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Leis PENAIS ESPECIAIS eBOOK Organizado por CP Iuris LEIS PENAIS ESPECIAIS Brasília 2019 Sumário 1. LEI 8.072/90 - CRIMES HEDIONDOS ...................................................................................... 3 2. DECRETO-LEI 3.688/41 – CONTRAVENÇÕES PENAIS ...................................................... 12 3. LEI 11.343/06 – ENTORPECENTES ........................................................................................ 16 4. LEI 10.826/03 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO............................................................ 29 5. LEI 9.296/1996 – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................................. 37 6. LEI 9.455/1997 – TORTURA..................................................................................................... 43 7. LEI 12.850/2013 – LEI DO CRIME ORGANIZADO............................................................... 47 8. LEI 11.340/06 – MARIA DA PENHA ....................................................................................... 78 9. LEI 9.613/98 – LAVAGEM DE DINHEIRO ............................................................................. 93 10. CRIMES NO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE ............................................ 97 11. LEI 13.260 – TERRORISMO............................................................................................... 104 12. LEI 8.078/90 – CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR ..................................................... 109 13. LEI 2.889/56 – CRIME DE GENOCÍDIO ........................................................................... 120 14. LEI 8.137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E AS RELAÇÕES DE CONSUMO.......................................................................................................... 125 15. LEI 9.605/98 – Meio Ambiente ............................................................................................ 138 16. LEI 7.429/86 – SISTEMA FINANCEIRO ........................................................................... 157 17. LEI 8.666/93 – LICITAÇÕES .............................................................................................. 175 3 1. LEI 8.072/90 - CRIMES HEDIONDOS Art. 50 , XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Diz a doutrina, que se trata de um mandado de criminalização e mandado de recrudescimento do tratamento destes crimes pela legislação infraconstitucional, já que a lei considerará inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. O dispositivo alcança os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos (3 “Ts” — tortura, tráfico e terrorismo). Estes crimes, por estarem previstos na Constituição, não podem ser retirados do rol dos Crimes Hediondos pela legislação infraconstitucional, ao passo que os demais crimes previstos na Lei 8.072/90, mas não previstos na Constituição como de natureza hedionda podem deixar de ter este status de hediondo, assim como o legislador pode incluir novos crimes nesse rol da ora estudada Lei. A Lei 8.072/90 não conferiu natureza hedionda aos crimes militares (já que a lei traz expressamente os dispositivos legais a que se refere e não contempla os artigos do CPM). Vedação à concessão de graça e anistia Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - pela anistia, graça ou indulto; Graça: causa extintiva da punibilidade (art. 107, inc. II, CP), que tem por objeto crimes comuns. Concedida por decreto presidencial a indivíduo determinado, por isso também é chamada de indulto individual. A graça é uma espécie do gênero indulto Anistia: causa extintiva da punibilidade (art. 107, inc. II,CP). Consiste no esquecimento jurídico da infração penal. Extinção dos efeitos penais. Concedida pelo Congresso Nacional, por meio de lei. Em regra, concedida em relação a crimes políticos, militares ou eleitorais. Indulto: a CF não faz referência expressa ao indulto, mas faz à vedação à anistia e à graça. Ao analisar o texto da Lei 8.072/90, verifica-se que ela prevê a vedação à graça, anistia e indulto em relação aos crimes hediondos e equiparados. Qual interpretação deve ser dada? A concessão do indulto também será vedada aos crimes hediondos, embora não haja previsão no texto constitucional? Prevalece o entendimento de que a graça deve ser interpretada extensivamente no texto constitucional, já que o indulto é a clemência concedida a um grupo indeterminado de indivíduos, ao passo que a graça é o chamado "indulto individual". Indulto como gênero da graça. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art107 4 O STF já se pronunciou sobre a constitucionalidade do art. 2º, inc. I, da Lei no 8.072/90, de maneira que são vedados a anistia, a graça e o indulto para os crimes hediondos ou equiparados, embora o indulto não esteja expressamente mencionado no texto constitucional. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; A Comutação de pena (diminuição ou indulto parcial) também é inadmissível em relação aos crimes hediondos e equiparados. Em relação ao crime de tortura (crime equiparado à hediondo): O artigo 1º, §6º, da Lei 9.455/97, também veda a graça e a anistia, nada mencionando expressamente sobre o indulto. O STF entende, igualmente, que o indulto é vedado à tortura, assim como aos outros crimes hediondos ou equiparados. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Em 2007, a Lei no 11.464/07 suprimiu do texto da Lei 8.072/90 a proibição de concessão de liberdade provisória sem fiança aos crimes hediondos e equiparados. Isto quer dizer que o indivíduo que pratica o crime hediondo não necessita ficar preso provisoriamente, a ele pode ser concedida a liberdade provisória, desde que estejam presentes os requisitos para tanto, porém, esta liberdade provisória não poderá ser concedida com fiança, vez que a CF lista como inafiançáveis o racismo, a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, os definidos como crimes hediondos e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Assim, pode ser concedida a liberdade provisória sem fiança a crimes hediondos, eventualmente com a imposição de cautelares diversas da prisão (exceto fiança, art. 319 CPP), restando superada a Súmula 697 do STF. Crimes Hediondos O Rol dos crimes hediondos é fechado (art. 1º da 8.072/90) e não comporta interpretação extensiva: Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I — homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, 20, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); Lembre-se: O homicídio simples (art. 121, do CPC – caput) não é crime hediondo, mas se torna hediondo se praticado em atividade típica de grupo de extermínio. 5 Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio: A vítima de um grupo de extermínio não é escolhida por ser pessoa A ou B, mas sim por ser portadora de certa característica que causa repúdio ao grupo infrator, formado por “justiceiros”, entendem estar fazendo justiça “com as próprias mãos”, à margem da atuação estatal. Assim, basta que seja caracterizado por uma impessoalidade na escolha da vítima. Ex.: mataralguém que pertença determinada classe social, que seja homossexual, etc. Além disso, basta que o crime de homicídio tenha sido exercido em atividade típica de grupo de extermínio. Não é necessário que o agente faça parte de algum grupo de extermínio. Se houver efetivamente um grupo de extermínio, aplica-se a causa de aumento de 1/3 ao crime de homicídio (121, 6º, CP). A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio." Homicídio qualificado-privilegiado (híbrido) É pacífico o entendimento na jurisprudência, de que a figura híbrida é formada pelo homicídio privilegiado com causa de diminuição de pena (aquele provocado sob o domínio de violenta emoção, após injusta provocação da vítima ou, ainda, por relevante valor moral ou social), podendo este conviver com alguma das qualificadoras do homicídios, desde que se trate de qualificadora de natureza objetiva (STF). Ex.: matou valendo-se de um meio cruel, mas a motivação foi logo após a injusta provocação da vítima, sob o domínio de violenta emoção. O STJ já se manifestou no sentido de que o homicídio qualificado-privilegiado (híbrido) não é hediondo. Qualificadoras objetivas: incisos III e IV do 20 do art. 121 (meios e modo de execução do crime). De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homic íd io privilegiado-qualificado, caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de natureza objetiva, não é considerado crime hediondo. I-A — lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge , companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. (...) § 2° Se resulta: 6 I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Observe que aqui há uma norma pena em branco de fundo constitucional, já que se deve recorrer aos artigos 142 e 144, da Constituição Federal para completar o sentido desta disposição legal. Nestes artigos constitucionais encontra-se o rol dos agentes que integram a segurança pública, assim como integrantes do sistema prisional e da força nacional de segurança. Quando a lesão corporal for gravíssima ou seguida de morte haverá crime hediondo, desde que o crime seja praticado contra as autoridades elencadas no exercício da função e em razão desta função. Se o agente está afastado das funções, aposentado, ou por algum motivo desvinculado do exercício das funções, não se caracteriza o crime como hediondo. Perceba: a expressão parentesco consanguíneo foi utilizada para excluir o parentesco por afinidade. Ainda, o crime contra o parente deve estar relacionado ao exercício da função do agente. Doutrina: caso o agente de segurança pública tenha um filho adotivo, haverá incidênc ia do dispositivo para incluir o crime como hediondo. Não haveria analogia in malam partem, pois, a CF proíbe qualquer distinção entre filhos. Trata-se de interpretação extensiva. 7 II- latrocínio (art. 157, § 3º, inciso II); Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...) § 3º Se da violência resulta: (...) II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Lembrar que o inciso I, do § 3º, do artigo 157 (se da violência resulta lesão corporal grave) não é crime hediondo III- extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...) § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. A Lei traz o dispositivo onde está previsto o crime hediondo. IV- extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e § 1º, § 2º e § 3º); Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 8 O crime de sequestro-relâmpago (não confundir com extorsão mediante sequestro) qualificado pela morte é ou não é crime hediondo, visto que não há expressamente na Lei 8.072/90 a previsão do art. 158, §3? Não é hediondo. Isto porque, justamente, o crime não está no rol da lei, não cabendo analogia in malam partem. Há precedentes dos Tribunais Superiores nesse sentido. V- estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2o (VETADO) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4o Se da conduta resulta morte:Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm 9 Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena - reclusão, de dez a quinze anos. § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. Epidemia: surto de uma doença que atingirá número indeterminado de pessoas de uma região ou local. Propagação de agentes patogênicos. Provocar a epidemia, por si só, não é crime hediondo. Para ser hediondo, é preciso que essa epidemia tenha resultado em morte. Além disso a provocação da epidemia deve ser dolosa. Não é hedionda a epidemia culposa com resultado morte (267, §2º, CP). VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677 a de 2 de julho de 1998). Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. VIII favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 10 discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior: Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos. Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas. O genocídio não é crime contra a vida e sim crime contra a humanidade, também http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art129%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art270 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art125 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 11 caracterizado pelo objetivo de destruição total ou parcial de um determinado grupo étnico, racial ou religioso. Também é caracterizado pela indeterminação na escolha das vítimas. O STF já proclamou a inconstitucionalidade do regime inicialmente fechado obrigatório para os crimes hediondos (§1º do art. 2º). O magistrado pode fixar, se a pena permitir, um regime diverso do fechado para o início do cumprimento da pena. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança. § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Esmiuçando a súmula: Então se o indivíduo pratica um crime hediondo (ex: homicídio), porém, o crime é tentado, ficando a pena inferior a oito anos, este indivíduo, caso primário, pode começar a cumprir a pena em regime semiaberto. Sobre a questão da progressão do regime de cumprimento de pena para os indivíduos condenados pela prática de crime hediondo, o resgate deve ser de 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente). Obs.: Esta reincidência pode ser em qualquer crime, não precisa ser reincidênc ia específica em crimes hediondos. E se crime for anterior à Lei 11.464/2007 (que trouxe estas frações diferenciadas para progressão)? Neste caso, se o crime tiver sido praticado antes da referida Lei, aplica-se a Súmula 471 do STJ. Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Ou seja, o indivíduo que praticou crime hediondo antes da Lei, irá progredir na fração de 1/6, as novas frações, por representarem uma novatio legis in pejus, não serão aplicadas aos crimes anteriores. O prazo da prisão temporária também é diferenciado no caso dos crimes hediondos, sendo de 30 dias + 30 dias (não 5 dias + 5 dias como para os demais crimes). Quanto ao livramento condicional, que é fase final do sistema progressivo de execução da pena, consistindo na antecipação da liberdade, desde que preenchidos requisitos de ordem objetiva e subjetiva, será necessário fazer uma leitura conjunta do art. 50 da Lei 8.072/90 e do art. 83, inc. V, do CP, exigindo-se o cumprimento de mais de 2/3 da pena, não podendo ser reincidente específico 12 (em qualquer crime hediondo e/ou equiparado e tráfico de pessoas; posição majoritária). Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso: "Art. 83. ...................................................................................................................................... V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza." + Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (...) V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 2. DECRETO-LEI 3.688/41 – CONTRAVENÇÕES PENAIS Este Decreto-Lei não é cobrado com tanta frequência nas provas de concurso, mesmo assim, a professora sugere a leitura na íntegra. Não há diferença ontológica entre crime e contravenção. Lei de Introdução ao CP: Art 1 0 Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. A diferença entre crime e contravenção está na punição prevista em lei. Ação Penal Crime: pública ou privada (art. 100 CP). Contravenção: pública incondicionada (art. 17 LCP). Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art83v 13 Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício. Competência Crime: Justiça Estadual ou Federal Contravenção: Ainda que atinja bens, serviços, ou interesses da União, a competência será da Justiça Estadual, exceto se o réu tem foro por prerrogativa de função na Justiça Federal (ex: juiz federal). Tentativa Crime: é punível (art. 14, parágrafo único, CP). Contravenção: não é punível (art. 40 LCP). Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. Lembrando que há crimes que não admitem tentativa, mas quando for possível a tentativa no caso de crime será punível, e no caso de contravenção não será punível. Extraterritorialidade Crime: possível (art. 70 do CP). Contravenção: lei brasileira não alcança contravenções ocorridas no exterior (art. 20 LCP). Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República 14 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. Pena Privativa de Liberdade Crime: reclusão ou detenção (art. 33 CP). Contravenção: prisão simples (art. 60 LCP). Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. Limite Temporal da Pena Crime: 30 anos (art. 75 CP). Contravenção: 5 anos (art. 10 LCP). Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos. O Sursis 15 Crimes: 2 a 4 anos (art. 77 CP). Contravenções: 1 a 3 anos (art. 11 LCP). Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional Não há diferenças ontológicas, mas existem essas diferenças em relação a procedimento, prazos etc. Devendo ser observado que as contravenções são delitos menores, que despertam menor preocupação do legislador, daí porque são apenados com menor gravidade. A prisão simples, nos termos do art. 60da LCP, deve ser cumprida, sem rigor penitenciár io, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto e, de acordo com o 1º , o condenado à referida pena deve ficar sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. Serão estudadas algumas contravenções importantes, que com frequência ainda aparecem no dia a dia da atuação judiciária: Vias de fato Comum também no âmbito da Lei Maria da Penha, das relações domésticas e familiares Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. A contravenção penal de vias de fato tem uma subsidiariedade expressa no seu preceito secundário – “se o fato não constitui crime”. Isto porque a contravenção de vias de fato não pode ser confundida com o crime de lesão corporal. Somente será vias de fato no caso de a conduta não se enquadrar em crime de lesão corporal. No caso da lesão corporal há uma efetiva ofensa à integridade física da vítima, que deve ser devidamente atestada por laudo pericial, configurando-se o crime. Se não há esta constatação haverá simples contravenção A situação mais comum de vias de fato é o “empurra-empurra”, que não provoca ofensa a 16 integridade física, não provoca lesão, não deixa machucado, mas que consiste em conduta que deve ser repreendida pelo ordenamento. O art. 25 da Lei de Contravenções Penais não foi recepcionado pela CF/88 por violar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da isonomia. Art. 25. Ter alguem em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de réis. Segundo o STF, a contravenção penal consistente em "ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiadaou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima" é inconstitucional. STF Plenário. RE 583523/RS e RE 755565/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/10/2013, Informativo 722. A contravenção penal da mendicância (art. 60) foi revogada pela Lei 11.983/09. Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um sexto a um terço, se a contravenção é praticada: a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento. b) mediante simulação de moléstia ou deformidade; c) em companhia de alienado ou de menor de dezoito anos. 3. LEI 11.343/06 – ENTORPECENTES O primeiro artigo relevante a ser tratado nesta Lei é o artigo 28. Art. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; 17 III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Este indivíduo não estará sujeito às penas privativas de liberdade, daí porque dizer-se que houve a despenalização do artigo 28. Atenção: Não houve descriminalização (abolitio criminis) da conduta de posse de substância entorpecente para consumo pessoal, mas, tão somente, a mera despenalização, pelo fato de o art. 28 da Lei n. 0 11.343/2006 não impor pena privativa de liberdade ao usuário de drogas. Crime de perigo abstrato ou presumido, quer dizer que prescinde da comprovação da existência de situação que tenha colocado em risco o bem jurídico tutelado. O simples fato de trazer consigo a droga, já tipifica a conduta, porque a conduta daquele que consome a droga, ainda que não tenha intuito de difundi- la ilicitamente, automaticamente, alimenta o tráfico, o que não é desejado pelo legislador. Não se aplica o princípio da insignificância ao usuário ainda que a quantidade da droga seja ínfima. Isto porque o princípio da insignificância afasta a tipicidade material da conduta e acarreta na absolvição daquele indivíduo, não ser este o objetivo do legislador. STJ: em razão da política criminal adotada pela Lei 11.343/2006, há de se reconhecer a tipicidade material do porte de substância entorpecente para consumo próprio, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. A prova da materialidade do crime é feita por meio de exame toxicológico, que analisará a quantidade e a natureza da substância, a fim de se aferir tratar-se ou não de droga ilícita de acordo com o rol da ANVISA. Segundo o STJ a atribuição de falta grave ao apenado pela posse de drogas para consumo próprio, conforme previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, demanda a elaboração do laudo toxicológico definitivo da natureza e da quantidade do entorpecente, sem o qual não há falar em materialidade delitiva. Precedentes. Sem o laudo toxicológico há ausência de prova da materialidade do crime – da existência fática do crime. Note: O indivíduo que já está no estabelecimento prisional cumprindo pena e é flagrado portando drogas para consumo, incorrerá em crime, tendo a si atribuído a falta grave no curso da execução. Art. 28, § 4o , Lei 11.343/06 § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. Art. 30, Lei 11.343/06 Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 18 Ou seja, no caso do artigo 28, tem-se um prazo prescricional menor do que o previsto no Código Penal, sabendo-se que no Código Penal o menor prazo prescricional é de três anos. Quanto aos prazos interruptivos, cabe a observância do que estabelece o Código Penal Condenação anterior pelo art. 28 e não caracterização de reincidência Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei no 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. Argumento principal: quando o indivíduo pratica uma contravenção penal no Brasil ou no exterior e, posteriormente comete crime, este indivíduo não é considerado reincidente, isto porque, para caracterização da reincidência deve-se fazer uma leitura conjunta do art. 63 do CP e art. 70 LCP. Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. + Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. Lidos conjuntamente estes dispositivos, tem-se que o indivíduo que comete contravenção no Brasil ou no exterior e, posteriormente comete crime no Brasil, não incorre em reincidência: Contravenção (no Brasil) + crime = não há reincidência (só maus antecedentes Da mesma forma o indivíduo que pratica contravenção no exterior e crime ou contravenção no Brasil, não incorre em reincidência: Contravenção (no exterior) + crime ou contravenção = não há reincidência Apenas será reincidente o indivíduo que praticar uma contravenção seguida de outra contravenção: Contravenção + contravenção = reincidência Alguns doutrinadores dizem que isso é uma evidente falha legislativa. Assim, conclui o STJ, que sendo as contravenções puníveis com pena de prisão simples, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 para fins de reincidência considerando que este delito é punido apenas com "advertência", "prestação de serviços à comunidade" e "medida educativa", ou, seja, sanções despenalizantes e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento. A constitucionalidade do art. 28 está sendo fortemente questionada. STF: RE 635.659 Alguns Ministros do STF já se manifestaram no sentido de que o tipo penal seria inconstitucional por violar a intimidade e a vida privada. Ministro Gilmar Mendes: "a criminalização da posse de drogas para uso pessoal é inconstitucional, por atingir, em grau máximo e desnecessariamente, o direito ao livre 19 desenvolvimento da personalidade, em suas várias manifestações, de forma, portanto, claramente desproporcional." Tráfico ilícito de drogas Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. É o tipo mais importante, no qual há mais de uma dezena de verbos que vão caracterizar o crime, então é viável que se tenha uma boa noção dessas condutas. Tem-se de um delito plurinuclear, tipo misto alternativo, ou de conteúdo múltiplo, ou variado, o que quer dizer que a prática de mais de um desses verbos no mesmo contexto fático enseja a prática de crime único. Ex.: importou maconha para depois fornecer. Observe que não é necessário o intuito de lucro – “ainda que gratuitamente”. Trata-se de norma penal em branco, sendo necessário o complemento do conteúdo do preceito primário pela legislação infraconstitucional, neste caso, um ato administrativo, que é o regulamento da ANVISA, que traz o rol das substâncias ilícitas aptas a provocar dependência e, portanto, caracterizar o tipo penal. O sujeito ativo é qualquerpessoa, sendo crime comum. O sujeito passivo é a coletividade (crime vago). Cai com muita frequência em provas de concurso público – Atenção para as causas de aumento previstas no art. 40: pena será aumentada de 1/6 a 2/3 se o agente pratica o crime: Prevalecendo-se da função pública ou no desempenho da função de educação, função de poder familiar, função de guarda ou função de vigilância (inc. II). Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; 20 IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. O objeto material são as drogas, estando dispostas na Portaria 344 da Anvisa, sendo, portanto, uma norma penal em branco em sentido estrito. Segundo o art. 1º, parágrafo único, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. Essa tarefa é realizada pelo Ministério da Saúde, normalmente por meio de Portaria da Anvisa. Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. Atenção para as alterações promovidas pela Lei nº 13.840/2019, a respeito do SISNAD. A prova da materialidade delitiva no tráfico se dá por meio de laudos periciais (laudo de constatação da natureza e quantidade de droga) Laudo toxicológico preliminar ou provisório (logo após a prisão ou apreensão da droga). Tem menos requisitos legais, podendo ser feito por perito oficial ou pessoa idônea, baseado em observações sensoriais e comparação. Utiliza-se, também, de testes químicos pré-fabricados (o rápido contato com o princípio ativo da droga já revela o resultado). Este laudo é suficiente para a denúncia Laudo toxicológico definitivo. Tem maiores rigores, pois fundamenta eventual condenação, para a qual é fundamental (Art. 159 CPP). É elaborado por perito oficial ou 2 pessoas idôneas com diploma de curso superior, com habilitação técnica relacionada. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. STJ: para a lavratura do flagrante e oferecimento da denúncia, basta o laudo toxicológico provisório. STJ: para a sentença condenatória, em regra, é imprescindível o laudo toxicológico definit ivo 21 como prova da materialidade (não se trata de nulidade). PORÉM, em situações excepcionais, a comprovação da materialidade pode se dar pelo laudo provisório, desde que permita grau de certeza idêntico ao laudo definitivo, isto é, elaborado por perito oficial, em procedimento equivalente. Ex: drogas identificadas facilmente (maconha, cocaína). STJ: irregularidades no laudo preliminar (peça informativa) restam superadas com a juntada do laudo definitivo. Falta de assinatura do perito no laudo, por si só, não conduz à nulidade do exame pericial, constituindo mera irregularidade. "A jurisprudência desta Corte é reiterada de que a simples falta de assinatura do perito criminal no laudo definitivo constitui mera irregularidade e não tem o condão de anular o exame toxicológico, sobretudo, na espécie, em que o perito oficial está devidamente identificado com seu nome e número de registro no documento e houve o resultado positivo para as substâncias ilícitas analisadas." (AgRg no RESP n. 1.629.838/MG, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 08/08/2017, DJe 18/08/2017) Atenção, este julgado já apareceu em concurso: Segundo o STJ, classifica-se como droga, para fins da Lei n. 11.343/2006, a substância apreendida que possua canabinoides característica da espécie vegetal Cannabis sativa ainda que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC). Irrelevante, para a comprovação da materialidade de delito, o fato de laudo pericial não haver revelado a presença de tetrahidrocanabinol (THC) um dos componentes ativos da Cannabis sativa - na substância se constatada a presença de canabinoides, característicos da espécie vegetal Cannabis sativa, que integram a Lista E da Portaria n. 344/1998 e causam dependência. O crime de tráfico de drogas se consuma no momento em que o indivíduo realiza um dos núcleos do tipo. Algumas modalidades constituem-se em crime instantâneo, como adquirir. Algumas são típicas de crimes permanentes, como "trazer consigo" e "ter em depósito" IMPORTANTE: Aquele que semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas, incorre nas mesmas penas do crime de tráfico (art. 33, 1º , inc. II) Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (...) II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; 22 (CESPE) Com o intuito de vender maconha em bairro nobre da cidade onde mora, Mário utilizou o transporte público para transportar 3 kg dessa droga. Antes de chegar ao destino, Mário foi abordado por policiais militares, que o prenderam em flagrante. Assertiva: Nessa situação, Mário respondera por tentativa de tráfico, já que não chegou a comercializar a droga. ERRADO (crime permanente, ter consigo e transportar) Vai incidir ao caso acima a majorante do art. 40, inc. III (infração cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares? de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transporte público)? A majorante do art.40, III, da Lei 11.343/2006 somente deve ser aplicada nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga no interior do transporte público. E a posição majoritária no STF e STI Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; (CESPE) Segundo o entendimento do STJ, em eventual condenação, o juiz sentenciante não poderá aplicar ao réu a causa de aumento de pena relativa ao tráfico de entorpecentes em transporte público, se o acusado tiver feito uso desse transporte apenas para conduzir, de forma oculta, droga para comercialização em outro ambiente, diverso do transporte público. CORRETO STJ e STF: A mera utilização de transporte público para o carregamento da droga não leva à aplicação da causa de aumento do inciso III do art. 40 da Lei no 1 1.343/2006. E se Mário tivesse sido pego dentro de ônibus interestadual e a polícia encontrar provas de que o destino da droga era um cliente no outro Estado da Federação? SIM. Se o Mário estivesse no interior do transporte coletivo interestadual, ainda que não estivesse cruzado a fronteira, incidirá o aumento de pena previsto no inciso V. Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; Precisa ter cruzado a fronteira? NÃO. Para que incida a causa de aumento de pena prevista no inciso V do art. 40, não se exige 23 a efetiva transposição da fronteira interestadual pelo agente, sendo suficiente a comprovação de que a substância tinha como destino localidade em outro Estado da Federação. STE 1 a Turma. HC 122791/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808). STI 6a Turma. RESP 1370391/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti cruz, julgado em 03/11/2015. Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; Aqui, não necessariamente se tem um tráfico internacional, lembrando que este é de competência da justiça federal. STJ já se manifestou no sentido de que, para que se configure a conduta de "adquirir", prevista no art. 33 da Lei no 11.343/2006, não é necessária a tradição do entorpecente e o pagamento do preço, bastando que tenha havido o prévio ajuste . Assim, não é indispensável que a droga tenha sido entregue ao comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando que tenha havido a combinação da venda. Nessa hipótese analisada pelo STJ, por meio de interceptação telefônica, chegou-se à informação de que seria realizado este comércio de entorpecentes, combinado o preço, forma de transporte, e etc. Assim, a polícia, por meio de ação controlada, a fim de se evitar que a situação fugisse do controle, fez a intervenção antes de ter havido a efetiva tradição e o pagamento do preço. A defesa então cogitou que o crime teria sido tentado e não consumado, o que foi afastado pelo STJ, sob a fundamentação de que basta a prévia negociação, não sendo exigível o pagamento do preço e a tradição. Dessa forma, a conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de drogas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do materia l entorpecente antes que o investigado efetivamente o recebesse (Inf. 569). STJ: utilização de criança ou adolescente no tráfico. Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 24 Sabe-se que o crime de corrupção de menor (art. 244-B, do ECA) figura em concurso formal com outro crime toda vez que o coautor ou partícipe pratique o crime junto a um menor de idade, independentemente deste menor ter tido envolvimento em fatos criminosos anteriores. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. No caso do crime de tráfico, há uma causa de aumento específica caso haja envolvimento de criança ou adolescente, então não haverá concurso com corrupção de menores, pois há causa de aumento específica no art. 40, VI, da Lei de Drogas, sob pena de bis in idem, diferentemente do que ocorre em demais crimes, em que não há causa específica de aumento para o concurso com adolescente ou criança (ex: roubo, homicídio, etc.) STF. Info 828: O STF já assentou entendimento quanto à possibilidade de o juiz fixar o regime inicial fechado e afastar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos com base na quantidade e na natureza do entorpecente apreendido. Obs.: inconstitucionalidade do art. 22, § 12º, da Lei dos Crimes Hediondos (regime inicia l obrigatoriamente fechado). O art. 43 estabelece que, na fixação da multa, o valor do dia-multa não poderá inferior a 1/30 avos e nem superior a 5 vezes o maior salário-mínimo. Para tanto, o juiz levará em conta as condições econômicas dos acusados. Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo. Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. Se o juiz fixar em 5 vezes o maior salário mínimo para cada dia-multa, e considerar ineficaz, levando em consideração a situação econômica do acusado, poderá aumentar o valor do dia-multa em até 10 vezes (décuplo). Progressão de regime Crime equiparado a hediondo 2/5 da pena, se for primário 3/5 da pena, se for reincidente. Segundo o STF, o grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei no 11.343/2006, preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da dosimetria da pena (Inf. 818). Segundo o STF, se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de 25 até 4 anos, e se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso (Inf. 821). Tráfico privilegiado Traficância menor ou eventualArt. 33 (...) § 40 Nos delitos definidos no caput e no 1 0 deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Obs.: O trecho tachado já foi declarado inconstitucional. A aplicação da causa especial de diminuição prevista no art. 33, 40 , da Lei de Drogas exige o preenchimento de quatro requisitos cumulativos, quais sejam, primariedade, bons antecedentes, não se dedicar a atividades criminosas ou integrar organização criminosa. STJ. 5a Turma. HC 355.593/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 25/8/2016. (Alta incidência em provas). IMPORTANTE: O Tráfico Privilegiado não é crime equiparado a hediondo. Não seria proporcional, em razão da pena cominada e da menor gravidade, ser o crime enquadrado como crime hediondo. Cancelamento da Súmula 512 do STJ. É cabível, em tese, a concessão de indulto natalino no caso do tráfico privilegiado. Para o STF, havia evidente constrangimento ilegal ao se enquadrar o tráfico de entorpecentes privilegiado às normas da Lei 8.072/90, especialmente porque os delitos desse tipo apresentam contornos menos gravosos e levam em conta elementos como o envolvimento ocasional e a não reincidência. Progressão de regime no caso de tráfico privilegiado: 1/6 da pena. STF: A condenação por integrar associação criminosa para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei de Drogas) é, por si só, fator mais do que suficiente para afastar a aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no S 4 0 do art. 33 da Lei n o 11.343/06. Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 26 STJ. Info 582: o fato de o réu ter atuação lícita não atrai automaticamente o privilégio do 40 do art. 33. Quando se exige que o réu não se dedique a atividades criminosas, isso não quer dizer que se exige que ele não se dedique apenas.com exclusividade a atividades criminosas. STF: "...a atuação da agente no transporte de droga, em atividade denominada 'mula', por si só, não constitui pressuposto de sua dedicação à prática delitiva ou de seu envolvimento com organização criminosa. Assim, padece de ilegalidade a decisão do Superior Tribunal de Justiça fundada em premissa de causa e efeito automático, sobretudo se consideradas as premissas fáticas lançadas pela instância ordinária, competente para realizar cognição ampla dos fatos da causa, que revelaram não ser a paciente integrante de organização criminosa ou se dedicar à prática delitiva ". STF: Configura bis in idem a utilização da circunstância atinente à quantidade da droga tanto para fins de fixação da pena-base acima do mínimo legal, quanto para definição da fração relativa à causa de diminuição depena, prevista no art. 33, § 4 0, da Lei 11.343/06. STJ: Não há falar em bis in idem em razão da utilização da reincidência como agravante genérica e com o objetivo de afastar o reconhecimento da causa especial de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 0 11.343/06, porquanto é possível que um mesmo instituto jurídico seja apreciado em fases distintas na dosimetria da pena, gerando efeitos diversos, conforme previsão legal específica. Precedentes. STJ: A reincidência, específica ou não, não se compatibiliza com a causa especial de diminuição de pena prevista § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, dado que necessário, dentre outros requisitos, seja o agente primário. Precedentes. Precisa de condenação transitada ou bastam inquéritos e ações penais em curso para afastar o privilégio? É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11,343/2006, STJ 3ª seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596). STJ, 3a seção, Eresp n. 0 1.544.057/RJ (26.10.2016): pacificou 0 entendimento no sentido de que o laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a condenação pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por incerta a materialidade do delito e, por conseguinte, ensejar a absolvição do acusado "Possibilidade de que, em situação excepcional, a comprovação da materialidade do crime de drogas possa ser efetuada pelo próprio laudo de constatação provisório, quando ele permita grau de certeza idêntico ao do laudo definitivo, pois elaborado por perito oficial, em procedimento e com conclusões equivalentes". Associação para o tráfico. Afasta o artigo 288, do Código Penal, que é a organização criminosa, ante o princípio da especialidade da lei. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 27 Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Para a associação para o tráfico o requisito é de duas ou mais pessoas, enquanto que no para o delito de associação criminosa, previsto no Código Penal, são necessárias três pessoas e, ainda, na Lei das Organizações Criminosas o requisito é de quatro ou mais pessoas. Obs.: “Reiteradamente ou não” – Quer dizer que esta associação deve ser marcada pela estabilidade, permanência, pelo animus de prevalecer no tempo. Mas a prática efetiva do crime não precisa ser reiterada, pode ser uma associação que atua poucas vezes ao longo do ano, por exemplo. Desde que se observe que aquelas duas ou mais pessoas estão sempre reunidas imbuídas no propósito para a prática reiterada ou não do tráfico. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de que o delito de associação para o tráfico de drogas não possui natureza hedionda, por não estar expressamente previsto nos arts. §1º e § 2º, da Lei n. 8.072/90. O crime de associação para o tráfico é formal, que tutela a paz pública. Logo, torna-se desnecessário apreender a droga ou examiná- la. A materialidade (prova de existência da infração penal) pode dar-se por qualquer outro meio lícito, É delito autônomo, não havendo falar em relação de interdependência com o tráfico, sendo indispensável, tão somente, a demonstração dos requisitos da associação estável e permanente, de duas ou mais pessoas, para a prática da narcotraficância, na linha de reiterados julgados do STJ STJ: Para a caracterização do crime de associação para o tráfico, dispensável tanto a apreensão da droga como o respectivo laudo. E exigível, porém, o concurso necessário de, ao menos, dois agentes e um elemento subjetivo do tipo específico, consistente no ânimo de associação, de caráter duradouro e estável. STJ: Não obstante a materialidade do crime de tráfico pressuponha apreensão da droga, o mesmo não ocorre em relação ao delito de associação para o tráfico, que, por ser de natureza formal, sua materialidade pode advir de outros elementos de provas, como por exemplo, interceptações telefônicas STJ: Para a configuração do delito de associação para o tráfico de drogas é necessário o dolo de se associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião de duas ou mais pessoas sem o animus associativo não se subsume ao tipo do art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Trata-se, portanto, dedelito de concurso necessário. A configuração do crime de associação para o tráfico exige a prática, reiterada ou não, de condutas que visem facilitar a consumação dos crimes descritos nos arts. 33, caput e 1 0 , e 34 da Lei 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação de vínculo permanente e estável. Previsão de tipo culposo: Já caiu em prova de concurso. 28 Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê- lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Livramento condicional É possível, desde que cumpridos 2/3 da pena e desde que o condenado não seja reincidente específico. Arts. 83, V, do CP e 44, p.u., da Lei de Drogas Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 0, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. Expropriação de glebas – Art. 243, CF. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5 0 . Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. 29 O que se tem não é uma desapropriação, mas uma efetiva sanção penal de fundo constituciona l, uma penalidade imposta ao proprietário que cultiva plantas psicotrópicas, sem autorização prévia do órgão sanitário do Ministério da Saúde. A expropriação de glebas a que se refere o art. 243 da CF há de abranger toda a propriedade e não apenas a área efetivamente cultivada. A expropriação é espécie de confisco constitucional e tem caráter sancionatório. A expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que "in vigilando" ou "in elegendo" É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente no artigo 243, parágrafo único, da Constituição Federal. 4. LEI 10.826/03 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO Começaremos com a análise do tipo penal que consta do artigo 12. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. -Arma de fogo, acessório ou munição. Admite sursis processual. Trata-se, diante do preceito secundário, de um crime de médio potencial ofensivo Este tipo penal, além de mencionar a arma de fogo, o acessório, ou munição de uso permit ido, também contém elemento espacial do tipo penal, o que significa que o crime deve ocorrer no interior da residência ou nas dependências desta (quintal, garagem, etc.) ou no local de trabalho, desde que o agente seja o titular ou responsável legal pela empresa. Atenção! Para o STJ, não se considera como local de trabalho para tal fim o táxi, para o taxista, o caminhão para o caminhoneiro, etc. Estes, se flagrados com arma de fogo, sem autorização legal, responderão por porte. Se for na residência de outrem, será crime de porte (art. 14). Se for funcionário do estabelecimento, responderá por porte (art. 14). 30 Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Delito de ação múltipla/ de conteúdo variado/plurinuclear, já que diversos versos caracterizam o crime. Arma de fogo, acessório ou munição. Crime de maior potencial ofensivo, para o qual não cabem os institutos despenalizantes da Lei 9.099/90. Sendo um crime de conteúdo múltiplo ou variado, tem-se que a prática de dois ou mais destes verbos, no mesmo contexto fático ensejará crime único. Mais a frente serão tratadas de hipóteses concretas, nas quais se vislumbra concurso de crimes, quando as condutas não se desenvolvem no mesmo contexto fático. Ex: Indivíduo que portando arma de fogo visa a realizar um assalto. Neste caso, tem-se o porte como o meio necessário para realização do roubo – a grave ameaça/intimidação – que é uma elementar do crime de roubo. Neste sentido se aplicará o princípio da consunção, da absorção, e então o tipo do artigo 14, desta Lei, resta absorvido pelo tipo do artigo 157, § 2º, do Código Penal (roubo majorado pelo emprego de arma de fogo). São exemplos de arma de fogo de uso permitido: Revólver calibre .38, espingarda calibre .32, espingarda calibre 12, pistola calibre .380. Em regra, nas provas de Magistratura, Ministério Público e Defensoria Pública a informação acerca da permissividade da arma já consta do enunciado da questão, porém, nos concursos de carreiras policiais eventualmente são cobrados conhecimentos relativos a estas armas. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalentea arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 31 III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Delito de ação múltipla/ de conteúdo variado/plurinuclear, já que diversos versos caracterizam o crime. Arma de fogo, acessório ou munição. Crime de maior potencial ofensivo, para o qual não cabem os institutos despenalizantes da Lei 9.099/90. Uso permitido x uso restrito (arts. 16 e 17 do Decreto 3665). A designação “de uso restrito” é dada aos produtos controlados pelo Exército e que só podem ser utilizados pelas Forças Armadas ou, autorizadas pelo Exército, algumas Instituições de Segurança, pessoas jurídicas habilitadas e pessoas físicas habilitadas. O nome “de uso restrito” já sugere que não é autorizado a qualquer cidadão que vá realizar um procedimento para obtenção de porte de arma. Está relacionada, portanto, a materiais bélicos de uso controlado e exclusivo das forças armadas e as pessoas para além desta finalidade bélica, que podem utilizar estes objetos de uso restrito precisam ser devidamente autorizadas. A designação “de uso permitido”, alcança um maior espectro de pessoas, como o próprio nome sugere. É dada aos produtos controlados pelo Exército, cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército. Art. 16. São de uso restrito: I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego militar ou policial; III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a (trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a mil libras-pé ou mil trezentos e cinquenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22- 250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 32 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44 Magnum; V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre; VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições; VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza; IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes; X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62mm, M964, FAL; XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas munições; XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou a chama do tiro e também os que modificam as condições de emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros; XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de provocar incêndios ou explosões; XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projéteis explosivos ou venenosos; XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares; XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc; XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros; XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo; XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito; XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar. Art. 17. São de uso permitido: I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto; II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinquenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40; III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou inferior, com 33 comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido; V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora; VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário; VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis milímetros; VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e XI - veículo de passeio blindado. Atenção! No parágrafo único do artigo 16, tem-se condutas equiparadas, que irão abranger, inclus ive, armas de fogo, acessórios e munições de uso permitido, já que nesta situação estas armas tiveram a marca suprimida, a numeração ou outra forma de identificação da arma modificada, adulterada, raspada, de maneira que se torna muito mais difícil a identificação e localização desta arma. Importantíssimo! A partir de 2017, o parágrafo único, do artigo 1º, da Lei 8.072, que trata dos crimes hediondos, passou a prever, também, o artigo 16, no seu rol. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. O artigo 16, do Decreto 3.665/2000, traz como exemplos de armas de uso restrito as armas, munições, acessórios e
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