de agenesia, a qual pode ser total ou parcial. Os casos totais resultam na Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (Síndrome de Rokitansky), na qual as pacientes não desenvolvem nenhuma das estruturas associadas aos ductos de Müller. Apesar disso, a paciente apresenta ovários, de modo que em tais pessoas, os caracteres sexuais femininos secundários estão presentes. Logo, conclui-se que a ausência de menstruação não decorre da falta de estímulo hormonal, mas sim pela ausência da estrutura funcional responsável pelo sangramento (útero). • Síndrome de Morris: consiste em uma causa de amenorreia primária, na qual a paciente possui cariótipo 46, XY. Em pacientes com a síndrome de Morris, ocorre um fenômeno chamado de insensibilidade androgênica, no qual o corpo do feto possui ausência completa de resposta aos hormônios masculinizantes produzidos durante o desenvolvimento intrauterino, em decorrência de mutações nos genes dos receptores de androgênios. Nesse caso, a testosterona não gera o seu efeito de converter a genitália primitiva para pênis e escroto, resultando no aparecimento de uma vulva externamente. Associado a isso, como a paciente não possui um estímulo para a produção dos órgãos genitais femininos, a cavidade perineal não possui útero, ovários e os dois terços inferiores da vagina. Sendo assim, esse quadro nos ajuda a inferir que, nesse caso, a paciente não apresenta caracteres sexuais secundários (algumas podem apresentar mamas pela alta conversão dos andrógenos em estrogênio), possuindo testículos, os quais geralmente se encontram aprisionados na região inguinal. • Síndrome de Asherman: consiste em uma causa de amenorreia secundária, caracterizada por um quadro de sinéquia (aderências na cavidade uterina) sintomática em decorrência de curetagem uterina ou puerperal, na qual as aderências formadas prejudicam o funcionamento correto do útero, levando ao impedimento da menstruação, bem como gerando infertilidade. Diante da suspeita de sinéquias intrauterinas, deve-se realizar uma histerossalpingografia, a qual evidenciará as sinéquias como falhas de enchimento irregulares e anguladas no interior da cavidade uterina, sendo esse exame suficiente para o diagnóstico definitivo, ainda que a ultrassonografia transvaginal possa auxiliar a esclarecer casos mais difíceis. MARC 03 Raiza Fraga Compartimento II (ovários): alterações nesse compartimento acometem os ovários, resultando em um quadro de impedimento da menstruação, seja ela primária ou secundária. • Síndrome de Turner: consiste em uma anomalia genética na qual a paciente possui cariótipo do tipo 45, X0. Diante da falta de um cromossomo X, essa síndrome traz consigo anomalias congênitas que resultam em disgenesia gonadal ou falência ovariana prematura, dada a atresia acelerada dos ovócitos, de modo que as gônadas femininas sejam substituídas por uma estria fibrosa, sendo uma causa de amenorreia primária. Junto a esse quadro, existe a apresentação de defeitos somáticos, como baixa estatura, pescoço alado, linha capilar baixa, tórax em forma de escudo e malformações cardiovasculares. • Síndrome de Savage: também conhecida como Síndrome do Ovário Resistente, é um caso mais raro de amenorreia primária, na qual os ovários possuem mutações quanto aos receptores de gonadotrofinas (FSH ou LH). Desse modo, essa insensibilidade ovariana não permite que haja o devido estímulo para que ocorra a produção dos hormônios esteroides femininos, impedindo assim, o funcionamento do ciclo menstrual. • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): consiste em uma causa de amenorreia primária, bem como a causa mais comum de anovulação crônica com estrogênio presente. Desse modo, não ocorre a formação do corpo lúteo, nem a produção de progesterona, de modo que o útero permanece sob o estímulo do estrogênio, gerando um quadro de sangramento anormal, com ciclos muito espaçados, podendo chegar a mais de seis meses sem a presença de menstruação (por isso são caracterizados como uma das causas de amenorreia secundária). Em alguns casos, a ausência de sangramento endometrial pode ser decorrente também da presença elevada de andrógenos nessas pacientes, uma vez que esses hormônios possuem a capacidade de atrofiar o endométrio. • Insuficiência Ovariana Precoce: geralmente consiste em uma causa de amenorreia secundária, referindo-se a um processo no qual a ação ovariana seja pequena ou simplesmente não ocorra, aliado à alta dosagem sérica de gonadotrofinas, dada a ausência de feedback negativo dos hormônios femininos. Apesar desse envolvimento central, ressalta-se que esse quadro resulta de um acometimento primariamente ovariano, não acometendo de forma patológica a hipófise ou o hipotálamo. A definição desse distúrbio consiste na perda de ovócitos antes dos 40 anos. Esse quadro pode ter diversas origens, como cromossomopatias, radioterapia, quimioterapia, cirurgias pélvicas prévias e tabagismo. Compartimento III (hipófise): ocorrem patologias ou distúrbios que acometem à hipófise. • Hipoplasia hipofisária: uma anomalia congênita, de modo a ser uma causa de amenorreia primária. Pode não ocorrer a produção de FSH e LH, ou pode haver uma produção extremamente baixa desses hormônios, assim como dos demais hormônios hipofisários, o que leva a um quadro clínico com apresentações mais diversas, relacionadas aos respectivos déficits hormonais. • Hipotireoidismo: uma das causas de amenorreia secundária, decorrente de baixa ação da tireoide, hiperprolactinemia, tumores hipofisários e infecções que lesam o compartimento III, gerando déficits quanto aos hormônios gonadotróficos. A redução dos níveis séricos de hormônios tireoidianos leva a um aumento compensatório do TRH (hormônio hipotalâmico que estimula a adeno-hipófise a produzir o seu hormônio estimulador), aumentando a secreção de prolactina. Essa alta de prolactina gera um aumento da dopamina central, que consiste no principal inibidor da secreção de prolactina (mecanismo de feedback negativo). Esse aumento de dopamina repercutirá no hipotálamo, alterando a secreção de GnRH, rompendo com a produção normal e cíclica das gonadotrofinas, de modo a impedir a ovulação. MARC 03Raiza Fraga • Síndrome de Sheehan: ocorre nos casos em que há isquemia e necrose hipofisária anterior por uma grave hipotensão pós- parto, geralmente em decorrência de sangramento puerperal importante ou por um choque hemorrágico. Como resultado, diferentes regiões da hipófise podem ser lesionadas, bem como a glândula inteira, levando a um quadro característico do déficit hormonal decorrente da área acometida. Nos casos em que são lesionadas as regiões responsáveis pela produção de LH e FSH, a perda da atividade gonadotrófica gera uma anovulação e, por consequência, amenorreia. Compartimento IV (hipotálamo): ligado às alterações e lesões hipotalâmicas tais que refletem na alteração do ciclo menstrual, impedindo a menstruação. • Síndrome de Kallmann: consiste em uma anomalia congênita, que caracteriza amenorreia primária. Nele, ocorre a incapacidade de migração do GnRH, cursando com anosmia (incapacidade de reconhecer odores), caracterizando-se como uma síndrome genética relacionada ao bulbo olfatório, resultante de um distúrbio hereditário ligado ao cromossomo X, dominante ou recessivo. Nesse caso, há uma mutação no gene KAL1, o qual codifica proteínas de adesão que são essenciais para a migração normal do GnRH e dos neurônios olfatórios. Logo, essas pacientes apresentam um complemento normal de neurônios de GnRH, mas dada à incapacidade desse em migrar, a sua ação na adeno-hipófise não ocorre, gerando uma grande redução na produção de estrogênio, devido a falta de estímulo à produção de gonadotrofinas, impedindo o desenvolvimento de mamas e do aparecimento do ciclo menstrual. Obs.: essa síndrome está associada a anomalias da linha média da face, como fenda palatina, agenesia renal unilateral, ataxia cerebelar, epilepsia, entre outros. • Alterações funcionais do hipotálamo: nesse caso, ocorrem alterações funcionais do hipotálamo, outrora saudável, de modo que surja um distúrbio capaz de desregular a produção do GnRH, o que causará a alteração no ciclo menstrual, levando à amenorreia. Quadros desse tipo geram a chamada amenorreia hipotalâmica, que pode ser oriunda de três categorias: transtornos alimentares, excesso de exercícios e estresse. No caso de transtornos alimentares, a restrição calórica grave é a responsável pelo quadro de amenorreia, bem como o estresse ao sistema nervoso central causado pela perda de peso, indução de vômito, uso excessivo de laxativos e exercícios compulsivos. No caso da anorexia, ocorre grave disfunção hipotalâmica, influenciando em outros eixos hormonais. Já os quadros induzidos por exercícios são característicos de mulheres em condições de baixa porcentagem de gordura corporal, como bailarinas e atletas, sendo também atrelado à falta de balanço energético nutricional positivo. ✗ Hipogonadismo hipogonadotrófico : nesse caso, ocorre a diminuição tanto dos hormônios ovarianos quanto das gonadotrofinas, de modo que essas não estimulam as gônadas de modo adequado. Geralmente, quadros assim possuem sua origem nos compartimentos III ou IV. ✗ Hipogonadismo hipergonadotrófico : nesse caso, os ovários não funcionam de forma adequada, apesar de um grande estímulo hipofisário e hipotalâmico, revelado pela alta dosagem sérica dos hormônios gonadotróficos. Sendo assim, não há a responsividade ovariana, caracterizando, geralmente, um problema no compartimento II. ✗ Amenorreia eugonadotrófica : nesse caso, as gonadotrofinas estão em níveis normais, mas não ocorre menstruação. Logo, mais provavelmente, o problema em questão se encontra na parte canalicular, que consiste no útero e no canal vaginal, é uma alteração do compartimento I). MARC 03 Raiza Fraga O diagnóstico de amenorreia é basicamente clínico, seguido de alguns exames laboratoriais para descartar outras alterações. No caso da amenorreia primária, para diagnóstico, além de uma anamnese bem-feita, seu principal ponto-chave é a inspeção dos caracteres sexuais secundários no exame físico, em que se a paciente os apresenta mas está em amenorreia, provavelmente o defeito é anatômico, caso não se apresente os caracteres, provavelmente a causa é no eixo H-H. Alguns exames complementares também podem ser requisitados, como o FSH, TSH e T4 livre, cariótipo, ultrassonografias, ressonância magnética e teste do GnRH. O FSH deve ser pedido para todas as pacientes, para que seja possível direcionar a causa da amenorreia primária. • FSH alto: disgenesia gonadal; • FSH baixo: causas centrais; e • FSH normal: causas anatômicas ou endocrinopatias. No caso do teste do GnRH, se for positivo, provavelmente a causa é hipotalâmica, se for negativo, é hipofisária. Já nos casos de amenorreia secundária, sempre deve ser investigada primeiro a possibilidade de gestação. Depois, realiza-se a dosagem de prolactina e hormônios tireoidianos. Os testes de progesterona e testes de estrogênio, ou os dois combinados, são muito pedidos para avaliar o status do estrogênio e a patência do trato genital. No teste de progesterona, ao administrar o hormônio, é considerado positivo se houver sangramento de 7 a 10 dias após o término da medicação, no teste de estrogênio, a paciente só sangrará se houver algum defeito no trato de saída da menstruação. ➢ ANAMNESE: Uma boa anamnese e exame físico são fundamentais para o correto rastreio e identificação de uma causa coerente para a queixa da paciente, podendo apontar o diagnóstico etiológico na maioria das vezes. Antes de tudo, é fundamental reiterar que, nos casos de pacientes que já menstruaram antes (nas quais só é possível que haja amenorreia secundária), a principal causa da ausência de sangramento uterino é a gestação. Portanto, ao conversar com a paciente, deve-se ter em mente que é importante investigar questões relacionadas à gestação, como data da última menstruação (DUM), atividade sexual e contracepção. Existem informações indispensáveis a serem questionadas, além das já citadas, como: idade, histórico menstrual (questionar sobre regularidade nos ciclos prévios), antecedentes obstétricos, partos, aleitamento, curetagem prévia, dieta seguida, nível de atividade física praticada, estresse, saúde psicológica, cirurgias prévias (especialmente pélvicas), químio ou radioterapia prévias, medicações, galactorreia (aumento da secreção láctea), hiperandrogenismo (relacionado à SOP), hipoestrogenismo e a presença de caracteres sexuais secundários presentes ou não. Dito isso, a anamnese deve ser iniciada por meio da observação e investigação sobre o desenvolvimento puberal, avaliando a presença dos caracteres sexuais secundários e ciclagem menstrual, especificando o intervalo e a duração do ciclo, assim como a quantidade de fluxo menstrual. Partindo do fato de que a paciente já menstrua, deve-se investigar quando ocorreu a alteração, se foi abrupta ou gradual, bem como se ocorreu após algum evento, como cirurgia, infecção, radioterapia, quimioterapia etc. Diagnostico de amenorreia MARC 03 Raiza Fraga ➢ EXAME FÍSICO: O exame físico da paciente começa quando a olhamos desde que entra em nosso consultório, uma vez que a aparência geral da paciente pode ser útil para indicar possíveis causas, como um IMC baixo, além da observação de desgaste do esmalte dos dentes, que podem ser oriundos de transtornos alimentares. Deve-sebuscar por sinais de anomalias genéticas, como síndrome de Turner e defeitos na linha média, que podem nos indicar o possível compartimento acometido. Apesar de não ser muito realizado no cotidiano, o exame dermatológico pode ser valioso nesse caso, uma vez que por meio dele podemos observar a presença de hirsutismo, acantose nigricans ou acne, que são indicativos de SOP. O exame das mamas pode elucidar a presença de galactorreia, o que poderia sugerir níveis elevados de prolactina. Quanto ao exame da genitália, a inspeção já nos revelaria o padrão de distribuição dos pelos pubianos (a não ser que a paciente seja tricotomizada), mostrando se a paciente possui um padrão tipicamente feminino ou masculinizado (indicativo de hiperandrogenismo), assim como essa tipo de distribuição pode se apresentar com clitoromegalia, engrossamento da voz e padrão de calvície masculino. Pacientes com produção estrogênica normal possuirão vagina úmida de cor rosada com muco cervical ao exame especular. O toque vaginal pode auxiliar na identificação da presença de útero, a fim de identificar possíveis causas de amenorreia primária. • Estágio de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (estágios de Tanner). • Presença de estigmas genéticos. • Envergadura: considerada normal quando igual ou até 2 cm maior do que a estatura do indivíduo. Alterada pode indicar alguns estados de hipogonadismo. • Na presença de hirsutismo, classificar de acordo com o índice de Ferriman-Gallwey. • Exame genital: o diagnóstico de hímen imperfurado pode ser feito pela inspeção; já o diagnóstico de vagina curta, pela introdução de cotonete ou de histerômetro pela abertura himenal. • No exame, avaliar sinais de atrofia genital. Em pacientes que já iniciaram vida sexual, o especular pode auxiliar na avaliação de outras más-formações vaginais e de colo, e o toque bimanual, na avaliação dos órgãos pélvicos. MARC 03 Raiza Fraga ➢ EXAMES LABORATORIAIS • BHCG (pois é a principal causa de amenorreia secundária) • Níveis de FSH, para diferenciar se a alteração foi a nível hipotalâmico, hipofisário ou ovariana (< 5U/L FSH: causa hipotalâmica ou hipofisária; FSH > 20 U/L causa ovariana) • LH e estradiol • Prolactina • TSH/ T4: quando há suspeita de disfunção tireoidiana • Perfil androgênico (testosterona, S-DHEA, SHBG, 17-OH-PROGESTERONA) • TTOG/ curva insulina • Quando houver suspeita de disfunção tireoidiana, incluir TSH e T4 livre. Atualmente, é menos frequente que as disfunções tiroidianas se apresentem associadas à amenorreia, uma vez que, com o diagnóstico mais precoce de tais disfunções, as ocorrências no ciclo menstrual tendem a ser mais leves, manifestando-se como ciclos longos. ➢ EXAMES DE IMAGEM • Ultrassonografia pélvica transvaginal ou por via abdominal em mulheres que não iniciaram atividade sexual. Particularmente importante nas amenorreias primárias, quando pode mostrar ausência do útero, além de permitir a identificação de más- formações uterinas ou obstruções ao fluxo menstrual. Nas amenorreias secundárias, o resultado é utilizado como condição para o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos. • Ressonância magnética em casos particulares. Para avaliação pélvica, em especial em alguns casos de malformação dos órgãos genitais. Ressonância magnética ou tomografia de sela túrcica ou de crânio, quando necessário investigar tumores. ➢ CARIÓTIPO: • É pedido em casos de suspeita de disgenesias gonadais, afim de achar a síndrome de Tanner. • Particularmente indicado nas amenorreias hipergonadotróficas, isto é, com níveis de FSH elevados que se manifestem como amenorreia primária ou nas que se manifestam como amenorreia secundária em mulheres com menos de 30 anos. Também deve ser solicitado nas amenorreias primárias com ausência de útero e FSH normal, quando é preciso incluir dosagem de testosterona para investigar a síndrome de insensibilidade androgênica. • TESTE DE PROGESTERONA: avalia o status estrogênico do trato genital de saída, após a investigação de TSH e prolactina e descartado os defeitos estruturais (amenorreia primária). Utiliza-se o acetato de medroxiprogesterona 10 mg/10 dias e espera o sangramento em até 15 dias. • Caso positivo : levanta-se a hipótese de anovulação (hipo/hipertiroidismo; SOP; resistência a insulina). • Caso negativo : deve-se proceder ao teste estrogênio + progesterona. • TESTE DE ESTROGÊNIO + PROGESTERONA: avalia a resposta endometrial e a patência do trato de saída. Utiliza-se o estrogênio por 20 dias + progesterona por 10 dias, após 20 dias espera-se o sangramento de privação. • Se positivo: sugere o diagnóstico de hipoestrogenismo de origem central (hipotalâmica) ou gonadal (ovariana), MARC 03 Raiza Fraga necessário dosar o FSH e excluir outras causas uterovaginais. • Caso o valor do FSH estiver elevado: sugere falência ovariana prematura. • Caso o FSH esteja diminuído: sugere disfunção hipotalâmica e/ou hipofisária. Para diferenciar entre disfunção hipotalâmica ou hipofisária, deve-se dosar o GnRH. • TESTE DE ESTÍMULO GnRH: na presença de hipogonadismo hipogonadotrófico. Administra-se pela manhã, em jejum, 100 mg de GnRH EV durante 30 segundos e dosa o LH e FSH antes e após 30, 45, 60, 90 e 120 minutos da administração. • Positivo: função hipofisária está normal quando ocorre o aumento do FSH e LH. • Negativo : não diferencia a alteração hipofisária ou hipotalâmica, pode haver uma hipotrofia da hipófise. Pode sugerir, tumor, sela vazia, entre outros. Obs.: na amenorreia secundária os exames mais importantes são: dosagem de FSH, LH e prolactina. Os androgênios não são essenciais. Amenorreia é um diagnóstico sindrômico, ou seja, reflete um sintoma de diversas doenças ou afecções. O tratamento está vinculado à sua etiologia, bem como às expectativas da paciente, em especial, reprodutivas e sexuais. O tratamento da amenorreia pode ser definitivo (quando se remove a causa) ou apenas paliativo e sintomático (quando não é possívelsolucionar a etiologia). Pode ainda ser clínico ou cirúrgico. Em muitos casos de amenorreia de origem hipotalâmica, recomenda-se apoio psicológico e ou psiquiátrico, bem como acompanhamento multidisciplinar. Nas causas disfuncionais, mudanças no estilo de vida podem tornar o ciclo menstrual regularem situações em que se obtém redução do estresse, adequação do peso e orientação de atividade física adequada. Quando a causa é orgânica, recomenda-se instituir tratamento da doença de base. Contudo, pode haver lesão permanente, e a ministração de hormônios como reposição exôgena pode ser mandatória Tratamento clínico Na hiperprolactinemia: tratamento com agonistas dopaminérgicos. A bromocriptina é empregada na dose inicial de 1,25 mg por dia, durante os primeiros sete dias. A seguir, a dose é aumentada gradualmente, dividida em duas a três tomadas diárias, até que se obtenha o controle dos sintomas. A cabergolina é outro agente dopaminérgico com maior especificidade, com menos efeitos colaterais e, por ter meia-vida longa, com maior comodidade posológica. Também mostra melhor resposta terapêutica. A dose inicial de 0,5 mg, uma vez por semana, com aumento gradativo de acordo com o controle clínico dos sintomas e dos níveis de prolactina. Mesmo nos casos de prolactinomas,isto é, adenomas produtores de prolactina, o tratamento cirúrgico atualmente é pouco utilizado. No hipotireoidismo, a reposição de hormônio tireoidiano pode sero suficiente para o retorno da função menstrual. Tratamento cirúrgico: Os tumores ovarianos ou de suprarrenais produtores de androgênios devem receber intervenção cirúrgica. As sinequias intrauterinas são tratadas por cirurgia que consiste no desbridamento por histeroscopia, podendo ser seguida da colocação de DIU, associada ou não a terapia estrogênica para repitelização endometrial. Tratamento MARC 03 Raiza Fraga Relativamente as malformações müllerianas, o tratamento depende da malformação encontrada. Na síndrome de Rokitansky com agenesia uterina e de vagina, o tratamento pode ser cirúrgico, com realização de neovagina, ou por meio do uso clínico dedilatadores vaginais. Quando a causa da amenorreia for ausência de útero, o transplante uterino está sendo testado para possibilitar a gestação, sendo, contudo, um tratamento ainda experimental. Estado de hipoestrogenismo temporária ou permanente: Na amenorreia primária, o hipogonadismo pode ser o primeiro sinal de hipoestrogenismo persistente e necessita ser corrigido, começando com pequenas doses de estrogênio e, posteriormente, aumentando gradativamente a dose, favorecendo o desenvolvimento mamário, para posterior associação a progestagênio, quando indicado. Nesses casos, é necessária reposição precoce com estrogênios conjugados 1,25 mg por dia ou valerato de estradiol 2 mg por dia. Nas mulheres com útero, a adição de progestagênio é necessária para evitar o câncer de endométrio. Nos casos em que o eixo córtico-hipotalâmico-hipofisário-ovariano está temporariamente supresso, há necessidade de reposição estrogênica até a recuperação da função gonadal, tanto para melhora dos sintomas de hipoestrogenismo quanto para evitar o comprometimento da massa óssea. Correção do hiperandrogenismo: No hiperandrogenismo consequente a neoplasias, as neoplasias ovarianas e de suprarrenal devem ser extirpadas. Na síndrome de Cushing, na presença de tumor, o tratamento é cirúrgico. Na síndrome dos ovários policísticos, o tratamento da amenorreia com a finalidade de proteção endometrial pode ser feito com a ministração de progestagênio cíclicos ou, ainda, de anticoncepcional hormonal oral (ACHO), promovendo regularização do ciclo menstrual e proteção contra carcinoma endometrial, por mo tratamento com progestagênio não se destina a auxiliar na correção do hiperandrogenismo. Os contraceptivos combinados auxiliam no controle do hiperandrogenismo, geralmente associados a outras substâncias (antiandrogênicos ou sensibilizadores da ação da insulina) que potencializam esse resultado. A resistência insulina pode ser amenizada com alteração do estilo de vida, perdade peso e substâncias sensibilizadoras da ação da insulina, como a metformina (500 a 2.500 mg ao dia), pioglitazona (15 a 45 mg aodia) e/ou mioinositol (4g ao dia). MARC 03 Raiza Fraga
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