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Diagnóstico por Imagem - Trauma de MMII e MMSS e Coluna

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1 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
A avaliação radiográfica direcionada de uma 
determinada região, levando em consideração o 
mecanismo de trauma e as circunstâncias em que 
ocorreu. 
 
TERMINOLOGIA DAS FRATURAS: 
As fraturas são descritas e classificadas de acordo com 
sua localização, extensão, direção, posição e número 
de linhas de fraturas e fragmentos ósseos resultantes. 
Classificação: 
• Completa – apresenta solução de continuidade 
em todo o diâmetro ósseo 
o Simples: apresenta 1 linha de fratura com 
dois fragmentos ósseos 
o Cominutiva/cominuta: apresenta duas ou 
mais linhas de fratura. O grau de 
cominução geralmente se relaciona 
diretamente com a magnitude da energia 
envolvida no trauma. 
 
• Incompleta – apresenta um segmento da cortical 
intacto. 
• Fechada: apresenta a pele adjacente intacta. 
• Aberta: apresenta lesão da pele associada com 
ou sem exposição óssea. 
• Patológica: decorrente da presença de uma 
lesão óssea focal (benigna ou maligna). 
 
OSSOS LONGOS: 
Aquele em que o comprimento é maior que sua 
largura. 
Possuem uma articulação em pelo menos uma 
extremidade. 
De acordo com a localização, a fratura pode se 
localizar na: 
• Epífise 
• Metáfise 
• Diáfise – descrever se ocorre no terço proximal, 
médio ou distal. 
Direção da linha da fratura: depende da sua relação 
com o eixo longo do osso 
• Transversa – ocorre perpendicular ao eixo longo 
de um osso e geralmente é causada por uma força 
direta aplicada ao osso. 
• Longitudinal – ocorre paralela ao eixo longo. 
• Oblíqua – ocorre ao longo do eixo longo do osso, 
em uma angulação de cerca de 30 a 60°. 
Mecanismo geralmente é uma força compressiva 
no eixo longo, combinada com um arqueamento 
do osso. 
 
• Espiral – circunda o osso, geralmente causada por 
forças torcionais. Suas extremidades apresentam 
pontas afiadas. 
 
Em casos específicos, como na patela e na vértebra, a 
fratura pode ser classificada como horizontal ou 
vertical. 
 
A relação entre os fragmentos ósseos também deve 
ser avaliada: o alinhamento entre os fragmentos em 
relação ao deslocamento, angulação, rotação, 
encurtamento ou afastamento – descritos em relação 
ao fragmento distal. 
 
2 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
Fig 4: desvios – radiografia. Fraturas lineares 
completas transversas do rádio distal e do fêmur 
proximal, determinando angulação medial e 
deslocamento medial, respectivamente. Esta 
terminologia é sempre em relação ao fragmento 
ósseo distal. 
 
Fratura avulsiva: 
O fragmento ósseo é arrancado de uma proeminência 
óssea por uma força tensora na inserção de um 
ligamento ou tendão. 
 
 
A fratura de um osso longo também pode estar 
relacionada a um deslocamento entre as superfícies 
articulares, sendo chamada de: 
• subluxação quando há uma perda parcial do 
contato 
• luxação quando há perda completa do contato 
entre as superfícies articulares. 
Nesse caso, é chamada de fratura-luxação. 
 
 
Quando existe perda de contato entre uma 
sindesmose ou sínfise, o deslocamento é 
denominado diástase. 
 
 
OUTROS OSSOS: 
As fraturas dos ossos curtos (ossos do carpo e tarso), 
chatos (ilíaco, costela e calota craniana), irregulares 
(vértebras, púbis e ísquio), sesamoides e acessórios 
podem ser classificadas com a mesma terminologia 
utilizada para os ossos longos, e em diversos casos 
uma nova terminologia é aplicada. 
Fratura compressiva: uma porção do osso é dirigida 
em direção ao outro, como ocorre nas vértebras. 
 
3 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
Fratura-impactação: é semelhante a compressiva, 
porém descrita em ossos extravertebrais. 
 
 
FRATURAS ESPECÍFICAS DE CRIANÇAS: 
As diferenças nas propriedades biomecânicas do 
osso nas crianças em relação aos adultos propiciam a 
formação de vários tipos de fraturas incompletas, tais 
como as fraturas em galho verde e torus. 
Fratura em galho verde: 
Ocorre em razão de forças angulares, provocando 
tensão do lado convexo do osso e compressão no 
lado côncavo. 
É uma fratura incompleta na cortical convexa, 
estendendo-se por até a metade da circunferência do 
osso, semelhante à quebra de um galho verde com 
arqueamento do mesmo. 
 
Fig 10. Fratura em galho verde – radiografia. 
Radiografias do punho (frente e perfil) em criança de 
10 anos demonstrando uma fratura em galho verde 
do rádio distal (setas), determinando uma angulação 
volar (cabeça de seta). 
 
Fratura em torus: 
É uma saliência na cortical óssea produzida por uma 
força compressiva, sendo frequentemente não 
diagnosticada. 
 
 
FRATURAS EPIFISÁRIAS: 
São mais comuns em crianças. 
São descritas de acordo com a classificação de 
Salter-Harris: 
Fratura tipo I: 
 
4 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 Separação metaepifisária, com a linha de fratura 
localizada na fise de crescimento. 
Na radiografia nota-se uma separação do centro de 
ossificação epifisário. 
 
 
Fratura tipo II: 
Mais comum. 
Caracterizada por uma linha de fratura na fise de 
crescimento, estendendo-se para a metáfise óssea. 
 
 
 
Fratura tipo III: 
Fratura da fise estendendo se para a epífise e 
superfície articular. 
 
 
Fratura tipo IV: 
 
5 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
Ocorre frequentemente no côndilo lateral do úmero 
em crianças menores que 10 anos. Apresenta 
orientação vertical, acometendo a metáfise, 
cartilagem de crescimento e epífise. 
 
 
Fratura tipo V: 
É rara. 
Corresponde a uma impactação da cartilagem de 
crescimento. 
Frequentemente não é vista na radiografia, 
manifestando-se tardiamente como encurtamento 
ósseo e deformidades articulares. 
 
RADIOLOGIA CONVENCIONAL: 
É essencial a realização de radiografias de alta 
qualidade com o apropriado posicionamento do 
paciente. O estudo radiográfico inicial deve incluir 
pelo menos dois planos distintos, obtidos em 
projeções de 90° de um em relação ao outro (frente e 
perfil). Dependendo da localização e morfologia da 
fratura, incidências adicionais podem ser necessárias. 
 
A fratura aparece como uma linha radiotransparente, 
podendo se manifestar como uma linha esclerótica 
nas fraturas compressivas. 
 
A presenc ̧a de alterações de partes moles na radio- 
grafia pode sugerir a fratura nos casos mais sutis. 
Essas alterações incluem borramento e/ou 
deslocamento das linhas gordurosas, aumento de 
partes moles e derrame articular. No entanto, esses 
achados são inespecíficos, podendo estar presentes 
apenas relacionados ao trauma, sem fraturas. 
 
Para a avaliação das fraturas, as radiografias digitais 
necessitam de uma alta resolução espacial para 
avaliar pequenos detalhes ósseos e a capacidade de 
avaliar te- cidos com valores de atenuação muito 
diferentes (osso e partes moles). Os novos aparelhos 
de conversão digital (CR) ou aquisição digital (DR) 
produzem imagens com uma resolução igual ou 
superior às obtidas de forma ana- lógica, por meio de 
filmes radiográficos. 
 
 
6 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: 
A TC apresenta grandes vantagens em relação às ra- 
diografias convencionais, pois elimina a superposição 
de estruturas nas imagens, tendo utilidade na 
avaliação de órgãos com uma anatomia complexa, 
difíceis de serem avaliados pelas radiografias simples. 
 
 
A TC multidetectores é hoje o método de escolha 
para o estadiamento das fraturas do esqueleto axial. 
A capacidade de obtenção de imagens multiplanares 
per- mite a localização exata das fraturas, a pesquisa 
de frag- mentos intra-articulares, luxações e uma 
mensuração precisa de desvios. 
 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: 
É o método por imagem com melhor contraste entre 
osso, medula óssea, músculos, líquido, gordura e 
vasos. 
A RM é capaz de detectar a fratura, porém apresenta 
papel limitado em seu diagnóstico e estadiamento, 
pois existem métodos mais simples e comcusto 
menor para esse fim. No caso do estadiamento das 
fraturas, radiografia e TC são, na maioria das vezes, 
superiores a RM. 
O papel da RM é crucial no diagnóstico das fraturas 
ocultas. Essas fraturas não são visíveis na 
radiografia/TC. Diante disso, por conta do quadro 
clínico muito evidente para fratura ou suspeita de 
lesão em partes moles, uma RM é indicada e a fratura 
pode ser detectada, caracterizando a fratura oculta. 
 
 
A RM também pode ser indicada nos casos de suspei- 
ta de fraturas da fise de crescimento nas crianças e 
lesões osteocondrais nos adultos, pois é o melhor 
método para avaliação da cartilagem. 
 
Fig 20. Lesão da fise de crescimento – ressonância 
magnética. Imagens sagital e coronal de ressonância 
magnética do punho demonstrando alargamento e 
hipersinal da fise de crescimento. Indicando lesão 
(setas). Notar o aspecto normal da fise na imagem 
sagital (cabeça da seta). 
 
A maioria das fraturas são identificadas nas radiogra- 
fias simples, sendo necessário, por vezes, uma 
“segunda olhada” após o exame clínico do paciente. 
Quando a ra- diografia tecnicamente aceitável é 
normal, porém ainda existe a suspeita clínica de 
fratura, os métodos por ima- gem seccionais são 
indicados quando a decisão de con- duta é critica. 
 
7 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
Após 1 ou 2 semanas, a presença de consolidação da 
fra- tura torna fraturas não deslocadas visíveis na 
radiografia, em razão de um aumento da reabsorça ̃o 
óssea junto ao sitio da fratura. 
 
Existem critérios diagnósticos que podem ser 
utilizados para indicar racionalmente uma radiografia, 
baseados nos achados clínicos e em critérios 
funcionais. Como exemplo, temos as regras de 
Ottawa para o pé, tor- nozelo e joelho e de Pittsburgh 
para o joelho. 
A TC tem maior importância na avaliação do trau- ma 
do esqueleto axial (crânio, face, coluna e bacia), tendo 
papel limitado na avaliação inicial do trauma no 
esque- leto apendicular. No esqueleto apendicular, 
uma fratura observada na TC geralmente é visível na 
radiografia, po- rém com maiores detalhes na TC, 
também podendo ser utilizada no planejamento pré-
operatório, por conta de sua capacidade multiplanar. 
No paciente politraumatiza- do grave, a TC pode ser 
utilizada na avaliação do crânio, coluna total, tórax, 
abdome total e pelve em razão de sua rapidez e 
menor necessidade de manipulação do pacien- te, 
em relação à radiografia. Porém, essa indicação ainda 
está limitada aos serviços que possuem um aparelho 
de TC com multidetectores, por conta de sua rapidez 
e capa- cidade diagnóstica. 
A RM é capaz de detectar uma fratura, porém tem pa- 
pel limitado no diagnóstico e na conduta, pois 
existem métodos mais simples e com menor custo 
para esse fim. A RM pode ser indicada quando a 
radiografia for normal, porém exista uma suspeita 
clínica de fratura (fraturas ocultas). Outra indicaça ̃o é 
na pesquisa de fraturas os- teocondrais, sendo 
possível, inclusive, avaliar o desloca- mento desse 
fragmento. Também é utilizada para avaliar a necrose 
pós-traumática de fragmentos ósseos, especial- 
mente na cabeça femoral, domus talar e escafoide 
proxi- mal, sendo o método mais sensível para 
detectar estágios mais precoces de osteonecrose. 
O comprometimento da cartilagem de crescimento 
(fise) também é bem avaliado pela RM. Outras 
indicações são: avaliação de uma fratura patológica, 
com o intuito de se verificar um tumor associado à 
fratura e também na avaliação de achados 
extraósseos associados ao trauma (partes moles – 
cartilagem, ligamentos, labruns, meniscos etc.). 
 
 
 
CONSOLIDAÇÃO DAS FRATURAS: 
Se inicia imediatamente após o evento, com formação 
de um hematoma e coágulos que realizam a 
hemostasia no sítio da fratura. 
Em cerca de 1-2 semanas, há formação de 
fibroblastos e tecido de granulação, que removem o 
hematoma. Nessa fase, também se inicia a ação de 
osteoclastos, removendo osso morto das superfícies 
de aposição da fratura. Ao mesmo tempo, também se 
inicia a ação dos condroblastos e osteoblastos com 
produção das matrizes óssea e cartilaginosa. Esse 
processo se inicia na periferia da fratura, formando 
uma “ponte” óssea ou fratura e demora de 4 a 16 
semanas para se formar. 
 
Achados do reparo ósseo: 
O achado mais precoce do reparo ósseo aparece em 
10 a 14 dias após o trauma, constituído pela 
radiolucência das superfícies ósseas junto ao foco de 
fratura, com borramento das margens de aposição. 
Em seguida, aparece o calo calcificado no foco de 
fratura, apresentando aspecto amorfo na periferia da 
fratura. O calo intramedular não é visibilizado nessa 
fase. 
Com o tempo, o calo vai aumentando sua densidade 
e à medida que há a fusão periférica, inicia-se a 
formação do calo central ou intramedular. 
 
8 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
A evidência radiográfica de consolidação da fratura 
constitui a presença de uma “ponte” óssea externa, 
unindo os fragmentos ósseos. 
 
 
O tempo de consolidação óssea depende da idade 
do paciente e do osso fraturado. Como exemplos, em 
um adul- to, a consolidação de ossos curtos, como os 
metacarpos e a clavícula, ocorre em 3-4 semanas; a 
diáfise umeral em 6-8 semanas; a diáfise tibial em 10-
12 semanas e a diáfise femo- ral em 12-14 semanas. 
Nas crianças jovens, a consolidação de uma fratura do 
fêmur ocorre em cerca de 4 semanas, e os outros 
ossos se unem em tempos menores. 
 
PROBLEMAS NA CONSOLIDAÇÃO DAS 
FRATURAS: 
Consolidação viciosa: 
União defeituosa entre os fragmentos ósseos. 
Associada a importantes deformidades angulares ou 
rotatórias. 
Em adolescentes e adultos, normalmente é necessária 
uma correção cirúrgica, enquanto em crianças existe 
a possibilidade de correção com o próprio 
crescimento do osso. 
 
 
Falha na consolidação depende de fatores técnicos 
e/ou biológicos. 
Os fatores técnicos são responsáveis por cerca de 
80% dos casos de não união e incluem uma aposição 
inade- quada entre os fragmentos ósseos e excesso 
de movimenta- ção entre os fragmentos. Os fatores 
biológicos são responsá- veis por cerca de 20% dos 
casos. 
Essa falha na consolidação pode ser: 
• Retardo na consolidação: caracterizado pela 
lentificação da união óssea – a consolidação 
ocorrerá em um ritmo mais lento. 
• Ausência de consolidação: não união – significa 
uma falha completa no processo de consolidação. 
É mais frequente em adultos. 
• Não união hipertrófica: quando existe 
esclerose nas extremidades dos fragmentos 
ósseos. 
 
9 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
• Não união atrófica: quando existe mínima 
esclerose. 
 
Entre os fragmentos ósseos não fundidos, forma-se 
um tecido fibroso e uma saculação com líquido, 
dando o aspecto de uma articulação. Por esse motivo, 
a não união também é chamada de pseudoartrose. 
 
 
Lesões não diagnosticadas ou incompletamente 
diagnosticadas podem evoluir para incapacidades e 
sequelas irreversíveis. Para os pacientes de alto risco, 
atendidos nos centros avançados de trauma, já se 
utiliza a tomografia computadorizada (TC) multislice 
como primeiro exame radiológico, estudando-se a 
coluna vertebral simultaneamente ao crânio, tórax, 
abdome e bacia. 
Em decorrência do elevado custo operacional da TC, 
esse método não está disseminado em todas as 
regiões, e a radiografia simples continua sendo o 
primeiro método de imagem utilizado na maior parte 
do nosso país, apesar de sua inferior capacidade 
diagnóstica. A ressonância magnética (RM), por sua 
elevada resolução e diferenciação dos tecidos moles, 
fica reservada para o estudo das lesões da medula 
espinal, ligamentos, discos intervertebrais e vasos, 
nem sempre possível de ser realizada na fase aguda 
do politraumatizado grave em decorrência da 
incompatibilidade dos aparelhosde suporte a vida 
com o campo magnético e condições clínicas do 
paciente. As vértebras mais frequentemente 
envolvidas nas lesões traumáticas são C4, C5, C6 e 
T11, T12, L1, ou seja, o segmento cervical inferior e a 
transição dorsolombar. As lesões da medula espinal 
estão associadas às fraturas e luxações vertebrais em 
10-14% de todos os casos, e os déficits neurológicos 
ocorrem preferencialmente no segmento cervical, 
 
10 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
contabilizando 40% dos casos. 
 
ANATOMIA E BIOMECÂNICA: 
Os ligamentos longitudinais anterior, posterior e 
amarelo, cápsula fibrosa das articulações facetárias, 
interespinhosos e supraespinhosos são os principais 
responsáveis pela estabilidade biomecânica da 
coluna vertebral. 
 
 De particular importância são os quatro últimos 
ligamentos que podem ser considerados como 
estrutura única do ponto de vista funcional e formam 
o complexo ligamentar posterior. 
 
A transição craniocervical, por permitir amplo 
movimento de rotaça ̃o entre a cabeça e a coluna, 
possui anatomia ós- sea e articular diferenciada 
quando se observam os côn- dilos occipitais, atlas e 
a ́xis. A anatomia ligamentar dessa região tambe ́m é 
especializada, sendo a membrana tecto- rial, o 
ligamento transverso do atlas e o ligamento alar os 
principais componentes estabilizadores. 
 
 
Mecanismo de trauma: 
 
 
Forças maiores que as fisiologicamente suportadas 
pela coluna durante o trauma resultam nas 
hiperflexões, hiperextensões, hiperrotações, 
sobrecarga axial e distrações. Tais forças, agindo 
isoladamente ou em conjunto, produzem padrões de 
lesões que se repetem de acordo com o mecanismo 
de trauma apropiado. 
 
TRÊS COLUNAS: 
• Coluna anterior: fazem parte o ligamento 
longitudinal anterior, o ânulo fibroso e os dois 
terços anteriores dos corpos vertebrais e discos. 
• Coluna média: estão localizados o ânulo fibroso, 
o ligamento longitudinal posterior e o terço 
posterior dos corpos vertebrais e disco. 
• Coluna posterior: constituída pelos arcos 
posteriores, processos espinhosos, apófises 
articulares e ligamentos posteriores. 
 
 
11 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
As lesões que acometem duas ou três colunas ou 
apenas a coluna média são consideradas instáveis. 
Durante o trauma em flexão, quando o fulcro de movi- 
mento ocorre sobre a coluna média, a coluna anterior 
sofre uma força de compressão e a coluna posterior 
uma força de tração. Quando o fulcro de movimento 
ocorre sobre a co- luna anterior, uma força de 
distração ocorre sobre as outras duas colunas. O 
inverso ocorre durante o trauma em ex- tensão com 
força de tração atuando sobre a coluna anterior e 
força de compressão sobre a coluna posterior, nos 
casos de fulcro sobre a coluna média. 
Se o fulcro de movimento ocorrer sobre a coluna 
posterior, uma força de distração atingirá as colunas 
anterior e média. 
 
Fulcro do movimento = ponto vermelho. 
 
Mais de um mecanismo de trauma pode ocorrer no 
mesmo paciente, especialmente aquelas vítimas de 
politrauma. 
 
ASPECTOS DE IMAGEM: 
Na suspeita de trauma de coluna, as radiografias de- 
vem ser obtidas com a menor mobilização possível do 
paciente. As incidências em perfil e anteroposterior 
são obrigatórias, sendo realizadas sem mudança de 
posicionamento. 
A radiografia simples é suficiente nos pacientes de 
baixo risco, sem a necessidade de investigação 
adicional por imagem. Os pacientes conscientes, 
orientados e sem dor cervical ou déficit neurológico 
são considerados de baixo risco. TC e/ou RM estão 
indicadas em todos os pacientes de alto risco nos 
quais as radiografias simples tenham sido 
inconclusivas ou apresentem déficit neurológico, não 
permitindo o correto diagnóstico e conduta. 
 
A avaliação do alinhamento vertebral da coluna se faz 
por meio da radiografia em perfil. No estudo 
específico da coluna cervical, a radiografia deve 
incluir desde a base do crânio até a primeira vértebra 
torácica. As quatro linhas principais a seguir devem 
ser observadas: 
• Linha anterior topograficamente correspondendo 
ao ligamento longitudinal anterior. 
• Linha posterior correspondendo ao ligamento 
longi- tudinal posterior 
• Linha espinolaminar na junção das lâminas com os 
processos espinhosos. 
• Linha que une a ponta dos processos espinhosos. 
Na radiografia com incidência anteroposterior obser- 
vam-se os processos espinhosos que devem estar 
alinha- dos e sem desvios rotacionais. 
Os dois pontos mais críticos na análise radiográfica 
cervical são a transição craniocervical e transição 
cervicotorácica em decorrência de sobreposição de 
estruturas como a mastoide, base do cra ̂nio e 
mandíbula na primei- ra e ombros sobre a segunda. 
As lesões traumáticas da transiça ̃o craniocervical, 
embora infrequentes, são potencialmente fatais no 
local do acidente, dada a associação com lesão alta 
da medula espinal ou bulbo evoluindo com grave 
instabilidade cardiorrespiratória. Os casos que 
chegam ao hospital frequentemente não são 
diagnostica- dos na radiografia, na fase aguda do 
trauma, em virtude da sobreposição de estruturas já 
descritas. A maioria das lesões traumáticas da 
transição cervicodorsal são estáveis, não 
necessitando de tratamento cirúrgico específico, 
sendo difícil diagnosticá-las na radiografia simples 
também pela sobreposição de estruturas. A TC é o 
me ́todo superior à radiografia simples no diagnóstico 
de fraturas desses dois segmentos, devendo ser 
realizada o mais breve possível, assim que as 
condições clínicas do paciente de alto risco 
permitirem. 
A RM, quando realizada na fase aguda do politrau- 
matizado, deve incluir um protocolo reduzido com 
duas sequências sagitais, sendo uma pesada em T1 e 
a outra em T2, esta última preferencialmente com 
supressa ̃o de gordura. Com essas duas seque ̂ncias ja ́ 
é possível analisar com bastante precisão a medula 
espinal, excluin- do ou confirmando a presença de 
lesão. A RM permite classificar as lesões da medula 
espinhal em transecções parciais, completas ou 
apenas contusão de acordo com o aspecto 
morfológico e intensidade de sinal nas diferentes 
sequências. Outros achados, como hematomas pré-
ver- tebrais ou epidurais, derrame articular facetário, 
hérnias discais traumáticas, lesões dos ligamentos 
longitudinais e do complexo ligamentar posterior 
também são diagnós- ticados pela RM. Além disso, 
caso as condiço ̃es clínicas do paciente permitam, 
recomenda-se realizar mais duas sequências, uma 
orientada no plano coronal e a outra no axial, ambas 
ponderadas em T2. O diagnóstico de fratu- ra não é o 
objetivo principal da RM no politraumatizado grave, 
muito embora sua alta sensibilidade para edemas 
chame a atenção do radiologista para os locais de 
 
12 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
fratura, sendo fundamental a correlação com a TC 
para a correta interpretação dos achados. Na fase 
cro ̂nica, a RM é um importante aliado para os 
diagnósticos de degenerações císticas, atrofias e 
mielomalácias da lesão medular. Diferentemente do 
politraumatizado, a RM tem papel fundamental na 
fratura por insuficiência do idoso, em que, além do 
colapso vertebral, a presença ou ausência de edema 
ósseo define a natureza aguda ou crônica da fratura 
correlacionando-se ao quadro de dor, com 
implicações diretas na conduta terapêutica do 
paciente. 
 
LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA 
VERTEBRAL: 
Separa por regiões anatômicas - segmentos cervical, 
torácico e lombar, que apresentam características 
anatômicas e funcionais específicas. 
Mecanismo de trauma e faixa etária ajudam no 
diagnóstico. 
Os pacientes idosos são mais susce- tíveis aos traumas 
em hiperextensão em decorrência de quedas caseiras 
da própria altura, sem o reflexo de prote- ção das 
mãos,com impacto da cabeça ou face diretamen- te 
ao solo, paredes ou mobiliário a sua volta. As crianças, 
pelo tamanho proporcionalmente grande da cabeça 
em relação ao corpo, estão mais suscetíveis às lesões 
da tran- sição craniocervical. Nos adultos jovens 
predominam os traumas em hiperflexão ou a 
combinação de mais um tipo de mecanismo, dada a 
grande associação com aci- dentes automotivos de 
alta energia. 
 
CERVICAL: 
É subdividido em 
• segmento superior: Côndilos occipitais, áxis e 
atlas – está incluída a transição crânio-cervical. 
• inferior: desde a terceira vertebra cervical até a 
primeira torácica – inclui a transição 
cervicotorácica. 
Inicia-se a análise sistemática de cima para baixo para 
que nenhuma parte seja esquecida. 
 
COLUNA CERVICAL SUPERIOR: 
Luxações e subluxações da transição 
craniocervical: 
As lesões da transição craniocervical têm alto índice 
de mortalidade no local do acidente por associação 
com lesão do segmento superior da medula espinal 
ou bulbo, comprometendo os centros de ativação 
respiratório e cardíaco. 
As rupturas dos ligamentos alar, transverso do atlas e 
membrana tectorial ocorrem por forças de tração e 
rotação, sendo os principais responsáveis pelas 
instabilidades mecânicas da transição craniocervical, 
sempre com importante déficit neurológico ou 
vascular. 
As luxações e subluxações craniocervicais podem 
ocorrer: 
• entre a base do crânio (côndilos occipitais) e a 
primeira vértebra cervical (atlas), 
• entre o atlas e a segunda vertebra cervical (áxis) 
• ou ainda simultaneamente em ambos 
 
 
 
Luxações atlanto-occipitais: quando roturas da 
membrana tectorial e do ligamento alar permitem 
deslocamentos verticais da cabeça em relação à 
coluna. 
 
13 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
 
 
Luxações atlantoaxiais: além da membrana tectorial 
e do ligamento alar, ocorrem lesões da cápsula 
articular e do ligamento transverso – permitindo 
deslocamento superior e anterior da cabeça em 
relação à coluna, associado ocasionalmente a fratura 
do ápice do processo odontoide. 
 
O diagnóstico das lu- xações craniocervicais é 
relativamente fácil de ser cor- retamente 
caracterizado na radiografia em virtude dos grandes 
deslocamentos do crânio em relação à coluna. As 
subluxações, por sua vez, têm achados de imagem 
mais sutis, sendo frequentemente não diagnosticadas 
na radiografia no atendimento inicial, somente na TC. 
 
Uma dica importante é observar a interface da co- 
luna na área com os tecidos moles da nasorretrofarin- 
ge, que tende a “seguir” o contorno ósseo, assumindo 
morfologia sinuosa. O aspecto normal dessa interface 
é discretamente convexo na topografia do arco 
anterior de C1 e ligeiramente côncavo ou 
relativamente plano logo acima e logo abaixo. 
 
 
Distorções e abau- lamentos dessa interface no 
paciente traumatizado, mesmo sem a caracterização 
de fraturas, sugerem que há um hematoma da 
retrofaringe secundário à lesão da transição 
craniocervical, sendo necessário avanc ̧ar nos 
métodos diagnósticos, além da radiografia simples. 
 
 
No plano vertical deve-se observar a distância entre o 
ápice do odontoide e o ápice do clivus, que tem valor 
normal de no máximo 12 mm. No plano horizontal de- 
ve-se observar o posicionamento do clivus em relaça ̃o 
à linha axial posterior de C2. O clivus pode 
normalmente estar localizado até 12 mm 
anteriormente ou 4 mm pos- teriomente a linha axial 
de C2. O intervalo atlantodental anterior mede até 3 
mm nos adultos e deve apresentar superfícies 
corticais paralelas. 
 
14 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
A faixa etária pediátrica, embora incomum, tem um 
risco aumentado de lesões da transição 
craniocervical, sobretudo as luxações atlanto-
occipitais, em decorrência de côndilos occipitais 
ainda não totalmente desenvolvidos e tamanho 
relativamente grande da cabeça em relação ao corpo. 
Em virtude de frouxidão ligamentar fisiológica, as 
crianças com até 8 anos de idade podem apresentar 
imagens radiológicas extremamente intrigantes e que 
comumente são confun- didas com lesões 
traumáticas. 
O intervalo atlantodental anterior, por exemplo, pode 
na ̃o ter superfícies corticais paralelas assumindo 
configu- raça ̃o em “V” e com distância máxima de 5 
mm. A pseu- dossubluxação C2-C3 é outra armadilha 
radiológica que não deve ser confundida com lesão 
traumática, sendo a análise do posicionamento do 
arco posterior de C2 em relação a C1 e C3 (linha 
espinolaminar) a chave para o correto diagnóstico. 
 
 
Côndilos occipitais: 
As luxações ou subluxações craniocervicais podem 
ser acompanhadas de fraturas, em especial as dos 
co ̂ndilos occipitais. 
As fraturas dos côndilos occipitais são classificadas 
em: 
• fraturas impactadas 
• extensão de fraturas do occipício 
• fraturas avulsivas nas inserções dos ligamentos 
alares. 
As últimas são potencialmente instáveis quando há 
fragmentos ósseos deslocados. 
 
 
15 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
 
É extremamente difícil diagnosticar fraturas dos 
co ̂ndilos occipitais na radiografia e muitas vezes nos 
surpreendemos na TC com fraturas uni ou bilaterais 
que se estendem ao redor do forame magno. 
 
 
Na faixa etária adulta, variantes da normalidade, como 
sincondrose dos côndilos occipitais, podem ser 
confundidas com fratura quando se analisam apenas 
imagens axiais de TC, contudo nos planos sagitais e 
coronais. O correto diagnóstico é feito observando-se 
uma incisura na face articular inferior dos co ̂ndilos, 
habitualmente bilateral, simétrica e com cortical bem 
definida. 
 
Fig 14. Sincondrose occipital bilateral (setas 
vermelhas). A e B: tomografia computadorizada (TC) 
no plano axial. C e D: TC no plano sagital das massas 
laterais à direita e à esquerda. 
 
Atlas: 
Tipo particular de fratura dos arcos anterior e 
posterior de C1 que ocorre por uma força vertical 
sobre o vértice da cabeça no exato momento em que 
a coluna cervical está em posição neutra. Essa força 
vertical passa pelos côndilos occipitais, e em 
decorrência da disposição geométrica das superfíceis 
arti- culares dessa região, tem como resultante uma 
força que se dissipa lateralmente deslocando as 
massas laterais de C1 e rompendo o ligamento 
transverso do atlas. 
 
 
16 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
Fig 15. Forças sobre a transição craniocervical e 
disposição geométrica das superfícies articulares na 
fratura de Jefferson. 
 
Classicamente, observa-se fratura instável bilateral 
dos arcos anterior e posterior do atlas. 
 
Fig 16. Fratura clássica de Jefferson em desenho 
esquemático. 
 
Variações do tipo fratura unilateral de ambos os arcos 
também ocorrem secundárias a pequenas rotações 
ou flexões laterais da cabeça no momento exato do 
trauma. 
 
Fig 17. Fratura unilateral de Jefferson. A: Tomografia 
computadorizada (TC) no plano coronal com 
deslocamento da massa lateral esquerda (Seta 
vermelha). B: TC no plano sagital com subluxação C1-
C2 (seta azul) secundária a lesão do ligamento 
transverso e redução do canal vertebral (asterisco). 
 
A tração do ligamento longitudinal anterior é o 
segundo tipo de mecanismo de trauma sobre o atlas 
com fratura avulsiva do polo inferior do arco anterior, 
que deve ser diferenciada do centro de ossificação 
secundário não fundido. Hematoma pré-vertebral, 
contornos irregulares e não corticalizados do 
fragmento ósseo são típicos da fratura avulsiva. A 
fratura do arco posterior do atlas, por compressão do 
occipício contra o arco posterior de C2 durante 
hiperextensões forçadas da coluna, é a terceira 
possibilidade de mecanismo de trauma sobre o atlas. 
As duas últimas fraturas descritas são consideradas 
estáveis mecânica e neurologicamente. 
 
Subluxação rotatória C1-C2: 
Desvios rotacionaisatlas-áxis são frequentemente ob- 
servados na TC da coluna cervical, sendo na maioria 
das vezes secundários a torcicolos ou posicionamento 
inadequado do paciente, com movimentos naturais 
fisiológicos de rotação e inclinação lateral da cabeça 
durante a realização do exame. 
 
Figura 18 Desvio rotacional C1-C2 por 
posicionamento inadequado do paciente. A: 
Tomografia computadorizada (TC) no plano axial com 
linhas de referência nos eixos de C1 e C2. B: TC no 
plano coronal com assimetria do intervalo 
atlantodental lateral (asterisco). C e D: TC no plano 
sagital das massas laterais direitas e esquerdas com 
“translação” unilateral (seta vermelha). 
 
Nos pacientes com trauma, o diagnóstico diferencial 
se faz com subluxação rotatória C1-C2 que sempre 
envolve algum grau de lesão ligamentar ou capsular 
com deslocamento incompleto das articulações, o 
que gera dor local importante. Os achados de 
imagem na radiografia e na TC são muito semelhantes 
nas duas condiço ̃es, sendo que derrame e aumento 
do espaço articular entre as massas laterais de C1-C2 
e edema de partes moles periarticular nem sempre 
são fáceis de serem caracterizados à TC e favorecem 
o diagnóstico de subluxação rotatória traumática. A 
investigação complementar com RM estará sempre 
indicada nos pacientes conscientes com dor 
persistente ou nos inconscientes, ambos pós-trauma 
com achados de radiografia ou TC inconclusivos. 
 
Áxis: 
A espondilólise traumática típica, mais conhecida 
como fratura do enforcado, ocorre por 
hiperextensão abrupta e forçada da cabeça com 
impacto violento do occipício contra o processo 
espinhoso e arco posterior de C2, fraturando os 
istmos vertebrais (pars interarticularis). 
 
17 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
 
Figura 19 Lise traumática de C2 com fratura dos 
istmos vertebrais (setas vermelhas) e hematoma 
retrofaríngeo (seta azul). A: Radiografia em perfil. B: 
Tomografia computadorizada (TC) no plano axial. C: 
TC no plano sagital do istmo vertebral direito. D: TC 
no plano sagital do istmo vertebral esquerdo. 
 
O termo fratura do enforcado não é o mais correto 
porque esse tipo de lesão também ocorre nas que- 
das de altura e acidentes automotivos quando, sem o 
uso do cinto de segurança, há impacto craniofacial 
sobre o volante ou para-brisa do veículo. 
 
Existe também a espondilólise traumática atípica, 
que é caracterizada por um traço de fratura que se 
estende pela borda posterior do corpo vertebral de 
C2 e massas laterais. 
 
 
Figura 20 Espondilólise traumática atípica em 
fase de consolidação com fratura dos istmos (setas 
azuis) que cruza a borda posterior do corpo vertebral 
(setas vermelhas) associado a fratura da borda 
anterior (seta verde). A e B: Tomografia 
computadorizada (TC) no plano sagital dos istmos 
vertebrais direito e esquerdo. C: TC no plano sagital 
mediano. D: TC no plano axial. 
 
Utiliza-se a classificação de Efendi para os desvios e 
deslocamentos dos fragmentos. 
O processo odontoide é o outro local de C2 em que 
podem ocorrer fraturas classificadas em três tipos: 
O tipo I ocorre no ápice do odontoide no local de 
inserção do ligamento alar. 
 
Fig 21. fratura do odontoide tipo I no “ápice” (seta 
azul) e subluxaça ̃o atlantoaxial com assimetria dos 
intervalos atlantoden- tais anterior (seta vermelha) e 
lateral (asterisco) indicando lesão ligamentar 
associada. A: Tomografia computadorizada (TC) no 
plano sagital. B: TC no plano coronal. 
 
O tipo II ocorre na base do odontoide, sendo o mais 
frequente dos três, evolui com 30-40% de 
pseudoartrose nos tratamentos conservadores e é 
mecanicamente instável. 
 
18 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
 
Figura 22 Fratura do odontoide tipo II com 
pseudoartrose (seta azul), luxação anterior C1-C2 e 
estenose do canal vertebral (asterisco). A e B: 
Tomografia computadorizada (TC) no plano axial. C: 
TC no plano sagital. 
 
O tipo III ocorre na porção superior do corpo do áxis 
e tem menor incidência de pseudoartrose quando 
comparado ao tipo II. 
 
Figura 23 Fratura do odontoide tipo III na parte 
superior do corpo do áxis com desvio (seta vermelha) 
e esclerose (seta azul). A: Radiografia em perfil. B: 
Tomografia computadorizada (TC) no plano sagital. 
C: TC no plano coronal. 
 
COLUNA CERVICAL INFERIOR: 
Mecanismo de lesão mais frequente é a hiperflexão. 
Adolescentes e adultos jovens são os que apresentam 
maior risco para esse tipo de lesão, pois estão mais 
expostos aos politraumatismos causados por 
acidentes automotivos. 
Lesões exclusivamente ligamentares, exclusivamente 
ósseas ou uma combinação entre as duas é o que se 
encontra nos exames de imagem, portanto não se 
deve procurar apenas por fraturas, mas também 
desalinhamentos e deslocamentos dos corpos 
vertebrais, facetas articulares e processos espinhosos. 
 
Fratura em cunha simples: 
Provocada por força em flexão sobre a coluna cervical. 
Nota-se fratura impactada do platô anterossuperior 
com o corpo vertebral, assumindo morfologia em 
cunha. 
Como normalmente não há lesão ligamentar asso- 
ciada, em 6 a 8 semanas espera-se que haja 
consolidação da fratura no tratamento conservador. 
 
Fig 24. Fratura em cunha simples de C7 (Seta preta). 
A: desenho esquemático. B: radiografia em perfil com 
redução da altura da parede anterior e pequena 
fratura do platô anterossuperior. 
 
Quando há lesão do complexo ligamentar posterior, 
uma vértebra pode escorregar e rodar anteriormente 
no eixo sagital em relação à vértebra vizinha, sendo 
conhecida como subluxação anterior com ou sem 
fratura dos elementos ósseos. Translaça ̃o anterior de 
uma vértebra sobre a outra e incongruência das 
superfícies articulares das facetas são os achados 
principais. 
Instabilidade tardia é uma possibilidade de 
complicação quando se opta pelo tratamento 
conservador, pois mesmo sendo uma lesão de 
tecidos moles, sabe-se que em 20-50% dos casos não 
ocorre a cicatrização ligamentar. Muitos têm preferido 
a fusão posterior cirúrgica como tratamento de 
escolha inicial. É preciso estar atento aos casos de 
subluxação anterior leve com achados de imagem 
sutis e que podem passar despercebidos no 
atendimento inicial, evoluindo para acentuada 
translação vertebral e possível dano medular, antes 
inexistente. 
 
 
19 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
Figura 25 Subluxação anterior C5-C6 (seta azul). 
Incongruência parcial (setas vermelhas) e perda do 
paralelismo das articulações facetárias (linhas pretas) 
com aumento do espaço interespinhoso (asterisco). 
A: Radiografia em perfil. B: Tomografia 
computadorizada (TC) no plano sagital mediano. C e 
D: TC no plano sagital das facetas articulares direitas 
e esquerdas. 
 
As lesões ligamentares isoladas do complexo 
posterior podem não ser acompanhadas de 
subluxação dos corpos vertebrais ou fraturas na 
radiografia e a persistência de dor, mesmo após o uso 
de analgésicos, é um indicativo de que será 
necessário continuar a investigação diagnóstica. 
Na RM, o edema de partes moles na topografia dos 
ligamenos inter e supraespinhosos, bem como 
pequeno derrame articular facetário, faz o 
diagnóstico de lesão do complexo posterior (Figura 
26B). A cicatrização ligamentar e a regressão do 
edema podem ser acompanhadas evolutiva- mente 
por RM (26C). 
 
Figura 26 A: Lesão do complexo ligamentar 
posterior. Radiografia dinâmica com alinhamento 
vertebral mantido e espondilose em C5-C6. B: Lesão 
do complexo ligamentar posterior em C6-C7 com 
edema nos ligamentos supra e interespinhosos e 
derrame facetário (setas). C: Alterações cicatriciais do 
complexo ligamentar posterior e regressão do edema 
(setas). 
 
A luxação facetária bilateral ocorre por ação de for- 
c ̧as em flexão de maior intensidade aplicadas à coluna 
com maior dano ligamentar e, consequentemente,maior translação vertebral. Também é conhecida 
como faceta presa bilateral, altamente instável, 
reduzindo o calibre do canal vertebral e com alto 
índice de lesão medular em 75% dos casos (Figura 
27A e B). As facetas articulares não mais estão 
justapostas, sendo descritas como descobertas 
associadas a deslocamento de 50% do corpo 
vertebral envolvido em relação à largura anterior do 
corpo vertebral subjacente (Figura 27C). 
 
Durante o trauma, se além da flexão houver 
movimento de rotação associado, pode ocorrer a 
luxação facetária unilateral, menos grave que a 
bilateral, com translação anterior do corpo vertebral 
menor que 50% e lesão do complexo ligamentar 
posterior, porém raramente com déficit neurológico 
(Figura 28). 
 
 
Trabalhadores braçais de enxadas, pás e outros 
objetos são suscetíveis a um tipo particular de 
mecanismo de trau- ma que acontece por hiperflexão 
brusca, forçada e voluntá- ria da coluna com fratura do 
processo espinhoso de C7 ou de seus vizinhos (Figura 
29). Tal fratura é estável e não requer tratamento 
cirúrgico, apenas imobilização temporária. 
 
 
20 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
A fratura em gota de lágrima é secundária à com- 
binação de duas forças no momento do trauma, 
sendo frequente nos mergulhos em água rasa. Carga 
axial e hiperflexão ocorrem simultaneamente por 
impacto da cabeça ao solo com o pescoço em 
posiça ̃o flexionada. Há lesão completa de todos os 
ligamentos, rotura do disco intervertebral, fratura da 
borda anteroinferior do corpo vertebral, subluxação 
ou luxação facetária associada a instabilidade e lesão 
medular grave. 
 
Figura 30 Mergulho em água rasa com 
deslocamento posterior do corpo vertebral de C5 
(seta preta) associado a fragmento ósseo na sua 
borda anteroinferior (seta azul) e fragmentos ósseos 
no canal vertebral (seta vermelha). A: Tomografia 
computadorizada com reconstrução sagital. B: 
Ressonância magnética (RM) de baixo campo no 
plano sagital T1. C: RM de baixo campo no plano 
sagital T2. 
 
Uma carga axial sobre a coluna no exato momento 
que está em posição neutra causa a fratura explosiva 
do corpo vertebral. Essa força pode ser transmitida 
ao dis- co intervertebral implodindo o platô vertebral 
e aumen- tando a pressão no interior do corpo 
vertebral, a qual é dissipada explodindo em todas as 
direções. Os principais achados são fratura 
cominutiva do corpo vertebral com redução da altura, 
fratura do arco posterior, retropulsão de fragmento 
ósseo para o interior do canal vertebral e lesão 
medular em 50% dos casos. 
 
Figura 31 Fratura explosiva de C7 na radiografia 
em perfil com redução da altura central do corpo 
vertebral (setas azuis). A: Radiografia em perfil da 
coluna cevical. B: Radiografia em perfil localizada da 
transição cervicotorácica. 
 
Figura 32 Fratura explosiva de C6 com redução 
da altura predominando na porção central (seta azul), 
fratura do corpo vertebral com traços orientados nos 
planos sagitais e coronais (setas vermelhas), fratura da 
junção espinolaminar (seta preta) e fraturas das 
apófises articulares (setas brancas). A: Tomografia 
computadorizada (TC) no plano axial. B: TC no plano 
sagital. C: TC no plano coronal. 
 
Na transição cervicotorácica sabe-se que a maioria 
das fraturas ocorrem nos processos tranversos, 
espinhosos e arcos costais sem a necessidade de 
fixação, e tem pouca importância clínica, porém 
sendo de difícil caracterização na radiografia por 
sobreposição dos ombros na radiografia em perfil 
(Figura 33). Não se recomenda tração dos ombros na 
tentativa de melhorar as imagens, pois pode agravar 
possíveis lesões ainda não diagnosticadas. Em 
substituição, recomenda-se a incidência radiográfica 
do nadador ou TC nos casos suspeitos. 
 
Figura 33. Fratura de processo transverso (seta azul) e 
costela (seta vermelha) na transição cervicotorácica à 
tomografia compu- tadorizada. A: Janela 
intermediária. B: Janela óssea. 
 
 
Os traumas em hiperextensão da coluna cervical são 
menos frequentes que as hiperflexões, e o achado 
princi- pal é a rotação e/ou translação posterior de 
uma vértebra sobre a outra no plano sagital. Há 
 
21 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
impacto craniofacial sem a proteção das mãos. 
Escoriações e fraturas faciais dão a dica para o 
mecanismo de hiperextensão e usual- mente são 
acompanhadas da síndrome medular central com 
hematoma dos tecidos moles pré-vertebrais. A lesão 
do ligamento longitudinal anterior associa-se a 
ruptura do disco intervertebral. A causa mais 
frequente é acidente automotivo em que o motorista 
ou passageiro não usa o cinto de segurança. Idosos, 
por sua vez, estão mais pro- pensos ao mecanismo de 
hiperextensão cervical em que- das da própria altura, 
escadas e outros acidentes domés- ticos de menor 
energia com impacto craniofacial no chão ou paredes. 
A característica principal na lesão da coluna cervical 
do idoso é a ausência de achados radiográficos de 
trauma. Alterações sutis como discreto aumento 
assimé- trico do espaço discal e pequeno hematoma 
pré-vertebral podem ser os únicos sinais identificáveis 
na radiografia. A osteoartrose cervical, presente na 
grande maioria da população idosa, é um fator 
complicador de trauma tanto para o diagnóstico 
radiológico quanto para a gravidade das lesões. 
Alterações ósseas degenerativas são facilmen- te 
confundidas com fraturas. O enrijecimento da coluna 
cervical associado à estenose degenerativa do canal 
vertebral aumenta a chance de lesão medular no 
idoso, mesmo sem a evidência radiográfica de fratura 
(Figura 34). 
Embora menos frequentes, as hiperflexões também 
ocorrem no idoso e as lesões são agravadas pelas 
alterações degenerativas. 
 
Figura 34 Trauma cervical em extensão no 
paciente idoso com artrose e estenose degenerativa 
do canal vertebral, hematoma pré- -vertebral (seta 
vermelha) e contusão medular (seta azul). A: 
Tomografia computadorizada no plano sagital sem 
evidência de “fratura”. B: Ressonância magnética (RM) 
no plano sagital T2. C: RM no plano sagital T2 com 
supressão de gordura. 
 
COLUNAS TORÁCICA, TORACOLOMBAR E 
LOMBAR: 
Muitos conceitos estabelecidos para a coluna cervical 
também se aplicam aos demais segmentos. O 
predomínio de mecanismo de trauma como flexão, 
rotação e tração associado a particularidades 
anatômicas do esqueleto ósseo de cada região 
produz menos tipos de lesão quando comparado ao 
segmento cervical. 
Três segmentos distintos devem ser considerados: 
• torácico de T2 a T11 (T1 faz parte do segmento 
cervical), 
• toracolombar de T12 a L1 e 
• lombar de L2 à articulação lombossacral. 
 
COLUNA TORÁCICA: 
A atitude cifótica relativamente fixa da coluna toráci- 
ca é uma característica importante a ser considerada 
no mecanismo de trauma, pois forças de compressão 
verti- cal (carga axial) automaticamente resultam em 
fratura em cunha semelhante às que ocorrem nas 
hiperflexões. 
Quando associado a forças de tração e/ou rotação, o 
re- sultado é fratura-luxação vertebral. Essas fraturas 
podem ser simples, apenas com redução da altura 
anterior do corpo vertebral, ou mais graves, com 
maior achatamento, retropulsão de fragmentos 
ósseos para o canal vertebral e luxac ̧ão das 
articulações facetárias. As fraturas explo- sivas, 
portanto, não ocorrem na coluna torácica. Hema- 
tomas paravertebrais focais ou difusos, uni ou 
bilaterais são marcadores importantes de tênues 
fraturas de difícil caracterização até fraturas-luxações 
maiores (Figura 35). 
 
Figura 35. Fratura de coluna torácica (seta vermelha) 
com hematoma paravertebral (seta azul). A: 
Tomografia computadorizada (TC) plano axial. B: TC 
plano coronal. 
 
COLUNAS TORACOLOMBAR E LOMBAR: 
A transição toracolombar de T12a L1 marca a tran- 
sição de um segmento torácico relativamente rígido 
para o segmento lombar mais flexivel, sendo o local 
mais frequentemente acometido de todas as 
vértebras torácicas e lombares. 
Forças isoladas de hiperflexão, hiperextensão, 
compressão vertical, tração ou combinações de 
hiperflexão com tração e hiperextensão com tração 
atuam em ambos os segmentos toracolombar e 
lombar de maneira semelhante (Figura 36). 
 
22 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
 
Figura 36 Fratura-luxação na transição 
toracolombar com translação anterior de T12 sobre 
L1 (seta vermelha), redução do canal vertebral (seta 
azul), luxação facetária bilateral (setas verdes) e 
fragmento ósseo no canal vertebral (seta branca). A: 
Tomografia com- putadorizada no plano sagital. B: TC 
no plano axial. 
 
 
Hiperflexão resultando em fratura em cunha 
semelhante à descrita no segmento dorsal é o 
mecanismo de trauma mais comum (Figuras 37 e 38). 
 
Figura 37. Fratura do corpo vertebral de L2 com 
redução da altura anterior (setas azuis). A: Radiografia 
digital em perfil. B e C: Tomo- grafia computadorizada 
com reconstruções tridimensionais. 
 
Figura 38. Fratura em cunha recente do corpo 
vertebral de L2 (seta azul) com edema ósseo (seta 
vermelha). A: Ressonância mag- nética (RM) no plano 
sagital T1. B: RM no plano sagital T2. 
 
Um tipo particular de hiperflexão é a fratura de Chan- 
ce, classicamente descrita em 1948, que ocorre quase 
exclusivamente na transição toracolombar, porém 
com fulcro de rotação sobre a parede abdominal fixa 
ao cinto de segurança de dois pontos dos automóveis 
(Figura 39). 
 
Figura 39. Fratura de Chance com traço orientado no 
plano horizontal cruzando o processo espinhoso (seta 
azul), lâminas (seta ver- melha) e corpo vertebral com 
redução da sua altura (seta verde). A: Tomografia 
computadorizada (TC) plano sagital. B: TC plano 
coronal. 
 
Com o advento do cinto de segurança de três pontos, 
que fixa o tronco, a incidência desse tipo de lesão 
diminuiu bastante, ocorrendo atualmente em 
mecanismo de hiper- flexão grave por queda de 
altura. Fraturas horizontais do processo espinhoso, 
lâminas, pedículos e corpo vertebral são achados 
típicos. Diferentemente de outros tipos de lesão em 
flexão, a fratura de Chance tem alta associação com 
lesões intra ou retroperitoneais, como pancreáticas, 
duodenais e mesenteriais. Uma variante rara da 
fratura de Chance clássica é a Chance de partes 
moles, com extensa lesão ligamentar da coluna 
 
23 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 5°P MEDICINA 
determinando translação an- terior do corpo vertebral 
e luxação facetária uni ou bilate- ral. As colunas 
toracolombar e lombar, por apresentarem maior 
flexibilidade e permitirem a posição neutra, po- dem 
sofrer força de compressão axial, resultando na fra- 
tura explosiva clássica semelhante àquela da coluna 
cer- vical. Os achados de perda de altura bicôncava 
dos platôs vertebrais, aumento da distância 
interpedicular, fratura do arco posterior e retropulsão 
de fragmentos ósseos são características típicas dessa 
lesão (Figura 40). 
 
Figura 40. Fratura explosiva do corpo vertebral 
de T12 com reduça ̃o da altura predominado na 
porça ̃o central (seta azul), fratura do corpo vertebral 
com traços orientados nos planos sagitais e coronais 
(setas vermelhas) e retropulsão do muro posterior 
(seta preta). A: Tomografia computadorizada (TC) 
plano sagital. B: TC no plano coronal. C: TC no plano 
axial. 
 
 
Cerri, Giovanni, G. et al. Tratado de Radiologia, 
Volume 3: Obstetrícia, Mama, Musculoesquelético. 
Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 
2017.

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