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2
Sumário
Capa
Rosto
Apresentação
1. A vida oculta
2. Sacerdote dedicado ao seu povo
3. O Milagre
4. O movimento popular
5. Padre Cícero entra na política
6. A preocupação dos últimos anos: reaver o uso das ordens
7. O Pai dos Pobres!
Bibliografia
Coleção
Créditos
3
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Apresentação
Até poucos anos atrás, o padre Cícero ainda era considerado pelo clero como o
sacerdote sem uso de ordens, excomungado, rebelde. Apesar disso, para o povo do
Nordeste, era e ainda é, cada vez mais, o grande Patriarca do Nordeste, o Padrinho
universal, o intercessor junto a Deus em todos os problemas da vida, o santo cuja
intercessão nunca falha. Os romeiros não prestavam atenção às sentenças
eclesiásticas.
Então, veio o padre Murilo, vigário de Juazeiro, falecido há poucos anos. O padre
Murilo acolheu os romeiros sem restrições. Recebeu ajuda de religiosas da
Congregação de Nossa Senhora. Os últimos arcebispos de Fortaleza, desde dom
Delgado, mostraram-se bem mais tolerantes, inclusive simpáticos, como o cardeal
dom Aloisio Lorscheider. Mas a grande mudança veio com a chegada do atual bispo
do Crato, dom Fernando Pânico, em 2001. Dom Fernando atribui à intercessão de
padre Cícero a cura de um câncer que parecia incurável. Dom Fernando tornou-se o
grande defensor de padre Cícero e introduziu em Roma o processo de reabilitação do
padrinho do Nordeste. Desde então, a atitude do clero mudou. A própria CNBB
declarou-se favorável a uma reabilitação de padre Cícero. A igreja paroquial de
Juazeiro dedicada a Nossa Senhora das Dores foi declarada Basílica Menor pela
Santa Sé. Recentemente, dom frei Luiz Cappio, bispo de Barra, conversou com o
Papa na sua visita ad limina em setembro de 2010, pedindo que se acelerasse o
processo de reabilitação. O Papa acolheu com muito favor esse pedido. Falou de
modo muito elogioso de padre Cícero, dizendo que conhecia bem o caso e queria de
fato acelerar o processo de reabilitação.
Padre Cícero deixou de ser o padre reprovado, e é reconhecido como um santo
sacerdote que o povo venera com muita razão e que merece que a sua reabilitação
seja seguida de um processo de beatificação.
4
1.
A vida oculta
Cícero Romão Batista nasceu na cidade de Crato, estado do Ceará, no dia 24 de
março de 1844. Seus pais, Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana,
eram de condição média: tinham casa própria de tijolo, quatro pedaços de terra para
trabalhar e uma mercearia.
Desde pequeno, Cícero chamava a atenção dos adultos por seu gosto pela oração: a
caminho da escola, entrava na igreja matriz para rezar, atrasando-se muitas vezes para
a aula. Com 4 anos de idade, já conhecia o catecismo e com 8 fez a primeira
comunhão. Ainda jovem, sentiu-se atraído pela vocação sacerdotal. Uma
circunstância veio favorecer essa aspiração. Em 1854, por decreto da Santa Sé, tinha
sido fundada a diocese do Ceará. Em 1861, dom Luís Antonio dos Santos, natural da
província do Rio de Janeiro, foi nomeado primeiro bispo do Ceará. Uma das
primeiras resoluções do novo bispo foi entregar aos padres lazaristas franceses o
seminário que resolvera fundar. O seminário abriu suas portas em 1864. O jovem
Cícero ambicionava entrar no recém-fundado Seminário Diocesano da Prainha, em
Fortaleza. No entanto, seu pai faleceu em 1862, vítima da epidemia de cólera, quando
Cícero ainda estudava em Cajazeiras. Sendo o único filho homem, Cícero sentiu-se
na amarga obrigação de retornar para sua casa e renunciar ao sacerdócio. Pouco
tempo depois, o pai de Cícero apareceu-lhe em sonho e lhe deu a garantia de que
“não abandonaria os seus livros, pois Deus daria um jeito para fazê-lo prosseguir os
seus estudos”.
Cícero relatou esse sonho ao seu padrinho, um rico comerciante de Crato. Este
entendeu o apelo de Deus e ajudou o seu afilhado, que partiu para Fortaleza em 1865
para terminar os estudos no seminário. Também deu assistência à sua mãe viúva e às
duas irmãs.
Em 1870, com 26 anos de idade, Cícero chega ao final dos estudos. O padre francês
Pierre Chevalier, reitor do seminário, desaconselhou a ordenação sacerdotal porque
achava Cícero demasiadamente místico, cabeçudo e por vezes audacioso em matéria
doutrinal. No entanto, dom Luís tinha muita simpatia por Cícero e o ordenou em 30
de novembro de 1870. Aluno zeloso e fervoroso, certamente influenciado pela leitura
de revistas missionárias, pensou em servir a Deus na China. João Aprígio, seu antigo
tutor e amigo da família, demoveu-o imediatamente dessa ideia: como poderia
abandonar a mãe viúva e as duas irmãs órfãs?
Nessa época, o novo bispo do Ceará esteve muito empenhado em restabelecer com
todo o seu rigor a disciplina eclesiástica, de acordo com os padrões da França e da
Itália. Dom Luís expulsou o famoso missionário padre-mestre Ibiapina do Ceará e o
proibiu de voltar a pisar nas terras cearenses. Ao mesmo tempo, fez todo o possível
para controlar as 4 casas de caridade que Ibiapina tinha fundado no Ceará. Tudo
sucedeu como se tivesse previsto o apoio que as casas de caridade iam dar ao padre
Cícero mais tarde.
5
Ordenado, Cícero pensava em continuar os estudos em Roma, incentivado pelos
superiores, que reconheciam sua aguda inteligência. Mas o argumento de João
Aprígio, amigo da família, o fez retornar ao Crato, para junto da mãe e das irmãs.
Iniciou seu ministério sacerdotal no Crato. Um dia, dois cavalheiros de Juazeiro o
convidaram para atender confissões e fazer algumas pregações. O lugarejo estava sem
sacerdote residente. Assim, no dia 11 de abril de 1872, chegava a Juazeiro, para
passar alguns dias, o sacerdote recém-ordenado, padre Cícero Romão Batista, agora
com 28 anos de idade. Não imaginava que aí ficaria mais de 60 anos.
Padre Cícero queria ser professor no seminário de Fortaleza, onde estudara. Não tinha
o mínimo desejo de ficar como capelão de Juazeiro. Pois Juazeiro era um lugarejo
insignificante de duas ruas, 36 casas e uma capelinha dedicada a Nossa Senhora das
Dores. Deus decidiu. Uma tarde, padre Cícero voltou da capela onde tinha ouvido as
confissões dos homens e foi para a escolinha onde estava hospedado. Estava tão
cansado que caiu no sono. Aí teve um sonho.
No sonho, padre Cícero viu o Sagrado Coração de Jesus rodeado pelos 12 apóstolos
entrando na sala em que ele mesmo, padre Cícero, estava dormindo. Quando Jesus ia
começar a falar aos apóstolos, entrou de repente uma multidão de retirantes: era um
cortejo de adultos e crianças famintos, fatigados, tocados pela seca, e que pareciam
ter saído dos piores tempos de seca dos sertões. Então Jesus dirigiu a palavra aos
retirantes. Falou da ruindade do mundo e das inúmeras ofensas que os pecadores
fazem ao seu Sacratíssimo Coração. Prometeu fazer um último esforço para converter
o mundo tão miserável, mas anunciou que se este não respondesse ao apelo, seu fim
viria certamente. Nesse momento, Jesus voltou-se para padre Cícero e ordenou: “E
você, padre Cícero, tome conta deles”.
Então o padre Cícero acordou. Ficou espantado, mas pensou, refletiu e entendeu que
esse sonho era mesmo uma ordem de Jesus. Decidiu fixar-se em Juazeiro. Poucos
meses depois, trouxe de Crato sua mãe, dona Quinou, duas irmãs, Angélica e
Mariquinha, e uma jovem escrava liberta, que ficou conhecida como “Teresinha do
padre”.
6
2.
Sacerdote dedicado ao seu povo
Juazeiro era um sítio patrimônio (terra livre para os escravos) doado pelo padre Pedro
Ribeiro e contava com 32 casas: algumas casas domingueiras de proprietários, de
tijolo e telha, e 26 casas de taipa e palha que abrigavam os descendentes dos escravos
libertos. Havia uma escola e uma capela dedicada a Nossa Senhora das Dores.
Padre Cícero sabia que foi Deus que o colocara em Juazeiro, onde encontrou um
povo desviado e abandonado. Durante 17 anos, exerceu aí o seu ministério totalmente
escondido. Andava de sítio em sítio. Pregava constantes missões, celebrava novenas,
terços e procissões, multiplicava as festas religiosas.
Dedicou-se a corrigir os vícios e os abusos morais. Acabou com as bebedeiras,
proibiu as danças e conseguiu queos homens parassem de bater nas mulheres e que
as prostitutas confessassem seu pecado. Procurou alimentar a fé e animar a prática
religiosa do povo. Para isso, escolheu três caminhos: a convivência com o povo, as
visitas domiciliares pelos sítios, sempre andando a pé, e as pregações, orientando o
povo, seja nas novenas e missas, seja nas diárias reuniões ao anoitecer diante de sua
casa.
Em pouco tempo, Juazeiro tornou-se um modelo de ordem e de virtude. Padre Cícero
era no Juazeiro o equivalente do santo Cura d’Ars.
Durante todo esse tempo, padre Cícero viveu na maior pobreza. Não quis receber
nada pelos sacramentos que administrava. Viveu de esmolas que lhe davam às vezes
os comerciantes de Crato ou alguns comerciantes de passagem.
Adquiriu em poucos anos a fama de um sacerdote dedicado inteiramente ao povo,
sempre disponível, sempre desinteressado, atento, despretensioso, bom conselheiro,
impecável na sua vida pessoal, fiel rigorosamente ao seu voto de castidade, aceitando
trabalhar na capelania mais miserável da diocese. Consta que tinha um olhar
penetrante e uma palavra forte, capaz de convencer os mais duros corações. Gente de
todas as classes, até o clero, de longe e de perto vinha buscar seus conselhos.
Sua casa, com o correr dos anos, tornou-se a casa de todos, desde os pobres retirantes
e mendigos, até ricos comerciantes, políticos, padres, estrangeiros. Havia dias em que
repartia a mesa com vinte, trinta pessoas.
Padre Cícero contava com o apoio e a maior admiração de dom Luís, o seu bispo. Em
1883, dom Joaquim José Vieira assumiu a diocese do Ceará e depositou nele a
mesma confiança. Em 1884, dom Joaquim visitou Juazeiro para consagrar o altar da
capela Nossa Senhora das Dores que acabava de ser restaurada. Fez os maiores
elogios ao padre.
Seguindo o exemplo do padre Ibiapina, padre Cícero reuniu um grupo de beatas
dedicadas a uma vida de piedade e de oração, ao catecismo e à participação em todos
os ofícios e celebrações da Igreja.
7
Já muito antes do milagre de 1889, padre Cícero tinha fama de santo, de profeta e de
milagreiro. Durante a grande seca de 1888, padre Cícero fez promessa de construir
uma grande igreja, em honra do Sagrado Coração, no alto da serra do Catolé. Vieram
algumas chuvas e as obras começaram.
Então veio o milagre. Para entender todo o alcance do milagre, é preciso levar em
conta a situação do tempo. No Ceará, como em todo o interior do Brasil, a
proclamação da República foi acolhida como o fim do mundo. Era o advento do
anticristo e dos inimigos da Igreja. Ser republicano ou maçom era como ser filho do
diabo. Muitas profecias vieram renovar a convicção de que o fim do mundo era
iminente. Essa mesma fé apocalíptica ia animar Canudos alguns anos mais tarde. Por
outro lado, durante as últimas décadas, o vale do Cariri tinha prosperado bastante. Era
o centro mais desenvolvido do Ceará, graças, sobretudo, à multiplicação dos
engenhos de açúcar. A população tinha crescido bastante. Juazeiro crescia e estava
pronta para receber, de repente, a multidão que o milagre ia atrair à cidade.
8
3.
O Milagre
O ano de 1889 foi também um ano de seca. O povo multiplicava as súplicas e as
romarias. Foi no dia 1.º de março de 1889, às 5 horas da manhã, depois de uma longa
vigília noturna de oração. Para que as beatas pudessem tomar café, padre Cícero
resolveu dar-lhes a comunhão antes da missa... A beata Maria de Araújo foi uma das
primeiras que se aproximou. Maria de Araújo tinha 28 anos, era lavadeira, solteira,
natural de Juazeiro e residia com a família de padre Cícero.
Ao receber a comunhão, a beata Maria de Araújo caiu por terra sem nenhuma
explicação. No mesmo momento, a hóstia caiu-lhe da boca e ficou no chão. Ora, a
hóstia estava tingida de sangue. O mesmo fato repetiu-se todas as quartas e sextas-
feiras da Quaresma e, depois disso, a partir do Domingo da Paixão até o dia da
Ascensão voltou a ocorrer 47 vezes.
Na mente do padre Cícero e de todos os assistentes, não havia dúvida: o sangue
aparecido na hóstia e que manchava os panos sobre os quais se depositava a hóstia
era o próprio sangue de Cristo.
Em 7 de julho de 1889, dia da festa do Precioso Sangue, monsenhor Monteiro, reitor
do seminário menor de Crato e grande admirador do padre Cícero, comandou grande
romaria de 3.000 católicos de Crato até Juazeiro. Diante da multidão, ele proclamou
que o sangue dos panos mostrados no altar era o próprio sangue de Jesus Cristo, o
que provocou a maior comoção no povo. Aí começaram as grandes romarias para ver
o milagre. Os panos foram colocados numa urna de vidro e o povo vinha tocar a urna,
o que provocava grande diversidade de milagres.
Durante dois anos, a fama do milagre espalhou-se no vale do Cariri, provocando
romarias e atos de devoção. Pode-se dizer que todo o clero do Cariri e todo o povo de
todas as classes sociais aderiu: ninguém pôs em dúvida a transformação da hóstia no
sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na Quinta-feira Santa de 1891, em 25 de março, renovou-se o milagre na presença do
Dr. Marcos Rodrigues de Madeira, médico de Crato, que publicou no jornal de
Fortaleza O Cearense um documento no qual dizia que a transformação da hóstia em
sangue era “um fato sobrenatural para o qual não me foi possível encontrar
explicação natural”. Esse testemunho provocou reação imensa no Ceará e todos
ficaram aguardando parecer do bispo, dom Joaquim, para saber o que pensar de um
depoimento tão impressionante.
Dom Joaquim teve conhecimento dos fatos de Juazeiro somente em novembro de
1889. Ficou irritado porque padre Cícero não lhe tinha feito nenhuma comunicação.
Mas sua reação foi moderada. Nada tinha proibido, a não ser proclamar que se tratava
realmente de um milagre. Houve troca de cartas e mais nada até o depoimento do Dr.
Madeira.
Naquela época começaram a aparecer já algumas interpretações dos fatos
9
sobrenaturais de Juazeiro. Alguns diziam que, diante da imensa ruindade do mundo
(uma prova era o advento da República do Brasil), Jesus tinha resolvido derramar o
seu sangue uma segunda vez para uma nova redenção. Outros diziam que o milagre
de Juazeiro era o anúncio do juízo final.
Então dom Joaquim assustou-se: diante dele estava o fantasma das heresias. Já em
1891, dom Joaquim tinha enviado uma comissão de inquérito formada pelos dois
padres mais letrados da diocese, o padre Clycério da Costa Lobo e o padre Francisco
Ferreira Antero, doutor em teologia. O inquérito durou um mês e os comissários
interrogaram 10 beatas, 8 padres e 5 civis eminentes. Assistiram várias vezes ao
milagre da transformação da hóstia em sangue. Concluíram que se tratava realmente
de fatos sobrenaturais de origem divina.
Como explicar que esses dois teólogos tenham tão facilmente garantido a origem
divina dos milagres? Alguns dizem que, nesses primeiros tempos da República, a
espera pelo fim do mundo era tão forte que todos estavam dispostos a escolher sinais
de proximidade desse fim de mundo. Em todo caso, os dois padres deram ao bispo o
contrário do relatório que este esperava. O bispo sentiu-se traído pelos teólogos.
Em abril de 1892, aconteceu algo que convenceu o bispo de que havia um
embusteiro. Foi roubada a urna que continha as hóstias e os panos manchados de
sangue que o bispo tinha mandado transferir para Crato. O acusado foi José Joaquim
Marrocos, mestre-escola em Crato. Esse Marrocos tinha sido seminarista, mas foi
expulso do seminário pelos lazaristas franceses. Apaixonava-se por tudo o que era
religião e desde o início tomou a liderança dos movimentos de apoio ao padre Cícero.
Não havia provas, mas, de fato, 18 anos mais tarde, depois da morte de Marrocos, a
urna foi descoberta entre os objetos que lhe pertenciam.
Dom Joaquim ficou convencido de que havia em Juazeiro um verdadeiro cisma. Em 5
de agosto de 1892, baixou um decreto suspendendo o padre Cícero, privando-o do
poder de pregar, confessar e orientar os fiéis. Somente lhe deixou o poder de celebrar
missa. Em março de 1893, mandou uma carta pastoral em que desacreditava os fatos
de Juazeiro, emborasem condená-los formalmente e exortava os fiéis a ignorá-los.
O bispo resolveu submeter o caso à Santa Sé, isto é, ao órgão encarregado dos
problemas de doutrina, o Santo Ofício. Antes dele, já os partidários de padre Cícero
tinham multiplicado os apelos à Santa Sé contra as decisões do bispo. Com efeito, em
todo o vale do Cariri, a hostilidade ia crescendo contra a pessoa do bispo, acusado de
todos os pecados, e uma revolta popular estava se preparando. Em dezembro de 1893,
o bispo colocou o povoado de Juazeiro sob interdição parcial: doravante nenhum ato
religioso poderia realizar-se na capela. Era como se toda a população de Juazeiro
estivesse colocada fora da igreja. Essa medida provocou mais unidade na revolta do
povo da região contra o bispo.
Finalmente, no dia 31 de julho, foi tornado público o veredicto do Santo Ofício de
Roma. A Santa Sé reprovava todos os fatos de Juazeiro como “gravíssima e
detestável irreverência e ímpio abuso à Santíssima Eucaristia”.
10
Estimulado pela resposta da Santa Sé, o bispo tomou uma série de medidas para
organizar a repressão. Todas as romarias deviam cessar. Todos os documentos
escritos que falavam dos fatos de Juazeiro, as fotos ou as medalhas deviam ser
recolhidos e queimados. Os padres que falassem a favor dos fatos de Juazeiro seriam
suspensos de ordens: quase todos se submeteram. Os leigos que defendessem os fatos
seriam privados dos sacramentos. A urna roubada devia ser restituída; caso contrário,
depois de 30 dias, o autor seria excomungado. Por fim, padre Cícero devia restituir
todas as esmolas recebidas em razão dos milagres de Juazeiro. Maria de Araújo foi
removida para Barbalha.
A demora na comunicação, a reação do povo que acorria numeroso, as interpretações
dadas ao milagre, o medo da heresia, a popularidade crescente do padre Cícero, o
fanatismo do povo que não se importava com os apelos e determinações do bispo,
enfim, não se sabe ao certo o que mais pesou na separação entre a hierarquia da Igreja
e o padre Cícero.
O fato é que ele foi sendo proibido de exercer o seu ministério: primeiro, proibido de
confessar e pregar; depois, de realizar atos religiosos na capela; mais tarde, de
celebrar missa (1896). Até se pediu que saísse de Juazeiro. E finalmente veio a
excomunhão (1916), que, no entanto, não foi aplicada.
11
4.
O movimento popular
Diante dessa situação de quase ruptura com o bispo do Ceará, a população de
Juazeiro organizou a resistência. Formou-se um verdadeiro movimento popular.
O principal organizador foi um fazendeiro de Lavras de Mangabeira, bem no sertão,
tenente-coronel da Guarda Nacional José Lobo. A base do movimento popular foi
formada por seis associações: o Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, a Confraria
de São Vicente de Paulo, a Confraria de Nossa Senhora das Dores, a Confraria do
Santíssimo Sacramento, a Confraria do Precioso Sangue e, por fim, a partir de 1895, a
Legião da Cruz. Cada uma dessas associações foi transformada em tropa de choque
na campanha de reabilitação de padre Cícero. Todas tinham milhares de membros. A
legião da Cruz contava 5.000 membros somente em Juazeiro e mais de 10.000 fora do
povoado. Isso quer dizer que o povoado inteiro estava mobilizado e, com ele, uma
boa parte da população do município inteiro e dos municípios vizinhos.
Conseguiram arrecadar muito dinheiro. A finalidade era convencer a Santa Sé de que
havia sido mal informada e conseguir um apelo direto ao papa. Duas vezes, o padre
Cícero tentou recorrer por carta. Em ambas, a resposta foi negativa. A viagem de
Lobo a Petrópolis para convencer o núncio apostólico foi um desastre. Mas as
romarias aumentavam, apesar da proibição do bispo. Este tomou mais uma decisão.
Em abril de 1896, dom Joaquim despojou o padre Cícero do último poder que ainda
lhe restava: o poder de celebrar missa.
Pelo final de 1896, um incidente agravou a situação. Padre Cícero estava fazendo a
sua pregação habitual, quando cinco homens desconhecidos se aproximaram dele e,
de repente, sacaram as suas facas. O povo conseguiu impedir que atingissem padre
Cícero, mas a emoção foi grande. O povoado inteiro revoltou-se e ficou convencido
de que se tratava de uma ameaça da Igreja oficial de Crato. Em Crato, houve pânico:
pensaram que Juazeiro fosse mandar 5.000 capangas armados para destruir a cidade.
Em junho de 1897, chegou a última resposta de Roma. Dessa vez, o Santo Ofício
ameaçava padre Cícero de excomunhão, se ele não se retirasse imediatamente de
Juazeiro. O padre partiu imediatamente para Salgueiro, onde permaneceu vários
meses. Ele se convenceu de que o último recurso era viajar pessoalmente a Roma.
Graças à ajuda do presidente da província de Pernambuco, padre Cícero pôde pagar a
viagem.
O padre ficou em Roma oito meses (de março a outubro de 1898). Foi atendido várias
vezes pelo Santo Ofício e, no fim, foi recebido, em brevíssima audiência, pelo papa
Leão XIII. A conclusão foi de que se deveriam manter os decretos anteriores, quanto
à prática. No entanto, o padre recebia permissão para celebrar missa em Roma e,
dependendo da ratificação do bispo, também no Ceará. Enfim, qualquer modificação
no seu estatuto dependeria doravante da Santa Sé, e não do bispo. Padre Cícero
entendeu tudo isso como uma vitória e voltou feliz ao Brasil. O Santo Ofício tinha
sugerido que saísse de Juazeiro, mas não o obrigava a fazê-lo. O sacerdote voltou a
12
Juazeiro no dia 4 de dezembro de 1898, mas o bispo não lhe permitiu rezar missa.
Durante os anos seguintes, o movimento cresceu sem interrupção. Muitos romeiros
vieram morar em Jua- zeiro. Entre 1890 e 1898, a população passou de dois mil a
cinco mil habitantes. Em 1905, já havia doze mil habitantes e, em 1909, quinze mil.
Quanto mais crescia a perseguição da Igreja, mais o povo defendia o seu “padim”.
Não podendo mais confessar e pregar, ele passou a apadrinhar todas as crianças que
eram batizadas e tornou-se o padrinho de todos. Pessoas importantes e ricas de Crato
e de Cariri afastaram-se de padre Cícero por causa da campanha dirigida pelo bispo.
Mas milhares de migrantes vindos dos estados mais pobres do Nordeste,
especialmente Alagoas, passavam a defendê-lo e amá-lo. E o padre Cícero, homem
ativo e dedicado, já que não podia exercer o seu ministério, passou a ocupar-se com a
vida do povo, sua situação econômica, sua sobrevivência, a formação escolar e
profissional, o progresso do lugar.
As tensões entre os antigos habitantes da terra e os recém-chegados eram fortes e
padre Cícero teve de se fazer de pacificador. Foi durante essa época que o padre
Cícero começou a tornar-se o Patriarca do Nordeste. De todas as partes, o povo vinha
para pedir-lhe conselho. Ele tinha fama de saber resolver todos os conflitos, de saber
o remédio para as doenças e até a fama de ser casamenteiro. Diante do crescimento da
cidade, começou a preocupar-se com a situação econômica do seu povo. Ficava aflito
pela situação de extrema dependência dos trabalhadores que viviam a serviço dos
senhores de engenho ou dos fazendeiros. Cuidava para que os meninos aprendessem
um ofício e ficassem na cidade para não caírem na dependência. Por isso incentivou
de todas as maneiras o artesanato.
O Dr. Walter Barbosa narra como nasceu a indústria de relógios em Juazeiro.
Um dia, padre Cícero mandou chamar o mestre Pelúsio Correia do
Machado, dizendo:
– Seu camaradinha, eu lhe mandei chamar, para lhe propor um negócio:
Juazeiro está crescendo, mas o seu crescimento não está sendo coordenado.
Eu não disponho de tempo para realizar empreendimentos, a fim de dar
condições de subsistência a esse povo. E é constrangido que vejo tudo isso
acontecer.
Dando um suspiro profundo, continuou:
– Não disponho de meios... Pensei e cheguei à conclusão de que vou
precisar do trabalho e de uma porção de gente que pode me ajudar; por isso
eu o escolhi.
– Estou às ordens do senhor... Se achar que posso ser útil em alguma
coisa...
– Como não! Olhe, Pelúsio, é condoído que vejo esta criançada crescendo
sem ter um ofício. Já estou encaminhando uns para aprenderema arte de
sapateiro, pois é uma arte que sempre dá, todo mundo precisa andar
13
calçado; outros encaminhei para ourivesaria, a fim de se tornarem bons
artífices, e agora desejo montar uma fábrica de relógios...
– Meu padrinho, e onde vai ser essa fábrica?
– Aqui em Juazeiro.
– Em Juazeiro?
– Sim, homem de Deus! O engenheiro que escolhi foi você. A fábrica vai
ser dirigida pelo meu bom amigo e afilhado.
– Mas, meu padrinho, eu nunca tive a menor noção de tal coisa!
– Pelúsio, para você não há problema. Temos de montar essa fábrica de
relógios monumentais, a fim de servir de escola ou aprendizado para uma
parte dessa rapaziada.
– Mas, meu padrinho, como é que posso fazer uma coisa que nunca fiz?
– Fazendo a primeira vez! Olhe, vou mandar comprar um despertador.
Quando esse chegar, você o desmonta, veja como funcionam as suas peças,
estude-as. Depois você montará. Quando isso acontecer, já se tem meio
caminho andado para se implantar uma fábrica de relógios em nossa
Juazeiro.
– Mas, meu padrinho, e como vou fabricar essas peças?
– Camarada, você usa o mesmo processo dos ourives. Faz fundição em
areia. Quanto às ligas dos metais, essas, os livros ensinam.1
Assim foi feito. A fábrica funcionou e fabricou relógios. No dia do aniversário do
padrinho, Pelúsio pôde ofertar um relógio que registrava horas, minutos, dia, mês,
ano e fases da lua. Esse relógio ainda está na Coluna da Hora da cidade.
Naquele tempo, como hoje em dia, não havia problema mais grave do que o da
propriedade da terra. Padre Cícero tinha a sua ideia a esse respeito. Assim narra dona
Maria da Conceição Lopes Campina, lembrando palavras do padrinho:
Se eu fosse um padre novo neste tempo, eu ia pedir ao papa para dar licença
aos bispos para comprarem terras com o dinheiro da Igreja e a arrendaria
bem barato para o povo, porque o dinheiro da Igreja pertence ao povo, que
é ele quem dá. Só assim ele se endireitaria e se afastaria de tanto sofrimento
de viver no eito destes orgulhosos. Assim dizia meu Padrinho Cícero. Olhe
que estou escrevendo este caderno e ouvi um dono da terra dizer: – Eu só
quero ver morador com colarinho na camisa. Outra vez, meu marido estava
no mercado e um homem começou a comprar carne de cabeça de boi, já
estava ruim, com mau cheiro; e foi chegando outro da escala dele e disse: –
O que é que está fazendo aqui, fulano? Ele respondeu: – Estou aqui
comprando rebotalho para os cachorros comerem, dizendo isso em relação
aos trabalhadores do engenho. Por isso Deus castiga esses homens que se
14
enricam com o suor dos pobres e ainda os descompõem. Agora, cadê os
engenhos? Levaram fim. Chegaram outros mais ricos que os rebaixaram à
usina de açúcar, estão plantando cana aperreados e vendendo-lhes; e só
tratam da cana porque os pobres dos agricultores não têm para onde se
virar. Meu padrinho Cícero cansou de dizer: – Plantem mandioca para
vocês não viverem tão aperreados. Mas agora nem isso eles podem fazer,
porque os ricos compraram todas as terras boas e deixaram os pobres sem
ter onde plantar uma tarefa de mandioca e dizem assim: – Na minha terra
não planta nem pé de mandioca, que eu vou plantar capim para o meu gado.
E a terra foi Deus quem fez, mas, para defender-se de um derramamento de
sangue, é melhor comprar as terras e ir botando o povo pobre para
trabalhar.2
 
Todos os dias, ao entardecer, padre Cícero pregava na praça pública dando os seus
conselhos, exortações e advertências. Terminava dando a bênção ao povo. A doutrina
do padre Cícero era aquela que todos os missionários sempre ensinaram no sertão.
Havia grande insistência no juízo final, grande denúncia dos pecados do mundo e a
ameaça dos castigos de Deus.
Os primeiros romeiros também disseram que ouviram meu padrinho Cícero
dizer que, quando o sol escurecesse, os amancebados e amasiados correriam
todos virados em bichos; e era uma zoada tão grande nos becos das ruas,
que parecia dez latas batendo umas nas outras, dos gritos das fêmeas nos
dentes dos machos. E para os amasiados, sendo os dois solteiros, tem um
jeito. É só se casar na Igreja Católica Apostólica Romana governada pelo
Santo Papa de Roma, mas, para os amancebados, só serve ir viver com a
esposa ou então sozinho, sem ter mulher alguma. É o jeito que tem para
eles. E meu Padrinho Cícero disse que, depois que o sol se limpar, a chuva
que caísse no chão não daria para apagar o rastro de um animal de tão
pouca que seria. Secariam todas as cacimbas, que mal daria para os donos
beberem e cozinharem. E o povo sairia e iria passar esta seca nas margens
do rio São Francisco comendo beiju de massa de mandioca ralada em ralo e
espremida em um saco e feitos os beijus nos cacos das panelas velhas das
suleiras. E o sertão ficaria pelado de não haver folha verde nos paus...3
Disse Jesus Cristo que nos últimos tempos haveria de multiplicar-se a
iniquidade e o amor de muitos havia de esfriar. Quer dizer que a santa
religião cristã seria abandonada, que a terra atualmente está cheia de falsas
religiões, de falsos profetas e de falsos cristãos, que são estes homens que
se fazem de padres sem ser ordenados na Lei de Jesus Cristo. As doutrinas
anticristãs estão sendo propagadas em toda parte, como o tal espiritismo ou
feitiçaria moderna, levando em todos os países do mundo a sua lei. Tudo
isso são os verdadeiros sinais do fim do mundo, ou fim dos homens.4
Padre Cícero dizia aos romeiros que vêm ao Ceará:
15
Vocês que são romeiros de fora, comprem a sua casa aqui em Juazeiro, para
que, quando chegar este tempo, vocês já tenham o seu lugar. É bom
comprar para não ficar à toa e não andar doido de rua em rua atrás de casa
para alugar, sem encontrar, que neste tempo é pior. É difícil encontrar uma
casa para alugar e quem tiver a sua é melhor, que é só entrar dentro, porque,
quando o povo ouvir falar em guerra no Brasil, vem logo e aluga as que
estiverem desocupadas, e quem vier por derradeiro, fica é por debaixo dos
paus, porque não encontra casa para alugar. E eu ensino a este povo
pobrezinho que compre lona velha de caminhão, para fazer latada enquanto
encontra uma casinha, pode até fazer no fundo dos quintais dos conhecidos
que não vão cobrar aluguel disto, não. Tenham caridade. Bem, aqui é lugar
de sofrimento, é lugar de trabalhar nas roças, principalmente para quem é
pobre. Se vier para o Ceará, venha conformado com a vontade de Deus e
com o destino de trabalhar na roça e que está longe com duas ou três léguas
de distância, porque nos arredores as terras já estão cansadas e não dão mais
nada de futuro, e outras ocupadas com a criação de gado. Se quiserem
trabalhar, vão para a serra da Mãozinha, vão para a serra do Araripe, não,
que meu Padrinho Cícero disse que a serra do Araripe, no fim do mundo,
desaba quatro léguas em quadro e se afunda.5
O fim do mundo estava sempre presente nas expectativas daquele tempo. Juazeiro
seria como que uma cidade de refúgio, no meio das adversidades dos últimos tempos,
assim ela será também, de certo modo, uma cidade de Deus, uma nova Jerusalém.
1 Cf. Walter Barbosa. Padre Cícero. Pessoas, fotos e fatos. Fortaleza, 1980, pp. 29-30.
2 Cf. Maria da Conceição Lopes Campina. Voz do Padre Cícero, São Paulo, Edições Paulinas, 1985, p. 188.
3 Cf. Ibidem, p. 222s.
4 Ibidem, p. 223.
5 Ibidem, p. 199.
16
5.
Padre Cícero entra na política
Padre Cícero entrou na política do Ceará já com 67 anos de idade. Sempre afirmou
que entrou a contragosto, forçado pelas circunstâncias. A circunstância foi a luta pela
emancipação política de Juazeiro. Depois de longa luta, Juazeiro foi emancipada e
tornou-se município em 1911, quando já era o principal centro urbano do Ceará,
depois de Fortaleza.
Ora, as rivalidades eram grandes entre os coronéis da região do Cariri. Muitos
queriam aumentar o seu poder na região graças à prefeitura de Juazeiro. Em Jua-
zeiro mesmo, havia rivalidades tremendas entre filhos da terra e habitantes que
vinham de fora. Padre Cícero resolveu candidatar-se para evitar lutas ferozes e talvez
até sangrentas. Era a única pessoa capaz de estabelecer certaunidade entre os
partidos. De fato, padre Cícero conseguiu diversos pactos de não agressão entre
partidos e coronéis que podiam muito bem ter desencadeado guerras sangrentas.
Padre Cícero foi o conciliador que buscava a paz.
Naquela época entrou no círculo das pessoas que tiveram mais ascendência sobre o
Patriarca de Juazeiro o Dr. Floro Bartolomeu da Costa. O Dr. Floro, até a sua morte,
em 1926, transformou-se no conselheiro mais ouvido do padre Cícero. Ele era médico
nascido na Bahia e tinha trabalhado nos sertões da Bahia e de Pernambuco, como
médico, jornalista e tabelião. Chegou a Juazeiro em 1908. Aliou-se a um nobre
francês, o engenheiro de Minas conde Adolfo van den Brule. Ambos puseram-se a
descobrir minérios e pedras preciosas. Descobriram uma mina de cobre em Coxá,
numa terra adquirida por padre Cícero. Assim nasceu a amizade e a colaboração entre
eles.
Em todo caso, o Dr. Floro afirmou-se rapidamente como o chefe de novas tendências
políticas. Ele trazia ideias novas e entraria em conflito com os coronéis locais. Era o
típico “forasteiro” que viera desafiar as oligarquias locais. Encontrou apoio na
maioria da população que já não era dos nativos do Cariri. Ora, o Dr. Floro entrou
rapidamente em todas as lutas políticas do Ceará, que tradicionalmente eram lutas
entre coronéis e caciques locais.
O Patriarca de Juazeiro – o padre Cícero – foi levado a tomar partido cada vez mais
abertamente. Uma vez prefeito de Juazeiro, tornou-se o líder político mais importante
do Cariri e ocupou essa função durante 20 anos: durante vinte anos foi a figura
política mais poderosa do Cariri e um dos mais influentes do estado.
Em 1912, padre Cícero foi eleito vice-governador do Ceará. O Dr. Floro foi eleito
deputado federal. Em 1913-14, houve uma verdadeira guerra entre Crato e Juazeiro, e
o Dr. Floro organizou um exército de capangas. Juazeiro foi devastada. Mas, no fim,
em 24 de janeiro de 1914, as tropas do Dr. Floro venceram e saquearam a cidade de
Crato. Depois dessa vitória, as tropas de Juazeiro marcharam contra Fortaleza. O
governo federal mandou ajudar e o governador Franco Rabelo abdicou-se e embarcou
para o Rio de Janeiro, em 24 de março de 1914. O Patriarca de Juazeiro era o
17
conquistador do Ceará. Juazeiro foi o reduto político mais importante do Nordeste
durante duas décadas. Vencedor de uma revolução, padre Cícero controlava o Ceará e
exercia também uma influência importante na política nacional. Foi prefeito de
Juazeiro sem interrupção até 1927 e vice-governador durante dois mandatos.
No entanto, padre Cícero não se sentia à vontade na política. Praticamente depois da
vitória de 1914, deixou de exercer de fato o poder real que tinha. Nada se fazia
doravante no vale do Cariri sem o seu consentimento. Mas quem exercia o poder de
fato era o Dr. Floro. O Patriarca estava ficando velho. Em 1924, já tinha 80 anos e
não gostava mais de sair de Juazeiro.
Em 1914, o estilo de vida de padre Cícero mudou. Sob a influência do Dr. Floro, ele
deixou a sua casa modesta, onde vivia até então, para morar numa casa mais
suntuosa. Sua mãe e uma irmã haviam falecido. A beata Maria de Araújo também
havia falecido. A antiga casa do padre tornou-se o refúgio da família e das beatas,
como também de meninas órfãs. E a nova casa era frequentada pelos políticos da
região. Inúmeras visitas enchiam a casa, vindas não somente do interior do estado do
Ceará, mas também da capital e até do estrangeiro. Padre Cícero reinava nessa casa
quase pública, mas era somente em aparência. Quem reinava de fato era o Dr. Floro,
que morreu em 1926.
Já fazia alguns anos que a saúde em declínio do padre Cícero não mais lhe permitia
uma participação real na vida pública. Os últimos dez anos de sua vida foram vividos
no interior da casa. Desta vez, quem orientou padre Cícero foi outra beata, dona
Joana Tertuliana de Jesus, conhecida pelo cognome de Beata Mocinha. Morta a
última irmã do Patriarca de Juazeiro, Beata Mocinha ficou como secretária e
orientadora de todos os negócios, de todas as relações com o mundo exterior e como
dona da casa. Ela cuidou da saúde e dos assuntos pessoais de padre Cícero.
18
6.
A preocupação dos últimos anos: reaver o uso das ordens
À medida que o tempo passava, padre Cícero ficou cada vez mais com a obsessão de
recuperar o uso pleno do sacerdócio.
Em 1914, o papa Bento XV criou a nova diocese de Crato. Padre Cícero havia lutado
durante anos para que a nova diocese, projetada pelo Vaticano no Cariri cearense,
fosse sediada em Juazeiro. Não se dava conta de que, por si só, a presença dele,
sacerdote suspenso de ordens, tornava muito difícil tal decisão. Em todo caso,
Juazeiro perdeu a batalha e a animosidade cresceu de novo entre as duas cidades
rivais.
Provavelmente para apaziguar os ânimos, dom Quirino, primeiro bispo de Crato,
submeteu o padre Cícero a uma série de restrições e humilhações: proibição de
receber romeiros em sua casa, proibição de dar a bênção, proibição de benzer artigos
religiosos, proibição de batizar crianças mesmo em perigo de morte. Aconteceu que
várias vezes, nesses anos, a excomunhão do padre Cícero saiu de Roma, mas o bispo
sempre segurou essa excomunhão e deixou de publicar a bula romana, pois temia o
furor popular.
Todavia, os inimigos do Patriarca tornaram-se numerosos. O novo vigário de Juazeiro
era hostil ao padre. Acusações chegavam de todas as partes.
Acontece que o Patriarca de Juazeiro recebia muito dinheiro dos romeiros. Distribuía
intenções de missas a todo o clero secular e regular do Brasil e mesmo a
congregações estrangeiras. Depois da guerra na Europa, de 1914 a 1918, mandou
dinheiro à França e Alemanha para a reconstrução de igrejas destruídas. O dinheiro
abundava em suas mãos, o que não podia deixar de suscitar inveja tanto da parte do
vigário como dos outros padres da região e da própria diocese. Em 1921, dom
Quintino suspendeu padre Cícero de novo.
A indignação dos romeiros foi imensa. Ameaçaram o vigário e impediram as obras
empreendidas por ele. O padre Esmeraldo, primeiro vigário de Juazeiro, foi forçado a
renunciar. Esse fato provocou forte irritação no bispo, dom Quintino. As esperanças
de reabilitação do velho Patriarca pareciam impossíveis.
Nos últimos anos de vida, padre Cícero aproxi- mou-se muito dos salesianos. Em
1923, fez deles os herdeiros de todos os seus bens. Correspondeu-se com o padre
Rota, superior geral, para que os salesianos fundassem um colégio em Juazeiro. É
provável que esperasse poder contar com o apoio dos salesianos em Roma, já que
com dom Quintino não havia mais esperança de reconciliação.
Em 1929, dom Quintino faleceu. Dom Francisco de Assis Pires, seu sucessor,
mostrou-se mais indulgente. Houve muitas aproximações. Parece que a questão do
testamento de padre Cícero criou problemas. Em todo caso, jamais padre Cícero
recuperou os poderes sacerdotais. No entanto, não morreu sem reconciliação. Nos
últimos dias de sua vida, aceitou a condição de um simples fiel recebendo os
19
sacramentos. Monsenhor Joviniano Barreto, vigário de Juazeiro nos últimos anos de
vida do Patriarca, descreveu assim os seus últimos sentimentos:
Ele nunca faltou à missa aos domingos. Era sempre paciente e jamais teve
uma palavra de revolta, um gesto sequer, em relação ao que lhe ocorreu na
vida. Isso não prova desdém à religião, que amava com todas as veras de
sua alma de sacerdote e, sim, espírito de fé católica, da qual nunca se
afastou.6
Até o fim da vida tinha pensado em fazer uma nova viagem a Roma, para pedir sua
reintegração nos poderes da ordem sacerdotal. Não teve mais condições físicas para
essa viagem.
6 Cf. Ralph Della Cava, Milagre em Juazeiro, p. 256.
20
7.
O Pai dos Pobres!
O povo consagrou padre Cícero porque ele antes entregara a sua vida aos pobres.
Amou sinceramente os pobres. Foi incansável defensor dos pobres, que o procuravam
para solucionar todo tipo de problemas e questões. Casos como o de um fazendeiro e
influente chefe político do Cariri, cujo gerente mandou botar o gado do patrão no
roçado de um pobrepai de família, antes de este colher a safra toda, prejudicando
assim o algodão. O pobre que não tinha sindicato nem tinha delegado por ele, foi ao
padre Cícero. Este fez o seguinte bilhete para o patrão:
Meu caro compadre, chegou ao meu conhecimento que um sujeito sem
consciência botou uma porção de reses no roçadinho do portador deste, e
elas estão devorando o fruto do seu trabalho e dando-lhe um prejuízo tão
grande que lhe digo, venho pedir-lhe que faça valer agora o seu prestígio e
mande, com a maior urgência, botar para fora esses animais e tomar
providências para evitar que outros perversos abusem de sua confiança e
pratiquem aí injustiças dessa natureza. 7
O patrão obedeceu imediatamente. Levantava os pobres, mostrando-lhes seu valor.
Seus conselhos eram: “Não vá morar em terras de senhor de engenho”, “Não venda
suas terras”, “Não vá morar em terra de outros”, “Compre terras”...
Procurava promover os pobres, ajudando-os a sair da condição de miseráveis, de
pessoas improdutivas e dependentes dos coronéis e fazendeiros. Mais de 100
camponeses foram estimulados a plantar na serra do Araripe (uma terra da nação,
com 40.000 km2. Pela orientação e estímulo de padre Cícero, o Cariri conseguiu
autonomia nos produtos agrícolas básicos: arroz, feijão, milho, cana para rapadura,
mandioca etc., e ficou conhecido como celeiro do Ceará.
Estimulou a abertura de cacimbas e a construção de cisternas para recolher as águas
das chuvas em cada quintal, prevenindo a falta de água.
Ensinou o povo a ganhar o seu sustento, pois ele não tolerava gente desocupada.
Ensinou ofícios comuns como: pedreiro, carpinteiro, ferreiro, marceneiro e os mais
diversos tipos de artesanato em palha, fibra, couro, relógios, sinos, redes, rendas,
além de costura e prendas domésticas, ajudado pelas irmãs e amigos que passavam.
Orientava o povo sobre saúde, remédios do mato, primeiros socorros. Abriu doze
escolinhas particulares e duas públicas. Abriu o primeiro orfanato (1916) e colaborou
na instalação da primeira Escola Normal Rural (1932). Costumava dizer: “cada casa
deve ser um santuário, uma oficina e cada quintal, uma horta”.
Juazeiro foi se tornando refúgio dos pobres, o oásis de milhares de romeiros que
buscavam alívio para seus sofrimentos e opressão.
Todos os que o procuravam, desiludidos dos poderosos, nele encontravam,
invariavelmente, o carinho de uma palavra ou de um gesto amigo. Durante
horas a fio, desde a manhã até alta noite, recebia os romeiros, consolando-
21
os através de seus conselhos e de sua bênção amorosa e paternal.
Respondia-lhes os telegramas e as cartas, às vezes de uma adorável
ingenuidade. Nunca se lhe viu espelhar no rosto a sombra de um enfado.
Foi, na realidade, o consolador das gentes abandonadas dos sertões, que
sempre tiveram fome e sede de justiça.8
Faleceu na manhã de 20 de julho de 1934. Em Juazeiro, foi como um fim do mundo.
A vida parou. Muitos pensaram que a cidade fosse morrer sem o seu Patriarca. No dia
21, sessenta mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre.
Mas a cidade não morreu; pelo contrário, continuou a crescer. E as romarias também
não cessaram, continuaram a crescer. Pois, no meio de todas as tribulações da vida do
Patriarca de Juazeiro, o povo dos pobres nunca o abandonou. Padre Cícero teve mui-
tos inimigos e detratores, mas jamais lhe faltou a confiança do povo simples. Este
sempre se reconheceu na figura do sacerdote, que encarnava para o povo pobre a
pessoa do Cristo de maneira visível, acessível e compreensível.
Padre Cícero adotou amorosamente os pobres e advogou a causa dos nordestinos
oprimidos, dedicando-lhes incansavelmente 62 anos da sua vida. E o povo pobre o
reconheceu, o defendeu e o consagrou, continuando a expressar-lhe o seu
devotamento, porque viu e vê nele o Pai dos Pobres!
Antecipou em muitos anos as opções da Igreja na América Latina. É impossível negar
a sincera opção pelos pobres de alguém que os próprios pobres proclamam!
Meu padrinho é padre santo
Como ele outro não há
Pois tudo que ele recebe
Tudo de esmola dá.
Assim foi fazendo o bem
Que ele tão grande ficou
E seu nome corre o mundo
E nobre fama tomou.
Para ter uma batina
Era preciso lhe dar
Pois dinheiro não guardava
Para ele mesmo comprar.
Somente por estes atos
De tanto desprendimento
De tanto amor ao seu próximo
De tanto devotamento.
É que dos sertões longínquos
Para aqui foram chegando
Levas e levas de gente
Segura fé procurando.
22
Por isso depois um dia
Deus lhe querendo mostrar
O quanto pode a virtude
O bom caminho trilhar.
E pela graça divina
Na primeira sexta-feira
De março de oitenta e nove
E da quarenta a primeira.
Permitiu-lhe que um milagre
Nesta aparecesse
Que o sangue de Jesus Cristo
Pelas suas mãos corresse.
Em uma mocinha pobre
Sem parente e sem posição
Quase preta, sem parente
Mas pura de coração.
Foi então que se manifestou
O fato que admirou
A quem viu sem se enganar
Mesmo a quem depois negou.9
7 Cf. Pe. Azarias Sobreira, em O patriarca de Juazeiro.
8 Cf. Dr. Antonio Martins Filho e Raimundo Girão, O Ceará.
9 Cf. Maria da Conceição Lopes Campina, op. cit. p. 213.
23
 
Bibliografia
BARBOSA, Walter. Padre Cícero. Pessoas, fotos e fatos. Fortaleza: Editora
Henriqueta Galeno, 1980.
DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Juazeiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
LOPES CAMPINA, Maria da Conceição. Voz do Padre Cícero e outras memórias.
São Paulo: Paulinas, 1985.
MARTINS FILHO, Dr. Antonio e GIRÃO, Raimundo (orgs.). O Ceará. Fortaleza:
Editora Fortaleza, 1945.
NETO, Lira. Padre Cícero - poder, fé e guerra no sertão. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
SOBREIRA, Pe. Azarias. O patriarca de Juazeiro. Juazeiro, 1969.
24
 
Coleção Biografias
• Oscar Romero e a Comunhão dos Santos, Scott Wright
• João Paulo II – A biografia, Andréa Riccardi
• Padre Ibiapina, José Comblin
• Padre Cícero de Juazeiro, José Comblin
25
 
Direção editorial: Zolferino Tonon
Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes
Revisão: Iranildo Bezerra Lopes e Tiago José Risi Leme
Capa: Marcelo Campanhã
Coordenação de novas mídias: Tom Viana
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
Comblin, José
Padre Cícero de Juazeiro / José Comblin. – São Paulo : Paulus, 2012. -- (Coleção biografias)
Bibliografia
 
1. Cícero, Padre, 1844-1934 2. Devoções populares 3. Juazeiro do Norte (CE) - História
4. Sacerdotes - Brasil - Biografia I. Título. II. Série.
11-04539
CDD-922.2
 
Índices para catálogo sistemático:
1. Padres católicos: Biografia e obra 922.2
© PAULUS – 2013
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Tel. (11) 5087-3700
Fax (11) 5579-3627
editorial@paulus.com.br
www.paulus.com.br
ISBN 978-85-349-3437-4
26
27
Scivias
de Bingen, Hildegarda
9788534946025
776 páginas
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Scivias, a obra religiosa mais importante da santa e doutora da Igreja Hildegarda de
Bingen, compõe-se de vinte e seis visões, que são primeiramente escritas de maneira
literal, tal como ela as teve, sendo, a seguir, explicadas exegeticamente. Alguns dos
tópicos presentes nas visões são a caridade de Cristo, a natureza do universo, o reino
de Deus, a queda do ser humano, a santifi cação e o fi m do mundo. Ênfase especial é
dada aos sacramentos do matrimônio e da eucaristia, em resposta à heresia cátara.
Como grupo, as visões formam uma summa teológica da doutrina cristã. No fi nal de
Scivias, encontram-se hinos de louvor e uma peça curta, provavelmente um rascunho
primitivo de Ordo virtutum, a primeira obra de moral conhecida. Hildegarda é notável
por ser capaz de unir "visão com doutrina, religião com ciência, júbilo carismático
com indignação profética, e anseio por ordem social com a busca por justiça social".
Este livro é especialmente significativo para historiadores e teólogas feministas.
Elucida a vida das mulheres medievais, e é um exemplo impressionante de certa
forma especial de espiritualidade cristã.
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Santa Gemma Galgani - Diário
Galgani, Gemma
9788534945714
248 páginas
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Primeiro, ao vê-la, causou-me um pouco de medo; fiz de tudo para me assegurar de
que era verdadeiramente a Mãe de Jesus: deu-me sinal para me orientar. Depois de
um momento, fiquei toda contente; mas foi tamanha a comoção que me senti muito
pequena diante dela, e tamanho o contentamento que não pude pronunciar palavra,
senão dizer, repetidamente, o nome de 'Mãe'. [...] Enquanto juntas conversávamos, e
me tinha sempre pela mão, deixou-me; eu não queria que fosse, estava quase
chorando, e então me disse: 'Minha filha, agora basta; Jesus pede-lhe este sacrifício,
por ora convém que a deixe'. A sua palavra deixou-me em paz; repousei
tranquilamente: 'Pois bem, o sacrifício foi feito'. Deixou-me. Quem poderia descrever
em detalhes quão bela, quão querida é a Mãe celeste? Não, certamente não existe
comparação. Quando terei a felicidade de vê-la novamente?
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DOCAT
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Social da Igreja numa linguagem jovem. Esta obra conta ainda com prefácio do Papa
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Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição
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A origem da Bíblia
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Este é um grandioso trabalho que oferece respostas e explica os caminhos percorridos
pela Bíblia até os dias atuais. Em estilo acessível, o autor descreve como a Bíblia
cristã teve seu início, desenvolveu-se e por fim, se fixou. Lee Martin McDonald
analisa textos desde a Bíblia hebraica até a literatura patrística.
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Índice
Rosto 2
Apresentação 4
1. A vida oculta 5
2. Sacerdote dedicado ao seu povo 7
3. O Milagre 9
4. O movimento popular 12
5. Padre Cícero entra na política 17
6. A preocupação dos últimos anos: reaver o uso das ordens 19
7. O Pai dos Pobres! 21
Bibliografia 24
Coleção 25
Créditos 26
37
	Rosto
	Apresentação
	1. A vida oculta
	2. Sacerdote dedicado ao seu povo
	3. O Milagre
	4. O movimento popular
	5. Padre Cícero entra na política
	6. A preocupação dos últimos anos: reaver o uso das ordens
	7. O Pai dos Pobres!
	Bibliografia
	Coleção
	Créditos