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2
ÍNDICE
Capa
Rosto
Apresentação
1º dia
2º dia
3º dia
4º dia
5º dia
6º dia
7º dia
8º dia
9º dia
10º dia
11º dia
12º dia
13º dia
14º dia
15º dia
16º dia
17º dia
18º dia
19º dia
20º dia
21º dia
22º dia
23º dia
24º dia
25º dia
26º dia
27º dia
28º dia
29º dia
30º dia
Sobre o Autor
Coleção
Ficha Técnica
3
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APRESENTAÇÃO
Um dos biógrafos de Rita, frade Agostinho Cavalluci, anotou com precisão e
beleza admirável: “A oração de Rita era tão agradável a Deus, que ela obtinha
tudo o que pedia”. Santa Rita, conhecida como a santa dos casos impossíveis,
faz com que, diante dos nossos limites, dificuldades, tristezas, tragédias,
mágoas, desacertos e impossibilidades, olhemos para ela, a fim de
encontrarmos as respostas que tanto procurávamos. Em meio aos problemas
da vida, podemos escolher um bom lugar para ficar, ou seja, no coração terno
e materno de Santa Rita, a santa que age na impossibilidade para trazer a
bênção de Deus a cada um de nós.
Considero Rita um dom de Deus para a Igreja. No entanto, é preciso
salientar que todo dom é comunitário. Nesse sentido, precisamos afugentar
todo e qualquer sentimento de narcisismo cristão. Tudo o que somos e temos é
dado por Deus e, por isso, não pertence a nós, mas à comunidade, isto é, ao
Corpo de Cristo. Rita é modelo exemplar de alguém que não se economizou
para Deus. Dedicou sua vida, seu tempo, sua saúde, seus dons e competências
para tornar a Igreja e o mundo melhores. Era completamente de Deus!
Além disso, dom também significa serviço. Somos abençoados por Deus
para que a bênção alcance outras pessoas. Exatamente por isso não podemos
sonegar aos demais aquilo que Deus nos concedeu.
Parece-me que Rita foi vocacionada para a santidade. Ela, do início ao fim
de sua vida, trazia as marcas da presença de Deus. A santidade dela foi
marcada pela cotidianidade. Rita, insistentemente, nos faz perceber que Deus
se revela a nós no dia a dia. Vivenciamos nossas experiências com Deus nos
locais mais comuns possíveis: na família, na escola, no trabalho, no encontro
com os amigos etc. Ela seguia seu caminho com as palavras do apóstolo Paulo
bem gravadas em seu coração: “os olhos jamais viram, os ouvidos jamais
ouviram, e os corações jamais sentiram o que preparei para você” (1Cor 2,9).
Nos passos de Santa Rita de Cássia coloca você diante de uma experiência
espetacular. Durante 30 dias, você terá a oportunidade de conhecer e viver de
perto o cotidiano de uma discípula e missionária de Jesus. Cada dia, você
perceberá a maneira pela qual Deus falava com Santa Rita e, também, as
múltiplas maneiras como ela fala conosco. Nela, encontramos um modelo de
vida. Convido-o, portanto, a seguir os seus passos. Porém, não seja como
aqueles que a seguem a distância. Aproxime-se e seja um daqueles que é
presenteado com a rosa de Santa Rita.
4
1º dia
ILUMINAÇÃO
Não precisamos de asas para voar.
Mensagem
Viver é um risco. É impossível prever o próximo dia, que dizer dos
próximos anos! Mas, quando olhamos para o futuro de nossas vidas, sempre
tentamos vê-lo através da lente do ideal. E, dessa forma, dores e sofrimentos,
fracassos e aridez são descartados como se fôssemos imunes a eles.
Rita não pensava sua vida a partir do ideal. Ao contrário, vivenciava seus
dias mesmo que o conteúdo de cada um deles não fosse o desejado. Não
desejamos a dor, mas, infelizmente, ela pode se apresentar com toda a sua
crueza e virulência em algum momento de nossas vidas.
A vida de Santa Rita se desenvolveu nas situações mais difíceis e aflitivas
que podemos imaginar. No lugar dela, muitos certamente teriam desistido.
Vale a pena viver mesmo em meio à aridez do deserto? Rita diria que sim. Um
retumbante sim! Não negava suas histórias de vida, vividas no calor e nos
perigos do deserto da vida, e, de certo modo, procurava em seus próprios
passos apresentar respostas aos seus dilemas. Certamente ela não fugia das
contradições da vida. Pode-se dizer que as contradições da vida, por mais força
que tivessem, encontravam em Rita uma grande adversária. Nela reside uma
força que é superior a quaisquer obstáculos. Que força reside e atua em nós e
por nós?
Resistir sempre, fugir ou recuar, jamais. Nela encontra-se a marca
formidável e admirável da perseverança. Muitos aprenderam a virtude da
perseverança apenas em momentos em que tudo está bem. O vento sopra a
favor e, dessa forma, nos sentimos fortalecidos, nos sentimos as melhores das
pessoas. Mas será que estamos preparados para as súbitas mudanças de vento
e tempestades que se aproximam em alto-mar? Ventos contrários nos
assustam e, imediatamente, sentimos o perigo do naufrágio. Onde se encontra
agora a virtude da perseverança?
Rita nos ensina a caminhar apesar das circunstâncias. Nela e com ela
aprendemos que é importante continuar caminhando apesar das contradições
e do sofrimento. Ela poderia muito bem nos dizer que é possível suportar a
solidão na melhor companhia e que Deus se faz presente mesmo quando a
noite escura se aproxima.
Jamais a vemos arrebatada pela tristeza. Não que eventos tristes não
ocupassem sua vida. Sabemos muito bem de suas trágicas experiências.
5
Todavia, ela gerenciava exemplarmente seu coração a fim de não alojar nele –
como um hóspede indesejável – a tristeza. Ao não se deixar dominar pela
tristeza, preenchia sua vida com porções generosas de alegria.
Desistimos com grande facilidade de nossos projetos. E não somente
desistimos, mas também temos respostas prontas e acabadas para explicar os
motivos da desistência. Somos mestres em dar desculpas esfarrapadas.
Passamos boa parte da vida procurando “bodes expiatórios” que nos livrem do
sentimento de culpa. Esquecemo-nos por completo que não caminhamos
apenas por estradas completamente aplainadas. Certamente não podemos nos
reduzir a homens e mulheres que sabem caminhar em apenas um tipo de
terreno. As estradas, os caminhos são múltiplos, mas os pés são sempre os
mesmos. Caminhar é preciso, pois nossos alvos se encontram sempre à nossa
frente.
Todos aqueles que não perseveram petrificam seus sonhos e, petrificando
seus sonhos, comprometem a própria vida.
Oração
“Permite-me, Senhor Jesus, que meus passos façam o caminho. Ensina-me a
ser perseverante e a encontrar no Senhor a força irresistível daqueles que
chegam ao final.”
6
2º dia
ILUMINAÇÃO
Quando todas as luzes exteriores se apagam, começa a brilhar a mais
forte e intensa luz em meu interior: Jesus.
Mensagem
Era o ano de 1381, quando nasceu uma pequena menina que foi batizada
por seus pais com o nome Margherita. Sua cidade natal, na verdade um
pequeno povoado na cordilheira dos Apeninos, era chamado de Roccaporena,
e ficava a 145 km de Roma. Naquela época, seu nome evocava tanto o símbolo
de uma flor quanto de uma pérola. Imagem fantástica: uma flor nascia para o
mundo. Seu perfume haveria de se espalhar pelos quatro cantos da terra e
levar pessoas a cultivarem a mais bela das flores em seus corações. Até hoje
seu símbolo é a rosa.
Profundamente marcante é a sua presença diante de Deus. Jamais podemos
nos esquecer de que os santos são frutos de sua própria época. Eles possuem
hora e local. São homens e mulheres que trilharam os caminhos desse mundo
e a eles respondiam. Os santos não eram seres estranhos à realidade do dia a
dia. Foram escolhidos pelo próprio Deus para fazer diferença em épocas em
que tudo parecia muito igual. Escolhida para fazer diferença. Na verdade,
devemos nos conscientizar de que somos chamados por Deus para ser
diferentes e não esquisitos aos olhos daqueles que não conhecem a Jesus.
Devemos marcar os locais por onde passamos, vivemos, moramos, estudamos
e trabalhamos como pessoas que foram tocadas e transformadas por Deus.
“Ali vai um homem/mulher de Deus” deveria ser a frase mais escutada por
nós.
Rita não foi um anjo que desceu do céu. Era uma mulher de carne e osso
forjada no calor das tragédias e dores incômodas. Santos não são anjos. São
santos porque são humanos. Deus escolhe santos na terra. Todos elessão
forjados a partir do quotidiano. O dia a dia é inerente a eles e, por isso, vivem
a expectativa do encontro com Deus todos os dias. Sabem que Deus se revela
na história, na vida e, a partir da vida, a fim de transformá-la para melhor.
Ela poderia passar despercebida numa multidão. Era provavelmente de
estatura baixa, 1,50 m, magra, de rosto arredondado e juvenil. Pequena de
estatura, mas gigante na fé. Algo nela chamava a atenção de todos, ou seja,
sabiam que ela andava com Deus. As pessoas que andam com Deus são
diferentes. Nelas, a glória de Deus se manifesta e se espalha para todos os
cantos e recantos. Rita, na verdade, transbordava de Deus. Seria impossível
7
esconder o Deus que brilhava desde o seu interior.
Impressiona que Rita tenha vivido 76 anos – sua infância e juventude, os
anos de casada e os de viúva, durante aproximadamente 36 anos (em
Roccaporena), e outros 40 anos (em Cássia) como monja – reclusa à pequena e
montanhosa região da Úmbria. Apenas uma vez viajou a Roma, possivelmente
em 1450, com o objetivo de obter a indulgência plenária. Um mundo tão
pequeno abalou o mundo de todas as outras pessoas. Rita era, desde o
começo, maior do que o seu próprio mundo. Mas se ela abalou o mundo de
sua época foi porque o seu próprio mundo interior já havia sido abalado,
profundamente abalado, por Deus.
Oração
“Ajuda-me, Santa Rita, a plantar flores no jardim do meu coração. Que o
aroma suave que vem de ti alegre a minha vida.”
8
3º dia
ILUMINAÇÃO
O caminho do perdão não é apenas o melhor caminho, mas o único.
Mensagem
Santa Rita é chamada, e com toda razão, de advogada das causas
impossíveis, isto é, das causas desesperadas. A impossibilidade somente existe
por causa da possibilidade. E por que não dizer que toda impossibilidade se
encontra plenamente e necessariamente grávida de uma possibilidade?
Deus dos impossíveis. Não há lugar para dúvida: somos, sem exceção, seres
limitados, mortais e finitos. Temos saúde, mas não a plenitude da saúde.
Vivemos, mas a eternidade não se espalha por tempo e espaço. Hoje somos
jovens e amanhã envelheceremos. Todavia, em nossa limitação temos a
possibilidade de olhar para além de nós mesmos. Aqueles que têm a percepção
de sua própria limitação e vivem olhando constantemente e aprisionadamente
para seus limites tornam-se reféns de si mesmos e de uma vida que não se
abre para o futuro. Não há problema em ser limitado, desde que tenhamos a
grata satisfação de saber que o Deus que nos acompanha é ilimitado. Nossa
fraqueza repousa fundamentalmente no poder de Deus. A presença poderosa
de Deus em nossas vidas nos leva para além de quaisquer limites.
A vida de Rita é marcada por avalanches de impossibilidades. Nela não há
forças para superar os obstáculos. Os tsunamis da vida sempre são superiores à
maior de nossas forças. Possivelmente, Rita sorria diante das impossibilidades.
Para ela, nada poderia ser maior, mais alto, mais forte, mais profundo do que
o amor de Deus. Em seu coração residia a certeza inabalável de que Deus não
era um ser distante, inalcançável e frio. Sua experiência com Deus era
marcada pela proximidade pessoal. Seu coração ardia em fogo por causa da
presença de Deus.
Ajoelhada diante de Deus, Rita se tornava um gigante. A beleza da imagem
nos faz pensar: como poderíamos ser chamados de gigantes se estamos de
joelhos? Não seria essa justamente a posição daqueles que são derrotados e
humilhados?
Rita vivia de joelhos. Não existe outra posição para nós diante das situações
que consideramos como desesperadoras. A força e o transtorno do desespero
levam muitos a fugir da própria vida. Rita nos ensina que enfrentamos o
desespero da dor e o transtorno da tragédia em atitude de oração.
Santa Rita intercede pelas causas impossíveis. Ela sabe que em Deus
encontramos o pleno “sim”. A impossibilidade humana, para Santa Rita, deve
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ser, sempre e necessariamente, contraposta ao poder de Deus. Não
precisamos ser fortes, precisamos, sim, viver na presença de Deus e estar
abertos à graça que se derrama generosamente dele para nós e através de nós.
Diante de Santa Rita apresentamos as nossas necessidades. Existe muito
mais maturidade naquele que sabe reconhecer seus limites e deficiências para,
humildemente, pedir a Santa Rita que faça algo quando todos não mais
acreditam que uma mudança possa acontecer. Nunca pare de pedir ajuda. Não
podemos ser reféns da síndrome da autossuficiência. A síndrome da
autossuficiência tem a capacidade de nos isolar e nos afastar daquela que
poderá, finalmente, nos ajudar.
Oração
“Conheço, meu Deus, minhas limitações. Coloca-me diante de ti para que teus
milagres me invadam. Ó Santa Rita dos casos impossíveis, caminha ao meu
lado!”
10
4º dia
ILUMINAÇÃO
A força da impossibilidade é facilmente derrotada pela presença da Santa
dos casos impossíveis.
Mensagem
Santa Rita é sempre retratada com um espinho na fronte. Nele, é possível
recordar o estigma gravado por Deus, em resposta a um pedido que ela havia
feito, devido a sua devoção à paixão do Senhor.
Certa vez, em 1442, numa Sexta-feira santa, as irmãs foram à igreja Santa
Maria do Povo. Naquela oportunidade, o sermão foi proferido pelo frei
Giácomo della Marca. A homilia dizia respeito ao martírio final de Jesus e de
suas últimas palavras. No entanto, frei Giácomo foi tomado de súbita paixão e
realismo e caiu em lágrimas, levando os fiéis que lotavam a igreja a chorarem
também. Rita ficou impressionadíssima com o sermão que ouvira. Colocou-se
em incessante oração diante da imagem de Cristo crucificado. Ali, no interior
do convento, queria sofrer as dores de Cristo. Pediu intensamente a Jesus
Cristo que lhe desse a graça de sentir em seu corpo a dor que ele tinha sentido,
com um dos espinhos de sua coroa. Nesse momento de grande devoção, um
espinho da coroa do crucificado, ao cair, cravou-se em sua fronte. A dor era
intensa e a ferida permaneceu nela durante os últimos 15 anos de sua vida.
Além da dor, a ferida exalava um odor repugnante que a obrigava a ficar
reclusa em sua cela todo o tempo. Na intensidade de seu amor e de sua
compaixão por Jesus Crucificado, ela quis partilhar as penas que ele havia
sofrido na paixão.
A partir daquele momento, Rita trazia em seu corpo uma marca da
presença e atuação de Deus em sua vida. Ela não somente conhecia a Deus,
mas também era por Deus conhecida. Todavia, a marca não fazia de Rita
alguém mais especial ou mais importante do que as outras. Apenas reforçava
seu compromisso com a santidade e o serviço desinteressado. Era um sinal
inegável de que o amor dela por Jesus não conhecia limites ou fronteiras. Ela
não desejava ser maior nem menor. Apenas desejava servir.
Lembra-se de Jacó, que lutou com Deus dizendo que não o deixaria
enquanto não fosse abençoado? “Vendo que não conseguia dominá-lo, o
homem tocou a coxa dele, de modo que o tendão da coxa de Jacó se deslocou
quando lutava com ele. Então o homem disse: ‘Solte-me, pois a aurora está
chegando’. Jacó respondeu: ‘Não o soltarei, enquanto você não me abençoar’.”
Quais as marcas que trazemos em nossos corpos e em nossas vidas como
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discípulos de Jesus? Estigma é um sinal visível a crentes e não crentes, por
meio do qual nos são recordados os sofrimentos que o Senhor passou por nós.
Nos santos, o sinal faz com que eles participem da realidade do Senhor em sua
paixão.
A experiência de Rita é como um rio que divide sua vida. A partir daquele
momento, não mais seria possível olhar para ela e não constatar que ela havia
andado com Jesus. Seu próprio corpo a denunciava. Sua vida era uma
declaração total de que Jesus estava com ela. Penso, também, nas marcas que
trazemos em nossas vidas. Não há necessidade de sermos também
estigmatizados. Mas, com toda certeza, nossas vidas devem demonstrar as
consequências de andarmos com Jesus.
O coração de Rita é inundado de compaixão e de solidariedade. Ao olhar
para o Cristo crucificado, ela não consegue permanecer do mesmo jeito. Ali,
naquela cruenta cruz e sofrendo terrível martírio, está o seu Cristo. E,mais do
que isso, ela reconheceu que Jesus, solidariamente e amorosamente, assumiu
em seu lugar aquele lugar, aquela cruz.
Oração
“Faz-me, Santo Cristo, participar das tuas dores, assim como participo da tua
salvação.”
12
5º dia
ILUMINAÇÃO
Em meio às turbulências e tragédias da vida não existe melhor refúgio do
que a oração.
Mensagem
Como responder às tragédias? A partir de seu sofrimento Rita mantinha a
esperança viva. Ninguém em sã consciência e deliberadamente escolheria
viver em meio às tragédias. Contrariamente, todos desejamos nos afastar delas
e, quem sabe, evitá-las o máximo que pudermos.
Mas é impossível controlar cientificamente nossas vidas. Teimosamente as
tragédias emergem quando menos esperamos e nos lança ao chão. Perdemos
a noção da vida, do futuro, e o presente já não parece mais o mesmo. Não
podemos negar as tragédias porque elas nos atingem com brutalidade
avassaladora. Mas podemos, isso sim, reconhecer que elas são episódicas, isto
é, elas estão marcadas pelo que é passageiro. Não existe nelas o gene da
permanência. Com isso em mente, podemos, mesmo em meio à turbulência,
caminhar.
Por outro lado, também podemos nos preparar para as futuras tragédias.
Como? Alimentando-nos com porções generosas de esperança. Rita
certamente reconheceria que a esperança é mais forte e eficaz do que a
tragédia. Se a tragédia nos derruba, a esperança nos reergue; se a tragédia
machuca nosso corpo e alma, a esperança é como o bálsamo suave que
percorre corpo e alma curando-os; se a tragédia banaliza a vida, a esperança
valoriza o que temos de mais precioso.
Rita, ainda que sofresse, não se limitava a reduzir sua vida às dores e
possível falta de perspectivas. Contrariamente à experiência de Rita, muitos de
nós nos transformamos em reféns do sofrimento. Vivemos constantemente de
lamúria em lamúria. Transformamos o lamento e a dor em pão diário e, assim,
reduzimo-nos a cada dia. São tantos aqueles que encontramos pelo caminho
que vivem sempre reclamando da vida. Não importa se você encontrar essa
pessoa de segunda a segunda. Sempre que perguntar a ela como está a vida,
ela responderá reclamando que algo não vai bem. Você conhece alguém
assim? Às vezes é preciso levantar mesmo quando levantar não é fácil.
Diante das tragédias, Rita buscava suas respostas em Deus. Nele encontrava
firme e inabalável socorro em dias maus. Quando a tragédia nos encontrar,
pelo menos estejamos de joelhos. Já pensou que a oração é o pão diário que
nos alimenta em dias maus? Imagino que a deficiência espiritual de muitos
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esteja intrinsecamente ligada à falta de oração. Como poderemos ser robustos
na fé se negligenciamos a oração? Existe um refúgio que se chama oração. E,
na verdade, um refúgio que sempre está à nossa disposição. A oração para nós
deveria ser vista como uma casa de refúgio, um abrigo seguro diante das
perturbações trágicas da vida. Orar, por conta disso, nos leva ao mais profundo
de Deus. Exatamente no lugar onde podemos dormir feito uma criança no colo
de sua mãe.
Oração
“Jesus, minha esperança e minha vida, torna-me forte ao me transformar em
um contigo.”
14
6º dia
ILUMINAÇÃO
“...que ninguém trabalhe para si mesmo, mas todos os vossos trabalhos
tendam para o bem comum, e com maior empenho e mais ardente
tenacidade, como se cada um esteja fazendo para si mesmo” (Santo
Agostinho).
Mensagem
Rita nos ensina a colocar uma vírgula quando todos desejam colocar um
ponto final. Ela era obcecada pela salvação e humanização das pessoas.
Existem muitas formas de ver a vida. Entre elas, maneiras inadequadas que,
ao invés de projetar o desejo do bem e da salvação para as pessoas, faz
exatamente o contrário. Muitos são aqueles que negativizam a si mesmos e, de
forma consequente, replicam esse negativismo em tudo o que fazem. Pessoas
marcadas e possuídas pelo lado negativo da vida refletem sombra ao seu
redor, impedindo, assim, os raios de luz.
Rita é farol que brilha na mais escura noite. Tudo pode parecer inadequado,
inconstante e perigoso para ela mesma. Todavia, como que se recusando a se
perder em meio ao nevoeiro de problemas, ela simplesmente ilumina o
caminho dos outros iluminando-se a si mesma. Luz intensa brilha de dentro
para fora em sua vida e, por isso, ela tem a capacidade de caminhar pela noite
escura da alma como se fosse dia.
É significativo pensar que a atitude que assumimos diante dos fatos ruins da
vida faz toda a diferença. Não temos controle, em hipótese alguma, sobre
todas as coisas que nos acontecem. Mas, se não podemos controlá-las,
podemos, sim, gerenciar nossas atitudes relativamente às coisas ruins. Talvez
esse seja o grande problema da maioria de nós. Somos rápidos e ágeis em
gerenciar a vida dos outros e nos esquecemos da nossa própria vida; queremos
cuidar das demais pessoas enquanto o nosso mundo pessoal desmorona
completamente.
O medo do medo nos aprisiona e paralisa nossos pés. E, dessa forma, já
não mais caminhamos. Permanecemos parados e impermeabilizamos nossos
sonhos. Pensamo-nos mais fracos e carregamos dentro de nós o espírito de
derrota. Se muitos se apequenam diante dos problemas, Rita nos ensina a nos
agigantar. A esperança que brilha em nosso interior é a chave que nos liberta.
Trazemos, portanto, dentro de nós a grande possibilidade que tanto
desejávamos: a chave que nos leva ao encontro da liberdade!
É preciso acreditar e, mais do que isso, viver a experiência de Rita e com
15
Rita. Ela era livre para acreditar que Deus fazia diferença em sua vida. Nela
não havia espaço para a incredulidade. Ela sabia em quem acreditava! Sua fé
estava bem ancorada, e nada, nem mesmo os problemas, poderia alterar o
fundamento de sua fé. Uma fé que a levava a continuar caminhando mesmo
quando seus pés estavam como que paralisados de medo.
Oração
“Santa Rita, ensina-me a encontrar o caminho da liberdade quando tudo
parece muito confuso. Dá-me luz e afugenta as noites escuras que me
assombram e causam tanto medo.”
16
7º dia
ILUMINAÇÃO
“Se sofremos com ele é para sermos com ele glorificados” (Rm 8,17).
Mensagem
Rita deixou-se modelar completamente pela ação do Espírito Santo.
Considerava-se barro nas mãos do oleiro. Não tinha receio de se entregar a
Deus. Confiava plenamente sua vida àquele que considerava o Deus dos
deuses. Muito possivelmente, Rita se lembrava das palavras que o profeta
Jeremias havia escutado do próprio Deus: “Como barro nas mãos do oleiro,
assim estão vocês em minhas mãos” (Jr 16,6).
Possivelmente, Rita era sabedora de que o espírito de prepotência
desumaniza, mas que a virtude da humildade, além de humanizar a própria
pessoa, humaniza suas relações interpessoais. Ela poderia dizer com os lábios
cheios de amor: “Sou um vaso de barro nas mãos de Deus, por isso, quebra a
minha vida e faze-a de novo”. Sentia-se de Deus e que a sua vida somente
tinha sentido junto a Deus. Jamais se pensou distante dele, ao contrário, seu
maior e ardente desejo era o de se encontrar definitivamente com Deus.
A relação que ela nutria com Deus era de dependência extrema. De que
valeria viver sem Deus em seu coração? No entanto, para ela não bastava a
presença de Deus. Era necessário se transformar a cada dia naquilo que Deus
desejava. Deus não poderia ser um enfeite para ela, ainda que bonito,
pendurado em algum recôndito de seu coração. Não pense que Rita conhecia
Deus apenas de ouvir falar. Deus não era para ela uma hipótese. Ela, de fato,
experimentava Deus em seu dia a dia. Sua vida era definida a partir da
experiência pessoal com Deus. Devemos fazer memória da experiência de Jó
quando teve a coragem de afirmar: “Antes eu somente o conhecia de ouvir
falar, mas hoje meus olhos o contemplam”.
Por que temos receio de nos entregar a Deus? Às vezes, tenho a nítida
impressão de que, em vez de um Deus oleiro, preferiríamos um Deus fantoche.
No primeiro caso, ele é o sujeito da ação, e nós, o barro que será modelado
segundo sua vontade soberana. No segundo, a posição se inverte
drasticamente, somos nós o sujeito e Deus passa a ser um boneco manipuladoconforme nossos próprios interesses. Nós, que fomos feitos à imagem e
semelhança de Deus e não o contrário! Mas, tragicamente, nos esquecemos
dessa verdade e caminhamos como se fôssemos os donos da verdade. Nosso
relacionamento com Deus passa a ter as marcas do que é utilitário. Nada mais
triste: definimos nosso relacionamento com Deus somente se ele for útil para
17
nós. Caso contrário, ele também passa a ser mais um item descartável em
nossas vidas.
Maior era aquele que estava nela. A certeza inabalável da fé que
encontramos em Rita é impressionante. Ela tem plena consciência da
enormidade de Deus e, com essa experiência, todos os seus problemas,
mesmo que a princípio se apresentassem gigantes, eram eliminados um a um
pela presença de um Deus que é maior, muito maior do que o maior dos
nossos problemas.
Oração
“Nada sou sem ti, meu Deus. Tudo sou a partir de ti, e somente me completo
mergulhando plenamente em ti.”
18
8º dia
ILUMINAÇÃO
Quero ardentemente dissolver-me para fundir-me contigo.
Mensagem
Imagino Santa Rita com os olhos fixos na cruz de Cristo. O que ela via que
tanto incendiava seu coração? Mas a pergunta que mais me incomoda é aquela
que se refere a nós: o que deixamos de ver, quando contemplamos a cruz de
Cristo, que faz com que nossos corações continuem frios? Por que em nossos
corações não arde um fogo tão grande que nos consuma no altar de Deus? Não
podemos nos pensar como cristãos “icebergs” que vivem friamente sua relação
com Deus.
Penso logo nos discípulos a caminho de Emaús. Dois deles caminhavam
tristemente. Saíam de Jerusalém como fugitivos da situação caótica da cidade,
bem como de si mesmos. Também deixavam na cidade toda a esperança que
haviam construído até então. De repente, os acontecimentos vieram
abruptamente e com força sobre-humana, enterrando de vez os melhores
sonhos que acalentavam. Nada mais restava para eles a não ser o lamento.
Pelo menos, poderiam pensar: “Boas lembranças ficarão permanentemente
gravadas em nossas mentes”. Mas pode o ser humano se alimentar apenas de
lembranças?
No caminho da vida, tanto no deles quanto no nosso, Jesus se apresenta
como amigo entre amigos e segue o caminho junto, conversando sobre a vida
e seus desastres precipitados. Conversas vão e vêm e, ao final, Jesus se dá a
conhecer na partilha do pão. Todavia, antes da partilha do pão, algo já
acontecia no coração daqueles dois, como que antecipando a revelação do
Cristo ressuscitado. Do interior do coração, começou a arder um fogo que
incendiou a vida deles por completo. Não podiam ser mais os mesmos a partir
do momento em que seus corações se tornaram como chamas que iluminam o
caminho. Chama que, primeiro, ilumina por dentro para depois, somente
depois, iluminar por fora. Lá o coração deles também se aqueceu. Corações
que pegam fogo são corações transformados. Vidas transformadas para
transformar e incendiar o mundo.
Rita sabia por onde andava porque seus olhos estavam voltados para a
única e possível direção. Pessoas que caminham focadas têm muito mais
competência para atingir os locais almejados. Seus olhos levam-na até o Cristo,
por isso, não se desvia nem para a direita nem para a esquerda. Cristo é o alvo
de sua vida, e nessa direção caminha.
19
A experiência de Rita é a de alguém que foi tocado por Jesus desde o olhar.
Chamas de fogo a tocaram desde as janelas do corpo. Ela é sabedora de que a
aproximação de Jesus nos leva a viver experiências completamente novas.
Aproximar-se de Jesus significa transformação.
Porém, quantos de nós se afastam de Jesus porque não desejam ser
transformados! “Quero Jesus, desde que eu não precise mudar nada”, talvez seja
o refrão de muitos. Mas, como poderíamos viver com Jesus sem ter a vida
transformada?
Oração
“Aquece meu coração, Senhor Jesus, para que, aquecido, possa eu levar tua luz
aos lugares tomados pelas sombras da indiferença, do medo e do desamor.”
20
9º dia
ILUMINAÇÃO
“Disseram-me que nada mais havia a fazer...”
Mensagem
Vejo os santos como se fossem semeadores. Percebo-os como jardineiros,
com suas mãos santas espalhando boas sementes por todos os
terrenos/corações, desejosos de cultivar um belo jardim. Rita distribuía
sementes santas de paz nas famílias e na sociedade. Quantas sementes foram
espalhadas por essas mãos santas de Rita. Fico a imaginar que ela foi a
primeira jardineira de “corações desertos”, áridos e sem vida. A cada semente
que ela lançava era como se a primavera retornasse ao mundo interior de cada
homem e cada mulher.
Não vivemos porque não temos outra coisa para fazer. Vida é dom de Deus
e, por isso, deve ser vivida com intensidade. Qual o sentido de sua vida? Rita
nos leva a perceber que somos importantes para Deus. Existimos para fazer
diferença nos espaços em que vivemos. Somos nós, também, os responsáveis
por continuar a grande semeadura que nos levará a viver a plenitude da
colheita.
É impossível olhar para Santa Rita e não enxergar alguém com as mãos
cheias de sementes. Olho para ela e contemplo uma jardineira. Mãos santas
que desejam semear em outros corações, para que esses também sejam
santos. Rita semeia em nós tudo quanto está plantado em seu próprio coração.
Afinal, como ela poderia dar a nós aquilo que lhe falta? Da abundância de
flores e frutos plantados e nascidos no jardim de seu coração, Santa Rita nos
convida ao banquete da fartura. Da abundância do coração de Rita, somos
chamados a viver em fartura de vida para que muitos outros também possam
saciar a fome.
Rita era especialista em “corações deserto”. Exatamente a eles é que ela
direcionava seus esforços. De “corações deserto” para “corações jardim”, esse
era seu objetivo primordial. Não é verdade que muitos de nós vivemos de
forma árida, uma vida sem sabor, sem objetivos e completamente
desesperançados? O primeiro lugar para os milagres é justamente o coração
deserto. Nele há de brotar a primeira flor que indicará, acima de tudo, a
chegada da primavera.
Em sua profundidade mística e de discipulado, Santa Rita optou por não ser
uma flor que se abre por apenas um dia. A vida sempre se faz a partir de
opções. E no caminho da vida, ela rompe com toda possibilidade de viver de
21
forma efêmera – tal qual uma nuvem que se desfaz – para marcar o tempo e a
história. Possui, nesse sentido, clareza relativa à sua própria história. Ao
olharmos para Santa Rita, também é necessário olhar para nós. De que forma
a abundância de água viva nos afeta? Às vezes, tenho a impressão de que
morremos de sede mesmo tendo uma fonte em nosso interior. Não parece um
paradoxo? Deixemos o milagre acontecer de dentro para fora. Viva o milagre
que é sua vida. Sinta a água que vem diretamente do coração do Cristo
jorrando em seu coração, transformando, assim, sua vida numa fantástica
aventura em direção a Deus.
Oração
“Santa Rita, com tuas mãos santas, semeia sementes de flores para que, de
deserto, eu possa ser transformado num jardim cheio de vida.”
22
10º dia
ILUMINAÇÃO
Santos são semeadores de novos tempos em que florescem tanto o
compromisso quanto o discipulado.
Mensagem
Rita viveu como monja, durante 40 anos, no convento da Igreja Santa Maria
Madalena de Cássia. Mas não podemos pensar que ela levava vantagem sobre
nós porque vivia em um convento. Antes mesmo de ir ao convento, Rita
tornou o texto de Gálatas 2,20 uma realidade em sua própria vida: “Não vivo
eu, mas Cristo vive em mim”. Dessa forma ela era a extensão de Cristo para
todos quantos a procuravam. Já não pertencia a si mesma. Sua vida era de
Cristo e, como consequência, do povo. Rita, uma santa do povo.
No convento ela atendia a inúmeras pessoas. Certa vez recebeu uma mulher
visivelmente desesperada com o estado lastimável de sua filha. Aos soluços,
tentava falar, ainda que mal pudesse ser escutada: “Minha filha não pode mais
andar depois de uma queda, não tem mais força, não tem mais vontade de
viver e, com certeza, vai morrer”. Rita imediatamente a consolou: “Você
precisa ter fé, eu rezarei por ela”. Mas, antes de se despedirem, Rita
recomendou: “Nãofale que você me visitou e, agora, volte para a sua filha”.
A mulher retornou imediatamente para a sua casa. Aproximando-se, viu
uma grande multidão ao redor da casa. Seu coração começou a bater mais
forte. Não sabia se chorava ou se sorria. Mas, aos poucos, seu semblante foi
serenando, ao ver que todos riam e batiam palmas. Da porta da casa, a filha
saiu correndo e se jogou nos braços amorosos de sua mãe. A alegria dela foi
tão grande que se esqueceu completamente do que havia prometido a Rita, e
contou para todos que estava voltando justamente da casa da santa.
Rita era discípula de Jesus em tempo integral. Sabia que existe a figura do
cristão de tempo parcial? Tal pessoa vive a vida cristã ocasionalmente. Ele
transformou a Igreja num local de entretenimento e vai a ela apenas uma vez
por semana. Não lê a Sagrada Escritura regularmente e, muito menos, possui
uma vida de oração, de contemplação e de estudo. Não se compromete com a
vida de sua paróquia e também não está muito interessado em colocar seus
dons e ministérios a favor do povo de Deus. Rita vivia integralmente sua vida
cristã, pois tinha plena consciência de que todas as vezes que contemplava o
Cristo crucificado via nele uma entrega total e absoluta por ela. Cristo havia se
doado integralmente para salvá-la e, por isso, ela não poderia responder a
Cristo com menos do que a totalidade de sua vida.
23
Penso que fazemos as coisas erradas: queremos a bênção integral e, ao
mesmo tempo, vivemos um discipulado parcial. Ter um Cristo parcial é o
mesmo que não ter Cristo; comprometer-se parcialmente com a Igreja é o
mesmo que não se comprometer em nenhum nível. Com relação a Cristo e ao
seu Reino existe e exige-se somente uma ação: tudo para ele, completamente
para ele, absolutamente para ele.
Oração
“Senhor, não quero ser um cristão de meia medida. Faz-me ser totalmente
dedicado ao Senhor e, de forma consequente, a todos aqueles que necessitam
de suas bênçãos.”
24
11º dia
ILUMINAÇÃO
“Põe teus pés nas pegadas deixadas por minhas sandálias” (São
Venceslau).
Mensagem
Antonio Lotti e Amada Ferri eram os pais de Rita. Já não eram jovens
quando ela nasceu. São retratados como piedosos e de costumes
profundamente cristãos. Eram conhecidos na aldeia por sua fé, esperança e
amor especialmente pelos mais pobres. Também eram devotos da Paixão do
Senhor. Uma casa onde se respirava o aroma suave de Jesus Cristo.
Logo após o nascimento de Rita, um primeiro milagre se fez anunciar. A
criança estava na casa de seus pais e um enxame de abelhas brancas entrava e
saía de sua boca sem causar nenhum mal a ela e sem amedrontá-la. Conta-se
que um camponês, ao ver a cena, correu até a criança a fim de afugentar as
abelhas, e ficou imediatamente curado de um braço que estava ferido.
Catequese se aprende em casa. Com seus pais, a pequena Rita aprendeu a
rezar, a amar os pobres, a viver dedicada à paz e contra qualquer tipo de
divisão, a ser devota do Cristo crucificado e a perdoar a seus inimigos. Em sua
casa, ela encontrava um verdadeiro exemplo de igreja doméstica. Será que já
não passou da hora de pensarmos e repensarmos nossas casas como pequenas
comunidades de adoração? Transformar casas em pequenas comunidades é
fortalecer a vida de Cristo em nós e por nós.
Os pais são como o berço de seus filhos. Não é a madeira fria que acolhe a
pequena criança, mas o coração aquecido dos pais que acalenta a vida dos
filhos apesar do frio. Rita estava, desde o início, e acima de tudo, inserida
numa comunidade de amor.
Possivelmente Rita tenha recebido uma instrução superior à das mulheres
de seu tempo. Em muitas representações, ela aparece com um breviário aberto
na mão ou diante de um, indicando que provavelmente sabia ler, inclusive em
latim. Parece, pois, seguro afirmar que a preocupação de seus pais em relação
a ela não era apenas limitada à aprendizagem do catecismo e das orações.
Podemos pensar numa educação que se preocupava com a integralidade da
filha.
Filhos sempre devem ser considerados como herança. Os pais de Rita
conheciam a beleza da promessa retratada nos Salmos 127,3-4: “A herança
que Javé concede são os filhos, seu salário é o fruto do ventre: os filhos da
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juventude são flechas nas mãos de um guerreiro”. Exatamente por isso, os
filhos jamais podem ser vistos como acontecimentos fora de programação. A
bênção de Deus aos pais passa, necessariamente, pelos filhos.
Chama-me a atenção o conceito de “igreja doméstica”. Muitas vezes não
damos o devido valor ao fato de que, no interior de nossa casa, se encontra
uma comunidade de fé. Muitas e pequenas igrejas domésticas se fortalecem
diariamente e incessantemente durante a semana para, nas celebrações
comunitárias, viver com intensidade a experiência de ser um único corpo de
Cristo que se reúne vindo de múltiplos lugares.
Oração
“Da mesma forma, ó Santa Rita, ajuda-me a educar meu filho(a) diante do
Senhor e no seguimento dele.”
26
12º dia
ILUMINAÇÃO
A mais importante educação consiste em fazer pessoas mais semelhantes
a Deus.
Mensagem
Muitas das características de Rita haviam sido herdadas de seus pais:
simplicidade, docilidade, bondade e extrema delicadeza na maneira de tratar
as demais pessoas. A relação amorosa que ela desenvolvia com os pais era
admirável. Havia entre eles certa cumplicidade. O amor e o respeito que
nutriam entre si faziam com que os laços familiares se tornassem cada dia
mais fortes.
Aos 12 anos, conseguiu que seus pais construíssem um cômodo particular e
afastado da casa para que ela se dedicasse à oração. Nascia nela um
inquietante e ardente desejo de ingressar no convento das agostinianas de
Santa Maria Madalena de Cássia. No entanto, seus pais já se encontravam
velhos e requeriam mais e maior atenção da parte de Rita. Um conflito se
instala no coração da jovem Rita, que a incomodava sobremaneira. Deveria ela
escolher o seguimento de sua vocação para a vida religiosa ou a obediência à
vontade de seus pais? Tomada de profunda compaixão, ela se decidiu pelos
pais.
Sua compaixão pelas crianças pobres e por todos os tipos de necessitados
era muito conhecida. Certa vez ela chegou a entregar seu manto a um mendigo
para que ele se protegesse do frio em pleno inverno. Os pobres eram, para
Rita, como uma extensão de si mesma. Como poderia ela se humanizar se
desviasse seus caminhos e olhares de todos aqueles que viviam
miseravelmente e completamente abandonados? Certamente ela poderia
suportar o rigor do frio do inverno, mas jamais poderia suportar homens e
mulheres tremendo de frio. Em Rita ardia a solidariedade e, por isso, seu
cristianismo não era marcado pela teoria, mas pela prática. Sua vida falava
muito mais alto do que suas palavras.
O Evangelho é vivido melhor em meio ao quotidiano. Na verdade, o terreno
no qual nasce o Evangelho é a própria vida. Nela, o Evangelho há de fazer
diferença. Pode-se dizer que o chão do Evangelho é a vida. E, por isso, não
podemos pensar em vida cristã desvinculada da vida. São relações necessárias
e fundamentais para vivermos bem.
Obedecendo aos pais, Rita sabia que estava obedecendo a Deus. Não
passava por sua cabeça, em nenhum momento, que estava colocando Deus
27
em segundo lugar. Seu coração estava tomado pela plenitude divina. No
entanto, naquele momento específico, ela possuía plena consciência de que
deveria viver seu discipulado dentro de sua própria casa. Do que adiantaria ser
santa apenas fora de sua casa? Quem mais nos conhece, na verdade, são
aqueles que vivem conosco. Quem sabe Rita não tenha escolhido a parte mais
difícil. É muito mais difícil dar testemunho dentro de casa do que fora.
Florescer onde está plantado era seu lema.
No entanto, para florescer, precisamos viver o Evangelho. Não basta
colecionarmos informações e decorarmos belas palavras. As pessoas já se
cansaram de meras palavras, mesmo que sejam belas e delicadas. As pessoas
esperam, de fato e de verdade, por homens e mulheres que testemunhem com
a própria vida o que Cristo fez por elas.
Oração
“Quero ser instrumento de tua bênção, Senhor,não importa onde nem
quando. O que de fato importa é a tua presença a fim de abençoar por meio de
mim.”
28
13º dia
ILUMINAÇÃO
“Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos
que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6,27-28).
Mensagem
Rita provavelmente se casou aos 14 anos. Naquela época, era a idade mais
frequente para as noivas. Era também costume que os próprios pais
procurassem para suas filhas o marido ideal, sempre segundo aquilo que mais
lhes agradava. A escolha recaiu sobre Paulo Fernando de Mancini. Pais
desejam o melhor para seus filhos. E seria praticamente impossível que os pais
de Rita deliberadamente escolhessem uma pessoa com genuína má fama.
Todavia, ainda que o casamento fosse inadiável, Rita jamais desistiu de seu
objetivo de se consagrar a Deus. Obedeceu aos pais não por causa do medo,
sua motivação maior era o respeito e amor por eles. Estaria ela, ao se casar,
seguindo a vontade de Deus? Para Rita, seus pais eram, naquele momento, um
reflexo da vontade de Deus.
Paulo e Rita foram casados durante 18 anos. Os relatos se contradizem a
respeito do temperamento de Paulo. Seria ele violento, rude e voltado às
bebidas ou uma pessoa bem-disposta e trabalhadora? Paulo pode ser
considerado fruto de sua época. Uma época marcada acentuadamente pela
cultura da vingança, da violência e pela demonstração de valentia. Também
era proprietário – a família dele – de um moinho perto de Roccaporena.
Naquela época, um moinho representava uma fonte importante de renda e,
consequentemente, ao seu proprietário se conferia posição social e poder na
comunidade.
Fosse o marido marcadamente bom ou ruim, Rita vivia e testemunhava
com seus gestos e maneira de ser e de viver a bondade de Deus. Tanto num
caso quanto noutro, as atitudes dela terminaram por aproximá-lo cada vez
mais de Jesus. Sabemos que Rita vivenciou o período do matrimônio
fundamentado na oração. A oração se tornou o alicerce de sua casa. O que
acontece quando as mulheres oram? No interior de sua casa, Rita praticou as
virtudes próprias que caracterizam as esposas cristãs: afabilidade, mansidão e
amor.
Sua piedade colocava-a mais próxima de Deus. Do interior da casa de Rita
nascia um modelo de esposa para as mulheres cristãs. De Deus, somente
devemos desejar a proximidade. Quanto mais próximos dele, mais somos
tomados pela luz e pelo poder do seu amor. Rita era de piedade exemplar.
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Conhecia a Deus e, por mais que o conhecesse, desejava ansiosamente ainda
mais dele. A piedade, segundo o exemplo de Rita, nos leva a viver de joelhos
diante de Deus e, ao mesmo tempo, a nos levantarmos como vidas
transformadas a fim de testemunhar seu amor.
No interior de sua casa, Rita edificava um lar segundo o coração de Deus.
Um lar no qual Deus se manifestava poderosamente a cada dia como amor,
carinho, ternura e dedicação.
Oração
“Ensina-me a orar, Senhor, antes que venham os dias maus.”
30
14º dia
ILUMINAÇÃO
Na esperança nos tornamos mais fortes.
Mensagem
João Tiago e Paulo Maria eram os filhos de Rita, filhos que trouxeram alegria
para a sua casa. A maternidade a tornara uma mulher ainda mais feliz.
Sua preocupação primeira em relação aos filhos era a de educá-los de
maneira cristã. Da casa de seus pais trazia o modelo. Bastava segui-lo para que
suas crianças crescessem em direção à verdade cristã.
Mas devemos notar que os conflitos de Rita não ficavam perdidos e
emaranhados em uma série de conteúdos confusos e inalcançáveis. Cada
ensinamento era acompanhado por um exemplo de vida. A comunidade da
igreja começava, como havia aprendido com os pais, em sua própria casa.
É preciso amar os filhos com o amor de Deus e, mais do que isso, torná-los
cada vez mais semelhantes a Deus. Rita vivia o matrimônio como vocação e,
por isso, dedicava-se a ele para edificá-lo sobre o firme fundamento que é
Jesus. Seus filhos eram pensados como sendo sua própria extensão. Sua igreja
doméstica crescia com a chegada dos filhos e, com eles, a dedicação ao ensino
e ao cuidado para que eles crescessem segundo o coração de Deus.
Não basta ter filhos. É necessário amá-los e conduzi-los em direção a Jesus.
E Rita não apenas cuidava para que seus filhos crescessem sadiamente do
ponto de vista físico. Seus olhos e preocupação contemplavam o físico, mas
iam muito além ao desejar formar o caráter de cada um deles e a dependência
completa de Jesus.
Qual seu objetivo quando você olha para seus filhos? O projeto de Deus para
os filhos se encontra em Lc 2,51-52: “Jesus desceu então com seus pais para
Nazaré, e permaneceu obediente a eles. E sua mãe conservava no coração
todas essas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de
Deus e dos homens”.
Rita é modelo de mãe. E, atualmente, precisamos de modelos que nos
ajudem a permanecer firmes em dias maus. Não são poucas as mães que
vivem aflitas com relação a seus filhos. Conflitos, discussões e desarmonia não
são raros. Filhos serão sempre uma grande preocupação para as mães. Mas
uma forma de amenizarmos tais preocupações e/ou suprimi-las de vez é
assumirmos a postura evangélica de Rita: transformar nossas famílias em
pequenas comunidades/igrejas. Trata-se da percepção de que a família é um
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bem sagrado e que, a partir do seu interior, devemos celebrar a Deus e viver
intensamente o projeto de Deus. Em nossas famílias e para elas somos todos
sacerdotes.
Oração
“Coloco meus filhos diante do teu altar, Senhor. Permite que eles cresçam em
graça, conhecimento e estatura para a tua glória.”
32
15º dia
ILUMINAÇÃO
A necessidade de conversão é diária e inadiável.
Mensagem
Delinquência, ódio, vingança e inimizade eram ingredientes muito fáceis de
se encontrar na região em que Rita residia. Diante da inoperância e escassez
de serviços públicos, duas atividades eram por demais importantes: os
pacificadores (os pais de Rita pertenciam a esse grupo) e os guardas-noturnos,
para vigiar as cidades à noite (provavelmente era essa a atividade de Paulo,
marido de Rita).
Num ambiente em que era possível antecipar a tragédia, Paulo foi
assassinado aproximadamente em 1413. Ele estava com 32 anos, e estava há
18 anos casado com Rita.
A dor resolvera mostrar todas as suas garras na vida de Rita. Mas aquela
que parecia frágil como a porcelana se manifestará uma mulher forte. Pois
somente alguém forte teria condições de perdoar aos assassinos e, além disso,
pedir a Deus que levasse seus filhos antes que vingassem a morte do pai.
Superar o sentimento de vingança. Estava instalado um ciclo contínuo e
interminável, diria até mesmo vicioso, da manutenção da vingança. O
ambiente era de vinganças contínuas, ou seja, ninguém poderia e teria
condições de eliminar o sentimento de vingança dos irmãos e dos parentes de
Fernando, e tampouco poderia ser eliminado o sentimento de vingança dos
filhos, pois ele era estimulado pelos tios e parentes.
Rita não queria que o coração dos filhos fosse invadido por sentimentos tão
negativos e potencialmente destruidores. Ela não se deixou influenciar pelo
ambiente. “Mas eu digo a vocês que me escutam: amem os seus inimigos, e
façam o bem aos que odeiam vocês. Desejem o bem aos que os amaldiçoam, e
rezem por aqueles que caluniam vocês” (Lc 6,27-28); “O meu mandamento é
este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12). Essas
poderiam ser palavras que ficavam ecoando na mente e no coração de Rita.
Seu mestre havia morrido na cruz, pedindo o perdão de Deus para aqueles que
o haviam crucificado. Aprende-se a perdoar perdoando. O que cultivamos no
jardim do nosso coração? Somos os principais responsáveis por aquilo que
acumulamos em nossos corações.
O perdão humaniza os outros porque anteriormente já nos humanizou. A
partir do perdão, podemos construir pontes e atingir outros lados aonde nunca
poderíamos ir. Certamente o perdão permite que abracemos todos aqueles que
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gostaríamos de que permanecessem longe de nós. O perdão aproxima e cura
nossas feridas emocionais.
Quando soube da terrível notícia,Rita se deslocou sozinha para o local do
assassinato. Lá, tirou a camisa ensanguentada e com ela limpou o corpo de
Paulo. Logo após, escondeu a camisa ensanguentada do marido morto a fim de
que, vendo-a, os filhos não fossem movidos pelo sentimento de vingança.
A linguagem do perdão faz mais por nós mesmos do que por aqueles a
quem perdoamos. Sem perdão nos definhamos e nos tornamos
completamente vazios. Aqueles que perdoam criam pistas de mão dupla para
que o amor de Deus possa fluir continuamente.
Oração
“Perdoa-me, Pai, por todas as vezes em que deixei de perdoar. Perdoa-me, Pai,
em minha insuficiência, e capacita-me para perdoar e ser perdoado.”
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16º dia
ILUMINAÇÃO
A ira e a violência somente podem ser vencidas pela prática da paz.
Mensagem
Certa vez o coração de Rita se alvoroçou. A tranquilidade pareceu sumir por
completo quando ela percebeu que seus queridos filhos conversavam entre si
sobre a maneira de vingarem seu pai fazendo morrer seus assassinos. Os seus
corações estavam a um passo de ser inoculados com o veneno da vingança.
Ela queria o melhor para seus filhos. Mas como evitar que o pior acontecesse a
eles? Já era sabedora do desejo de vingança de seus filhos para os assassinos
do pai. Um desejo que não nascia apenas naturalmente, mas que também era
exortado por todos os parentes que impunham a vingança como um dever de
honra. Numa cultura que valorizava a vingança para restabelecer a honra,
como os filhos de Rita poderiam deixar de cumpri-la? Perdão significava, nesse
contexto, covardia, traição e humilhação. Sabendo de tudo isso e não se
amoldando à estrutura do mundo, Rita faz o caminho da contracultura. Aposta
no projeto da vida e do perdão e diz não ao projeto da morte e do ódio.
O ciclo de dor não havia terminado. Até quando podemos suportar ondas
avassaladoras de dor uma atrás da outra? Qual o nosso limite? Se Rita era
fraca, seu Deus era forte. A graça de Deus a envolvia e, milagrosamente, a
confortava. A vida segue o seu rumo e não podemos evitar os novos passos em
direção ao futuro. É necessário caminhar mesmo que titubeando. Diante de tão
terrível situação, restava a Rita tão somente se recolher em oração, buscando a
especial ajuda e o socorro de Deus. Num primeiro momento, ofereceu a
própria vida para não ver seus filhos convertidos em assassinos. Ato de
heroísmo que é próprio das mães. No entanto, Deus não ouvia suas insistentes
orações. Seu coração ficava ainda mais angustiado. Afinal, como interromper o
ciclo de violência que certamente iria chegar a seus filhos?
Dessa forma, a mulher, em meio a um desesperado amor por seus filhos,
começou a rezar a Deus pedindo que os levasse para que, desse modo, eles
não derramassem mais sangue. O coração de Rita estava ferido e partido em
mil pedaços. Deus a ouviu e, com intervalo de meses, seus dois queridos filhos
entregaram sua alma a Deus, mortos possivelmente por uma epidemia que
assolou toda a Europa naquela época específica. Mas não podemos nos
esquecer de que, antes do derradeiro fim de seus filhos, ela conseguiu que eles
perdoassem aos assassinos de seu pai.
Sem pais, sem marido, sem filhos. Parecia que o destino havia pregado uma
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grande peça em Rita. Um destino marcado pela solidão e pela tragédia. Mas
ali, mesmo em meio à solidão, Rita age de modo sábio. Teimando em
permanecer sozinha, ela chama Deus para o interior de sua solidão e, assim,
restaura o convívio. Vive, portanto, a solidão, orando em casa, tendo como
companheiro o próprio Deus. Sabia ela que a pessoa somente está sozinha
quando se esquece de Deus.
Oração
“Pai querido, meu coração se encontra perturbado. Vem ao meu encontro e
derrama sobre ele teu bálsamo precioso. Traze-me o consolo que somente vem
de tuas generosas mãos.”
36
17º dia
ILUMINAÇÃO
Eu só quero ser amado verdadeiramente, e o único que pode satisfazer
meus desejos é Deus.
Mensagem
Há uma fé que vence a escuridão e uma esperança que triunfa sobre o
desencanto. Que tipo de fé desenvolvemos? Do ponto de vista humano, diria
que Rita tinha tudo para se tornar uma mulher amargurada e ressentida. Mas
não o foi. Qual era o segredo dela?
Acredito que, em cada episódio trágico, ela semeava as mais belas
sementes de esperança. Após tantas tragédias consecutivas, sua esperança era
mais forte do que nunca. Em meio às tragédias, ela colecionava porções
generosas de esperança. Não olhava para sua vida e seu futuro, guiada pela
força amedrontadora da dor, ao contrário, seu guia permanente era a
esperança, que permitia que ela visse e colhesse flores nascendo mesmo em
meio ao inverno da vida.
Mas, agora, seu caminho até o convento e, finalmente, sua dedicação plena
a Deus estava aberto. Poderia realizar seu desejo de se consagrar a Deus.
Todavia, Rita ainda precisaria de uma dose maior de paciência. Quando se
apresentou às monjas agostinianas de Cássia para que fosse recebida no
convento, ouviu alto e bom som uma negativa. Portas fechadas.
Decididamente fechadas. Rita três vezes fez o pedido e, três vezes, ouviu um
sonoro não.
Alegava-se que não era costume admitir viúvas. Deus, no Antigo
Testamento, se apresenta como o protetor das viúvas. Era preciso um novo
milagre para que as portas se abrissem. Era preciso continuar rezando. Santos
se fazem com os joelhos em terra.
Rita sofreu com a recusa das monjas. Se, diante das dificuldades, muitos
desistem, Rita, diante dos obstáculos, dedica-se ainda mais à oração. O milagre
estava a um passo. Certa noite, ela teve uma visão especial. Ela se encontrava
no cume do Schioppo – um lugar aonde ia frequentemente para rezar e
meditar – acompanhada de São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de
Tolentino. Se anteriormente ela vivia ansiosa e um tanto temerosa, na
companhia dos santos de sua devoção, ela recebia conforto.
Milagrosamente Rita foi transportada para o interior do convento pelos três
santos. As barreiras físicas haviam sido vencidas, bastava agora vencer a
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barreira que se encontrava no coração das monjas. Mas como elas poderiam
negar o milagre que ousadamente se apresentava no interior do próprio
convento? Em 1417, aproximadamente, Rita foi admitida pelo voto unânime
da comunidade composta por dez monjas e a abadessa, dizendo: “Eu, Rita, de
Antonio Lotti, viúva de Paulo Mancini, espontaneamente confesso e quero
oferecer minha pessoa a Deus Onipotente, a Santo Agostinho, a Santa Maria
Madalena e à venerável abadessa deste mosteiro na terra de Cássia... desejo
submeter-me à disciplina regular pelo resto da vida, prometo viver de forma
estável neste mosteiro e comportar-me conforme a obediência, a continência,
a pobreza, excluindo toda e qualquer propriedade por todo o tempo de minha
vida”.
Rita realizava milagres porque estava aberta aos milagres de Deus em sua
própria vida. Nela o impossível acontecia!
Oração
“Abro-me, meu Deus, aos teus milagres. Alcança-me e transforma-me da
mesma forma que alcançaste e transformaste Santa Rita.”
38
18º dia
ILUMINAÇÃO
“Só Deus basta” (Santa Teresa).
Mensagem
Rita não procurava fugir do mundo. Sem dúvida, não procurou o convento
como uma forma de se isolar. Para ela, o mundo era não somente bom, como
também criado por Deus. Acima de tudo, sua consagração a Deus era uma
forma de se consagrar para o serviço no mundo.
Precisamos pensar os santos como aqueles que se misturam à poeira do
cotidiano e que fazem do espaço coletivo e comunitário o lugar por excelência
da manifestação e da presença de Deus. De certa forma, para Santa Rita, a
manifestação de Deus se dava, preferencialmente, no rosto do pobre. Não
devemos nos esquecer de que o próprio Jesus, quando olhava para os pobres,
via, antes de mais nada, o sofrimento deles, e não necessariamente o pecado
deles. Jesus se aproximava dos pequenininhos deste mundo como se fosse o
irmão mais velho. Trazia para si a marca da responsabilidade e da proteção em
relação àqueles que eram esmagados, empobrecidos e desumanizados pelo
sistema social, político e econômico da época.
Santa Rita se apresenta como verdadeiro sinal paraos outros. Assim, a
lâmpada do Evangelho ilumina tudo quanto está ao redor. E, dessa forma,
pode se tornar o sal que dá sabor e o fermento que faz a massa crescer. Rita
produz um bem que vai além dela mesma. É como se fosse tomada por uma
força irresistível de ser bênção na vida dos outros.
Imagino que as pessoas, ao olharem para Santa Rita, viam muito mais do
que sua aparência. Nela resplandecia a glória de Deus e, por ela, seu amor
irradiava. Rita foi tomada tão completamente pelo amor e pelo poder de Deus
que chegava a transbordar. Não era mais possível represar a ação de Deus em
sua vida. Ela transpirava Deus!
Rita, do povo e para o povo. Sua experiência de Deus não a tornava refém
de uma força que a levava a se considerar tão especial a ponto de se distanciar
de todos os outros. Sua vocação a inseria no quotidiano. Não se considerava
melhor nem pior do que todos os demais. Deus não a havia chamado para
viver um privilégio, mas sim uma responsabilidade. Seu dom era, na verdade,
um desafio e uma promessa.
Não podemos nos isolar do mundo e muito menos negar a história que
vivemos. Ao contrário, nela devemos fazer diferença. Deveríamos viver a vida
cristã de tal maneira que não apenas pudéssemos ser transformados, mas
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também, com vidas transformadas, pudéssemos ajudar na construção de um
mundo novo. Olhem para o exemplo magnífico de Jesus. A encarnação é
justamente Deus assumindo a história da humanidade como se fosse sua.
Deus, em Jesus, não nega a história, insere-se nela para transformá-la. Nesse
sentido, a presença do cristão e da Igreja na história é essencial para que o
projeto de Deus de salvação e de transformação para todos alcance seu
objetivo.
Oração
“Ó Santa Rita, inspira-me a consagração! Que minha vida, juntamente com o
meu dom, sejam colocados a serviço do povo de Deus.”
40
19º dia
ILUMINAÇÃO
“Nem todo o bem que se há de fazer hoje no mundo tenho de fazê-lo eu,
mas há um pouco de bem que, se não faço, fica por fazer” (Merry Del Val).
Mensagem
A vida religiosa de Rita era marcada pela renúncia de si e pela dedicação a
Jesus e ao povo. Numa cela solitária, concebia sua missão de serviço e, além
disso, renunciava a tudo para que pudesse se entregar à oração pelos demais.
Uma intercessora!
No dia de sua profissão religiosa, Rita teve uma visão na qual vislumbrava
uma escada que conduzia ao céu, e seus degraus eram compostos pela
obediência, pela pobreza, pela castidade e pelas demais virtudes. No último
degrau, estava o próprio Jesus Cristo, que lhe dizia: “Suba até aqui!”.
Cada degrau, um passo, e a cada passo, uma renúncia. Jamais podemos
pensar que a vida dos santos seja uma viagem triunfal. Contrariamente a essa
mentalidade, devemos pensar que precisamos nos converter cada dia;
conservar a paz contra a violência e reconhecer que não somos nada sem
Jesus.
No convento, Rita viveu servindo a Deus com jejuns e orações. Às
abstinências e jejuns de todas as sextas-feiras e quaresmas, ela acrescentava
seus jejuns e quaresmas pessoais – comendo uma única vez um pouco de pão
durante o dia e com total privação de vinho. Não pensemos que o caminho da
consagração seja fácil. São muitos os obstáculos que emergem aos desejos de
uma vida espiritual profunda.
Ela orava desde a meia-noite até o amanhecer. Jamais quis ter cama em sua
cela e contentava-se somente com uma roupa. Dormia no chão ou sobre uma
duríssima tábua e, mesmo assim, por um breve tempo. Além disso, usando o
cilício, disciplinava-se três vezes ao dia.
Diante do Cristo crucificado, somente podemos trazer as seguintes
reflexões: que fiz, que faço e que vou fazer por Cristo? Marcas explícitas em
Rita eram seu amor, sua devoção e sua submissão a Deus. Uma verdadeira
discípula que testemunhava seu Senhor em sua vida. Para ela, as marcas do
discipulado estavam plasmadas na maneira comprometida como seguia a
Jesus. Não adianta falar que cremos em Jesus se nossas vidas dizem o
contrário.
Ao olhar para o exemplo de discipulado de Rita, podemos considerá-la uma
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filha no Filho. Mas, via de regra, reduzimos a vida cristã a um só passo.
Pensamos que é suficiente a experiência pessoal com Jesus e, por isso,
recusamo-nos a caminhar. Subir, jamais. Dá muito trabalho percorrer cada um
dos tantos degraus que temos pela frente rumo à maturidade cristã. Preferimos
permanecer como crianças espirituais a amadurecermos na fé.
Rita se lança em direção à novidade de vida. Reveste-se de Cristo a cada
passo e, a cada passo, percebe que é uma nova mulher. Caminhar é uma
possibilidade que temos para crescer. Estáticos, paralisados pelo medo, somos
levados à tentação de voltarmos à situação anterior. Rita sabia que Deus
sempre esperava dela o próximo passo.
Oração
“Meu Jesus, meu Senhor, meu Salvador, que posso eu fazer por ti?”
42
20º dia
ILUMINAÇÃO
Em todo deserto existe a possibilidade de encontrar uma flor.
Mensagem
No coração de Rita nascera um desejo intenso, e também necessário, de
peregrinar até Roma. Jamais havia saído de sua terra, e a oportunidade se
apresentava como única. Ao buscar autorização junto à abadessa, ouviu um
sonoro não. Quantas e quantas vezes Rita teria que se debater com situações
tão negativas e antagônicas como essa. Talvez pudesse se desesperar e vir a
pensar: “Por que essas coisas só acontecem comigo? Que fiz eu para merecer
tantos aborrecimentos?”. Se rezássemos a mesma quantidade de tempo que
passamos reclamando da vida, certamente veríamos nossas vidas
transformadas.
Talvez seja mais simples lamentar sobre os acontecimentos negativos do
que ajoelhar diante do Deus dos impossíveis. No lamento, falamos para nós
mesmos; na oração, conversamos com Deus; no lamento, nos afundamos cada
vez mais no lamaçal da impossibilidade; na oração, estendemos nossa mão em
direção a Deus e dizemos: “Salva-me!”. Qual o significado da oração para
você? Qual a importância da oração em sua vida? Para responder a essas duas
perguntas, basta você relembrar quanto tempo dedicou à oração na semana
passada. Muitos somente se lembram de orar quando a situação se complica.
Recordam-se de Deus somente em meio às tormentas. Mas qual pai gostaria
de conversar com seus filhos apenas de vez em quando?
Todavia, não era má vontade da abadessa. Era notório o desconforto que
todas as pessoas teriam com a presença de Rita e seu estigma que exalava um
odor extremamente repugnante, além de levar em consideração sua idade e as
dificuldades do caminho. A abadessa, ao negar o pedido de Rita, agia de forma
prudente. Não queria expor Rita e muito menos as pessoas com as quais se
encontraria pelo caminho.
Joelhos em terra, Rita começou a rezar pelo desaparecimento da ferida. Mas
não rezava como uma forma de desmerecer o estigma recebido. Jamais
quereria ela se libertar da chaga que recebera como se fosse um dom das
próprias mãos de Jesus. Mas, além de rezar, aplicou um unguento medicinal. E,
para surpresa de todos (mas provavelmente não para Rita), em determinado
dia, a chaga havia cicatrizado e curado por completo, sem deixar qualquer
deformidade. O Deus dos impossíveis novamente entrara em ação. E, assim,
não restava alternativa para a abadessa senão autorizar Rita a se juntar ao
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grupo de peregrinos.
No entanto, surpresa mesmo aconteceu quando do retorno de Roma: a
chaga reapareceu com o mesmo odor e moléstias anteriores, e no mesmo
lugar onde primeiro aparecera. Não havia mais como desassociar Rita de Jesus.
Ela trazia em seu corpo uma compaixão amorosa para com os sofrimentos do
redentor.
Oração
“Obrigado, Senhor, porque na impossibilidade da vida encontrei o Deus da
possibilidade.”
44
21º dia
ILUMINAÇÃO
Uma única flor nascida entre as pedras não representa só a si mesma. É a
mais clara representação de algo que a transcende: a própria vida.
Mensagem
A manifestação da vida e do poder de Deus em Rita se fazia sentir e
perceber a cada dia. Toda a sua vida foi de dedicação extrema a Deus e de um
genuíno amor pelas pessoas.
Certo dia, já muito enferma, e sem poder se locomover, ela recebeu a visita
de uma parente.Após muitas conversas e de se inteirar das notícias da família,
sua parente, antes de se despedir, quase por cortesia, perguntou-lhe se queria
que algo fosse trazido de sua casa.
Mais do que rapidamente Rita disse que desejava uma rosa de seu jardim.
Diante do pedido, a parente permaneceu por um tempo em silêncio, sorriu um
pouco enviesada, talvez julgando que Rita estivesse, por causa da doença,
entregue aos mais fortes delírios. Em janeiro, no período mais duro do inverno,
como seria possível colher flores? Como encontrar vida e beleza se tudo está
coberto de neve?
Deus é bom! Deus é muito bom em tudo o que faz. A parente foi ao jardim
e, quase sem acreditar, viu no meio do roseiral uma belíssima rosa. Não teve
dúvida. Colheu a rosa com suavidade e ternura, quase como protegendo-a do
frio, e a levou para Rita. As religiosas do convento, quando receberam
novamente a parente de Rita, se surpreenderam com a história que ela,
emocionada, contava. A rosa, antes de chegar a Rita, passava de mão em mão.
Na verdade, a rosa se tornava a presença de Deus em meio ao inverno da vida.
Mesmo no inverno, Deus estava presente. A fragrância da rosa se espalhava
por todos os cantos e recantos do convento.
Rita nos ensina a procurar pelo belo, mesmo quando vivemos períodos de
inverno existencial. Muitos, no entanto, se deixam abater e vivem como que
derrotados. E, assim, o inverno, que deveria ser apenas ocasional, vai se
estendendo por longo tempo. A atitude de Rita é impressionante. Ela não nega
a realidade; não nega o inverno e a baixíssima temperatura. Apenas acrescenta
à realidade externa a realidade de seu coração, ou seja, transfere para o frio
externo um pouco do calor produzido pela sua fé.
Realidades, por mais negativas que possam ser, devem ser enfrentadas com
atitudes positivas. Rita nos ensina a lançar outro olhar sobre a realidade em
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que vivemos. Devemos cultivar a esperança dentro dos nossos olhos. Esse é o
segredo. Enxergar a vida mesmo quando ela ainda não brotou é um exercício
de espiritualidade, de cultivo de esperança. Meu desafio para você é o de tentar
enxergar sua própria vida com os olhos de Santa Rita. Certamente você irá
contemplar realidades completamente novas e inusitadas que estavam como
que escondidas.
Oração
“Meu Deus, sem a tua bondade me envolvendo não conseguiria subsistir.
Envolve-me com tua graça neste rigoroso inverno existencial que estou
vivendo.”
46
22º dia
ILUMINAÇÃO
O primeiro gesto para sair do exílio do desespero é tomar um impulso.
Mensagem
Nada havia de mais importante e urgente na vida de Rita do que Deus.
Sabia que havia nascido para amá-lo e ser dele. Nos braços de Deus havia se
lançado nas circunstâncias mais cruéis da vida. Na verdade, jamais esperava
algo de si mesma. Reconhecia que em si mesma não havia forças suficientes
para seguir em frente e vencer os turbilhões de problemas que emergiam em
sua vida. Não, ela não olhava para seus recursos naturais, sua capacidade ou
ainda seus méritos. Seus olhos estavam postos em Deus e, por isso, não se
enganava.
Rita era consciente de sua fraqueza, mas também extremamente
consciente da força de seu Deus. Apoiava-se nele, na certeza de que não seria
abandonada. Se, naquele momento, não mais contava com a companhia de
seus pais, marido ou de seus queridos filhos, Deus enchia seu coração de uma
maneira que ela se pensava completa, acompanhada e verdadeiramente
segura. Como não lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Mas Deus escolheu
o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é
fraqueza no mundo, para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
É na fraqueza que justamente se manifesta a força de Deus. Quando nos
percebemos fracos, reconhecemos a extrema necessidade da dependência de
Deus. Os presumidamente fortes caminham com os seus próprios pés, mas os
fracos caminham apoiados em Deus. Devemos pedir ajuda em nossa fraqueza.
Todavia, fomos levados a pensar que as pessoas fortes não choram nunca, que
sempre saem mais rápido e vitoriosos de suas crises, e, por isso, tínhamos que
ser e parecer necessariamente fortes. Caso contrário, todos nos teriam por
fracos e derrotados.
Não é demérito reconhecer que somos fracos. Piores são aqueles que
arrogantemente se confessam fortes e imbatíveis. Acredito que Santa Rita não
tenha vivido nenhuma crise ao perceber seus limites. Se os limites são próprios
aos seres humanos, tudo quanto excede e é verdadeiramente poderoso é
próprio de Deus. O segredo de Rita? Na fraqueza ela descansava em Deus!
Prefiro a fraqueza, pois ela me recorda meus limites. Sou humano, limitado
e finito. Nada pode alterar essa realidade. Contudo, podemos inserir nessa
frágil realidade a presença de um Deus ilimitado e infinito. E isso faz toda a
diferença. Existe, sim, diferença entre aquele que anda com Deus e aquele que
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dele se afasta. De que forma Deus se apresenta em sua vida?
Oração
“Pai querido, quando me percebo fraco, aí é que sou forte, pois vejo-te ao meu
lado.”
48
23º dia
ILUMINAÇÃO
A esperança jamais deve ser acanhada. Nela devemos entrever a
subversão.
Mensagem
Às vezes, não sabemos fazer a pergunta correta quando vivenciamos uma
experiência de sofrimento e de aparente fracasso. Nesses momentos a maioria
das pessoas faz a seguinte pergunta: “Por que Deus permitiu isso?” A pergunta
correta deveria ser: “Onde está Deus em meio ao meu sofrimento?” E a
resposta mais clara que encontramos é que Deus se encontra de forma
privilegiada e solidariamente em meio ao sofrimento. Nosso sofrimento não é
estranho a Deus: “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito.
Ouvi o seu clamor contra seus opressores e conheço seus sofrimentos” (Ex
3,7).
Rita percebia que, se lhe faltasse Deus, era como se tudo lhe faltasse.
Porém, atualmente, muitos colocam tanto entulho em seus corações que não
deixam espaço para Deus; outros ainda conseguem se lembrar de Deus, mas o
escondem no mais profundo do coração para que não cause nenhum
incômodo. Deus se apresentava para Rita como firme fundamento sobre o
qual ela poderia construir sua vida. A ausência de Deus significava ausência do
presente bem como do futuro. Como ela poderia entender o significado, o
sentido da vida longe de Deus, que é o autor da vida?
Ela não se queixava das tragédias e muito menos se colocava como vítima.
Seu relacionamento com Deus não era marcado por um súbito sentimento
passageiro. Não via a Deus como uma névoa que ora está presente e logo se
desfaz. Enxergava em Deus a companhia de alguém que a protegia em meio às
turbulências da vida. Sabia, de forma consciente, que, sem Deus, a vida do ser
humano não tem sentido.
Rita deixou-se modelar pelo Espírito de Deus. Isso significa que ela adquiria
a forma requerida pelo Espírito. É modelada conforme o projeto de Deus para
a vida dela. Já não era mais ela, mas Deus que se projetava sobre ela. Ao
olharmos para Santa Rita, vemos a Deus. Nela, a presença amorosa,
libertadora e curadora de Deus era perceptível quando, amando a Cristo sem
vê-lo, amava solidariamente o pobre, a quem via. É espetacular a percepção de
Rita. Mais espetacular ainda quando nos lembramos de que é uma das
principais percepções que podemos encontrar na Sagrada Escritura, ou seja,
encontramos a Deus quando solidária e fraternalmente caminhamos em
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direção ao outro.
Oração
“Meu Deus, sinto-me, às vezes, sozinho, a combater forças que me parecem
em tudo superiores. Vem ao meu encontro e socorre-me. Salva-me e serei
salvo.”
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24º dia
ILUMINAÇÃO
“Ele é tanto o doador como o dom” (Walter Hilton).
Mensagem
Rita tanto mais crescia quanto mais de joelhos permanecia diante do
crucifixo. De joelhos, Rita enfrentava as situações mais difíceis e estressantes
de sua vida. De joelhos, ela podia nutrir a esperança como alimento em dias
maus. Por isso, não renunciava à esperança. Afinal, renunciar à esperança
seria o mesmo que renunciar à própria vida.
A esperança é mais sensata do que o desencanto que o mundo pode nos
trazer. Por isso é que Rita nos conduza fazer a experiência de que a esperança
é mais sábia do que o absurdo. Ela, mais do que ninguém, sabia que a
opressão atinge sua maior vitória quando é capaz de despojar sua vítima da
esperança. Ao dizer sim à esperança e não à tragédia, Rita deu passos
concretos em direção à plenitude de vida. Rompeu com a lógica cíclica da
tragédia e disse, de uma vez por todas, que em Deus encontramos a porta que
nos leva para fora da ditadura da tragédia e de seus sofrimentos.
A oração é a marca por excelência do cristão. Aquele que não ora corre o
risco de se esvaziar. Afinal de contas, quando vivemos superficialmente nossa
vida de oração, também desejamos nos relacionar com uma igreja superficial,
um discipulado superficial e um Cristo não muito exigente.
Devemos entender que a posição principal de um cristão é aquela em que
ele se encontra de joelhos. Somos discípulos e missionários de Jesus chamados
prioritariamente a uma vida de oração. O próprio Cristo não podia viver um
único dia sem orar. E o conselho da Bíblia é: “Orai sem cessar” (cf. Lc 18,1ss).
Precisamos repensar a oração como um instrumento dado pelo próprio Deus a
fim de crescermos em intimidade espiritual. Mas não devemos pensar que a
oração seja algo que nos aliena e nos afasta das outras pessoas e da
comunidade. Não é possível querer apenas Deus e rejeitar o povo e a Igreja de
Deus. Quanto mais próximos de Deus, mais próximos uns dos outros e da vida
da Igreja. Mais oração não significa mais individualismo, mas sim mais vida
comunitária. Não podemos viver e muito menos sobreviver sem oração.
Quanto mais oramos, mais nos aproximamos do coração de Deus e mais
Deus preenche nossos corações. Cristãos que não oram são cristãos vazios e,
consequentemente, não possuem nada ou quase nada em suas vidas que seja
digno de um verdadeiro testemunho. Diria que muita oração significa muito
testemunho, pouca oração pouco testemunho e nenhuma oração nenhum
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testemunho. Definimos nossas vidas como cristãos através do tipo de
relacionamento que temos com Deus. Na verdade, não podemos levar a sério
um cristão que não ora. Não orar beira a insanidade espiritual. Seria como
alguém se aproximar de nós e dizer: “Abdiquei de respirar”.
Oração
“Senhor, ensina-me a orar!”
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25º dia
ILUMINAÇÃO
Amar suaviza a alma tanto quanto deixar de amar nos embrutece, nos
torna perversos e amargos.
Mensagem
A arte da imitação das virtudes dos santos nos aponta a forma de vivermos
o discipulado com integridade. Não há como olhar para Santa Rita e deixar de
perceber:
- a piedade infantil;
- a obediência e o cuidado para com os pais;
- o perdão generoso dado aos inimigos;
- o amor a Cristo crucificado;
- a força em meio ao sofrimento;
- a misericórdia com os mais necessitados;
- a compaixão para com os outros.
Rita passou a vida fazendo o bem. Era uma imitadora competente de Jesus.
Não era ela que vivia, mas sim Jesus que vivia nela. Somos chamados a ser
discípulos e discípulas de Jesus. E discípulo é aquele que segue as pegadas de
seu mestre. Muitos desejam ser apenas seguidores de Jesus. Seguem-no de
longe, de tal maneira que Jesus não interrompa o caminho que escolheu seguir
e suas opções de vida. Todavia, o verdadeiro discípulo vive com seu Mestre, a
ele se dedica e faz dos princípios do mestre os seus próprios princípios.
Ela era santa uma vez que participava do amor de Deus. Todavia, não
represava narcisisticamente esse amor. Abria as comportas de sua vida para
que a água viva pudesse atingir todas as pessoas. Ignorar os caminhos de Santa
Rita nos faz empobrecer os caminhos da Igreja e, mais do que isso, viver
equivocados como cristãos. Ela caminha com passos decididos e inequívocos
nos mesmos passos que Jesus andou. Nela também encontramos passos
seguros.
Rita poderia ter se encastelado ao redor de si mesma. Ela não viveu a dor e
o sofrimento como se fossem marcas de um destino perverso. No entanto,
mesmo em meio ao paradoxo da vida, ela sai de si mesma para encontrar
Deus nas outras pessoas. Diz não a um projeto de egoísmo. Quem sabe Rita
não teria diante de seus olhos as belíssimas palavras de Paulo aos Filipenses:
“Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por
humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo” (Fl 3).
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Sabemos que o egoísmo é desumanizador. Ele gera a cultura da insensibilidade
diante do drama da miséria, da crueldade e da morte antes do tempo de
milhares de pessoas. “Que tenho eu a ver com a dor do outro? Não tenho as
minhas próprias crises para resolver?” Perguntas que não estavam nos lábios
de Santa Rita, pois são perguntas que perpetuam a cultura da insensibilidade.
Uma cultura que nos afasta de todas as pessoas e faz com que construamos
um mundo no qual somos os únicos e solitários moradores.
Oração
“Santa Rita de Cássia, que teus passos também sejam os meus. Que tuas
atitudes também sejam as minhas.”
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26º dia
ILUMINAÇÃO
Nossa vida depende da proximidade e da dependência do Deus que inspira
a vida.
Mensagem
Jamais poderíamos imaginar que uma mulher frágil e sofrida nos desse toda
a confiança de que precisamos para continuar vivendo. Somos ensinados e
treinados para ser, ou pelo menos, parecer fortes. Temos medo do fracasso e,
boa parte das vezes, contamos vantagens uns para os outros, tentando
esconder o que realmente somos e nossos limites. Contamos vantagens porque
não queremos nos sentir inferiores. Fantasiamos sobre nós mesmos e, com
isso, fugimos da realidade. Boa parte das vezes, vivemos nos escondendo atrás
de máscaras. Mas não precisamos atuar e, muito menos, viver algum outro
personagem. A autenticidade deveria ser a marca de cada pessoa. Não há
motivo para nos escondermos atrás de representações. Muito melhor é
reconhecer quem somos e o que fazemos para, a partir disso, modificar o que
é absolutamente necessário.
Não encontramos em Rita qualquer temor em ser ela mesma. Quando
olhava para si mesma, via-se como uma mulher de Deus, e não como as
pessoas a viam. Uma coisa é nos enxergar com os olhos dos outros e outra,
bem diferente, é nos enxergar como Deus nos enxerga. Ela poderia se tornar
amargurada, mas preferiu ser doce! Ela introduziu verdade numa sociedade
marcada pela mentira e compaixão num mundo invadido pela insensibilidade
e crueldade. Mesmo em meio à escuridão, ela manteve a esperança na luz que
brilha. Rita decidiu brilhar, quando todos apagavam sua luz interior. De onde
ela extraía tanta energia para movimentar sua vida em meio à escuridão do
mundo?
“Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes os
quarenta golpes menos um. Três vezes fui flagelado. Uma vez apedrejado. Três
vezes naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto-mar. Fiz numerosas
viagens. Sofri perigos nos rios, perigos de ladrões, perigos por parte de meus
irmãos de estirpe, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto,
perigos no mar, perigos dos falsos irmãos! Mais ainda: fadigas e duros
trabalhos, numerosas vigílias, fome e sede, múltiplos jejuns, frio e nudez!”
(2Cor 11,23-27). Ao ler esse trecho sem saber quem é o seu autor, certamente
creríamos ser o mais fracassado dos homens. As imagens que povoariam
nossa mente seriam a de uma pessoa marcada pela tragédia, pelo sofrimento e
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pelo infortúnio. Alguém que, decididamente, não deu certo na vida. Mas o que
mudaria em nós quando soubéssemos que o autor dessas palavras foi o
apóstolo Paulo? Ele era um fracassado? Alguém amaldiçoado e esquecido por
Deus? Certamente não!
Oração
“Nos passos de Santa Rita desejo andar. Nos passos de Santa Rita desejo
viver.”
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27º dia
ILUMINAÇÃO
Somos belos não pelo que sabemos, mas pelo que sentimos.
Mensagem
Durante um ano inteiro, por ordem superior da abadessa, que desejava
provar seu espírito de submissão e de humildade, Rita passou a regar uma
planta seca no jardim. Dia após dia, ali estava ela cumprindo humildemente
sua função. Talvez nem ao menos soubesse a razão de ser dessa ordem. Rita
não desistia com facilidade dos desafios e tarefas propostos.A raiz de sua
esperança não estava fundamentada em um cálculo objetivo e, muito menos,
num otimismo subjetivo. A raiz de sua esperança estava no amor que
suportava tudo.
Dia após dia, fazia o mesmo gesto, mas sempre realizado com o mesmo
amor e cuidado, a mesma humildade, nunca questionando a Deus sobre o
motivo de tão inócua tarefa. Dia após dia, a perseverança ia se apresentando
nela como uma virtude. E quando menos se esperava, a planta seca voltou a
brotar e, com o passar dos anos, se tornou uma videira com tronco maciço e
ramas vigorosas. Foi o primeiro milagre de Rita no convento. Ainda hoje, no
pátio do oratório, no antigo mosteiro, uma videira secular é apresentada como
se fosse a videira do milagre. E, simbolicamente, o milagre vai se
multiplicando, pois as ramas são dessecadas e reduzidas a pó e,
posteriormente, o pó é distribuído em pequenos envelopes pelas monjas aos
doentes, os quais o tomam com alimento ou bebida, atribuindo ao pozinho de
Santa Rita poderes de cura.
Quanta dificuldade temos de obedecer a Deus! Mas Pedro já nos advertia:
“Antes importa obedecer a Deus do que aos homens”. Quem sabe
desejaríamos que o próprio Deus nos obedecesse e fosse subjugado pela força
dos nossos interesses. Às vezes, nos falta humildade e, assim, nos afastamos
da realização do projeto de Deus para as nossas vidas. Fazemos aquilo que
Deus nos pede somente se nos interessar. E a vontade de Deus?
Narcisisticamente essa pergunta já perdeu o interesse. Buscamos, agora,
realizar nosso interesse específico. Talvez seja por isso que boa parte dos
cristãos lê a Bíblia somente à procura de promessas, e desviam os olhares de
todos os textos que nos convocam para obedientemente assumir a missão.
Uma das maiores dificuldades que temos se relaciona à obediência. Jesus,
certa vez, contou a seguinte parábola: um pai se aproximou de um dos filhos
pedindo que fosse trabalhar na vinha. Ele imediatamente disse que não iria.
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Mas depois se arrependeu, e foi. O pai fez o mesmo pedido a um segundo filho
que reagiu dizendo: “Sim, senhor eu vou!”, mas não foi (cf. Mt 21, 28-32).
E o que dizer daqueles que seriam os primeiros discípulos quando estavam
em plena atividade pesqueira, quando Jesus apareceu e os convidou a o
seguirem? Diz o Evangelho que eles abandonaram tudo e obedientemente
seguiram a Jesus.
Oração
“Obedecer é tão difícil! Ó Deus, ensina-me a viver em obediência e a cumprir
tua santa vontade!”
58
28º dia
ILUMINAÇÃO
A fé deve ser vivida com uma pitada de audácia.
Mensagem
Era o ano de 1457, mais precisamente o dia 22 de maio, quando Santa Rita
faleceu aos 76 anos de idade. Até o último momento, seu testemunho foi
exemplar. Mesmo enferma, dava abundantes graças ao Senhor, ainda que suas
irmãs se entregassem copiosamente ao choro.
Rita, durante os últimos quatro anos de sua vida, recebia diariamente a
Sagrada Comunhão, que era, também, quase seu único alimento. Depois da
comunhão, era consolada frequentemente com visões celestiais. Nelas, Jesus e
Maria anunciavam sua morte próxima. Apesar da doença, jejuava de maneira
quase total, e suas irmãs diziam que era a Eucaristia diária que a sustentava. O
pão do céu era, para ela, o verdadeiro alimento, a verdadeira vida. Rita
encontrava-se enfraquecida fisicamente, mas robusta espiritualmente. Ela não
abdicou de viver intensamente e oferecer dedicadamente sua vida a Jesus.
Vivia seus últimos dias como se fossem os primeiros. Não se deixava subjugar
pelo peso da dor, mas se abria às visões espirituais. Tudo nela e para ela era
razão de dar graças a Deus.
Ao morrer, ouviram-se três toques do sino do convento, que tocou por si
mesmo. Ninguém sabia por que os sinos tocavam em horário que não era
habitual. Quando as pessoas saíram de suas casas para tentar entender o que
estava acontecendo e souberam do falecimento de Rita, logo gritaram: “São os
anjos que tocam por ela”. E, ao mesmo tempo, um suave aroma invadiu todo o
convento, e sua cela resplandeceu como se ali estivesse o sol. Ao morrer, Santa
Rita dava profundo testemunho de seu dedicado discipulado e entrega absoluta
de sua própria vida a Jesus. Assumira-se como verdadeira discípula e,
consequentemente, o bom perfume e a luz do mundo de Cristo eram nela
reproduzidos.
Imagino Santa Rita diante da Eucaristia. Olho para ela e seus olhos estão
cheios de lágrimas que descem pela sua face. Sente-se honrada por participar
de tão grande banquete. Posso ouvir seu coração batendo mais forte. Afinal,
ela não estava diante de um pão qualquer. Era o próprio Cristo que se
apresentava como verdadeiro alimento.
O que havia nessa mulher que até gravemente enferma testemunhava a
graciosidade de Deus? Que mulher santa era essa que via beleza mesmo em
meio à dor e à proximidade da morte? Que mulher santa era essa que fazia de
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uma única fração de pão a mais bela das refeições?
Oração
“Querido Deus, dá-me continuamente o pão que desce do céu. Alimenta-me
com o pão da vida.”
60
29º dia
ILUMINAÇÃO
Nunca deixe de procurar e amar a Jesus enquanto viver. Eis a chave da
alegria!
Mensagem
Se quisermos um modelo de discípulo e missionário de Jesus, precisamos,
necessariamente, olhar para Santa Rita. E, nesse olhar, descobriremos que seu
seguimento de Jesus não dependia de suas emoções, mas de sua fé. Muitos,
talvez, ao olhar para Rita, poderiam dizer: “Foi recusada por Deus”, “Deus não
pode estar ao lado de alguém que sempre fracassou”. Mesmo que o caminho
fosse tremendamente escuro, ela continuava a caminhar. Muitas vezes não
enxergava nada por fora, mas por dentro seu coração se encontrava
plenamente iluminado. Sua vida girava ao redor de Jesus. Era seu centro, sua
direção, sua luz, seu pão, sua água, sua certeza... a única certeza. Mesmo que
já tivesse Cristo em sua vida, continuava a procurá-lo como se nunca o tivesse
encontrado. Ela se encantava com Jesus a cada novo amanhecer. Cristo era,
para ela, como uma nova descoberta a cada dia.
No início do movimento de Jesus, os discípulos e discípulas foram
denominados como aqueles do Caminho. Uma bela imagem que nos lembra,
constantemente, que o caminho se faz a cada dia. Não podemos nos ver como
cristãos ocasionais. Muitos vivem a vida cristã de acordo com a variação do
humor, isto é, ora apresentam-se e vivem no caminho e ora vivem como que
desencaminhados. Mas não podemos vivenciar a vida cristã como se ela fosse
uma montanha-russa, condenada a constantes e perpétuos altos e baixos.
Ao caminhar nos passos de Santa Rita, encontramo-nos nos passos de Jesus
e de todos os outros discípulos que nos antecederam. Precisamos
compreender que não fazemos o caminho sozinhos. Uma grande nuvem de
testemunhas nos acompanha, testemunhas que torcem por nós, nos
incentivam a caminhar em direção ao futuro e, de fato, a construir o futuro.
Somos povo de Deus, corpo de Cristo. Somos muitos que caminham com uma
só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento.
Caminhamos juntando nossos passos aos passos de todos os outros
discípulos que fazem o mesmo caminho. Nesse caminho, todos seguimos
juntos. Nele não há espaço para competição que nos leve a querer chegar um
na frente do outro. Não competimos pelo primeiro lugar e suas medalhas. O
mais importante é que todos, necessariamente todos, cheguem juntos ao
mesmo destino.
61
Oração
“Jesus, minha vida, meu centro, minha luz, meu alimento, meu tudo.”
62
30º dia
ILUMINAÇÃO
A motivação transforma a ação.
Mensagem
Séculos após a sua morte, o estado de conservação do corpo de Santa Rita é
perfeito. Atualmente, o corpo de Santa Rita é exposto aos fiéis no seu relicário,
na basílica Santa Rita de Cássia. Um corpo que vive e que continua
testemunhando, a partir das impossibilidades humanas. Deus não permitiu que
seu corpo se corrompesse como testemunho de seu poder e graciosidade. Rita
está presente em todos os momentos de nossas vidas em que nos deliciamos
com o belo e doce perfume das rosas.
Rita venceu todas as impossibilidades de sua vida. Uma a uma, cada
dificuldade foi completamente desconstruída. O testemunhodela não apenas
marcou os 76 anos de sua existência, mas também transformou as pessoas
que com ela, de alguma forma, tiveram contato.
Ela vive no coração de cada um de seus devotos. É perfume que se espalha
pelos caminhos que trilhamos. É a bênção que se antecipa e se faz presente
feito o bom perfume. Rita viveu experiências dignas de uma santa. Sua vida
nos aponta como devemos viver. Nela, reside preferencialmente o milagre.
Nela, a impossibilidade chega, finalmente, ao possível. Nela, a luz continua a
brilhar porque, em vida, acendeu tantas outras velas que, por sua vez,
acenderam outras, iluminando o mundo. Nela, vemos e comprovamos que
uma só centelha faz grande fogo.
Serenamente, o corpo dela descansa na Basílica e, ativamente, ela se
apresenta diante de nós e aquece nossos corações. Nela, podemos descansar,
mesmo que atribulados. Nela, podemos buscar refúgio quando a tempestade
se aproxima. Através dela, podemos encontrar serenidade e, acima de tudo,
podemos nos deparar com o milagre que neutraliza todo o veneno da
impossibilidade. Em Santa Rita, o que era trágico foi convertido em esperança.
Oração
“Santa Rita, santa dos casos impossíveis, opera em mim um milagre.”
63
SOBRE O AUTOR
Luiz Alexandre Solano Rossi é pós-doutor em História Antiga pela UNICAMP
e em Teologia pelo Fuller Theological Seminary – Califórnia, doutor em
Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP),
mestre em Teologia pela Faculdade do Instituto Superior Evangélico de Estudos
Teológicos (ISEDET) em Buenos Aires. Autor de inúmeros livros publicados no
Brasil e no exterior. É professor-adjunto na PUCPR, no programa de Mestrado
em Teologia.
E-mail: luizalexandrerossi@yahoo.com.br
Site: www.luizalexandrerossi.com.br
64
mailto:luizalexandrerossi@yahoo.com.br
http://www.luizalexandrerossi.com.br
Coleção NOS PASSOS DOS SANTOS
• Nos passos de Abraão, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Maria, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Moisés, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Pedro, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Santa Rita de Cássia, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Santa Teresinha do Menino Jesus, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de Santo Antônio, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de São José, Luiz Alexandre Solano Rossi
• Nos passos de São Vicente de Paulo, Luiz Alexandre Solano Rossi
65
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-abraao_p_2903.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-maria_p_2004.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-moises_p_3112.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-pedro_p_2781.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-santa-rita-de-cassia_p_3264.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-santa-teresinha-do-menino-jesus_p_3870.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-santo-antonio_p_3441.html
http://www.paulus.com.br/loja/nos-passos-de-sao-jose_p_3892.html
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Direção editorial:
Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de desenvolvimento digital:
João Paulo da Silva
Assistente editorial:
Jacqueline Mendes Fontes
Revisão:
Cícera Gabriela Sousa Bezerra
Renan Abreu
Iranildo Bezerra Lopes
Capa:
Marcelo Campanhã
Desenvolvimento digital:
Daniela Kovacs
Impressão e acabamento:
PAULUS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Rossi, Luiz Alexandre Solano
Nos passos de Santa Rita de Cássia [livro eletrônico]; Luiz Alexandre Solano Rossi. — São Paulo:
Paulus, 2015. — (Coleção Nos passos dos santos)
851Kb; ePUB
eISBN 978-85-349-4297-3
1. Espiritualidade 2. Orações 3. Rita de Cássia, Santa, 1381-1457 4. Santas cristãs - Biografia I. Título.
II. Série.
13-10619 CDD-282.092
Índices para catálogo sistemático:
1. Santas: Igreja Católica: Biografia e orações 282.092
© PAULUS – 2015
Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 • São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5087-3700
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67
Scivias
de Bingen, Hildegarda
9788534946025
776 páginas
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Scivias, a obra religiosa mais importante da santa e doutora da Igreja Hildegarda de Bingen,
compõe-se de vinte e seis visões, que são primeiramente escritas de maneira literal, tal como ela as
teve, sendo, a seguir, explicadas exegeticamente. Alguns dos tópicos presentes nas visões são a
caridade de Cristo, a natureza do universo, o reino de Deus, a queda do ser humano, a santifi cação
e o fi m do mundo. Ênfase especial é dada aos sacramentos do matrimônio e da eucaristia, em
resposta à heresia cátara. Como grupo, as visões formam uma summa teológica da doutrina cristã.
No fi nal de Scivias, encontram-se hinos de louvor e uma peça curta, provavelmente um rascunho
primitivo de Ordo virtutum, a primeira obra de moral conhecida. Hildegarda é notável por ser capaz
de unir "visão com doutrina, religião com ciência, júbilo carismático com indignação profética, e
anseio por ordem social com a busca por justiça social". Este livro é especialmente significativo para
historiadores e teólogas feministas. Elucida a vida das mulheres medievais, e é um exemplo
impressionante de certa forma especial de espiritualidade cristã.
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69
Santa Gemma Galgani - Diário
Galgani, Gemma
9788534945714
248 páginas
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Primeiro, ao vê-la, causou-me um pouco de medo; fiz de tudo para me assegurar de que era
verdadeiramente a Mãe de Jesus: deu-me sinal para me orientar. Depois de um momento, fiquei
toda contente; mas foi tamanha a comoção que me senti muito pequena diante dela, e tamanho o
contentamento que não pude pronunciar palavra, senão dizer, repetidamente, o nome de 'Mãe'.
[...] Enquanto juntas conversávamos, e me tinha sempre pela mão, deixou-me; eu não queria que
fosse, estava quase chorando, e então me disse: 'Minha filha, agora basta; Jesus pede-lhe este
sacrifício, por ora convém que a deixe'. A sua palavra deixou-me em paz; repousei tranquilamente:
'Pois bem, o sacrifício foi feito'. Deixou-me. Quem poderia descrever em detalhes quão bela, quão
querida é a Mãe celeste? Não, certamente não existe comparação. Quando terei a felicidade de vê-
la novamente?
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DOCAT
Vv.Aa.
9788534945059
320 páginas
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Dando continuidade ao projeto do YOUCAT, o presente livro apresenta a Doutrina Social da Igreja
numa linguagem jovem. Esta obra conta ainda com prefácio do Papa Francisco, que manifesta o
sonho de ter um milhão de jovens leitores da Doutrina Social da Igreja, convidando-os a ser
Doutrina Social em movimento.
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73
Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição Pastoral
Vv.Aa.
9788534945226
576 páginas
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A Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição Pastoral oferece um texto acessível, principalmente às
comunidades de base, círculos bíblicos, catequese e celebrações. Com introdução para cada livro e
notas explicativas, a proposta desta edição é renovar a vida cristã à luz da Palavra de Deus.
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A origem da Bíblia
McDonald, Lee Martin
9788534936583
264 páginas
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Este é um grandioso trabalho que oferece respostas e explica os caminhos percorridos pela Bíblia
até os dias atuais. Em estilo acessível, o autor descreve como a Bíblia cristã teve seu início,
desenvolveu-se e por fim, se fixou. Lee Martin McDonald analisa textos desde a Bíblia hebraica até
a literatura patrística.
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Índice
Rosto 2
Apresentação 4
1º dia 5
2º dia 7
3º dia 9
4º dia 11
5º dia 13
6º dia 15
7º dia 17
8º dia 19
9º dia 21
10º dia 23
11º dia 25
12º dia 27
13º dia 29
14º dia 31
15º dia 33
16º dia 35
17º dia 37
18º dia 39
19º dia 41
20º dia 43
21º dia 45
22º dia 47
23º dia 49
24º dia 51
25º dia 53
26º dia 55
27º dia 57
28º dia 59
29º dia 61
77
30º dia 63
Sobre o Autor 64
Coleção 65
Ficha Catalográfica 66
78
	Rosto
	Apresentação
	1º dia
	2º dia
	3º dia
	4º dia
	5º dia
	6º dia
	7º dia
	8º dia
	9º dia
	10º dia
	11º dia
	12º dia
	13º dia
	14º dia
	15º dia
	16º dia
	17º dia
	18º dia
	19º dia
	20º dia
	21º dia
	22º dia
	23º dia
	24º dia
	25º dia
	26º dia
	27º dia
	28º dia
	29º dia
	30º dia
	Sobre o Autor
	Coleção
	Ficha Catalográfica

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