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O estresse é várias respostas físicas e mentais causadas por estímulos externos ( ou seja, os motivos estressantes).. Esses estímulos quando entra no SNC vão acionar várias estruturas que vão causar toda uma resposta fisiológica e cognitiva para reagir, resolver os problemas. O estresse agudo pode ser entendido como uma ameaça imediata, a curto prazo, comumente conhecida como resposta à luta ou fuga. A “ameaça” pode ser qualquer situação considerada como perigosa e, após o evento (que dura de minutos a horas), há uma resposta de relaxamento. Em geral, como consequências fisiológicas imediatas devido a alterações hormonais na resposta ao estresse, ocorre aumento do ritmo cardíaco e frequência respiratória, ativação da resposta imune, mobilização de energia, aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose, perda de apetite, do interesse sexual e maior retenção de água e vasoconstrição (para o caso de perda de fluidos). Estes fenômenos ocorrem em períodos que vão de segundos a poucos minutos. As principais alterações fisiológicas ao estresse agudo, decorrentes dos efeitos hormonais, são a disponibilidade de energia para luta e fuga, aumento do tônus cardiovascular, elevando aporte de substratos aos músculos, estimulação do sistema imunológico, inibição da fisiologia para reprodução, redução do apetite e melhor cognição ( Tipos de estressores: Acontecimentos críticos Nascimento de um filho, casamento, morte súbita de uma pessoa, acidente Cotidiano Peso, aparência, problemas de saúde, cuidados com a casa e preocupações financeiras Traumáticos Estrupro, sequestro Medicamentos Betabloqueadores, benzodiazepínicos, corticosteroides, analgésicos A evolução do estresse se dá em três fases: Fase de Alerta: ocorre quando o indivíduo entra em contato com o agente estressor. Sintomas da fase de alerta: Mãos e/ou pés frios; boca seca; dor no estômago; suor; tensão e dor muscular, por exemplo, na região dos ombros; aperto na mandíbula/ranger os dentes ou roer unhas/ponta da caneta; diarréia passageira; insônia; batimentos cardíacos acelerados; respiração ofegante; aumento súbito e passageiro da pressão sanguínea; agitação. Fase de Resistência: o corpo tenta voltar ao seu equilíbrio. O organismo pode se adaptar ao problema ou eliminá-lo. Sintomas da fase de resistência: Problemas com a memória; mal-estar generalizado; formigamento nas extremidades (mãos e/ou pés); sensação de desgaste físico constante; mudança no apetite; aparecimento de problemas de pele; hipertensão arterial; cansaço constante; gastrite prolongada; tontura; sensibilidade emotiva excessiva; obsessão com o agente estressor; irritabilidade excessiva; desejo sexual diminuído. Fase de Exaustão: nessa fase podem surgem diversos comprometimentos físicos em forma de doença. Sintomas da fase de exaustão: Diarréias freqüentes; dificuldades sexuais; formigamento nas extremidades; insônia; tiques nervosos; hipertensão arterial confirmada; problemas de pele prolongados; mudança extrema de apetite; batimentos cardíacos acelerados; tontura freqüente; úlcera; impossibilidade de trabalhar; pesadelos; apatia; cansaço excessivo; irritabilidade; angústia; hipersensibilidade emotiva; perda do senso de humor. Estresse agudo Prevenção e controle: Alimentação: durante o processo de estresse, o organismo perde muitas vitaminas e nutrientes, portanto, para repor essa perda é recomendado comer muitas verduras e frutas, pois são ricas em vitaminas do complexo B, vitamina C, magnésio e manganês. Brócolis, chicória, acelga e alface são ricas nesses nutrientes. O cálcio pode ser reposto com leite e seus derivados. Atividade Física: qualquer atividade física proporciona benefícios ao organismo, melhorando as funções cardiovasculares e respiratórias, queimando calorias, ajudando no condicionamento físico e induzindo a produção de substâncias naturalmente relaxantes e analgésicas, como a endorfina. Por outro lado, o estresse é denominado crônico quando persiste por vários dias, semanas ou meses. Há evidências de que as respostas ao estresse crônico possam causar, clinicamente, relevante imunossupressão, embora nem sempre haja concordância entre os pesquisadores quanto ao tipo, duração e intensidade do estresse psicológico. No estresse crônico, que é gerado por repetida exposição ao agente estressor ou falta de adaptação do indivíduo, ocorre uma alteração das respostas do organismo, impedindo sua recuperação. Os níveis de cortisol, adrenalina e noradrenalina podem ficar alterados, falhando na capacidade de proteger o indivíduo. Os níveis elevados de catecolaminas e glicocorticoides podem manter elevada a oferta energética na circulação sanguínea, estado semelhante à diabetes. Além de crônico ou agudo, o estresse também pode ser classificado como físico (dor, choque, exposição ao frio), químico (por ação de drogas) ou psicológico (distúrbios sociais, situações de medo, imobilização). É provável que diferentes tipos de estresse possam exercer diferentes efeitos quanto à liberação de hormônios e funções imunes. O estresse crônico causa alterações nas funções executivas, memória, atenção, psicomotricidade e rebaixamento cognitivo de forma geral. Conclui-se, então, que existem alterações neuropsicológicas relacionadas ao estresse crônico e sugere-se que mais estudos sejam realizados com a finalidade de compreender melhor a extensão do impacto do estresse crônico no funcionamento cognitivo e emocional do indivíduo, além de avaliar sua influência a longo prazo A resposta ao estresse é bastante individual e pode ser dividida em três níveis: cognitivo, a resposta ao estresse depende de como o indivíduo avalia a situação estressora; comportamental, abrange as respostas comportamentais básicas, que podem ser de enfrentamento (luta), levitação (fuga) ou passividade (congelamento) e fisiológico tem sua raiz no sistema de defesa evolutivo dos animais e está relacionado às reações fisiológicas frente a uma situação ameaçadora O estresse crônico é geralmente conhecido por exacerbar o desenvolvimento de inúmeras doenças neuropsiquiátricas, como o medo e os transtornos de ansiedade, o que se deve, pelo menos parcialmente, à desinibição da amígdala após a exposição prolongada ao estresse. O receptor GABA A (GABAAR) medeia o componente primário de inibição no cérebro e sua ativação produz duas formas de inibição: a inibição fásica e tônica. Patogênese O estresse compreende inúmeros eventos inespecíficos, alterando a homeostase do organismo e induzindo o “comportamento doentio”. As respostas ao estresse ativam o sistema simpatoa-drenomedular e o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, com consequente liberação de catecolaminas e glicocorticóides, respectivamente. Alterações psicológicas e comportamentais estão associadas a alterações fisiológicas, evidenciando a comunicação entre os sistemas imune, endócrino e nervoso durante o estresse. Devido aos efeitos imunosupressores dos glicocorticóides, o estresse tem um importante papel na etiologia de muitas doenças, sendo prejudicial à saúde. Esta revisão discute os mecanismos de ativação e regulação do estresse, os modelos experimentais, hormônios do estresse, e a relação entre estresse e doenças. O estresse é mediado pelo sistema nervoso autônomo (SNA) e pelo eixo hipotálamo-hipófiseadrenal (HHA). O sistema simpático pode, em segundos, com a liberação de noradrenalina, aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Essa excitação do SNA tende a ter curta duração (aguda), sendo cessada com a ação do sistema parassimpático. O estresse ativa, também, o eixo HHA, elevando os níveis de glicocorticóides circulantes Estresse crônico No Sistema Nervoso Central (SNC), neurônios que sintetizam noradrenalina estão presentes no locus ceruleus.O locus ceruleus funciona no SNC como um “sistema de alarme”, desempenhando “a função de atenção, monitorando continuamente o ambiente e preparando o organismo para situações de emergência” O locus ceruleus se conecta com hipocampo, amigdala e neocortex e, durante a resposta ao estresse, há um aumento de noradrenalina na fenda sináptica, resultando num aumento da resposta sináptica. O estresse aumenta a síntese e liberação de dopamina no córtex pré-frontal, neurotransmissor relacionado à hipervigilância e também à redução de neurotransmissores serotoninérgicos. Respostas mediadas pela serotonina no córtex pré-frontal estão relacionadas à respostas mais adaptativas, inibindo o comportamento de luta e fuga, possibilitando que o indivíduo possa elaborar estratégias mais adequadas de enfrentamento (MARGIS et al, 2003). assim acredita que existem três eixos de atuação fisiológica ao estresse Diversos autores têm investigado as variações hormonais durante o estresse as quais preparam o organismo para reagir frente à condição de estresse. 1) aumento da secreção das catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) pelo sistema nervoso autônomo ; 2) liberação hipotalâmica do hormônio liberador de corticotropina (CRH) na circulação e, após poucos segundos, o aumento Estas variações incluem: da secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela pituitária; 3) diminuição da liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamo e das gonadotrofinas da pituitária; 4) aumento da secreção de prolactina, de hormônio do crescimento (GH) e de glucagon. Em caso de hemorragia, ocorre alta produção de arginina vasopressina (AVP) da pituitária e de renina do fígado. O aumento dos glicocorticóides e a diminuição dos hormônios gonadais ocorrem de maneira mais tardia. Dois componentes que estão bem distinguidos e envolvidos na ativação da resposta ao estresse são o eixo HPA e o SNA. Assim, a resposta do organismo ao estresse está associada à sua ativação, acarretando mudanças nas concentrações de vários mediadores relacionados ao estresse. ATIVAÇÃO DO EIXO HIPOTÁLAMO HIPOFISÁRIO O estresse é mediado pelo sistema nervoso autônomo (SNA) e pelo eixo hipotálamo- hipófiseadrenal (HHA). O sistema simpático pode, em segundos, com a liberação de noradrenalina, aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Essa excitação do SNA tende a ter curta duração (aguda), sendo cessada com a ação do sistema parassimpático. O estresse ativa, também, o eixo HHA, elevando os níveis de glicocorticóides circulantes ( Situações de estresse levam à ativação do eixo hipotálamo-hipófise adrenal (HHA), também conhecido como hipotálamo-pituitária adrenal (HPA). Uma das respostas mais características ao estresse é a liberação do hormônio liberador de corticotropina (CRH) pelo núcleo paraventricular do hipotálamo. Após ser secretado, o CRH é liberado na circulação portal hipotalamo-hipofisaria, atingindo a hipófise anterior, na qual estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). O ACTH atinge a circulação sanguínea, indo até a glândula adrenal, que irá corresponder a esse estímulo, aumentando com a síntese liberação de glicocorticoides, como o cortisol. O cortisol regula a diferenciação do tecido adiposo, bem como sua função e distribuição, contribuindo para a obesidade visceral. Além disso, o cortisol elevado, de forma crônica, também modifica o metabolismo dos lipídios, aumentando a atividade da enzima lipase lipoproteica, que é responsável pelo acúmulo de triacilgliceróis no tecido adiposo. Dessa forma, essas alterações contribuem ainda mais para a resistência à insulina, à obesidade e para a síndrome metabólica Nem sempre os níveis de ACTH e de glicocorticóides encontram-se elevados durante o estresse O estresse, de igual modo, pode alterar a ingestão energética, visto que tanto o CRH quanto o cortisol influenciam nos mecanismos de fome e saciedade. Comumente, a situação de estresse é associada ao ganho de peso, isso porque fisiologicamente, durante um fato estressante, ocorre uma produção excessiva de cortisol, inibindo CRH – mediante mecanismos de feedback negativo, permitindo a ativação das vias orexigenas, aumentando o consumo alimentar e, consequentemente, o ganho de peso. O feedback negativo é um mecanismo regulatório que inibe a liberação exacerbada dos hormônios pituitários-adrenais durante a ativação do eixo HPA induzida pelo estresse. A inibição do eixo HPA pelo feedback negativo é mediada pelos glicocorticóides e por seus receptores no hipocampo, hipotálamo e na pituitária. O feedback negativo pode ser tardio, quando o efeito inibitório dos glicocorticóides leva horas para ocorrer, ou rápido (após segundos ou minutos), dependendo do tipo de estresse ao qual o indivíduo está submetido ou da resposta adaptativa do mesmo frente ao agente estressor. Por outro lado, quando o mesmo estressor é repetido, a resposta do eixo HPA pode se dessensibilizar, o que é denominado de “habituação”. A habituação acarreta decréscimo gradual na atividade do eixo HPA, o que se deve, pelo menos em parte, a alterações na inibição causada pelo feedback negativo Locus cerebelos No Sistema Nervoso Central (SNC), neurônios que sintetizam noradrenalina estão presentes no locus ceruleus. O locus ceruleus funciona no SNC como um “sistema de alarme”, desempenhando “a função de atenção, monitorando continuamente o ambiente e preparando o organismo para situações de emergência” (GRAEFF, 1997 apud MARGIS et al, 2003). O locus ceruleus se conecta com hipocampo, Alterações neuropsicológicas A sobrecarga de estresse pode elevar a atividade cerebral, causando um aumento na produção e liberação de neurotransmissores, levando a um desequilíbrio em marcadores biológicos. A diminuição da necessidade de sono e o aumento do estado de vigília do corpo causa o estado prolongado de alerta, desregulando o padrão hormonal necessário para o metabolismo e trazendo alterações na memória, por exemplo. As Funções Executivas (FE) compõem outro domínio susceptível aos impactos do estresse. Considerando a magnitude da relação entre o cortisol e seu impacto nas FE, tomar uma decisão na rotina pode ser prejudicada em situações de estresse. De forma geral, para compreender melhor o impacto do estresse no processamento cognitivo é possível considerar alguns sintomas: dificuldades para recordar os nomes das pessoas, lembrar as datas de eventos, dificuldade em localizar objetos, estar irritado com frequência, ansiedade, diminuição da atenção e da velocidade para captar a informação, que podem se tornar mais evidentes ao passo que aumentam ou se aproximam situações estressoras Cada indivíduo pode experienciar o estresse de diferentes modos. As pessoas podem reagir de forma repetitiva e automática às situações adversas do dia- a-dia, como por exemplo, através de erros cognitivos comuns: pensamento dicotômico, catastrofização, leitura mental, minimização, generalização, entre outros. Essas distorções cognitivas tendem a aumentar o impacto dos efeitos do estresse no organismo do indivíduo. Além disso, algumas situações podem ser desencadeadoras para ativar os sintomas estressores no organismo: brigar com o cônjuge, vivenciar um luto, falar em público, cuidar de parentes com doenças degenerativas, realizar avaliações, entre outros. Alguns indivíduos convivem melhor com os efeitos do estresse, já outros necessitam de ajuda profissional (psicólogo, psiquiatra) para lidar com as suas consequências – neste caso, consideram-se variáveis genéticas e sociais. O estressor pode ser um único evento (p. ex., o término de um relacionamento afetivo), ou pode haver múltiplos estressores (p. ex., dificuldades profissionais acentuadas e problemas conjugais) O exame clínico em psiquiatria compreende a entrevista psiquiátrica (que inclui aanamnese tradicional e o exame psíquico) e o exame físico. Durante a entrevista com o paciente, o médico obterá dados que serão incorporados à anamnese e ao exame psíquico. Sendo assim, anamnese e exame psíquico se superpõem e somente por motivos didáticos serão vistos em separado. Esquematicamente, a anamnese psiquiátrica tem os mesmos elementos de toda história clínica: identificação, queixa principal, história da doença atual, história pessoal, incluindo antecedentes pessoais e familiares, bem como hábitos de vida. O paciente pode simular sintomas psiquiátricos, o que é um fato relativamente raro. Dificilmente uma pessoa pode sustentar sintomatologia coerente com determinado transtorno psiquiátrico por muito tempo. A omissão de sintomas (dissimulação), em contrapartida, ocorre com bastante frequência. Nesse caso, o paciente omite seus sintomas por medo do tratamento (p. ex., internação) ou como consequência da sua atitude de desconfiança em relação ao examinador. Mesmo que o paciente procure ser sincero, poderá omitir importantes informações por mecanismos de defesa inconscientes (exemplos: negação, racionalização). Com frequência, o paciente psiquiátrico vai acompanhado à entrevista. Quando isso ocorre, deve- se ouvi-lo em primeiro lugar, para, depois, sempre na presença dele, ouvir o acompanhante. Se o paciente se mostrar ansioso, desconfiado, solicitando a presença do acompanhante no início da entrevista, Semiologia do paciente psiquiátrico esta deve ser tolerada, até que ele sinta o mínimo de tranquilidade que lhe possibilite ficar a sós com o examinador No caso de uma criança, alguns psiquiatras preferem entrevistar primeiro os pais dela e, em um segundo encontro, a própria. Outros acreditam que a entrevista com todos os familiares possibilita, desde o início, a observação de como interagem entre si, e Quando somente um dos pais comparece à consulta, um esforço deve ser feito para que o outro compareça em uma próxima entrevista. É importante que ambos estejam envolvidos na avaliação e no tratamento da criança, mesmo que estejam separados, a não ser que um deles não participe de modo algum da vida do filho. Entre a entrevista livre e a dirigida, encontra-se a semidirigida. O método é deixar que o relato se desenvolva livremente, sem interrompê-lo. Isso não quer dizer que perguntas não sejam permitidas. Deve- se evitar ficar preso a um interrogatório sistemático, interromper as associações de ideias feitas Exame Psiquiátrico pelos pais sem valorizá-las e antecipar-se com explicações, conselhos e respostas. O local da entrevista deve ser em um ambiente que resguarde a privacidade do paciente. Evidentemente, ele não se sentirá encorajado a revelar aspectos íntimos de sua vida em um local onde a privacidade não esteja assegurada. Da mesma maneira, é importante que o profissional fale ao paciente de seu compromisso de guardar sigilo Na realização da anamnese, é fundamental permitir que o paciente conte sua história com as próprias palavras e na ordem que ele escolher. À medida que ele faz seu relato, o examinador deve reconhecer os momentos nos quais pode introduzir questões relevantes para a anamnese e o exame psíquico. O erro mais comum na obtenção de uma história psiquiátrica é a interferência inoportuna do médico no relato do paciente, tentando organizar a entrevista com um número excessivo de indagações, ou para seguir o roteiro clássico de anamnese Geralmente, o paciente (ou acompanhante) espera que o médico, ao fim da entrevista, diga alguma coisa sobre o que ele tem, e lhe dê esclarecimentos e orientações sobre o tratamento a ser seguido. O plano geral da assistência proposta deve ser feito da maneira mais clara possível, no nível de compreensão do paciente. O uso de termos técnicos deve ser sempre evitado. Por exemplo: "Creio que posso ajudá- lo a recuperar-se desse desânimo, da falta de sono e de apetite e dos pensamentos ruins de que o senhor me falou:' Caso o médico não esteja seguro do diagnóstico, é preferível que ele faça novas entrevistas antes de começar o tratamento, desde que não seja, obviamente, um caso de emergência psiquiátrica. Por exemplo: "Como o senhor disse, seu problema parece ser psicológico, mas acho necessário outra entrevista para esclarecer melhor o seu caso EXAME PSÍQUICO O exame psíquico consiste na avaliação do estado mental do paciente no momento da entrevista. É feita pela observação cuidadosa do seu comportamento, pela relação que ele estabelece com o examinador e pela pesquisa de sinais e sintomas psicopatológicos, ao longo de todo o seu período de permanência no local do exame. Sua importância é comparável à do exame físico para os outros ramos da medicina. Há, contudo, uma particularidade fundamental: diferentemente das outras áreas nas quais, com frequência, pode-se recorrer a aparelhos e testes laboratoriais para confirmar os achados clínicos, não se dispõe, na maioria das vezes, de recursos complementares que objetivem e confirmem as impressões colhidas no exame psíquico. Essas impressões são, muitas vezes, duplamente subjetivas, ou, melhor, intersubjetivas. Elas são obtidas a partir do que o médico captou subjetivamente das queixas do paciente. Ambos, médico e paciente, estão sujeitos a contínuas e recíprocas influências, que podem interferir e modificar o comportamento de cada um. Tais influências fazem com que um mesmo paciente examinado por outro médico tenha seu estado mental avaliado diferentemente, assim como um examinador pode avaliar o estado mental de seu paciente de maneira diferente, dias ou mesmo horas após o primeiro exame Outras dificuldades na realização do exame psíquico merecem ser mencionadas. Nem sempre o paciente está disposto a revelar suas queixas. Às vezes, procura esconder e dissimular seus sintomas, exigindo do examinador grande perspicácia e experiência para apreendê-los Muitas manifestações aparentemente psicopatológicas podem ser apenas expressão de condutas ditadas por subculturas diferentes daquela na qual o psiquiatra vive. |Exemplo.: O perigo dessa atitude pode ser exemplificado pelo estudo feito por Murphy em um grupo de pacientes que cometeram suicídio. Verificou- se que a maioria deles foi vista por clínicos 6 meses antes de suas mortes. Não só as queixas depressivas passaram despercebidas, como também foram prescritos sedativos para suas queixas de insônia, em quantidade suficiente para transformar-se em dose letal, caso o paciente resolvesse ingeri-los de uma só vez. É frequentemente subestimada a importância de se distinguir se um paciente está deprimido ou apenas sedado, ou mesmo vivendo uma tristeza normal, compreensível, diante das limitações e dos sofrimentos impostos pela doença física. Isso pode ser tão grave quanto confundir angina com dispepsia. Assim como a angina denuncia o risco de um infarto do miocárdio, o mesmo faz a depressão em relação ao risco de suicídio. O exame psíquico detalhado constitui uma função do especialista, mas, de modo resumido deve ser um instrumento semiológico a ser utilizado por todo médico. Assim, tal procedimento deve ser parte integrante de todo exame clínico A observação atenta da aparência e do comportamento do paciente, de sua maneira de relacionar-se com o examinador e do que comunica espontaneamente já oferece grande parte dos dados necessários à avaliação das funções psíquicas. Perguntas específicas e testes simples, realizados oportunamente, complementam o exame psíquico: 1. Avaliação geral - Aparência –Fácies – Aparência descuidada, depressiva, bem 2. Relação com o examinado r 3. Consciência / lucidez - Alterações quantitativas da consciência vão da ligeira diminuição do nível de consciência ao coma profundo. 4. Atenção - Capacidade dese concentrar em um determinado setor do campo da consciência - abriu a porta e ele não olhou, se aproxima e ele não olha, chama e ele não olha . 5. Orientação - Capacidade de uma pessoa saber quem ela é e de localizar-se no tempo e espaço. 6. Pensamento - (Ex. pensamento esquizofrênico) Começa e termina a linha de pensamento, com ideias confusas, e com delirium, pensa que está sendo percebido 7. Memória -É a capacidade de recordar, ou seja, de reviver estados de consciência anteriores, reconhecê- los como tais e localizá-los no tempo e no espaço. A memória é dividida em: memória de fixação (capacidade de registrar e fixar o material mnêmico) e memória de evocação (capacidade de retomar à consciência o que foi apreendido e conservado). Utiliza-se também a divisão segundo o tempo de duração da lembrança: memória recente (para fatos recentes, ocorridos há minutos, dias ou semanas) e remota (para fatos ocorridos há meses ou anos). 8. Afetividade - compreende um conjunto de vivências que abrange desde as mais simples sensações de prazer e desprazer (como, por exemplo, a dor) até sentimentos complexos, como os religiosos e os estéticos. Pede para ele repetir 3 palavras minutos depois da entrevista 9. Senso-percepção - é a capacidade de uma pessoa apreender as impressões sensoriais, dando-lhes um significado. Essa apreensão depende do tipo do estímulo, da higidez dos órgãos sensoriais e da integridade do sistema nervoso central, sendo também influenciada por várias funções psíquicas, como a vontade, a afetividade e a inteligência. Ouve, ou ver outra voz ou outra pessoa ? Ta ouvindo o que ? 10. Vontade - É a disposição que uma pessoa tem para a ação, a partir de uma escolha ou decisão sua. 11. Psicomotricidade e atividade motora - Conjunto de seus gestos e movimentos. 12. Inteligência - É a capacidade de adaptar o pensamento às necessidades do momento ou de adquirir novos conhecimentos. Pode está prejudicada por algum trauma ou não Avalia o humor EXAME FÍSICO O exame físico deve ser parte integrante do exame psiquiátrico, mesmo quando o paciente apresenta apenas sintomas psiquiátricos. Os sintomas psicopatológicos não são exclusivos das doenças psiquiátricas, podendo estar presentes em diferentes doenças orgânicas. Eles podem, às vezes, construir a primeira exteriorização clínica de uma doença orgânica. Nem sempre o paciente psiquiátrico permite que o médico faça o exame físico. Alguns se mostram pouco cooperativos, outros desconfiados com a aproximação física do médico, outros hostis ou apresentam atitude francamente agressiva. Nessas situações, não é aconselhável insistir, postergando-se o exame para um momento mais adequado. Quando não é possível realizá-lo por completo e não se têm maiores dados sobre o paciente (situação relativamente frequente nas emergências psiquiátricas), a observação cuidadosa e atenta do paciente passa a ter uma importância crucial. No exame físico geral, têm grande importância para o diagnóstico diferencial psiquiátrico: Estado geral do paciente. Se está aparentemente saudável ou demonstra sinais físicos de doença crônica ou aguda. Estado de nutrição. Se aparenta emagrecimento; se obeso, observar a distribuição da adiposidade (diagnóstico diferencial síndrome de Cushing) . Pele. Coloração e eventuais lesões; observar cicatrizes e equimoses que estejam relacionadas com autoagressão, crises epilépticas e uso de drogas; icterícia. Estatura e constituição. Observar se o paciente é excessivamente alto ou baixo, se apresenta simetria e proporção corporais e presença de deformidades. Caracteres sexuais secundários. A voz, a implantação dos cabelos, o tamanho dos seios, se estão de acordo com a idade e o sexo do paciente. Postura, atividade psicomotora e marcha. Sinais de desconforto, cansaço e dor. Sudorese, dispneia, posições antálgicas. Odor do corpo e da respiração. Pode fornecer importantes dados diagnósticos. Falta de higiene corporal, perda do controle esfincteriano, hálito cetônico, alcoólico são dados importantes. No entanto, deve-se evitar um erro frequente: admitir que o hálito alcoólico indique que a ingestão alcoólica seja responsável por todos os sintomas e sinais neurológicos e psicopatológicos. Os alco ante verificar sinais vitais: temperatura, pressão arterial e pulso radial. No exame físico do paciente psiquiátrico, a avaliação neurológica tem particular importância, sobretudo quando há comprometimento das funções psíquicas: consciência, atenção, orientação, memória, inteligência; e determinados distúrbios da senso-percepção (alucinações visuais e as acompanhadas de cefaleia, ilusões e distorções) Com o diagnóstico e aceitação da doença, começa a tomada de decisão de quem será o cuidador principal entre os familiares, com a influência de diversos fatores referentes à história familiar. Os filhos justificam-se pelo lugar que ocupam na família. Um porque é o filho mais velho, outro porque é o líder, outro porque é solteiro, uma porque é a filha mais nova, outros porque foram abandonados. Constatamos que o conflito em torno de quem vai cuidar ocorre mais entre os filhos, visto que os esposos se sentem na obrigação de cuidar. Muitas vezes os familiares não entram em um consenso e um profissional, que não faz parte dessa família, se torna um cuidador principal. Em muitos cuidadores não familiares podemos perceber sentimentos antagônicos em curto espaço de tempo: amor e raiva, paciência e intolerância, carinho, tristeza, irritação, desânimo, pena, revolta, insegurança, negativismo, solidão, dúvida quanto aos cuidados, medo de ficar doente também, medo de o paciente estar sofrendo, medo de o paciente morrer Segundo Karsch (2003), em 98% dos casos pesquisados, o cuidador era alguém da família, predominantemente do sexo feminino (92,9%). A maior parte era formada de esposas (44,1%), seguidas pelas filhas (31,3%); as noras e as irmãs não foram freqüentes. A faixa etária de 59% dos cuidadores estava acima de 50 anos e 41% tinham mais de 60 anos. Os dados mostraram, também, que 39,3% de cuidadores, entre 60 e 80 anos, cuidavam de 62,5% de pacientes da mesma faixa etária, o que mostra que pessoas idosas estão cuidando de idosos As alterações no corpo e na saúde, após o início das atividades como cuidador, variaram entre as físicas, como aparecimento de dores no corpo, principalmente na coluna, e alterações psicológicas e sentimentais como estresse, depressão, angústia e aumentos das preocupações, que ela também apresentava de forma exacerbada, principalmente nas suas visitas recorrentes e frequentes a UBS. As observações gerais dos cuidadores sobre o processo de cuidar de alguém doente variaram entre os que acreditaram que estava bom e estavam conformados com a situação, e aqueles que relataram ser uma questão de obrigação, carinho e responsabilidade. Ao meu ver, ela considerava o ato de cuidar como sendo uma obrigação. O cuidador familiar precisa ser alvo de orientação e receber em casa periódicas visitas de profissionais, médico, pessoal de enfermagem, de fisioterapia e outras modalidades de supervisão e capacitação. Este apoio é fundamental quando se trata de um casal de idosos, em que o cônjuge menos lesado assume os cuidados do outro, que foi acometido por uma súbita e grave doença incapacitante. E foi exatamente através de visitas periódicas médicas, de enfermagem, de psicóloga, odontológicas e do agente comunitário que foi baseado nossa intervenção para com essa família. Fazendo com que fosse abordado: higiene bucal; controle de pressão arterial e glicemia, visto que além da esposa ser hipertensa, o paciente é hipertenso e diabético; e o quadro emocional da cuidadora, para melhor estabilização A ele competem as seguintes atribuições:↪ Ajudar no cuidado corporal: cabelo, unhas, pele, barba, banho parcial ou completo, higiene oral e íntima; ↪ Estimular e ajudar na alimentação; ↪ Ajudar a sair da cama, mesa, cadeira e a voltar; ↪ Ajudar na locomoção e atividades físicas apoiadas (andar, tomar sol, movimentar as articulações); ↪ Participar do tratamento diretamente observado (TDO); ↪ Fazer mudança de decúbito e massagem de conforto; ↪ Servir de elo entre o usuário, a família e a equipe de saúde; Administrar medicações, exceto em vias parenterais, conforme prescrição; ↪ Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada; ↪ Comunicar à equipe de saúde as intercorrências; ↪ Encaminhar solução quando do agravamento do quadro, conforme orientação da equipe; ↪ Dar suporte psicológico aos pacientes em AD. O vínculo afetivo que se estabelece no ato de cuidar é o que verdadeiramente importa, devendo ser buscado e aprimorado durante todo o cuidado realizado no domicílio. É importante buscar a participação ativa da pessoa em todo seu processo de saúde–doença sendo sujeito, e não apenas objeto do cuidar. Faz-se necessário, ainda que os profissionais de saúde ofereçam aos cuidadores, orientações Importância da saúde do cuidador necessárias ao cuidado, principalmente em relação às pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis de quem estão cuidando, que frequentemente acometem idosos. Devem, ainda, proporcionar atenção à saúde dos cuidadores, considerando que a atividade de cuidar de um idoso dependente, é desgastante e implica riscos à saúde mental do cuidador. Assim, a saúde física e mental do cuidador é tão importante quanto à do ser cuidado. Nesse sentido, é preciso preservar ambas, para que possam prestar um atendimento adequado, contribuindo assim, para a qualidade de vida destes, levando em consideração que muitos deles sofrem vivenciam situações estressantes. A bebida alcoólica é uma substância psicoativa (modifica o funcionamento do cérebro) que admite dependendo da dose, da frequência e das circunstâncias um uso sem problemas. No entanto, sua utilização de forma inadequada pode trazer graves problemas, tanto orgânicos como psicológicos e sociais. O abuso de álcool atinge cerca de 10 a 15% dos adultos no Ocidente, além de ser a substância psicoativa mais consumida no mundo todo. Dados epidemiológicos disponíveis sobre o consumo de drogas no Brasil caracterizam o uso abusivo de álcool como um grave problema de saúde pública Beber em binge é um conceito utilizado para se referir ao consumo de álcool em grandes quantidades e em pouco tempo, sendo para homens a quantidade de 5 doses em 2 horas e para mulheres 4 doses nestas mesmas horas, este tipo de consumo tem elevados custos sociais e danos para a saúde. Alguns fatores influenciam nos efeitos do “beber em binge” como: peso do indivíduo, idade, velocidade de consumo, presença de alimento no estômago, número de doses consumidas. Uma dose ou unidade de álcool é o equivalente a 10g de álcool puro (etanol), de modo que, para obter a unidade equivalente da bebida a qual a pessoa está fazendo uso, é necessário multiplicar a quantidade de bebida pela sua concentração alcóolica ESTRUTURA QUIMÍMICA E SOULIBILIDADE O álcool etílico é um composto orgânico incolor, volátil, possui estrutura molecular CH3CH2OH, em que é formado a partir da quebra de açúcar quando em processo de fermentação de um produto como frutas amadurecidas. Considerado um solvente altamente hidrossolúvel, o álcool tem por afinidade acumular-se em órgãos que possuem maior quantidade de líquido, dentre eles destacam- se o cérebro, pulmões e rins. Nos demais órgãos essa concentração alcoólica se encontra em menor quantidade Ref.: Neurologia Harisson No cérebro, o álcool afeta quase todos os sistemas neurotransmissores, com ações agudas que frequentemente são o oposto daquelas observadas após desistência depois de um período de uso pesado de álcool. As ações mais proeminentes estão relacionadas com estimulação da atividade do ácido gamaaminobutírico (GABA), especialmente nos receptores de GABAA. O aumento desse complexo sistema do canal de cloro contribui para efeitos anticonvulsivantes, indutores do sono, ansiolíticos e de relaxamento muscular de todos os fármacos de estimulação de GABA. O álcool administrado de maneira aguda produz uma liberação de GABA e o uso continuado dessa droga aumenta a densidade dos receptores GABAA, enquanto estados de abstinência do álcool são caracterizados por reduções da atividade relacionada com GABA. Também igualmente importante é a capacidade do uso agudo do álcool de inibir receptores de glutamato excitatórios do aspartato N-metil-Daspartato (NMDA), enquanto a ingestão crônica de bebida e a desistência estão associadas a uma suprarregulação dessas subunidades excitatórias do receptor. As relações entre atividade maior de GABA e atividade reduzida de NMDA durante intoxicação aguda e ações GABA reduzidas com ações de NMDA aumentadas durante abstinência de álcool explicam grande parte da intoxicação e do fenômeno de abstinência. Assim como com todas as atividades prazerosas, a ingestão aguda de álcool aumenta os níveis de dopamina no cérebro, especialmente no tegmento ventral e regiões cerebrais relacionadas e seu efeito desempenha um papel importante no uso, desejo de e recidiva continuada de álcool. As alterações nas vias da dopamina também estão ligadas a aumentos nos "hormônios do estresse'', como cortisol e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), durante intoxicação e reduções desses hormônios durante a abstinência. Outras alterações neuroquímicas importantes incluem aumentos nos níveis sinápticos de serotonina durante intoxicação aguda e suprarregulação subsequente de receptores da serotonina. ALCOOL E AS ALTERAÇÕES DE CONSIÊNCIA O termo consciência pode ser definido como o perfeito conhecimento de si mesmo e do meio ao redor. Portanto, as alterações da consciência basicamente dividem-se em dois tipos: (1) as alterações do estado de alerta do indivíduo e (2) as alterações nas esferas afetivas e cognitivas. Consequências neuropsicológicas do alcoolismo Estas alterações são muitas vezes difíceis de distinguir e contínuas chegando ao estágio final que é o coma, quando o indivíduo não demonstra qualquer percepção de si ou do ambiente. Portanto, coma pode ser definido como a ausência ou extrema diminuição do estado de alerta mesmo frente a estímulos externos (p. ex., sonoros, dolorosos etc.), em que paciente permanece não responsivo e de olhos fechados. Por fim, o termo delirium refere-se a um estado de alteração da consciência de uma forma mais global (e não somente do estado de alerta), em que figuram o déficit de atenção associado a alterações perceptivas (p. ex., alucinações), discurso incoerente e hipo ou hiperatividade motora O estado de alerta depende da perfeita integração entre estruturas do córtex cerebral, diencéfalo e tronco cerebral. Entre estas estruturas o sistema reticular ativador ascendente (SARA) figura como umas das fundamentais; este sistema é localizado na região tegmental paramediana da porção posterior da ponte e mesencéfalo e estende-se para regiões do tálamo e hipotálamo. O SARA mantém o estado de alerta por meio de interações polissinápticas entre os seus componentes e os hemisférios cerebrais. Portanto, qualquer transtorno na interação entre o SARA e os hemisférios cerebrais pode levar a alterações da consciência O álcool relaxa os músculos na faringe, o que pode causar roncos e exacerbar a apneia do sono; sintomas dessa última estão presentes em 75% dos homens alcoolistas com mais de 60 anos de idade. Os pacientes também podem ter sonhos proeminentes e algumas vezes perturbadores. Todos essesproblemas de sono são mais pronunciados nos alcoolistas e sua persistência pode contribuir para a recidiva Outra consequência comum do álcool é o prejuízo do discernimento e da coordenação, aumentando o risco de acidentes e traumatismos; nos EUA, 40% dos usuários de álcool em algum momento dirigiram intoxicados por álcool. O alcoolismo pode acarretar uma série de prejuízos cognitivos, principalmente déficits de aprendizagem e memória, capacidade visuo-espacial, habilidades percepto-motoras, abstração e resolução de problemas, funções associadas às regiões frontais e fronto-têmporo-parietal. As alterações no córtex préfrontal de alcoolistas tendem a prejudicar o processo de tomada de decisões, fazendo com que o paciente escolha caminhos mais atraentes que lhe proporcionem um prazer imediato, ou mesmo a busca de alívio imediato de sintomas que estão causando sofrimento, como, por exemplo, seguir bebendo ao invés de manter-se abstinente. O paciente adota um comportamento sem levar em consideração as consequências futuras de suas atitudes . Alteração neuropsicológica O álcool pode causar, em curto prazo, perturbações no funcionamento cerebral. Pequenas doses podem ocasionar dificuldades motoras, tempo maior de reação aos estímulos e decréscimos na memória; prejuízos reversíveis quando em sobriedade. Contudo, o uso prolongado ou em grandes quantidades tem potencial para gerar danos permanentes no tecido cerebral, resultando em prejuízos que persistem mesmo após um longo período de abstinência. O álcool é considerado um depressor do sistema nervoso central porque, em doses moderadas a altas, deprime os disparos neurais. Com doses moderadas o indivíduo experimenta vários graus de comprometimento das habilidades cognitivas, perceptuais, verbais e motoras. O aumento da concentração de álcool no sangue torna os efeitos da intoxicação mais intensos, podendo afetar a função do cerebelo, provocando desequilíbrio, dificuldades de coordenação e articulação da fala. Doses mais elevadas podem provocar perda de consciência e, se os níveis sanguíneos atingirem 0,5%, há risco de morte por depressão respiratória. A intensidade desses danos varia conforme a quantidade de álcool ingerido, a idade, o gênero, a escolaridade, o histórico familiar de consumo de bebida, exposição neonatal, entre outros fatores. O uso crônico do álcool pode produzir danos cerebrais como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff: transtorno caracterizado por significativa perda de memória, déficits motores e sensoriais, demência, profunda amnésia para eventos recentes e passados, desorientação no tempo e espaço, ausência de insight. Esse transtorno é causado pela deficiência de tiamina (vitamina B1); alguns estudos relataram uma série de lesões subcorticais e atrofia cortical O abusador de álcool, durante o período de intoxicação, tende a apresentar um estado de confusão mental e diminuição do nível de atenção. O álcool também prejudica a capacidade de julgamento, isto é, independente da pessoa ter bebido muito ou pouco, ela apresentará falhas em sua coordenação motora que geralmente não apresentaria se estivesse sóbria. Ainda, o álcool afeta os centros emocionais do sistema límbico, fazendo com que usuários crônicos tenham a tendência a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, podendo chegar até ao suicídio. Os efeitos emocionais e físicos do álcool geralmente contribuem para problemas familiares e conjugais que incluem violência doméstica Quando o assunto envolve álcool e família requer um cuidado especial devido à fragilidade que existe na união dos membros causada pelo distanciamento emocional do dependente. Isso caracteriza a destruição do lar, onde a família por não saber lidar Relação do álcool com a familia com a situação, ignora o alcoólatra ou até mesmo se tornam vítimas da violência. Nesta situação, os cuidados devem estar voltados, não somente para o alcoólatra, mas para toda a família . O vício pelo álcool atinge um maior número de indivíduos do sexo masculino em que a parceira tenta manter a união com o companheiro por motivos da constituição familiar, onde envolvem os filhos, os momentos de alegria, a simples concepção religiosa da união, ou até mesmo pelo fato de ser mulher e procurar manter a dignidade perante a sociedade. No entanto, os filhos são de fato os membros da família de grande alvo para o alcoolismo devido à convivência em um lar desestruturado, como a separação dos pais ou o simples fato de conviver com o pai alcoólatra Aproximadamente 60% do risco de distúrbios decorrentes do uso de álcool são atribuídos aos genes, como indicado pelo risco quatro vezes maior de uso abusivo de álcool e dependência em filhos de alcoolistas (mesmo se essas crianças forem adotadas no início da vida e forem criadas por não alcoolistas) e um risco maior em gêmeos idênticos se comparado com gêmeos fraternos de alcoolistas Outra característica geneticamente influenciada, uma baixa sensibilidade ao álcool, afeta o risco de alcoolismo pesado e pode funcionar, em parte através de variações nos genes relacionados com canais de potássio, GABA, sistemas nicotínico e de serotonina. Uma baixa resposta por drinque é observada no início da carreira de ingestão de bebidas e antes de os distúrbios decorrentes do uso de álcool desenvolverem-se. Todos os estudos de acompanhamento demonstraram que essa necessidade por doses mais altas de álcool para atingir efeitos desejados prevê futuro alcoolismo pesado, problemas com álcool e distúrbios decorrentes do uso de álcoo O alcoolismo dentro de uma família traz uma grande dose de estresse, transformando-se rapidamente numa doença de todo o grupo familiar. O autor descreve um padrão sequencial da maioria das mulheres casadas com alcoolistas, com base nos fatores mais recorrentes de início vem à negação do problema, em seguida as tentativas de controlar ou impedir o comportamento problemático de seu esposo, a família vai se isolando dos contatos sociais, permanecendo a maior parte do tempo em casa. Mais tarde, a esposa começa a perceber que suas tentativas e estratégias para que o comportamento problemático de seu esposo desapareça não estão funcionando. Possivelmente neste momento começa a temer pela própria sanidade por vezes se sentindo desesperançada frente ao caos familiar. Na prática, os problemas podem estar vinculados aos aspectos financeiros, como falta de pagamento do aluguel, escola dos filhos, despesas cotidianas relacionadas à alimentação, transporte etc. Como aos danos físicos que podem ser causados por atitudes violentas, transtornos com a vizinhança em função de desajustes de conduta, ausências constantes e crises de ciúmes Complicações Sociais do Ato de Beber O fracasso que o álcool ocasiona ao indivíduo deixa-o impossibilitado de realizar seu papel na sociedade, seja no ambiente familiar, no trabalho, na vida financeira e no trânsito, tornando-se trágico, não somente para o dependente, mas para todos que vivem a seu redor. As complicações podem acontecer desde o primeiro contato com a bebida, causando ressaca, a uso frequente, sendo um dos principais motivos de perda do emprego. A acessibilidade da substância está relacionada à disponibilidade que a população tem para com a bebida alcoólica, devido à facilidade da comercialização. Segundo os dados registrados pelo Departamento Nacional de Trânsito, cerca de 50% de acidentes estão relacionados à ingestão de álcool. Para o bebedor manter o uso da bebida é necessário um alto gasto, onde começa a ter um descontrole financeiro. Daí por diante, as demais complicações surgem com maior facilidade, como o empréstimo feito pela família para pagar as dívidas, devido não ter mais condições para arcar com as despesas. Tudoisso leva a um desequilíbrio, envolvendo todos a sua volta, sendo que a desonestidade é um fator resultante do uso do álcool
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