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Man ual do Edu cad or An o8o E nsi no Fu nd am en tal Ar ma nd o M ora es | M ari a S ole da de da Co sta Cida dan ia M ora l e É tica SSE_ME_Etica_8A_001a002.indd 1 04/01/17 10:59 ISBN: 978-85-7797-738-3 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Impresso no Brasil As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico. Cidadania moral e ética 8o ano do Ensino Fundamental Armando Moraes Maria Soledade da Costa Editor Lécio Cordeiro Revisão de texto Consultexto Projeto gráfico, editoração eletrônica e ilustrações Box Design Editorial Capa Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/ Sophia karla Foto: siribao/shutterstock.com Outras ilustrações JrCasas/Shutterstock.com Direção de Arte Elto Koltz Direitos reservados à Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda. Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310 Fone: (81) 3205-3333 – Fax: (81) 3205-3306 CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67 Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes. Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam, sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original, uma nova pontuação. SSE_ME_Etica_8A_001a002.indd 2 04/01/17 10:59 Apesar de, por vezes, serem tratadas como sinônimos, as palavras moral e a ética têm sentidos diferentes, e é de extrema importância que a consciência de cada um desses conceitos faça parte da formação dos estu- dantes, desde o Ensino Fundamental. É por meio dessa compreensão que os alunos terão, talvez, o primeiro contato com a noção de responsabilidade social que cada cidadão possui por direito e dever. Essa introdução às problemáticas sociais tem a função de trazer à percepção do aluno o seu papel de agen- te social. Por isso, é muito importante que, para que essa consciência social seja plenamente desenvolvida, a discussão sobre a moral e a ética seja alimentada em sala de aula, sempre incentivando o aluno a colocar o seu ponto de vista como elemento fundamental para a construção do conhecimento. É preciso, também, que os debates se apoiem em situações reais, onde o estu- dante deverá refletir sobre a sua prática social cotidiana. Assim, buscamos desenvolver a sua autonomia ética, seu potencial para avaliar as suas atitudes sob uma vi- são consciente da moral. Para que esse primeiro passo em direção à formação de um cidadão ativo e consciente seja dado, é impor- tante que apresentemos um panorama histórico sobre a concepção moral de cada época e cultura, como marca das várias sociedades existentes. A evolução social é um fator determinante para aguçar a percepção dos alunos sobre a inconstância do conceito, trazendo, dessa for- ma, a ideia de que podemos e devemos questioná-lo, com o intuito de estabelecer uma sociedade harmonio- sa para todos os cidadãos. Explicar que, em certas épocas, a existência da escra- vidão sequer era discutida sob o viés da ética; o feminis- mo não era uma causa válida, já que era perfeitamente natural haver desigualdade de gênero; e práticas de tortura eram consideradas um procedimento de corre- ção, por exemplo, nos dá a dimensão do desafio que é a prática educacional dos conceitos de moral e ética. Esses assuntos precisam ser revistos e reavaliados cons- tantemente, de modo a abarcar, refletir e posicionar-se a respeito dos valores contemporâneos. Go od lu z/ Sh ut te rs to ck .co m IIIManual do Educador – 8o ano Introdução ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 3 05/01/17 23:44 Assim, em meio à fluidez de conceitos e visões, a obri- gatoriedade da disciplina Cidadania Moral e Ética repre- senta um grande salto pedagógico. Isso faz com que a escola e os professores deixem de trabalhar apenas indiretamente ou de maneira difusa as dimensões da moral e da ética e passem a articular o que tem sido chamado de valores universalmente desejáveis, ba- seados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e, mais especificamente, na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. A partir desses valores, você, professor, deve praticar suas ações pedagógicas no sentido de: • Compreender os fundamentos da ética e da mora- lidade e como seus princípios e normas podem ser trabalhados no cotidiano das escolas e da comuni- dade. • Compreender e introduzir no dia a dia das escolas o trabalho sistemático e intencional sobre valores de- sejados por nossa sociedade. Esses objetivos estão colocados no Programa Ética e Cidadania, módulo voltado para a formação dos pro- fessores, planejado pelo Ministério da Educação. Para que essas ações sejam amplamente executadas, é ne- cessário compreendermos melhor a expressão valores desejados. Quando falamos dessas normas, estamos nos refe- rindo ao núcleo moral de uma sociedade, isto é, aos valores escolhidos para mediar o convívio entre os in- divíduos integrantes dessa sociedade. Assim, o ensino de Cidadania Moral e Ética não está inserido em uma perspectiva de relativismo moral ou liberdade absoluta para seguir valores individuais. Isso porque, para que a sociedade democrática possa funcionar, é fundamental que exista um consenso, um conjunto mínimo de valo- res regentes. Alguns desses valores estão explicitados, como tópicos da Constituição, e devem ser tomados como referência em sala de aula. Ag ên cia B ra sil Ar in a_ P_ Ha bi ch /S hu tte rs to ck .co m IV Cidadania Moral e Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 4 05/01/17 23:44 A República Federativa do Brasil tem como funda- mentos: Art. 1o I - A soberania. II – A cidadania. III – A dignidade da pessoa humana. IV – Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. V – O pluralismo político. No que se refere aos seus objetivos enquanto Repú- blica Federativa, a Constituição enumera os seguintes propósitos: Art. 3o I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária. II – Garantir o desenvolvimento nacional. III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Quanto a alguns dos direitos individuais listados na Constituição, destacamos que: Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es- trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- priedade [...]. I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obri- gações, nos termos desta Constituição. II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude da lei. III – Ninguém será submetido a tortura nem a trata- mento desumano ou degradante. IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo ve- dado o anonimato. VI – É inviolável a liberdade de consciência e de cren- ça, sendo as segurado o livre exercício dos cultos reli- giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos lo- cais de culto e a suas liturgias. VIII – Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- tiva, fixada em lei. IX – É livre a expressão da atividade intelectual, artísti- ca, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. VG sto ck stu di o/ Sh ut te rs to ck .co m VManual do Educador – 8o ano ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 5 05/01/17 23:44 Esses valores nos dão uma ideia do núcleo moral pre- sente em nossa sociedade, o que nos impede de viver em estado de anomia — ausência de valores que re- gema sociedade, ficando a cargo de cada indivíduo o estabelecimento de suas condutas morais e éticas. Com a anomia, a democracia torna-se impraticável, dado a falta de organização e entendimento mínimo entre os integrantes da coletividade. Podemos pensar que, em um regime democrático, que valoriza e incentiva preceitos como liberdade e diversidade, é contraditório que haja um conjunto de valores a ser seguido por todos. Acontece, porém, que alguns entendem que a expressão de liberdade é, na verdade, a afirmação da inferioridade (étnica, social, ra- cial ou de gênero) de outro indivíduo, que, por sua vez, tem a liberdade subjugada. É por isso — para que todos os integrantes sociais possam usufruir da mesma liber- dade e dos mesmos direitos sem pôr em risco o direito alheio — que um conjunto de valores se faz necessário. E é neste sentido que a matéria de Cidadania Moral e Ética torna-se fundamental: para apresentar e estabele- cer fronteiras morais e éticas que garantam a convivên- cia harmoniosa e o fortalecimento do nosso país. Os itens que vimos anteriormente acerca dos valores que regem o Brasil pretendem, por sua vez, alinhar-se à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa de- claração foi proclamada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU) — organização internacional for- mada por vários países com o objetivo de trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundial. Vejamos: “A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- ver o respeito a esses direitos e essas liberdades e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Semmick Photo/Shutterstock.com VI Cidadania Moral e Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 6 05/01/17 23:44 Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às ou- tras com espírito de frater- nidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra nature- za, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segu- rança pessoal. Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão. A escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo V Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual- quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que vio- le a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos na- cionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhe- cidos pela constituição ou pela lei. M on ke y_ Bu sin es s_ Im ag es /S hu tte rs to ck .co m VIIManual do Educador – 8o ano ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 7 05/01/17 23:44 Artigo IX Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exi- lado. Artigo X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal in- dependente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação cri- minal contra ela. Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o di- reito de ser presumida inocente até que a sua culpa- bilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido asse- guradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tam- pouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo XII Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri- vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon- dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interfe- rências ou ataques. Artigo XIII 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. on ei nc hp un ch /S hu tte rs to ck .co m VIII Cidadania Moral e Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 8 05/01/17 23:44 Artigo XIV 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de per- seguição legitimamente motivada por crimes de di- reito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XV 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- nalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo XVI 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qual- quer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao ca- samento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro- priedade. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex- pressão; este direito inclui a liberdade de, sem interfe- rência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e indepen- dentemente de fronteiras. Artigo XX 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. fra nz 12 /S hu tte rs to ck .co m IX ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 9 05/01/17 23:44 Artigo XXI 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover- no de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições pe- riódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a li- berdade de voto. Artigo XXII Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a orga- nização e recursos de cada Estado, dos direitos econô- micos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo XXIII 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de tra- balho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu- neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ne- les ingressar para proteção de seus interesses. Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias perió- dicas remuneradas. Ja ck _F ro g/ Sh ut te rs to ck .co m X Cidadania Moral e Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 10 05/01/17 23:44 Artigo XXVI 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fun- damentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a to- dos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno de- senvolvimento da personalidade humana e do for- talecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promo- verá a compreensão, a tolerância e a amizade en- tre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê- nero de instrução que será ministrada a seus filhos. Artigo XXVII Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de par- ticipar do processo científico e de seus benefícios. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Artigo XXVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter- nacional em que os direitos e as liberdades estabele- cidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo XXV 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuida- dos médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doen- ça, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de per- da dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas den- tro ou fora do matrimônio gozarão da mesma pro- teção social. Monkey_Business_Images/Shutterstock.com iraua/Shutterstock.com XIManual do Educador – 8o ano ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 11 05/01/17 23:44 Artigo XXIX 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua per- sonalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pes- soa estará sujeita apenas às limitações determina- das pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e das liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem- -estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósi- tos e princípios das Nações Unidas. Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qual- quer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.” Recorremos, aqui, à Constituição e à Declaração de Direitos Humanos porque acreditamos que elas devem estar em nosso horizonte quando falamos da prática pedagógica. No entanto, reforçamos a ideia de que as considerações a respeito da ética e da moral não são modelos estanques a serem repassados para os estu- dantes. Toda e qualquer norma ou regra representa uma resposta a um determinado tempo/período histórico. É por isso que nós, professores, devemos ter em mente que trabalhamos com princípios passíveis de mudança, e não com mandamentos. E, assim, devido ao caráter abstrato dos valores morais e éticos, nosso papel pe- dagógico e formativo deve basear-se na intenção de colocar os alunos dentro desse processo de construção contínua de valores, de modo a torná-los seres eman- cipados e autônomos para agirem criticamente perante os preceitos morais e éticos. Rawpixel.com/Shutterstock.com XII Cidadania Moral e Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 12 05/01/17 23:44 Tendo em vista estabelecer padrões que ajudem a promover uma educação comprometida com a moral, a ética e a cidadania, os PCN propõem os seguintes tó- picos a serem trabalhados no Ensino Fundamental: Dignidade da pessoa humana: Implica respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas. Igualdade de direitos: Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto, há que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias, religio- sas, etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que neces- sitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada. Participação: Como princípio democrático, traz a no- ção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participa- ção popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade homogênea, e sim mar- cada por diferenças. Corresponsabilidade pela vida social: Implica par- tilhar com os poderes públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos destinos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabili- dade de todos a construção e ampliação da democracia no Brasil. Tyler Olson/Shutterstock.com XIIIManual do Educador – 8o ano O ensino baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 13 05/01/17 23:44 O ambiente escolar, além dos outros papéis, repre- senta um microcosmo da sociedade. O primeiro conta- to com indivíduos que não fazem parte da nossa família e com os quais devemos estabelecer outro tipo de re- lação se dá no colégio. Essa é a nossa primeira vivência social. Lá aprendemos que temos, invariavelmente, de- veres e direitos que devem ser seguidos e respeitados por todos que compõem aquela realidade. O papel da escola se estende para além da transmis- são de conhecimento ou formação profissional. Nesse local, a intenção primeira é a de ajudar a de- senvolver as capacidades, a consciência, a compreen- são de si mesmo, do outro e da sociedade. E é por meio dessa experiência cotidiana que nos adequamos às demandas sociais. Essa consciência dos valores morais, no entanto, não deve ser imposta. É evidente que os estudantes devem saber diferenciar o certo e o errado, mas essa avaliação deve partir deles, de acordo com o conhecimento de suas responsabilidades, com a evolução do seu senso crítico e a sua capacidade de decisão. Os estudantes precisam assumir a sua prática, e não apenas seguir o estabelecido, sem nenhum exercício de reflexão. A formação do ser humano precede a formação do tra- balhador. A educação existe antes para que possamos discutir, estabelecer e ajustar as normas sociais. Dessa forma, o objetivo social da escola deve estar voltado para a formação de um cidadão consciente de suas ações e obrigações e ativo na construção permanente da socie- dade. Por isso, a inclusão da matéria Cidadania Moral e Ética no currículo do Ensino Fundamental e Médio é es- sencial para o desenvolvimento social dos estudantes. M on ke y_ Bu sin es s_ Im ag es /S hu tte rs to ck .co m XIV Cidadania Moral e Ética A importância do ensino de Cidadania Moral e Ética na escola ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 14 05/01/17 23:44 Levandoem consideração que o volume de conhe- cimento produzido pela humanidade não pode ser completamente explorado em sala de aula, mesmo que durante os doze anos previstos para a conclusão do En- sino Fundamental e Médio, é fundamental que exista uma seleção de conteúdos que consideramos indispen- sáveis para a formação de um indivíduo. A inclusão do conteúdo de Cidadania Moral e Ética foi aprovada no Senado no ano de 2012. As considerações do MEC sobre os objetivos a serem atingidos, durante o Ensino Fundamental, são: A compreensão do significado de justiça e a cons- cientização da construção de uma sociedade igualitária, tendo em vista a necessidade de internalizar e assimilar esse conceito na prática, para que possamos formar su- jeitos sociais ativos. O respeito pelas diferenças — seja ela de credo, cor, gênero, etc.—, fundamental ao convívio em uma so- ciedade democrática e pluralista; e a compreensão da diversidade como uma oportunidade de ampliação do conhecimento, promoção do desenvolvimento pessoal e social e enriquecimento dos processos de aprendi- zagem. A adoção de atitudes solidárias, de cooperação, e re- púdio às injustiças e discriminações. A reflexão é apenas o primeiro passo para uma atitude ética. É preciso que, além dos debates e preocupações sociais, nós sejamos o reflexo do nosso discurso. A compreensão da vida escolar como participação no espaço público, utilizando e aplicando os conhecimen- tos adquiridos na construção de uma sociedade demo- crática e solidária. A valorização e o emprego do diálogo como forma de esclarecer os conflitos e tomar decisões coletivas. Por isso a importância da construção dos debates no de- senvolvimento da capacidade argumentativa. A construção de uma imagem positiva de si, o respei- to próprio traduzido pela confiança em sua capacidade de escolher e realizar seu projeto de vida e pela legiti- mação das normas morais que garantam, a todos, essa realização. Para que possamos atingir as metas estabelecidas, é necessário que não só o professor de Cidadania Moral e Ética esteja comprometido, mas que todos os professo- res tenham em mente a responsabilidade da educação e da conscientização social no processo de aprendizagem. M on ke y_ Bu sin es s_ Im ag es /S hu tte rs to ck .co m XVManual do Educador – 8o ano Objetivos fundamentais para o ensino de Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 15 05/01/17 23:44 Em seu sentido tradicional, a cidadania expressa um conjunto de direitos e de deveres que permite aos ci- dadãos a participação na vida política e na vida pública, podendo votar e serem votados, fazendo parte ativa- mente na elaboração das leis e do exercício de funções públicas, por exemplo. Hoje, no entanto, o significado da cidadania possui contornos mais amplos, que ex- trapolam o sentido de apenas atender às necessidades políticas e sociais, e assume como objetivo a busca por condições que garantam uma vida digna às pessoas. Entender a cidadania a partir da redução do ser hu- mano às suas relações sociais e políticas não é coeren- te com a multidimensinalidade que nos caracteriza e com a complexidade das relações que cada um e to- das as pessoas estabelecem com o mundo à sua volta. Deve-se buscar compreender a cidadania também sob outras perspectivas, por exemplo, considerando a im- portância que o desenvolvimento de condições físicas, psíquicas, cognitivas, ideológicas, científicas e culturais exerce na conquista de uma vida digna e saudável para todas as pessoas. Tal tarefa, complexa por natureza, pressupõe a edu- cação de todos (crianças, jovens e adultos), a partir de princípios coerentes com esses objetivos, e com a inten- ção explícita de promover a cidadania pautada na de- mocracia, na justiça, na igualdade, na equidade e na par- ticipação ativa de todos os membros da sociedade nas decisões sobre seus rumos. Dessa maneira, pensar em uma educação para a cidadania torna-se um elemento essencial para a construção da democracia social. Entendemos que tal forma de educação deve visar, também, ao desenvolvimento de competências para li- dar com: a diversidade e o conflito de ideias, as influên- cias da cultura e os sentimentos e emoções presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo à sua volta. Uma questão a ser apontada é que, atualmente, as crianças e os adolescentes vão à escola para aprender as Ciências, a Língua, a Matemática, a História, a Física, a Geografia, as Artes, e apenas isso. Não existe o objetivo explícito de formação ética e moral das futuras gerações. Entendemos que a escola, enquanto instituição pública criada pela sociedade para educar as futuras gerações, deve-se preocupar também com a construção da cida- dania, nos moldes que atualmente a entendemos. Se os pressupostos atuais da cidadania têm como base a garantia de uma vida digna e a participação na vida política e pública para todos os seres humanos, e não apenas para uma pequena parcela da população, essa escola deve ser democrática, inclusiva e de qualidade, para todas as crianças e adolescentes. Para isso, deve promover, na teoria e na prática, as condições mínimas para que tais objetivos sejam alcançados na sociedade. Mas como os valores são apropriados pelos sujei- tos? Adotamos a premissa de que os valores não são nem ensinados, nem nascem com as pessoas. Eles são construídos na experiência significativa que as pessoas estabelecem com o mundo. Essa construção depende diretamente da ação do sujeito, dos valores implícitos nos conteúdos com que interage no dia a dia e da qua- lidade das relações interpessoais estabelecidas entre o sujeito e a fonte dos valores. Ulisses F. Araújo Hogan_Im aging/Shutterstock.com XVI Cidadania Moral e Ética A educação e a construção da cidadania ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 16 05/01/17 23:45 Na Filosofia, o campo que se ocupa da reflexão sobre a moralidade humana recebe a denominação de Ética. Estes dois termos, ética e moral, têm significados pró- ximos e, em geral, referem-se ao conjunto de princípios ou padrões de conduta que regulam as relações dos seres humanos com o mundo em que vivem. Uma educação ancorada em tais princípios deve con- verter-se em um âmbito de reflexão individual e coletiva que permita elaborar racionalmente e autonomamente princípios gerais de valor, que ajudem a defrontar-se criticamente com realidades como a violência, a tortura ou a guerra. De forma específica, educação ética e mo- ral deve ajudar na análise crítica da realidade cotidiana e das normas sociais e morais vigentes, de modo que contribua para idealizar formas mais justas e adequa- das de convivência. Ainda na linha de compreensão do papel da educação para a formação ética dos seres hu- manos, alguns teóricos entendem que a educação dos cidadãos deve levar em conta a dimensão comunitária das pessoas, seu projeto pessoal e também sua capaci- dade de universalização, que deve ser exercida dialogi- camente, pois, dessa maneira, elas poderão ajudar na construção do melhor mundo possível, demonstrando saber que são responsáveis pela realidade social. De forma específica, lidar com a dimensão comuni- tária, dialogar com a realidade cotidiana e as normas vigentes nos remete ao trabalho com a diversidade hu- mana, à abordagem e ao desenvolvimento de ações que enfrentem as exclusões, os preconceitos e as discri- minações advindos das distintas formas de deficiência e das diferenças sociais, econômicas, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero. Conceber esse trabalho na própria comunidade onde está localizada a escola, no ambiente natural, social e cultural de seu entorno, é essencial para a construção da cidadania efetiva. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/ materiais/0000015509.pdf. Adaptado. Acessado em: 14/07/2014. loreanto/Shutterstock.com XVIIManual do Educador – 8o ano Ética ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 17 05/01/17 23:45 Com o intuitode promover uma educação plena, a coleção leva para a sala de aula os temas mais impor- tantes e próximos aos alunos, para que, por meio de textos, imagens, exercícios e debates, eles possam de- senvolver solidamente a sua consciência social. Os capítulos que compõem os livros abrigam uma Ca pí tu lo1 Conhecimentos prévios • Você conseguiria identificar alguma linguagem no seu dia a dia? • A linguagem que você usa com seus colegas é a mesma usada com a sua família? Por quê? • Você exerce a cidadania no dia a dia? • Você consegue manifestar a cidadania pela linguagem e pelo pensamento? Linguagem, pensamento e cidadania Estamos o tempo inteiro nos comunicando e mani- festando o que pensamos e sentimos, seja por meio das palavras que dizemos, cantamos, escrevemos, seja através de nossos gestos, nossa feição ou até mesmo dos símbolos que criamos para exprimir alguma sen- sação, como os emoticons usados nas redes sociais da Internet. Todas essas formas que criamos para ex- travasar o que se passa em nossa mente se dão pela linguagem, e a linguagem que empregamos diz sobre quem somos, de onde viemos, o que achamos do mun- do à nossa volta, etc. É sobre isso que estudaremos neste capítulo. Vamos dialogar! S yd a P ro du ct io ns /S hu tte rs to ck .c om R aw pi xe l/S hu tte rs to ck .c om CMeE_8A_2017_01a80.indb 6 28/12/16 20:03 Vamos dialogar!: Esta é a única seção que se apresenta, exclusivamente, no princípio de cada capítulo. Aqui, intro- duzimos a temática por intermédio de imagens. A intenção é que os alunos construam suas falas a partir da memó- ria visual que as fotografias, somadas ao tema, despertam neles. O resultado dessa abordagem ampla é a probabili- dade de surgirem inúmeras e valiosas reflexões que ajudarão na construção de sentido dos assuntos abordados. unidade temática, norteadora das discussões, que é subdividida em três seções que se intercalam para um melhor aprofundamento do tema. Essas seções têm funções específicas e buscam estruturar da maneira mais didática e agradável o conteúdo estudado. Veja- mos, a seguir, quais elas: XVIII Cidadania Moral e Ética Estrutura da coleção ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 18 05/01/17 23:45 Para Refletir: Esta seção também se interpõe entre os textos responsáveis pelo desenvolvimento do conteú- do e as questões, que auxiliam nesse progresso. Nesse espaço, selecionamos diversos escritos que abordam o assunto do capítulo sob um viés lúdico. São crônicas, reportagens, sinopses, indicações de filmes, etc. que aproximam, ainda mais, os jovens estudantes das re- flexões propostas. 1. Você se considera um cidadão? Por quê? Resposta pessoal 2. Por que é importante cada um de nós aprendermos e praticarmos o conceito de cidadania? Porque cidadania é uma relação política entre um indivíduo e a sociedade, em virtude da qual o indivíduo é membro de pleno direito dessa comunidade e a ela deve lealdade permanente. 3. Segundo o texto, nossa identidade é composta por quais componentes? A noção de igualdade social em busca da dignidade para todos e as especificidades individuais. 4. Você acha que os componentes citados na questão anterior podem entrar em atrito? Explique. Resposta pessoal 5. Leia o trecho a seguir: “[...] a sociedade deve organizar-se de modo a conseguir gerar em cada um de seus membros o sentimento de que pertence a ela [...]” O trecho lido nos remete à ideia de pertencimento, ou seja, à crença subjetiva em uma ori- gem comum que une os diferentes indivíduos. Os indivíduos pensam em si mesmos como membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e ideais. A partir disso, você se considera pertencente a algum grupo? Resposta pessoal Questão de ética? Cidadania Moral e Ética I 8o ano 49 CMeE_8A_2017_01a80.indb 49 28/12/16 20:04 Para refletir Transportes alternativos do Brasil O já famoso Teleférico do Alemão é o primeiro transporte de massa por cabos do Brasil. Em funcio- namento desde julho de 2011, as gôndolas já trans- portaram mais de 3,5 milhões de pessoas. A viagem da primeira estação (Bonsucesso/Tim) à última (Pal- meiras) dura 16 minutos. O Elevador Lacerda já faz parte da vida de Salvador e é um cartão-postal da cidade. Sua função é fazer a ligação entre as cidades alta e baixa da capital baiana. Mas, com o passar dos anos, esse gigante contemplador da Baía de Todos os Santos se tornou um dos pontos turísticos mais vi- sitados. A média de pessoas que utilizam o transpor- te chega a 900 mil por mês. A travessia ainda oferece aos turistas umas das vistas mais belas da capital. A Bacia Amazônica, por natureza, já favorece o deslocamento pelas águas dos rios Solimões, Ama- zonas, Negro, Madeira, entre outros. As viagens são feitas principalmente entre as cidades de Manaus (AM), Belém (PA), Santarém (PA), Macapá (AP) e Porto Velho (RO). Questões para reflexão? 1. Qual é a importância dos transportes alternativos citados para a população que faz uso deles? 2. Na região em que você mora, existe algum tipo de transporte alternativo? Qual? Você faz uso dele? 3. Que modelos de transporte você acha que poderiam ser implantados na sua cidade para melhorar a locomoção e preservar o meio ambiente? Cidadania Moral e Ética I 8o ano80 CMeE_8A_2017_01a80.indb 80 28/12/16 20:04 Questão de ética: Esta seção aparece depois de cada tópico proposto no capítulo. Dessa forma, podemos nos aprofundar no conteúdo de maneira gradual e agradável, sem diferenciar a apreensão teórica e prá- tica. As questões têm o propósito de colocar o aluno como protagonista, demandando reflexão para a expo- sição do seu ponto de vista. É interessante, também, pedir que os alunos compartilhem suas respostas a fim de que toda a turma possa ser responsável, conjunta- mente, pela conclusão desses tópicos. XIXManual do Educador – 8o ano ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 19 05/01/17 23:45 Sumário Capítulo 1 Linguagem, pensamento e cidadania ......6 O que é linguagem? ..........................................................................8 Língua e sociedade ...........................................................................14 Capítulo 2 Viver dignamente .......................................................20 Progresso e desigualdade ...........................................................21 Os direitos humanos .........................................................................26 Os direitos do jovem .........................................................................31 Moradia, um direito .............................................................................37 O direito à saúde..................................................................................43 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO_Cap_1.indd 4 18/01/17 08:33 Capítulo 3 Somos cidadãos do mundo ..............................46 O indivíduo e a sociedade ............................................................48 A ética e a corrupção .......................................................................51 Desenvolvimento sustentável ....................................................56 Cidadania e solidariedade ............................................................62 Capítulo 4 Cuidados no trânsito ...............................................66 Dicas de trânsito para os pedestres ....................................68 Atenção às leis do trânsito ..........................................................71 Álcool não combina com direção ...........................................76 Benefícios de andar de bicicleta ............................................78 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO_Cap_1.indd 5 18/01/17 08:33 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 6 Cidadania Moral e Ética • Compreender o conceito de linguagem e as manifestações cotidianas dessa importante ferramenta. • Entender como a linguagem, ou tudo aquilo que expressamos, está relacionada ao nosso pensamento e comoessa relação pode ser bem utilizada se tivermos o objetivo de praticar a cidadania. • Estudar a importância da linguagem para a comunicação e a expressão da sensibilidade. • Conhecer algumas teorias da origem da linguagem. • Analisar a associação entre língua e sociedade. • Discutir como a expressão corporal pode se revelar um importante veículo de comunicação. Objetivos Pedagógicos Sugestão de leitura //// Ética e educação Autor: Nilson José Machado Ética e educação são temas canden- tes que se entrelaçam e se alimentam mutuamente. No cerne de ambos, en- contram-se as ideias de conhecimento e valor. Esta obra procura apresentar um mapeamento de questões relativas a tais temas, em busca de uma perspec- tiva crítica ao alcance de educadores e de cidadãos em geral. Procura trazer como focos que aglutinam os textos os pares pessoalidade/cidadania e didá- tica/epistemologia. Iguais como cida- dãos, as pessoas são diferentes como pessoas e não buscam a escola para esquecer tais diferenças; metade dos microensaios reunidos tem o intuito de examinar tal fato. A outra metade tra- ta de explicitar como o modo de pen- sar sobre o conhecimento influencia as ações educacionais, ou seja, como a epistemologia interfere diretamente na didática. Numa época marcada pelo excesso de informações e análises, esse título buscou optar por uma forma sin- tética de apresentação das reflexões. Anotações Ca pí tu lo1 Conhecimentos prévios • Você conseguiria identificar alguma linguagem no seu dia a dia? • A linguagem que você usa com seus colegas é a mesma usada com a sua família? Por quê? • Você exerce a cidadania no dia a dia? • Você consegue manifestar a cidadania pela linguagem e pelo pensamento? Linguagem, pensamento e cidadania Estamos o tempo inteiro nos comunicando e mani- festando o que pensamos e sentimos, seja por meio das palavras que dizemos, cantamos, escrevemos, seja através de nossos gestos, nossa feição ou até mesmo dos símbolos que criamos para exprimir alguma sen- sação, como os emoticons usados nas redes sociais da Internet. Todas essas formas que criamos para ex- travasar o que se passa em nossa mente se dão pela linguagem, e a linguagem que empregamos diz sobre quem somos, de onde viemos, o que achamos do mun- do à nossa volta, etc. É sobre isso que estudaremos neste capítulo. Vamos dialogar! S yd a P ro du ct io ns /S hu tte rs to ck .c om R aw pi xe l/S hu tte rs to ck .c om CMeE_8A_2017_01a80.indb 6 28/12/16 20:03 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 6 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 7Manual do Educador – 8o ano Nesta abertura de capítulo, aproveite para despertar a curiosidade dos alunos sobre o tema, instigando-os a refleti- rem sobre as diversas manifestações da linguagem. As que estão represen- tadas nas imagens são apenas alguns exemplos e devem servir de ponto de partida para a reflexão sobre outras Sugestão de Abordagem Anotações modalidades. Converse com os alunos sobre isso, peça que eles digam outras formas de usar a linguagem no dia a dia. Mostre que, neste momento, na sala de aula, algumas dessas formas estão sendo utilizadas. Durante essa discussão, existem inú- meras possibilidades de facilitar a com- preensão do aluno sobre esse assunto de forma prática e/ou lúdica. Podemos sugerir algumas: • Pedir que o aluno descreva — por meio de texto escrito e desenho — o trajeto por ele realizado de sua casa até a escola. Nessa atividade, ele deverá lembrar manifestações da linguagem não verbal encontradas nesse percurso: em placas e sinais de trânsito, outdoors, fachadas de edifícios e estabelecimentos comer- ciais, etc. • O professor pode, ainda, levar para a sala diversas figuras (recortes de periódicos, fotografias ou simples desenhos) de exemplos de textos cotidianos não verbais. Enquanto os mostra, pode solicitar que os alunos identifiquem os significados de cada símbolo e os descrevam fazendo uso da linguagem verbal. • Outra sugestão é fazer um passeio pelas dependências da escola identi- ficando, por meio da incitação ao ra- ciocínio dos alunos, os casos em que a linguagem não verbal desempenha situações práticas de comunicação. • Seria interessante, também, mostrar aos alunos que a arte, muitas vezes, apropria-se da linguagem não verbal. Um eficiente instrumento para essa demonstração é algum livro que faça uso exclusivamente de imagens para narrar uma história (existem muitos desses livros entre os de literatura in- fantojuvenil). Questões para reflexão? 1. A partir do seu conhecimento de mundo, o que é linguagem? 2. O ato de comunicar é uma linguagem? 3. O ser humano conseguiria viver sem manifestar sua linguagem? 4. Atualmente, vivemos em um mundo repleto de tecnologia, então ela passa a colaborar para um novo tipo de manifestação linguística? Para começar, observe as seguintes imagens e discuta alguns pontos logo a seguir com seus colegas e seu professor, observando como cada uma delas representa um tipo de mani- festação da linguagem. D a es qu er da p ar a di re ita d e ci m a pa ra b ai xo : J ac k. Q , M ax i_ m , R AT O C A , w ck iw w , O lly y/ S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 7 CMeE_8A_2017_01a80.indb 7 28/12/16 20:03 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 7 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 8 Cidadania Moral e Ética Fundamentação No decorrer da história, a linguagem foi e ainda é fator determinante para o desenvolvimento do ser humano, pois nasceu da necessidade de sobrevivên- cia que o ser humano incorporou a linguagem como elo entre os seres de igual espécie. Em meio às outras espécies, o ho- mem se sobressaiu apenas por alguns fatores que os diferenciam das demais, dentre eles está, sem dúvida nenhuma, a linguagem, fator essencial da comuni- cação. Vygotsky (1987, p. 5) argumenta que “a verdadeira comunicação huma- na pressupõe uma atitude generalizan- te, que constitui um estágio avançado do desenvolvimento da palavra. As formas mais elevadas da comunicação humana são possíveis porque o pensa- mento do homem reflete uma realida- de conceitualizada [...]”. – Linguagem e participação social Os Parâmetros Curriculares Nacio- nais fazem uma alusão contundente no sentido de não podermos ignorar o po- der da linguagem. O Ministério da Educação afirma que: [...] o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade plena de participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso a informação, expressa e defen- de pontos de vista, partilha ou cons- trói visões de mundo, produz conhe- cimento. (BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília. MEC/ SEF, 1997) Assim, um projeto educativo compro- metido com a democratização social e cultural deve atribuir à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísti- cos necessários para o exercício da cida- dania, direito inalienável de todos. Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à esco- la promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental, cada alu- no seja capaz de interpretar diferentes textos e em vários contextos sociais. Disponível em: http://static.recantodasletras.com.br/ arquivos/2215344.doc. Acesso em 03/11/2016. É importante criar ambientes favo- ráveis para que a comunicação ocorra fluentemente fazer uso dos artifícios da Língua Portuguesa e da grande quantidade de textos que circulam em nosso meio. Na era da informação e da tecnolo- gia, é preciso utilizar-se também dos Sugestão de Abordagem O que é linguagem?A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comuni- cação entre pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos. Os elementos que formam a linguagem são chamados de signos, que indicam ou represen- tam outros. Por exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo. Os signos linguísticos são as palavras. Uma mesma palavra pode exprimir sentidos ou significados diferentes, dependendo de quem a emprega, de quem a ouve ou lê e do contexto em que é usada. É a linguagem que estabelece a comunicação entre os seres humanos. Por meio das pala- vras, relacionamo-nos com os outros, dialogamos, argumentamos, relatamos, discutimos, ama- mos e odiamos, ensinamos e aprendemos, etc. A importância e a força da linguagem Desde que o homem se apercebeu de sua sensibilidade e notou a presença desta em outros homens, nasceram a necessidade e o desejo de comunicar os sentimentos e pensamentos. O filósofo grego Aristóteles, em sua obra Política, diz que o homem é o único “animal polí- tico”, pois só ele é dotado de linguagem. Ao contrário dos outros animais, que exprimem dor e prazer por meio da voz (phoné), o homem possui a palavra (lógos) para exprimir seus valores, tornando possível a vida política e social. A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes. Já Platão, no diálogo Fedro, dizia que a linguagem é um phármakon, palavra que possui três sentidos principais: remédio, veneno e cosmético. Cidadania Moral e Ética I 8o ano8 CMeE_8A_2016_CAP1.indd 8 05/01/17 23:16 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 8 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 9Manual do Educador – 8o ano Fundamentação Fedro, de Platão Em Fedro, há uma passagem em que Platão apresenta o mito de Theut, que narra a invenção da escrita por esse deus egípcio. Theut (ou Thot) apresenta sua invenção ao supremo deus Amon como algo que auxiliaria a memória dos homens e os tornaria sábios. A resposta de Amon repre- senta a posição platônica: ao contrá- rio, diz ele, aquele que se fiar na es- crita perderá a memória, passando a depender de um signo externo, e não de sua própria capacidade de lem- brar, e não se tornará mais sábio, mas receberá informações sem a instrução adequada, parecendo sábio quando, na verdade, será bem ignorante. E, finalmente, Sócrates conclui, no diá- logo, que a palavra escrita parece conter o entendimento das coisas, porém, quando interrogada, simples- mente nos devolve a pergunta. Além disso, uma vez que algo é escrito, passa a circular entre aqueles que o entendem, mas também entre os que não o entendem. Uma coisa escrita não pode distinguir entre os bons e maus leitores; a palavra escrita é, as- sim, incapaz de se defender contra o seu mau uso e necessita, portanto, de que o autor venha em seu socorro. Platão opõe aqui a linguagem escri- ta à linguagem falada, o diálogo, para ele a forma por excelência de realiza- ção da filosofia enquanto discussão, debate, por meio do qual se pode ar- gumentar e contra-argumentar. Em A farmácia de Platão, o filóso- fo francês contemporâneo Jacques Derrida comenta esse mito, que serve de ponto de partida para sua discus- são sobre a linguagem e sobre a ques- tão da leitura de textos (no caso de Platão), levando a uma releitura e ree- laboração de suas questões. Derrida explora o uso da palavra pharmakon (“remédio”) no texto, quando Thot diz que a palavra escrita é um remédio para a memória, enquanto Amon (ou meios tecnológicos para que a inclusão não passe de uma utopia. Faz-se neces- sário também despertar no educando a faculdade de analisar criticamente textos que circulam nos meios de co- municação de massa, incentivando-o à prática da leitura do subtexto, isto é, compreender o texto e identificar a ideologia contida em seu posiciona- mento, ler as entrelinhas. Também, não podemos nos esquecer que a escola precisa estar preparada para o exercício da cidadania como um ideal a ser seguido em todos os mo- mentos de sua conduta. Ou seja, Platão considera que a linguagem pode ser um medicamento, ou um remédio, para o conhecimento, pois, pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorân- cia e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar uma ideia, fascinados com o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Por fim, a linguagem pode ser um cosmético, uma maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. Podemos avaliar a força da linguagem tomando como exemplos os mitos e as religiões. A palavra grega mythos significa narrativa e, portanto, linguagem. A linguagem tem um poder encantatório. Note que, em quase todas as religiões, existem profetas e oráculos, isto é, pes- soas escolhidas para transmitir mensagens divinas aos humanos. Cidadania Moral e Ética I 8o ano 9 CMeE_8A_2017_01a80.indb 9 28/12/16 20:03 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 9 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 10 Cidadania Moral e Ética Thamus) inverte a questão dizendo que a palavra escrita poderia ser um veneno (para os gregos, pharmakon pode ser remédio ou veneno, no fundo dependendo essencialmente da dosagem) que faria com que os homens se fiassem demais na escrita e perdessem o verdadeiro conheci- mento. Sócrates conclui dizendo o que é necessário para um discurso verda- deiro, na medida em que isso seria possível: “Toda nossa discussão anterior mostrou que o discurso, seja o que pretende persuadir, seja o que pre- tende ensinar, não pode ser cons- truído cientificamente, na medida em que sua natureza permite um trata- mento científico, a menos que as se- guintes condições sejam satisfeitas. Em primeiro lugar, deve-se conhecer a verdade sobre o assunto de que trata no discurso oral ou escrito, deve ser capaz de defini-lo genericamen- te e, sendo capaz disso, deve dividi- -lo nos vários tipos específicos até o limite da divisibilidade. Em segui- da, deve-se analisar de acordo com os mesmos princípios a natureza da alma e descobrir que tipo de discur- so é adequado a cada tipo de alma. Finalmente, deve-se organizar o dis- curso de tal maneira que os discursos simples sejam dirigidos às almas sim- ples e os discursos mais complexos e abrangentes, às almas mais elevadas.” MARCONDES, Danilo. Textos básicos de linguagem: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009, p. 20. Anotações Questões para reflexão? 1. Você se identificou com algum dos exemplos de movimentação corporal que indica uma emoção ou um pensamento? Qual? 2. Você costuma prestar atenção no modo como as pessoas gesticulam ou movimen- tam o corpo? Por quê? 3. Que outros movimentos corporais refletem o que estamos pensando ou sentindo? E, o que é melhor, ter consciência dos significados dos gestos é muito importante, principalmente porque, por ser natural e inconsciente, a linguagem corporal não mente e permite uma leitura mais precisa do seu interlocutor. Por exemplo: quando uma pessoa, ao pensar para responder a uma pergunta, olha para cima à direita, significa que ela vai omitir ou mentir sobre algo. Se olhar para cima à esquerda, ela está tentando lembrar de alguma coisa. Torcer o pé, apoiando-se na parte lateral da sola, e abaixar a cabeça pode revelar que você está com vergonha. Cruzar os braços ou as pernas é sinal de que você não está querendo conversa ou não concorda com a opinião de quem fala. Cruzar os dedos com as mãos juntas, curvar-se ou ainda dobrar as pernas é uma insinuação de que você está implorando por algo. Curvar o tórax colocando os ombros para baixo é uma posturaque revela timidez e insegurança. Agora, se você estufa o peito projetando o tórax para frente, passa a imagem de uma pessoa imponente e até arrogante. Ou seja, a maneira como você se expressa nunca é inocente. Ela revela muito da- quilo que vai na sua cabeça e no seu coração. Disponível em: http://www.rolfing-sp.com.br/noticias/2011-08-21-linguagem_corporal.php. Adaptado. Aces- sado em 09/04/2014. C R E AT IS TA /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 19 CMeE_8A_2017_01a80.indb 19 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 10 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 11Manual do Educador – 8o ano As questões relativas ao poema Traduzir-se, de Ferreira Gullar, devem servir como oportunidade de reflexão direcionada ao texto, mas sem limitar as possibilidades de leitura. Quando tratamos de um poema, geralmente, não existe um único sentido. É preciso ensinar o aluno a relacionar o texto poético com todo o conhecimento de mundo que o leitor possui. Uma leitu- ra coletiva do poema e uma pequena discussão ajudariam na compreensão do texto. Sugestão de Abordagem Anotações Questão de ética? 1. Aprendemos que a linguagem surge da necessidade de expressar a comunicação do ho- mem. Sendo assim, é possível a existência do ser humano sem linguagem? A linguagem é um modo de manifestação da existência. Sendo assim, toda vida pressupõe a necessidade de uma manifestação da sua efetivação. O choro, a fome, a carência, a alegria, o aprendizado, enfim, tudo o que há no homem comunica-se com outrem e com o mundo. Não se pode pensar o ser humano isolado nem mesmo isolado em si mesmo. O homem é relação. 2. Leia o texto abaixo e responda: Traduzir-se Uma parte de mim é todo mundo; outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão; outra parte, estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera; outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta; outra parte se espanta. [...] Uma parte de mim é só vertigem; outra parte, linguagem. [...] GULLAR, Ferreira. Os melhores poemas de Ferreira Gullar. São Paulo: Global, 1983. p.144. A cc or d/ S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 11 CMeE_8A_2017_01a80.indb 11 28/12/16 20:03 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 11 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 12 Cidadania Moral e Ética a. Quais aspectos da vida em sociedade podem ser percebidos na poesia? Eu (ego) e outro (alteridade); vida em sociedade e solidão. Hábitos e necessidades sociais, bem como a própria condição vital de desenvolver-se e, com isso, modificar-se e morrer também. b. Procure no dicionário o significado da palavra vertigem e responda: na sexta estrofe, o que o poeta quis dizer ao apresentar a linguagem como parte do homem e oposta à vertigem? Vertigem pode significar variações, tonturas, desvarios. No contexto, pode-se inferir vertigem como sentimento único e mórbido. Já a linguagem seria o oposto, podendo ser vivacidade, dinamismo, multiplicidade de expressões. c. Assinale as afirmativas corretas em relação ao poema: ( X ) “Fundo sem fundo”, na primeira estrofe, pode se referir a um vazio existencial, à solidão. ( X ) Podemos entender a oposição feita na quarta estrofe como a do homem comum, que cum- pre suas atividades do dia a dia, com o artista, que se pega pensando de modo mais sensível para as coisas. E o homem comum e o artista podem fazer parte da mesma pessoa. ( X ) O próprio poema é uma tradução ou tentativa de tradução das duas “partes” do homem. ( ) O texto se chama Traduzir-se porque seu autor é italiano. 3. O pronome reflexivo do título se e o poema escrito em primeira pessoa levam o leitor a de- preender qual é a proposta do autor? A proposta do autor é interpretar a si mesmo. 4. Procure no dicionário o significado da palavra traduzir e relacione seu significado com o poema de Gullar. A palavra traduzir pode significar: manifestar, revelar, explicar, demonstrar, interpretar, etc., e a relação com o poema não é traduzir qualquer coisa, trata-se de autoanálise, de uma descrição profunda de si mesmo. Cidadania Moral e Ética I 8o ano12 CMeE_8A_2017_01a80.indb 12 28/12/16 20:03 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 12 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 13Manual do Educador – 8o ano Na questão 6, o importante é que o aluno saiba reconhecer, em sua própria vivência, a manifestação de seus sentimentos. Alguns alunos têm habilidade para desenhar, enquanto outros se dão melhor escrevendo. O professor precisa estar atento ao ob- jetivo da atividade. A questão 7 pode ser respondida pelos alunos no caderno ou pode-se pedir que eles digam em voz alta o que cada imagem representa. Peça para que eles justifiquem cada res- posta com base nos elementos das imagens. Esse tipo de atividade é im- portante para que os alunos desen- volvam a capacidade de ler textos das mais variadas formas e, assim, tor- nem-se melhores leitores do mundo. Sugestão de Abordagem Anotações 5. Observe a tirinha de Mafalda. A personagem relaciona o simbólico com a realidade física. De que forma ela faz isso? E qual é o sentido da crítica realizada? Na tirinha, é como se o pensamento que nós recebemos e acumulamos pudesse ser medido fisicamente. Para Mafalda, a sociedade é autoritária ao determinar o que nós aprendemos. 6. Crie uma história em quadrinhos apresentando um acontecimento particular no qual você manifestou com ênfase seu sentimento (bom ou ruim). Resposta pessoal 7. Analise as imagens abaixo e, a partir de sua percepção crítica, indique como os gestos e as feições das pessoas refletem pensamentos e sentimentos. D a es qu er da p ar a di re ita , d e ci m a pa ra b ai xo : a lp ha sp iri t, O LJ S tu di o, F la sh on S tu di o, s ha lu nt s, s eb ra /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 13 CMeE_8A_2017_01a80.indb 13 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 13 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 14 Cidadania Moral e Ética Fundamentação A língua é uma arma carregada Sem dúvida, a falta de escola é um indicador concreto da existência de de- sigualdade social. O papel da escola é conscientizar as crianças, os jovens e os adultos a respeito da linguagem, apre- sentando opções linguísticas para que elas cheguem a ser “bidialetais”, para usar as palavras de Evanildo Bechara (Ensino da Gramática: Opressão? Liber- dade? São Paulo: Ática, 1985). [...] O uso da linguagem é uma prática sociocultural e portadora das identida- des dos diferentes grupos que a utili- zam na interação cotidiana. Seria qui- mérico pensar que algum dia todos os cidadãos vão falar sem variação regio- nal ou social. [...] A importância dada à língua escrita em detrimento da oral gera insegu- rança, tensão e frustração em muitas pessoas. Considerar “erradas” fórmulas como “com certeza”, “pra chuchu”, “tipo 15 horas”, “se liga”, usadas em contex- tos descontraídos, sugere que a lingua- Sugestão de leitura //// Linguagem e ideologia Autor: José Luiz Fiorin Existem duas maneiras de abordar o fenômeno linguístico — uma se preocupa somente em analisar in- ternamente a linguagem, estudando os fatos linguísticos; outra despreza as particularidades da linguagem e busca traçar uma ponte entre os fatos linguísticos e a estrutura social. Este livro defende que a linguagem pode, ao mesmo tempo, gozar de certa autonomia em relação às formações sociais e sofrer as determinações da ideologia. O autor procura apresentar que níveis e dimensões são autôno- mos e determinados. gem informal oral seja o “primo pobre” do idioma e a língua escrita formal seja o “verdadeiro” português. A língua falada e a escrita têm gramáti- cas e normas distintas. Quando for ques-tão de atividades “públicas”, apresentadas oralmente com base num texto escrito, a expectativa é que os oradores se expres- sem no registro formal desprovido de marcas da oralidade espontânea. [...] Não há uma única norma, mas várias, que dependem do tipo de texto e da situação social em que o usuário se en- contra. SCHMITZ, John Robert. “A língua é uma arma carregada”. In: Revista Língua Portuguesa, dezembro de 2011. Adaptado. Língua e sociedade Há muito tempo, pesquisadores do mundo todo estudam as línguas e seu comportamento variável. Ao encontrar uma pessoa, determinado grupo ou até uma comunidade que fale di- ferente, ocorre uma preocupação em compreender as razões que influenciam essa variação existente na fala espontânea. Isso possibilita uma linha divisória que separa a forma mais aceita na sociedade, preferida na escola e no âmbito profissional, da forma que foge às normas grama- ticalizadas. O estudo das construções influenciadas por hábitos que perduram na sociedade, levando em conta não apenas aspectos linguísticos, mas também extralinguísticos, recebeu o nome de Sociolinguística. 8. O professor dividirá a turma em pequenos grupos para realizar o seguinte experimento: • Vocês criarão uma rede social com cartazes a serem afixados no mural da sala durante uma semana. Cada dia da semana, uma equipe se responsabilizará por preencher o cartaz com notícias de jornais, informações sobre a escola e a comunidade, trechos de livros e imagens. • Os outros alunos participarão inserindo códigos ou emoticons que indiquem sua reação diante do que está exposto. É bom que também haja espaço para pequenos comentários. M on ke y B us in es s Im ag es /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano14 CMeE_8A_2017_01a80.indb 14 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 14 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 15Manual do Educador – 8o ano Fundamentação Existencialismo e corporeidade Uma corrente filosófica do século XX, o existencialismo, é a responsável por uma mudança radical na forma de a filosofia perceber a corporeidade. Ela tenta ir além do dualismo que marcou toda a história da filosofia e que colo- cava o corpo apenas como um veículo para a alma, tentando mostrar que um só pode existir pelo outro. Isto é, não dá para falar em corpo sem falar em consciência (ou alma, espírito) e vice-versa. Segundo o existencialismo, o único meio que te- mos de conhecer o corpo é vivenciá-lo. É confundir-se com ele, viver dramas e pai- xões, captar e fluir com ele em sua exis- tência que se levanta diante do mundo. Se o único meio de estar em conta- to com o mundo é ser do mundo, es- tar no mundo e viver o mundo, dizer que “vim ao mundo” e que “tenho um corpo” é a mesma coisa, pois meu meio de relações com o mundo é esse cor- po que existe. Se eu fosse consciência pura, apenas espírito, não poderia me relacionar com o mundo e as coisas: va- garia feito alma penada. [...] O corpo não é, então, uma simples adição contingente à alma, mas, sim, uma estrutura permanente de nosso ser e condição necessária para a existência da consciência, como consciência de mundo. Sem corpo, não podemos viver no mundo e não podemos ter cons- ciência do mundo nem de nós mes- mos. O corpo não deve ser visto como uma barreira entre nós e as coisas, ele apenas manifesta nossa individualidade perante elas e a contingência de nossa relação com elas. [...] Uma das formas de relação do homem com os outros e com o mundo é a fala. As línguas não são resultantes de uma simples convenção do pensa- mento, mas nascem das várias maneiras de o homem, como corpo, vivenciar e celebrar o mundo. Na verdade, o corpo, por meio da fala, não traduz um pensamento, ele é o próprio pensamento. GALLO, Sílvio (coord.) Ética e cidadania: caminhos da filosofia. Campinas, SP: Papirus, 2003, p. 63, 64. Anotações 1. Você percebe diferenças entre o modo como você fala e o modo como outras pessoas fa- lam? Cite algumas dessas diferenças. Resposta pessoal 2. A respeito do texto, classifique as afirmativas em verdadeiras (V) ou falsas (F). ( V ) A Sociolinguística é o ramo que estuda a influência dos aspectos sociais nas manifesta- ções da língua. ( F ) A língua falada pelas pessoas no cotidiano é exatamente a mesma que aprendemos na gramática normativa. ( V ) O fenômeno da variação linguística é comum a todas as línguas. ( V ) Condição social, idade, lugar e época são fatores que interferem na língua de um falante. Questão de ética? As relações sociais, que reúnem e integram pessoas e grupos, nascem na vivência do cotidia- no coletivo. A partir da singularidade das situações do dia a dia, configuram-se as interfaces que aproximam as práticas comunicativas e a formação social da realidade e que se instalam na subje- tividade individual para aflorar na unificação do senso comum. Para relacionar a língua à socieda- de, os teóricos especialistas na área afirmam que a estrutura social pode influenciar ou determinar a estrutura da língua ou seu comportamento, o que prova que os valores sociais costumam ter efeito sobre a língua. [...] Não é novidade que todas as línguas estão em processo constante de variação. Uma língua se modifica em uma época, em um lugar ou em um grupo social. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Escala. Tu ze m ka /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 15 CMeE_8A_2017_01a80.indb 15 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 15 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 16 Cidadania Moral e Ética 3. Leia, a seguir, dois excertos da obra literária Vidas secas, do escritor Graciliano Ramos. Eles se referem a Fabiano, personagem central do romance, que pertence a uma família de reti- rantes sertanejos. Em seguida, responda às questões. Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espi- nhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. [...] Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos — exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras com- pridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. [...] Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 1971. a. Como era a linguagem de Fabiano? “[...] cantada, monossilábica e gutural [...].” Fabiano falava pouco e, quando o fazia, não obtinha bons resultados, como se sua linguagem fosse incipiente. b. O modo como uma pessoa fala pode indicar sua condição social e econômica. No caso de Fabiano, a linguagem por ele empregada poderia estar relacionada à realidade do personagem? Explique. Sim, se pensarmos que Fabiano era miserável e sua incapacidade de se expressar com clareza contribuía para a permanência de sua condição marginal. c. Segundo o narrador, Fabiano encontrava dificuldade em ordenar suas ideias e seus pen- samentos, e isso ocorria por conta de sua linguagem pouco expressiva. Em que trecho percebemos isso? “Não podia arrumar o que tinha no interior.” Cidadania Moral e Ética I 8o ano16 CMeE_8A_2017_01a80.indb 16 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 16 05/01/17 23:45 Linguagem, pensamento e cidadania 17Manual do Educador – 8o ano d. “[...] só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele.” Que traço dapersonalidade de Fabiano e que crítica social estão presentes nesse trecho? A relação de proximidade de Fabiano com os animais em oposição ao distanciamento com outras pessoas. Podemos atribuir a esse comentário uma crítica à extrema pobreza do sertanejo da década de 1930, época de publicação do livro. 4. Leia o que diz o linguista Marcos Bagno: “Existe uma regra de ouro da Linguística que diz: ‘só existe língua se houver seres humanos que a falem’. Então, tratar da língua é tratar de um tema político, já que também é tratar de seres humanos.” BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 19. Adaptado. Segundo o autor, que relação existe entre a língua que usamos e a cidadania? Para Marcos Bagno, a língua não é algo que pode ser visto separadamente de seu usuário, ou seja, o uso da língua tem implicações sociais e políticas. Cidadania Moral e Ética I 8o ano 17 CMeE_8A_2017_01a80.indb 17 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 17 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo1 Linguagem, pensamentoe cidadania 18 Cidadania Moral e Ética Fundamentação A ciência que ignorou a importân- cia da linguagem Visando construir uma noção de pen- samento mais adequada para ser mo- bilizada no interior da escola, vamos recuperar alguns traços de uma das escolas da psicologia que se inscreveu entre aquelas que não davam a devida relevância ao papel da linguagem na manutenção da nossa organização so- cial: o behaviorismo e as linhas que dele se originaram. Quando nos referimos a essa cor- rente do pensamento, provavelmen- te o primeiro nome de autor que nos ocorre é o de Burrhus Frederic Skinner (1904–1990). [...] Skinner acreditava que [...] todos os comportamentos huma- nos são moldados pela nossa expe- riência de punição e recompensa, e não por instâncias mais “subjetivas”, tais como a moral, a força da vontade e assim por diante. Consequentemen- te, Skinner costumava afirmar que o homem bom só faz o bem porque o bem é recompensado, e não porque, dados alguns traços de seu caráter, ele teria, ao menos, um relativo livre-arbí- trio para agir deste ou daquele modo. [...] O autor tentou explicar o aprendi- zado e a linguagem verbais dentro do paradigma do condicionamento ope- rante, isto é, de novo sem mobilizar a categoria do pensamento como uma instância elaborada que pode mediar, por meio da linguagem, as relações en- tre o homem e o mundo. Na educação, o behaviorismo deu origem a uma abordagem aplicada com o intuito de se obter um deter- minado comportamento previamente escolhido. Para tal fim, costuma-se dar muita ênfase à utilização de condicio- nantes e reforçadores arbitrários, como elogios, graus, notas, prêmios, reconhe- cimento do mestre e dos colegas, etc. Para quem acredita nessa orientação teórica, que parte do princípio de uma aprendizagem mecânica, com repeti- ções sistemáticas do tipo estímulo-res- posta automáticas, o ensino consiste em um arranjo e um planejamento de con- dições externas que levam os estudantes a aprenderem, sendo de responsabilida- de do professor unicamente assegurar a aquisição do comportamento. [...] Se entendermos que o pensamento humano está longe de se desenvolver de forma linear, compreendemos que, para sermos eficazes em nosso ato pedagó- gico, não devemos pensar que nossos alunos são completamente previsíveis. Pelo contrário, será bastante saudável ter em mente a necessidade de “realizar um trabalho de detetive” para elucidar o modo pelo qual cada um aprende. RIOLFI, Claudia Rosa. Linguagem e pensamento. Curitiba: Iesde Brasil S. A., 2009, p. 13–15, 26. Para refletir O corpo comunica Desde que nascemos, usamos o corpo para comunicar emoções, sentimentos, mesmo sem perceber. Ninguém precisa estudar a linguagem corporal para usá-la. Ela é inata e inconsciente. Usamos, naturalmente e o tempo todo, gestos simbólicos como ferramentas para nos comunicar sem precisar falar. [...] Todo mundo entende quando alguém balança a cabeça para dizer não ou fixa um olhar penetrante para mostrar interesse ou paquerar. A linguagem silenciosa da comunicação não verbal está arraigada em nosso dia a dia, mesmo que a gente, durante a maior parte do tempo, nem se dê conta disso. Mas por que, então, é preciso conhecê-la se já a utilizamos desde que nascemos? Conhecer como o corpo se comunica pode ser útil em muitas situações. Identificar o significado desses sím- bolos não verbais esclarece a comunicação e facilita a vida na medida em que é possível entender melhor o que acontece em nossa volta. Principalmente nas grandes cidades, onde os estímulos e acontecimentos são muitos, reconhecer as mensagens corporais embutidas nas falas e nas atitudes das pessoas pode ajudar você a se localizar melhor e até a se defender. Ia ko v Fi lim on ov /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano18 CMeE_8A_2017_01a80.indb 18 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO_Cap_1.indd 18 18/01/17 08:30 Linguagem, pensamento e cidadania 19Manual do Educador – 8o ano Questões para reflexão? 1. Você se identificou com algum dos exemplos de movimentação corporal que indica uma emoção ou um pensamento? Qual? 2. Você costuma prestar atenção no modo como as pessoas gesticulam ou movimen- tam o corpo? Por quê? 3. Que outros movimentos corporais refletem o que estamos pensando ou sentindo? E, o que é melhor, ter consciência dos significados dos gestos é muito importante, principalmente porque, por ser natural e inconsciente, a linguagem corporal não mente e permite uma leitura mais precisa do seu interlocutor. Por exemplo: quando uma pessoa, ao pensar para responder a uma pergunta, olha para cima à direita, significa que ela vai omitir ou mentir sobre algo. Se olhar para cima à esquerda, ela está tentando lembrar de alguma coisa. Torcer o pé, apoiando-se na parte lateral da sola, e abaixar a cabeça pode revelar que você está com vergonha. Cruzar os braços ou as pernas é sinal de que você não está querendo conversa ou não concorda com a opinião de quem fala. Cruzar os dedos com as mãos juntas, curvar-se ou ainda dobrar as pernas é uma insinuação de que você está implorando por algo. Curvar o tórax colocando os ombros para baixo é uma postura que revela timidez e insegurança. Agora, se você estufa o peito projetando o tórax para frente, passa a imagem de uma pessoa imponente e até arrogante. Ou seja, a maneira como você se expressa nunca é inocente. Ela revela muito da- quilo que vai na sua cabeça e no seu coração. Disponível em: http://www.rolfing-sp.com.br/noticias/2011-08-21-linguagem_corporal.php. Adaptado. Aces- sado em 09/04/2014. C R E AT IS TA /S hu tte rs to ck .c om Cidadania Moral e Ética I 8o ano 19 CMeE_8A_2017_01a80.indb 19 28/12/16 20:04 ME_CIDADANIA_E_ETICA_8ANO.indb 19 05/01/17 23:45 Ca pí tu lo2 Viver dignamente 20 Cidadania Moral e Ética • Classificar as situações que vivemos ou presenciamos em dignas ou indignas, com base nos requisitos de cidadania estabelecidos histórico- -socialmente. • Analisar algumas causas da desigualdade social, bem como sua relação antagônica com o progresso econômico. • Entender a importância dos direitos humanos, além de discutir sua aplicação e as formas de denunciar as violações deles cometidas. • Apontar situações práticas em que os jovens podem promover a aplicação dos direitos humanos em seus diversos contextos. • Avaliar os principais aspectos do cumprimento do direito básico à moradia. • Conhecer as medidas de garantia do direito à saúde. Objetivos Pedagógicos Sugestão de leitura //// Cidadania, um projeto em construção: minorias, justiças e direitos Autora: Lilia M. Schwarcz (Org.) Os textos aqui reunidos tratam de alguns dos principais temas do Brasil contemporâneo e que estão ligados ao conceito moderno de cidadania; entre eles, o combate à desigualdade, a segurança pública, a luta contra o racismo e o reconhecimento da diver-
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