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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL- Rogério Sanches

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Prof. Rogério Sanches 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INTENSIVO II 
Prof. Rogério Sanches 
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
I 
CRIMES HEDIONDOS ............................................................................................................................... 1 
LEI DE TORTURA – LEI 9.455/97 ........................................................................................................... 10 
LEI DE DROGAS – LEI 11.343/06 ............................................................................................................ 16 
1. Principais Características da lei 11.343/06: .............................................................................. 16 
2. Crime em caso de usuário: ........................................................................................................ 17 
3. Crime de tráfico: ........................................................................................................................ 20 
3.1 Tráfico propriamente dito: ................................................................................................ 20 
3.2 Tráfico equiparado: ........................................................................................................... 24 
4. Tráfico de maquinários (art. 34): ............................................................................................... 30 
5. Associação (art. 35): .................................................................................................................. 31 
6. Financiamento do tráfico (art. 36 da lei 11.343/06): ................................................................ 33 
7. Causas de aumento de pena (art. 37): ...................................................................................... 35 
8. Único crime culposo da lei (art. 38): ......................................................................................... 35 
9. Conduzir veículo automotor sob efeito de drogas (art. 39): ..................................................... 37 
10. Causas de aumento de pena (art. 40): .................................................................................. 38 
LEI MARIA DA PENHA – LEI 11.340/06 .................................................................................................. 42 
1. Finalidades................................................................................................................................. 42 
2. Constitucionalidade ou inconstitucionalidade .......................................................................... 43 
2.1 Inconstitucionalidade: ....................................................................................................... 43 
2.2 Constitucionalidade:.......................................................................................................... 44 
3. Conceito de violência doméstica e familiar .............................................................................. 46 
3.1 No âmbito da unidade doméstica (art. 5º, I)..................................................................... 46 
3.2 No âmbito da família (art. 5º, II) ....................................................................................... 46 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INTENSIVO II 
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II 
3.3 Em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º, III) ............................................................. 47 
3.4 Orientação sexual da Vítima (Art. 5º, p. ún.) .................................................................... 47 
4. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7º): ....................................... 48 
4.1 Violência física ................................................................................................................... 48 
4.2 Violência psicológica ......................................................................................................... 48 
4.3 Violência sexual ................................................................................................................. 48 
4.4 Violência patrimonial ........................................................................................................ 49 
4.5 Violência moral .................................................................................................................. 49 
5. Medidas integradas de prevenção (art. 8º): ............................................................................. 50 
6. Formas de assistência à mulher (artigo 9º): .............................................................................. 51 
7. Medidas protetivas (art.´s 18 e seguintes): ............................................................................... 53 
8. Organização Judiciária: .............................................................................................................. 56 
9. Procedimento: ........................................................................................................................... 59 
LEI DE EXECUÇÃO PENAIS ..................................................................................................................... 61 
Finalidade da LEP .................................................................................................................................. 61 
Art. 1º .................................................................................................................................................... 61 
Princípios da LEP ................................................................................................................................... 62 
Lei 10.792/03 ........................................................................................................................................ 62 
Partes na Execução Penal ...................................................................................................................... 63 
Competência na LEP .............................................................................................................................. 63 
Arts. 38 a 43 LEP – Estatuto do Preso ................................................................................................... 64 
Deveres – Art. 39 LEP ............................................................................................................................ 64 
Direitos – Art. 41 LEP ............................................................................................................................ 64 
O CNJ e o TSE estão viabilizando o direito de votar do preso provisório ............................................. 64 
Regime Disciplinar Diferenciado – RDD ................................................................................................ 65 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INTENSIVO II 
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III 
RDD: Características (art. 52 LEP)......................................................................................................... 65 
II – presos de alto risco (art. 52, § 1º) – “direito penal do autor” ......................................................... 65 
RDD: Judicialização ................................................................................................................................ 66 
RDD: Discussão sobre sua Constitucionalidade .................................................................................... 66 
O STJ inclina para a constitucionalidade; todos os argumentos da constitucionalidade são do STJ. ... 67 
I – condenado maior de 70 anos; ......................................................................................................... 70 
II – condenado acometido de doença grave; .......................................................................................70 
III – condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; ...................................................... 70 
IV – condenada gestante; ..................................................................................................................... 71 
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave: ............................................................. 71 
 
 
 
 
 
- há três sistemas rotulando o que seja o crime hediondo: 
- Sistema Legal: compete ao legislador enumerar um rol taxativo de quais delitos serão 
considerados hediondos; 
 
- Sistema Judicial: nesse sistema, é o juiz quem, na apreciação do caso concreto, analisando a 
gravidade do delito, decide se a infração é ou não hedionda; 
 
- Sistema Misto: no sistema misto, o legislador apresenta um rol exemplificativo de crimes 
hediondos, permitindo ao juiz na apreciação do caso concreto encontrar outros exemplos1; 
 
- o Brasil adotou o sistema legal (art. 5°, XLIII, CRFB/88), uma vez que a lei é que vai 
considerar os crimes definidos como hediondos; 
 
- são crimes equiparados a hediondos no texto constitucional (art. 5º, XLIII, CRFB/88): 
- Tortura 
- Tráfico de Entorpecentes e Drogas 
-Terrorismo 
 
- críticas aos sistemas: 
- Sistema Legal: trabalha somente com o plano em abstrato, podendo punir delitos de 
gravidade diferente com a mesma severidade; 
 
- Sistema Judicial: fere o princípio da taxatividade e causa insegurança jurídica; 
 
- Sistema Misto: agrega os defeitos dos dois sistemas acima; 
 
- Sistema mais justo criado pelo STF: 
- o legislador apresenta um rol taxativo; porém, o juiz, analisando o caso concreto, deve 
confirmar a hediondez (Guilherme de Sousa Nucci já usa e sugere esse sistema em sua 
doutrina); 
 
- o artigo 1º da lei 8.072/90 traz quais são os crimes considerados hediondos em um rol taxativo, 
listando todos os crimes tipificados no Código Penal que são hediondos2: 
- o rol será explicado de forma detalhada posteriormente; 
 
- Conseqüências desses crimes (art. 2º da lei 8.072/90): 
I – insuscetíveis de anistia; graça e indulto; 
 
1
 Esse sistema nada mais é do que uma interpretação analógica. 
2
 Há apenas um crime hediondo que não está no Código Penal, que é o genocídio. 
 
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2 
- anistia, graça e indulto são formas de renúncia estatal ao seu direito de punir; 
- a CRFB/88 não veda o indulto, vedando apenas a graça e a anistia. Já a lei 8.072/90 
veda a graça, anistia e o indulto. Daí surgiu a discussão se a lei ordinária, que é 
subordinada à Constituição, poderia ter acrescentado a vedação do indulto, havendo 
duas correntes: 
- 1ª Corrente: a vedação do indulto pela lei dos crimes hediondos é 
inconstitucional, uma vez que o rol de vedações da CRFB/88 é máximo, não 
podendo o legislador aumentá-lo; 
 
- 2ª Corrente: a vedação do indulto é constitucional, uma vez que o rol de 
vedações da CRFB/88 é mínimo, uma vez que a própria carta constitucional disse 
que “a lei definirá”. A “graça” foi usada em sentido amplo, abrangendo o indulto. 
Essa é a corrente majoritária e também a posição do STF; o STF entende ainda que 
deve se analisar se cabe ou não indulto na fase de execução; assim, mesmo que o 
condenado haja cometido o crime antes da entrada em vigor da lei, poderia se 
aplicar a proibição do indulto, uma vez que seu cabimento seria realizado na fase 
de execução (nesse sentido – RHC 84.572/RJ); 
 
- a lei 9.455/97 veio vedando graça e anistia, não vedando o indulto, surgindo duas 
correntes: 
- 1ª Corrente: a lei de tortura revogou tacitamente a vedação do indulto da lei 
8.072/90, uma vez que, a tortura é equiparada aos crimes hediondos, permitindo 
indulto para tortura e não para os outros crimes hediondos e equiparados 
acarretaria em violação ao princípio da isonomia; 
 
- 2 ª Corrente: a lei de tortura não revogou a vedação do indulto, uma vez que 
pelo princípio da especialidade, a lei de tortura poderia definir tratamento 
específico sobre a matéria em que incide. Essa corrente é a que prevalece, 
inclusive no STF; 
 
- a lei 11.343/06 (Lei de Drogas) veio vedando graça, anistia e indulto (sendo fiel à Lei 
dos Crimes Hediondos); 
 
II – deve ser analisado antes e depois da lei 11.464/07: 
ANTES VEDAVA: DEPOIS PASSOU A VEDAR: 
- fiança - fiança 
- liberdade provisória 
 
- no Habeas Corpus 91.556 o STF decidiu que a vedação da liberdade provisória está 
implícita na vedação da fiança, ou seja, nada mudou com a lei, houve apenas uma 
correção técnica de redação. Essa foi uma orientação surgida pouco tempo depois da lei 
11.464/07 e parece ter sido uma precipitação do Supremo; 
 
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3 
- adotando essa orientação, permanece vigente a súmula 697 do STF; 
 
- no H.C. 92.824 o STF, revendo seu posicionamento, vem autorizando liberdade 
provisória para crimes hediondos. O Ministro Celso de Mello sustenta que quem deve 
definir se é permitida ou não a liberdade provisória é o magistrado, não o legislador: 
posição esta que vem ganhando força no STF e promete mudar a jurisprudência do STF. 
- adotando essa orientação, perde sentido a súmula 697 do STF; 
 
SÚMULA 697 do STF 
A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o 
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo. 
 
§ 1º e §2º – deve ser analisado antes e depois da lei 11.464/07: 
ANTES: DEPOIS: 
- regime integral fechado (proibia a 
progressão de regime); 
- a pena será cumprida inicialmente em 
regime fechado (permite progressão de 
regime) 
 - progressão com 2/5 se primário e 3/5 se 
reincidente; 
 
- para aquele que praticou o crime antes da lei nova, ele vai ter direito à progressão, 
tendo direito à retroatividade benéfica; em 2.006 o STF declarou inconstitucional o 
regime integralmente fechado, portanto ele vinha admitindo progressão com o 
cumprimento de 1/6 de pena. Assim, para quem praticou o crime antes da lei vai 
progredir com o patamar anterior, que é 1/6; 
 
§ 3º – em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu pode 
apelar em liberdade; 
- segundo o STF a interpretação que tem de ser dada é a seguinte: se o processado 
estava preso, ele deve recorrer preso, salvo se ausentes os fundamentos da preventiva; 
se o processado estava solto, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da 
preventiva. 
- processado preso  recorre preso salvo AUSENTES os requisitos preventiva 
- processado solto  recorre solto, salvo PRESENTES os requisitos preventiva 
 
§ 4º – a prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei 7.960, nos crimes previstos neste artigo, 
terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e 
comprovada necessidade3; 
LEI 7.960/89: LEI 8.072/90: 
- prisão temporária de 5 dias prorrogável por - prisão temporária de 30 dias prorrogável por 
 
3
 Vale lembrar que o prazo regra da temporária é de 5 dias prorrogável por mais 5 dias. 
 
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4 
mais 5; mais 30; 
a) Homicídio (art. 121 CP) - se cometido por atividade típica de grupo de 
extermínio ou qualificado; 
b) Sequestro (art. 148 CP) 
c) Roubo (art. 157 CP) - qualificado pela morte 
d) Extorsão (art. 158 CP) - qualificado pela morte 
e) Extorsão Mediante Sequestro (art. 159 CP) - qualificado pela morte 
f) Estupro (art. 213 CP) - simples/qualificado 
g) Atentado Violento ao Pudor (art. 214 CP) - simples/qualificado 
i) Epidemia com resultadoMorte (art. 267, 
§1º) 
? 
j) Envenenamento de Água Potável (art. 270 
CP) 
? 
l) Quadrilha ou Bando (art. 288 CP) 
m) Genocídio - hediondo 
n) Tráfico - equiparado 
o) Crime contra o Sistema Financeiro 
 
Uma primeira corrente diz que só cabe prisão temporária nos crimes do inciso III do artigo 1° 
da lei da prisão temporária, portanto como a tortura e alteração de medicamentos não estão 
na lei, não cabe prisão temporária em relação a eles. Porém, o §4º da lei dos crimes hediondos 
diz que cabe prisão temporária nos crimes previstos na lei; portanto, cabe prisão temporária 
nos crimes de alteração de medicamentos e no de tortura, sendo o prazo de 30 dias 
prorrogáveis por mais 30, sendo essa a interpretação feita por esta segunda corrente que é 
amplamente majoritária. A lei dos crimes hediondos, então, não só ampliou o prazo da prisão, 
mas também ampliou o rol dos crimes que admitem prisão temporária; 
 
- artigo 5º da 8.072/90 permitiu o livramento condicional para os crimes hediondos, criando 
um acréscimo ao artigo 83 do Código Penal. 
- livramento condicional: é um benefício de execução penal consistente na liberdade 
antecipada 
- Requisitos: 
- condenado primário + bons antecedentes = cumprimento de mais de 1/3 da 
pena; 
 
- condenado reincidente = cumprimento de mais de ½ (metade) da pena; 
 
- condenado primário + maus antecedentes = não há previsão legal 
- 1ª Corrente: no silencio da lei, aplica-se o princípio in dubio pro reo, 
devendo o condenado cumprir 1/3 da pena; é a corrente que prevalece. 
- 2ª Corrente: como o condenado tem maus antecedentes, deve ser 
equiparado ao reincidente, devendo cumprir mais da metade da pena. 
 
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5 
 
- condenado por crime hediondo ou equiparado + reincidente específico = 
cumprir mais de 2/3 da pena. 
? - O que seria reincidente específico? Surgem três correntes: 
- Corrente 1: condenado por crime hediondo ou equiparado pratica novo 
crime hediondo ou equiparado, não tendo direito ao livramento (ex.: 
condenado por estupro, pratica latrocínio). É a corrente que prevalece. 
- Corrente 2: condenado por crime hediondo ou equiparado, pratica o 
mesmo crime hediondo ou equiparado, não tendo direito ao livramento 
(ex.: condenado por estupro, pratica novo estupro). 
- Corrente 3: condenado por crime hediondo ou equiparado, pratica crime 
hediondo ou equiparado que viola o mesmo bem jurídico. No novo crime, 
não tem direito ao livramento (ex.: condenado a estupro, pratica atentado 
violento ao pudor). 
 
- artigo 8º da 8.072/90 : 
ART. 288 do CP MAJORAÇÃO 
- 1 a 3 anos  associarem mais de três 
pessoas em quadrilha ou bando para o fim de 
praticar crimes 
- se o crime que essa quadrilha visa praticar 
for: hediondo; tráfico; tortura; terrorismo  a 
pena passa a ser de 3 a 6 anos. 
 - não se aplica mais o artigo 288 quando se 
trata de tráfico, uma vez que o tráfico tem 
definição no artigo 35 da lei 11.343/06, 
bastando ser duas pessoas de acordo com 
essa lei; 
 
- o parágrafo único do artigo 8º da lei dos crimes hediondos traz uma possibilidade de delação 
premiada, onde a redução da pena será de um a dois terços. Para o STJ, é imprescindível que 
essa delação seja eficaz (HC 41.758/SP). 
 
- artigo 9º da 8.072/90 : 
- provavelmente esse artigo irá desaparecer com a sanção do novo projeto de lei que 
trata do tema; 
- tal artigo fala do: 
- latrocínio (art. 157, §3º) – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena 
aumentada pela metade; 
- extorsão mediante seqüestro – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena 
aumentada pela metade; 
- art. 159 – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena aumentada pela metade; 
- estupro (art. 213) – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena aumentada 
pela metade; 
- atentado violento ao pudor (art. 214) – vítima nos termos do artigo 224 do CP, 
pena aumentada pela metade; 
 
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6 
Nos casos do artigo 213 e 214 o STJ e o STF entendem que o aumento não 
teria incidência quando o crime for praticado por violência ficta (violência 
presumida), pois geraria bis in idem. 
 
- crimes hediondos e equiparados (art. 1º da lei 8.072/90): 
- homicídio: 
- praticado em atividade típica de grupo de extermínio; 
- tal dispositivo é bastante criticado pelo fato de ser difícil de ser definir o que 
seria atividade típica de extermínio. A doutrina costuma dizer que essa atividade é 
a “chacina”. 
- outro problema surge em relação à quantidade de pessoas necessárias para 
formar esse grupo: 
1ª Corrente: grupo não se confunde com par que precisa de duas pessoas, 
nem com bando, que precisa de 4 pessoas. Portanto grupo é de 3 pessoas 
ou mais. 
2ª Corrente: grupo não se confunde com par, mas a expressão grupo 
precisa de um tipo penal próximo, sendo bando esse grupo mais próximo. 
Assim, já que o bando precisa de 4 pessoas, o grupo também precisa de 4 
pessoas. Prevalece essa corrente. 
- esse homicídio é hediondo ainda que seja simples, ou seja, ainda que não incida 
nenhuma figura qualificadora. O homicídio simples que depende dessa condição 
(praticado em atividade típica de grupo de extermínio) é chamado de homicídio 
condicionado4. 
- o jurado não vai decidir se o delito foi praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, de acordo com a lei atual, pois essa condição não é elementar do tipo 
ou causa de aumento de pena. Com a nova redação com está por vir, a atividade 
de grupo de extermínio vai passar a ser o § 6º do artigo 121, passando a ser causa 
de aumento de pena, devendo os jurados se manifestarem sobre ela. 
 
- homicídio qualificado; 
- o homicídio qualificado sempre é hediondo, não importando qual qualificadora 
incidiu no caso concreto; 
- é possível um homicídio qualificado-privilegiado 
PRIVILÉGIO DO §1º QUALIFICADORA DO §2º 
- relevante valor social  subjetivo - motivo torpe  subjetiva 
- relevante valor moral  subjetivo - motivo fútil  subjetiva 
- violenta emoção  subjetivo - meio cruel objetiva 
 - modo surpresa  objetiva 
 - fim especial  subjetiva 
 
4
 Homicídio simples, hediondo porque praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Doutrinadores 
como Paulo Rangel e Guilherme de Sousa Nucci dizem que essa norma é ridícula, pois homicídio praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio será sempre qualificado. 
 
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7 
- os privilégios estão ligados ao estado anímico, motivo do crime, portanto são 
subjetivos; 
- as qualificadoras podem ser subjetivas ou objetivas; 
- só teremos homicídio qualificado-privilegiado se a qualificadora for de natureza 
objetiva; 
- os jurados se manifestam primeiro sobre o privilégio, depois falam sobre a 
qualificadora, assim, se os jurados reconhecerem o privilégio, a qualificadora 
subjetiva já fica dada por prejudicada; 
- homicídio qualificado privilegiado é hediondo? 
- 1ª Corrente: o homicídio qualificado é hediondo sempre, mesmo que 
privilegiado também; 
- 2ª Corrente: homicídio qualificado quando privilegiado deixa de ser 
hediondo, fazendo uma analogia ao artigo 67 do CP, que trata do conflito 
de agravantes com atenuantes, onde prevalece a de natureza subjetiva. 
Assim, por analogia, onde está agravante, lemos qualificadora; onde está 
atenuante, lemos privilégio. Essa corrente é a que prevalece. 
 
- latrocínio (art. 157, §3º, “in fine”): 
- no artigo fala “se da violência resulta lesão grave ou morte”. Latrocínio somente se dá 
quando da violência resulta morte, somente sendo o final do §3º hediondo; 
- o latrocínio écrime doloso (quer a morte como meio de atingir o fim) ou preterdoloso 
(quando a morte for culposa e advinda da violência dolosa); 
- é imprescindível que o resultado seja fruto da violência física, não estando abrangida a 
grave ameaça; 
- essa violência deve ser empregada: 
- durante o assalto e (fator tempo); 
- em razão do assalto (fator nexo); 
- faltando um desses dois fatores, não há latrocínio; 
- não incide o rol de majorantes do §2º do artigo 157. Portanto, o §2º não incide no §3º, 
porém elas podem servir para o juiz na fixação da pena base; 
- Súmula 603 do STF: a competência para o processo e julgamento do latrocínio é do juiz 
singular e não do Tribunal do Júri, uma vez que latrocínio é crime contra o patrimônio 
qualificado pela morte, e não crime contra a vida; 
- Súmula 610 do STF: há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda que 
não realize o agende a subtração de bens da vítima, ou seja, o que vai ditar o resultado 
no latrocínio é a morte; 
- essa súmula ignora o artigo 14, I do CP, que diz que “diz-se o crime consumado 
quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”. 
 
- extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2º): 
- aplicam-se muitos dos preceitos em relação ao latrocínio no que se refere à extorsão 
qualificada pelo resultado morte; 
- seqüestro relâmpago (introduzido pela lei 11.923/09) 
 
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8 
- ANTES DA LEI 11.923/09 o seqüestro configurava uma desses hipóteses: 
Art. 157, §2º, V do CP Art. 158 do CP Art. 159 do CP 
- subtrai; - constrange; - seqüestra; 
- a colaboração da vítima 
é dispensável; 
- a colaboração da vítima 
é indispensável; 
- colaboração da vítima 
dispensável (depende de 
terceiros); 
- hediondo  em caso 
de morte; 
- hediondo  em caso de 
morte; 
- hediondo  sempre, 
tendo ou não morte; 
 
- DEPOIS DA LEI 11.923/09: 
- hoje o crime de seqüestro relâmpago foi incluído no artigo 158 do CP, como 
um §3º (criado pela lei 11.923/09) passando a existir como uma 
qualificadora, mas seria tal crime hediondo ou não? 
- Guilherme de Sousa Nucci e a maioria da doutrina têm escrito que o 
art. 158, §3º do CP não é hediondo mesmo com o resultado morte, 
por falta de previsão legal. Essa corrente prevalece. 
- Rogério Sanches discorda pelo fato de que a extorsão da privação 
da liberdade já era hediondo quando houvesse resultado morte, 
assim, o que o legislador fez foi apenas transformar a circunstância 
judicial em qualificadora; ele entende que o meio de execução não 
altera o crime para deixar de ser qualificado pela morte, devendo o 
intérprete fazer uma interpretação extensiva. 
 
- extorsão mediante sequestro: 
- é sempre crime hediondo, não importando se na forma simples ou qualificada; 
 
- estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214): 
- com violência real (“caput) 
- com violência presumida (art. 224 do CP) 
- com resultado simples (“caput”) 
- com resultado qualificado pela lesão grave ou morte (art. 223 do CP) 
- a posição do STF e do STJ que se firmou (posição que prevalece) é que tais crimes 
sempre são hediondos; 
QUADRO ATUAL QUADRO DEPOIS DA REFORMA DE 18 DE 
AGOSTO DE 2009 
- art. 213 art. 224 + art. 223 - art. 213 (estupro + atentado ao pudor) 
- art. 214  art. 224 + art. 223 - art. 217 (estupro de vulnerável) 
 Obs.: o atentado ao pudor e o estupro 
passarão a ser hediondos cessando 
qualquer tipo de dúvida. 
 
- epidemia com resultado morte: 
 
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9 
- é sempre hediondo; 
 
- falsificação ou alteração de medicamentos (previsto no art. 273 do CP): 
- saneante: é o “Bom Ar”; 
- cosméticos e saneantes: só se incluem nesse artigo se tiverem finalidades terapêuticas 
ou medicinais, caso não tenham, a interpretação correta é de que estão excluídas desse 
artigo; 
- artigo 273, caput  pune o falsificador com pena de 10 a 15 anos, se tratando de 
crime hediondo; 
- o §1º  pune aquele que vende, expõe a venda, etc., não necessariamente sendo 
comerciante, sendo a pena também de 10 a 15 anos, sendo o crime também hediondo; 
- o §1º-A  equipara produtos àqueles do “caput”, desde que tais produtos tenham 
finalidade terapêutica ou medicinal, continuando a punir de 10 a 15 anos como crime 
hediondo; 
- o §1º-B  o medicamento não está necessariamente corrompido, mas a pena 
continua sendo de 10 a 15 anos e o crime continua sendo tratado como hediondo; esse 
parágrafo é totalmente desproporcional, uma vez que tratou como crime hediondo uma 
mera infração administrativa, uma vez que a venda de um medicamento bom, apenas 
em desacordo com as normas administrativas, seria conduta altamente reprimível; tal 
parágrafo fere o princípio da intervenção mínima. 
 
- crimes equiparados à hediondo: 
- tortura5 
- tráfico6 
- terrorismo 
- terrorismo é crime no Brasil? 
- Corrente 1: não temos um tipo penal específico para o terrorismo no 
Brasil; 
- Corrente 2: o Brasil tipificou o terrorismo no artigo 20 da lei 7.170/83 (Lei 
de Segurança Nacional) tratando como crime contra a segurança nacional, 
punindo atos de terrorismo; 
 
- a expressão atos de terrorismo contida na lei é muito vaga, trazendo muita 
insegurança. O princípio da legalidade significa que não há crime sem lei, lei essa 
que deve ser: 
- anterior; 
- escrita; 
- estrita; 
- certa (princípio da taxatividade/determinação – exige-se clareza na 
criação de um tipo penal); 
 
5
 Será estudado posteriormente. 
6
 Será estudado posteriormente. 
 
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10 
-se a lei não é certa, fere o princípio da legalidade, portanto, causa 
insegurança jurídica, portanto, a maioria nega vigência ao artigo 20 
da Lei de Segurança Nacional; 
 
- alterações advindas da lei 12 .015/09 
- o artigo 1º da lei 8.072/90 traz o rol taxativo dos crimes hediondos, que atualmente está com 
algumas modificações: 
I – homicídio; 
II – latrocínio; 
III – extorsão qualificada pela morte; 
IV – extorsão mediante seqüestro; 
V – estupro; 
VI – atentado violento do pudor; 
- hoje, estupro no Brasil abrange o estupro e o atentado violento ao pudor, ou seja, os 
dois crimes foram reunidos em somente um tipo com o mesmo nome (art. 213); daí, o 
inciso VI passou a trazer o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP); 
 
 
LEI DE TORTURA – LEI 9.455/97 
 
- Introdução: 
- antes da segunda grande Guerra Mundial não havia preocupação mundial com relação à 
tortura; 
- após a segunda grande guerra nasce o movimento mundial de repúdio à tortura; 
- a comunidade internacional resolveu repudiar a tortura principalmente pelos abusos vistos 
durante a segunda grande guerra, originando-se assim tratados internacionais e convenções 
de combate às práticas de tortura; 
- a CRFB/88, em seu artigo 5º, III, aderiu a este movimento, ao dizer expressamente que “*...+ 
ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante.” 
- nem o direito a vida é um direito absoluto, mas a garantia de repúdio à tortura é de natureza 
absoluta, não se admitindo exceção em nenhuma forma – portanto, nos termos da doutrina, 
excepcionalmente, essa garantia é absoluta (uma vez que em regra as garantias têm natureza 
relativa); 
- nasce no Brasil em 1.997 a lei 9.455/97 para disciplinar a tortura, daí, fica claro que desde a 
Constituição até a lei passaram-se 9 anos sem lei específica, daí a tortura era tratada por meio 
de outras leis. Em 1.990, a lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – criou uma 
espécie de tipo penal tratando da tortura, que posteriormentefoi revogado pela lei de tortura; 
- todos os países, seguindo os tratados internacionais, rotularam o crime de tortura como 
sendo um crime próprio, assim, os tratados internacionais sugerem que o crime seja próprio, 
somente podendo ser sujeito ativo pessoa portadora de condições especiais (no caso em 
concreto, pessoa detentora de poder estatal); 
- o Brasil optou por não aderir às orientações dos tratados internacionais, optando por tratar a 
tortura como crime comum (não exige qualidade ou condição especial do agente); 
 
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11 
- tortura tratada como crime comum só tem no Brasil, por isso Alberto Silva Franco usa o 
termo “jabuticaba”, uma vez que somente existe no Brasil; 
- a lei de tortura no Brasil não define o que é tortura, mas diz quais os comportamentos que 
constituem o crime de tortura; 
 
 SUJEITOS MODO DE 
EXECUÇÃO 
RESULTADO FINALIDADE 
- Art. 1º, I 
(ver observações 1) 
- constranger 
alguém: 
- sujeito ativo 
comum; 
- sujeito passivo 
comum; 
- crime bi-
comum; 
- emprego de 
violência ou 
grave ameaça; 
- causando-lhe 
sofrimento físico 
ou mental; 
a) obter 
informação (em 
sentido amplo); 
b) provocar ação 
criminosa; 
c) discriminação; 
- Art. 1º, II 
(ver observações 2) 
- submeter 
alguém, sob sua 
guarda, poder 
ou autoridade7; 
- sujeito ativo 
próprio; 
- sujeito passivo 
próprio; 
- crime bi-
comum; 
- emprego de 
violência ou 
grave ameaça; 
- causando-lhe 
intenso 
sofrimento físico 
ou mental8; 
- aplicar castigo 
pessoal ou 
medida de 
caráter 
preventivo; 
- Art. 1º, §1º 
(ver observações 3) 
- submeter 
pessoa presa ou 
sujeita a medida 
de segurança; 
- sujeito ativo 
comum; 
- sujeito passivo 
próprio; 
- pratica ato não 
previsto em lei 
ou não 
resultante de 
medida legal 
(comportamento 
ilegal); 
- causando-lhe 
sofrimento físico 
ou mental; 
- tortura sem 
finalidade 
especial (tortura 
pela tortura); 
Observações 1: 
- a finalidade da alínea “a” do inciso I é conhecida como “tortura prova”, a alínea “b” 
como “tortura para ação criminosa” e a alínea “c” como “tortura preconceito”; 
- exemplos: 
- tortura prova  policial tortura alguém para confessar um crime; 
 
7
 A autoridade não precisa ser pública, mas basta que o torturador tenha autoridade sobre o torturado (ex.: pai 
e filho, tutor e tutelado, etc.). 
8
 Momento que marca a consumação do delito, assim como no caso do inciso I. 
 
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12 
- tortura para ação criminosa  réu que tortura testemunha presencial 
para mentir em juízo (cometer crime de falso testemunho); 
- tortura preconceito  tortura alguém simplesmente para discriminar 
alguém em função da sua raça ou da sua religião; 
- o crime de tortura de inciso “I” se consuma com a provocação do sofrimento físico ou 
mental, sendo dispensável o alcance da FINALIDADE prevista no quadro (obter prova; 
provocar ação criminosa; discriminação); 
- no caso da tortura para ação criminosa, se torturar uma pessoa para prática de uma 
contravenção penal, segundo entendimento majoritário, não basta, não configurando 
assim o crime de tortura; portanto, para que a tortura se configure nesse caso, deve-se 
dar para prática de crime; 
- no caso do torturador que tortura o torturado para mentir em juízo, o torturado não 
responde pelo crime de falso testemunho se mentir, uma vez que agiu em função de 
coação moral irresistível, que determina a inexigibilidade de conduta diversa, causando 
a conseqüente exclusão da culpabilidade (3º substrato do crime, nas lições de Betiol); o 
torturador responde pela tortura, mas se o torturado vier a praticar o crime, aquele vai 
responder também pelo crime praticado pelo torturado, na condição de autor mediato; 
- a discriminação da alínea “c” não abrange: discriminação sexual, discriminação 
econômica ou discriminação social; 
 
Observações 2: 
- o inciso “II” é chamado pela doutrina de “tortura castigo”; 
- exemplo: 
- enfermeira que submete idosa sob sua autoridade, com meios de tortura, 
para puni-la por ter feito as necessidades fisiológicas nas calças, causando-
lhe intenso sofrimento físico ou mental9; 
 
Observações 3: 
- o §1º também é chamado de “tortura pela tortura”; 
- exemplo: 
- uma adolescente (menor) colocada de forma ilegal para cumprir pena 
junto com homens adultos e sofre violências ou é vítima de crimes sexuais, 
causando a ela sofrimento físico e mental; 
- a doutrina entende que o termo “preso” abrange preso definitivo e preso provisório, 
abrangendo inclusive prisão penal ou não-penal (prisão civil do devedor de alimentos); o 
termo ainda abrange o menor infrator submetido à internação; cumprindo medida de 
segurança, temos o inimputável ou semi-imputável sujeito a internação ou tratamento 
ambulatorial; 
 
9
 Sem o “intenso sofrimento físico ou mental” pratica-se o crime de maus tratos do CP (art. 136). Portanto, a 
diferença entre a tortura castigo e o delito de maus tratos está na intensidade da tortura sofrida pela vítima. 
 
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13 
- esse tipo de tortura infringe o artigo 5º, inciso XLIX (é assegurado aos presos o respeito 
à integridade física e moral) da Constituição Federal; 
 
- Casuística: 
- oficias do exército, aplicando trote nos recrutas que estavam se promovendo (jogando 
água, chinelada na sola do pé, etc.) foi divulgada pela TV Globo como tortura  na 
verdade, o caso concreto não se encaixa em nenhuma das modalidades da tortura, 
portanto, não é tortura; 
- uma madastra deixou uma filha adotiva algemada com a mão pra cima e de vez em 
quando a mãe dava uma grampeada na língua da filha  somente descobrindo a 
finalidade para saber se a tortura se enquadrou no caso ou não: se a mãe tinha 
finalidade de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo e o sofrimento fosse 
intenso, configuraria sim a tortura; 
 
 
- §2º do art. 1º da lei 9.455/97: 
§2º – Aquele que se omite em face dessas condutas quando tinha o dever de evitá-las ou 
apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
- o §2º traz uma omissão imprópria (o omitente tinha o dever de evitar) e a omissão própria 
(quando tinha o dever de apurar). Essas hipóteses geram uma pena que se traduz na metade 
da pena do torturador que atua dolosamente; 
- omissão imprópria: 
- o sujeito ativo se traduz na figura do garante que não evita determinado resultado por 
meio do seu comportamento omissivo (ex.: pais, tutor, curador, delegado, médicos, 
etc.); 
- o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa; 
- a lei errou feio ao estipular a pena do omitente impróprio como sendo metade da do 
omitente próprio, uma vez que o próprio art. 5º, XLIII diz que a omissão imprópria faz 
com que o agente responda como ação, e não como omissão. Daí, surgem 3 correntes: 
- Corrente 1  é uma exceção prevista em lei que deve ser respeitada (é uma 
exceção pluralista à teoria monista), sendo a corrente que prevalece; 
- Corrente 2  essa parte do §2º é inconstitucional uma vez que a lei maior 
(CRFB/88) manda equiparar a figura do torturador com a do omitente impróprio; 
- Corrente 3  a pena do §2º refere-se à omissão culposa. Se a omissão for 
dolosa, a pena é de 2 a 8 anos (essa corrente é a mais atécnica, uma vez que o 
primo culposo deve ser sempre expresso); 
- Exemplo: 
- delegado de plantão percebe que o suspeito está sendo levado para uma sala 
para lá ser torturado. O delegado sabendo da tortura, nada faz. Assim, o delegado 
responderá por tortura na modalidade omissivaimprópria; 
 
- omissão própria: 
 
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14 
- aqui omite-se apenas o dever de apurar, uma vez que a tortura já aconteceu. Nesse 
caso sim o legislador acertou em estipular uma pena de um a quatro anos; 
- o sujeito ativo é a pessoa que tinha a obrigação de apurar; 
- o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa; 
 
 
- §3º do art. 1º da lei 9.455/97: 
§3º – Se da tortura resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de 
reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos; 
- trata-se de qualificadora preterdolosa10  dolo na tortura + culpa na morte; 
- na opinião de Rogério Sanches a qualificadora incide no caso da tortura por omissão 
imprópria, embora não prevaleça sua opinião. O entendimento majoritário é de que o 
§3º só qualifica a tortura por ação, e não a tortura por omissão; 
 
- §4º do art. 1º da lei 9.455/97: 
- esse parágrafo não traz qualificadora, traz majorante, causa de aumento de pena; 
§4º – Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3: 
I - Se o crime é cometido por agente público; 
- a maioria da doutrina empresta o conceito do artigo 327 do CP que conceitua o 
funcionário público para fins penais; a maioria abrange o funcionário 
equiparado; Alberto Silva Franco diz que devemos ter cuidado com o bis in idem, 
uma vez que essa majorante não pode incidir nos tipos em que a majorante já é 
elementar do tipo penal. Guilherme de Souza Nucci, discordando de Alberto 
Silva Franco, diz que não há nenhum crime na lei de tortura que somente possa 
ser praticado por agente público, assim a causa de aumento deve ser aplicada a 
todos os crimes sem possibilidade de ocorrência do bis in idem. 
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente 
ou maior de 60 anos11; 
- o conceito de criança é dado pelo ECA, se referindo às pessoas com até doze 
anos incompletos; 
- portadora de deficiência se dá através da análise da lei dos portadores de 
deficiência, incidindo a majorante sobre tiver aquilo que a lei considera como 
deficiência física ou mental; 
- adolescente é quem tem até 18 anos incompletos; 
- não basta ser idoso, tem de ser um idoso com mais de 60 anos, uma vez que no 
dia do aniversário de 60 anos a pessoa já é idosa, mas não incide a majorante, só 
incidindo se a tortura ocorrer no dia seguinte ao seu aniversário de 60 anos; 
I - se o crime é cometido mediante sequestro; 
- abrange também o cárcere privado, que é o sequestro com confinamento; 
 
10
 Embora seja o entendimento majoritário, não é pacífica. 
11
 Essas causas somente existem se o dolo do torturador incidir sobre essas circunstâncias, evitando a 
responsabilidade objetiva. 
 
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15 
 
- §5º do art. 1º da lei 9.455/97: 
§5º – a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição 
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
- no Código Penal existe tal efeito, mas ele é não é de aplicação automática, devendo a 
condenação nesses efeitos ser fundamentada pelo juiz e motivada; 
- na lei de tortura, prevalece que esse efeito é automático, independendo de decisão 
motivada; 
- há doutrina minoritária dizendo que esse efeito automático não se aplica no caso de 
tortura por omissão; Rogério Sanches entende que aplica-se no caso de omissão 
imprópria; 
 
- §6º do art. 1º da lei 9.455/97: 
§6º – o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia; 
- insuscetível de fiança, mas em relação à liberdade provisória? 
- Corrente 1  a vedação da liberdade provisória está implícita na 
inafiançabilidade (STF/HC 93.940); 
- Corrente 2  a inafiançabilidade não impede liberdade provisória; não compete 
ao legislador vedar a liberdade provisória, uma vez que a proibição em abstrato 
de liberdade provisória é inconstitucional, devendo o magistrado decidir pela 
concessão ou não da liberdade provisória (atualmente, é a corrente que parece 
que vai prevalecer no STF); 
- insuscetível de graça ou anistia; portanto, não há vedação legal para o indulto, embora 
há corrente doutrinária dizendo que o indulto está implicitamente proibido ao se vedar 
a incidência da graça12; 
 
 
- §7º do art. 1º da lei 9.455/97: 
ANTES DA LEI 11.464/07 DEPOIS DA LEI 11.464/07 
- crime hediondo  regime integral 
fechado, vedada a progressão; 
- crime hediondo  regime inicial fechado 
(permitindo progressão com 2/5 se 
primário e 3/5 se reincidente); 
- tortura  regime inicial fechado, 
permitida a progressão com 1/6; 
- tortura  regime inicial fechado 
(permitindo progressão com 2/5 se 
primário e 3/5 se reincidente);13 
 
- art. 2º da lei 9.455/97: 
- trata da extra-territorialidade da lei penal de tortura; 
 
12
 Ricardo Andreucci entende que o indulto é permitido, embora Guilherme de Souza Nucci entenda que ele 
está proibido. Prevalece a corrente do Guilherme de Souza Nucci. 
13
 Só terá direito a progressão com 1/6 o agente que tiver praticado tortura anterior à lei 11.464/07. Nesse 
caso, houve uma lei posterior que alterou a lei de tortura. 
 
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16 
 
 
Aula 3 – 19/03/2011 
 
– 
 
 LEI 6.368/76 LEI 10.409/02 LEI 11.343/06 
Capítulos - crimes; - crimes14; - crimes; 
- procedimento especial; - procedimento; - procedimento; 
 
1. Principais Características da lei 11.343/06: 
- revogou totalmente as leis anteriores 
- deixou de usar o termo substância entorpecente e passou a usar a expressão drogas; 
- lei 6.368 era norma penal em branco – o que é droga estava definido em portaria. 
- lei 11.343 é norma penal em branco em sentido estrito; a norma penal em branco é 
importante porque regulamenta o que seja droga; portanto, no Brasil, é droga aquilo que 
estiver assim rotulado na Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde 
(SVS/MS) 344/98; a substância fica ou não dentro da portaria conforme o grau de 
probabilidade que tem o usuário de viciar (embora na prática haja influência da política); 
 
- proporcionalidade das penas e novas figuras: 
LEI 6.368/76 LEI 11.343/06 
Reunia comportamentos distintos no 
mesmo tipo penal, com a mesma sanção 
penal. 
Ex.: 
Punição com 3 a 10 anos: 
- traficante de drogas; 
- traficante de matéria prima; 
- quem induz outro a usar; 
- “mula” primário; 
- utilizar imóvel para servir a traficante; 
Criou figuras próprias para 
comportamentos distintos, com penas 
proporcionais 
*Pune todos esses comportamentos com 
penas diferentes, obedecendo o princípio 
da proporcionalidade; 
*Para isso, a lei trabalha muito com 
exceções pluralistas à teoria monista do 29 
do CP); 
Ex.: 
- quem comercializa drogas – 36, caput . 5 
a 15 anos 
- quem induz – 33, § 2º - 1 a 3 anos 
 
 
14
 O Presidente vetou o teor da lei que se referia aos crimes, portanto, aplicava-se o procedimento da lei 
10.409/02 usando o direito material da lei 6.368/76. 
 
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17 
- incrementou as multas: fazendo isso a lei buscou atingir o “bolso” do traficante; 
 
 
2. Crime em caso de usuário: 
- previsto no artigo 28 da lei 11.343/06; 
 
- bem jurídico tutelado: saúde pública colocada em risco pelo comportamento do usuário. Não 
se pune o porte da droga para uso próprio em função da proteção à saúdedo agente, pois a 
autolesão não é punida. 
 
- sujeito ativo: 
- qualquer pessoa; 
 
- sujeito passivo: 
- coletividade  crime vago; 
 
- é punível a pessoa surpreendida usando drogas? 
Não se pune o agente se for surpreendido usando drogas, sem possibilidade de se encontrar a 
substância em seu poder, pois jamais se comprovará a imputabilidade delitiva. 
 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
 
- Elemento normativo indicador da ilicitude do comportamento 
 
- tipo subjetivo: dolo + para consumo pessoal 
 
 Elemento subjetivo do tipo 
- consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo. Em alguns verbos, o crime é 
permanente – enquanto não cessar a guarda da substância, o crime está sendo praticado. 
 
- admite tentativa: de difícil ocorrência na prática, mas admite. Ex.: tentar adquirir. 
 
- conseqüências: “Penas” X “Medidas Educativas” 
 Advertência 
 Prestação de serviços à comunidade 
 Comparecimento a programas ou curso educativo 
 
Thiago
Marcador de texto
Thiago
Marcador de texto
 
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18 
- As conseqüências configuram penas alternativas não substitutivas à privativa de liberdade. Já 
são penas principais não substitutivas. 
 As penas alternativas do artigo 28 têm natureza principal apesar de serem penas 
alternativas, uma vez que não têm caráter subsidiário. 
 
Nucci rotula o artigo 28 como sendo de “ínfimo potencial ofensivo”, pois, mesmo sendo 
inviável a transação penal, ainda que reincidente o agente, jamais será aplicada pena privativa 
de liberdade, mas com medidas assecuratórias: 
§ 6
o
 Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II 
e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
O juiz garante o cumprimento dessas penas com admoestação verbal ou multa. 
 
- a lei de drogas tem prazo especial de prescrição – artigo 30 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à 
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
 A prescrição de crimes depende da sua pena máxima privativa de liberdade em abstrato, 
como nesse caso não há pena privativa de liberdade, a própria lei (no artigo 30) estabeleceu o 
prazo prescricional de 2 anos nesse caso; 
 
Antes da Lei 12.234/10 Depois 
Prrazo – Presc. Variava: 
109, I – 20 anos 
... 
109, VI – 2 anos 
 
Prazo presc. Varia 
109, I – 20 anos 
... 
109, VI – 3 anos 
 
 
O artigo 30 da Lei 11.343/06 (Lei Especial) 
prevalece quando comparado com o 109 
do CP. 
 
 
- aplica-se o Princípio da Insignificância no artigo 28? 
 
 Hoje, tranquilamente, as últimas decisões do STF não têm admitido o P. da 
Insignificância no caso do artigo 28, principalmente quando ocorrido em ambientes da 
Administração Militar. 
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19 
 
- artigo 28 da 11.343/06  Natureza Jurídica 
 Adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo: veio para 
reprimir o usuário. O artigo 28 continua sendo crime? Surgem três correntes: 
 
 
CORRENTE 1 CORRENTE 215 CORRENTE 3 
- é crime; - é infração penal sui 
generis; 
- fato atípico, merecedor de 
conseqüências extrapenais; 
- fundamentos: a lei, em 
vez de punir, prefere falar 
em medidas educativas; 
- o capítulo que abrange o 
artigo 28 é intitulado “dos 
crimes”; 
- o nome do capítulo nem 
sempre corresponde ao seu 
conteúdo16: é comum o 
capítulo não espelhar o que 
enuncia 
Ex.: Dec. 201/67, art. 4º - 
“crime” – na verdade, é 
infração político-
administrativa; 
- a lei 11.343/06 fala em 
medida educativa que é 
diferente de medida 
punitiva; 
- o artigo 28, §4º fala em 
reincidência – por isso, é 
crime; 
- expressão “reincidência” 
foi utilizado no seu sentido 
vulgar, no sentido de 
“repetir o fato”; 
“reincidência” não é só para 
crime, mas para 
contravenção, infrações 
disciplinares 
- o descumprimento das 
medidas não gera 
conseqüência penal; 
- o artigo 30 fala em 
prescrição – por isso, é 
crime; 
- prescrição não é própria 
de crime17 - também existe 
em outras esferas, como no 
direito civil, da infração 
disciplinar, no ECA; 
- adota o princípio da 
intervenção mínima: o 
direito penal não deve se 
preocupar com isso; 
Critica: o art. 5º, XLVI 
prevê, para crimes, penas 
outras que não reclusão e 
detenção. 
 
A LICP fala 
- crime é punido com 
reclusão e detenção; 
- contravenção penal é 
punida com prisão simples; 
- a saúde individual é um 
bem jurídico disponível; 
 
15
 Rogério Sanches é adepto a essa corrente. 
16
 Há leis que chamam de crimes o que na verdade são infrações político administrativas (ex.: decreto lei 
201/67). 
17
 Ilícito civil, ilícito administrativo, ato infracional, todos não são crimes e prescrevem. 
 
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20 
 
Se o 28 não sofre nenhuma 
delas, é infração penal sui 
generis 
Trata-se de crimes com 
medidas assecuratórias 
Não é crime, pois o usuário 
deve ser preferencialmente 
conduzido ao juiz – ele tem 
quase o mesmo tratamento 
do menor infrator. 
 
- é a posição do STF 18; - se ele fosse criminoso, ele 
não teria de ir ao juiz, mas 
sim à delegacia (art. 48, §2º 
da lei 11.343/06); 
 
 
- esse gráfico não deve ser usado em primeira fase, uma vez que em prova fechada deve-se 
adotar a posição do STF (Corrente 1); 
 
- esse crime é composto por 6 verbos nucleares e é punido a título de dolo; consuma-se com a 
prática de qualquer desses núcleos: a lei não pune o fumar passado, portanto, se você já 
fumou (ou usou outra droga de outra maneira), você não pode ser punido; 
 
 
 
3. Crime de tráfico: 
- previsto no artigo 33 da lei 11.343/06; 
- art. 33, caput  tráfico propriamente dito; punido com pena de 5 a 15 anos; 
- art. 33, §1º  tráfico por equiparação; punido com pena de 5 a 15 anos; 
- art. 33, §2º e §3º  formas especiais do crime; no §2º é punido de 1 a 3 anos e no §3º é 
punido de 6 meses a 1 ano; 
- §4º  privilégio; 
Obs.: na lei anterior, todos esses crimes estavam sujeitos a mesma pena; 
 
3.1 Tráfico propriamente dito: 
- previsão legal: 
- art. 33, caput, da lei 11.343/06 
- bem jurídico protegido: 
- primário  saúde pública; 
 
18
 O STF entendeu pela primeira corrente para não deixar sem punição o menor infrator no caso de ato 
infracional. 
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- secundário  saúde individual de pessoas que integram a sociedade; 
- sujeito ativo: 
- em regra, o crime é comum; a exceção é o núcleo prescrever, que só pode ser 
praticado por médico ou dentista; 
- sujeito passivo: 
- sujeito passivo primário é a sociedade/coletividade, podendo com ela concorrer 
pessoa prejudicada (sujeito passivo secundário) pela ação do traficante; 
- venda de drogas para menores de 18 anos – criança e adolescente:ART. 243 DO E.C.A. ART. 33 DA LEI 11.343/06 
- objeto material = produto causador de 
dependência 
- objeto material = droga 
- só há incidência subsidiária: quando os 
produtos componentes possam causar 
dependência física ou psíquica, mas não 
está na portaria 344/98 (ex.: cola de 
sapateiro); 
- “drogas” – substâncias causadoras de 
dependência física ou psíquica 
- pelo princípio da especialidade, incide 
sempre que a substância estiver entre as 
apontadas no rol da portaria 344/98; 
 
- núcleo do tipo: 
- será estudado o núcleo mais importante: “cessão gratuita” – discute-se na 
jurisprudência como fica a cessão gratuita para consumo conjunto: 
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06 
1ª Corrente -> era crime de tráfico 
segundo o artigo 12 da lei 6.368/76, 
equiparado a hediondo; 
33, caput ou § 3º: 
- quando se oferece droga 
eventualmente, sem objetivo de lucro, 
à pessoa de seu relacionamento, o fato 
enquadra-se no §3º do artigo 33. 
- Caso algum desses requisitos acima 
não sejam preenchidos, cai a conduta 
no art. 33, caput. 
Art. 33: delito plurinuclear/de ação 
múltipla/de conteúdo variado. 
Mesmo que o agente pratique, no 
mesmo contexto fático e 
sucessivamente, mais de uma ação 
típica, por força do princípio da 
alternatividade, responderá por crime 
único. O juiz vai considerar a 
pluralidade de núcleos na fixação da 
pena-base. 
2ª Corrente -> era crime de tráfico, mas 
não era equiparado a hediondo, uma 
vez que não havia a finalidade 
mercantil (lucro); 
 
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SÓ QUANDO A SUBSTÂNCIA NÃO ESTÁ EM PORTARIA DO M/S
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3 ª Corrente -> considerado apenas 
usuário (corrente majoritária); 
 
- o crime do artigo 33 da nova lei de drogas é um crime tipicamente de ação 
múltipla/conteúdo variado, assim se o sujeito ativo praticar mais de um dos 
verbos do tipo no mesmo conteúdo fático, ele estará cometendo crime único, e 
não pluralidade de crimes. Todavia, faltando proximidade comportamental entre 
as várias condutas, haverá concurso de crimes (material ou continuado, conforme 
o caso concreto). 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à 
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, 
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, * sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
* é imprescindível que o agente pratique esse núcleo sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar (elemento normativo 
indicativo da ilicitude do comportamento19). Equivale à ausência de autorização o 
desvio de autorização, ainda que regularmente concedido. 
Art. 2
o
 Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a 
cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou 
produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o 
que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, 
de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. 
 
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, 
fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, 
reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou 
adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, 
observadas as demais exigências legais. 
 Se ele tem autorização, o fato é atípico. 
 E se ele tem autorização, mas desvia a finalidade? 
 Ex.: tem autorização para plantar, mas também transporta e vende. 
 O desvio de autorização equivale à ausência de autorização, ainda que 
regularmente concedida. 
 
- a jurisprudência não reconhece o estado de necessidade no crime de tráfico: 
“Dificuldade de subsistência por meios lícitos decorrente de doença, embora 
grave, não justifica apelo a recurso ilícito, moralmente reprovável e socialmente 
perigoso, de se entregar o agente ao comércio de drogas”. 
 
 
 
19
 O artigo 2º e o artigo 31 da lei permitem, em determinadas hipóteses, a prática de determinados fatos que 
constituem fatos típicos, mas a lei os prevê como lícitos. 
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23 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, 
remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à 
classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, 
o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a 
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
- a quantidade de droga, por si só, não é indicativo suficiente para, sozinho, 
classificar o crime como de tráfico. Deve-se indicar a quantidade, a natureza da 
substância, a circunstância da prisão, a conduta, qualificação e antecedente do 
agente, etc para demonstrar se o agente é traficante ou usuário. O delegado deve 
observar essas circunstâncias para classificar o crime e o promotor para denunciar 
(artigo 52 da lei 11.343/06); 
 
- tipo subjetivo: o crime de tráfico somente é punido a título de “dolo”, sendo 
imprescindível que ele saiba que a substância é considerada droga e é proibida. 
Dolo + Finalidade de Tráfico 
Consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo do artigo 33 da lei, 
independentemente de obtenção de lucros. Há núcleos em que a consumação se 
prolonga no tempo, portanto, são crimes permanentes. Modalidades de crimes 
permanentes: guardar; manter em depósito; trazer consigo. Nessas hipóteses (de 
crime permanente) admite-se flagrante a qualquer tempo, somente começando a 
correr a prescrição depois de cessada a permanência, sendo que superveniência de 
lei mais grave incide no caso quando a cessação da permanência é posterior à 
entrada em vigor da lei mais gravosa (súmula 711 do STF); 
 
- o crime de tráfico admite tentativa? 
 Prevalece o entendimento de que a quantidade (18) de núcleos do tipo 
tornou inviável a tentativa. Aquilo que poderia ser tentativa foi levado à categoria 
de consumado. 
 Há doutrina que admite tentativa no caso de aquisição frustrada (tentar 
adquirir). 
 
Ex.: Caio traz consigo drogas para Tício, vigia. Caio é preso quando entregava a 
droga, na compra simulada. 
 Antonio e Pedro são investigadores simulando usuários. 
 
 Denúncia: 
 “Consta que ... Caio e Tício vendiam drogas...” 
 “Consta que ... Caio e Tício traziam consigo...” 
 Quem denunciou venda, errou, porque você está denunciando um crime 
impossível, muito menos para Tício. Venda é crime impossível. Você tem que ir 
para o verbo anterior “trazer consigo”. 
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24 
 “Caio, juntamente com Tício, trazia consigo.” 
 
 
- crimes de perigo podem ser: crimes de perigo abstrato ou crimes de perigo 
concreto;- crimes de perigo abstrato -> crime cujo perigo é absolutamente presumido 
por lei (corrente que prevalece); 
- crime de perigo concreto -> crime cujo perigo precisa ser comprovado; 
 
ANTES DE 2005 DE 2005 A 2008 DEPOIS DE 2008 
- é crime de perigo 
em abstrato; 
- o STF passa a repudiar 
crime de perigo abstrato 
por haver ofensa ao 
princípio da lesividade; 
- o STF admite 
excepcionalmente a 
existência de crime de 
perigo em abstrato; 
 
- é possível concurso de crime de tráfico com outro crime. Exemplo: alguém que 
subtrai a droga do traficante e depois mantêm em depósito para vender; o 
traficante vende a droga e recebe produto (relógio) que saiba ser produto de 
crime; tráfico de drogas e sonegação fiscal (muitos autores dizem que não é 
possível, uma vez que se nega a aplicação do princípio do “non olet” no Direito 
Penal pois seria uma forma de fazer com que o réu produza prova contra ele 
mesmo); 
 
- a pena do artigo 33 da lei 11.343/06 é de reclusão de 5 a 15 anos. O STF já decidiu 
sobre a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância na lei de drogas, 
mas somente para o usuário, não para o traficante. 
 
A diferença do 33, caput, para o 33, § 1º, I, é o objeto material. 
 
3.2 Tráfico equiparado: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil 
e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
- art. 33, §1º, I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à 
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas; 
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25 
Os objetos do 33, § 1º, I, compreendem não só as substâncias destinadas exclusivamente 
à preparação de drogas como também as que, eventualmente, se prestem a essa 
finalidade. 
 
 o artigo 33 caput se refere a drogas, assim referidas no artigo 33, caput, 
conforme a portaria 344/98 da SVS/MS. 
Já no §1º, I, o objeto material é “matéria prima, insumo ou produto químico” 
usado na fabricação de drogas, sendo um exemplo desse tipo de substância o “éter 
sulfúrico”. Não só as substâncias destinadas exclusivamente à preparação da 
droga, mas abrange também as que, eventualmente, se prestem a essa finalidade 
(ex.: acetona) – nesse delito também é necessário que venha a agir sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (elemento 
indicativo da ilicitude)20. 
 A exemplo do caput, aqui também é necessária a perícia, para se constatar 
se a substância era capaz de preparar drogas. Não há necessidade de que as 
matérias primas tenham já de per si os efeitos farmacológicos, ou seja. 
 O crime é punido a título de dolo: o agente deve ter consciência e vontade, 
praticar qualquer dos núcleos do tipo ciente de que a substância (objeto material) 
pode servir à preparação da droga (dispensa a vontade de querer empregar o 
produto na preparação da droga). O crime se consuma com a prática de qualquer 
um dos núcleos, e alguns deles são crimes permanentes. Nesse delito a doutrina 
admite a tentativa. 
STF: não há necessidade de que as matérias primas tenham os efeitos 
farmacológicos das drogas a serem produzidas. Basta que tenham as condições e 
qualidades químicas necessárias para a preparação da droga. 
 Dispensa a vontade de querer empregar a matéria-prima à produção de 
drogas, bastando o conhecimento de sua capacidade para tanto (Vicente Greco 
Filho). 
 
- art. 33, §1º, II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima 
para a preparação de drogas; 
 
 nesse caso a planta é matéria-prima da produção de drogas, não precisa 
necessariamente a planta ter o princípio ativo / efeito farmacológico. Se a pessoa 
planta, depois faz a droga e armazena, o inciso II fica absorvido pelo caput, 
respondendo apenas pelo caput. Vai interferir na fixação da pena. 
 
Obs.: no caso de quem planta para uso próprio, deve ser analisado antes e depois 
da lei 11.343/06. Antes da lei, haviam duas correntes: 
 
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06 
 
20
 O desvio da finalidade da autorização se equivale à ausência de autorização. 
 
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26 
Corrente 1: deve responder pelo artigo 
12, §1º da lei, uma vez que a lei 
incrimina o cultivo ilegal, não 
importando sua finalidade; 
 
Corrente 2: deve o autor do plantio 
responder pelo artigo 16, fazendo uma 
espécie de “analogia in bonam partem”; 
 
Corrente 3: o fato era atípico, uma vez 
que o artigo 16 não pune cultivar 
plantas. LFG. 
 
Depois da lei 11.343/06 -> o cultivo de 
plantas em pequena quantidade para 
uso próprio está previsto no artigo 28, 
§1º. 
Art. 28, § 1
o
 Às mesmas medidas 
submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à 
preparação de pequena quantidade de 
substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
Caso o plantio se deu em média ou 
grande quantidade, responderá o 
agente pelo artigo 33, §1º, inciso II. 
 
 
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de 
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Art. 32, § 4
o
 As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto 
no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor. 
- o crime também é punido a título de dolo e se consuma com a prática de 
qualquer das condutas previstas no tipo penal. Na modalidade cultivar, o crime é 
permanente, e a doutrina admite a tentativa. O art. 32, §4º da lei de drogas prevê 
a expropriação-sanção das glebas onde foram realizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas, regra essa que tem previsão Constitucional. 
*** De acordo com a maioria, é legítima e expropriação de bem de família 
pertencente ao traficante, sanção compatível com a CRFB/88 e com as exceções 
previstas no artigo 3º da lei 8.009/90 (lei do bem de família), embora há 
doutrinadores que entendam o contrário (minoria) – ninguém pode usar garantias 
constitucionais como manto protetor de crimes. 
 
- art. 33, §1º, III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
 todos os tipos penais têm o elemento normativo indicando a ilicitude. 
 é irrelevante se o agente tem a posse do imóvel legítima ou ilegitimamente, 
bastando que a sua conduta seja causal em relação ao uso de drogas no local. 
 Não se exige a vontade de obter lucro, podendo incidir o crime ainda que a 
cessão seja gratuita. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art243
 
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27 
 Na primeira hipótese (parte sublinhada) o crime se consuma com o efetivo 
proveito do local. 
 Na segunda, basta a mera permissão. 
 As duas hipóteses admitem tentativa, mesmo a mera permissão, ex. carta 
interceptada. 
A hipótesede consentir, por exemplo, admite tentativa no consentimento por 
escrito. 
 
 
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06 
- art. 12, §2º, II  punia quem utilizava 
local ou consentia para o tráfico ou 
para o uso, sendo a pena de 3 a 15 
anos; 
- o art. 33, §1º, III  pune quem utiliza 
ou consente para o tráfico, com pena 
de 5 a 15 anos. Atualmente, o tipo 
abrange apenas a utilização ao 
consentimento para o tráfico, não 
abrangendo mais o uso, uma vez que 
este último está abrangido pelo §2º do 
art. 33 com pena de 1 a 3 anos; 
 
- art. 33, §2º - Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga. 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
- crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. 
- sujeito ativo: crime comum; 
- sujeito passivo: coletividade ou induzido, instigado ou auxiliado; 
Tipo Objetivo: 
- induzir: fazer nascer a idéias; 
- instigar: reforçar idéia preexistente; 
- auxiliar: prestar qualquer auxílio que se converta no uso indevido da droga; 
 esse incentivo deve ser direto e para pessoa determinada. 
 O incentivo genérico, dirigido a pessoas incertas ou indeterminadas caracteriza 
o delito do artigo 287 do CP (apologia ao crime). O entendimento moderno parece 
seguir para a direção de que a marcha a favor da legalização das drogas não 
configura o crime de apologia ao crime, uma vez que o que se incentiva não é o 
uso, mas sim a descriminalização; 
 Momento da Consumação: 
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06 
- induzir alguém a usar -> entendia-se 
que o crime era material, consumando-
se com o efetivo uso; 
- induzir alguém ao uso -> Rogério 
Sanches entende que o crime é formal, 
consuma-se com o mero incentivo, 
dispensando o efetivo uso, mero 
exaurimento, mas a doutrina 
 
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28 
majoritária entende que o delito 
permanece material (nesse sentido – 
Vicente Greco Filho); 
 é possível a tentativa, a exemplo do induzimento por escrito; 
 
Aula 4 – 09/04/2011 
 
- art. 33, §3º - Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem21. 
 o crime exige um relacionamento entre o sujeito ativo e o sujeito passivo (não 
sendo, cai na regra do art. 33, caput) sendo a conduta punida a de oferecer droga. 
 O oferecimento tem de ser eventual (uma vez que o oferecimento 
habitual/reiterado, reiterado, caracteriza o crime do artigo 33, caput). 
 Ainda deve haver a presença de um elemento subjetivo negativo do tipo, que é 
a “sem de objetivo de lucro (direto ou indireto)”, elemento subjetivo negativo do 
tipo. Se você visou um ou outro, esqueça o tráfico de menor potencial ofensivo, vai 
para o caput. Tal crime se consuma com o oferecimento. Também é possível 
tentativa nesse crime, no caso de oferecimento por escrito. 
“...a pessoa de seu relacionamento...”) – se a pessoa não é de seu 
relacionamento, vai para o caput, tráfico equiparado a hediondo. Este crime não é 
comum, exige uma relação jurídica ou de fato entre os sujeitos. Tenho que 
oferecer droga a pessoa de meu relacionamento, familiar, amigo, colega de 
trabalho etc. Convívio falimiar, social ou profissional. 
“... para juntos consumirem...” – esta finalidade especial tem que estar presente. 
Se você não consumir junto, o crime é o do caput. Tem de visar o consumo 
conjunto. Portanto, o fato de o tipo exigir “para juntos a consumirem” é um 
elemento subjetivo positivo do tipo. 
 
 é um tráfico equiparado ao uso, sendo o que a doutrina chama de “tráfico de 
menor potencial ofensivo”. A pena é de 6 meses a 1 ano, sem prejuízo das penas 
previstas no artigo 28, sendo, portanto, enquadrado no rol de abrangência da lei 
9.099/95. 
 
- art. 33, §4º - § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas 
poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, 
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
 causa de diminuição de pena / “tráfico privilegiado” 
 traz uma causa especial de diminuição de pena, o que a doutrina tem chamado 
de “crime de tráfico privilegiado”. 
 Requisitos: 
 
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 Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) 
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INTENSIVO II 
Prof. Rogério Sanches 
 
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 Agente primário 
 De bons antecedentes 
 Não se dedique a atividades criminosas 
 Nem integre organização criminosa 
 
 Todos os requisitos do §4º são cumulativos, sendo que a falta de um deles 
impede o privilégio (diminuição de pena). 
 Presentes todos os requisitos, é direito subjetivo do réu a diminuição. 
 A causa de diminuição incide no caput e no § 1º. 
 O privilégio não atinge os §§ 2º e 3º. 
 Quantum da diminuição: A redução vai de 1/6 a 2/3, varia de acordo com o tipo, 
quantidade da droga e demais circunstâncias do artigo 59 do Código Penal. Não 
considera os antecedentes nessa causa, porque já é requisito do privilégio. Todos 
devem ser primários e portadores de bons antecedentes. 
 Rogério entende que o juiz deve considerar: 
 Tipo da droga 
 Quantidade da droga 
* OBS: Isso vai cair em concurso! 
A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 106.135, decidiu que a variação 
da redução de pena prevista no § 4º NÃO deve considerar a quantidade 
da droga, circunstância já analisada na fixação da pena-base, sob pena de 
incorrer em “bis in idem”. Julgamento recentíssimo. Não podemos dizer 
que é julgamento do Pleno e que se consolidará, mas é importante o seu 
registro aqui. 
 É vedada a conversão em penas restritivas de direitos. O Pleno do STF, no HC 
97.256 julgou esta restrição inconstitucional. 
Razão: Quem deve analisar o cabimento ou não do benefício é o juiz na análise do 
caso concreto. 
 A lei anterior não tinha causa de diminuição de pena – a Lei 11.343 inseriu este 
benefício no ordenamento. 
 
LEI 6.368/76 DEPOIS DA LEI 11.343/06 
- o tráfico estava no art. 12 
- Pena de 3 a 15 anos 
- Réu primário + bons antecedentes 
- Era mera circunstância judicial 
favorável. 
- O juiz considerava o fato de o 
criminoso ser primário e portador de 
bons antecedentes na fixação da pena 
base do artigo 59 do CP. 
- o tráfico está previsto no artigo 33 
- Pena de 5 a 15 anos 
- Réu primário +bons antecedentes 
- Redução de 1/6 a 2/3 
 
O § 4º do artigo 33 da Lei 11.343 
retroage para alcançar fatos praticados 
na vigência da lei anterior? 
- STJ: 
 1ªC) Não, pois seria combinação 
 
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de leis transformando o juiz em 
legislador. 
 2ªC) Sim, admitindo-se 
combinação de leis 
 C 2.1) Admitem retroatividade 
sem limites 
 C2.2) Admitem retroatividade 
limitada a pena mínima de 1 ano 
e 8 meses (pena mínima da lei 
nova reduzida no máximo 
(aplicando os 2/3 sobre 5 anos)) 
 
- STF: 
 1ªC) Não, negando a combinação 
de leis. 
 2ªC) Sim, admitindo combinação 
de leis 
 
Resposta: passe pelo STJ e STF. 
 
4. Tráfico de maquinários (art. 34): 
- Art. 34 - Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção 
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três)

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