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Narrativas midiáticas Aula 4: O texto jornalístico – narrativo e dissertativo Apresentação Conversamos bastante sobre �lmes em nosso último encontro. Haja �cção! Nesta aula, vamos voltar à realidade. Conversaremos sobre os gêneros textuais jornalísticos, a notícia, a nota, a reportagem, o editorial, a coluna, a crônica... Trataremos da relação entre a notícia e a representação da realidade, descrevendo as características organizacionais, estilísticas e de conteúdo, distinguindo-a da reportagem e dos gêneros opinativos, com o editorial e a crônica. Objetivos Categorizar o texto jornalístico como representação simbólica da realidade; Analisar o gênero notícia; Distinguir o texto dissertativo do narrativo. Primeiras palavras Claro que imaginar mundos melhores é bem mais divertido, mas você tem lido as notícias nos últimos meses? Houve alguma que lhe chamou a atenção? Leitura Vamos ler uma muito boa, publicada em janeiro de 2019: Bilionário está construindo navio para retirar plástico dos oceanos. Nem acreditamos quando vimos o título! Estamos tão habituados a notícias sobre fatos desagradáveis que, ao lermos sobre um fato feliz, pensamos logo que é fake news. Ainda bem que a realidade ainda é capaz de trazer esperanças. E mais: existem jornalistas prontos para divulgar notícias assim. javascript:void(0); O texto jornalístico: narrativo e dissertativo Texto jornalístico e representação simbólica da realidade Claro que imaginar mundos melhores é bem mais divertido, mas você tem lido as notícias nos últimos meses? Houve alguma que lhe chamou a atenção? Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A narrativa jornalística tem como premissa a ideia de que esta trata da verdade em seus enredos, de o texto jornalístico representar a realidade de modo imparcial e objetivo, caracterizando o jornalista como um narrador sem subjetividade, quase como um ser à parte do mundo em que vivemos. Fonte: Shutterstock Será? Você acredita que o texto jornalístico é isento de qualquer parcialidade? Vamos re�etir. R7 Em 18 de agosto de 2018, no site R7, foi publicada a notícia: Brasileiros expulsam venezuelanos após assalto em cidade de Roraima. Folha Nessa mesma data, o site do jornal Folha de São Paulo publicou a notícia: Venezuelanos e brasileiros se confrontam nas ruas de cidade de Roraima. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Você deve ter veri�cado que as notícias tratam do mesmo fato: moradores de uma cidade em Roraima agridem imigrantes venezuelanos. Mas o modo de dizer é diferente. Vejamos: javascript:void(0); javascript:void(0); Leia o texto a seguir com a análise desses títulos: Analisando título e subtítulo Clique no botão acima. Analisando título e subtítulo No título, ao usar um verbo indicador de ação (expulsar) no tempo presente, a notícia sugere que o fato é recente e que há continuidade nesta ação, como se o ato de expulsar ainda estivesse acontecendo. Compare as orações: Brasileiros expulsaram/ Brasileiros expulsam. Quando �exionamos o verbo no pretérito perfeito, sugerimos que a ação é �nda e que foi pontual, sem continuidade; diferente do presente do indicativo, que sugere certa persistência da ação. O título ainda destaca quando e onde aconteceu o fato: após assalto e em cidade de Roraima (sem especi�car a cidade, apenas o estado). Observe a ausência de artigo de�nido ou inde�nido para determinar os substantivos (brasileiros, venezuelanos, cidade e Roraima), pois estes elementos estão sendo apresentados ao leitor pela primeira vez. No subtítulo, ao iniciar o texto com o sujeito (moradores de Pacaraima), enfatiza-se quem fez a ação (se revoltar), porém utilizando-se de um verbo (revoltar) mais o pronome se, sugerindo re�exividade desta ação (revoltar a si mesmos). Porque o adjunto adverbial (na fronteira com a Venezuela) foi deslocado de seu local sintático tradicional (o �m do período), provoca-se o efeito de sentido de que o local onde aconteceu o fato é tão importante quanto o sujeito. Mas veja que o verbo revoltar-se está �exionado no pretérito perfeito do indicativo, portanto trata-se de uma ação já concluída e pontual (se revoltaram). Agora, é importante observarmos a oração adverbial “após um comerciante ter sido roubado e agredido supostamente por refugiados”. Veja que os verbos roubar e agredir estão na voz passiva, indicando que o sujeito (um comerciante) é recebedor de duas ações; assim, este sujeito é colocado na posição de vítima (foi roubado e agredido). Nesta oração, o escritor fez questão de explicitar o agente da passiva (por refugiados) para reforçar a ideia de ele ser responsável pela ação, embora o vocábulo supostamente tenha sido usado, amenizando a certeza dessa culpa e esse agente da passiva seja nomeado pelo substantivo refugiados. Agora vejamos o primeiro parágrafo desta notícia do R7: Ao concluirmos a leitura do título, do subtítulo e do primeiro parágrafo, já somos capazes de comentar sobre o fato, ou pelo menos dizer o que houve, quando ocorreu, onde aconteceu, quem são os envolvidos e como o fato se deu. Neste primeiro parágrafo, a ênfase foi dada ao sujeito venezuelanos, pois o período começa com esse sujeito, atribuindo-lhe o papel de sofrer a ação verbal (ser agredido). Veja que, ao se referir aos venezuelanos, o autor utiliza o substantivo refugiados, não apenas porque precisava de um outro vocábulo para substituir o sujeito, mas porque havia a necessidade de oferecer ao leitor uma nova informação: que os venezuelanos eram refugiados, não eram apenas imigrantes. Há, então, uma questão política a ser considerada, pois a palavra refugiado representa a ideia de migrante que sofre ou sofreu perseguição política. Se prestarmos um pouco mais de atenção, veremos que se pode criar um campo semântico referente ao fato, constituído pelos verbos: foram agredidos, foram expulsas e atirar. Atenção Esses verbos revelam uma perspectiva sobre o fato: a violência o caracteriza, já que os verbos têm essa ideia associada à sua signi�cação. Além disso, o vocábulo até (e até bombas caseiras) reforça essa imagem de violência, enfatizando e acrescentando uma informação. Leia o texto a seguir com a análise das ações do sujeito Analisando o sujeito Clique no botão acima. Analisando o sujeito Veja que o site Folha de São Paulo optou por classi�car a notícia como sendo da Venezuela, e não do Brasil. Isso se comprova pelo vocábulo acima do título (Venezuela). O título enfatiza o sujeito, neste caso composto (Venezuelanos e brasileiros), sugerindo dois agentes para a ação verbal representada pelo verbo confrontar, que vem acompanhado do pronome se com o sentido de reciprocidade. Sendo assim, o sujeito composto é colocado na posição de agente e recebedor da ação verbal, provocando o efeito de sentido de responsável e, ao mesmo tempo, vítima do fato. Além disso, o verbo indicador de ação (confrontar) foi �exionado na voz ativa, reforçando o papel de agente que o sujeito exerce; e no presente do indicativo, ativando o aspecto permansivo que este verbo pode assumir, sugerindo então a ideia de uma ação que continua e de um fato recente. Comentário Permansivo: Diz-se de aspecto verbal cujo estado ou processo permanece em seus efeitos, como, por exemplo, nos verbos conservar, continuar, permanecer, em que a noção de permanência está implícita. O título informa ao leitor onde o fato aconteceu: nas ruas de cidade de Roraima. Observe que o substantivo rua está no plural, sugerindo uma espacialidade ampla para o fato; o substantivo cidade vem acompanhado apenas da preposição de, sem um determinante (de cidade), assim como o substantivo Roraima. Veri�camos, então, que o título responde às questões: quem (Venezuelanos e brasileiros), o quê (se confrontam) e onde (nas ruas de cidade de Roraima). O subtítulo acrescenta uma informação ao título: Secretaria de Segurança Nacional enviará contingente extra de 60 homens à região, levando o leitor a se perguntarsobre o porquê dessa ação, gerando o efeito de sentido de suspeita de que o confronto entre venezuelanos e brasileiros é grave. Para dar essa informação, o subtítulo traz uma oração constituída de um sujeito agente da ação verbal, pois o verbo está na voz ativa (enviará). Desta vez, o tempo verbal escolhido foi o futuro do presente, provocando o sentido de ação que ainda não aconteceu, mas que é certa. O futuro do presente do modo indicativo se caracteriza por referir-se a uma ação virtual, não concretizada ainda, mas que sugere ao leitor a certeza de acontecer. Vejamos agora o primeiro parágrafo da notícia publicada no site Folha de São Paulo: Leiamos, a seguir, uma análise sobre esse parágrafo Análisando o parágrafo Clique no botão acima. Análisando o parágrafo O primeiro parágrafo é um período simples, cuja oração segue a ordem direta da sintaxe da língua portuguesa: começa com a apresentação do sujeito (Pacaraima), que neste caso é um substantivo que designa um lugar, uma cidade, enfatizando, portanto, o local onde o fato se deu (Pacaraima). Depois acrescenta um verbo indicador de ação (transformar) mais o pronome re�exivo se, colocando o sujeito como agente e paciente da ação verbal; o tempo verbal escolhido para narrar foi o pretérito perfeito (se transformou), sugerindo que a ação foi �nalizada e pontual. Como o verbo transformar-se exige um complemento, a construção sintática prossegue com o complemento verbal sendo explicitado (em uma zona de con�ito), cujo efeito de sentido gerado é de que o fato corresponde a uma tensão violenta que se instaurou em Pacaraima. Esse efeito é provocado pelo sentido mesmo da expressão zona de con�ito, sugerindo um espaço (zona) de discordância entre grupos (venezuelanos e brasileiros) que se estabeleceu, pois o verbo transformar-se leva o leitor a fazer uma inferência sobre como estava Pacaraima antes, provavelmente tranquila, e que houve um fato que mudou esse estado para o oposto. O parágrafo informa ainda quando essa transformação aconteceu – neste sábado (18), situando o leitor temporalmente; e complementa a informação dizendo como aconteceu: “com pedradas, ataques com bombas de gás improvisada, incineração de pertences de refugiados e vandalização de carros dos moradores locais”. Veja que, ao se referir aos venezuelanos, foi usado o substantivo refugiados, assim como no site R7, ou seja, caracteriza os envolvidos no fato como pessoas perseguidas politicamente que fugiram de seu país. Além disso, o texto fez uso do vocábulo incineração em vez do verbo queimar (site terra – “Grupos de brasileiros atiraram pedras e queimaram acampamentos de imigrantes”), modalizando de forma enfática o evento, pois incinerar sugere ideia de reduzir algo a cinzas, enquanto queimar sugere a ideia de atear fogo sem, necessariamente, consumir-se por ele. Atenção Como pudemos observar, embora a notícia tenha como objetivo narrar de modo imparcial um fato do cotidiano, veri�camos que, conforme as escolhas vocabulares, sintáticas, morfológicas, essa imparcialidade se distancia da narrativa objetiva, abrindo espaço para uma parcialidade disfarçada justamente por essas escolhas. Assim, é possível estabelecermos a relação entre a função comunicativa do texto jornalístico — informar sobre um fato —, e a realidade. O texto jornalístico deve ser compreendido como uma representação possível da realidade, que segue determinações sociais, das empresas de comunicação e do próprio jornalista que produz o texto. Fonte: Shutterstock Ou seja, dependendo da posição discursiva que se queira assumir, o texto jornalístico de�nirá como a realidade será apresentada a nós. Veja o esquema: Texto narrativo versus texto dissertativo: informação X opinião Observemos duas notas publicadas no jornal O Povo, em 21/04/2019: Claudia Raia, uma das atrações do 12º Encontro de Mulheres Pague Menos, está impagável como a abelhuda e convencida Lidiane na novela Verão 90, das quase 20 horas da Globo. Esbanja sua veia humorística como ninguém. O Encontro de Mulheres será de 16 a 19 de maio no Centro de Eventos. O longa brasileiro Bacurau venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes em empate com o francês Os Miseráveis, de Ladj Ly. O anúncio aconteceu neste sábado (25), na França. Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, o longa-metragem de aventura e �cção cientí�ca tem no elenco os cearenses Silvero Pereira, Rodger Rogério e Uirá dos Reis, carioca radicado no Ceará. Atividade 1. Qual desses textos podemos a�rmar que teve como objetivo informar sem tecer comentário? No título da nota esse comentário já é feito, ao nomear a atriz de Musa do Verão. E continua a dar opinião sobre a atriz: “esbanja sua veia humorística como ninguém”. A nota parece ter como objetivo central opinar sobre a competência de Cláudia Raia, no lugar de informar sobre o evento da Pague Menos. O texto 2 (nota publicada sobre o �lme Bacurau) atém-se à informação, evitando o uso de vocábulos ou expressões que sugiram julgamento, opinião, comentário. Por ser um jornal publicado no Ceará, é óbvio que o jornalista informa, já no título, que o elenco conta com atores cearenses, para atrair o leitor local: Com cearenses no elenco, ‘Bacurau’ é premiado em Cannes. Atenção Veja que os verbos foram �exionados na terceira pessoa do singular para garantir o afastamento do fato e sugerir veracidade à informação: venceu e aconteceu. O último parágrafo apenas acrescenta uma informação que comprova o que foi dito no título sobre o elenco, fazendo uso do verbo �exionado no presente do indicativo (tem), sugerindo a ideia de algo permanente: Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, o longa-metragem de aventura e �cção cientí�ca tem no elenco os cearenses Silvero Pereira, Rodger Rogério e Uirá dos Reis, carioca radicado no Ceará. Sendo assim, podemos a�rmar que o texto 1 é uma narrativa, pois exprime uma opinião, enquanto o texto 2 é dissertativo, pois relata um fato apenas. Deu para distinguir o texto narrativo do texto dissertativo, informação de opinião? Mas por que conversamos sobre esses assuntos? Porque os textos jornalísticos se caracterizam pela narração e dissertação. Vamos ver esses gêneros? Gêneros textuais jornalísticos: a notícia, a nota, a reportagem, o editorial, a coluna, o ombudsman e a crônica Ao analisarmos as notícias, em nosso primeiro tópico, e as notas, no segundo, veri�camos que esses textos se caracterizam pelo uso da narração, embora em uma das notas tenhamos veri�cado a opção do jornalista pela dissertação, descaracterizando o gênero. Vejamos as seguintes características: Clique nos botões para ver as informações. A dissertação tem como função comunicativa informar, relatar um fato de maneira breve, sem expor opinião, como vimos no exemplo 2 (nota sobre o �lme Bacurau, fazendo uso da norma culta formal. Para isso, �exionam-se os verbos no pretérito perfeito e em terceira pessoa, para garantir a ideia de objetividade e o distanciamento entre o jornalista e o fato relatado, garantindo credibilidade à informação. Dissertação A notícia é um gênero cujo objetivo é também relatar um fato do cotidiano, de modo objetivo, em terceira pessoa, evitando o uso de vocábulos ou expressões que transpareçam o ponto de vista do jornalista. É um texto informativo, que se quali�ca pelo ineditismo do fato, por ser verdadeiro (representar a realidade), objetivo e de interesse do público. Para se caracterizar como verdadeira, a notícia lança mão de informações que garantem a reconstrução do universo de discurso em jogo: nomes de pessoas, ruas, cidades, referências temporais precisas, falas de outros (depoimentos transcritos de pessoas ou instituições). Notícia Outras características da notícia Clique no botão acima. Outras características da notícia: uso da norma culta formal e ordem cronológica Linguagem A linguagem deve ser culta e formal, podendo aproximar-se do registro coloquialda língua, dependendo do assunto e da sua audiência. Sobre seu conteúdo, a notícia deve responder às seguintes perguntas: O que aconteceu? Quem são os envolvidos no fato? Quando aconteceu o fato? Onde o fato aconteceu? Como aconteceu? Por que aconteceu? Ordem cronológica O texto pode ser narrado em ordem cronológica linear — iniciando pela ação mais remota e terminando com a ação mais recente; ou não linear — iniciando pelo fato mais recente e terminando com o mais remoto. Isso implica em três possíveis estruturações da notícia: Pirâmide invertida - Começa-se pelo fato mais recente, de modo mais geral, e termina-se pelo fato mais distante, de modo mais especí�co, mais detalhado) — no caso da pirâmide invertida, os fatos principais são expostos no primeiro parágrafo, oferecendo um resumo; Pirâmide normal - O texto apresenta detalhes da introdução, fatos de crescente importância (criando suspense), fatos culminantes e o desenlace; Sistema misto - Neste caso, os fatos culminantes são apresentados na entrada e, depois, a narração segue em ordem cronológica linear. Atenção Além da notícia e da nota, temos outro tipo de texto que se caracteriza pela narração com o objetivo de informar: a reportagem. Reportagem x Notícia O gênero Reportagem não se confunde com a notícia, pois trata de fenômenos sociais e políticos, acontecimentos produzidos no espaço público e que são de interesse geral, ou seja, a reportagem extrapola a notícia, a narração de um fato especi�camente. Além disso, este gênero é assinado pelo jornalista, enquanto a notícia não; podendo ser um texto mais subjetivo, a partir de um ponto de vista pessoal. Normalmente, a reportagem é veiculada em revistas, pois os fatos presentes no texto compõem uma narrativa mais abrangente, mais analítica em alguns casos. Para desenvolver a reportagem, o jornalista precisa investigar mais, fazer um levantamento de dados ainda maior que a notícia exige, pois a estrutura da reportagem é mais complexa, podendo conter separatas com entrevistas, grá�cos, tabelas, enquetes etc. Exemplo Leia a reportagem sobre lúpus, publicada na revista Superinteressante: Cientistas descobrem a mutação genética que causa o lúpus. Gêneros marcados pela opinião Editorial Dentre os textos marcados pela opinião, está o editorial, que se caracteriza pela subjetividade. Sua função comunicativa é opinar sobre os assuntos, apresentando aos interlocutores a posição de determinado veículo de comunicação. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Exemplo Leia o editorial do jornal O Povo: Não ao decreto de armamento: Brasil quer paz. Coluna Ao lado do editorial está um outro gênero opinativo: a coluna, que tem por objetivo discorrer sobre uma interpretação da realidade para orientar o leitor. Comentário Geralmente é produzido por alguém que tenha espaço garantido no jornal, podendo ser um literato, não sendo obrigatoriamente um jornalista. javascript:void(0); javascript:void(0); Estrutura do texto dissertativo da coluna Clique no botão acima. Estrutura do texto dissertativo da coluna A estrutura é de um texto dissertativo, com o objetivo de convencer e persuadir o leitor, cuja redação pode ser em primeira pessoa; assinado pelo autor, que de�ne o tom do texto e o ponto de vista a ser defendido. Leia a coluna do Gregório Duvivier, da Folha de São Paulo, e assista a um vídeo de seu programa na HBO, e observe os temas, a linguagem e os pontos de vista desse colunista: Alguns exemplos: A polarização embaralhada. Coach. Cabe, então, ao jornalista “manifestar uma crítica à empresa jornalística, com o objetivo de ser um autorregulador dessa mídia”. (Sarmento; Silva, 2009) Estrutura do gênero ombudsman Clique no botão acima. Estrutura do gênero ombudsman Esse gênero se caracteriza pela seguinte estrutura organizacional: 1. Introdução do tema, juntamente com a opinião da audiência; 2. Apresentação da crítica ao jornal (criticar e defender o jornal, inserir exemplos, apresentar ideias e sínteses, rea�rmar posicionamentos); 3. Concluir a crítica (apresentar sugestões à mídia); 4. Apresentar credenciais (indicar a próxima coluna, informar a credencial do autor, disponibilizar informações para o contato com o jornalista (também nomeado ombudsman). Veja um exemplo de texto característico deste gênero: A imprensa e a sensação de pânico na cidade. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Gênero �utuante entre informação e opinião: crônica jornalística Agora, há um gênero que parece �utuar entre a informação e a opinião: a crônica jornalística. Talvez seja este o gênero jornalístico mais �exível, menos institucionalizado, ou seja, o texto que mais deixa o jornalista livre de amarras estruturais, de conteúdo e de estilo. Vejamos algumas características da crônica jornalística: Aspectos da crônica jornalística Clique no botão acima. Aspectos da crônica jornalística Esse tipo de gênero em muito se assemelha ao texto literário, já que se caracteriza pelo uso de �guras de linguagem, jogo de palavras, personagens �ctícios, uso da primeira pessoa — caracterizando uma subjetividade atrelada à crítica — e o tom de conversa com o interlocutor — dirigindo-se a ele diretamente ao fazer uso de pronomes de segunda pessoa do discurso (você). Podemos pensar a crônica como um gênero híbrido, que se constrói a partir de características da narrativa não �ccional, do gênero opinativo e do literário. É um texto com volume de informação em uma narrativa curta, pessoal e livre — tanto com relação ao processo de produção quanto ao conteúdo e à edição. Por ser um texto com características literárias, a linguagem �utua num contínuo entre o formal e o coloquial, aproximando-se bastante do registro da fala, como estratégia de aproximação com o interlocutor. (...) também se apropria da realidade do cotidiano, como o jornalismo factual, mas procura ir além e mostrar o que está por trás das aparências, o que o senso comum não vê (ou não quer ver). Exemplo Leia a crônica Cigarreira, de luís Fernando Veríssimo, publicada no site GZH. javascript:void(0); Atividade Um raro exemplar de urso panda completamente branco foi fotografado em uma reserva natural no sudoeste da China, informou a agência de notícias estatal Xinhua neste sábado (25). O animal foi fotografado em uma mata no dia 20 de abril, na província de Sichuan. Disponível em: g1.globo. Acesso em: 18 jun. 2019. 2. Neste trecho da notícia: “Panda albino é visto em reserva natural na China”, observamos informações que ajudam a reconstruir o universo de discurso em jogo e que garantem credibilidade ao texto. Quais são essas informações? Em 18 de agosto de 2018, o site Terra publicou uma notícia com o seguinte título: 3. Sobre esse título, avalie as a�rmações a seguir e marque a verdadeira: a) O título destaca o sujeito Venezuelanos, pois inicia o período por ele, seguindo a ordem direta da sintaxe da língua portuguesa. b) No título, ao flexionar os verbos na voz passiva, o sujeito se torna agente das ações verbais. c) O título destaca o local onde aconteceu o fato e quando se deu, situando o leitor espacial e temporalmente. d) O sujeito Venezuelanos é apresentado como responsável pela ação verbal, podendo-se inferir que este é vítima do fato. e) Porque o tempo verbal usado no título foi o pretérito perfeito, conclui-se que o fato já aconteceu e que foi uma ação pontual. 4. A notícia é um gênero narrativo que deve responder em seu conteúdo às seguintes perguntas: a) O que e onde aconteceu? b) O que aconteceu, quem são os envolvidos no fato e como aconteceu? c) O que aconteceu, quem são os envolvidos no fato, onde aconteceu, quando aconteceu, como e por que aconteceu. d) Onde, quando e como aconteceu. e) O que aconteceu, quem são os envolvidos no fato e por que aconteceu. javascript:void(0); 5. O texto jornalístico pode ser classi�cado como informativo ou opinativo. Qual par de gêneros pode ser considerado informativo?a) Editorial e crônica b) Coluna e reportagem c) Nota e ombudsman d) Notícia e nota e) Coluna e ombudsman 6. Dos gêneros jornalísticos listados a seguir, qual podemos a�rmar ser o mais �exível, menos institucionalizado? Notícia Reportagem Editorial Crônica Coluna Notas Dionísio 1 Deus do vinho e da alegria. O teatro grego tem origem nas festas dionisíacas, quando eram encenadas tragédias e sátiras. Durante as encenações, usavam-se máscaras para representar os personagens. Peripécias 1 Ações inesperadas, repentinas.Referências BENASSI, M. V. B. O gênero “notícia”: uma proposta de análise e intervenção. In: Celli – Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários. 3, 2007, Maringá́. Anais... Maringá́, 2009, p. 1791-1799. ERBOLATO, Mário. Técnicas de codi�cação em jornalismo. São Paulo: Ática, 2003. LAGE, N. Linguagem Jornalística. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006. MENEZES, Rogério. Relações entre a crônica, o romance e o jornalismo. In: Jornalismo e Literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Escrituras, 2002. SILVA, Nívea R. da; SARMENTO, Andréa R. O gênero ombudsman: da organização retórica ao sistema de atividades. Working Papers em Linguística, 2009. p g SOSTER, Demétrio de A. Narrativas midiáticas contemporâneas: perspectivas epistemológicas. Santa Cruz do Sul: Catarse, 2017. Próxima aula Classi�cação dos gêneros radiofônicos; Formatos radiofônicos; O rádio depois da tecnologia da internet. Explore mais Leia o artigo: Diferença entre notícia, reportagem e artigo. Acesso em: 18 jun. 2019. javascript:void(0);