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Prévia do material em texto

Ética e sociedade
Prof. Dr. Ariovaldo Francisco da Silva
1ª Edição
Autoria
Currículo Lattes:
Possui graduação em Filosofia - Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP PUCC(1988), 
Especialização Lato-Sensu em Docência no Ensino Superior - Centro Universitário do Sul de 
Minas - UNIS - MG (2005). Especialização Lato-Sensu Docência na Educação a Distância - Centro 
Universitário do Sul de Minas - UNIS - MG (2007). Mestrado em Letras: Linguagem, Cultura e 
Discurso - Universidade do Vale do Rio Verde - UNINCOR - MG (2009) e doutorando em Educa-
ção pela Universidade São Francisco - USF. Atualmente é Secretário Geral do Centro Universitá-
rio do Sul de Minas - Unis - MG e do Grupo Educacional Unis, Mantido pela Fundação de Ensino 
e Pesquisa do Sul de Minas, Docente das disciplinas Filosofia, Filosofia da Educação e Ética e 
Responsabilidade Social nos cursos de graduação presencial e na Modalidade à distância, foi 
coordenador do Curso de Licenciatura em Filosofia em EaD de 2007/01 à 2010/01, pelo Centro 
Universitário do Sul de Minas mantido pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas - 
FEPESMIG.
Prof. Dr.
Ariovaldo Francisco da Silva
http://lattes.cnpq.br/7632740026678426
5
Unis EaD
Cidade Universitária – Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, 
Bairro Aeroporto. Varginha /MG 
ead.unis.edu.br
0800 283 5665
 
 
 
 
 
S586 
 
SILVA, Ariovaldo Francisco da. 
 
Guia de estudos: ética e sociedade/ Ariovaldo Francisco da 
Silva. – Varginha: FEPESMIG, 2019. 
122 p. 
 
ISBN 978-85-65351-88-1 
 
1. Ética 2. Sociedade. I. SILVA, Ariovaldo Francisco da. II. Título. III. 
Fundação de Ensino e Pesquisa de Minas Gerais - FEPESMIG 
 
 CDD: 170 
 
Ficha catalográfica: Sanny Catheriny Gregório Borges – CRB-06/ 3058 
 
 Caros alunos,
 Vivemos em uma sociedade global, unificada, do conhecimento e da informação, dado 
o volume e a velocidade da informação que circula pela rede de computadores planetária. Para 
termos uma ideia da grandeza, a informação que circula pela rede é 3 milhões de vezes maior 
que as informações contidas em todos os livros editados até hoje.
 A globalização vem alterando as sociedades e as culturas numa escala assombrosa, ao 
mesmo tempo em que o cultivo e o aprimoramento da ética (pelo menos de uma ética com-
prometida com o ser humano) desapareceram quase por completo, principalmente no mundo 
dos negócios, onde tudo se tornou mercadoria, isto é, passou a ter um preço.
 Isso nos mostra que estamos deixando de ser filósofos para nos tornar reféns da técni-
ca. Ficamos arranhando as superfícies e não nos aprofundamos no entendimento do mundo, 
apesar de nunca termos ao nosso alcance tantas condições para a informação. 
 No atual estágio da civilização, nessa sociedade do conhecimento e da informação, nos 
deparamos com uma encruzilhada, um paradoxo, e precisamos escolher (valores) qual cami-
nho seguir. É por isso que a Ética e a Responsabilidade Social se fazem tão necessárias, como 
imperativos de melhorar nossas escolhas que, com certeza, terão implicações tanto atuais 
quanto futuras.
Ementa
Orientações
Palavras-chave
Conceitos de Valores, Ética e moral. A cidadania, direitos humanos e seus ele-
mentos civis e políticos. Educação nas Relações Étnico-raciais e para o Ensino de 
História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Desenvolvimento Sustentável e Res-
ponsabilidade Social.
Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.
Ética. Etnia. Responsabilidade.
Unidade I - Os Valores 12
1. Os Valores 12
1.1.1. A Formação dos Valores Individuais 15
1.1.2. Valores Universais e Valores Sociais 21
1.1.3. O Papel dos Valores 22
Unidade II – O Desenvolvimento da Ética e da Moral 25
2.1. Moral 25
2.1.1. Níveis de Desenvolvimento Moral 31
2.1.2. Todos Somos Imorais 34
2.2. Ética 35
Unidade III – Cidadania 38
3. Introdução 38
3.1. Ética, Política, Administração Empresarial e Poder Local 38
3.1.1. A Ética das Convicções e a Ética da Responsabilidade 41
3.2. O Espaço Cultural Urbano e a Infraestrutura Moral 43
Unidade IV – Direitos Humanos e Seus Elementos Civis e Políticos 50
4. Introdução 50
4.1. Direitos Humanos 50
4.1.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 52
Unidade V – Educação das Relações Étnico Raciais 64
5. Introdução 64
5.1. A Cultura Africana e Suas Influências na Cultura Brasileira 64
5.1.2. O Movimento Negro 66
5.1.3. Os Quilombolas 67
5.2. O Indígena 67
5.2.1. Cultura e Costumes Indígenas 70
5.2.2. Sua Importância na Formação do Povo Brasileiro 71
Unidade VI – O Terceiro Setor 74
6. Introdução 74
6.1. ONGS 75
6.1.1. As Principais ONGs e Suas Atuações 77
Unidade VII – Conhecendo a Responsabilidade Social 81
7. Introdução 81
7.1. A Responsabilidade Social 81
7.1.1. Como Surgiu a Responsabilidade Social 82
7.2. Empresas Comprometidas com Responsabilidade Social 90
7.2.1. A Dimensão Ética 94
7.3. As Certificações de Responsabilidade Social Coorporativa 95
Unidade VIII – Indicadores Ethos de Responsabilidade Social 100
8. Introdução 100
8.1. O Instituto Ethos 100
8.2. Compromissos Éticos 101
8.4. Governança Corporativa 102
8.3. Enraizamento na Cultura Organizacional 102
8.5. Relações com a Concorrência 103
8.6. Diálogo e Engajamento das Partes Interessadas. (Stakeholders) 103
8.7. Balanço Social 103
Unidade IX – Agenda 21 107
9. Introdução 107
9.1. A Criação da Agenda 21 107
9.1.1. Agenda 21 Global 108
9.2.2. Agenda 21 Local 109
Unidade X – Sociedade e Empresas Sustentáveis 115
10. Introdução 115
10.1. Sustentabilidade 115
Referências Bibliográficas 122
Objetivos da Unidade
Unidade I - 
Os ValoresI
- Definir o conceito de Valores;
- Relacionar o conceito com a prática profissional e social.
12 
Unidade I - Os Valores
1. Os Valores
“Há homens que lutam um dia, e são bons; há outros que lutam um ano, 
e são melhores; há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; po-
rém, há os que lutam toda a vida: Estes são imprescindíveis.”
 Bertold Brecht 12
 No nosso cotidiano estamos expostos a inúmeras situações em que não ficamos indife-
rentes diante delas, isto é, sempre que nos deparamos com tais situações somos sensibilizados 
a fazer um “juízo13 de valor”, assumir uma posição, dar um valor, classificá-las como boas, acei-
táveis ou não aceitáveis, enfim, admiramos ou desprezamos tais ações.
 Os exemplos de tais situações são inúmeros. Vamos elencar alguns: furar uma fila, achar 
um amigo numa repartição pública para resolver o nosso processo de forma mais rápida, (“aos 
amigos tudo, aos inimigos a lei...”), parar em fila dupla no trânsito etc.
 Assim, ao constatarmos a realidade das coisas, fazemos juízos dessa realidade, como 
por exemplo: “esta caneta é bonita”, “este computador é novo”, “Mariana saiu da sala” etc. Con-
sequentemente, fazemos também juízos de valor, como: “esta caneta é a melhor do mercado”, 
“esse computador é melhor que o seu”, “Mariana não deveria ter se ausentado antes da aula 
terminar” etc.
 Mas afinal, o que é Valor?
12 Bertolt Brecht (1898-1956) foi um dramaturgo, romancista e poeta alemão, criador do teatro épico antiaristo-
télico. Sua obra fugia dos interesses da elite dominante, visava esclarecer as questões sociais da época. ( http://
www.e-biografias.net/bertolt_brecht/, acessado em 30/04/2016 às 15h26min)
13 Juízo: situação em que afirmamos ou negamos alguma coisa, sempre a partir de duas possibilidades.
13
Conceito
Valor é essa capacidade que temos de caracterizar as coisas segundo nossa visão do 
mundo, lembrando que, segundo Leonardo Boff, “nosso ponto de vista é sempre a vista 
de um ponto”. (A Águia e a Galinha).
 Os valores não existem por eles mesmos, somos nós que, individualmente ou coleti-
vamente (socialmente), atribuímos valores às coisas e às situações, tanto as reais como as que 
não possuem uma realidade material.
 Quando valoramos, isto é, quando atribuímos valor a uma determinada situação ou coi-
sa, estamos interferindona realidade. Significa que não estamos sendo indiferentes ao mundo 
que nos rodeia. Essa é a principal característica do valor: a não indiferença diante do mundo.
 E a indiferença só não ocorre porque somos afetados pela situação ou pelo objeto. Se a 
caneta não escreve, achamo-la ruim, se o computador é lerdo, dizemos que ele não é bom etc.
 Caro aluno, no seu cotidiano é fundamental dar valor ao mundo que o cerca, pois é a 
forma de você construir um sentido para a sua vida. Vejam que tudo isso só se faz no convívio 
social, pois somos animais políticos, como nos aponta o filósofo Aristóteles.
 Portanto, a sua vida é uma escolha e você está a todo tempo escolhendo o melhor para 
si, ou achando que está. Por outro lado, você está sempre tentando evitar o pior, aquilo que é 
ruim, para poder atingir os fins aos quais você se propôs.
 Podemos concluir que valorar é criar as regras para o nosso agir 
prático do dia a dia (ética). Se o ar que respiramos é algo que julgamos 
muito importante para nós, precisamos evitar a poluição. Se acreditar-
mos que a credibilidade é importante, não podemos mentir, pois se 
assim fizermos, prejudicaremos as nossas relações pessoais no dia a dia. Como conviver 
com alguém que só fala mentira?
14 
 É nesse sentido que podemos afirmar que, diante da realidade, daquilo que é, o valor 
que damos às coisas nos orienta para o que essas coisas devem ser, ou como gostaríamos que 
elas fossem. Assim, acreditamos que a caneta deve escrever, que o computador deve ser rápido 
e que a Mariana deve ficar até o fim da aula.
 Temos, como seres humanos, a capacidade de dar valor às coi-
sas, porém a forma como valorizamos um fato em detrimento de outro 
é uma atividade que construímos nas relações humanas que estabele-
cemos com os nossos semelhantes. Por isso dizemos que os valores são 
herdados da nossa cultura, pois a nossa primeira compreensão do mundo está baseada 
nos valores da comunidade a que pertencemos. Assim, os valores variam de povo para 
povo e de uma época para a outra.
 Sempre que tomamos uma decisão, seja ela pessoal ou institucional (funcional) esta-
mos fazendo uso de valores, isto é, estamos valorando algo. Quando você vai escolher sua 
profissão, você vai fazer isso baseado em valores pessoais seus, levando em conta o que você 
considera mais importante, como por exemplo: o salário, a estabilidade, etc. Você escolhe a 
partir de seus valores pessoais.
 Se você for se casar também vai externar os seus valores, tais como a escolha do seu 
parceiro ou parceira...
 Os valores estão presentes na base de qualquer decisão que tomamos em nossa vida e 
indicam de forma direta ou indireta, consciente ou não o que entendemos como certo, correto, 
e o que não aprovamos e achamos errado, isso é o que nos possibilita escolher como vamos 
conduzir nossa vida.
15
 Vargas define valores como:
“critérios absolutos de preferência, habitualmente não questiona-
dos pelo indivíduo, que orientam suas decisões e ações na vida, 
indicando o que está certo ou errado sob a perspectiva individual”. 
(Vargas, 2005)
 Os valores não são declarações de intenção, pois existe muita diferença entre o que se 
diz e o que de fato se faz. Assim, os valores são identificados a partir do comportamento que 
manifestamos, e não pelas afirmações verbais que fazemos.
 Os valores regem nosso comportamento independente de termos ou não consciência 
deles, por isso dizemos que são absolutos, pois eles se sobrepõem a todos os outros critérios 
que possamos ter. Na vida adulta, os valores se tornam mais estáveis e evoluem de modo mais 
lento.
1.1.1. A Formação dos Valores Individuais
 A formação dos valores individuais é um processo evolutivo que sofre ao longo do 
tempo diversas formas de influências. É no contexto cultural de uma determinada sociedade 
(valores morais) que nós vamos selecionando nossos valores, a partir de exemplos pessoais 
de destaque na comunidade, na família, a partir de experiências pessoais, desenvolvimento 
cognitivo e amadurecimento cerebral.
 Os valores vão se fixando independentemente se o referencial é positivo ou negativo. 
Por exemplo, alguém que vivenciou uma guerra valoriza a paz ou guerra etc.
 Os valores individuais não são escolhidos, eles se fixam a partir de nossa interação na 
comunidade e não dependem de uma vontade consciente do indivíduo. Por isso, a maior parte 
das pessoas (senso comum) não tem consciência dos valores que regem sua vida.
 Nossos valores só se tonam aparentes, só se manifestam, quando necessitamos justifi-
16 
car determinada posição diante de uma determinada situação; só assim eles se tornam cons-
cientes.
 Por isso, eu não consigo, racionalmente, mudar os meus valores, a minha forma de ver o 
mundo, pois eles são uma construção histórica junto a uma comunidade humana que moldou 
e marcou os meus valores. Contudo, ao longo da vida vamos mudando nossos valores para 
melhor ou para pior, e isso é possível a partir das opções e escolhas que temos e que vamos 
fazendo ao longo da nossa vida. O valor é aquilo que rege o comportamento do dia a dia. As 
escolhas que fazemos dentre as escolhas/possibilidades que nos são apresentadas pela socie-
dade definem nossos valores.
 Se tivéssemos que viver de forma diferente de nossos valores, com certeza nossa vida ia 
perder o sentido, o interesse, seria uma vida triste, incompleta e angustiante.
 Para o filósofo Kierkegaard12, a “angustia é a condição fundamental do homem diante 
do mundo, diante do possível, fruto da liberdade”.
 Os valores nos definem, pois são eles que nos orientam em todas as nossas escolhas.
 Quando analisamos o comportamento alheio, às vezes notamos escolhas que são ver-
dadeiros absurdos, irracionalidades. Isso acontece porque elas têm a ver com os valores que 
estão em jogo, daí a nossa dificuldade de entender as escolhas dos outros e, ao mesmo tempo, 
os outros não entendem as nossas. Isso é fruto das diferenças entre nossos valores e os valores 
da outra pessoa.
12 Filósofo dinamarquês e representante do existencialismo cristão. (FILHO, p.301) 
 Surge, então, a questão: até onde podemos flexibilizar nossos 
valores (nossa integridade) para nos relacionarmos? Qual o nosso limi-
te, a nossa capacidade de lidar com valores diferentes dos nossos?
 Na nossa prática cotidiana, os valores se chocam uns com os outros, seja conceitual-
mente ou nos comportamentos que adotamos.
17
 
Tolerância x racismo, evolução x tradição, estabilidade x transformação, etc.
 A vida em sociedade nos impele a conviver com as diferenças, pois de outro modo, in-
viabilizaríamos a vida em comunidade, o social.
 Precisamos conviver com todos, e para isso é necessário um compromisso moral, que é 
o processo pelo qual nos relacionamos com pessoas que têm valores que não coincidem com 
os nossos.
 O compromisso moral volta-se para fora, ele é o modo como lidamos com os valores 
dos outros. Eu aceito que questionem meus valores para poder conviver e também para ter 
garantido o meu direito de questionar os valores dos outros. 
 É o que pedimos e o que damos em troca da convivência em sociedade. É o acordo ne-
cessário para mantermos a relação social. Isso torna claro que temos que ceder, uma vez que, 
a todo momento, estamos necessitando dos favores, serviços, dos produtos, das informações 
que estão na posse de outras pessoas e cujos valores são diferentes dos nossos.
 Nesse embate entre nossas necessidades e os valores que temos, é que se forma a ética 
individual. Ela é uma construção, uma escolha pessoal que fazemos diante daquilo que julga-
mos ser o melhor para cada um de nós (dever ser).
 Para solidificar ainda mais o conceito ética, abaixo apresentamos algumas situações 
que corroboram com um estar ético nas convivências diárias: 
• Integridade
 A integridade é a qualidadedaquele que não transige os seus valores próprios, isto é, 
aquele que não tem qualquer comportamento que esteja em desacordo com os seus valores e 
que, às vezes, paga um preço muito alto por não se desviar dos seus valores.
“A prisão é num estado escravagista, o único local onde um homem livre 
pode morar com honra”. 
Thoreau 12
12 Henry David Thoreau (Concord, Massachusetts, 12 de julho de 1817 – 6 de maio de 1862, Concord) se destacou 
como um ensaísta, poeta, naturalista e filósofo americano. Se ele é o pai-fundador do anarquismo, seu pequeno e 
fulgurante ensaio, A desobediência civil, é o livro do Gênesis. 
18 
 O homem livre é aquele que preza por sua liberdade tanto 
quanto preza pela liberdade do outro, seu igual.
 A integridade não pode ser afetada pelo julgamento alheio, mesmo o do Estado, pois 
ela é algo individual, voltada para dentro do indivíduo, é aquilo que chamamos de consciência. 
Fazemos o que achamos correto fazer.
 É verdade também, que não existe possibilidade de vivermos apenas de acordo com 
os nossos valores pessoais, principalmente numa sociedade onde encontramos uma grande 
variedade de valores às vezes conflitantes. Se quiséssemos viver única e exclusivamente de 
acordo com os nossos valores, seríamos condenados a uma solidão moral, a uma autoexclusão 
e teríamos que viver como um eremita.
“Jamais faria parte de um clube que me aceitasse como sócio”. 
Groucho Max. 12
 Quanto mais íntegros somos, menor é o nosso compromisso moral. É um gráfico car-
tesiano. De um lado o íntegro, o eremita, o isolado devido à sua rigidez moral, e do outro o 
psicopata, o oportunista, aquele que não possui valores.
 Ao passo que o eremita é a integridade em pessoa, ele habita a vida sozinho, não se 
relaciona profundamente com ninguém, pois não há ninguém com quem se identifique e que 
aceite. Ele sofre da solidão moral. Ele não obriga as pessoas a serem como ele, mas não se 
relaciona com quem tenha valores diferentes dos dele e não aceita outros; ele não constrói 
comunidades, pois ao agir assim, intransigentemente, ele pode ser rejeitado pelo grupo e ter 
negado o acesso ao espaço comunitário por não professar a moral necessária. Ele pode tam-
12 Groucho Marx é um comediante do século passado. (http://desciclopedia.org/wiki/Groucho_Marx, acessado 
em 30/04/2016 às 15h02min).
19
bém perder o direto à opinião, por ela não combinar com a da maioria. Torna-se estigmatizado 
como fundamentalista por pensar de forma diferente do grupo.
 O psicopata, pelo contrário, se sente rodeado de pessoas que não o levam em conta. 
Ele se acha o centro do universo e satisfaz todos os seus desejos, impulsos e vontades sempre 
à custa do sacrifício alheio e de danos nos relacionamentos. Ele é imprevisível e pode agir até 
contra os próprios parceiros. Para ele tudo é permitido, principalmente se a questão é satisfazer 
seus desejos e necessidades.
 O indivíduo ético tem fronteiras dentro das quais se compor-
ta. Possui uma esfera de tolerância, dentro da qual pode realizar seus 
compromissos morais. Essa área de tolerância está sujeita à integridade 
pessoal, às restrições sociais, às questões vitais, ao contexto sócio-his-
tórico, à moral vigente, dentre outros. Mesmo uma pessoa que valoriza a vida, pode ma-
tar em legítima defesa ou numa guerra. Isso tudo tem a ver com a forma que o indivíduo 
interpreta essas situações à luz de sua integridade.
 A ética individual é a história do esforço que fazemos para podermos equilibrar os nos-
sos desejos, necessidades, restrições e possibilidades... Enfim, para construirmos o sentido da 
nossa existência.
• O conflito moral
 Quando o indivíduo é compelido a agir contra os seus valores, ultrapassando os limites 
impostos por sua integridade, ele entra em conflito moral. O conflito moral só existe quando a 
pessoa tem um comportamento que não é coerente com seus valores e ele se sente como se 
tivesse violentado sua consciência.
 Antes de haver o conflito, há o dilema moral. Esse se dá na fase anterior ao comporta-
20 
mento. Não é o caso de falar uma coisa e fazer outra, mas de se comportar de modo coerente 
com seus valores na maioria das vezes, mesmo que em determinadas situações seu comporta-
mento seja discrepante.
 Os conflitos morais podem ser internos quando numa mesma situação, valores anta-
gônicos, e temos que escolher um e, consequentemente nos afastarmos do outro (amizade x 
responsabilidade). De fato, o que existe é o comportamento real do indivíduo. 
• Atitudes
 O conflito moral externo só acontece quando há a impossibilidade de praticar os va-
lores dentro de uma área de integridade e tolerância da pessoa. Isso acontece devido a uma 
exterioridade; nesse caso, a pessoa se sente culpada e se penaliza (soldado).
 Acreditar é diferente de valorizar, de dar valor. O fato de alguém 
dizer que é a favor de algo, não significa que ele valoriza ou acredita no 
que está dizendo. Pode ser só uma conversa para causar boa impres-
são. Mas, de fato, o que as pessoas veem é o comportamento real, a 
práxis ética e não a fala. Contudo, essas manifestações verbais têm a ver com a formação 
de uma imagem positiva e de aceitação social e não com valores ou atitudes pessoais.
 As atitudes estão sempre relacionadas com algum objeto ou situação, elas não existem 
por si só. As atitudes revelam as características da relação do indivíduo diante de determinadas 
situações. A atitude é uma disposição mental que afeta sua forma de agir e pensar e é cons-
tituída por três dimensões: a cognitiva, que são as crenças e racionalizações da pessoa para 
explicar a manutenção da atitude; a afetiva, que são os aspectos emocionais, tais como gostar, 
não gostar, aversão ou afeição que leva a pessoa a aproximar-se ou afastar-se do objeto da ati-
tude; e a comportamental, que corresponde a um grau de preparação do indivíduo para agir 
21
de acordo como a atitude que defende. Diante de uma situação concreta, são as emoções, 
as crenças e o grau de preparação comportamental que definem a atitude da pessoa. As 
crenças são um componente da atitude, mas não basta acreditar, é preciso realizar, e para rea-
lizar é necessário que as emoções ligadas à ação sejam positivas. 
 As crenças pertencem ao domínio do pensamento, são as teorias que ligam o objeto 
ou situação a um ou vários atributos. A crença é uma informação que associamos a um objeto 
como, por exemplo: a fritura faz mal à saúde.
 Mas é de acordo com as emoções que são ativadas as experiências concretas e que es-
tabelecemos uma ligação estável entre o objeto e o atributo deste. Essa relação é variável, vai 
depender da ligação que cada pessoa estabelece entre o objeto e o atributo ao longo de sua 
experiência de vida. A força dessa relação depende da crença e a crença varia de pessoa para 
pessoa.
1.1.2. Valores Universais e Valores Sociais
 É a cultura de uma comunidade que constitui a sua identidade, protege seu modo de 
ser e ainda a mantém coesa. É a partir de valores universais que as comunidades evoluem e 
vão delimitando o conjunto de valores que consideram centrais para a sua sobrevivência. Essa 
delimitação de valores é influenciada por vários fatores, tais como: religião, sistema político, 
tecnologia, economia e desenvolvimento.
 Em se tratando de moral, a religião exerce grande influência, como por exemplo, na 
questão de gênero (masculino e feminino). Para muitas religiões, o papel da mulher é inferiori-
zado e, mesmo em sociedades como a nossa, onde há uma igualdade formal de gêneros (pois 
é garantida pela legislação), ainda ocorre grande discriminação.
 O sistema político também influencia na diversidade dos valores. Assim, uma sociedade 
democrática tem valores diferentes de uma sociedade onde existem restrições à liberdade de 
expressão das pessoas. Nas sociedades democráticas, cria-seuma cultura da tolerância e da 
confiança, onde as liberdades fundamentais são as bases da sociedade.
22 
 Hoje, o desenvolvimento das novas tecnologias que permitem uma comunicação ins-
tantânea, fez com que os valores também se alterassem profundamente, pois fomos colocados 
diante de uma gama imensa de valores diferentes dos nossos e isso fez com que acelerasse os 
intercâmbios e até mesmo o aparecimento de novos valores. Por outro lado, a própria tecnolo-
gia está imbuída de valores novos que lhe garantem prioridade.
 A economia, por sua vez, também influencia a formação dos valores, assim como o de-
senvolvimento também acaba influenciando a formação dos valores, pois gera mudanças cul-
turais.
 A Moral é uma particularidade de determinada sociedade, que influencia tudo o que as 
pessoas dessa sociedade fazem. Assim, todas as decisões que acontecem em uma determina-
da sociedade são mediadas pelos valores que essa mesma sociedade cultiva. Logo, essa socie-
dade define o que é o homem, o que é a mulher, o que é uma criança, que importância tem o 
trabalho e o lazer, para que serve uma empresa, etc. Todas essas definições são mediadas pela 
moral.
 Por isso, os valores sociais são o resultado histórico da constru-
ção da comunidade que, ao longo do tempo, foi escolhendo os valores 
que julgava os melhores para atender suas necessidades de identifica-
ção, coesão e sobrevivência. Assim, esses valores aceitos por essa socie-
dade acabam sendo considerados por todos os seus membros como os valores corretos 
e são eles que fazem a diferença entre o que é certo e o errado.
1.1.3. O Papel dos Valores
 A crença é influenciada pelos valores que o indivíduo adota. Assim, todas as avaliações 
que fazemos, sejam de acontecimentos, de objetos e de pessoas, têm como referência os valo-
res que temos, comparando com o nosso padrão moral.
23
Exemplo da crença de que “as mulheres são sensíveis”:
• Andreia, que valoriza o gênero, concorda em 9;
• Bruno, que valoriza a expressão emocional, concorda em 5;
• E Carla, que valoriza a diversidade, concorda em 2.
 A força da crença vai depender fundamentalmente dos valores que temos. Os valores 
influem em nossas atitudes e indicam aquilo em que devemos acreditar, o que por sua vez nos 
dá apoio para explicarmos o nosso comportamento.
Os planos são inúteis, mas planejar é indispensável. 
Eisenhower - General estadunidense.
 Os valores não nos obrigam a adotar uma atitude, por isso, às vezes mantemos um 
comportamento que sabemos ser incoerente com os nossos valores. Ao lidarmos com a nossa 
incoerência, somos muito tolerantes conosco e muito severos com os outros. Não aceitamos 
que os outros façam o que nós justificadamente faríamos.
 Nós mantemos a incoerência entre nossos valores e o nosso comportamento porque 
não identificamos determinada situação como relevante para a avaliação da prática do valor, 
apesar de todos os outros indivíduos discordarem disso.
 Muitas pessoas não têm consciência da incoerência que se dá de modo inconsciente. 
Mas, quando a questão é avaliar a atitude alheia, condenamos de forma pesada, porque des-
consideramos as razões que levou a pessoa àquela atitude. Só buscamos atenuantes para as 
pessoas das quais nos sentimos próximos e cuja imagem positiva queremos preservar.
 Para entendermos a ética individual, tão importante quanto o comportamento em si, é 
a explicação que se dá para a forma como se age, pois na explicação conseguimos encontrar o 
porquê e para quê do ato, do significado do comportamento na vida da pessoa e assim pode-
mos acompanhar o seu desenvolvimento moral.
Objetivos da Unidade
Unidade II - 
O Desenvolvimento 
da Ética e da MoralII
- Compreender os conceitos Moral e Ética.
- Identificar, nas ações diárias, a existência de uma vivência 
ética.
25
Unidade II – O Desenvolvimento da Ética e da Moral
2.1. Moral
 Atualmente, as empresas precisam se preocupar com princípios éticos, com valores 
morais e com um conceito abrangente de cultura, para que elas possam estabelecer critérios e 
parâmetros adequados para as atividades empresariais socialmente responsáveis.
 Numa sociedade em profunda transformação, como a nossa nos dias de hoje, onde as 
empresas se tornam extremamente importantes e influenciadoras do comportamento social, a 
Ética e a RS são de extrema importância, uma vez que podem afetar os lucros e a sobrevivência 
da empresa.
 Todas as organizações deverão se enquadrar neste novo paradigma global, que é origi-
nário das novas tecnologias de informação e que fez surgir um novo jeito de fazer negócios, em 
que se deve levar em conta as questões sociais nas quais a empresa se encontra inserida, isto é, 
a questão cultural local precisa ser levada em conta pelas organizações na hora de realizarem 
seus negócios. 
 Há uma autoafirmação das culturas locais que passam a exigir das empresas um com-
portamento socialmente responsável, respeito aos direitos humanos e às liberdades de 
participação democrática.
 O grande diferencial dessas mudanças está no fato de as empresas terem que se pautar 
por padrões morais e éticos mais rigorosos se quiserem manter uma boa imagem junto ao seu 
público. Com isso, está se criando um novo ethos que vai reger o modo como se fazem os ne-
gócios e, consequentemente, alterar o papel das empresas e do Estado em todo o mundo. 
 A preocupação com a Responsabilidade Social é o grande exemplo dessa mudança do 
ethos. É o novo paradigma que está se construindo. Os negócios agora devem ser feitos de 
forma ética, isto é, obedecendo a rigorosos valores morais e de acordo com o comportamento 
universalmente aceito como mais apropriado.
 As atitudes e atividades das organizações devem se caracterizar por: 
26 
• Preocupação com atitudes moralmente corretas e éticas para com todo o seu círculo de 
relacionamento interno e externo;
• Promover valores e comportamentos éticos universais tais como os direitos humanos, 
de cidadania e de participação na comunidade;
• Preocupação com a sustentabilidade e, principalmente, a ambiental;
• Uma maior inserção na comunidade se responsabilizando por questões sociais, ambien-
tais e econômicas, seja de forma isolada ou em parcerias com os poderes públicos e 
associações civis. 
 Esse é o novo paradigma de RS que atende ao novo papel das empresas dentro da so-
ciedade. 
 Essa crescente atenção à ética e à responsabilidade social não é espontânea e nem gra-
tuita, mas se deve à percepção de que, para sobreviver nestes novos tempos, as empresas 
precisam agir de forma ética e com responsabilidade social. 
 O grande responsável por essas mudanças é o papel relevante que desempenha a cul-
tura na formulação dos negócios, por isso o respeito às diversidades culturais e ao modo social-
mente responsável de lidar com elas.
 Além de tudo, a preocupação com a responsabilidade social se tornou um referencial 
para as empresas se fazerem mais competitivas e para garantir o respeito de seu público alvo.
 Ética, cultura e valores morais são inseparáveis de qualquer noção de responsabilida-
de social. O fato de que uma organização tem responsabilidades frente aos seus interlocutores 
a leva necessariamente a ter uma preocupação em elaborar um código de ética que deve se 
tornar uma cultura empresarial intrínseca à organização.
 Essa discussão ainda é nova nas empresas e muito se tem falado, mas muito pouco pra-
ticado. As empresas, por seu turno, têm se limitado a criarem manuais de conduta ética. 
 É na academia, nas universidades, que as discussões têm se preocupado com os aspec-
tos instrumentais dos conceitos de ética e de moralidade, isto é, de explicitar de forma prática 
como se deveria promover tais conceitos junto às organizações e também de refletir de modo 
27
específico o emprego de tais conceitos no ambiente cultural brasileiro.Essa demanda é importante porque as empresas, hoje mais do que nunca, precisam 
se preocupar, não apenas com os aspectos econômicos e legais, mas, principalmente, com os 
aspectos éticos, morais e sociais; e ser eticamente responsável implica em um comportamento 
que corresponde a colocar em prática atividades, políticas e comportamentos esperados ou 
proibidos por parte dos membros da organização, levando em conta os padrões e expectativas 
dos seus interlocutores, tanto internos quanto externos. Para tanto, é necessária a confecção 
de uma série de normas e padrões de comportamentos.
 Na Idade Média, por exemplo, era proibida a dissecação de cadáveres, porém, eles não 
tinham a menor dúvida em “destripar” ou de torturar até a morte algum herege. Nosso hábito 
de comer bife com arroz é escandaloso para um hindu, para o qual a vaca é um animal sagrado. 
A essas valorações diferentes, que cada comunidade possui, damos o nome de Moral.
Conceito
A Moral é, então, um conjunto de regras de conduta assumidas pelos indivíduos de um 
grupo social com o objetivo de organizar as relações entre os membros desse grupo 
segundo os valores do que é bom, aceitável, o que é mau e o que não deve ser aceito.
 Muitas vezes se confunde a Moral com a Ética. A Moral, como vimos acima, é a prática, o 
agir humano, “o que é”, já a Ética é mais teórica, pois é a parte da filosofia que trata da reflexão 
e das noções e princípios que fundamentam a vida Moral, é o “dever ser”.
 Enfim, as regras morais servem para que as pessoas vivam melhor e para que a socie-
dade se desenvolva, isto é, para termos uma vida boa (Ética). É verdade também que algumas 
regras morais causam repressão e são geradoras de infelicidade, mas isso só acontece quando 
há uma deformação moral, quando as normas estão a serviço da exploração e da manutenção 
dos privilégios e do status quo de determinado grupo social, quando esse grupo se beneficia 
28 
de regras que para a maioria são ruins. (Ideologia - tentar passar como valores gerais, valores 
que são apenas de determinados grupos).
 Os valores morais que se traduzem em regras morais para proporcionar à comunidade 
o que de melhor ela pode ter, às vezes podem se deformar, e isso acontece porque a moral 
é dinâmica, está sempre mudando. Assim, as regras que valiam num determinado contexto 
passam a não valer em outros. Contudo, há um embate social até que se aceite as novas regras 
pelo conjunto da sociedade. Vejamos o caso do homossexualismo, por exemplo (questão polí-
tica).
 Os valores entram em crise e vão exigir da sociedade criatividade e coragem para recriar 
uma moral verdadeira e comprometida com a vida (busca de consensos: valor da vida, etc.).
 No Brasil temos inúmeros exemplos de que, mesmo após criarmos as normas legais, 
valores morais conservadores ainda continuam vigendo. Negros, trabalho escravo, etc.
 O valor também tem um outro lado importante que é o lado pessoal, subjetivo, o cha-
mado sujeito moral, que é a questão da individualidade.
 É o sujeito moral que internaliza os valores morais do grupo a 
que pertence a partir da convivência com os seus iguais. Não é o sujeito 
solitário que se torna sujeito moral, mas o é o sujeito solidário, isto é, 
aquele que reconhece no outro um seu igual e que, portanto, se reco-
nhece a si mesmo no outro (alteridade).
 É esse sujeito moral solidário que descobre na convivência com o outro as condições de 
sobrevivência e de felicidade, ou seja, o como eu devo viver.
 É verdade que às vezes esquecemos certos valores fundamentais à nossa convivência 
humana e entramos no individualismo exacerbado e na falta de generosidade, muito presente 
hoje nas grandes cidades (Ex.: medo de defunto).
 Não nascemos sujeitos morais, mas nos tornamos sujeitos morais no convívio social. As-
sim, dependendo da consciência ética dos sujeitos morais, podemos ter uma sociedade mais 
29
moral ou mais cínica (imoral).
 Para fazermos a nossa escolha e persistirmos com os valores que escolhemos precisa-
mos da virtude. A virtude é uma característica humana, ela é a capacidade para querer o bem e 
é complementada por outra característica humana, a coragem, que é necessária para assumir 
os valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a realização dos mesmos. Assim, 
o virtuoso é o homem que luta sempre, uma vez que o agir moral é contínuo e dinâmico.
 Como já explicitamos acima, o ato moral é de grande complexidade e exige de cada um 
de nós constantes escolhas, pois somos sempre colocados à prova, sempre temos que esco-
lher, visto que o nosso viver em comunidade nos impõe contradições irreconciliáveis entre o 
social e o pessoal, entre a tradição e a inovação, etc.
 Na verdade, nosso agir moral só se faz dentro desse universo de contradições que nos 
força a uma escolha. Porém, essa escolha para ser efetiva deve ser entendida como uma obri-
gação que acatamos livremente.
 Se nossa consciência moral se faz na aprendizagem e na convivência entre as pessoas, 
ela só pode ser um ato de vontade. Vontade aqui é diferente de desejo, pois este é involuntário 
e busca a realização. Assim, pode acontecer de não ser possível realizar todos os desejos e por 
isso é necessária a moral para estabelecer quais desejos podem ser perseguidos e quais devem 
ser barrados, para poder garantir a vida boa e a vida em sociedade. A moral controla o desejo, 
mas não o controla pela repressão e sim pelo convencimento, isto é, dá ao indivíduo condições 
de escolher o que fazer diante de determinada situação. O desejo não acaba e nem é repri-
mido, ele apenas passa a ser controlado, isto é, livremente recusado ou adiado. Assim, o ato 
voluntário de recusa do desejo é a consciência da obrigação moral. É uma escolha livremente 
assumida pela autonomia do sujeito moral a partir de seus determinismos e condicionamen-
tos.
 Fazemos isso ao escolhermos determinados valores em detrimento de outros, busca-
mos o que acreditamos, o que vai nos trazer felicidade, não apenas a nós individualmente, mas, 
também, ao grupo do qual participamos.
30 
 Todo o ato moral e toda escolha que livremente fazemos estão 
sujeitos à sanção, à aprovação ou desaprovação, ao elogio ou à censu-
ra. Por que é assim?
 Por causa da afetividade, porque nós somos afetados pelas ações das outras pessoas, 
porque não somos indiferentes à ação dos demais seres humanos com os quais dividimos a 
morada nesse planeta Terra (habitação).
 É claro que essa afetação poder ser legal ou social. É legal quando nossa ação infringe 
a legislação, as normas legais; e social quando o grupo do qual fazemos parte rejeita nossa 
atitude. Para atingirmos um patamar mais elevado de moralidade devemos agir como sujeitos 
responsáveis pelos nossos atos e pelas consequências destes, sendo sujeitos da nossa história.
 Não existe uma receita pronta e acabada de como agir bem e o tempo todo temos que 
fazer nossas escolhas. 
 Até há pouco tempo não nos importávamos com o futuro do planeta, hoje já estamos 
todos preocupados com o seu futuro, com a sobrevivência das futuras gerações.
 Mas sabemos que algumas predisposições nos são muito úteis para chegarmos a res-
postas moralmente desejáveis, como, por exemplo, sermos solidários, buscarmos o conheci-
mento, participarmos de grupos interessados nas mudanças, combatermos o individualismo 
exacerbado, que é o gerador das muitas doenças sociais e da pobreza moral que nos acomete.
Para Vargas, a Moral “é um sistema de valores, normas, princípios e pressupos-
tos que rege o comportamento e a possibilidade de participação num deter-
minado grupo. É específica de um determinado tempo e espaço, não sendo 
considerada válida fora desse contexto”.
 Tanto a lei como a moral tentam fazer valer a conformidade, mas enquanto a lei recorre 
aos tribunais e à polícia, a moral, por sua vez,recorre à aceitação pelo grupo a que se pertence. 
Desviar das normas sempre tem consequências para o indivíduo. Ao mesmo tempo que a lei 
31
nos priva da liberdade e da propriedade, a moral nos priva do convívio social, seja pelo ostra-
cismo ou pela desmoralização. Sendo assim, ela tem mais força que a lei, que é mais fácil de ser 
burlada.
 No nosso dia a dia, acreditamos que nosso interlocutor possui os mesmos valores que 
nós, isto é, está sujeito à mesma moral que nós. Isso pode gerar algum problema e revela a nos-
sa incapacidade de descentrar o nosso ponto de vista, pois acreditamos que os nossos valores, 
princípios e normas são universalmente aceitos.
 A forma de nos relacionarmos com as pessoas com opções de vida e com valores dife-
rentes dos nossos é com o estabelecimento de pontes, de ligações entre os nossos princípios, 
valores e normas e os do outro, sem arrogância e sem se sentir superior ou como o “dono da 
verdade”. A construção dessa ligação é feita pela ética.
2.1.1. Níveis de Desenvolvimento Moral
 Os nossos valores tendem a uma estabilidade a partir da nossa vida adulta. Eles são, em 
grande parte, determinados pela sociedade e representam uma forma de adaptação à cultura 
da qual fazemos parte. No entanto, ela não é tão estável ao longo de nossa vida, pois vamos 
mudando a partir do acúmulo de experiências. Alguns estudiosos acreditam que existe uma 
progressão, níveis e estágios na forma como utilizamos nossos valores para podermos tomar 
decisões morais, o que indica que os níveis de desenvolvimento moral seriam universais e in-
fluenciariam os diversos aspectos do comportamento mental humano. Neste sentido, elabo-
rou-se cinco níveis de comportamento moral:
• Ausência de moral própria. O bem e o mal são ditados pela autoridade sem questio-
namento. Trata-se de seguir as regras, de ter fé. O medo é o castigo que impele o agir 
daquele modo. Existe uma clareza entre o bem e o mal.
• Oportunismo. Questiona-se a autoridade tornando-a relativa, ao passo que vai se ten-
do experiências que comprovam estar a autoridade errada. Maximizam-se os ganhos e 
32 
minimizam-se as perdas pessoais do indivíduo oportunista “como ganho mal, trabalho 
pouco”. É uma relação de troca: “qualquer pessoa no meu lugar faria o mesmo”. Todas as 
pessoas no mundo estão preocupadas com a satisfação de suas necessidades e desejos 
próprios.
• Conformidade com o grupo é quando se considera que as expectativas das pessoas do 
seu grupo social devem ser correspondidas. Só assim somos aceitos pelo grupo, parti-
lhando os mesmos valores. As emoções de vergonha, culpa, embaraço levam a confor-
midade para se ter a estima, a aprovação e a aceitação como prêmio. A escolha do que 
é correto deve ser feita com base no grupo e não em critérios racionais ou supramorais: 
essa é a nossa maneira (certa) de ver as coisas, há coisas que não se faz a um amigo, mesmo 
que ele mereça. Não se questiona a lealdade e a confiança ao seu grupo.
• Conformidade com as instituições. A pessoa se encontra em um sistema de regras, 
de normas e de procedimentos que regem a sua moralidade. Entende que a moral é 
algo subjetivo, uma escolha pessoal e do grupo, não havendo uma fórmula única para 
determinar o bem e o mal. O modo certo de se comportar é sempre uma interpretação 
que se realiza a partir do contexto cultural, moral, legal, histórico etc. É necessário criar 
as normas para se evitar as injustiças e os mal-entendidos na avaliação moral. Acredita-
-se que possam conviver e coexistir diferenças morais e é essa instituição que deve ser 
seguida sem desvios. Mesmo em prejuízo da autoridade moral (1) e para si mesmo (2) ou 
para o seu grupo referencial (3), o nível quatro defende a aplicação da norma em vigor. 
Se estabelece uma submissão da emoção pessoal ao dever, ao direito e ao que é social-
mente aceito como correto e justo (“a aplicabilidade da regra para todos de igual forma é 
garantia moral da justiça”).
• Autonomia e universalidade. Para este nível, a falibilidade humana é um fator impor-
tante a se considerar na avaliação moral. As pessoas se desenvolvem a partir do seu con-
texto de vivências e experiências nas quais desenvolve seus valores e crenças que são 
limitadas na forma e no conteúdo. Assim, as diferentes concepções morais, individuais e 
coletivas são equivalentes, pois refletem a maneira como as pessoas e os grupos se es-
33
truturam ao longo de sua história, nas suas relações. Nesse nível, a autonomia individual 
é privilegiada sobre a autoridade moral. Contudo, existem os valores universais como a 
liberdade, a igualdade, o valor da vida humana, aos quais as leis e a moral devem seguir. 
Se a moral pertence a cada um, a ética é a entidade reguladora das diferentes morais. 
Por isso a ética deve se sobrepor aos interesses individuais e de grupos como critério de 
decisão e de ação. Para o bem de um maior número de pessoas, podemos realizar nossas 
próprias regras e crenças (“uma lei injusta não deve ser seguida”). Para a moral de nível 5, 
a ação moral correta é aquela que visa promover a autonomia da consciência individual 
em relação à autoridade absoluta. É autonomia da consciência individual que reforça o 
valor da aceitação mútua entre os indivíduos. Nesse nível, o modo de agir do indivíduo 
baseia-se nos seus valores individuais, sem, contudo contrariar os valores alheios, ao 
mesmo tempo em que não abdica de seus valores próprios.
“Quando as águas do rio estão limpas, lavo nelas o meu rosto, quando 
estão sujas, lavo nelas os meus pés”. Lao-Tsé12 
 Para construirmos uma comunidade baseada em sistema de valores partilhados e que, 
ao mesmo tempo, respeite os direitos da dignidade humana, são necessários indivíduos dos 
níveis morais em conformidade com as instituições e com autonomia e universalidade. O 
que devemos considerar que ainda é uma minoria da população.
 O conhecimento dos valores ainda é a melhor forma de entender e prever o comporta-
mento de alguém, uma vez que são eles que influenciam com suas crenças, que definem suas 
atitudes e no final, orientam o seu comportamento.
 Percebam que o comportamento é apenas a ponta do iceberg; as atitudes o meio desse 
iceberg; e os valores a sua base, que é a maior parte. Para que possamos conhecer a ética indivi-
12 Lao tze, Laozi, Lao-tse ou Lao Tzu são todas pronúncias ocidentalizadas para o título do misterioso persona-
gem da filosofia antiga chinesa. Isso significa que Lao-Tsé não é um nome, significa “grande senhor” ou “velho 
mestre”. O nome real de Lao tze seria Li Er ou Lao Dan. De acordo com a tradição, ele viveu no século 6 a.C. Porém, 
há os que afirmam que Lao viveu dois séculos depois, em uma época conhecida como Cem Escolas de Pensamen-
to. (http://pensador.uol.com.br/autor/lao_tse/biografia/, acessado em 30/04/2016 às 16h31min).
34 
dual, primeiro devemos observar os comportamentos e, a seguir, a justificativa desse compor-
tamento, e por fim, relativizar a intenção da pessoa, pois de boa intenção o inferno está cheio, 
faça essa experiência nos seus locais de interação.
2.1.2. Todos Somos Imorais
 Nos primórdios do aparecimento da sociedade humana, havia um líder religioso, o 
“xamã”. Segundo a História, ele era o representante de Deus entre os homens, era ele que fazia 
a ligação entre os homens e o outro mundo, o sobrenatural. Ele concentrava em torno de si as 
principais tarefas da comunidade, ou seja, a de legislador, de sacerdote e de guardião da moral 
da comunidade.
 Desde o início, a religião fora um dos sistemas de crenças que dava segurança, estabili-
dade e respostas a todas as questões que sempre intrigaram o homem e que precisavam para 
viver neste mundo.
 Nessas respostas, o principal era os valores e o religioso era utilizado para reforçar a 
autoridade moral na comunidade.
 Com o tempo, houveo rompimento da esfera religiosa com a esfera legislativa e a re-
ligião foi perdendo espaço como a principal detentora da moralidade. Nas nossas sociedades 
atuais, apesar de a religião ainda ter muito poder sobre essas esferas (legislativa, religiosa e 
moral) encontram-se separadas, principalmente devido a estas questões que se seguem:
• A religião não foi capaz de construir sociedades evoluídas e satisfatórias. Na verdade, 
produziu sociedades intolerantes, pois provocou divisões ao se pretender como verda-
de única. E não foi capaz de produzir normas universais.
• Pela dificuldade da moral religiosa em lidar com problemas de bem-estar ou de sobrevi-
vência para os seres humanos;
• O desenvolvimento da racionalidade, através da ciência para a explicação do mundo;
• A globalização que fez surgir um mundo diverso culturalmente, o que provocou uma 
35
relativização dos padrões de comportamento próprios de cada sociedade. E fez com que 
se criasse a ciência ética, para mediar de forma objetiva as várias morais;
• O desenvolvimento econômico que gerou força ao capitalismo e foi capaz de alterar 
costumes e influenciar a comunidade com os seus valores, mesmo que não aceitos pela 
moral local;
• E finalmente, a atividade política (legislativo e executivo) que passou a ser a guardiã do 
controle moral, estabelecendo regras de conduta para os cidadãos. (Muitas vezes, em 
conflito aberto com a religião - Henrique VIII).
 Conheça a polêmica história de vida do rei Henrique VIII.
2.2. Ética
 Etimologicamente, ética quer dizer o caráter, o hábito, a prática, o costume. Segundo 
Vargas (2005), “Ética é a manifestação visível, através de comportamentos, hábitos, práticas e cos-
tumes, de um conjunto de princípios, normas, pressupostos e valores que regem a sua relação com 
o mundo”.
 Ética é uma práxis da moral de determinado grupo social ou do 
indivíduo, ela revela o caráter do grupo. A relação entre moral e ética é 
de duas mãos, pois uma influi na outra. Observem a seguir:
36 
 Todos temos ética, o que ocorre é que ela pode ser contrária à ética do outro. Por isso 
dizemos que ética é escolha, gostamos ou não de cultivar determinadas normas, valores ou 
princípios, uma vez que estamos impossibilitados de prescindir deles.
 A ética como ciência ou disciplina do conhecimento sistematiza e estuda as questões 
morais, para entender a sua natureza e fundamentos, ao mesmo tempo em que questiona seus 
juízos e aplicações. Assim entendida, a ética se libertou da religião, ou das questões religiosas. 
Ela é, então, uma supra moral, pois, esclarecedora do comportamento moral, de como ele se 
forma e de como opera e se renova.
 Para a ciência ética, toda moral corresponde a uma práxis ética correspondente. Assim, 
todas as grandes questões éticas, se analisadas sob as perspectivas da ciência ética, exigem um 
debate livre entre os argumentos das diversas morais presentes na sociedade como a religiosa, 
a médica, a psicológica, a biológica, a jurídica, etc.
Objetivos da Unidade
Unidade III - 
CidadaniaIII
- Identificar as situações de público e privado.
- Compreender os espaços culturais, políticos e administrati-
vos.
38 
Unidade III – Cidadania
3. Introdução
 Caros alunos, nesta unidade a intenção é resgatarmos a participação do homem nos 
espaços nos quais ele se encontra e interage. Com esta visão refeita, será possível estabelecer 
uma atitude de respeito para com o outro, e consequentemente estar mais consciente para 
reivindicar sua identidade de povo.
3.1. Ética, Política, Administração Empresarial e Poder Local
 No Brasil, um dos temas centrais da discussão acadêmica sobre 
a administração pública é aquilo que se denomina de poder local, isto 
é, as relações que se estabelecem na cidade, onde a política e a gestão 
acontecem. É na cidade que o cidadão vive, portanto, é na cidade que 
ele tem condições mais concretas de atuar, fazendo valer seus direitos e deveres de ci-
dadão. Podemos então repetir o bordão “pensar globalmente e atuar localmente”. Sem 
contar, é claro, que atualmente, com a facilidade da comunicação, temos a perspectiva 
do avanço da democratização através do desenvolvimento de mecanismos de participa-
ção no processo de construção de uma cidade e de um mundo sustentável. Construção 
essa que passa inicialmente pelas cidades.
 No Brasil, é verdade, temos um histórico de falta de democracia agravada por uma ci-
dadania incompleta. Por isso mesmo, quando se fala em melhorar a democracia pensa-se logo 
em um aumento da participação popular nos destinos seja da cidade, do Estado e da União.
 É claro que uma democracia plena é algo muito utópico, pois o que temos na nossa 
prática histórica é uma democracia bastante imperfeita, que os vários povos da terra vão cons-
truindo cada um com suas particularidades. No entanto, é indiscutível que precisamos cada 
39
vez mais melhorar nossa democracia, pois a grande questão colocada na ordem do dia é a da 
inclusão de um maior número de pessoas ao mercado consumidor, eliminando a miséria e a 
fome.
 Mas construir a democracia com a participação da cidadania não é uma tarefa das mais 
fáceis. Isso porque democracia prescinde de uma autoridade que seja democrática à frente do 
governo para que possa haver boa gestão e ao mesmo tempo participação popular.
Figura 1 - A Democracia pode evoluir sem Conhecimento?
Fonte: Design Unis EaD
 Um dos grandes entraves a esse desenvolvimento fica por conta da burocracia, já há 
muito denunciada por Weber12. 
 Contudo, não se pode, como querem alguns, separar a autoridade das concepções de-
mocráticas (diferente de autoritarismo) nem a ideia de administração dissociada da questão 
política. Aqui, há de tomar o cuidado de não cair nas facilidades de um barbarismo técnico ou 
de um barbarismo político.
12 Nascido em Efurt, na Alemanha, Max Weber (1864-1920) é um dos principais pensadores que colaboraram 
para a construção da Sociologia. Entretanto, assim como Karl Marx, Weber enveredou-se por uma gama gigan-
tesca de assuntos e colaborou para o desenvolvimento da Filosofia, Política, Economia, História e Direito. Weber 
foi fortemente influenciado pelas ideias de Karl Marx e Émile Durkheim, sendo também crítico das obras des-
ses grandes pensadores. ( http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/max-weber.htm, acess0 em: 02 maio 
2016 às 16:12 h)
40 
 Isso porque houve correntes de pensamento que pregavam 
a separação entre política e administração, pois acreditavam que era 
possível tal acontecimento. Essa forma de pensar tem origem no cha-
mado Menagement, que são as orientações presentes nas grandes 
corporações americanas que se espalharam pelo mundo. Para essa abordagem, a ad-
ministração é neutra, isto é, independe de questões políticas. Basta apenas escolher os 
melhores procedimentos de forma racional para se chegar à eficiência.
 Segundo Chanlat (apude Ashley, 2005:290), esse é um grande 
equívoco conceitual, na medida em que a esfera da administração é 
perpassada pela arena política e vice-versa. Assim, o papel do gestor, 
seja ele privado ou público, está ligado pela autoridade gerencial e pela 
autoridade política. Podemos concluir que toda gestão é política e toda política é gestão.
Podemos agora nos perguntar: como construímos ao longo 
da história a questão da autoridade?
 Para responder a essa questão, vamos nos reportar à ideia do 
surgimento do Estado. O principal pensador dessa questão é Thomas 
Hobbes, para quem o Estado nasce da necessidade de segurança das pessoas, pois “o 
homem é o lobo do homem”. É essa tensão entre liberdade e segurança que faz os ho-
mens estabelecerem um contrato para poder garantir as duas coisas, isto é, o Estado é 
construído a partir das tensões entre o indivíduo (interessespessoais) e os interesses do 
grupo (coletivo). Como isso se dá?
41
 As pessoas fazem um pacto de renúncia à violência e remetem a um terceiro 
(príncipe) a autoridade para, inclusive, cometer a violência para garantir a segurança 
de todos. Outro passo nessa discussão se dá com Maquiavel, que vai discorrer sobre as 
formas do príncipe assegurar seu poder sobre o Estado. Sob Maquiavel instaura-se uma 
dicotomia entre política e ética. Para manter o poder o governante pode assumir postu-
ras consideradas “antiéticas” tais como assassinato, suborno e terror. Contudo, mesmo 
assim, como destaca Cândido (apud Ashley, 2005:291), o pensamento de Maquiavel é 
de natureza democrática, pois o governante só pode fazer isso para garantir a vida boa 
(ética), isto é, a felicidade de seu povo. Isso nos leva a concluir que o governante, seja 
para Hobbes ou para Maquiavel aparece como alguém depositário de uma razão que 
está acima dos homens.
 Porém, sempre houve restrições à onipotência dos governan-
tes. Desde Platão já existe essa crítica. Para esse filósofo, a tirania, que 
é o puro desejo pessoal do governante, é uma condição presente em 
todo o ser humano. Em oposição a essa vontade pessoal está o interes-
se da cidade, que é fruto da convivência do governante e seus governados, ou seja, da 
autoridade com a razão e o saber, e não com o desejo. A tirania é então o lado negativo 
da vida política, quando o animal político se transforma em besta.
3.1.1. A Ética das Convicções e a Ética da Responsabilidade
 Todas as organizações, sejam elas públicas ou privadas, devem estabelecer um conjun-
to de normas internas para que possam ser gerenciadas. Segundo os estudiosos do tema, essas 
normas têm estreita ligação com as normas religiosas, isto é, seguem o modelo das determina-
42 
ções religiosas.
 Nesses manuais, códigos de ética, manuais de procedimentos, estão definidas as for-
mas de como bem gerenciar a empresas, isto é, como ser um gerente politicamente correto, 
um funcionário exemplar, dentre outros. Dentre os atributos desejados estão a flexibilidade, a 
criatividade, a capacidade de trabalho em equipe etc. Na verdade, seria preciso um super-ho-
mem para exercer todos esses atributos ao mesmo tempo. São essas contradições que devem 
ser gerenciadas da melhor maneira.
 Contudo, apesar dessas normas, as empresas adotam procedimentos no seu dia a dia 
que acabam relativizando essas normas, pois o seu cumprimento ao pé da letra acaba por 
inviabilizar ou prejudicar o bom funcionamento da organização. Não dá para simplesmente 
cumprir o manual. Assim, para a organização, o que é mais importante são as suas metas e 
objetivos e não as regras estabelecidas.
 Quando vamos estudar a questão ética das implicações desses procedimentos, acaba-
mos por nos reportarmos a Max Weber e sua distinção de duas éticas:
43
 Na ética das convicções a pessoa se guia tendo em conta os seus valores pessoais e 
as normas que deve seguir - esses são valores universais e valem em todos os contextos. Já 
na ética da responsabilidade, a reflexão se dá pelos resultados da ação empreendida, por-
tanto, não existem padrões que se definem a priori.
 Podemos inferir, então, que nas empresas prevalece a ética das 
convicções enquanto no campo dos atores sociais e da política prevale-
ce a ética das responsabilidades. Isso também deve ser assim por causa 
da grande variedade de visões, valores e concepções de mundo que 
prevalecem nas nossas sociedades atuais.
 O pensamento gerencial atual deve, então, se abdicar de sua pretensão de controle 
sobre os indivíduos através de normas de conduta (valores, convicções), daí a importância da 
discussão e do entendimento da dimensão ética de nosso comportamento social. Assim, o 
desenvolvimento de nossa sociedade será melhor se os atores sociais assumirem modelos ge-
renciais e escolhas estratégicas eticamente adequadas, isto é, remetendo ao campo da ética 
das responsabilidades, se pautando pelos resultados de nossas ações e não de nossos valores 
a priori.
3.2. O Espaço Cultural Urbano e a Infraestrutura Moral
 Vivemos hoje uma crise cultural do Estado-nação. O capitalismo tardio e a globalização 
colocaram o espaço cultural local na ordem do dia, pois é no local que a estrutura capitalista se 
apresenta no dia a dia das pessoas. Assim, as discussões sobre a construção de laços de solida-
riedade, de voluntariado, participação popular e de associativismo acontecem no espaço local 
e vêm colocando no centro a questão da relação entre o capitalismo e a ética.
44 
 Essa discussão teve início a partir do desenvolvimento do ca-
pitalismo no Japão. A cultura japonesa profundamente marcada pelo 
confucionismo desenvolveu uma cultura pautada nas relações hierár-
quicas rígidas, grande lealdade entre os membros da organização e em 
contrapartida explícitas, seja para o capitalista, seja para o trabalhador. É uma relação ba-
seada na ética confuciana, na qual o trabalho é o centro da vida e a disciplina e o esforço 
pessoal são valorizados.
 Daí conclui-se que capitalismo e ética são compatíveis. Fonseca 
(apud Ashley, 2005:296) foi além e propôs que o desenvolvimento capi-
talista só se viabiliza se houver uma boa infraestrutura moral, demons-
trando que a ética deve ser vista como fator de produção, uma vez que 
ela agrega eficiência ao sistema capitalista. Isso é corroborado pelo desenvolvimento do 
capitalismo em países como Alemanha e Inglaterra onde já havia uma boa infraestrutura 
moral que possibilitou o desenvolvimento dessas nações como as principais dentre os 
países capitalistas do mundo contemporâneo. Em países onde não havia essa infraes-
trutura moral, o capitalismo não se desenvolveu como é o caso das nações latino-ameri-
canas.
 Segundo Weber foi a ética protestante que possibilitou o avanço do capitalismo, uma 
vez que valorizava o trabalho e a realização material além de uma conduta moral bastante rígi-
da.
 Atualmente, autores como Drucker 12, que entendem a sociedade como participante de 
12 Considerado o pai da moderna gestão de empresas, Peter Ferdinand Drucker inspirou administradores em 
todo o mundo com seus artigos, conferências e mais de 30 livros. Aos 26 anos, o consultor, economista e analista 
financeiro austríaco – nascido na cidade de Viena, em 1909 – emigrou para os Estados Unidos, onde exerceu o 
ofício de professor de Ciências Sociais da Claremont Graduate California até a data de sua morte, em 2005. Ao criar 
a gestão como disciplina, Peter Drucker a definiu como uma ciência social prática e humanista que não se restrin-
gia ao mundo corporativo. https://www.sbcoaching.com.br/blog/tudo-sobre-coaching/quem-e-peter-drucker/
45
uma era do conhecimento e como tal prescinde da esfera social e outros como Castells, que 
vê as cidades globais como nós, de uma grande rede de informações e, portanto, um lócus de 
relacionamentos. Isso deixa claro que nossa sociedade atual carece de uma boa infraestrutura 
moral para poder se desenvolver de forma apropriada.
 Vejamos o exemplo de alguém que trabalha com correta-
gem na bolsa de valores. As pessoas que não conhecem o funcio-
namento da bolsa precisa desse profissional e de sua retidão moral 
para poder fazer negócios. Quando esse profissional não age corre-
tamente, o consumidor perde a credibilidade. Por isso, as crises atuais do capitalismo 
são crises de credibilidade, isto é, de crise na infraestrutura moral.
 Para Kurz (apud Ashley, 2005:298), o chamado capitalismo japo-
nês confuciano é um mito. Para ele existe uma incompatibilidade entre 
o capitalismo e a ética. E a prova disso é que nos países de tradição 
confuciana têm crescido e muito a prostituição, escândalos financeiros 
e políticos. O capitalismo globalizado está esfacelando as culturas tradicionais locais e 
com elas a destruiçãoda hierarquia, da lealdade e da valorização do trabalho.
 Se no seu início o capitalismo prescindiu da infraestrutura moral, agora nesses tempos 
de mercado absoluto, a infraestrutura moral já não é mais necessária. Hoje temos dois mode-
los de capitalismo: o produtivo e o financeiro, com a prevalência do capitalismo financeiro, 
que transformou o mundo num cassino global. Desses dois modelos, o mais dependente da 
infraestrutura moral é o capitalismo financeiro, uma vez que o produtivo exige mais tempo e 
relacionamento social para o seu implemento.
46 
 Mas, mesmo o capitalismo produtivo sofre interferências do financeiro como no caso 
das terceirizações de processos e serviços. Porém, a necessidade da infraestrutura moral é um 
imperativo num contexto em que as cidades abrigam tais serviços de alta qualificação, o que 
por sua vez provoca a interligação entre os agentes econômicos nessa economia de base infor-
macional. É também no urbano que está presente e avança continuamente aquilo que se cha-
ma de racionalidade instrumental que, por sua vez, está presente na essência do capitalismo. 
Isso provoca uma tensão entre o avanço da individualidade e da competitividade ao mesmo 
tempo em que provoca maior interdependência entre os agentes econômicos com a expansão 
do mercado.
 Esse estado de coisas presente no espaço urbano fomenta aquilo que Coraggio chama 
de “economia popular” ou “economia solidária”, segundo Gaiger. Essa economia que se distan-
cia da racionalidade capitalista se constitui num espaço de superação das contradições do sis-
tema capitalista, pois ela mistura solidariedade, participação e associativismo, se contrapondo 
à dinâmica do mercado (paradigma paraeconômico).
 Outra questão importante que se coloca para o espaço urba-
no local é o desenvolvimento de suas potencialidades baseadas na sua 
cultura específica. Com isso, o desenvolvimento econômico regional se 
daria pela consolidação de clusters, que são ilhas de prosperidade e de 
competitividade na expansão capitalista.
 Contudo, essa solução é também uma instrumentalização da cultura e do civismo via 
local urbano, e parece mitificar a solução dos problemas econômicos e sociais.
 O associativismo e a participação popular, que formam o capital social, apresentam um 
caráter produtivo e de eficiência maior em relação ao sistema econômico e político. E por outro 
lado, em vez de nos remeter a uma ética geral e abstrata, ele nos remete a praticas explícitas, 
envolvendo ganhos concretos tanto sociais como materiais.
 Os fatores que levam à expansão desse capital social estão ligados aos ganhos concre-
47
tos que dele vão aferir as comunidades envolvidas, por isso, exigem que os governos munici-
pais implementem mecanismo de participação popular, com a finalidade de distribuir poder e 
riquezas.
 A democracia moderna se formou tendo como base a noção de 
indivíduo. As concepções anteriores desde a Grécia Antiga não leva-
vam em conta esse valor, o da individualidade. Essa concepção levou 
a uma legitimação do poder baseada em fundamentos racionais e me-
nos na tradição. Essa concepção fez crescer também uma dicotomia entre as decisões 
políticas e a burocracia da administração pública, imposta pela racionalidade. Isso levou 
a uma crise que parece estar no exercício da autoridade.
 Esse exercício da autoridade pode assegurar ou não uma relação libertadora e eman-
cipadora da sociedade e essa só vai se dar se colocar-se como a legítima portadora de metas 
coletivas. De fato, como salienta Ribeiro (*) a argumentação e o debate público têm adquirido 
relevância central nas democracias atuais, pois o exercício da autoridade nas cidades nos reme-
te a uma constante interação entre os atores do jogo democrático, isto é, os cidadãos.
 A cidade é o local privilegiado onde tudo acontece inclusive a democracia e, para que 
esta se fortaleça, é importante um esforço, individual e coletivo, constante no sentido de se 
reinventar este espaço a partir da negociação e do compartilhamento de metas entre os dife-
rentes atores urbanos. E só a política tem como conectar as aspirações da população com as 
metas e valores da gestão local, pois é ela que vai romper o isolamento provocado pela racio-
nalidade, ou seja, pela burocracia.
48 
 Para ampliar o jogo democrático na esfera local das sociedades 
modernas é necessário conjugar a questão administrativa com a ques-
tão política, a partir de um equilíbrio entre as duas. O mesmo pode se 
dizer das empresas que se veem comprometidas com a responsabili-
dade social, pois para uma boa governança, é preciso democracia organizacional, trans-
parência nos processos de gestão nas áreas econômicas, social e ambiental e, principal-
mente, uma boa governança nas relações com a sociedade.
Objetivos da Unidade
Unidade IV - 
Direitos Humanos 
e Seus Elementos 
Civis e Políticos
IV
- Avaliar a eficácia de uma Lei Universal.
- Relacionar esses direitos com a Prática Profissional.
50 
Unidade IV – Direitos Humanos e Seus Elementos Civis e Políticos
4. Introdução
 Neste momento da disciplina, iremos refletir sobre os direitos humanos e o documento 
que dá amparo para a sua execução.
 A partir desta reflexão, espera-se que os objetivos sejam visualizados e posteriormente 
vivenciados, pois estamos tratando de vidas humanas e seu direito mais primordial – “a vida”.
4.1. Direitos Humanos
 Um dos grandes problemas de relacionamento entre os grupos humanos se dá por 
causa da diferença de valores, isto é, um grupo não consegue ver o outro grupo como ele é e 
sim como algo que é diferente dele.
 Isso se dá, em parte, devido ao automatismo inconsciente no processamento das infor-
mações pelo nosso cérebro. Esse automatismo é o que chamamos de estereótipos. O estereó-
tipo acontece sempre que reduzimos um grupo humano a determinadas características fixas, 
geralmente sem nenhum aprofundamento da análise. Ele pode se referir a raças, religiões, pro-
fissões, grupos sociais, preferências sexuais ou qualquer outro fator distintivo, mas é sempre a 
generalização de uma ou mais características psicológicas de determinado grupo.
 Segundo Vargas (2005), 
“o estereótipo pode ser descrito como um arquivo de informações no cérebro 
que organiza tudo o que sabemos acerca de um dado grupo de pessoas, seus 
atributos e modos de funcionamento”.
 A partir do estereótipo, nosso cérebro nos diz que aquele grupo só é capaz de realizar 
aqueles determinados atos. No mundo atual, que chamamos de pós-moderno, um mundo de 
superficialidades, onde devemos ter sempre cada vez mais capacidade de síntese e dizer coisas 
com o menos de caracteres possíveis, o estereótipo encontra um terreno fértil para vicejar e, 
51
por isso, estamos correndo o risco de começarmos a ver o mundo, de novo, em preto e branco.
 O século XIX, no entanto, mostra para humanidade que a igualdade não se concretizou 
e então, a partir da Revolução Industrial, recupera-se o princípio das lutas pela igualdade; os 
espaços de debate se transformam em espaços de guerra, com alta tecnologia, levando à mor-
te centenas de seres humanos. Na primeira guerra, as trincheiras. Na segunda guerra, morte e 
discriminação.
 Citamos, aqui, dois espetáculos de terror pleno: os campos de concentração e as explo-
sões nucleares de Hiroshima e Nagasaki. A partir daí, o medo da morte passa a acompanhar 
a humanidade e no entanto, de lá para cá, não passamos um ano sem uma guerra declarada, 
sem guerras sociais, no planeta.
Figura 2 - Campo de concentração em Auschwitz, no sul da Polônia. Mortes em massa.
Fonte: Disponível em http://istoesegundaguerra.blogspot.com/2009/09/campos-de-concentracao.html
52 
Figura 3 - Vítima da bomba atômicade Hiroshima recebendo atendimento no Hospital de Hiroshima.
Fonte: Disponível em http://www.questgarden.com/49/49/4/070407143021/conclusion.htm
 Como a humanidade reage ao terror da Segunda Guerra Mundial?
 A população reage com uma declaração da humanidade, que se anuncia para o mundo 
como uma possibilidade para além do terror. A Declaração, no entanto, é pouco conhecida pe-
los povos do mundo todo. Os Direitos Humanos não podem ser tratados somente como uma 
Declaração e sim visto como uma dimensão cultural, na qual as diferenças devem ser respei-
tadas, a igualdade se componha como um pressuposto da diferença e juntos, a humanidade 
consiga seus espaços de liberdade. Os problemas sociais ainda não estão resolvidos: epidemias 
de fome, problemas ambientais, problemas de uma certa ética no campo da ciência e medicina 
ou nas transformações de grandes mídias nacionais e internacionais.
4.1.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
 É importante que nós saibamos que os Direitos Humanos não são apenas um universo 
de declarações de leis, mas que são, principalmente, reflexo de uma construção histórica feita 
pelos povos, no decorrer dos anos. No link, um artigo do professor da UNICAMP Oswaldo Gia-
coia Jr., em que ele discute os direitos humanos na era biopolítica:
53
http://www.scielo.br/scielo.php?scr ipt=sci_ar ttext&pid=S-
0100-512X2008000200002
 Eis na integra essa declaração:
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral 
das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Preâmbulo: 
 Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros 
da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, 
da justiça e da paz no mundo, 
 Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram 
em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um 
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de 
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração 
do homem comum, 
 Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado 
de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião con-
tra tirania e a opressão,
 Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas en-
tre as nações, 
 Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos 
direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
54 
dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso 
social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, 
 Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em 
cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberda-
des fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
 Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da 
mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, 
 A Assembleia Geral proclama:
 A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser 
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e 
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através 
do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela 
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o 
seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos 
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. 
Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e 
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta 
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, 
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou 
qualquer outra condição.
55
Artigo III
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos 
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou 
degradante.
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante 
a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da 
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presen-
te Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo 
para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela cons-
tituição ou pela lei.
56 
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte 
de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do 
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente 
até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento 
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua 
defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não 
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será im-
posta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao 
ato delituoso.
Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na 
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à 
proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras 
de cada Estado. 
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2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este re-
gressar.
Artigo XIV
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em 
outros países. 
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada 
por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das 
Nações Unidas.
Artigo XV
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mu-
dar de nacionalidade.
Artigo XVI
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalida-
de ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de 
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
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Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito 
inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa reli-
gião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou cole-
tivamente, em público ou em particular.
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade

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