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A CONTRIBUIÇÃO DE MIGUEL REALE PARA A FILOSOFIA DO DIREITO

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A CONTRIBUIÇÃO DE MIGUEL REALE PARA A FILOSOFIA DO DIREITO
RESUMO. O presente trabalho tem o objetivo de fazer uma breve análise sobre a influência e as contribuições de Miguel Reale para a filosofia do direito. Através de pesquisa bibliográfica se fará uma breve análise das contribuições trazidas pela teoria tridimensional do direito, desenvolvida pelo autor, a qual foi particularmente difundida no Brasil, e que tem como objeto a integração da norma jurídica ao fato social e aos valores culturais, num processo histórico-dialético de implicação e complementaridade. Busca-se com esse estudo promover uma sucinta releitura da teoria por ele desenvolvida da qual resulta o entendimento de que o fenômeno jurídico deve ser visto de forma composta, intrinsecamente por três elementos, fato, valor e norma, postos em relação dialética de complementaridade, e não como três visões ou enfoques possíveis ao Direito, de maneira estanque.
PALAVRAS-CHAVE: Miguel Reale. Filosofia do Direito. Teoria Tridimensional.
ABSTRACT. 
KEY WORDS: 
1 INTRODUÇÃO
O termo filosofia (philosophia) surgiu na Grécia, e atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção dessa palavra. Desde seu surgimento esse termo apresenta uma divisão quanto a sua significação. Para Pitágoras, a quem se atribuiu a sua criação, poderia ser definido “como forma de designar aquele que ainda não alcançou a sabedoria, mas é amigo da sabedoria, porque em sua busca se encontra.”
O seu papel não é apenas o de decifrar o mundo objetivo, ela também desenvolve a crítica da conduta humana e do saber acumulado. Ao considerar a universalidade dos objetos e revelar o sentido da vida, promove uma grande conexão entre todas as perspectivas e se torna, assim, uma grande intérprete da realidade, indicando aos homens os seus valores fundamentais e orientando os caminhos da humanidade.
Ao mesmo tempo em que é uma sistematização do pensamento, a filosofia se apresenta como enfrentamento do próprio pensamento e do mundo, podendo ser aplicada a objetos específicos da própria filosofia, como o direito. Desta forma tem-se a filosofia do direito que nada mais é que a filosofia geral tendo como tema específico de análise a ciência jurídica.
Cumpre destacar que especialmente a partir do século XIX, o direito tornou-se um ramo muito especializado e aprofundado do conhecimento, e em razão dessa especialização, as pessoas de formação geral não possuíam uma noção suficiente do direito, diante disso passou a ter uma dúplice exigência da filosofia do direito, para a qual se fazia necessário ter o conhecimento profundo do direito e o conhecimento profundo da filosofia.
A partir do momento em que a filosofia traz a análise da natureza humana e infere a dignidade inerente às pessoas naturais, tem-se um marco na evolução da humanidade o que constitui a grande fonte orientadora do Estado na elaboração da Lei Maior e de toda a sua ordem jurídica.
Assim este estudo tem como objetivo principal discutir sobre a influência e as contribuições de Miguel Reale para a filosofia do direito, analisando principalmente a teoria tridimensional do direito, desenvolvida pelo autor, a qual foi particularmente difundida no Brasil, e que tem como objeto a integração da norma jurídica ao fato social e aos valores culturais, num processo histórico-dialético de implicação e complementaridade, o que resulta no entendimento de que o fenômeno jurídico deve ser visto de forma composta, intrinsecamente por três elementos, fato, valor e norma, postos em relação dialética de complementaridade, e não como três visões ou enfoques possíveis ao Direito, de maneira estanque.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo busca abordar as contribuições de Miguel Reale para a filosofia do direito a partir das contribuições trazidas por suas obras, por meio de pesquisa que pode ser conceituada como a que “é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos”. (GIL, 2010, pág. 29)
Além disso, tem como forma a se seguir o método exploratório, com o objetivo de apurar conceitos e ideias a partir de um planejamento flexível e através dos mais variados conteúdos disponíveis, com o objetivo de possibilitar a reflexão dos aspectos apresentados neste estudo e da familiaridade e aproximação com os conhecimentos almejados a partir de sua análise.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através dos tempos a palavra filosofia sofreu inúmeras variações semânticas, conforme observa Morente (1970, págs. 33-34) 
Com Platão, pois, a palavra “filosofia” adquire o sentido de saber racional, saber reflexivo, saber adquirido mediante o método dialético. Esse mesmo sentido tem a palavra “filosofia” no sucessor de Platão, Aristóteles. O que acontece é que Aristóteles é um grande espírito que faz avançar extraordinariamente o cabedal dos conhecimentos adquiridos reflexivamente. E então a palavra “filosofia” tem já em Aristóteles o volume enorme de compreender dentro do seu seio e de designar a totalidade dos conhecimentos humanos. O homem conhece reflexivamente certas coisas, depois de tê-las estudado e pesquisado. Todas as coisas que o homem conhece e o conhecimento dessas coisas, todo esse conjunto do saber humano, designa-o Aristóteles com a palavra “filosofia”. E, desde Aristóteles, continua empregando-se a palavra "filosofia” na história da cultura humana com o sentido da totalidade do conhecimento humano.
Mas a Filosofia não pode ser definida como um simples exercício mental, visto que ela se projeta na realidade concreta exercendo influência nas ciências, no comportamento humano e nos rumos da humanidade. 
Nas palavras de Mascaro (2016, pág. 1) 
A filosofia é identificada, contemporaneamente, como uma tradição consolidada de pensamentos, temas, ideias, métodos, indagações e conclusões. Além disso, é uma disciplina universitária, estabelecida e especificada em relação aos demais ramos do conhecimento. A depender do modo como se trata a questão da sociedade, se lidamos com estatísticas, análises de movimentos empíricos concretos, costuma-se dizer que estamos fazendo sociologia. Se nos perquirimos sobre o sentido da sociedade, costuma-se dizer então que estamos fazendo filosofia. Assim, a filosofia é identificada a partir de uma série específica de percepções a respeito da própria razão.
Pode-se extrair que ela corresponde a uma atividade espontânea por meio da qual o homem busca compreender a realidade como um todo e apreender o profundo significado dos objetos. 
Bittar (2019, pág. 7) expõe que 
(...) a filosofia pode representar o potencial de libertação racional do homem. Trata-se de uma libertação, por meio do pensamento, e não da ação, porque a capacidade de crítica retira o véu que encobre os olhos humanos atrelados às miudezas do quotidiano, ao procedimental, ao ritual, ao que é facilmente aceito, ao dogmático, ao unilateral, ao acidental, ao qualitativo, ao quantitativo, ao monodimensional… A filosofia permite o questionamento, abrindo espaço para outros horizontes, introduzindo novas possibilidades, rediscutindo premissas e princípios, fundando um sentido explicativo para as coisas, reavaliando o que parece sólido e consensual, abrindo abordagens diferenciadas para questões antigas… Enfim, no lugar de decidir, sua proposta é a de investigar, no lugar de agir, sua proposta é a de especular, no lugar de aceitar, sua proposta é a de questionar (...)
A filosofia atualmente pode ser definida como uma forma de saber que se insere em meio a uma extensa teia de outros conhecimentos. Ela é considerada a matriz de todas as ciências, pois a ela se remonta o princípio fundador de todo o saber, caracterizando-se como método de reflexão pelo qual o homem se empenha em interpretar a universalidade das coisas, e em razão disso, se mostra totalmente apta como campo de investigação filosófica que tem por objeto o direito, trazendo grandes contribuições para a compreensão do mundojurídico e sua consequente aplicação, 
Nader (2018, pág. 15) expõe que a filosofia do direito possui um amplo tema de análise, dividindo-se em dois grandes planos de reflexão: o primeiro de natureza epistemológica, com a tarefa de esclarecer a noção do Direito e outro de caráter axiológico incumbido da apreciação valorativa das leis, institutos ou do sistema jurídico.
 Para alguns autores, a filosofia do direito teria como objeto apenas a preocupação com que seria justo ou injusto, em contrapartida, essa diferenciação seria objeto de estudo da ética, estando fora do alcance dos juristas. Para outros, ainda, a filosofia do direito deve ser um estudo militante, que teria como função inata lutar contra a tirania. (Bittar, 2019, pág. 63)
Obviamente como em toda ciência, o estudo da filosofia do direito sofreu críticas acerca de seu conteúdo, conforme bem observa Mascaro (2016, pág. 11)
(...) o problema inicial da filosofia do direito está na especificidade do que se possa considerar por direito. A depender dos juristas, essa questão historicamente não se resolve de modo uníssono. Para alguns, o fenômeno jurídico se circunscreve às normas estatais. Para outros, as apreciações sobre o justo também entram na composição do direito. Da parte da vida jurídica, essa não é uma resposta pronta. Mas também a filosofia do direito não se limita à resposta do jurista sobre o próprio direito, na medida em que se estende para além da compreensão média do operador do direito sobre si próprio e sua atividade. Assim, a filosofia do direito pode desvendar conexões íntimas entre o direito e a política, o direito e a moral, o direito e o capitalismo, que escapam da visão mediana do jurista.
O conhecimento do Direito, comporta igualmente diversos níveis: o vulgar, o científico e o filosófico. O primeiro é a representação intelectual do leigo, não iniciado na arte de interpretar e que se satisfaz com a resposta imediata de seu interesse, captada por informações; o segundo corresponde ao saber do jurista, que possui a noção da ordem jurídica e por isso sabe atribuir o devido significado às partes normativas de um todo; o terceiro é o conhecimento mais aprofundado e desenvolvido pelo jurista-filósofo, que domina o saber jurídico e possui senso crítico, voltado especialmente para os valores humanos.
Conforme aponta Nader (2018, pág. 18)
A contribuição dos filósofos à construção da Filosofia do Direito, ao considerarem a dignidade inerente ao ser humano e os ideais de justiça como fundamentos do Direito, é basilar, irrenunciável, todavia insuficiente para formar o arcabouço da disciplina. Esta pressupõe, necessariamente, os subsídios do homo juridicus, daquele que possui o saber científico do Direito. Por jurista-filósofo devemos entender o especialista que, habituado à atitude filosófica e afeito à reflexão, possui aptidão para conhecer o Direito e a obter a visão da ordem jurídica. Enquanto o filósofo contempla a disciplina com enfoque na Filosofia, o jurista-filósofo, como induz a própria nomenclatura, domina o duplo saber: o jurídico e o filosófico. Com arrimo nestas considerações, havemos de concluir que a Filosofia do Direito é sede do jurista-filósofo e que, tanto os juristas quanto os filósofos possuem condições de contribuir com sua experiência para o conhecimento mais elevado do Direito. 
Atualmente a atividade jurídica e o pensamento conservador e positivista vêm afastando o jurista de uma formação profunda e ampla, pautada na filosofia, principalmente devido ao conservadorismo. Pontuando ainda que, o rebaixamento universitário conduz o bacharelado à sobrecarga de mero conhecimento de técnicas, somando informações sem completar, em conjunto, sua formação, e além disso, também pela estrutura apegada ao dinheiro, hábito na sociedade capitalista, o que não lhe permite buscar um pensamento mais alto do que o exigido para o cotidiano, enxergando o conhecimento como lucro e não como plenitude para situar-se no mundo e transformá-lo. (Mascaro, 2016, pág. 14).
Miguel Reale foi o pensador brasileiro de maior importância para a filosofia do direito, e que formulou a Teoria Tridimensional do Direito, pela qual fatos, valores e normas são elementos que atuam com igual intensidade, e esses três aspectos não existem dissociados um do outro estão absolutamente integrados, numa condição dinâmica, no momento da aplicação da lei.
Para Reale, a norma deixa de ser um modelo construído antes do caso concreto, para conter em si mesmo o ‘momento situacional’ (o fato) como seu componente integrante, o que gera consequências profundas no plano hermenêutico. “O Direito, como ciência, não pode deixar de considerar as leis que enunciam a estrutura e o desenvolvimento da experiência jurídica, ou seja, aqueles nexos que, com certa constância e uniformidade, ligam entre si e governam os elementos da realidade jurídica, como fato social.” (Reale. 2002, pág. 58)
O fenômeno jurídico decorreria sempre de um fato social (econômico, político, geográfico etc.) e, portanto, seria influenciado por circunstâncias e valores da cultura da sociedade em que ocorre. Naturalmente, esse fenômeno jurídico pode ser encarado de múltiplas maneiras, e não somente com base na história. E, para completar, o fenômeno estaria subordinado a uma norma jurídica.
Reale sustenta que toda ação humana dirige‐se a um fim, e isso também se aplica ao fenômeno jurídico, no qual seu fim não é nada além de um valor posto e reconhecido como motivo da conduta regulada pelo fenômeno jurídico. Uma vez posto, o valor constitui aquilo que deve ser, tornando‐se parâmetro de legitimidade para avaliação da conduta tomada.
A postulação de não isolar o saber sobre o direito do próprio direito representa, para Reale, uma integração do conhecimento e da realidade em uma oposição própria. À essa relação Reale denomina de dialética de implicação e polaridade, a qual representa um tipo específico de relação entre opostos, na medida em que não se excluem, pelo contrário, se integram dinamicamente. No que diz respeito ao fenômeno jurídico, a tridimensionalidade do conhecimento do direito não é distinta do próprio direito. O conhecer e a realidade se ligam em vínculo de complementaridade.
Ao tratar da filosofia do direito Reale afirma que não se deve contentar com as explicações que o teórico do direito pode atingir partindo dos dados empíricos, através de uma simples generalização, faz-se necessário “procurar as verdades tidas como últimas, que governam também as generalizações empíricas dos juristas, dando-lhes validade, pela verificação com base em princípios”. (Reale, 2002, pág. 66)
Para Reale a Filosofia do Direito não seria uma disciplina jurídica, e sim a própria Filosofia voltada para uma ordem de realidade, qual seja a “realidade jurídica”. As normas jurídicas não são resultantes da mera vontade do legislador, muito menos extrações de uma racionalidade lógica e necessária. Existe um processo fenomênico, histórico e social, que resultará na confecção da norma. A nomogênese, processo de formação da norma, se faz a partir da junção de um complexo axiológico (valores) com o complexo fático (fatos). Muitos valores, posições e interesses se ligam a determinados fatos. Dessa relação dos fatos com os valores surgem várias possíveis proposições normativas. Há variados modos de encaminhar, juridicamente, as relações entre o fato e os valores envolvidos. A norma jurídica é, então, a opção por uma das possíveis orientações jurídicas dessa interação entre valores e fatos. (Mascaro, 2016, pág. 329)
O direito para Reale se apresenta como um fenômeno necessariamente cultural, tendo como maior expressão desse culturalismo a integração de fato, valor e norma. A totalidade social é recortada em benefício de uma realidade original do direito. O culturalismo, segundo Reale, escapa ao tecnicismo estrito do normativismo, abominando também a redução do direito à sociologia do direito (os fatos), mas também pairando acima dos juízos de valor que fariam da filosofia do direito uma continuidadeda filosofia moral.
Conforme bem observa Mascaro (2016, pág. 326)
Os valores não são compreendidos, no pensamento de Miguel Reale, como se fossem preceitos eternos, advindos de uma natureza imóvel. Nem tampouco têm caráter divino. Nem também, por sua vez, são mera dependência das normas jurídicas. Os valores se desenvolvem historicamente, em sociedade, alterando-se. Não são exatas decorrências dos fatos sociais, porque se põem em um plano que não se esgota na própria realidade, podendo então criticá-la e apontar sua superação. Os valores são advindos de relações históricas concretas, portanto não versam sobre o metafísico nem sobre o divino – são realizáveis –, mas, por sua vez, não se esgotam numa identidade de origem e fins com a própria realidade social – são maiores que o dado e, por isso, inexauríveis.
Não se há de dizer que os valores sejam dados neutros e imóveis, à disposição daquele que os recebe de modo passivo, para então se projetarem na valoração dos fatos e situações. A própria apreensão do mundo não é apenas um conhecer dos fatos, é também sua valoração. 
A teoria tridimensional apresentada por Reale não é uma mera teoria científica do direito, mas uma proposta de manifestação ontológica dessa própria ciência. Sua perspectiva filosófica alcança grande relevo, pois não trata de uma redução ao normativismo, como no caso da teoria pura kelseniana, mas nem tampouco se pretende ser uma camisa de força teórica para um fenômeno concreto. A tridimensionalidade de Reale é ao mesmo tempo um modo de compreender filosoficamente o direito, mas, também, a postulação do acontecer fenomenal do próprio direito. (Mascaro, 2017, pág. 330)
4 CONCLUSÃO
A compreensão da teoria tridimensional apresentada por Reale sugere que uma norma possui validade objetiva quando se propõe a integração dos fatos nos valores aceitos pela sociedade num determinado período da história. No momento de interpretar a norma é necessário compreendê-la em função dos fatos que a criaram e dos valores que a guiam.
No tridimensionalismo não basta aproximar norma, valor e fato. Esses três elementos devem ser tratados como integrantes de um processo histórico unificado.
Pode-se concluir que o Direito é norma e, ao mesmo tempo, uma situação normatizada, no sentido de que a regra do Direito não pode ser compreendida apenas em razão de seus enlaces formais, visto que as leis de um povo não podem ser compreendidas fora da relação que o código mantém com a vida social e temporal desse povo. O seu conteúdo é constituído por regras jurídicas que regulamentam a conduta, explicitando o que é ou não aceitável em um determinado momento.

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