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Estabelecimento Empresarial A atividade (empresa) é exercida por um sujeito (o empresário), que geralmente viabiliza o exercício da atividade por meio de um complexo de bens, que denominaremos estabelecimento empresarial – ele é o instrumento da atividade empresarial. É o complexo de bens reunidos para o desenvolvimento da atividade empresarial e possui um valor próprio, distinto do valor dos bens que o compõem. O estabelecimento não pode ser entendido como o local onde se exerce a atividade Estabelecimento não é sinônimo de patrimônio. O patrimônio é composto de todos os bens valorados economicamente e o estabelecimento é composto, apenas, de bens utilizados para o exercício da atividade. Os débitos, por exemplo, fazem parte do patrimônio, mas não do estabelecimento. Assim sendo, o estabelecimento não se confunde com a empresa, uma vez que esta, conforme visto, corresponde a uma atividade. Da mesma forma, o estabelecimento não se confunde com o empresário, já que este é uma pessoa física ou jurídica que explora essa atividade empresarial e é o titular dos direitos e obrigações dela decorrentes. Mas, embora estabelecimento, empresa e empresário sejam noções que não se confundem, são conceitos que se inter-relacionam, podendo-se dizer, pois, que o estabelecimento, como complexo de bens usado pelo empresário no exercício de sua atividade econômica, representa a projeção patrimonial da empresa ou o organismo técnico-econômico mediante o qual o empresário atua. A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal. Sendo o estabelecimento uma universalidade de fato, ou seja, um complexo de bens organizado pelo empresário, ele não compreende os contratos, os créditos e as dívidas. Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Esse complexo de bens não precisa, necessariamente, pertencer ao empresário, que pode eventualmente locar bens. O essencial é que esse complexo de bens seja organizado pelo empresário para o exercício da empresa. A organização do empresário para uma finalidade comum é que vai dar ao complexo de bens a natureza de um estabelecimento. Portanto, o fundo de comércio ou estabelecimento empresarial constitui uma universalidade de fato, um conjunto de bens que se mantêm unidos, destinados a um fim, por vontade e determinação de seu proprietário. § 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou de um dos sócios da sociedade empresária. . PONTO . O ponto é o local em que está situado o estabelecimento e é para onde se dirige a clientela. § 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual. § 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento competirá ao Município. Possibilidade de renovação compulsória no contrato de locação, desde que, cumulativamente: - Contrato escrito e por prazo determinado. - Prazo mínimo de 05 anos do contrato. - Exploração do mesmo ramo por 03 anos ininterruptos. - Respeito ao prazo de ajuizamento da demanda - de 1 ano a 6 meses antes do fim do contrato. ❣OBS: Exclusivo para locação de estabelecimento comercial. Exceção de retomada: fatos que levam a improcedência da ação renovatória, mesmo que atendidos todos os requisitos: - O locatário apresenta proposta de renovação do aluguel em valor abaixo do valor real de locação. Neste caso, deve o locador apresentar as condições de locação. Se atendidas pelo locatário, a renovação corre. - Há proposta de locação por parte terceiro de terceiro melhor que a do locatário. Neste caso, deverá o locador apresentar por escrito a proposta de terceiro, assinada por duas testemunhas com a indicação do ramo a ser exercido, que não poderá ser o mesmo do locatário original. Neste caso, se o locatário aceitar pagar o valor proposto pelo terceiro, a renovação ocorrerá; se não aceitar, a renovação não ocorrerá. Devendo o locador indenizar o locatário pela perda do ponto. - O locador necessita realizar reforma substancial no imóvel locado por determinação do Poder Público ou para aumento do valor da propriedade. - O locador necessita do imóvel para uso próprio. - O locador necessita do imóvel para transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de 1 ano cuja a maioria do capital social seja de sua titularidade ou de seu cônjuge, ascendente ou descendente. Nesta hipótese, o imóvel não poderá ser destinado ao mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences. ↪Fundo de comércio: se refere ao conjunto de bens físicos, como máquinas e instalações, e incorpóreos (clientela, faturamento, entre outros) que foram adquiridos pelo inquilino para o estabelecimento. Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. § 3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar. Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte: II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar; III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; . . . . . . ELEMENTOS. . . . . . Estabelecimento empresarial é composto por bens de duas categorias: corpóreos e incorpóreos. ⬝Bens corpóreos: são aqueles que se caracterizam por ocupar espaço no mundo exterior, dentre eles podemos destacar: mercadorias; instalações; máquinas e utensílios; dinheiro; e veículos. Ainda que citemos tais bens móveis, vale lembrar também dos bens imóveis. O local em que o empresário exerce suas atividades – ponto de negócio – é apenas um dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial. ⬝Bens incorpóreos: são as coisas imateriais, que não ocupam espaço no mundo exterior, são ideias, frutos da elaboração abstrata da inteligência ou do conhecimento humano. Existem na consciência coletiva. Nessa categoria, estão os direitos que seu titular integra no estabelecimento empresarial, tais como patente de invenção; modelo de utilidade; marcas; desenhos industriais; obras literárias; ponto; e título do estabelecimento. Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. O nome empresarial integra o estabelecimento, mas não pode ser alienado, pois é personalíssimo. No entanto, é possível que o adquirente de estabelecimento empresarial use o nome do alienante, desde que previsto no contrato, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. . . . . . . . ATRIBUTOS. . . . . . O valor do estabelecimentonão é dado simplesmente pela soma dos valores singulares dos elementos que o compõem, mas também pela soma dos valores dos elementos e do aviamento. Aviamento: aptidão da empresa para Curso de produzir lucros, decorrente da qualidade de sua organização. - Objetivo: quando a capacidade decorrer da localização. - Subjetivo: quando decorrer da atuação do empresário e/ou de seus administradores. O aviamento, enquanto qualidade do estabelecimento, é medido essencialmente pela clientela do empresário, vale dizer, quanto maior for o número de clientes, maior é o aviamento. A clientela é o “conjunto de pessoas que, de fato, mantêm com a casa de comércio relações contínuas para aquisição de bens ou serviços”. Ela não se confunde com o aviamento, sendo apenas um efeito deste. A freguesia corresponde aos clientes em concreto. . . . . . . TRESPASSE. . . . . . . Contrato de alienação do estabelecimento empresarial. Não se pode confundir o estabelecimento empresarial com o patrimônio do empresário. Este é todo o conjunto de bens, direitos, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa física ou jurídica e seja suscetível de apreciação econômica. Vê-se, pois, que nem todos os bens que compõem o patrimônio são, necessariamente, componentes também do estabelecimento empresarial, uma vez que, para tanto, será imprescindível que o bem, seja ele material ou imaterial, guarde um liame com o exercício da atividade-fim do empresário. O estabelecimento empresarial compõe o patrimônio do empresário, razão pela qual este tem livre disponibilidade sobre o estabelecimento empresarial, ou seja, faz dele o que melhor lhe aprouver. Por outro lado, uma vez que integra o patrimônio do empresário, o estabelecimento empresarial é a garantia dos credores; e, nessa linha, a lei fixa determinadas condições para que possa ser alienado. No trespasse há uma alteração do titular do estabelecimento. Mesmo nos casos de alienação parcial, se é transferida a funcionalidade do estabelecimento devem ser aplicadas as regras inerentes ao trespasse. Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Naturalmente a alienação do Estabelecimento, que é um bem com valor patrimonial, está sujeita a certas formalidades e restrições, especialmente porque esse valor que representa o Estabelecimento é também a garantia dos credores. A alienação do estabelecimento empresarial poderá ser parcial e não precisará de concordância dos credores, caso restem bens suficientes para cumprir com as obrigações contraídas. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. No caso de trespasse, situação em que são transferidos todos os bens que constituem a substância da empresa para outro titular, o legislador fixa como condição a concordância expressa ou tácita de todos os credores do empresário ou o pagamento de todos os credores. No caso de notificação dos credores, considera-se o aceite tácito acerca da alienação se o credor não se manifestar contrariamente no prazo de 30 dias do recebimento da notificação. Se o alienante assim não proceder, deixando de colher a anuência dos credores ou de notificá-los, poderá ter sua falência decretada. Enunciado 233. A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts. 1142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial. Claro está que a transferência de alguns bens do estabelecimento empresarial não caracteriza o trespasse, mas implica a transferência substancial da empresa, como o título do estabelecimento, o endereço, seja por transferência da propriedade ou por transferência dos direitos decorrentes da locação, e os bens que traduzem a alma da empresa. Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação. A locação é contrato pessoal e a lei esclarece que tais contratos não se transmitem automaticamente, cabendo aqui análise de grande importância, pois o trespasse pode se tornar desinteressante ao adquirente que não puder se fixar no endereço em que aquela determinada empresa já fixou bases de clientela e freguesia. Entenda-se como contratos pessoais aqueles celebrados tendo em vista a pessoa do contratante, o que lhes retira aquela objetividade presa à atividade. Assim se classificam o contrato de locação de imóvel e o contrato de uso da marca. Enunciado 393. A validade da alienação do estabelecimento empresarial não depende de forma específica, observado o regime dos bens que a exijam. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Vê-se, pois, que é condição de eficácia perante terceiros (não de validade) o registro do contrato de trespasse na Junta Comercial e a sua posterior publicação. Eficácia do Trespasse: assinatura do contrato para os contratantes e para terceiros é a publicação no DOE. A legislação falimentar (Lei 11.101/2005) prevê a alienação irregular do estabelecimento empresarial como ato de falência (art. 94, inciso III, alínea “c”), isto é, o trespasse irregular pode ensejar o pedido e a decretação da quebra do empresário. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. A ampliação do prazo de 05 anos de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva. SÚMULA N. 451-STJ. É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração. . . . OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS. . . . Os débitos regularmente contabilizados responsabilizam solidária e temporariamente alienante e adquirente. O alienante se mantém responsável pelos débitos anteriores à alienação, por 01 ano a contar da publicação da transferência no DOE; e, quanto aos débitos vincendos (a vencer), por um ano a contar do vencimento da obrigação. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. O adquirente do estabelecimento empresarial responde pelas dívidas existentes – contraídas pelo alienante –, desde que regularmente contabilizadas, isto é, constantes da escrituração regular do alienante, pois foram essas as dívidas de que o adquirente teve conhecimento quando da efetivação do negócio. Embora o adquirente assuma essas dívidas contabilizadas, o alienante fica solidariamente responsável por elas durante o prazo de um ano. Tal prazo, todavia, será contado de maneiras distintas a dependerdo vencimento da dívida em questão: tratando-se de dívida já vencida, o prazo é contado a partir da publicação do contrato de trespasse (vide art. 1.144 do Código Civil); tratando-se, em contrapartida, de dívida vincenda, o prazo é contado do dia de seu vencimento. Destaca-se que só se aplica às dívidas negociais do empresário, decorrentes das suas relações travadas em consequência do exercício da empresa (por exemplo, dívidas com fornecedores ou financiamentos bancários). Em se tratando, todavia, de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o disposto no art. 1.146 do Código Civil. A alienação de estabelecimento empresarial feita em processo de falência ou de recuperação judicial não acarreta, para o adquirente do estabelecimento, nenhum ônus, isto é, o adquirente não responderá pelas dívidas anteriores do alienante, inclusive dívidas tributárias e trabalhistas. Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata o art. 142: II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. A Lei 11.101/2005 – Lei de Recuperação de Empresas – trouxe essa disposição normativa com o intuito de tornar mais atrativa a aquisição de estabelecimentos empresariais de empresários ou sociedades empresárias em processo de falência ou de recuperação judicial, em homenagem ao princípio da preservação da empresa. . CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA . Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Mesmo na ausência de cláusula contratual expressa, o alienante tem a obrigação contratual implícita de não fazer concorrência ao adquirente do estabelecimento empresarial. Nada impede, portanto, que as partes estipulem, no contrato de trespasse, que o alienante pode se restabelecer a qualquer momento, ou ainda que se estipule um prazo diverso do estatuído na norma em comento. Enunciado 489. A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva.
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