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Elementos fundamentais da espiritualidade do catequista - Padre Humberto Robson de Carval

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2
Índice
Apresentação
Introdução
1. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DA
ESPIRITUALIDADE
2. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA ESPIRITUALIDADE DO
CATEQUISTA
1. Jesus Cristo, Mestre e Senhor
2. A Palavra de Deus
3. A Eucaristia
4. A oração
5. A cruz
6. A conversão
7. O testemunho
8. Alegria e otimismo
9. A missão
10. Maria, discípula e catequista
Considerações finais
Bibliografia
3
Apresentação
Aqui está mais um subsídio que o Padre Humberto Robson de Carvalho oferece
para a formação de nossos catequistas. Em linguagem simples e concisa, como é de
seu estilo, apresenta os principais elementos que compõem a espiritualidade do
catequista.
É um texto ao mesmo tempo válido e acessível a todos. Ajudará certamente o
catequista e outros agentes de pastoral no aprofundamento dessa dimensão tão
importante de suas vidas.
De fato, como sempre na Igreja, a transmissão da fé se dá mais por testemunho e
vivência do que por ensino e doutrinação. Para o catequista que está procurando
despertar em seus catequizandos o encontro e a adesão pessoal a Jesus Cristo e ao seu
Evangelho, é vital dar testemunho vivo e atraente daquilo que está querendo
comunicar.
Isso se torna mais necessário ainda em nossos tempos do que no passado, quando
todo ambiente familiar, comunitário, paroquial e até social facilitava a comunicação
da mensagem do Evangelho. Hoje o catequista precisa viver fortemente a Boa-Nova
de Jesus Cristo se quer que seus catequizandos realmente sejam iniciados na fé.
Neste livro, o autor apresenta sinteticamente os grandes temas da vida cristã em
sua prática cotidiana. Salienta de um modo especial o relacionamento com a pessoa
de Jesus em seu Mistério Pascal de morte e ressurreição, a importância da Palavra de
Deus, a centralidade da Eucaristia e da oração, a necessidade da contínua conversão e
da busca de aperfeiçoamento. Inspirado no Sistema Preventivo de Dom Bosco, não
deixa de assinalar também a alegria e o otimismo próprios de todo discípulo de Jesus.
Por fim, o catequista tem de beber do próprio poço, ou seja, precisa buscar em sua
missão de educador da fé o alimento da própria espiritualidade.
Coroando tudo está a presença da Mãe do Senhor, a educadora por excelência de
Jesus em sua humanidade: ela é exemplo para todo catequista que quer “guardar
todos esses acontecimentos em seu coração” (cf. Lc 2,51) para ver seus catequizandos
progredirem “em idade, sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (cf. Lc
2,52).
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb
Assessor da CNBB e CELAM para a Catequese, membro fundador da SCALA e SBCat e Consultor da
Revista de Catequese.
4
Introdução
A espiritualidade é um tema que desperta interesse e fascínio em todos nós. É uma
palavra muito usada, porém difícil de definir.
O que é espiritualidade? Eis uma pergunta que me fiz a vida toda e ainda paira inquietação em meu
coração. É como o nome de Deus, tão vulgarmente pronunciado por nós e, no entanto, impenetrável...
A espiritualidade constitui o fundamento, a base, a motivação de nossa vida interior, subjetiva... a
espiritualidade é o nosso verdadeiro eu, que muitas vezes não conseguimos vivenciar.1
Pode-se afirmar que a espiritualidade cristã é a vivência da fé e do agir de todos os
dias, sob a ação do Espírito Santo. É uma realidade interior que nos impulsiona a
fazer o bem e a transformar o que necessita ser transformado. É um estilo de vida
marcado pela busca de Deus, por meio de Jesus Cristo morto e ressuscitado, que deve
ser construído cotidianamente com perseverança, otimismo, compromisso e
santidade. A espiritualidade está no modo de ser, viver, falar e agir.2
Entre outros elementos fundamentais para a vivência humano-cristã, o catequista
precisa de uma sólida vida espiritual. É necessário que seja uma pessoa de
espiritualidade.3 Para o exercício de sua missão profética, ministerial e educativa,
tem de assumir seu chamado com entusiasmo e como realização plena de sua vocação
batismal.
Uma espiritualidade pode chamar-se cristã quando existe um relacionamento pessoal com Deus,
através de Jesus Cristo, em base do Evangelho, com recurso explícito à oração e aos sacramentos,
tendo como fonte de sua ética o amor ao próximo. A espiritualidade cristã é uma experiência de fé,
pela qual a realidade se torna diáfana, isto é, transparente à presença do Deus de amor a quem o fiel se
entrega cotidianamente.4
Espera-se que o catequista seja uma pessoa capaz de perceber a presença de Deus
nas atividades humanas e nos acontecimentos da história, que saiba enxergar todas as
pessoas, particularmente as que estão no caminho da iniciação à vida cristã, com os
olhos ternos e misericordiosos de Deus.
Um dos temas centrais da formação do catequista é a sua espiritualidade: ela brota da vida em Cristo,
que se alimenta na ação litúrgica e se expressa a partir da própria atividade de educador da fé, da
mística daquele que está a serviço da Palavra de Deus. É uma espiritualidade bíblica, litúrgica,
cristológica, trinitária, eclesial, mariana e encarnada na realidade do povo.5
A espiritualidade do catequista marca o seu próprio ser e, por isso, ele vive a
totalidade de suas ações numa atitude de fé e comprometimento com o próximo. A
5
espiritualidade colaborará na vida do catequista a ponto de ser ele o mistagogo.6
Toda atividade e criatividade do catequista e inclusive sua capacidade para
comunicar o mistério de Deus está na vivência de uma sólida vida espiritual, pois só
assim conseguirá, à luz do ressuscitado, motivar e incentivar o catequizando a ter o
seu encontro pessoal com o Senhor.7
O objetivo deste livro é o de ser um instrumento nas mãos de todo catequista, para
que possa, a partir da experiência com Deus e do encontro com o catequizando,
formar-se na escola de Jesus Cristo, Mestre e Senhor, tornar-se um autêntico
discípulo missionário e assumir o compromisso da evangelização e da transformação
da sociedade e do mundo em busca do “novo céu e da nova terra” (cf. Ap 21,1.7,15-
17), onde Deus será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).
1 F. BETTO, Fome de Deus. Fé e espiritualidade no mundo atual, São Paulo, Paralela, 2013, p. 17.
2 Cf. DIOCESE DE OSASCO, Espiritualidade do catequista, cadernos catequéticos, n. 10, São Paulo,
Paulus, 9ª ed., 2009, p. 6-8.
3 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese (DNC),
Brasília, Edições CNBB, 2006, n. 264.
4 H. C. J. MATOS, F. SATLER, Iniciação à Espiritualidade cristã para leigos, Belo Horizonte, Editora O
Lutador, 2008, p. 12.
5 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese (DNC),
Brasília, Edições CNBB, 2006, n. 13k.
6 Mistagogo é aquele que faz um caminho com o outro, que é capaz de tomá-lo pela mão e conduzi-lo aos
mistérios da fé, sobretudo quando são celebrados na Sagrada Liturgia, para o encontro pessoal com Jesus
Cristo, Mestre e Senhor. Assim também, uma catequese que se fundamenta também na dimensão celebrativa
da fé, é chamada de “catequese mistagógica”, ou, simplesmente “mistagogia”.
7 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese (DNC),
Brasília, Edições CNBB, n. 172.
6
1
Considerações importantes a respeito da
espiritualidade
Todo ser humano é chamado a uma vida espiritual, a viver sua própria santidade.
A santidade é a vontade de Deus desejada para todos os seus filhos, particularmente
os catequistas (cf. Ex 15,11; Ex 19,6 ; Lv 19,1 e Dt 7,6). O programa de vida de Jesus
manifestado por ocasião do seu discurso na sinagoga de Nazaré impulsiona o
catequista na sua missão profética (Lc 4,17-20). As bem-aventuranças são também
modelo da espiritualidade do catequista (Mt 5,1-12).
Todo ser humano é chamado a uma vida espiritual. Sob este aspecto, nosso estudo deve começar por
levar em conta a espiritualidade no sentido amplo, iluminando-a com as exigências da espiritualidade
de Jesus, homem reconhecido como Verbo encarnado, que está na raiz da nossa história pessoal e das
comunidades cristãs, as quais, nas mais diversas tradições culturais, se caracterizam pela busca dafidelidade à Verdade, à Justiça e ao Amor, no seguimento de Jesus, em quem reconhecemos a Verdade
de Deus que vem a nós.8
A palavra espiritualidade vem de Spiritus, ou do verbo spirare = soprar. A
espiritualidade é uma “força” que nos motiva a viver de corpo e alma, e por isso nos
envolve inteiramente. O espírito é o que há de mais profundo, forte e verdadeiro em
nós.9 É o que nos impulsiona a viver plenamente. “Eu vim para que todos tenham
vida, e a tenham plenamente” (Jo 10,10).
No judaísmo o termo ruah (espírito, respiração, vento, ou seja, tudo aquilo que dá vida e ânimo)
designa uma dupla dimensão: a força da vida individualizada e o poderio de Deus que atua
especialmente sobre o seu povo como dom profético e como sabedoria personificada. Da experiência
cristã surge a afirmação da pessoa divina do Espírito Santo e a visão da espiritualidade da própria
existência.10
Para a Escritura, a experiência espiritual é a vivência em Deus. Deus é o primeiro
e o último de toda espiritualidade. A experiência espiritual é dinâmica e envolve o ser
como um todo. Podemos mencionar as diversas dimensões da espiritualidade bíblica:
graça, fé, moral e louvor. A experiência espiritual bíblica atinge o ser humano em sua
realidade total: fé, vida, liturgia, justiça etc. Nunca separa o profano do religioso, nem
o elimina, mas fecunda-o e santifica-o.11
A espiritualidade é a força que Deus nos dá para nos mantermos fiéis aos
compromissos pessoais e comunitários voltados para a transformação da sociedade
em vista do bem comum.
7
Espiritualidade é um jeito de viver, uma maneira de ser livre e sintonizado com as
coisas de Deus, da Igreja, da família, da natureza e do mundo à luz do Espírito Santo.
É uma necessidade vital para todas as pessoas, principalmente para os educadores da
fé.
A espiritualidade vivida no Pai, no Filho e no Espírito Santo nos torna autênticos,
dinâmicos, firmes na fé e perseverantes na missão que a Igreja confia a cada um de
nós.
A espiritualidade cristã na sua essência é sempre trinitária: refere-se ao Pai, fonte e destino de todo
bem; ao Filho, o Deus encarnado, que na sua pessoa histórica nos revela os desígnios de salvação do
Pai; ao Espírito Santo, a terceira Pessoa divina, que faz com que a obra redentora de Cristo se torne
uma realidade viva e atual na existência.12
Neste horizonte, a espiritualidade é um estilo de vida marcado pela busca de Deus,
por meio de Jesus Cristo, no Espírito Santo, e que cotidianamente – com
perseverança, otimismo e santidade – vai se desenvolvendo. Quando vivenciada
intensamente, ela marca o cristão catequista e o impulsiona a viver a totalidade de
suas ações numa atitude de fé e comprometimento com o próximo, pois somos todos
filhos de um mesmo Pai. A autenticidade da vida espiritual dá-se, então, pelo desejo
constante do catequista de querer conformar-se com a vida de Cristo, mergulhado no
seu mistério. Movido por esse desejo de viver segundo o Mestre, o catequista é capaz
de transformar toda a realidade que o envolve.
A vida espiritual do catequista permitirá que ele, à luz de Jesus de Nazaré, morto e
ressuscitado, torne-se um autêntico discípulo missionário, assumindo o compromisso
de transformar a sociedade e o mundo na perspectiva da “civilização do amor”. Dessa
forma, a nossa vida, uma vez alicerçada no Senhor da vida e da história, se
identificará com a vida nova em Deus. Vivemos por ele e por ele tudo fazemos.
Como já acenado, a espiritualidade cristã tem seu fundamento em Cristo morto,
ressuscitado e glorificado, testemunhado na história e vivido no cotidiano da vida.
A espiritualidade cristã é, por definição, a espiritualidade de Jesus, segundo seu Espírito. Sua opção
deverá ser nossa opção, suas atitudes, nossas atitudes, sua práxis, nossa práxis. Para nós, como para
Paulo, viver é o Cristo, e morrer com ele e por ele é o verdadeiro lucro (cf. Fl 1,21).13
É importante lembrar que, no cristianismo, há várias formas de viver a
espiritualidade. Cada um pode escolher e viver o modelo que mais se adapta às
características pessoais. Há a espiritualidade vivida pelo leigo, pelo padre diocesano,
pelos padres religiosos, pelos monges, pelas consagradas. Os religiosos possuem uma
espiritualidade que herdaram de seus fundadores. Assim, salesianos, franciscanos,
jesuítas, redentoristas, carmelitas, maristas, saletinos, dehonianos, paulinos, entre
outros, possuem todos eles uma maneira de viver a espiritualidade. No entanto, o
centro e o modelo de toda e qualquer espiritualidade é Jesus Cristo, Mestre e Senhor.
A vivência de uma vida interior marcada pela presença de Deus e a necessidade
dos seres humanos de traduzir na própria vida a graça de Deus sempre esteve presente
na experiência do Povo de Deus, porém a expressão espiritualidade, como
8
entendemos hoje, é de certo modo moderna e começa a aparecer por volta do século
XII.
É interessante notar que, em determinadas épocas da história da Igreja, era usado o
termo “devoção” para designar “espiritualidade”. Assim, por exemplo, nos séculos
XV e XVI surgiu a grande escola da devotio, que poderia ser traduzido como
“espiritualidade moderna”; ela relevava muito o aspecto individual, o “diálogo da
alma com Deus”, cujo máximo exemplo é o célebre texto de espiritualidade intitulado
A imitação de Cristo, atribuído a Tomás Kempis ou a Jean Gerson.
Somente a partir do século XVII a espiritualidade é utilizada para designar as
relações afetivas com Deus. Foi São Francisco de Sales quem a formulou dessa
maneira. A disciplina Espiritualidade foi instituída pela primeira vez em Roma, a
partir de 1917. Foram os frades dominicanos, seguidos pelos jesuítas, franciscanos e
carmelitas que deram grandes contribuições para o conhecimento da espiritualidade
como temos hoje.14
O Concílio Vaticano II insiste que todo batizado é chamado a viver a santidade e
afirma também que a espiritualidade é a força que Deus nos dá para nos mantermos
fieis aos compromissos pessoais e comunitários voltados para a transformação do
mundo e do bem comum.
Retomando o que já afirmamos, a espiritualidade cristã é um jeito de viver, uma
maneira de ser livre e sintonizado com as coisas de Deus, da Igreja, da família, da
natureza e do mundo à luz do Espírito Santo. É importante considerar que a
espiritualidade não consiste simplesmente na realização de exercícios espirituais, de
orações preestabelecidas ou espontâneas, mas num modo de ser e de viver de acordo
com Jesus Cristo, Mestre e Senhor, a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja.
Para responder:
1. Como podemos definir espiritualidade cristã?
2. Por que a Igreja insiste em afirmar que a espiritualidade cristã é essencialmente
trinitária?
3. O Concílio Vaticano II afirma que todo batizado é chamado a viver a santidade.
Como traduzir na vida de todo dia o compromisso e a espiritualidade herdada no
Batismo?
4. Em que essas considerações que você acabou de ler contribuíram para uma melhor
compreensão a respeito da espiritualidade cristã?
8 F. CATÃO, Espiritualidade Cristã, Valência (Espanha), Siquem Ediciones, São Paulo, Paulinas, 2009, p.
15.
9 Cf. CNBB-Dimensão Bíblico-Catequética, “A espiritualidade do catequista. Um subsídio para os
catequistas de base cultivarem sua espiritualidade”, em Revista de Catequese, v. 20, n. 79, julho-setembro,
1997, p. 41-45.
10 D. MONDONI, Teologia da Espiritualidade Cristã, São Paulo, Loyola, 2002, p. 13-14.
9
11 Ibid., p. 27-29.
12 H. C. J. MATOS; F. A. SATLER, Iniciação à Espiritualidade cristã para leigos, Belo Horizonte,
Editora O Lutador, 2008, p. 11.
13 P. CASALDÁLIGA, Nossa espiritualidade, São Paulo, Paulus, 2008, p. 20.
14 Cf. D. MONDONI, Teologia da Espiritualidade Cristã, São Paulo, Loyola, 2002, p. 15.
10
2
Elementos fundamentais da espiritualidade
do catequista
Para a vivência de uma espiritualidade comprometida com Deus, com a Igreja,
com os irmãos e com a natureza, faz-se necessário abastecer-se da graça e dos dons
do Espírito Santo. Somente o Espírito Santo de Deus poderá nos mover e nos
impulsionar numa autênticae profunda espiritualidade cristã.
São considerados elementos fundamentais de espiritualidade algumas dimensões
indispensáveis na vida do catequista para que ele possa viver autenticamente o
chamado de Deus em sua vida e na comunidade. Vejamos quais são elas:
1. Jesus Cristo, Mestre e Senhor
A fonte original e fundamental da espiritualidade cristã é Jesus Cristo. Ele é a
cabeça dos que são chamados a participar da vida de Deus. É por meio dele que
chegamos ao Pai. Não existe espiritualidade cristã sem a pessoa de Jesus Cristo.15
Todos os aspectos da vida cristã são vividos a partir da fé, da esperança e na comunhão do amor que
une Jesus ao Pai. Em termos cristãos, não há como falar de espiritualidade senão a partir do Espírito de
Jesus. Essa centralidade de Jesus se projeta em todas as formas da espiritualidade cristã, desde as
origens, como atesta o Novo Testamento e toda tradição cristã através dos tempos.16
Jesus Cristo é a plenitude da Revelação de Deus (cf. Hb 1,1-3). O discipulado e o
seguimento de Jesus são as dimensões mais importantes da espiritualidade cristã.
O ponto de partida e de chegada da espiritualidade cristã é o encontro com a
pessoa de Jesus Cristo. Ele é o “Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Por isso,
toda espiritualidade fundamenta-se na opção de fé profunda na pessoa de Jesus e na
sua prática, ou seja, no modo como ele viveu sua relação com o Pai e com a
humanidade.17
Nossa relação com Deus, que nos chama à vida no Espírito, não tem sentido senão em Jesus e por
Jesus. Como homem, por ser o Verbo – este homem é o Filho de Deus – Jesus está sempre no
princípio de todos os dons de Deus, é cabeça de toda a comunidade dos que são chamados a participar
na vida de Deus. Por seu agir humano nos dá acesso ao Pai, comunicando-nos o Espírito que anima
toda a nossa vida, desde agora e para sempre.18
11
O seguimento de Jesus Cristo define o catequista. A originalidade e autenticidade
da espiritualidade cristã baseiam-se no seguimento daquele que Deus, por amor, com
amor e no amor, nos deu como presente: o Filho amado. O seguimento de Jesus
Cristo nos ensina que, quanto mais humanos formos, mais perto de Deus chegaremos
e mais santos seremos.
Na catequese, assim como em muitas outras dimensões da vida cristã, essa
centralidade de Jesus Cristo é designada como Cristocentrismo, ou seja: ele é o
Caminho, a Verdade e a Vida que nos conduz ao Pai, na força de seu Espírito.
Portanto, cristocentrismo não significa cristomonismo, isto é, “somente Jesus Cristo”.
De fato é um Cristocentrismo Trinitário: Jesus nos conduz ao Pai e ao Espírito
Santo.19
À medida que vamos seguindo o Cristo morto e ressuscitado, seu Espírito, que
habita a Igreja, que renova e transforma a face da terra, nos inspira a ficarmos mais
parecidos com ele, compreendendo e atualizando em nossa vida o projeto do Filho.
O seguimento de Jesus, em sua Páscoa, vive-se no dia a dia da história pessoal e
comunitária de cada um de nós. É o processo do amor, da conversão, do
compromisso, da fidelidade e da solidariedade no qual o catequista experimenta no
cumprimento da missão catequética. Todo sofrimento humano, à luz da Páscoa do
Senhor, é transformado em esperança, otimismo e vida nova.
Na antiguidade Jesus sempre foi considerado como o Ungido de Deus, Cristo, que na cruz, ato
supremo de amor, atrai todas as coisas a si e, triunfante da morte, é Senhor todo-poderoso, o
Pantocrator, cuja misericórdia preside e regula a vida do universo inteiro, muito além da comunidade
cristã e de cada um de nós.20
À medida que vamos seguindo o Cristo morto e ressuscitado, seu Espírito que
habita a Igreja, que renova e transforma a face da terra nos inspira a ficarmos mais
parecidos com ele, compreendendo e atualizando em nossa vida o projeto de Jesus,
Mestre e Senhor.
A espiritualidade do “avental e da toalha” não pode ser só da quinta-feira santa, mas sim de todos os
dias. Somos chamados para servir. Jamais esquecerei uma fotografia da beata Teresa de Calcutá
ajoelhada perto de um doente, a limpar suas feridas ao mesmo tempo que, com amor, o olha com
extrema ternura. Sem dúvida, para compreender melhor este gesto de “cingir” os rins com uma
“toalha”, pode nos ajudar a parábola do bom samaritano e a diaconia que logo encontramos na vida da
Igreja primitiva. Jesus não diz nada. É em silêncio que age tocando mais em profundidade o coração
dos apóstolos... Não é possível amar colocando-se longe do outro. O corpo é sacramento da presença
de Deus.21
O seguimento de Jesus, em sua Páscoa, vive-se no dia a dia da história pessoal e
comunitária de cada um de nós. É o processo do amor, da conversão, do
compromisso, da fidelidade e da solidariedade, no qual o catequista experimenta o
cumprimento da ação pastoral. Todo sofrimento humano, à luz da Páscoa do Senhor,
é transformado em esperança, otimismo e vida nova.
Assim alicerçada no Cristo ressuscitado, a vida do catequista faz dele uma nova
criatura capaz de ser sinal visível e portador do amor de Deus no mundo. Somos
12
transformados de tal maneira que, apesar das dificuldades e problemas que possamos
carregar em nossa história de vida, passamos a ver o mundo e as pessoas com os
“olhos de Deus”, isto é, com ternura, bondade, gratidão, compaixão e misericórdia.
2. A Palavra de Deus
O catequista deve amar a Palavra de Deus e dela fazer seu alimento. A Bíblia é o
espelho pelo qual vemos a nossa vida e a vida de todas as pessoas confiadas a nós por
meio do ministério catequético. A Bíblia tem de fazer parte da espiritualidade do
catequista. É a principal fonte de espiritualidade. É com o recurso à Palavra de Deus
que o catequista vai orientar os catequizandos.
A relação entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja não pode ser compreendida em termos de um
acontecimento simplesmente passado, mas trata-se de uma relação vital na qual cada fiel,
pessoalmente, é chamado ao entrar. Realmente, falamos da Palavra de Deus que está hoje presente
conosco: “Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo” (Mt 28,20).22
O catequista lê a Bíblia a partir da fé em Jesus Cristo ressuscitado, vivo e presente
no meio de nós. Jesus é a chave principal da leitura que fazemos.
A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Palavra de Deus. Jesus mesmo nos deu o
exemplo. A catequese há de aurir sempre o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida
na Tradição e na Escritura, porque a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só
depósito inviolável da Palavra de Deus, confiada à Igreja.23
A Bíblia deve ser lida também com o coração da Igreja. Durante vários séculos, a
Igreja teve receio de colocar a Bíblia na mão do seu povo. Há algumas décadas,
sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, a Igreja tem valorizado cada vez mais a
Palavra de Deus. O Concílio confirmou a centralidade da Palavra na vida e na missão
da Igreja. Convocou todos os fiéis a fazerem a experiência do mistério de Deus
mediante sua Palavra. Afirmou que o estudo da Palavra dever ser a alma da teologia.
Insistiu que todos os cristãos católicos tenham amplo acesso à Sagrada Escritura.24
São Jerônimo recorda que, sozinhos, nunca poderemos ler a Escritura. Encontramos demasiadas portas
fechadas e caímos facilmente num erro. A Bíblia foi escrita pelo povo de Deus e para o povo de Deus,
sob inspiração do Espírito Santo. Somente com o “nós”, isto é, nesta comunhão com o povo de Deus,
podemos realmente entrar no núcleo da verdade que o próprio Deus nos quer dizer... Uma autêntica
interpretação da Bíblia dever estar em harmônica concordância com a fé da Igreja Católica.25
O catequista compreende que os livros da Sagrada Escritura resultam da tradição
oral e que não deve vê-los como se fossem histórias factuais. Entende que a leitura
bíblica exige contextualização da narrativa, qualquer que seja o assunto tratado.
Cuida em não perder de vista que a preocupação dos autores sagrados é com a
mensagem, e que o texto, em seu contexto, deve estar a serviço dela. Entende que é
necessário que os textos sejam lidos à luzdo contexto social, econômico, político,
13
cultural e religioso da época em que foram escritos.26
A Palavra de Deus é o alimento cotidiano que sustenta a vida espiritual do
catequista capacitando-o para a missão profética e mistagógica no ministério
confiado.
Encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja.
A Sagrada Escritura, “Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo”, é, com a Tradição,
fonte de vida para a Igreja e alma de sua ação evangelizadora. Desconhecer a Escritura é desconhecer
Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo.27
A Igreja tem recomendado aos seus fiéis a “leitura orante” da Bíblia. A “leitura
orante” ou “Lectio Divina” é um método de leitura bíblica que propicia o
conhecimento e o encontro pessoal com Deus. É um modo de ler a Bíblia que se
fundamenta em motivos de fé e exprime a busca apaixonada pelo Senhor da vida. É
um processo que nos leva à meditação, à oração, à contemplação e à transformação
de cada um de nós.
O documento A Interpretação da Bíblia na Igreja trata dos vários métodos de leitura bíblica,
indicando as contribuições e limites de cada um. Uma das formas mais valiosas de trato com a Bíblia é
a Lectio Divina, que entre nós é conhecida como leitura orante, individual ou comunitária (...) Seja
incentivada e reforçada a prática da leitura pessoal e orante da Bíblia conforme as orientações do
Concílio e, especialmente, a prática dos círculos bíblicos ou reuniões de grupo, para a leitura da Bíblia
e a reflexão sobre a vida hoje, com o decorrente compromisso cristão.28
A leitura orante é o resultado da leitura que os primeiros cristãos fizeram da
Palavra de Deus, para alimentar a fé e animar a caminhada da comunidade diante das
dificuldades e dos desafios de cada dia. Herdamos deles esse modo de ler e
experimentar a Palavra de Deus no cotidiano de nossas vidas. No século XII, o
monge chamado Guigo (1115-1193) organizou a leitura orante em quatro passos:
leitura, meditação, oração e contemplação. Guigo mostra como cada um desses
degraus tem a capacidade de produzir uma mudança interior no leitor. A leitura
orante é uma experiência autenticamente litúrgica. E é também mistagógica, isto é,
ajuda a entrar no mistério de Cristo, Mestre e Senhor, e a ter com ele um encontro
pessoal.
3. A Eucaristia
A Eucaristia é a fonte e o cume de toda vida cristã.29 Do Mistério Pascal de Cristo
nasce a Igreja. Por isso mesmo que é o sacramento por excelência do Mistério Pascal.
Está colocada no centro da vida da Igreja.
A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas
contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja (...) Com efeito, na “santíssima eucaristia,
está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo
que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”.30
14
O catequista que vive intimamente ligado ao Senhor da vida e da história tem de
se alimentar da Santíssima Eucaristia para que a sua vida seja plenamente vida no
Senhor.
Comer e beber da ceia eucarística em memória de Jesus sempre foi um ato de
compromisso com a pessoa e a proposta dele. Na Eucaristia, assumimos Deus em
nossa vida, assim como o projeto de Deus como Igreja-comunidade. Comendo e
bebendo o corpo e o sangue do Senhor, tornamo-nos hóstias vivas na construção de
um mundo mais humano, solidário e fraterno.31
A participação do catequista na comunhão eucarística deve transformar a sua vida
por inteiro. A Eucaristia nos conduz ao caminho da unidade; o catequista caminha
seguindo as orientações e diretrizes da Igreja do Brasil e da Igreja local. O catequista
está sempre sintonizado com a ação pastoral da paróquia. O corpo e sangue do
Senhor nos impulsionam a sentir e a amar a Igreja.
A Eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de vida e no mesmo Cálice de Salvação, nos faz
membros do mesmo Corpo (cf. 1Cor 10,17). Ela é fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua
expressão mais perfeita e o alimento da vida em comunhão. Na Eucaristia, nutrem-se as novas relações
evangélicas que surgem do fato de sermos filhos e filhas do mesmo Pai e irmãos e irmãs em Cristo. A
Igreja que a celebra é “casa e escola de comunhão”, onde os discípulos compartilham a mesma fé,
esperança e amor a serviço da missão evangelizadora.32
A Eucaristia é sinal de compromisso com Cristo, com sua Igreja e com os irmãos.
Receber a comunhão é o mesmo que “assinar” um documento em que se afirma a
responsabilidade com a prática da justiça, da fraternidade, da solidariedade, da
bondade para com todos os seres humanos, sobretudo com os que convivem conosco
em casa, no trabalho, na escola, na Igreja e em todos os lugares e circunstâncias.33
O catequista participa da celebração da Eucaristia como ato central de sua vida,
alimentando a sua vida de oração, de contemplação e ação encarnada na vida do povo
amado de Deus.
4. A oração
A palavra oração, cuja origem provém do latim (orare), significa falar, dizer.
Traduzindo para a vida espiritual podemos compreender como palavra que dirigimos
a Deus para louvar, agradecer ou suplicar.34
A oração é dom de Deus. É uma graça. A oração cristã é por natureza
cristocêntrica. Onde quer que esteja o cristão, a sua oração, ele o faz em virtude de
sua incorporação em Cristo pelo batismo no contexto do Mistério Pascal.35
A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do
homem; brota do Espírito e de nós, dirigida para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de
Deus feito homem.36
15
A oração é indispensável na vida do catequista. Ela é como respiração da nossa fé:
sem a oração somos como que “um motor sem combustível” ou uma “planta sem
água”.
Oração, elevação da alma para Deus, íntimo diálogo de amor, desabafo do coração, olhar lançado para
o céu, entreter-se com Deus através da criação ou da sua palavra ou louvar sem cessar são todas
pequenas definições que fazem parte do dicionário do orante. 37
O catequista deve procurar seu ritmo de oração: haverá momentos em que rezará
sozinho ou com a família; em outras circunstâncias, rezará na comunidade. É
importante que o catequista tenha um momento diário de oração pessoal.
Há várias formas de oração. A Tradição da Igreja conservou três expressões
principais da vida de oração: a vocal, a meditação e a contemplação. A oração vocal é
aquela em que se pronuncia verbalmente algumas fórmulas já estabelecidas pela
Igreja, por exemplo, a oração que o próprio Jesus nos ensinou, o Pai-nosso, o terço,
ou ainda outras rezadas espontaneamente. A meditação, ou a oração mental, consiste
na busca orante em que se põe em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o
desejo. Meditar é dialogar, falar com Deus e deixar que ele fale também. Deus fala no
silêncio, e no silêncio escutamos sua voz. A contemplação se realiza pela escuta
sincera e fiel à Palavra de Deus e ao próprio Deus. Contemplar é olhar fixamente para
Jesus. “Eu olho para ele e ele olha para mim”, disse um camponês certa vez a São
João Maria Vianney em oração diante do Santíssimo. A contemplação não é fruto do
esforço humano, mas um dom de Deus a cada um de nós. A contemplação nos
envolve por inteiro e leva à transformação de nossas vidas. Na contemplação
percebemos a presença de Deus dentro de nós.38
Todo catequista tem de saber rezar com os catequizandos. Rezar diante deles,
rezar por eles e também ensiná-los a rezar.
5. A cruz
A cruz é o sinal de nossa pertença a Cristo. A cruz é o símbolo do cristão. É o selo
por nós recebido no dia do batismo. Instrumento de vergonha, desespero e loucura
para os judeus (1Cor 1,18-23), de estupidez para os gregos, a cruz tornou-se, para
nós, segundo o apóstolo Paulo, obra salvadora de Cristo (cf. 1Cor 1,17-25).39
O sinal da cruz riscado na testa é um dos ritos mais antigos da Igreja cristã. São Basílio menciona-o,
junto com a oração dirigida ao Oriente, entre as tradições não escritas que vêm dos apóstolos. O sinal
da cruz aparece primeiro nosritos batismais. É seu uso mais arcaico.40
Desde o início do cristianismo, a cruz foi adotada como símbolo da fé. Os
primeiros cristãos compreenderam como expressão de piedade, compaixão e
veneração. Foi através da cruz que Jesus, num gesto de extrema humildade,
solidariedade e comprometimento, sacrificou a sua vida pela nossa salvação.41
16
Compreendemos também a cruz como as dificuldades, os conflitos e os
sofrimentos de todo ser humano. “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24).
Nesse sentido, a cruz é parte integrante da vida do catequista. Carregar a cruz é
enfrentar, com as mesmas disposições de Jesus, o sofrimento, a perseguição e até
mesmo a morte por causa do Reino de Deus, é ser perseverante e esperançoso nos
momentos mais difíceis da vida.
A cruz para o catequista é um sinal de esperança e vitória. Na pessoa de Jesus
Cristo morto e ressuscitado, somos como ele sinais e portadores da graça e do bem
que devemos realizar em todas as circunstâncias da vida no sentido de realização e
transformação daquilo que necessita ser mudado e transformado na vida e na história
daqueles que se aproximam de nós.
6. A conversão
O pecado está presente na vida dos seres humanos desde o início da humanidade.
Os profetas foram os instrumentos de Deus para que seu povo se corrigisse e mudasse
de vida. Jesus se apresenta como aquele que liberta a humanidade da escravidão do
pecado (cf. Mc 2,1-12, Lc 19,1-10 e Jo 8,3-11).
O pecado está presente na história do homem: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade
obscura outros nomes. Para tentarmos compreender o que é o pecado, é preciso antes de tudo
reconhecer a ligação profunda do homem com Deus, pois fora desta relação o mal do pecado não é
desmascarado na sua verdadeira identidade de recusa e de oposição à face de Deus, embora continue a
pesar sobre a vida do homem e sobre a história.42
A conversão e a mudança de vida são realidades que fazem parte da vida espiritual
do catequista. São Paulo nos exorta: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20). O
Sacramento da Reconciliação é a expressão do amor misericordioso de Deus que nos
reconcilia com ele e nos faz reconciliar com os irmãos. Chama-se também
Sacramento da Conversão pelo fato de realizar sacramentalmente o convite de Jesus à
conversão, o caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado. Diz-
se, ainda, da Penitência, uma vez que deve haver por parte do pecador um esforço
pessoal e eclesial de mudança e arrependimento. Dá-se o nome de confissão porque a
declaração, a confissão dos pecados diante do sacerdote é um elemento essencial
desse sacramento que expressa nossa humildade e vontade de conversão. É
sacramento do perdão porque, pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus
concede o perdão e a paz.43
Comprometido com a causa do Reino de Deus, com a Igreja e com o povo amado
de Deus, sente-se impelido e necessitado de buscar frequentemente a conversão e o
sacramento da Reconciliação sempre que necessário para o bem espiritual de si e dos
outros.
7. O testemunho
17
O testemunho é uma questão de compromisso, fidelidade e responsabilidade. “A
fé sem obras é morta” (Tg 2,17). O catequista precisa viver o que ensina aos outros.
O testemunho é a melhor maneira de evangelizar.
No seguimento de Jesus Cristo, aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de
vida próprio do próprio Jesus: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão entranhável perante
a dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua fidelidade à missão encomendada, seu
amor serviçal até a doação de sua vida. Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como os evangelhos nos
transmitem para conhecermos o que ele fez e para discernirmos o que nós devemos fazer nas atuais
circunstâncis.44
O catequista verdadeiramente afeiçoado ao Mestre e Senhor e com ele parecido
testemunha sua vida assumindo o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei” (Jo 15,12). Esse amor vivido concretamente no dia a dia, nas
diferentes realidades da vida, configura o catequista na característica mais autêntica
de Jesus Cristo e de sua Igreja, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e
principal anúncio: “Todos saberão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).45
Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de
vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de
apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores... Os catequistas, ministros da
Palavra e animadores de comunidades cumprem magnífica tarefa dentro da Igreja, os reconhecemos e
animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação.46
A espiritualidade do catequista deve ser vivencial, autêntica e profunda, não
abstrata. Deus se revela em nossa vida por meio de fatos ou acontecimentos e
palavras. A palavra que se transmite vem acompanhada sempre do próprio
testemunho.
O catequista, alimentado e alicerçado da caridade do Bom Pastor, que ama e dá
sua vida pelas ovelhas, de quem quer ser testemunha, é sinal permanente do amor e
do pastoreio de Cristo, o Pastor por excelência. Sem dúvida, o testemunho é o
distintivo do catequista.
O catequista é chamado a testemunhar com sua vida a identificação que tem com
seu Mestre e Senhor. A missão profética do catequista, discípulo missionário do
Cristo morto e ressuscitado é ser no mundo sinal de esperança, caridade, honestidade
e santidade.
8. Alegria e otimismo
A alegria e o otimismo são características do catequista. O catequista é sempre
otimista. Vive sempre alegre e de bem com a vida. É feliz! Traz sempre consigo a
marca do Cristo ressuscitado. A alegria e o bom humor atraem as pessoas. “Servi ao
Senhor na alegria” (Sl 100,2); “Alegrai-vos sempre no Senhor!” (Fl 4,4).
A alegria e o otimismo são sentimentos que dão plenitude à vida e brotam da
satisfação mais profunda do ser humano. A autêntica vida alegre e otimista é fruto de
18
uma comprometida relação íntima com o Senhor ressuscitado.
A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.
Quantos se deixam salvar por ele e são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do
isolamento. Com Jesus Cristo, a alegria renasce sem cessar.47
A alegria e o otimismo do catequista são remédios contra o pessimismo, a tristeza
e a angústia que fazem parte da vida das pessoas, inclusive dos catequizandos. A
alegria do catequista não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que
brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a Boa-Nova do amor, da
ternura e da misericórdia de Deus.48
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de
todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos
discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu
coração. Porque a sua comunidade é formada por homens que, reunidos em Cristo, são guiados pelo
Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da
salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao
gênero humano e à sua história.49
Em meio a tantas dificuldades e problemas, o catequista precisa saber “esperar
contra toda esperança” (Rm 4,18) e vencer com alegria e otimismo os desafios que a
vida lhe apresenta. A alegria e o otimismo são sinais inconfundíveis de uma profunda
vida em Deus e de uma autêntica caridade pastoral.
É salutar recordar-se dos primeiros cristãos e de tantos irmãos, ao longo da história, que se
mantiveram transbordantes de alegria, cheios de coragem, incansáveis no anúncio e capazes de uma
grande resistência ativa...50
O catequista, cuja fé está sedimentada no Senhor glorioso, apresenta-se como
modelo de felicidade e de realização interior, e por isso demonstra em sua fisionomia
a alegriacontagiante da Páscoa do Senhor.
9. A missão
O catequista um dia ouviu o chamado de Jesus e quis segui-lo mais de perto.
Resolveu ficar com ele, andar a seu lado, ligar-se a ele definitivamente.51 Como
discípulo missionário, o catequista vive a experiência do encontro com Deus de
maneira livre e espontânea. É alguém que encontrou Deus em sua vida e, por isso,
vive a plenitude desse encontro.
A presença cotidiana e cheia de esperança de incontáveis peregrinos nos lembra os primeiros
seguidores de Jesus Cristo que foram ao Jordão, onde João batizava, com a esperança de encontrar o
Messias (cf. Mc 1,15). Eles se sentiram atraídos pela sabedoria e pelas palavras de Jesus, pela bondade
de seu trato e pelo poder de seus milagres. E pelo assombro inusitado que a pessoa de Jesus
19
despertava, acolheram o dom da fé e vieram a ser discípulos de Jesus. Ao sair das trevas e das sombras
da morte (cf. Lc 1,79), a vida deles adquiriu plenitude extraordinária: a de haver enriquecido com o
dom do Pai. Viveram a história de seu povo e de seu tempo e passaram pelos caminhos do Império
Romano, sem esquecer o encontro mais importante e decisivo de sua vida que os havia preenchido de
luz, força e esperança: o encontro com Jesus, sua rocha, sua paz, sua vida.52
O catequista segue o Mestre e Senhor, deposita nele toda confiança, de modo que
pode dizer como o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu quem vivo, pois é
Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Uma vez seduzido por Cristo, o catequista torna-se missionário. Ser missionário é
ser evangelizador. “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16). Deixar-se guiar
pelo Espírito que animou Jesus em sua missão é o desejo daquele que se coloca no
caminho do apostolado missionário de Jesus.
O catequista deve ser um missionário no sentido pleno da palavra, pois sua missão
é levar as pessoas a um encontro e compromisso pessoal com Jesus, conduzi-las a ser
discípulas dele e, consequentemente, a tornar-se também missionárias, já que o
verdadeiro discípulo é missionário. O catequista é um missionário que colabora na
formação de novos missionários.
A exemplo da Igreja, o catequista deve cumprir sua missão seguindo os passos de
Jesus e adotando suas atitudes. Ele, sendo o Senhor e Mestre, se fez servidor e
obediente até a morte de cruz; sendo rico, escolheu ser pobre por nós, ensinando-nos
o caminho de nossa vocação de discípulos missionários. É na generosidade dos
missionários que se manifesta a generosidade de Deus.53
Segundo o Concílio do Vaticano II, o catequista é um facilitador da ação do
Espírito na vida de cada pessoa e na conversão ao Senhor Jesus. O Concílio
revolucionou a vivência da espiritualidade. Se até então a espiritualidade se
caracterizava como “fuga do mundo” e refúgio individualizado em Deus, a teologia
do Povo de Deus e da nova postura da Igreja diante do mundo encaminha o cristão
para uma espiritualidade laical, comunitária, inserida num contexto histórico situado,
uma espiritualidade que vai se tornando uma mística interior, ou seja, uma força
interior que motiva para a ação, para o testemunho, para o seguimento de Jesus Cristo
e para ação concreta do cristão na transformação da sociedade e do mundo em que
vivemos.54
Sobre a atividade missionária da Igreja, o Concílio afirma que, desde sempre,
Deus chama na sua Igreja pessoas concretas que, em razão do batismo e pelo dom do
Espírito, anunciam a Boa Notícia da salvação. Esses enviados são os catequistas, que,
tal como Jesus, se tornam missionários do Reino de Deus.
A Igreja é, por natureza, essencialmente missionária. Sua missão evangelizadora,
iniciada no dia de Pentecostes, foi sempre marcada por um profundo ardor
missionário.55 A exemplo de Jesus e de sua Igreja somos chamados a nos tornar
corajosos e esperançosos missionários na construção de um mundo mais humano,
fraterno e solidário.
10. Maria, discípula e catequista
20
Maria recebeu de Deus a plenitude da graça e a plenitude da salvação (Lc 1,28).
Maria caminha à nossa frente, com todo o seu esplendor. Ela é imagem e início da
Igreja que há de realizar-se na Jerusalém Celeste. Para nós, Povo de Deus, Maria é
sinal de esperança e confiança.56
Maria, a Mãe de Jesus, foi a primeira discípula e catequista a se comprometer com
o povo pela sua fidelidade e disponibilidade: “Façam tudo o que o meu Filho lhes
pedir” (Jo 2,5). Ela é tipicamente modelo de todo catequista. Ela nos ajuda a realizar
nossas opções fundamentais e a integrá-las na vivência da nossa espiritualidade.
Maria, modelo e paradigma da humanidade, é para nós sinal de unidade. Maria é
também a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de
missionários. A exemplo dela, o catequista é chamado a ser continuador da missão de
Jesus.57
O Concílio Vaticano II afirma que a Igreja nasceu do lado aberto de Cristo na
cruz.58 Podemos acrescentar, também, que a Igreja recém-nascida foi acolhida no
colo de Maria, que ali estava recolhendo os últimos suspiros do Filho amado e
querido. “Mãe, eis aí o teu filho” (Jo 19,27). Com o apóstolo João, fomos levados aos
braços de Maria, e ela nos acolheu em seu coração de Mãe. Assim como o apóstolo
fez, nós também somos convidados a levar Maria para nossas casas, sobretudo, para a
“casa” dos nossos corações.
Sabemos que Jesus é o único mediador entre Deus e nós. Ele é o centro e a razão
do nosso ser e existir. Maria não é o centro da fé, no entanto, ela tem uma função
muito especial na história da salvação. Por ela nutrimos uma filial devoção. Ela é
nossa advogada, socorro e auxiliadora.59 Portanto, promover a devoção e o culto a
Nossa Senhora, Mãe de Deus, da Igreja e de todos nós é missão de todo catequista.
Maria, Mãe, Mestra e Imaculada educa o catequista à plenitude da doação, da
disponibilidade e do comprometimento. Capacita para a missão profeticamente
destinada ao povo amado de Deus. O catequista nutre para com ela devoção filial.
Maria, Mãe de Deus e da Igreja, inspiradora e incentivadora da missão profética
dos que exercem o ministério catequético nas comunidades paroquiais, é o modelo de
espiritualidade para a qual cada catequista é chamado a viver com simplicidade,
generosidade, disponibilidade e autenticidade.
Para responder:
1. Quais são os dez elementos fundamentais da espiritualidade do catequista?
2. Por que a Bíblia é a fonte da espiritualidade cristã?
3. Por que Jesus tem de ser o centro da espiritualidade do catequista?
4. O que significa para você ser “hóstia viva” nos dias de hoje?
5. O que você entende por ver as pessoas e o mundo com os “olhos de Deus”?
15 F. CATÃO, Espiritualidade cristã, Valência (Espanha), Siquem, São Paulo, Paulinas, 2009, p. 25.
21
16 Ibid., p. 25.
17 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese
(DNC), Brasília, Edições CNBB, n. 98-101.
18 F. CATÃO, Espiritualidade cristã, Valência (Espanha), Siquem, São Paulo, Paulinas, p. 25.
19 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese
(DNC), Brasília, Edições CNBB, n. 126.
20 F. CATÃO, Espiritualidade cristã, Valência (Espanha), Siquem, São Paulo, Paulinas, p. 25.
21 P. SCIANDINI, Espiritualidade do avental, São Paulo, Loyola, 2007, p. 73.
22 BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini sobre a Palavra de Deus na vida e na
missão da Igreja, São Paulo, Paulinas, 2010, n. 51.
23 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese (DNC),
Brasília, Edições CNBB, n. 106.
24 Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Sagrada Escritura na
Igreja, n. 22-25.
25 BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini, sobre a Palavra de Deus na vida e na
missão da Igreja, São Paulo, Paulinas, 2010, n. 30.
26 Sobre esse importante tema é bom reler o Diretório Nacional de Catequese sobre o valor das Sagradas
Escrituras na catequese (números 107-114). Também é útil para os catequistas consultarem esses outros
textos: CNBB-GRECAT, Crescer na leitura Bíblica. Estudos da CNBB 86, São Paulo, Paulus, 2003;Idem,
Ler a Bíblia com a Igreja: comentário didático popular à Constituição Dogmática Dei Verbum, São Paulo,
Paulinas/Paulus, 2004; Idem, Ouvir e proclamar a palavra: seguir Jesus no caminho. A catequese sob a
inspiração da Dei Verbum, Estudos da CNBB 91, São Paulo, Paulus, 2006.
27 CONSELHO ESPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Aparecida, São Paulo, Paulinas,
Paulus, Canção Nova, 2007, n. 247.
28 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese (DNC),
Brasília, Edições CNBB, 2006, n. 111.
29 Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada
Liturgia, n. 10.
30 JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, sobre a Eucaristia na sua relação com a
Igreja, São Paulo, Paulinas, 2013, n. 1-2.
31 Cf. H. R. DE CARVALHO, Missa: celebração do mistério pascal de Jesus, São Paulo, Salesiana, 2008,
p. 54.
32 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Aparecida, São Paulo, Paulinas,
Paulus, Canção Nova, n. 158.
33 Cf. H. R. DE CARVALHO, Missa: celebração do mistério pascal de Jesus, São Paulo, Salesiana, 2008,
p. 55.
34 J. ALDAZABAL, Vocabulário básico de Liturgia, São Paulo, Paulinas, 2013, p. 253.
35 F. R. SALVADOR, Compêndio de Teologia Espiritual, São Paulo, Loyola, 1996, p. 291-293.
36 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 2564.
37 P. SCIADINI, A pedagogia da direção espiritual, São Paulo, Loyola, 2006, p. 196.
22
38 Cf. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2700-2715.
39 J. ALDAZÁBAL, Vocabulário básico de Liturgia, São Paulo, Paulinas, 2013, p. 108.
40 J. DANIÉLOU, Símbolos cristãos primitivos, Porto Alegre, Kuarup, 1993, p. 125.
41 Cf. L. A. LIMA, “A cruz das jornadas mundiais da juventude”, em Revista de Catequese v. 34, n. 136,
2011, p. 36-39.
42 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 387.
43 Cf. Ibid., 1423-1424.
44 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Apa-recida, São Paulo, Paulinas,
Paulus, Canção Nova, 2007, n. 139.
45 Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Aparecida, São Paulo,
Paulinas, Paulus, Canção Nova, 2002, n. 138.
46 Cf. Ibid., n. 29.
47 FRANCISCO, Exortação Apostólica do Sumo Pontífice. Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho
sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, São Paulo, Paulus, Loyola, 2013, n. 21.
48 Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Aparecida, São Paulo,
Paulinas, Paulus e Canção Nova, 2007, n. 29.
49 CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo de hoje,
n. 200.
50 FRANCISCO, Exortação Apostólica do Sumo Pontífice. Evangelli Gaudium. A alegria do Evangelho
sobre o anúncio do evangelho no mundo atual, São Paulo, Paulus, Loyola, 2013, n. 263.
51 Cf. DIOCESE DE RIO BRANCO, Espiritualidade do animador de Comunidade, São Paulo, Paulus,
2002, p. 17.
52 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Apa-recida, São Paulo, Paulinas,
2007, n. 21.
53 Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, Documento de Aparecida, São Paulo,
Paulinas, Paulus, Canção Nova, 2007, n. 31.
54 Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, n. 15.
55 Cf. CONCILIO VATICANO II, Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, n. 2.
56 Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, n. 68.
57 Cf. CONFERÊNCIA EPISCOPAL LATINO-AMERICANA, Documento de Aparecida, n. 268-269.
58 Cf. CONCILIO VATICANO II, Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada
Liturgia, n. 5.
59 Cf. CONCILIO VATICANO II, Constituição Dogmática Lumen Gentium (Sobre a Igreja), n. 60-62.
23
Considerações finais
A vida cristã e a espiritualidade que dela nasce têm de ser para nós catequistas
uma graça, uma bênção e uma alegria sem fim. O catequista, pelo renascimento nas
águas batismais, tem a consciência de que é um sinal visível e portador do amor de
Deus para todas as pessoas.
O programa de vida de Jesus de Nazaré e de seus primeiros discípulos,
caracterizado pela prática de uma vida espiritual autêntica e intensa, deve ser também
o nosso programa de vida para uma autêntica vida espiritual comprometida.
O catequista, a exemplo de Jesus, Mestre e Senhor, tem consciência de que o seu
ser evangelizador e profundamente espiritual está comprometido com a pessoa e a
causa do outro, tornando sua espiritualidade uma fonte de serviço e doação sem
limites.
A espiritualidade vivida na perspectiva trinitária, isto é, tendo o Pai como fonte e
destino de todo bem, o Filho como sinal visível de salvação, e o Espírito Santo como
doador de todos os dons, faz com que o compromisso missionário de cada catequista
torne uma realidade vivida no meio da sociedade e da própria comunidade paroquial
onde está inserido.
A autenticidade da espiritualidade do catequista consiste na vivência do
seguimento de Jesus Cristo, na fidelidade ao Evangelho, na celebração e participação
dos sacramentos, no comprometimento e na prática do exercício da caridade, na
defesa e na luta pela verdade e justiça, bem como na preocupação e defesa nas obras
da criação etc.
A espiritualidade, como já mencionada no início deste livro, está no nosso modo
de ser, viver, falar e agir. É uma espiritualidade inteiramente focada em benefício do
outro; uma espiritualidade comprometida com o crescimento e bem-estar alheio,
levando em consideração o exemplo do Mestre e Senhor que viveu para servir e não
para ser servido (cf. Mc 10,45).
O catequista, profundamente humano, comprometido e devotado ao próximo,
professa sua fé no Jesus histórico, plenamente revestido da natureza divina. Por isso,
ele, o catequista, deve estar aberto e sintonizado com a realidade atual, sendo um
grande colaborador na transformação do mundo e da sociedade. Torna-se assim um
místico capaz de olhar, ver e enxergar o mundo e as pessoas com os “olhos de Deus”,
isto é, compreende que sua análise e compreensão do outro passa pelo critério da
bondade, da ternura e, sobretudo, da misericórdia.60
Enfim, os elementos fundamentais da espiritualidade cristã consistem no
seguimento de Jesus Cristo como fonte original e fundamental da espiritualidade, na
vivência da Palavra de Deus, na participação da Eucaristia e dos demais sacramentos,
na perseverança e vivência da oração, na compreensão de que a cruz é parte
24
integrante na vida de todo cristão, na busca da conversão contínua, no testemunho de
vida, pois esta dimensão é o distintivo daquele que segue Jesus como Senhor e
Mestre, na vivência da alegria e do otimismo como características marcantes da vida
alicerçada no Senhor Ressuscitado, na preocupação com a missão, pois o discípulo
missionário catequista é continuador da obra evangelizadora de Jesus e da Igreja e,
por fim, confiando na presença materna e educadora da Mãe de Jesus, o catequista
busca viver sua espiritualidade, despojando-se de si mesmo para ir ao encontro de
todos os que necessitam, sobretudo dos catequizandos.
60 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, Diretório Nacional de Catequese
(DNC), Brasília, Edições CNBB, 2006, n. 140-141.
25
Bibliografia
ALDAZÁBAL, J. Vocabulário básico de Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2013.
BETTO, F. Fome de Deus. Fé e espiritualidade no mundo atual. São Paulo: Paralela, 2013, p. 17.
BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini, sobre a Palavra de Deus na vida e na
missão da Igreja. São Paulo: Paulinas, 2010.
BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1998.
CARVALHO, H. R. Missa: celebração do mistério pascal de Jesus. São Paulo: Salesiana, 2008.
CASALDÁLIGA, P. Nossa espiritualidade. São Paulo: Paulus, 2008.
CATÃO, F. Espiritualidade cristã. Espanha-Valência/São Paulo: Siquem/Paulinas, 2009.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola/Paulus, 1993.
CENTRO CATEQUÉTICO DIOCESANO DE OSASCO. Espiritualidade do catequista. 9ª edição. São
Paulo: Paulus, 2009 (Cadernos Catequéticos 10).
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Brasília: CNBB, 2006.
CNBB-DIMENSÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA, “A espiritualidade do catequista. Um subsídio para os
catequistas debase cultivarem sua espiritualidade”. In: Revista de Catequese, v. 20, n. 79, julho-setembro,
1997, p. 41-44.
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida. São Paulo: Paulus, 2007.
DANIÉLOU, J. Símbolos cristãos. Porto Alegre: Kuarup, 1993, p. 125.
DIOCESE DE RIO BRANCO. Espiritualidade do animador de Comunidade. São Paulo: Paulus, 2002.
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II, São Paulo: Paulus, 1997.
FRANCISCO. Exortação Apostólica do Sumo Pontífice. Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho sobre o
anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulus, Loyola, 2013.
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.
São Paulo: Paulinas, 2003.
LIMA, L. A. “A cruz das jornadas mundiais da juventude”. In: Revista de Catequese, v. 34, n. 136, outubro-
dezembro, 2011, p. 36-38.
MATOS, H. C. J., SATLER, F. A. Iniciação à Espiritualidade cristã para leigos. Belo Horizonte: ed. O
Lutador, 2008.
MONDONI, D. Teologia da Espiritualidade cristã. São Paulo: Loyola, 2000.
SCIADINI, P. A pedagogia da direção espiritual. São Paulo: Loyola, 2006.
__________. Espiritualidade do avental. São Paulo: Loyola, 2007.
SALVADOR, F. R. Compêndio de Teologia espiritual. São Paulo: Loyola, 1996.
26
Direção editorial
Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de desenvolvimento digital
Erivaldo Dantas
Assistente editorial
Jacqueline Mendes Fontes
Revisão
Iranildo Bezerra Lopes
Caio Pereira
Mario Roberto de M. Martins
Manoel Gomes da Silva Filho
Capa
Marcelo Campanhã
Imagem da capa
Laíde Sonda
Desenvolvimento digital
João Paulo da Silva
Conversão ePUB
PAULUS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Carvalho, Humberto Robson de
Elementos fundamentais da espiritualidade do catequista [livro eletrônico] / Humberto Robson de Carvalho. — São Paulo: Paulus, 2014.
857 Kb; ePUB
Bibliografia
eISBN 978-85-349-4008-5
1. Catequistas - Vida religiosa 2. Espiritualidade 3. Igreja Católica - Educação
I. Título.
14-03664 CDD-248.8
Índices para catálogo sistemático:
1. Catequistas: Espiritualidade: Cristianismo 248.8
© PAULUS – 2014
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627
Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br
editorial@paulus.com.br
eISBN 978-85-349-4008-5
27
28
Scivias
de Bingen, Hildegarda
9788534946025
776 páginas
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Scivias, a obra religiosa mais importante da santa e doutora da Igreja
Hildegarda de Bingen, compõe-se de vinte e seis visões, que são
primeiramente escritas de maneira literal, tal como ela as teve, sendo, a
seguir, explicadas exegeticamente. Alguns dos tópicos presentes nas visões
são a caridade de Cristo, a natureza do universo, o reino de Deus, a queda do
ser humano, a santifi cação e o fi m do mundo. Ênfase especial é dada aos
sacramentos do matrimônio e da eucaristia, em resposta à heresia cátara.
Como grupo, as visões formam uma summa teológica da doutrina cristã. No
fi nal de Scivias, encontram-se hinos de louvor e uma peça curta,
provavelmente um rascunho primitivo de Ordo virtutum, a primeira obra de
moral conhecida. Hildegarda é notável por ser capaz de unir "visão com
doutrina, religião com ciência, júbilo carismático com indignação profética, e
anseio por ordem social com a busca por justiça social". Este livro é
especialmente significativo para historiadores e teólogas feministas. Elucida
a vida das mulheres medievais, e é um exemplo impressionante de certa
forma especial de espiritualidade cristã.
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Santa Gemma Galgani - Diário
Galgani, Gemma
9788534945714
248 páginas
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Primeiro, ao vê-la, causou-me um pouco de medo; fiz de tudo para me
assegurar de que era verdadeiramente a Mãe de Jesus: deu-me sinal para me
orientar. Depois de um momento, fiquei toda contente; mas foi tamanha a
comoção que me senti muito pequena diante dela, e tamanho o
contentamento que não pude pronunciar palavra, senão dizer, repetidamente,
o nome de 'Mãe'. [...] Enquanto juntas conversávamos, e me tinha sempre
pela mão, deixou-me; eu não queria que fosse, estava quase chorando, e
então me disse: 'Minha filha, agora basta; Jesus pede-lhe este sacrifício, por
ora convém que a deixe'. A sua palavra deixou-me em paz; repousei
tranquilamente: 'Pois bem, o sacrifício foi feito'. Deixou-me. Quem poderia
descrever em detalhes quão bela, quão querida é a Mãe celeste? Não,
certamente não existe comparação. Quando terei a felicidade de vê-la
novamente?
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32
DOCAT
Youcat, Fundação
9788534945059
320 páginas
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Dando continuidade ao projeto do YOUCAT, o presente livro apresenta a
Doutrina Social da Igreja numa linguagem jovem. Esta obra conta ainda com
prefácio do Papa Francisco, que manifesta o sonho de ter um milhão de
jovens leitores da Doutrina Social da Igreja, convidando-os a ser Doutrina
Social em movimento.
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34
Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição
Pastoral
Vv.Aa.
9788534945226
576 páginas
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A Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição Pastoral oferece um texto
acessível, principalmente às comunidades de base, círculos bíblicos,
catequese e celebrações. Esta edição contém o Novo Testamento, com
introdução para cada livro e notas explicativas, a proposta desta edição é
renovar a vida cristã à luz da Palavra de Deus.
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A origem da Bíblia
McDonald, Lee Martin
9788534936583
264 páginas
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Este é um grandioso trabalho que oferece respostas e explica os caminhos
percorridos pela Bíblia até os dias atuais. Em estilo acessível, o autor
descreve como a Bíblia cristã teve seu início, desenvolveu-se e por fim, se
fixou. Lee Martin McDonald analisa textos desde a Bíblia hebraica até a
literatura patrística.
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Índice
Apresentação 4
Introdução 5
1. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DA
ESPIRITUALIDADE 7
2. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA ESPIRITUALIDADE
DO CATEQUISTA 11
1. Jesus Cristo, Mestre e Senhor 11
2. A Palavra de Deus 13
3. A Eucaristia 14
4. A oração 15
5. A cruz 16
6. A conversão 17
7. O testemunho 17
8. Alegria e otimismo 18
9. A missão 19
10. Maria, discípula e catequista 20
Considerações finais 24
Bibliografia 26
38
	Apresentação
	Introdução
	1. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DA ESPIRITUALIDADE
	2. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA
	1. Jesus Cristo, Mestre e Senhor
	2. A Palavra de Deus
	3. A Eucaristia
	4. A oração
	5. A cruz
	6. A conversão
	7. O testemunho
	8. Alegria e otimismo
	9. A missão
	10. Maria, discípula e catequista
	Considerações finais
	Bibliografia

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