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Fases do Luto

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APG 7 - “Não aprendi dizer a Deus”
1. Compreender o processo da morte. 
A morte e o processo de morrer são fenômenos que geram angústia, medo e ansiedade e, apesar de fazerem parte da vida, ainda são considerados tabus. As atitudes das pessoas em relação à morte são influenciadas por sistemas de crenças pessoais, culturais, sociais e filosóficas que irão moldar seus comportamentos conscientes ou não.
A morte integra o desenvolvimento humano no seu ciclo vital, é uma realidade e, por mais que se tente abstraí-la e torná-la distante, ela estará presente algum dia na vida de todos. Acompanhar a morte de outros traz à consciência de sua própria condição de mortalidade, gerando ansiedade e desconforto. Essa consciência é que diferencia o ser humano dos outros animais. Negá-la é uma das formas de não entrar em contato com as experiências dolorosas e de se sentir único e inesquecível. Essa idealização ressalta a fragilidade, a finitude e a vulnerabilidade humana.
Pensar que um dia todos irão morrer, sem saber de que ou como, gera uma angústia existencial. Por isso é tão comum ocorrer uma postura defensiva de afastar-se da ideia por meio do distanciamento das situações concretas de morte. Afastar-se gera no imaginário uma forma de autoproteção como se, ao não entrar em contrato com a morte, ela pudesse não existir.
Falar de morte muitas vezes é estranho e difícil, mais é importante reverter esse estranhamento, deve-se criar o hábito de pensar, discutir, dialogar sobre a morte e as questões que surgem a partir daí e do momento em que a pessoa decide encarar sua própria finitude. A morte levanta questionamentos sobre a vida: como se está vivendo, quais as escolhas feitas até aquele momento. A morte convida todos a olharem para a vida, em todas as suas nuanças construídas até então. Algumas perguntas necessárias ao aprofundamento do estudo da morte e do processo de morrer são: você gostaria de morrer de forma aguda ou crônica? Em sua casa ou em um hospital? Quem seria seu principal cuidador? O que você faria (ou não faria) se só tivesse 24 horas de vida? E se tivesse uma semana? E se tivesse seis meses? O que você decidiria para você em relação à internação em unidade de terapia intensiva, alimentação artificial, diálise e suporte ventilatório? O que se identifica de forma clara e objetiva é que a morte conduz a questionamentos sobre valores e modos de viver.
A morte é algo presente, pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer tempo, diferente do imaginário coletivo que sugere um pacto de que a morte só virá quando lhe for permitido que venha. Mas quando ela é inevitável, iminente, as pessoas querem deixar um legado, algo que se traduza em lembrança, registro de que elas viveram em algum tempo por aqui. Esse legado não se traduz somente em algo grandioso e nobre. Pode ser o simples ensinamento de uma receita culinária, algo que alguém faça em sua intenção, tornando-a viva naquele momento de lembrança.
Nos momentos finais de um indivíduo, além da necessidade de deixar um legado, aparecem as necessidades de resolver questões mal-elaboradas ao longo da vida; discutir sobre os papéis sociais e como sua família irá assumir responsabilidades na sua ausência. A necessidade de reconciliação com os outros, consigo mesmo e com um ser supremo é algo também muito presente nas pessoas que estão em processo de morrer. É como se a finalização da vida exigisse um término de contrato com ela e com os outros. A necessidade de despedir-se, de ter a presença de pessoas com quem se estabeleceu vínculos afetivos e satisfação nesse relacionamento é quase um pedido de licença para sair do mundo e da vida da família, dos amigos. Buscar nos gestos dos familiares a mensagem de que ela poderá partir e que os que ficam poderão se reestruturar sem sua presença.
2. Discutir o que é e as fases do luto. 
O luto é o processo que se inicia com uma perda e vai até sua elaboração, quando o indivíduo enlutado volta, novamente, ao mundo externo. É um período de recolhimento em si, uma experiência emocional profunda e individual, definida pela capacidade de lidar com perdas.
Desde que superado, e é fundamental que o seja, para que a dor da perda não seja reprimida e se manifeste depois como algum outro sintoma, o luto não é considerado uma condição patológica, mesmo que haja mudanças temporárias no estilo de vida, como a perda de interesse pelo convívio social e pelas atividades do cotidiano.
Por sua intensidade, o luto pode ser associado a diversos sentimentos, como angústia, tristeza ou saudade, mas na realidade, trata-se de um estado emocional que desperta esses sentimentos. O processo pode desencadear diversas respostas emocionais (culpa, raiva, ansiedade), cognitivas (descrença, confusão) e comportamentais (agitação, choro), que, algumas vezes, precisam ser tratadas com acompanhamento médico.
Viver o luto é o primeiro passo para que a transição entre a ausência do ente querido se transforme em um processo de amadurecimento para a própria vida. Mas lembre-se: todo processo possui suas fases que precisam do tempo necessário para serem vividas.
Fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 
1° estágio do luto: negação
É considerado o choque inicial, a reação de defesa. A morte representa a finitude do que é mais importante para todos nós: a vida. Este estágio pode ocorrer até mesmo antes de uma notícia de perda efetiva, ao saber de um ente querido com uma doença terminal, por exemplo.
É um estado temporário e relativamente curto, pois mesmo em negação, nos adaptamos àquela realidade para chegarmos ao próximo estágio. É um mecanismo de defesa, um para-choque, que alivia o impacto da notícia, uma recusa a confrontar-se com a situação. Pensamentos como “aquilo não pode ter acontecido, não comigo, não com ela” são comuns nesse período.
2° estágio do luto: raiva
Quando já não é mais possível negar o fato da perda, inicia-se um estado de mágoa intensa, revolta, inconformismo e ressentimento. 
O momento é muito delicado e é importante que quem está por perto aja com extrema cautela, afinal, as reações da pessoa enlutada podem ser incoerentes. É possível que ela sinta inveja de quem está sadio ou nutra um sentimento de injustiça. A raiva pode se tornar patológica quando chega a um nível crônico.
3° estágio do luto: barganha
O estágio da barganha se caracteriza pela negociação, seja com a própria dor ou com uma força maior. Geralmente, a pessoa enlutada pensa em fazer promessas ao universo, a Deus ou a outros símbolos de crença. É como se uma esperança profunda o envolvesse e, de alguma maneira, aquela dor pudesse ser revertida. 
Nessa fase, é comum que o indivíduo tenha pensamentos do tipo “e se eu tivesse feito isso” ou “se eu fizer X coisa, posso reverter a situação” e mesmo que ela entenda a impossibilidade desses feitos, ela os alimenta para consolar a si mesma.
4° estágio do luto: depressão
Nesta fase, a pessoa já acumula sentimentos profundos de tristeza acompanhados de solidão e saudade. Estas emoções a debilitam em aspecto físico e emocional. A intervenção ativa das pessoas mais próximas nesse momento é essencial para evitar que o luto se torne uma depressão silenciosa.
A depressão é divida em preparatória e reativa. A depressão reativa ocorre quando surgem outras perdas devido à morte, como a perda de papéis do âmbito familiar. Outro exemplo é a perda de um emprego e, consequentemente, um prejuízo financeiro. 
Já a depressão preparatória é o momento em que a aceitação está mais próxima. É quando as pessoas ficam quietas, repensando e processando o que elas vivenciaram e analisando o impacto da experiência na sua vida. 
Executar atividades para o bem pessoal e estar perto de pessoas que despertam sentimentos positivos fazem com que esta fase passe com menos carga e se aproxime mais rapidamente do próximo estágio.
Essa fase é marcada pelo choro copioso, isolamento, crises de ansiedade e dificuldade para retomar a vida normal, ainda que minimamente bem para enfrentar as demandas diárias. 
5° estágio do luto: aceitaçãoDe acordo com os estudos da psiquiatra, o último estágio do luto não é quando não existe mais saudade ou dor, mas, sim, quando o sentimento se assossega e as respostas emocionais passam a ter mais paz e condições de seguir com a organização da vida.O luto é um processo que necessita de passagens mais difíceis, com uma curva intensa de sentimentos. A fase da aceitação faz com que o indivíduo se transforme de uma pessoa enlutada em uma pessoa que enfrentou uma perda.
Superar não é o mesmo que esquecer, ao mesmo tempo que atravessar o luto pode depender de todas estas fases vividas e de muito apoio. É importante mencionar que aceitar não quer dizer que a dor foi embora, mas sim que a pessoa aprendeu a conviver de forma mais saudável com ela. A saudade sempre estará presente, mas o enlutado consegue ressignificar esse sentimento de perda e começar a dar novos passos, ainda que pequenos. 
3. Elucidar sobre o preparo da família para aceitação da morte.
O luto não começa com a morte. Ele já estará sendo determinado a partir da qualidade das relações familiares existentes antes dela, pela qualidade dos vínculos estabelecidos e, também, afetado por condições atuantes mais próximas à morte propriamente dita. O luto, mesmo quando considerado normal, não significa que não seja doloroso ou que não exija um grande esforço de adaptação às novas condições de vida, tanto por parte de cada um dos indivíduos afetados quanto no sistema familiar, que também sofre impacto em seu funcionamento e em sua identidade.
A realização do ritual de despedida, os familiares necessitam estar conscientes da possibilidade da morte iminente e aceitando a mesma, e que já estejam vivenciando o luto antecipatório. Portanto, os efeitos desses fatores devem ser avaliados antes da orientação e realização do ritual, ou seja, é importante avaliar como e se os familiares estão desenvolvendo o luto antecipatório e qual seu nível de aceitação da morte iminente, para poder orientá-los quanto ao ritual de despedida.
No contexto familiar, uma perda pode influenciar o funcionamento e a dinâmica de uma família, uma vez que, a família vista como um sistema integrado de relações é alterada para sempre e os seus membros são obrigados a se reorganizar . 
A tipologia do funcionamento familiar pode influenciar a maneira como os seus membros vivenciam e experienciam o processo de luto e vice-versa. O ambiente familiar pode contribuir decisivamente para a morbidade psicossocia.O mau funcionamento familiar está relacionado com maior sintomatologia psicopatológica (ansiedade, depressão e distress psicológico), com um processo de luto mais complicado, maior morbidade psicossocial e pior funcionamento social, pouco ou nenhum apoio social, dificuldade para recorrer aos recursos da comunidade ou procurar apoio espiritual e menor capacidade funcional no trabalho. Os conflitos familiares também foram destacados como um fator que pode contribuir para o desenvolvimento de um luto complicado.
Portanto, seria interessante utilizar um instrumento de triagem para avaliar a dinâmica familiar, preferencialmente ainda no período de prestação de cuidados ao doente ou no início do processo de luto, com o intuito de identificar as famílias com pior funcionamento familiar e maior risco de desenvolver complicações no luto e com maior necessidade de suporte.
Diversos fatores podem estar na origem desta degradação da estrutura familiar:
A idade de cada um dos membros da família, incluindo o que morreu. Geralmente, aceita-se mais facilmente a morte de um familiar já idoso que de um familiar ainda jovem (por exemplo, aceita-se melhor a morte de um avô de oitenta anos, que de um irmão de vinte e cinco).
Os mais novos, como as crianças e os adolescentes, tenderão a ter dificuldades de compreensão da morte de um familiar, mesmo que este fosse muito idoso. Os adultos podem «projetar-se» na morte de um familiar da mesma idade, ou adulto, vislumbrando nela a imagem da que poderá, um dia, vir a ser a sua própria morte;
O papel que desempenhava a pessoa que morreu na hierarquia familiar. É importante o posicionamento que tinha na própria estrutura familiar, nomeadamente quanto ao parentesco. 
O grau de poder que exercia a pessoa que morreu. Neste aspeto, é muito importante considerar os níveis de dependência que havia em relação à pessoa que morreu por parte dos outros familiares, designadamente ao nível da tomada de decisões, da gestão da vida familiar e da providência económica.
O seu envolvimento afetivo com os restantes membros da família. Por fim, este será um dos aspetos mais determinantes. A qualidade de uma família estabelece-se, sobretudo, pelos laços afetivos que une os seus diferentes membros, e não tanto os laços de parentesco.
A fé é uma importante aliada no processo de enfrentamento do luto. Ela pode auxiliar o indivíduo a obter, ou conservar, a esperança, além de ajudá-lo a encontrar um sentido para a vida e para a doença, bem como facilitar a emergência de recursos psicológicos importantes para combater a enfermidade.
4. Entender as consequências do luto. 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) a principal diferença entre o processo normal de luto e um processo complexo seria o tempo – cronológico mesmo, não no seu sentido figurado; quando uma pessoa apresenta sintomas persistentes de luto por um período de doze meses ou mais (ou seis meses em casos de crianças) é dito que possui um Transtorno do Luto Complexo Persistente – o Luto Patológico. O luto é um processo emocional saudável, porém, quando prolongado, se torna mais complexo e tende a prejudicar a saúde mental do indivíduo; além disso, é um importantíssimo diagnóstico diferencial com o Transtorno Depressivo e, por isso, ganha destaque na prática clínica.
Existem alguns fatores considerados alertas para o risco do luto não se desenvolver de forma favorável, como: idade e sexo da pessoa enlutada, experiência anterior de perdas, recursos psíquicos utilizados na elaboração anterior, tipo de morte e relação com a pessoa falecida, suporte social envolvido, entre outros.
O Luto Complicado/ Complexo/ Patológico pode ser ainda classificado como: luto crônico – quando há um prolongamento do tempo do luto, com ansiedade e inquietude; luto adiado – quando as fases do luto não se apresentam adequadamente no tempo decorrido, o que pode levar a isolamento ou outros sintomas distorcidos; e luto inibido – quando há total ausência de sintomas do luto normal.
É importante entender que não é o luto em si que causa o transtorno psicológico da depressão. O que pode acontecer, com pessoas mais vulneráveis, é que o impacto do luto pode ser um grande estressor psicossocial e desencadear a depressão. Portanto, o luto seria um “gatilho” para isso.
Quando o luto perdura por mais de um ou dois anos, é sinal de que já é hora de procurar ajuda psiquiátrica. Conheça alguns dos sintomas do estado patológico do luto.
- Alucinações com a pessoa que se foi;
- períodos de emoções muito fortes;
- desejo veemente de que a pessoa volte;
- negação;
- perda do interesse por atividades rotineiras;
- desânimo;
- solidão intensa;
- afastamento de tudo que traz a lembrança da pessoa falecida;
- insônia.

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