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Odontologia - UFPE 1 PPG – Processos Patológicos Gerais PIGMENTAÇÕES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS PIGMENTOS Pigmentos são substâncias coloridas, que podem ser normais das células (melanina), ou. Esses pigmentos podem ser exógenos ou endógenos. PIGMENTOS ENDÓGENOS Sintetizados dentro do próprio corpo. Podem ser: o Derivadas da hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina, hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico); o Melanina; o Ácido homogentísico; o Lipofuscina. DERIVADOS DA HEMOGLOBINA PIGMENTOS BILIARES: - O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), um pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas; HIPERBILIRRUBINEMIA: - Aumento na produção de Bb ou defeito hepático na remoção do pigmento da circulação; - Sinal clínico: icterícia. Se caracteriza por deposição do pigmento na pele, esclera e mucosas. HEMATOIDINA - Constituída por uma mistura de lipídeos e um pigmento semelhante à Bb, desprovido de ferro, que se forma em focos hemorrágicos, após a degradação das hemácias extravasadas por macrófagos locais; - Aparece sob a forma de cristais de cor variando do amarelo-ouro, amarelo-alaranjado ou vermelho-alaranjado a marrom dourado, constituídos de agulhas dispostas radialmente ou formando pequeninas placas romboidais, esferoidais ou irregulares; - É comum a presença de hemossiderina associada à hematoidina. A hematoidina não tem repercussões para o organismo. HEMOSSIDERINA - O pigmento hemossiderina representa agregados de micelas de ferritina; - Pigmento granular ou cristalino, amarelo-ouro a marrom, derivado da hemoglobina, sendo uma das principais formas de armazenamento do ferro; - O ferro é normalmente carreado por uma proteína de transporte específica chamada transferrina. Nas células, é armazenado em associação com uma proteína, a apoferritina, para formar micelas de ferritina. A ferritina é um componente da maioria dos tipos celulares; - Quando há um excesso local ou sistêmico de ferro, a ferritina forma grânulos de hemossiderina, que são facilmente vistos à microscopia óptica; - Sob condições normais, podem ser observadas em fagócitos mononucleares da medula óssea, baço e fígado, que estão ativamente envolvidos na degradação das hemácias; - O melhor exemplo de hemossiderose localizada é a equimose comum - Equimose em reabsorção: no local da lesão, as hemácias extravasadas são fagocitadas durante vários dias pelos macrófagos, que degradam a hemoglobina e recuperam o ferro. Após a remoção do ferro, a porção heme é convertida primeiramente em biliverdina (bile verde) e, depois, em bilirrubina (bile vermelha). Em paralelo, o ferro liberado do heme é incorporado na ferritina e, finalmente, na Odontologia - UFPE 2 PPG – Processos Patológicos Gerais hemossiderina. Esses processos causam mudanças de cores (vista em uma equimose em reabsorção), que muda de vermelho-arroxeada para azul-esverdeada e para amarelo-ouro, até desaparecer. - Quando há sobrecarga sistêmica de ferro, a hemossiderina é depositada em muitos órgãos e tecidos, uma condição denominada hemossiderose. Ocorre por: aumento da absorção do ferro da dieta, anemias hemolíticas e transfusões de sangue repetidas. PIGMENTO MALÁRICO - Também denominado hemozoína, resulta da degradação da hemoglobina ingerida pelos parasitos da malária (Plasmodium) durante o seu ciclo de vida assexuado nas hemácias; - A quantidade de pigmento nos tecidos aumenta com a duração da infecção. O pigmento malárico é inerte e não tóxico, mas sua retenção maciça em grande número de monócitos circulantes e macrófagos pode afetar algumas funções dessas células, como a fagocitose. PIGMENTO ESQUITOSSOMÓTICO - Origina-se no tubo digestivo do Schistosoma a partir do sangue do hospedeiro, o qual é ingerido pelo verme adulto como fonte de nutrientes; - O pigmento esquistossomótico, se acumula como grânulos castanho-escuros ou negros nas células de Kupffer, nos macrófagos do baço e no tecido conjuntivo dos espaços portobiliares; - A deposição do pigmento não traz repercussões para o organismo. MELANINA: - É o único pigmento endógeno marrom-negro; - A cor varia do castanho ao negro; - É formado quando a enzima tirosinase catalisa a oxidação da tirosina em di-hidroxifenilalanina nos melanócitosç - A produção excessiva e a redução da síntese de melanina, respectivamente hiper e hipopigmentação melânicas, também denominadas melanodermias e leucodermias, são frequentes e originam numerosas doenças, causadas por disfunção de uma ou mais etapas da melanogênese. o Lesões hiperpigmentadas: Efélides (sardas), os nevos (sinal) e os melanomas; o Hipopigmentação: pode ser congênita (albinismo) ou adquirida (vitiligo). ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Trata-se de pigmento em forma de grânulos de cor castanho-avermelhada ou amarelada, ocre, que se forma em pessoas com alcaptonúria, também conhecida como ocronose. Essa rara doença, de herança autossômica recessiva. LIPOFUSCINA (LIPÍDIO MARROM): - Pigmento insolúvel, também conhecido como lipocromo ou pigmento de desgaste; - Composta de polímeros de lipídios e fosfolipídios formando complexos com proteínas, sugerindo que é derivada da peroxidação de lipídios poli-insaturados de membranas subcelulares; - Não é considerada nociva à célula ou às suas funções; - Ela é um sinal denunciador de lesão por radicais livres e peroxidação lipídica; - Em cortes histológicos, ela aparece como um pigmento castanho-amarelado finamente granular citoplasmático, frequentemente perinuclear; - Marcador de envelhecimento celular. PIGMENTOS EXÓGENOS Provenientes de fora do corpo. Odontologia - UFPE 3 PPG – Processos Patológicos Gerais ANTRACOSE - O mais comum é o carbono (poeira de carvão), poluente de ar ubíquo; - Quando inalado, é assimilado pelos macrófagos dentro dos alvéolos e, então, transportado através dos vasos linfáticos para linfonodos regionais na região traqueobrônquica; - O acúmulo desse pigmento confere cor negra ao tecido pulmonar e aos linfonodos envolvidos. OBS.: agregados de poeira de carvão podem induzir uma reação fibroblástica, ou até mesmo enfisema, causando uma doença pulmonar grave conhecida como pneumoconiose dos trabalhadores do carvão. ARGIRIA - Deposição de sais de prata em tecidos; quando se deposita nos olhos, é conhecida como argirose; - Às vezes presente em tratamento odontológico com amálgama (mistura metálica de mercúrio e prata), uso prolongado de medicamentos tópicos que contêm nitrato de prata ou implantação cutânea de agulhas de acupuntura. TATUAGEM - Os pigmentos inoculados são fagocitados pelos macrófagos da derme, nos quais residem pelo resto da vida dos indivíduos; - Esses pigmentos geralmente não despertam nenhuma resposta inflamatória; - As tatuagens são permanentes ou transitórias (henna) , conforme o pigmento seja introduzido, respectivamente, na derme ou no estrato córneo da epiderme. CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA É a deposição anormal de sais de cálcio nos tecidos, junto com quantidades menores de ferro, magnésio e outros sais minerais. - A calcificação pode ser distrófica, metastática ou idiopática. Calcificação Distrófica: quando a deposição ocorre localmente em tecidos mortos. Ocorre apesar de níveis séricos de cálcio normais e na ausência de alterações no metabolismo do cálcio. Calcificação Metastática: deposição de sais de cálcio em tecidos normais. Resulta da hipercalcemia secundária a algum desequilíbrio no metabolismo do cálcio. Calcinose Idiopática: consiste em depósitos de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normaisde cálcio e de fosfato. As lesões podem ulcerar-se, permitindo drenagem do material calcário. CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA Encontrada em áreas de necrose, sejam elas do tipo coagulativa, caseosa ou liquefativa, e em focos de necrose enzimática da gordura. É um indicador de lesão celular prévia. - Quase sempre está presente nos ateromas da aterosclerose avançada. Também se desenvolve comumente nas valvas cardíacas envelhecidas ou danificadas, dificultando ainda mais a sua função; - Os sais de cálcio aparecem macroscopicamente como delicados grânulos ou grumos brancos, muitas vezes palpáveis como depósitos arenosos. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA Ocorre nos tecidos normais sempre que há hipercalcemia. Odontologia - UFPE 4 PPG – Processos Patológicos Gerais Causas principais de hipercalcemia: - Hiperparatireoidismo: aumento da secreção do paratormônio; - Destruição de tecido ósseo; - Distúrbios relacionados à vitamina D; - Insuficiência renal. - Pode ocorrer em qualquer lugar do corpo, mas afeta principalmente os tecidos intersticiais da mucosa gástrica, rins, pulmões, artérias sistêmicas e veias pulmonares. CÁLCULOS Massas sólidas, esféricas, ovais ou facetadas, compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam em certos órgãos, particularmente vesícula biliar e rins. - A composição dos cálculos varia de acordo com o órgão. Na VESÍCULA BILIAR: - Formam-se a partir de modificações na composição da bile, sobretudo saturação de um de seus componentes, o que possibilita a precipitação de frações insolúveis, em geral em torno de um núcleo orgânico. Os cálculos biliares podem ser únicos ou múltiplos, puros ou mistos, com proporções variáveis de colesterol, bilirrubinato, sais orgânicos e inorgânicos de cálcio e sais biliares; - Se ocorrer obstrução abaixo da união com o ducto pancreático, pode causar pancreatite aguda por obstrução da drenagem pancreática e consequente extravasamento de suco pancreático no órgão. Nos RINS: - Os cálculos renais são formados por ácido úrico ou por fosfato de amônio e magnésio. Raramente, os cálculos são formados por cistina (cistinúria), fármacos ou urato de amônio; - Nos cálculos contendo cálcio, os pacientes geralmente têm hipercalcemia e hipercalciúria (esta pode existir sem hipercalcemia). REFERÊNCIA BIBLÍOGRAFICA: Robbins & Cotran - Patologia – Bases Patológicas das Doenças, 9ª ed., Elsevier/Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2016. Bogliolo, patologia/ Geraldo Brasileiro Filho. – 9. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Imagens da internet.
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