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DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CRIMES HEDIONDOS LEI DE DROGAS ESTATUTO DO DESARMAMENTO TORTURA CRIMES DE TRÂNSITO CRIMES HEDIONDOS 1. NOÇÕES GERAIS 1.1. PREVISÃO (LEI N° 8.072/90) • Atende a um mandado constitucional de criminalização (art. 5°, XLIII, da CF). A criação da lei dos crimes hediondos é um mandado constitucional, ou seja, a constituição trouxe uma ordem para que fosse criada uma lei que dispusesse sobre crimes hediondos 1.2. SISTEMAS a) Sistema legal (art. 5°, XLIII, da CF): art. 1° da Lei n° 8.072/90. Sistema adotado pelo Brasil – é aquele que a própria lei vai definir de forma taxativa as hipóteses de crime hediondo, e não o juiz b) Sistema judicial: nesse sistema o juiz defini o que é crime hediondo, gera certa insegurança jurídica, já que cada juiz tem um posicionamento diverso c) Sistema misto: a lei prevê algumas hipóteses de maneira exemplificativa, e a partir desses exemplos o juiz pode acrescentar algumas hipóteses. 2. QUAIS SÃO OS CRIMES HEDIONDOS? • Previsão: artigo 1° da Lei n. 8.072/90. • Rol taxativo. Todos os crimes hediondos estão previstos no CP. Exceções: estão nos parágrafos do artigo 1º (genocídio, armas e organização criminosa). • Alcança crimes consumados ou tentados. • Os crimes de tráfico, terrorismo e tortura são considerados hediondos? Tecnicamente tem que utilizar a expressão “equiparados” a hediondos, pois não constam no artigo primeiro, tem um tratamento bem semelhantes ao do crime hediondo, mas não estão no artigo 1. O tráfego privilegiado (traficante de primeira viagem, com bons antecedentes) conforme o pacote anticrime no artigo 112, não se considera hediondo a fins de progressão, antes era equiparado a hediondo (súmula do STJ anulada), mas hoje em dia não mais equiparado a hediondo, entendimento do supremo. Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, consumados ou tentados I - Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); - DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA homicídio simples em regra não é hediondo, só vai ser considerado hediondo excepcionalmente quando for praticado em atividade típica de grupo de extermínio II - roubo: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); - antes era o parágrafo 2º, revogou e agora é o 3º, isso foi negativo, pois todos aqueles que estavam respondendo por crime hediondo responderam por crime simples. IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). – roubo com emprego de explosivo não foi qualificado como hediondo, mas furto sim, foi um erro do legislador, não dá pra fazer analogia. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: I - o crime de genocídio II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido – antigamente era uso restrito, a doutrina antigamente tratava tudo do mesmo jeito, mas o atual governo manipulou essa definição, hoje para alguém ser condenado por esse crime deve ser encontrado com arma de uso proibido, que conforme o decreto é a arma de fogo classificada como proibido em acordos internacionais (não uma simples pistola de policial), e arma de fogo dissimulada com aparência de objeto inofensivo. 3. ANISTIA, GRAÇA E INDULTO (ART. 2°, I) Graça e indulto são muito parecidos, graça é um benefício individual e indulto é um benefício coletivo, ambos concedidos pelo presidente. Já anistia é concedido pelo congresso federal. Aparentemente há uma divergência entre a constituição federal e a lei de crimes hediondos no que se refere a esses assuntos. A constituição não proíbe o indulto aos crimes hediondos, em contrapartida, a lei de crimes hediondos proíbe – isso não seria algo inconstitucional? Prevalece o entendimento que não se admite a aplicação de indulto a quem praticou crime hediondo, pois o indulto é a graça coletiva, graça e indulto tem a mesma natureza, então se a constituição proibiu a graça automaticamente proibiu o indulto • Admite-se a aplicação do indulto ao condenado que praticou crime hediondo? Em regra, não, embora a constituição não preveja essa proibia o, o indulto nada mais é que a graça coletiva, proibiu um proibiu outro. • Existe algum conflito entre o art. 2°, I, da Lei n° 8.072/90 e o art. 5°, XLIII, da CF? sim, conforme foi dito acima. 4. FIANÇA (ART. 2°, II) • Crimes inafiançáveis: art. 5°, XLII, XLIII e XLIV, da CF. • 3Ts (tráfico, terrorismo e tortura) + hediondos + crimes imprescritíveis (racismo e ação de grupos armados): crimes inafiançáveis (3TH + imprescritíveis) • Liberdade provisória sem fiança? Sim, pois são crimes inafiançáveis. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA 5. REGIME PRISIONAL INICIAL FECHADO (ART. 2°, §1°) a) Lei n. 8.072/90 (texto original): regime INTEGRAL fechado • HC 82.959-7 do STF: declarou o regime integral fechado inconstitucional, com base na lei de progressão geral da pena. b) Lei n. 11.464/07: regime INICIAL fechado. • HC 111.840 do STF (2012): declarou inconstitucional o regime inicial fechado. • Súmulas 718 e 719 do STF: motivação idônea para a fixação do regime inicial, basear sua motivação em fatos concretos, e não abstratos. Artigo 315, §2º do CPP. • Súmula Vinculante 26: dispõe sobre a progressão de regime prisional e faculta a realização de exame criminológico. • Súmula 471 do STJ: estabelece a fração de cumprimento de 1/6 da pena para os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/07. • Inconstitucionalidade do §1°: viola o princípio da individualização da pena. 6. PROGRESSÃO DE REGIME (ART. 2°, §2°) a) Lei n. 8.072/90 (texto original): não admitia progressão de regime (integralmente fechado). b) HC 82.959-7 do STF: declarou a inconstitucionalidade do “§2°”, admitindo-se a progressão do regime mediante o cumprimento de 1/6 da pena. c) Lei n. 11.464/07: permitiu a progressão de regime diferenciada mediante o cumprimento de 2/5 pelo condenado primário e 3/5 pelo condenado reincidente. d) Lei n. 13.769/18 (alterou o §2° do art. 2° da Lei n° 8.072/90 e os §§3° e 4°, do art. 112 da LEP): estabeleceu critérios (cumulativos) diferenciados para a progressão de regime da mulher gestante ou mãe responsável por crianças ou pessoas com deficiência. e) Lei n. 13.964/19 (revogou o §2° do art. 2° da Lei n° 8.072/90 e criou percentuais para a progressão de regimes): Art. 112 da Lei 7.210/84 - Institui a Lei de Execução Penal. V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado forreincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art4 DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. 7. APELAR EM LIBERDADE (ART. 2°, §3°) • Interpretação conforme a Constituição. – juiz tem que fundamentar a decisão que permite i sujeito apelar em liberdade, ele tem que fundamentar que permitiu isso. • Na prática: a) Réu processado preso: recorre preso (salvo se desaparecerem os fundamentos da prisão preventiva). b) Réu processado solto: recorre solto (salvo se surgirem fundamentos da prisão preventiva). 8. PRISÃO TEMPORÁRIA POR PRAZO DIFERENCIADO (ART. 2°, §4°) a) Prazo de prisão temporária para crimes não hediondos: 5 dias prorrogáveis por mais 5 b) Prazo de prisão temporária para crimes hediondos: 30 dias prorrogável por mais 30 • OBS.: os crimes de tortura, estupro de vulnerável e falsificação de remédios estão previstos na Lei n. 8.072/90, mas não estão na Lei n. 7.960/89. Mesmo assim, a regra contida no art. 2°, §4°, da Lei n. 8.072/90 se aplica a eles. A doutrina observa que, segundo o Princípio da Posterioridade, a redação do §4º, do artigo 2° da Lei n. 8.072/90, ampliou não apenas o prazo, mas também o rol dos delitos passíveis de prisão temporária (crimes que admitem temporária: artigo 1º, III, da Lei 7960/89 + artigo 2º. da Lei 8072/90). 9. ESTABELECIMENTO PRISIONAL FEDERAL (ART. 3°) • Súmula 192 do STJ. a) Estabelecimento prisional: b) Execução penal (competência): bandido que comete vários crimes de competência da justiça estadual, todas as condenações são frutos de um trabalho da justiça estadual, praticou crimes hediondos. Ele foi transferido para um presidio federal e agora ele tem direito de progredir de regime. Esse preso já tem direito de progressão de regime, e eu sou advogado dele – quem vai julgar seu pedido de progressão é o juiz federal ou estadual? Qual a medida/recurso que irei apresentar? E qual o tribunal que analisará esse pedido de progressão? Se for negado qual o recurso? qual é o tribunal que vai analisar esse recurso? Quem vai julgar é o juiz federal, pois ele está preso em uma unidade federal e quem é responsável por sua execução é o juiz federal. O recurso cabível é o agravo de execução art. 197 da LEP. Se o juiz competente é o federal o órgão superior para o recurso é o TRF. 10. LIVRAMENTO CONDICIONAL (ART. 5° C.C. ART. 83 DO CP) – não confundir com progressão de regime que ainda está cumprindo pena, só está trocando de regime. a) Primário em crime comum: + de 1/3 da pena. Desde que seja primário b) Reincidente em crime comum: + de 1/2 da pena. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA c) Primário em crime hediondo: + de 2/3 da pena. E não resultou morte d) Primário em crime hediondo com resultado morte: vedado. Não tem direito a livramento condicional. (foi acrescentado) e) Reincidente específico em crime hediondo: vedado. f) Reincidente específico em crime hediondo com resultado morte: vedado. (foi acrescentado) 11. PENA DIFERENCIADA PARA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 8° E PARÁGRAFO ÚNICO) • Pena: de 3 a 6 anos. • Associação para o fim de praticar crimes hediondos. • OBS.: Associação Criminosa e Associação para o tráfico não são crimes hediondos – exemplo: associação criminosa que vende medicamento falsos, vender medicamentos falsos é crime hediondo, mas a associação criminosa para essa finalidade não é crime hediondo – são crimes diferentes. Não confundir com associação para o tráfico. • Não se aplica ao crime de associação para o tráfico previsto no artigo 35 da Le i n. 11.343/06. • Delação premiada: causa de diminuição de pena (de 1/3 a 2/3) 12. QUESTÕES COMPLEMENTARES • Por que é necessário compreender as disposições da Lei n° 8.072/90? Crimes hediondos estão espalhados pelo ordenamento penal, os tratamentos dados a esses crimes são diferentes, e é importante saber. • Como funciona a identificação genética nos crimes hediondos (Art. 9-A da LEP, acrescentado pela Lei n° 12.654)? A identificação é obrigatória (forçada)? A identificação também é aplicável aos crimes equiparados a hediondos? não é forçada, pois forçar a fornecer material genético poderia ferir os direitos. A lei não fala sobre os equiparados a hediondos, então não pode fazer analogia em prejuízo ao condenado, então não se aplica. • O homicídio simples (art. 121, caput, do CP) é crime hediondo? Via de regra não, somente quando for praticado na ação de grupos de extermínio. • O homicídio praticado por grupo de extermínio é um crime hediondo. O homicídio praticado por milícia privada (art. 121, §6°) também é? A lei não fala nada sobre milícia, então um homicídio simples praticado por milícia não está incluso no artigo. Grupo de extermínio são justiceiros pagos para matar, e milícia privada tem como justificativa a segurança. • Um homicídio pode ser privilegiado e qualificado ao mesmo tempo? Se puder, deve ser considerado um crime comum ou hediondo? Sim, desde que seja privilégio (circunstância subjetiva) e qualificadora (objetiva). Exemplo: filha estuprada, pai fica sabendo, e coloca fogo (objetiva – qualificadora) no bandido, circunstância subjetiva provocação – homicídio privilegiado qualificado. Há duas correntes: primeira diz que se fizer analogia com o artigo 67 consegue perceber que as circunstâncias subjetivas tem um peso maior, sendo assim, pesa mais o privilegio e diz que esse crime não é hediondo; segunda corrente diz que essa analogia não é possível no caso, e a lei diz que se o crime é qualificado basta para configura-lo como qualificado. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • O crime de tráfico de drogas privilegiado (art. 33, §4°, da Lei n° 11.343/06) deve ser considerado equiparado a hediondo? Hoje o trafico privilegiado já está pacificado, o STJ cancelou a sumula 512, e o pacote anticrime inclui dizendo que não é crime hediondo e nem equiparado a hediondo. • DICA DO DIA: tente memorizar os crimes que são considerados hediondos, pois é muito frequente que a formulação de questões de concursos públicos sobre o rol taxativo trazido pela Lei n° 8.072/90. LEI DE DROGAS – LEI N° 11.343/06 1. ASPECTOS GERAIS DA LEI N° 11.343/06 • Tratamento diferenciado para usuários e traficantes de drogas. (ler artigo 23, 23A) • Problema de saúde pública. • Política de redução de danos. • SISNAD: Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. 1.1. QUAIS SÃO AS DROGAS ILÍCITAS? • Artigo 1°, parágrafo único, da Lei n° 11.343/06. • Lei Penal em branco heterogênea: Portaria da ANVISA/MS – os crimes previstos na Lei de Drogas são considerados Lei penal em branco (incompleta, carece de complemento de outra lei ou ato normativo), neste caso precisa de ato normativo do poder executivo. Heterógena (diferente), a fonte material de onde é produzida essa lei é diferente, quem produz a lei pe nal é o congresso nacional (poder legislativo), e quem produz o complemento é o poder executivo. • A utilização de um complemento oriundo do Poder Executivo viola o princípio da reserva legal? O entendimento que prevalece é que não, pois o crime está previsto na lei penal, quem criou a figura criminosa foi o congresso nacional. Imagina se o legislador tivesse que modificar a lei a cada droga que surgisse? Por isso,essa responsabilidade é do órgão administrativo ANVISA, executivo, é melhor do que passar isso por um processo legislativo. 1.2. EXISTEM RESSALVAS? • Artigo 2°, caput e parágrafo único, da Lei n° 11.343/06. a) Plantas de uso em ritual religioso: é necessário solicitar autorização para o cultivo? Sim é necessário, solicitar previamente esse cultivo para essa finalidade. (plantio de plantas que podem converter em droga para fim religioso). b) Para fins medicinais ou científicos: pode haver o cultivo, mas necessita de autorização. 2. PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PRÓPRIO (ART. 28) 2.1. ASPECTOS GERAIS DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Afastou a aplicação de pena privativa de liberdade. O artigo 28 não tem pena de reclusão ou detenção, por tanto é crime? Contravenção? Alguns autores chamam esse artigo de tipo penal sul generis. • O artigo 28 é um tipo penal sui generis? Houve descriminalização ou despenalização do porte para uso? É um tipo penal sul generis, porque a lei não comina a esse crime pena privativa de liberdade. Alguns dizem que houve discriminação, mas se caso fosse não seria nem descrito. Agora despenalização parece mais correto, apesar que só se pode falar quando se trata de pena privativa de liberdade, sujeito vai ter outro tipo de pena. • A condenação definitiva pelo crime descrito no artigo 28 gera reincidência para aquele pratica um novo crime? Alguns de maneira automática, acreditam que sujeito praticou crime, foi condenado, gera reincidência. Raciocinando, contravenção não gera reincidência, a contravenção tem previsão de pena de prisão simples, e ela não gera reincidência, agora como considerar que essa infração do artigo 28 gera reincidência se nem previsão de pena de prisão tem? Então pela lógica se uma infração que gera prisão ainda que pequena não gera reincidência, uma que não tem chance nenhuma de gerar prisão não deveria gerar reincidência – isso é fruto de muito discussão. • É possível aplicar o princípio da insignificância a este delito? O que entendem os tribunais superiores? Divergência (STJ x STF). Divergência muito grande na jurisprudência, doutrina e tribunais superiores. Alguns entendem que sim, pode se aplicar, porque pequena quantidade de droga não gera prejuízo significativo na saúde pública, outros pensam que independente da quantidade o sujeito esta apoiando o tráfico, portanto não se aplicaria o princípio. • Usar drogas é crime? A lei não tipifica o uso, o uso é fato atípico, é necessário materialidade da droga para enquadrar como crime. Exemplo: exame antidoping. de atleta constata uso de drogas, ele não é responsabilizado. Exemplo²: Se o sujeito consumir só metade do cigarro, e for encontrado com a outra metade, pode ser preso pois está portando droga. • Como saber se a droga se destina ao tráfico ou ao uso? O Brasil adotou o sistema da quantificação legal ou judicial? Artigo 28, §2°, da Lei n° 11.343/06. A lei traz um padrão, analisa se o cenário é indicativo de tráfico ou uso, o sujeito que apenas usa, não vai ter objetos para fabricação, para o tráfico • O ônus da prova da traficância (destinação da droga) pertence ao MP. – sujeito não precisa provar que não é traficante, o MP que tem que provar que é tráfico. • Pena restritiva de direitos: não é uma pena substitutiva. Não pode ser convertida em privativa de liberdade em caso de descumprimento. – restritiva de direito é pena principal não substitutiva, se descumpri-la não pode converter em privativa de liberdade. • Descumprimento da medida imposta: sucessivamente, admoestação verbal e multa (art. 28, §6°, da Lei n° 11.343/06). Não se admite a aplicação da multa (coercitiva) de imediato. Não servem para substituir a pena imposta, mas sim para complementá-la. Não eximem o condenado de cumprir a reprimenda que lhe foi imposta. • Tratamento para o usuário dependente: voluntário e gratuito (art. 28, §7, da Lei n° 11.343/06). • Prazo prescricional (art. 30 da Lei n° 11.343/06): não tem pena de prisão, qual será o prazo prescricional? O prazo prescricional aqui é fixo, 2 anos. Se menor de 21 anos, o prazo cai pela metade. • Licença para produção de drogas: art. 31 da Lei n° 11.343/06 c.c. Portaria SVS/MS 344/98. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Competência para julgamento: quem vai julgar o porte de droga para uso próprio? Via de regra justiça estadual, esse crime é de menor potencial ofensivo, vai para o JECRIM estadual (um teto de até dois anos de condenação) • Benefícios penais: transação penal, porque vai pro JECRIM, suspensão também. 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: saúde pública b) Objeto material: é a pessoa ou coisa sob a qual recaí a conduta (observar os verbos das condutas no texto legal – adquirir drogas, guardar drogas) – objeto material é drogas. c) Tipo objetivo: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo” - guardar e tiver em depósito são verbos parecidos, a diferença é que em um o sujeito tem certa vigilância e no outro não, transportar e trazer consigo, tranpottar d) Tipo subjetivo: elemento subjetivo específico (dolo específico). “Para consumo pessoal”, se não houver esse dolo específico é outro crime. e) Elemento normativo do tipo: negativo. “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Quando se pratica um crime de furto sem saber da licitude incorre como erro de proibição, mas aqui se praticar o crime sem saber da licitude, enquadra como erro de tipo, pois o erro incide sob o elemento do tipo. f) Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa g) Sujeito passivo: a coletividade h) Consumação: dependerá do verbo, adquirir, por exemplo, é consumação instantânea, crime instantâneo, já guardar é crime permanente, consumação se prolonga no tempo. i) Tentativa: possível, tentativa de adquirir, por exemplo, j) Crime de perigo abstrato: as vezes o sujeito não gera dano efetivo a saúde pública k) Tipo misto alternativo: mesmo que o sujeito pratique todos os verbos, responderá por um crime. 3. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS (ART. 33) 3.1. ASPECTOS GERAIS • Inaplicabilidade do princípio da insignificância. (no porte de drogas para uso próprio se aplica, aqui nesse caso não). Prevalece o entendimento que não da para aplicar esse princípio da insignificância neste caso, pois uma vez que esse sujeito se dedica ao tráfico faz parte de um comércio que prejudica a saúde pública (nem que seja pouca droga, não existe um padrão). • Negociar drogas é crime? é fato atípico, mas se a pessoa já tem a droga em depósito o crime de tráfico já está consumado para essa pessoa – a pessoa que liga, pergunta o preço, tenta negociar não comete crime, pois é fato atípico, agora aquele que possui a droga qualifica. • Tráfico de drogas e erro de tipo: ocorre quando há desconhecimento do transporte da droga. O erro sobre elemento do tipo apenas ocorre em circunstâncias extraordinárias, quando há prova irrefutável da ausência de consciência da ilicitude da conduta. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Como o traficante usuário deve responder? Aquele que além de vender, também porta a droga para o uso. Responderá apenas pelo tráfico, pois se há duas condutas que lesionam o mesmo bem jurídico, deve se acolher aquela que mais lesiona – princípio da alternatividade • Crime equiparado a hediondo – o tráfico não é crime hediondo, é equiparado a hediondo, tem tratamento similar ao do hediondo. 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: bem jurídico protegido pela norma, neste caso é a saúde pública. b) Objeto material: é a pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta. A conduta é verbo, exportar o que? vender o que? = drogas é o objeto material. c) Tipo objetivo: artigo 33 - ter em depósito (ex. colocar numa garagem, sem vigilância), transportar (colocarnum porta luvas), trazer consigo (trás junto ao corpo), guardar (guardar com vigilância), prescrever – de acordo com a doutrina denota um crime próprio, os outros crimes (verbos) são crimes comuns (qualquer pessoa pode praticar), prescrever é próprio pois só que pode pratica-lo é médico e dentista. Ministra (injetar em alguém), d) Tipo subjetivo: esse crime só é doloso, não tem prescrição culposa – se fazer sem querer é fato atípico. e) Elemento normativo do tipo: negativo. Falta de autorização – causa erro de tipo f) Sujeito ativo: em regra é crime comum, exceto no verbo prescrever que é próprio g) Sujeito passivo: a coletividade, pois o bem jurídico lesado é a saúde pública, que pertence a todos h) Consumação: vai depender de verbo para verbo (há 18 verbos), há crimes instantâneos e crimes permanentes. Guardar, por exemplo, é crime permanente; agora importar, exportar, vender é verbo instantâneo. i) Tentativa: é possível tentativa. Exemplo: tentativa de exportar, mas a pessoa é pega no aeroporto. j) Tipo misto alternativo: o art. 33 tem 18 verbos, separados por virgulas, e antes do último verbo tem a conjunção “ou”, isso da entender que se o sujeito praticar mais de um verbo (ação) sobre o mesmo objeto material, será responsabilizado por um crime só. 3.3. VENDA DE DROGAS PARA POLICIAL DISFARÇADO (ART. 33, §1°, IV) • Inciso IV incluído pela Lei n° 13.964/19 (pacote anticrime) – policial disfarçado que se passa por um comprador de droga. • Não seria o caso de um flagrante provocado? • A permanência anterior justifica o flagrante? Para alguns sim, já justificaria esse flagrante; ex. policial vai até a casa do traficante comprar droga, e ele a vende, ele guarda a droga em sua casa para fins de tráfico, isso por si só já qualifica o crime, já estava consumado. • E se o vendedor da droga não tinha a posse precedente do entorpecente? se ação do policial motivar a ação do suspeito, isso se torna inválido, por exemplo, o policial pedir a droga, o suspeito ir buscar a DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA droga em algum lugar, ele não tinha a droga, e foi busca-la pela provocação do policial, esse flagrante não é válido. • Nesse caso, como fica a Súmula 145 do STF? Essa súmula fala que flagrante preparado torna o crime um crime impossível – defesa no caso do vendedor não ter a posse da droga, e o a simulado o instigou a comprar. • O MP deve denunciar o indiciado por venda ou por guardar droga (crime permanente)? Por guardar, a venda foi uma falsa venda, a defesa consegue derrubar a venda com facilidade, pois é simulada, essa venda é crime impossível. Agora o guardar já estava consumado. OBS: sujeito que fornece dolosamente seringa e agulha, caracteriza o §2º concurso material obrigatório – “sem prejuízo das penas previstas no art. 28 – responde pelo dois crimes 3.4. TRÁFICO PRIVILEGIADO (CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO §4°) • Traficante de “primeira viagem”. a) Primariedade: não é reincidente b) Bons antecedentes: para ter mal antecedentes o sujeito precisa ter sido condenado criminalmente c) Não dedicação a atividades criminosas: comprovar que o sujeito não vive do crime d) Não integração de organização criminosa: deve se analisar o perfil do sujeito • As “mulas do tráfico” podem ser beneficiadas? Divergência. Alguns entendem que não, pois a mula serve a organização criminosa; outros dizem que a mula não sabe nada da organização criminosa, e que por essa razão devem se beneficiar. •O crime de tráfico privilegiado não admite pena restritiva de direitos? Essa redação foi retirada, hoje admite-se. • Combinação entre o §4° e Lei n° 6.368/76 (antiga Lei de drogas). Súmula 501 do STJ – não se pode fazer essa combinação, há uma súmula proibindo isso. • O crime de tráfico privilegiado é equiparado a hediondo? Vide art. 112, §5º da LEP; cancelamento da Súmula 512 do STJ – essa súmula foi cancelada, o crime de tráfico privilegiado já não é mais equipara a crime hediondo. É inconstitucional colocar de maneira automático a pessoa no regime inicial fechado. 4. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ARTIGO 35) 4.1. ASPECTOS GERAIS • Exige estabilidade e permanência – associação só se caracteriza quando houver esses aspectos. Renato Brasileiro tenta objetivar esses termos, ele alega ser necessário para caracterização da estabilidade e permanecia um mínimo de organização entre as pessoas, não um encontro casual. • E se a associação for composta por menores ou por alguma pessoa desconhecida? se associar com menor de idade – eu respondo por associação criminosa, e o menor por ato infracional por ser menor DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA de idade, caso tenha mais uma pessoa não determinada, quando for determinada responderá por associação também. Basta saber a quantidade das pessoas. • O crime do art. 35 da Lei n° 11.343/06 é equiparado a hediondo? Não é equiparado, pois toda vez que se lê na CF fala sobre tráfico, não associação para o tráfico, é um crime comum. Alguns autores entendem o contrário, como Nucci. A consumação da associação pode ocorrer antes do tráfico, então pode haver associação para o tráfico sem que se efetue o crime de tráfico. 4.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: é a paz pública b) Objeto material: não tem c) Tipo objetivo: associarem-se. “núcleo” verbo d) Tipo subjetivo: dolo específico, aqui o sujeito tem uma qualidade especial. se fosse comum bastava o dolo de se associar (ex. se associar para fins religiosos seria crime), tem que ter o dolo de se associar para fins de praticar crimes descritos nos artigos (finalidade específica, especial). e) Requisitos: mínimo de 2 pessoas – diferença marcante entre crime de associação criminosa comum (associa para praticar crimes previstos no CP) e associação para o tráfico • Envolvimento mínimo de duas pessoas; • Intenção de cometer qualquer dos crimes dos artigos 33, caput e §1°, e 34; f) Consumação: quando a estabilidade e permanência são configuradas (se não figurar o fato é atípico). Se comprova a consumação na prática com a interceptação telefônica g) Tentativa: não se admite tentativa (apesar de ser crime permanente) h) Crime formal: na essência, pois associação criminosa o sujeito se associa para o fim de traficar tráfico, mas as vezes não consegue concretizar o tráfico. Esse resultado não precisa ocorrer para o crime se consumar. artigo 36 – investidor do mercado do tráfico. Corrente majoritária diz ser o financiador contumaz, não aquele investiu esporadicamente. Alguns dizem que exige habitualidade, faz do financiamento das drogas um meio de vida (não é o traficante, mas sim um investidor) artigo 37 – se colabora com o sujeito para matar alguém, eu respondo como partícipe do mesmo crime. Neste artigo o legislador resolveu fazer uma exceção a teoria monista no que se refere a informante. Se não tivesse esse artigo o “fogueteiro” (informante) responderia pelo artigo 33, por isso é uma exceção, ele de certa forma colabora com o tráfico, mas não responderá da mesma forma. artigo 38 – prescrever (médico ou dentista), ministrar pode ser qualquer um. Esse crime é um crime culposo. Médico prescreve de maneira CULPOSA. artigo 39 – conduzir embarcação ou aeronave após consumo de drogas – carro não entra aqui, mas sim no artigo 306 Lei de trânsito (mesma pena). DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA 5. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (ART. 40) • Aplicadas na terceira fase da dosimetria. • Pode haver cumulação de causas de aumento (art. 68, parágrafo único, do CP). Poderão ser aplicadas duas ou mais causas de aumento. O jeito correto de fazer essa dosimetria e apurar as frações separadamente, por exemplo, uma pena na segunda fase de 9 anos, com duas causas de aumento de 1/3 cada, será apurado as frações separadamente – 9 de 1/3 = 3 anos + 9 de 1/3 = 3 anos, some todasas penas 9+3+3= 15 anos 5.1. TRANSNACIONALIDADE DO DELITO (ART. 40, I) – exportar ou importar a droga • Competência: da justiça federal, é quem vai julgar o caso. • Súmula 522 do STF. • Súmula 528 do STJ. • Súmula 607 do STJ. • Dupla tipicidade. Precisa verificar se existe dupla tipicidade, o crime precisa ser crime aqui e crime lá aonde o sujeito trouxe ou levou a droga. Exemplo: lança perfume não é crime na argentina, mas aqui no Brasil sim. Eu trago lança perfume para o Brasil, configura a causa de aumento de pena? Tráfico já está configurado, mas não responderei pela causa de aonde (não incide), porque precisa da dupla tipicidade. Lá não é crime, então não ofende a legislação do outro país. Agora cocaína que é crime em ambos os países incidiria PROVA • Não confundir tráfico transnacional com extraterritorialidade – tráfico transnacional parte da execução ocorreu aqui no Brasil, seja porque exportou ou importou a droga; agora extraterritorialidade todas as fases do crime ocorreram fora do Brasil (ex. brasileiro indo da Bolívia para os EUA levando drogas, não se aplica o art. 40, I, pois é extraterritorialidade). 5.2. PREVELECIMENTO DE PODER (ART. 40, II) • Inclui o professor particular – missão de educação • Função pública: art. 327 do CP. 5.3. 5.3 LOCALIDADE DA PRÁTICA DO CRIME (ART. 40, III) • Rol taxativo • Exige que a infração efetivamente seja cometida em um desses locais. (escola = faculdade) • Independe do intuito da comercialização de drogas com os frequentadores desses locais. (mesmo que ele esteja na porta da escola e não venda drogas para os estudantes e sim para terceiros ainda se aplica esse artigo). • Imediações: critério razoável (ex. na UNAERP, até dois quarteirões os alunos esperam condução, estacionam os carros, a universidade ainda influencia naquele local, agora três a quatro quarteirões se torna uma rua comum, já não se tem uma influência direta). Não há padrão físico, o juiz leva em consideração o critério razoável. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • E se o comércio se der em um final de semana nas imediações de uma escola infantil? Gera uma controvérsia, primeiramente tem que se pensar duas interpretações: essa pessoa que esta vendendo drogas de final de semana, o juiz pode interpretar que esse sujeito vai acostumar pessoas como usuários e outros traficantes a circular ali então se aplica o aumento de pena; agora um juiz mais flexível pensaria que o juiz tem que julgar o fato e não projetar o que pode ocorrer no futuro, a finalidade deste dispositivo é o sujeito que praticou o fato no local onde grande numero de pessoas poderia ter contato com a traficância, como ocorreu no final de semana não houve acesso a muitas pessoas, esse sujeito não praticou o fato tendo potencialidade a muitas pessoas, o espirito da lei não foi atingido, então não se deveria aplicar. 5.4. EMPREGO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA (ART. 40, IV) IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 5.5. TRÁFICO INTERESTADUAL (ART. 40, V) V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; E o tráfico entre municípios, caracteriza essa causa de aumento? Evidentemente não, pois não tem previsão legal, agora quando os municípios são de estados diferentes se caracteriza o interestadual. 5.6. ENVOLVIMENTO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (ART. 40, VI) VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; Tomar cuidado – vai ser aplicado tanto como criança for vítima quanto for coatora. Criança vítima: princípio da especialidade – o art. 33 da Lei nº 11.343/06 é especial em relação ao art. 243 do ECA – traficante que vende drogas para o menor, não o usa para traficar. Criança coautora (não corrompida): concurso material entre o tráfico e corrupção de menores art.244 B do ECA, sem aplicação da majorante. Criança coautora (corrompida): tráfico de drogas majorado (art. 40, inciso VI) Se a droga que vendeu para o menor for as constantes na lei de drogas o traficante responde pelo artigo 33 da lei 11.343/06 com causa de aumento de pena do art. 40, VI – princípio da especialidade. Agora se o sujeito fornece cola para o menor cheirar, não entra na lista de drogas da ANVISA, dai responde pelo artigo 242 do ECA. 5.7. FINANCIAMENTO DESPROVIDO DE CONTUMÁCIA •Diferença com o artigo 36 da Lei nº 11.343/06 – o artigo 36 é o financiamento habitual, que financia como se fosse um negócio, financiado contumaz; agora o artigo 40, inciso VII é um financiamento pontual, sem ânimo de prosseguir. Aqui nesse caso responderá pelo artigo 33, mais o artigo 40, inciso VII. Agora se for habitual é o artigo 36, e não cabe aplicação dessa majorante, se não have ria Bis in idem, o sujeito já está sendo acusado por financiar, então não faz sentido uma majorante sobre financiar. • Súmula 587 do STJ. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • E o tráfico intermunicipal? • Aplicável se a criança for vítima ou coautora. • Criança vítima: princípio da especialidade – o art. 33 da Lei n° 11.343/06 é especial em relação ao art. 243 do ECA. • Criança coautora (não corrompida): concurso material entre o tráfico e corrupção de menores art. 244-B do ECA, sem aplicação da majorante. • Criança coautora (corrompida): tráfico de drogas majorado (art. 40, inciso VI). • Diferença com o art. 36 da Lei n° 11.343/06. AULA 03 ESTATUTO DO DESARMAMENTO – LEI N° 10.826/03 1. ASPECTOS GERAIS DA LEI N° 10.826/03 • Resultado do referendo: 63% da população votou favoravelmente ao comércio de armas de fogo. • Política de desarmamento da população civil. • (Des)proporcionalidade das penas – a pena de um crime de perigo (simplesmente ter a arma) é maior que a de um homicídio culposo e chega perto da de homicídio doloso. • Mais armas, menos crimes? Armar a população diminuiria os crimes? • SINARM (Sistema Nacional de Armas) > Ministério da Justiça > Polícia Federal: armas de uso permitido. Esse sistema é responsável pelo cadastro das armas de uso permitido. Concessão do registro, autorização de compra, controlar com quem está a arma e etc. • SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas) > Ministério da Defesa > Comando do Exército: registro das armas de uso restrito – armas das forças armadas. Há uma norma que obriga esses dois sistemas a se comunicarem, está ocorrendo um conflito nessa comunicação, nessa troca de dados. • Autorização de compra de arma de fogo: ter 25 anos de idade ou mais > outras (arts. 4° e 28 da Lei n° 10.826/03 c.c. art. 12 do Dec. n° 9.847/19). Exceções a compra para menores de 25 anos, artigo 28. • Certificado de registro de arma de fogo: depois de comprada a arma precisa do CR, é o documento que vai dar direito de ter a arma em casa e não para sair com ela por ai. • Guia de trânsito: arma desmontada, desmuniciada e acondicionada no porta-malas do veículo. Vide Dec. n° 9.847/19 – não autoriza a sair por ai com a arma, apenas autoriza a levar a arma do ponto A ao ponto B, exemplo, sair do clube de tiro para sua casa, do armeiro para sua. O mínimo que alei exige é que esteja desmuniciada, mas é mais seguro estar desmontada. Art. 51. [...] § 3º A guia de trânsito de que trata o § 1o autorizará tão-somente o transporte da arma, devidamente desmuniciada e acondicionada de maneira que seu uso não possa ser imediato, limitado para o percurso nela autorizado. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Porte de arma de fogo: autorização precária (embriaguez, por exemplo), revogável, intransferível e territorialmente limitada. Especifica a característica da arma que pode ser portada e que é o sujeito beneficiado poressa autorização. Porte é levar a arma consigo, geralmente pessoas relacionadas a segurança pública, o porte é mais restrito que a posse (que é só em casa ou seu estabelecimento comercial). • Bem jurídico tutelado: segurança e paz públicas (incolumidade pública). • Competência para julgamento: vide Súmulas 122 e 147 do STJ – geralmente justiça estadual, federal se for trafico internacional de armas, ou fato cometido por funcionário público e etc. 2. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (ART. 12) Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Trata do de posse, não porte, se está com a arma no carro é porto artigo 14. 2.1. ASPECTOS GERAIS • Competência: via de regra a competência para esses crimes de porte e posse é estadual, exceto se o crime for praticado por funcionário público federal e o crime se dê por razão da sua função. • (Des)necessidade da realização de exame de corpo de delito (art. 158 do CPP): há possibilidade desse exame ser suprido por prova testemunhal (art. 167 do CPP). Entendimento jurisprudencial: inversão do ônus da prova (quem terá que comprovar que não estava com arma é o investigado). Exemplo: vizinho filma o outro vizinho com uma arma, sem que ele tenha autorização, o testemunho do vizinho pode tornar desnecessário o exame. 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: doutrina divergem, alguns falam que é segurança pública e paz pública, outros dizem ser a incolumidade pública b) Objeto material: como definir o que é arma de fogo de uso permitido. Critério: art. 2°, I, do Dec. n° 9.847/19. O objeto material é a arma de fogo, a munição e o acessório de uso permitido (tudo aquilo que potencializa o uso da arma de fogo – uma mira, silenciador). Alterações recentes no decreto delimitou as armas de uso permitido, antes era por exclusão (é permitido o que não é proibido), agora o decreto é mais restrito, dá mais segurança jurídica, mas caso haja lacuna pode deixar algumas situações impunes (mesma coisa no caso de drogas que não constam na lista da ANVISA – sujeito não responde). • Arma de fogo desmuniciada: fato típico, crime de perigo, não interessa se está com bala ou sem bala. Se fosse uma caixa de bala sem arma também é igualmente típico. • Arma de fogo defeituosa: defeito crônico, fato atípico, pois não tem chance de gerar perigo a ninguém – ineficácia absoluta do meio. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Arma de fogo desmontada: fato típico, é uma arma de fogo que funciona, causa perigo. • Arma de brinquedo: o art. 26 da Lei n° 10.826/03 proíbe comercio de arma de brinquedo, mas não impõe sanção. Fato atípico, não causa perigo. c) Tipo objetivo: ✓ Residência e suas dependências: art. 4°, §1°, do Dec. n° 9.847/19; não está falando necessariamente na casa, pode ser no jardim etc. ✓ Titular ou responsável: art. 4°, §1°, do Dec. n° 9.847/19; dono da empresa – contrato social, responsável gerente ✓ Área rural: art. 5°, §5°, da Lei n° 10.826/03.a extensão é de toda propriedade rural. d) Tipo subjetivo: dolo, crime não pode ser punível a título de culpa, crime doloso. ✓ O projétil utilizado em obra de arte ou em um colar descaracteriza a natureza do delito? Mesma que a munição seja ilegal o entendimento que o fato é atípico, pois demonstra que não tem o dolo de realizar atividade de perigo, apesar d aporte desses projeteis serem ilegais. e) Elemento normativo do tipo: “em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Tem que possuir em desacordo com regularização legal ou determinação legal para caracterizar o crime. f) Elementos modais (espaciais): residência, dependências e local de trabalho. g) Sujeito ativo: comum / próprio (Quem é o titular ou responsável pelo estabelecimento ou empresa?). Primeira parte do artigo - para ter uma arma ilegal na sua residência o crime é comum (qualquer pessoa); segunda parte - agora ter a arma em uma empresa esse crime é próprio, precisa que seja titular ou responsável. Exemplo: professor leva arma para faculdade, não responde pelo artigo 12, pois ele não é o responsável pela instituição, não é o gestor, o professor responderia pelo art. 14. É um crime Unissubjetivo (aquele que pode ser praticado apenas por uma pessoa, pode ser praticado por mais também). h) Sujeito passivo: crime vago, pois não tem uma personalidade jurídica determinada, aqui é a sociedade, coletividade. i) Consumação: mera conduta e permanente. Mera conduta, pois não prevejo o resultado e permanente (possuir arma ilegal por 3 anos – em qualquer momento é flagrante delito, e o prazo prescricional começa a correr a partir do término da permanência). j) Tentativa: crime plurissubsistente, ou seja, sua conduta é fracionada em dois ou mais atos, esse crime admite tentativa. k) Crime de perigo abstrato: perigo presumido, não precisa nem comprovar l) Norma penal em branco: heterogenia – precisa ser complementada por ato normativo de fonte provinda do poder executivo DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA m) Entrega espontânea e extinção da punibilidade: art. 32 da Lei n° 10.826/03. Não extingue a punibilidade do porte, mas tão somente da posse. Estratégia inteligente para quem quer se livrar de um problema criminal. Antes de entregar, retirar a guia de trânsito, para levar a arma. n) Posse de arma e violência doméstica: art. 22, I, da Lei n° 11.340/06. O delgado da delegacia da mulher verifica se o agressor tem posse de arma, caso tenha ele notifica o juiz, e o juiz cautelosamente pode suspender essa posse; se mesmo assim ele continuar com arma ele incorre nesse crime. 2.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES ACERCA DO ART. 12 • O agente pode adquirir munição de calibre diferente daquele que consta da autorização? Não, é fato típico (a não ser que seja por erro – erro de tipo) • E se o sujeito possuir mais de uma arma de fogo no mesmo contexto? Sujeito que comprou 3 armas de fogo ilegais responderá por um crime só, pois está no mesmo contexto, um crime só E se uma delas for de uso restrito? 2 dessas 3 armas é de uso permitido, e 1 é de uso restrito – como esse sujeito responderá? Por um crime, art. 12 ou 16, ou pelos dois crimes? Por um crime, a situação de perigo continua sendo uma só, e o bem protegido nos dois artigos é o mesmo, nesse caso aplica-se a pena do artigo 16, a mais grave. • O que acontece se sujeito ativo souber que receptou a arma que possui? Sujeito compra arma que sabe que é furtada – responde por receptação e posse de arma ilegal? Responde pelos dois crimes em concurso material, bens jurídicos diferentes. • O agente que mantém a arma na residência de sua amante deve responder por algum crime? Sim, mas não se enquadra no artigo 12, a casa da amante não é a residência dele, responderá pelo artigo 14, posse. A amante poderia responder por porte, caso saiba que a arma está lá. Se a arma estive na casa da esposa titular enquadraria no artigo 12. • O que acontece se o prazo do registro expirar e o agente ainda assim mantiver a arma em sua casa? Trata-se de um fato tipicamente penal ou de um mero ilícito administrativo? O entendimento da jurisprudência e tribunais superiores é de que o sujeito que já teve registro, autorização, está apto para ter a arma e o mero atraso no prazo no registro é uma inflação administrativa. OBS.: O registro deverá ser renovado a cada 10 anos de acordo com o art. 3°, §10, do Dec. n° 9.845/19 • O agente que tem o certificado de registro pode portá-la ostensivamente dentro de sua casa?Divergência. Tem autorização para ter a arma dentro de casa, mas não significa que possa ficar ostentando a arma dentro de casa, a finalidade é de defesa pessoal, deve ficar guardada em lugar seguro. Legalmente não gera problemas, mas é falta de bom senso. • Como interpretar as expressões “local de trabalho” com relação aos vendedores ambulantes e aos caminhoneiros? Não dá para se aplicar, se o caminhoneiro for pego com arma no caminho é considerado porte, artigo 14. • E se o agente possuir munição desacompanhada de uma arma de fogo? Fato típico, artigo 12 DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • A posse de um único cartucho (munição) e a aplicação do princípio da insignificância (o tipo penal fala em munição, no singular). Divergência. Os tribunais superiores vêm aplicando o princípio da insignificância. 3. OMISSÃO DE CAUTELA (ART. 13) Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: - aqui não fala de munição, fala de arma de fogo 3.1. ASPECTOS GERAIS • Tipo penal culposo: a pessoa pratica por negligência • Crime de menor potencial ofensivo: a pena máxima é de dois anos, • Competência: competência é do JECRIM • Benefícios penais e processuais: Os benefícios penais e processuais cabíveis neste caso, são os prescritos na Lei n. 9099/95, isto é, a transação penal e o benéfico da suspensão condicional do processo. O acordo de não persecução penal não é possível, já que se admite a transação penal, e um dos requisitos para o oferecimento do acordo é o não cabimento da transação. 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: crime pluriofensivo (mais de um bem jurídico) – dois bens jurídicos protegidos a cal umidade pública e a integridade pessoal do menor ou doente mental b) Objeto material: só a arma de fogo, não entra munição e acessório ✓ E se a arma for “legalizada”? é um fato típico, não faz diferença a arma ser legal ou ilegal. ✓ E se o menor se apoderar de uma munição? Agora se for uma caixinha de balas é fato atípico, pois munição não está previsto no tipo penal c) Tipo objetivo: “deixar”. Condução omissa, negligente d) Tipo subjetivo: culpa. Se entregar a arma para criança é outro crime, aqui se trata de crime culposo. ✓ E se ficar comprovado que o possuidor da arma agiu de maneira diligente e zelosa? Ex.: acondicionar arma e munição em lugares distintos e fora do alcance normal de um menor. O sujeito nesse caso não responderá pelo crime, pois não houve negligência, foram tomadas as cautelas (ex. criança que é muito esperta, mesmo tomando todas as cautelas ela encontra a arma). O pai foi zeloso, não negligente, o fato é atípico. f) Sujeito ativo: crime próprio – final do artigo, sujeito precisa ser proprietário ou possuir da arma, é uma característica que quem pratica esse crime precisa ser. g) Sujeito passivo: crime vago – sujeito passivo é a sociedade DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA ✓ Há necessidade que exista vínculo entre o proprietário da arma e o menor? Não, pode ser o filho do vizinho. ✓ E se uma pessoa maior, embora inexperiente no manejo da arma, tiver acesso a este objeto? Fato atípico, primeiro não é menor de 18 anos e nem doente menor. h) Consumação: E se o possuidor for negligente e ainda assim o menor não se apoderar da arma? O fato é atípico, o tipo penal prevê o resultado, a consumação ocorre com o apoderamento da arma, se não se apoderar não se consuma. i) Tentativa: em crime culposo? Não existe tentativa em crime culposo 3.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES ACERCA DO (ARTIGO 13, CAPUT) • E se a criança se apoderar de 2 armas, uma de uso permitido e outra de uso restrito? Crime único, uma situação de perigo só. • É possível o concurso do art. 13 com o art. 12? Sim, por exemplo, sujeito já tinha a arma ilegal, e depois a criança se apoderou da arma – dois crimes, momentos de consumação diferentes, o art. 12 já estava consumado antes da criança se apoderar. • Como deve responder o possuidor caso o menor que se apoderou da arma acabe se matando acidentalmente? Responderá apenas pelo homicídio, pois o crime de homicídio é crime de dano, e do artigo 13 é crime de perigo – crime de perigo existe para que o dano não acontece, se o dano já aconteceu não faz sentido punir o perigo, o crime de dano (homicídio) absolve o crime de perigo (crime de cautela). 4. OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE PERDA OU SUBTRAÇÃO DE ARMA DE FOGO (ARTIGO 13, PARÁGRAFO ÚNICO) a) Objetividade jurídica: tutela a veracidade dos cadastros do SINARM – sistema nacional de armas. b) Sujeito ativo: crime próprio (vide art. 7° da Lei n° 10.826/03). Não é qualquer pessoa que pode praticá-lo, é proprietário e diretor de empresa de segurança, que demande por uso de armas. c) Sujeito passivo: coletividade, sistema de cadastro errado prejudica toda a sociedade, é nosso interesse que o sistema funcione. d) Tipo objetivo: é necessário registra a ocorrência e, também, comunicar à Polícia Federal? Tipo penal exige que ele tenha duas atitudes, então se ele deixa de fazer uma delas, formalmente o fato é típico e) Tipo subjetivo: o caput é um crime culposo, o parágrafo é um crime doloso, só se configura se tiver dolo. f) Classificação: crime omissivo próprio “deixar” – não puni a ação, puni a omissão. g) Consumação: crime a prazo, se consuma quando o prazo espira – 24 horas a partir do crime. O razoável seria a partir do momento DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA h) Tentativa: não é possível, pois é um crime omissivo próprio – ou você se omite ou não se omite, e além disso é um crime a prazo 5. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (ARTIGO 14) - sair com a arma é porte, posse é ter em casa (casa da amante é porte, por que não é residência dele; levar arma ao serviço é porte, pra ser posse sujeito teria que ser proprietário ou gerente ). 5.1. ASPECTOS GERAIS • O porte é excepcional: art. 6° da Lei n° 10.826/03 (“É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional”). A regra é que as pessoas não podem portar arma • Arma de uso permitido: art. 2°, I, do Dec. n° 9.847/19. • Interessados no porte: art. 10 da Lei n° 10.826/03. • Porte compartilhado: coautoria. • Causa de aumento: art. 20 da Lei n° 10.826/03 (membros das forças armadas, proprietários de empresas de segurança, membros de entidades desportivas e reincidentes específicos). 5.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: segurança pública, paz pública e para alguns a incolumidade pública b) Objeto material: arma, munição e acessório de uso permitido c) Tipo objetivo: tipo misto alternativo – se no mesmo contexto e mesmo objeto material o sujeito praticar mais de um verbo será um crime só. d) Tipo subjetivo: o crime é doloso, não tem figura culposa. e) Elemento normativo do tipo: “sem autorização E em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. ✓ A ausência de autorização implica logicamente estar em desacordo com determinação legal. Não configura delito: ✓ Sujeito que porta arma de fogo (tendo autorização de porte) em locais públicos; ✓ Sujeito que tem autorização para portar, mas não traz consigo o documento que comprova tal direito; ✓ Sujeito que porta arma de fogo (tendo autorização de porte) estando embriagado. f) Sujeito ativo: qualquer pessoa, mas tem causa de aumento caso seja um sujeito específico: ✓ Causa de aumento (art. 20, I): integrante da força ou empresa de segurança ✓ Causa de aumento (art. 20, II: reincidente específico em crimes dessa natureza DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSAg) sujeito passivo: a coletividade h) Classificação: crime de ação múltipla. i) Consumação: sujeito pego em flagrante delito a qualquer momento j) Tentativa: é possível, crime plurissubisistente. k) Porte de arma e violência doméstica: art. 22, I, da Lei n° 11.340/06 – suspende o porte de arma. l) Perda automática do porte: caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas, art. 10, §2°, da Lei n° 10.826/03. m) Cassação da autorização: inobservância das regras previstas no art. 20 do Dec. n° 9.847/19 (“adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em decorrência de eventos de qualquer natureza”). 5.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES ACERCA DO ART. 14 • O que acontece se o prazo autorização de porte expirar e o agente ainda assim portar a arma fora de sua residência? Fato típico. • O crime previsto no art. 14 é inafiançável? Vide parágrafo único do mesmo artigo. Vide ADIn 3.112.é previsto que é inafiançável, mas essa norma foi considera inconstitucional pelo supremo por comparar um crime de perigo a crimes gravíssimos, como estupro, por exemplo. 5. DISPARO DE ARMA DE FOGO (ART. 15) 5.1. ASPECTOS GERAIS • Subsidiariedade expressa – caso esse disparo cause um homicídio, a pessoa responderá pelo homicídio e não pelo disparo de fogo. • Crime de perigo abstrato. • Causa de aumento: art. 20 da Lei n° 10.826/03 (membros das forças armadas, proprietários de empresas de segurança, membros de entidades desportivas e reincidentes específicos). • O registro ou porte autoriza a realização de disparos? Não 5.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: segurança pública, paz pública e para alguns incolumidade pública b) Objeto material: não faz distinção entre arma de uso permitido ou restrito. c) Tipo objetivo: DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA ✓ Em lugar habitado ou em suas adjacências; + ✓ Em via pública ou em direção a ela. Exemplo fornecido por Rios Gonçalves: “se uma cidade ou vila tiver sido totalmente evacuada [...] para a futura instalação de uma hidrelétrica e, depois disso, alguém efetuar disparos no meio de uma das ruas, o fato será atípico, porque, apesar de ter ocorrido em via pública, o local não é habitado”. Fato típico – a casa não deixa de ser uma casa habitada por razão de os vizinhos estarem ausentes no momento do disparo. d) Tipo subjetivo: dolo (direto ou eventual). e) sujeito ativo: qualquer pessoa ✓ Causa de aumento (art. 20, I): integrante da força ou empresa de segurança ✓ Causa de aumento (art. 20, II: reincidente específico em crimes dessa natureza f) sujeito passivo: a coletividade g) Consumação: instantânea – com o disparo h) Tentativa: crime plurissubisistente. Ex.: o “picote”. 5.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES ACERCA DO ART. 15 • E se o delito fim for menos grave (em termos de pena) que o delito meio (disparo)? Ex.: tentativa de lesão corporal (art. 129 do CP) – doutrina majoritária entende que nesse caso não poderia um crime mais leve absorver o crime mais grave (crime fim – crime meio), o sujeito teria que responder pelo disparo. Mas o tipo peal não especifica que o crime fim deve ser mais grave, então o certo seria responder pelo crime fim (lesão corporal) independentemente de ser ou não mais leve. • O disparo em lugar deserto é conduta típica ou atípica? Atípica, lugar decerto sozinha. • O disparo acidental é conduta típica ou atípica? Atípica • A deflagração de mais de um projétil num mesmo contexto importa em concurso de crimes? No mesmo contexto é um crime só. • O sujeito que dispara uma arma que possui ou porta ilegalmente provoca o concurso de crimes? Antes do disparo o crime do artigo 12 já estava consumado, após do disparo consumiu o outro crime, então haverá o concurso (se pega a arma exclusivamente para atirar é um crime só, mas caso tenha posse é concurso). DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Como deve responder o agente que utilizou efetivamente a arma em um roubo? É necessária a realização de exame de corpo de delito na arma? Não haveria bis in idem? Se o sujeito já tinha a posse ilegal da arma antes do roubo são dois crimes, se ele pegou a arma exclusivamente para praticar o roubo é um crime só. O entendimento que prevalece é que é possível fazer substituição do exame de corpo de delito por testemunha. Não haverá bis in idem • Como deve responder o agente que utilizou efetivamente a arma em um homicídio? Utilizou a arma exclusivamente no homicídio responde apenas por homicídio, se já tinha posse anterior responde por dois crimes – disparo e homicídio • E se o sujeito matar alguém em legítima defesa utilizando-se de uma arma que possuía irregularmente em sua residência anteriormente? Pelo homicídio não responderá pois está em legítima defesa, também não responde pelo disparo, pois foi necessário para a legitima defesa. Deve responder pelo crime que já havia consumado, a posse ilegal. ESTATUTO DO DESARMAMENTO (PARTE 2) – LEI N° 10.826/03 1. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO (ARTIGO 16) Não faz diferença em termos de tipificação, se o sujeito tem uma arma de uso restrito na sua casa, trabalho ou carro, pois tanto a porte como ou posse da arma de uso restrito recai no artigo 16. Diferente de arma de uso permitido, que se eu tiver em casa respondo pelo artigo 12, e se transportar no carro responde pelo artigo 14. O artigo 16 une o porte e a posse. 1.1. ASPECTOS GERAIS • Trata-se de um crime hediondo? Vide art. 1°, parágrafo único, inciso II, da Lei n° 8.072/90. A partir do dia 23 de janeiro de 2020 entrou em vigor a nova redação da Lei 8072, fizeram um manipulação dos dois testos (crimes hediondos – ficou uso proibido, e estatuto do desarmamento – ficou uso restrito), o artigo 16 continua como crime hediondo, mas só se for arma de uso PROIBIDO . A lei retroage, nesse aspecto a lei é benéfica, então hoje em dia se um sujeito entrega uma arma para uma criança não é mais crime hediondo. Só é hediondo se a arma for de uso proibido. • O juiz pode conceder liberdade provisória a alguém que pratica o crime descrito no artigo 16 da Lei n° 10.826/03? Vide art. 21 da Lei n° 10.826/03. Sim, pode. Até janeiro era liberdade provisória sem fiança porque era crime hediondo, agora pode ser afiançável 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: a incolumidade pública, segurança pública, paz pública b) Objeto material: arma, munição e acessório de uso restrito ✓ Uso restrito: art. 2°, II, do Decreto n° 9.847/19. ✓ E se for de uso proibido? Vide art. 16, §2°, da Lei n° 10.826/03. Uso proibido, objeto comum que simula uma arma de fogo – o enquadramento não é no caput, mas sim no § 2º, crime hediondo. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA ✓ Uso proibido (vedação total): art. 2°, III, do Decreto n° 9.847/19. Não tem qualquer possibilidade de um sujeito ter autorização para ter uma arma de uso proibido. c) Tipo objetivo: os verbos do tipo penal d) Tipo subjetivo: o dolo, trata-se de um crime doloso (todas as figuras do artigo). e) Elemento normativo do tipo: ✓ Quem autoriza a aquisição de armas de uso restrito? Vide art. 27 da Lei n° 10.826/03. ✓ “Sem autorização E em desacordo com determinação legal ou regulamentar” – conjunção aditiva, então para o sujeito praticar esse crime ele precisa estar sem autorização e estar em desacordo com determinação. Caso ele tenha autorização, mas esteja em desacordo (levar arma para locais públicos) não se configura crime. ✓ Sujeito que porta arma de fogo (tendo autorização de porte)em locais públicos; ✓ Sujeito que tem autorização para portar, mas não traz consigo o documento que comprova tal direito; ✓ Sujeito que porta arma de fogo estando embriagado f) Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa pode realizar. ✓ Causa de aumento (art. 20, I): integrante da força ou empresa de segurança; ✓ Causa de aumento (art. 20, II): reincidente específico em crimes dessa natureza. g) Sujeito passivo: coletividade h) Classificação: perigo abstrato (perigo presumido), mera conduta (resultado não precisa acontecer), tipo misto cumulativo (sujeito no mesmo contexto praticar mais de um verbo, responsabilizado por um único crime) i) Consumação: prática de um dos verbos j) Tentativa: é possível, crime plurissubisistente. 1.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES ACERCA DO ART. 16 • O porte de munição ou acessório de uso proibido constitui crime hediondo? Vide art. 1°, parágrafo único, inciso II, da Lei n° 8.072/90. O artigo só fala sobre arma, não se refere a munição e acessório de uso proibido, isso causa questionamentos. Existem dois entendimentos: primeira uma benéfica ao réu, se esta escrito só arma é porque munição e acessório não entram como crime hediondo; e a segunda corrente entende que constitui crime hediondo, pois como está usando o nome iuris (indica que se trata de tal artigo) – nesse caso tem a indicação do artigo 16 que contém munição e acessório. 2. FIGURAS EQUIPARADAS (INCISOS DO ART. 16) DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Tratam-se de tipos penais autônomos. • Podem provocar concurso de crimes entre o caput e os incisos. Também é possível existir concurso entre os incisos e outros artigos da lei. 2.1. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE NUMERAÇÃO DE ARMA DE FOGO (I) • Objeto jurídico: veracidade do cadastro de armas, pois afeta a fiscalização e o controle das armas de fogo pelo Estado. Supressão é apagar o número, e alteração é alterar o número da arma de fogo • Pune-se o responsável pela supressão ou alteração. • Abrange armas de uso permitido e restrito. • O sujeito que porta ou tem a posse de uma arma adulterada deverá responder pelo crime descrito no art. 16, §1°, IV, da Lei n° 10.826/03. 2.2. MODIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ARMA DE FOGO (II) • Espécie de fraude processual. • Ofende a administração da Justiça – fraudando uma investigação. • Pune-se o responsável pela modificação. • Dolo geral (1ª parte) / Dolo específico (2ª parte): • 1ª parte: arma de uso permitido. • 2ª parte: arma de uso permitido ou restrito. • O sujeito que porta ou tem a posse de uma arma adulterada que se tornou equivalente a uma arma de uso restrito deverá responder pelo crime descrito no art. 16, caput, da Lei n° 10.826/03. • O sujeito que porta ou tem a posse de uma arma adulterada que se tornou equivalente a uma arma de uso proibido deverá responder pelo crime descrito no art. 16, §2°, da Lei n° 10.826/03. 2.3. POSSE ILEGAL DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU INCENDIÁRIO (III) • Conflito com o art. 253 do CP: parcialmente derrogado. Permanece vigente com relação a gases tóxicos ou asfixiantes e substâncias explosivas. Mas no que se refere a artefato explosivo ou incendiário é inciso III. • Elemento normativo do tipo: “sem autorização OU em desacordo com determinação legal ou regulamentar”: a conjunção é alternativa - as vezes o sujeito tem autorização do uso do explosivo, mas as vezes o utiliza de forma inadequada, em desacordo com a regulamentação, irá configurar o crime do mesmo jeito. • Posse ilegal de explosivo x terrorismo: Vide Lei n° 13.260/16. • Posse ilegal de explosivo x Lei de Segurança Nacional: Vide art. 20 da Lei n° 7.170/83. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • E se o artefato incendiário resultar em incêndio (perigo concreto, com elevado e indeterminado número de pessoas expostas)? Vide art. 250 do CP 2.4. POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO ADULTERADA (IV) • O sujeito que produziu a alteração na arma deve responder por este delito? • Demanda interpretação analógica. O que é isso? • Haverá concurso de crimes se o sujeito portar ilegalmente uma arma com a numeração regular e outra com a numeração raspada? • E se a arma é de fabricação caseira, logo, desprovida de numeração, o fato será atípico? 2.5. VENDA DE ARMA DE FOGO A CRIANÇA OU ADOLESCENTE (V) • Conflito aparente de normas: art. 242 do ECA. Como devo aplicar este dispositivo? • E se o vendedor for enganado acerca da idade do menor? Responderá criminalmente pelo artigo 14, exclui o dolo do artigo 16, V, mas não exclui o dolo do artigo 14 – vender arma ilegal. 2.6. PRODUÇÃO, RECARREGAMENTO OU RECICLAGEM DE MUNIÇÃO (VI) • Elemento normativo do tipo: “sem autorização legal”. Não fala em regulamentar. 3. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO (ART. 17) 3.1. ASPECTOS GERAIS • Trata-se de um crime hediondo? Vide art. 1°, parágrafo único, inciso III, da Lei n° 8.072/90. Passou a se considerar esse crime como hediondo. • O juiz pode conceder liberdade provisória a alguém que pratica o crime descrito no artigo 17 da Lei n° 10.826/03? Vide art. 21 da Lei n° 10.826/03. Sim pode conceder. 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: incolumidade pública, paz pública. b) Objeto material: arma, munição e acessório. ✓ O tipo não faz distinção entre armas de uso permitido, restrito ou proibido. ✓ Porém, incidirá causa de aumento de pena (metade) caso a arma, munição ou acessório sejam de uso proibido ou restrito. c) Tipo subjetivo: DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA d) Elemento normativo do tipo: ✓ “Sem autorização OU em desacordo com determinação legal OU regulamentar”. ✓ Determinação legal: art. 4° da Lei n° 10.826/03: ✓ §2° A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. ✓ §4° A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. ✓ Determinação regulamentar: art. 5° do Decreto n° 9.847/19: ✓ §1° Os produtores e os importadores de armas de fogo informarão à Polícia Federal, no prazo de quarenta e oito horas, para fins de cadastro no Sinarm, quando da saída do estoque, relação das armas produzidas e importadas, com as informações a que se refere o inciso I do caput e os dados dos adquirentes. ✓ §2° As empresas autorizadas pelo Comando do Exército a comercializar armas de fogo, munições e acessórios encaminharão as informações a que se referem os incisos I e II do caput à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, para fins de cadastro e registro da arma de fogo, da munição ou do acessório no Sinarm ou no Sigma, conforme o caso, no prazo de quarenta e oito horas, contado da data de efetivação da venda. e) Sujeito ativo: crime próprio (no caput). ✓ Causa de aumento (art. 20, I): integrante da força ou empresa de segurança; ✓ Causa de aumento (art. 20, II): reincidente específico em crimes dessa natureza. f) Sujeito passivo: coletividade g) Classificação: mera conduta, perigo abstrato, tipo misto alternativo. h) Consumação: consumação de um dos verbos i) Tentativa: é possível 3.3. COMÉRCIO IRREGULAR OU CLANDESTINO (ART. 17, §1°) • Crime comum. • Pode ser exercido na residência. 3.4. FIGURA EQUIPARADA. INOVAÇÃO!!! (ART. 17, §2°) • Parágrafo incluído pela Lei n° 13.964/19. • Finalidade: evitar a alegação de crime impossível (art. 17 do CP). DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA • Não seria o caso de um flagrante provocado? Há discussão sobre o assunto. • A permanência anterior justifica o flagrante? • Nesse caso, como fica a Súmula 145 do STF?4. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO (ART. 18) 4.1. ASPECTOS GERAIS • Trata-se de um crime hediondo? Vide art. 1°, parágrafo único, inciso IV, da Lei n° 8.072/90. Sim • O juiz pode conceder liberdade provisória a alguém que pratica o crime descrito no artigo 18 da Lei n° 10.826/03? Vide art. 21 da Lei n° 10.826/03. Esse crime é inafiançável 4.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA a) Objetividade jurídica: segurança pública, paz pública, incolumidade pública b) Objeto material: arma de fogo, munição ou acessório – não define se tipo permitido, restrito ou proibido ✓ O tipo não faz distinção entre armas de uso permitido, restrito ou proibido. ✓ Porém, incidirá causa de aumento de pena (metade) caso a arma, munição ou acessório sejam de uso proibido ou restrito. c) Tipo subjetivo: só pode se configurar esse crime se for conduta dolosa. Se desfigurar conduta dolosa o fato é atípico. d) Elemento normativo do tipo: não tem a questão de “em desacordo com regulamentação” ✓ “Sem autorização da autoridade competente”. e) Sujeito ativo: crime comum ✓ Causa de aumento (art. 20, I): integrante da força ou empresa de segurança; ✓ Causa de aumento (art. 20, II): reincidente específico em crimes dessa natureza. f) Sujeito passivo: coletividade g) Classificação: mera conduta (não precisa de resultado para consumar), perigo abstrato (talvez não ocorra o dano), tipo misto alternativo (se o sujeito pratica mais de um conduta sobre o mesmo contexto e tipo material pratica um crime só. h) Consumação: praticou um verbo do tipo penal i) Tentativa: é possível. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA 4.3. FIGURA EQUIPARADA. INOVAÇÃO!!! (ART. 18, PARÁGRAFO ÚNICO) • Parágrafo incluído pela Lei n° 13.964/19. • Finalidade: evitar a alegação de crime impossível (art. 17 do CP). • Não seria o caso de um flagrante provocado? • A permanência anterior justifica o flagrante? • Nesse caso, como fica a Súmula 145 do STF? Considera crime impossível estimular uma pessoa não criminosa a praticar um crime. Agora se ele já tinha praticado um crime, não faz diferença, já está consumado. TORTURA – LEI N° 9.455/97 1. ASPECTOS GERAIS DA LEI N° 9.455/97 1.1. BREVE HISTÓRICO • Ordálios: Juízos de Deus • Sistemas inquisitoriais: busca da verdade real – em sistema democrático o juiz deve buscar a verdade processual, a que está nos autos 1.2. PRECEDENTES NACIONAIS • Agravante genérica: art. 61, II, “d”, do CP. • Art. 121, §2°, III, do CP. • Art. 233 do ECA: revogado. • Mandado constitucional de criminalização: art. 5°, III, da CF/88. • Garantia individual absoluta: e a teoria do Ticking Time Bomb Scenario? Patriotic Acts (guerra ao terror). • Crime equiparado a hediondo. • Lei n° 9.455/97: o Brasil foi um dos últimos países do mundo ocidental a tipificar o delito de tortura. • Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura: Lei n° 12.847/13. Nos outros países tortura é crime próprio (só pode ser praticado por policiais e etc.), no Brasil, é crime comum (qualquer pessoa pode praticar tortura). DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA 1.3. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS a) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de Nova Iorque (1966): b) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969): c) Convenção contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes - ONU (1984): d) Estatuto de Roma (1998): • O Tratado Internacional firmado pelo Brasil que verse sobre direitos humanos deve ser incorporado ao Ordenamento Jurídico nacional como norma Constitucional ou supralegal? 1.4. LEGISLAÇÃO NACIONAL X TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS a) Sujeito ativo: crime comum ou crime próprio? Maior parte dos países tratam a tortura como crime próprio (apenas policiais e autoridades), mas no Brasil a tortura é um crime comum. Qualquer pessoa pode praticar tortura, ser sujeito ativo do delito (ex. torturar dono de fábrica para conseguir a receita). A legislação brasileira não restringiu o tratado, ela ampliou, então não há nenhum óbice a respeito disso. b) (Im)prescritibilidade: vide art. 7°, 1, “f”, c.c. art. 29, ambos do Estatuto de Roma. Alguns autores dizem que sim, por causa do estatuto de Roma no qual o Brasil é signatário, o problema é que a CF/88 diz que dois crimes apenas são imprescritíveis: a ação de grupos armados contra a ordem constitucional e, o crime de racismo. Então de acordo com a CF a tortura não está englobada. Em termos criminais a tortura é um crime prescritível, agora o STJ vem entendendo a tortura no ramo direito civil, é um assunto imprescritível (ex. tortura que aconteceu há 30 anos, em termos criminais prescreveu, contudo, se o autor pedir indenização esse ramo civil é imprescritível, por tanto, tem direito a indenização). 1.5. BEM JURÍDICO TUTELADO • Quais são os bens jurídicos tutelados pela Lei n° 9.455/97? Integridade física e mental da vítima 1.6. COMPETÊNCIA a) Justiça Estadual: em regra. Tortura “comum” b) Justiça Federal: exceção. Se a tortura for praticada por funcionário público federal por intermédio de sua função, ou contra funcionário público federal em razão da sua função. 2. CRIME DE TORTURA (ART. 1º, I) • Pena: reclusão, de dois a oito anos – não cabe suspenção, não cabe também transação, nem acordo de não persecução penal (envolve violência), não dá para substituir por restritiva de direito (envolve DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA violência), não aplica sursi (pena inicial já é 2 anos). Pode pegar regime aberto, caso tenha bons antecedentes etc. a) Tipo objetivo: constranger (obrigar). • Violência ou grave ameaça. • Sofrimento físico ou mental (elemento de caráter genérico e subjetivo). b) Tipo subjetivo: alíneas “a” e “b” elemento subjetivo específico – exige dolo específico “com fim” c) Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar. d) Sujeito passivo: crime comum, qualquer pessoa pode ser vítima. e) Consumação: crime formal nas alíneas “a” e “b” – porque é possível prevê o resultado, mas não precisa ocorrer para consumar (ex. a – tortura para conseguir a receita secreta, mas não consegue; b – tortura para alguém praticar crime em seu lugar, mas a pessoa não pratica). Crime material na alínea “c”. f) Tentativa: crime plurissubsistente. 2.1. TORTURA-CONFISSÃO OU TORTURA PROVA (ART. 1º, I, “A”) • A confissão pode ter diversas naturezas: fatos penais, de importância jurídica (confissão de uma dívida), comerciais ou pessoais. a) Tipo subjetivo: elemento subjetivo específico (“com o fim de obter informação, declaração ou confissão”). Tem que dolo específico – obter informações. b) Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar. c) Sujeito passivo: crime comum, qualquer pessoa pode sofrer. d) Consumação: crime formal. A obtenção da informação é necessária? Não, se já gerou a violência/sofrimento com finalidade de obter informação, o crime já está consumado e) Tentativa: possível, crime plurissubsistente. 2.2. TORTURA-CRIME (ART. 1º, I, “B”) Além de responder por tortura, responde pelo crime que o sujeito torturado praticar. A vítima não responde, pois cometeu mediante coação irresistível. a) Tipo subjetivo: elemento subjetivo específico, dolo específico (“para provocar ação ou omissão de natureza criminosa”). b) Sujeito ativo: crime comum. DIREITO PENAL V PROF. ME. WENDELL LUIS ROSA c) Sujeito passivo: crime comum. d) Consumação: crime formal. É necessário que a vítima pratique algum crime? Não, basta torturar a vítima com essa finalidade. e) Tentativa: é possível. Trata-se de crime plurissubsistente. • E se a finalidade
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