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Pastoral da Escuta - José Carlos Pereira

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2
Índice
INTRODUÇÃO
I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA
II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA
III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA
IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA ESCUTA
1. A escuta no expediente paroquial
2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta
3. A escuta ao ar livre
4. A escuta no interior da igreja
5. A escuta na capela do Santíssimo
V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL DA
ESCUTA NA PARÓQUIA
1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade
paroquial
2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas
3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos
4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral
5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta
6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta
7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta
8. Divulgação da Pastoral da Escuta
VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTE DA
PASTORAL DA ESCUTA
1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta
2. Ética na escuta
3. A pessoa do coordenador da Pastoral da Escuta e seus procedimentos
4. Dicas de procedimentos para os agentes da Pastoral da Escuta
5. Características de um bom agente da Pastoral da Escuta
6. Procedimentos do agente após a escuta
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3
“Solicita-se dedicarmos tempo aos pobres, prestar a eles
amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los
nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas,
semanas ou anos de nossa vida, e procurando,
a partir deles, a transformação de sua situação.”
(Documento de Aparecida, nº 397)
4
INTRODUÇÃO
A Pastoral da Escuta nasceu da necessidade do mundo moderno, em que as
pessoas quase não têm mais tempo de ouvir umas as outras. Os avançados meios de
comunicação, a tecnologia e a informática criam modalidades de interação que não
substituem o contato pessoal, o olho no olho, a presença física de alguém que nos
ouça gratuita e desinteressadamente. Essa carência de ser ouvido leva muitas pessoas
ao desespero e ao sentimento arrasador de solidão no meio da multidão, que pode ser
catastrófico, levando até ao suicídio. No afã de suprir essa carência de serem
escutados nas suas necessidades de partilha, muitos buscam na Igreja alguém que os
escute. Porém, o padre, sozinho, nem sempre dá conta de atender e ouvir essas
pessoas, e nem sempre a paróquia tem pessoas preparadas para auxiliá-lo nessa tarefa
pastoral.
Foi pensando nisso que preparei este subsídio sobre a Pastoral da Escuta. Sem
maiores pretensões, ele pretende ser uma ferramenta para auxiliar os padres e demais
agentes de pastoral nesse árduo trabalho de acolhimento em nossas comunidades,
para que elas sejam lugar de encontro com Cristo na pessoa do irmão, a partir da
escuta.
A Pastoral da Escuta é um braço da Pastoral da Acolhida. É uma forma primária,
no sentido de ser primordial, ou fundamental, de acolher aqueles que chegam carentes
de serem ouvidos nas suas necessidades elementares. O agente dessa Pastoral escuta
atentamente as necessidades e desabafos da pessoa, e busca apontar caminhos para
solucionar as dificuldades. É importante destacar de antemão que a maioria das
pessoas atendidas pela Pastoral da Escuta não necessita de mais nada além de ser
ouvida. Por isso, esse trabalho pastoral não carece de grandes investimentos. Basta
que haja voluntários que gostem de ouvir, e que não sejam dados a fofocas, para que
o trabalho seja realizado com resultados satisfatórios. Antes, porém, eles devem
receber as devidas orientações e alguma formação básica nessa área para poderem
atuar com capacitação.
Assim sendo, este subsídio pretende ser um guia de ajuda na preparação dos
agentes dessa pastoral, oferecendo as noções básicas sobre ela, bem como indicando
os procedimentos corretos para atuar nesse campo pastoral. Quem se dispuser a
ajudar na Pastoral da Escuta primeiro deve escutar e se preparar. Deve sair em busca
de materiais, formação e informação sobre ela. O tempo de preparação será indicado
pelo pároco de sua paróquia, mas cabe a cada agente ter a iniciativa de buscar
ferramentas e subsídios além daqueles que forem indicados. Quanto mais preparado
5
estiver o agente de pastoral, mais a pastoral será eficaz.
Em vista disso, este subsídio pretende ser uma ferramenta para auxiliar na
implantação, formação e ação dos agentes da Pastoral da Escuta. Dividido em seis
partes, busca apresentar didaticamente os passos para que a Pastoral da Escuta seja
uma realidade na paróquia.
A primeira parte busca definir o que é a Pastoral da Escuta. Na segunda, estão
suas justificativas e, na terceira, os objetivos dessa pastoral. A quarta parte indica
alguns dos espaços para o exercício da pastoral na paróquia, e a quinta, os
procedimentos para a implantação dela. A sexta e última parte traz indicações para a
preparação dos agentes, e indica também os procedimentos que se deve ter no
exercício dessa pastoral. Nas considerações finais estão uma breve reflexão sobre a
importância da escuta, como pastoral, e, por fim, algumas indicações bibliográficas
que ajudarão no aprofundamento do tema.
Esperamos que, como pedem o Documento de Aparecida e as Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015), este subsídio venha contribuir
para o processo de evangelização permanente das paróquias e para o seu estado
permanente de missão.
6
I. O QUE É A PASTORAL DA ESCUTA
A Pastoral da Escuta é um serviço voluntário prestado por pessoas da paróquia.
Pessoas que tenham, antes, recebido um treinamento. Essas pessoas se dispõem a
escutar outras pessoas. A escuta deve ser feita em ambiente confidencial, onde a
pessoa se sinta à vontade para falar. O objetivo é oferecer uma conversa amiga, num
clima de verdadeira confiança, fazendo desse momento uma ocasião para a pessoa
desabafar sobre seus problemas. Quem escuta vai poder ajudar no discernimento de
problemas.
Quem escuta deve conhecer os recursos da paróquia e saber se ela tem condições
para uma ajuda imediata (caso a pessoa necessite) para solucionar o problema sofrido
pela pessoa ouvida. Se não tiver, essa pessoa deverá ser encaminhada para um
profissional especializado, como, por exemplo, um psicólogo, uma assistente social,
um advogado, um médico ou qualquer outro profissional que o problema da pessoa
ouvida demanda.
Os agentes da Pastoral da Escuta oferecem um pouco do seu tempo para colaborar
de forma livre e voluntária, no intuito de ajudar a pessoa que passa por problemas.
Deve ser um serviço inteiramente gratuito, sem nenhuma discriminação.
A Pastoral da Escuta, através do seu agente, tem como finalidade oferecer uma
ajuda como interlocutor diante das angústias ou momentos difíceis que alguém possa
estar passando. Ouvir e se esforçar para solucionar o problema partilhado é parte
inerente do processo de evangelização.
É preciso destacar que muitos casos atendidos pela Pastoral da Escuta são
resolvidos na hora, sem necessitar de nenhum outro procedimento além da escuta.
Isso poderá ser feito por um grupo de pessoas devidamente preparadas que reservarão
um pouco de seu precioso tempo para acolher e ouvir as pessoas que procuram
constantemente a comunidade.
A Pastoral da Escuta poderá ser formada por membros de outras pastorais e
movimentos, como, por exemplo, da RCC (Renovação Carismática Católica), do
ECC (Encontros de Casais com Cristo), da Pastoral da Acolhida e da Visitação, ou
com pessoas de outros movimentos e pastorais de sua paróquia e, sobretudo, por
pessoas que ainda não têm nenhuma atividade pastoral na comunidade e desejam
ajudar de alguma forma. É uma forma de inseri-las na comunidade.
A equipe da Pastoral da Escuta acolhe, ouve as necessidades, dá conselho e, se for
o caso, encaminha para o padre ou para um órgão que poderá solucionar o problema
7
da pessoa, caso o mesmo não seja apenas espiritual. O documento 71 recorda que,
“muitas vezes, as pessoas que procuram nossas comunidades necessitam, antes de
tudo, prover às suas necessidades básicasde alimentação, saúde, moradia...” (CNBB,
idem, p. 45). É dever de uma comunidade que se preocupa com a evangelização
oferecer todos os serviços que forem possíveis para solucionar esses problemas. A
Pastoral da Escuta funciona também como uma porta de acesso da pessoa na
comunidade e dos encaminhamentos dos seus problemas para outros serviços que a
Paróquia oferece.
Em vista disso, a Pastoral da Escuta pertence à dimensão do acolhimento. Como
foi dito anteriormente, ela é um braço da Pastoral da Acolhida. Acolher pela escuta,
pela atenção e pela valorização da outra pessoa que se dá pelo ato de ouvi-la. É um
serviço que a paróquia oferece, de modo organizado e sistemático, dispondo de
pessoas voluntárias, devidamente preparadas, treinadas para ouvir as pessoas que
necessitem de alguém que as escute.
Vivemos num mundo onde as pessoas precisam cada vez mais falar de suas
agruras, mas nem sempre encontram alguém que esteja disposto a escutar. A carência
de diálogo começa, muitas vezes, dentro das próprias famílias; ocorre pouca conversa
entre o casal e com os filhos. Daí surge a necessidade de ser escutado, de ter pessoas
em quem se possa confiar e desabafar, sem ter que pagar por isso.
A Pastoral da Escuta surge como uma resposta para essa necessidade elementar
das pessoas. Ela proporciona espaços e oportunidades para que as pessoas possam
falar e ser ouvidas. Ali, diante da pessoa que fala, há alguém com uma postura
humana, cristã, movida por solidariedade e compaixão, buscando exercer os
ensinamentos de Jesus, de acolher sem discriminar ou recriminar.
Como o próprio nome já diz, a Pastoral da Escuta é essencialmente escuta e não
deve ser confundida com confissão, terapia, orientação espiritual ou catequese,
embora o agente dessa pastoral deva, em algum momento, fazer uso de ferramentas
que podem estar relacionadas a algumas dessas áreas, ou outras de seu conhecimento,
mas ele não está ali como confessor, psicólogo, orientador espiritual, catequista ou
algum profissional da escuta. É alguém que se dispôs a simplesmente ouvir. A
Pastoral da Escuta implica retomar a condição de sujeito do agente que escuta,
através da Palavra de Deus, e revisar o caminho trilhado da pessoa que é escutada,
empenhando em ajudá-la pelo simples ato de escutar. Uma escuta silenciosa,
atenciosa, de modo que o outro se sinta muito à vontade para desabafar.
A Pastoral da Escuta deve ser uma ação fundamentada na Palavra de Deus. Ser
8
instrumento mediador de encontro entre aquele que fala e aquele que ouve. É,
portanto, uma missão ou tarefa ministerial. Quem está nesse ministério, ou ação
pastoral, deve viver plenamente essa acolhida, ouvindo as necessidades de seu
semelhante. O agente da Pastoral da Escuta é alguém que abre canais para que a
pessoa que está sendo ouvida encontre respostas para seus problemas e perceba a
ação de Deus em sua vida. Deus é o mediador entre quem fala e quem ouve. A
Palavra ilumina a mente de ambos e permite que Deus aja entre eles, apontando luzes
e caminhos. Quem se dispôs a escutar liberta a pessoa com sua escuta e leva-a ao
confronto com a Palavra. É uma troca recíproca de dons. Ao mesmo tempo que se
conforta alguém, também se é confortado. Assim sendo, há uma reciprocidade na
Pastoral da Escuta que beneficia a todos. A comunidade ganha muito com essa
Pastoral, pois ela fortalece os vínculos fraternos e traz de volta muitos afastados.
Enfim, a Pastoral da Escuta é um serviço realizado por agentes de pastoral,
voluntários da paróquia, indicados pelo pároco e devidamente preparados, com o
objetivo de auxiliar as pessoas que se encontram sozinhas ou com dificuldade de
encontrar pessoas que as ouçam, ou que estejam sobrecarregadas pelas tensões e
preocupações que se acumulam no dia a dia de suas vidas. É uma pastoral paroquial,
de pessoa para pessoa, mas que está vinculada à conjuntura das demais pastorais da
paróquia. De início, pretende apenas ser um ouvido atento e amigo, capaz de escutar
e solidarizar-se, oferecendo alento. Depois, com os desdobramentos desse
acompanhamento, pode-se aprofundar na ajuda, de acordo com a necessidade de cada
um. Nesse segundo estágio da Pastoral da Escuta, envolvem-se outras pastorais e
serviços da paróquia.
Enfim, a Pastoral da Escuta é um serviço organizado que dispõe de pessoas
voluntárias, devidamente treinadas para atender pessoas que necessitam de alguém
que as escute. Escutar pessoas que buscam alguém para ouvi-las com atenção e
respeito em momentos de aflição, sofrimento emocional e existencial. Essas são
algumas das ações dessa Pastoral que desponta na Igreja como uma resposta aos
desafios do mundo moderno, que caminha cada vez mais para o isolamento e o
individualismo, gerando pessoas solitárias e angustiadas. A Igreja quer ser a voz que
clama nesse deserto, através de uma Pastoral que escute as pessoas nas suas
angústias.
9
II. JUSTIFICATIVAS PARA UMA PASTORAL DA ESCUTA
São muitas as situações que justificam a necessidade de uma Pastoral da Escuta na
paróquia, e não seria possível apontar todas aqui. Vou indicar algumas, as mais
urgentes, e que estão, de certa forma, contempladas no Documento de Aparecida e
nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015). Antes,
porém, apontarei duas dimensões, ou perspectivas, fundamentais dessa pastoral: a
dimensão pastoral e a dimensão bíblica. São perspectivas que servem como alicerce
para as justificativas de uma pastoral dessa natureza.
Dimensão Pastoral: o serviço da escuta, quando organizado ou sistematizado na
paróquia, ganha o status de pastoral. Pastoral é a ação do pastor, isto é, do agente de
pastoral, seja ele consagrado ou não.
Diante de tantos desafios na gestão pastoral de uma paróquia, acolher as pessoas,
disponibilizando tempo para ouvi-las, talvez seja a primeira e a mais básica de todas
as ações pastorais. Sem esse acolhimento preliminar, todas as demais ações pastorais
poderão ser prejudicadas.
O ato da escuta deve começar pelo padre. Pela função que exerce, ele deve ser o
primeiro a dar exemplo de acolhimento e escuta. Ele precisa reservar dias e horários
para atender as pessoas e ouvi-las com atenção, sem pressa e com caridade pastoral.
Nasce, assim, o primeiro passo para uma Pastoral da Escuta.
O segundo passo é estender esse serviço aos demais agentes de pastoral, para que
eles possam auxiliá-lo nesse árduo trabalho de acolhimento a partir da escuta. Assim,
a Pastoral da Escuta vai surgindo e se fortalecendo, ganhando novas dimensões, no
sentido de se ampliar como serviço pastoral prestado pela paróquia.
Dimensão bíblica: a Pastoral da Escuta tem fundamentação bíblica. São muitas as
passagens bíblicas que mostram a importância e o valor da escuta. Deus nos ouve e
nos ensina a ouvi-lo. Deus nos escuta em nossas necessidades e quer que façamos o
mesmo com nossos semelhantes. Quando escutamos o próximo, estamos sendo
instrumentos de Deus na vida dessas pessoas que são ouvidas por nós. Como
acontece na proclamação da Palavra, em que emprestamos nossos lábios para que
Deus fale através deles, na escuta pastoral, emprestamos nossos ouvidos a Deus para
que Ele escute os clamores de seu povo.
Vejamos algumas passagens bíblicas que mostram a importância da escuta:
Deus escuta o clamor de seu povo que vivia na escravidão do Egito e os liberta
(Ex 3,7): Deus nos ouve primeiro. Ela sabe das nossas necessidades e sofrimentos, e,
10
quando clamamos, ele nos ouve. Ele ouviu o clamor do seu povo escravo no Egito e o
libertou. Ele continua a ouvir nossos clamores e a nos libertar. Cabe a cada um de nós
saber esperar o tempo de Deus. Assim, ele nos ensina a escutar, escutando-nos. A
Pastoral da Escuta tem também essa finalidade: ser resultado de pessoas que foram
ouvidas por Deus e que dão demonstração disso ouvindo aos outros. A atitude de
escuta do nosso semelhante é uma atitude de quem escutou a Deus e foi ouvido por
ele.
Escuta, ó Israel! O Senhor nosso Deus, o Senhor é único (Dt 6,4): Deus pede que
o povo o escute. Somente escutando a Deus é possível tersua promessa realizada.
Muitas vezes, queremos atingir nossas metas, mas não paramos para escutar a Deus.
Quem não tem paciência e fé para escutar a Deus provavelmente não conseguirá
escutar seus irmãos. A Pastoral da Escuta é uma pastoral que carece primeiro de
escutar a Deus. É preciso ter fidelidade e coerência aos seus ensinamentos para
podermos nos colocar diante do outro para ouvi-lo e ajudá-lo a encontrar
discernimento.
Fala, que o teu servo escuta (1Sm 3,9-11): Samuel é orientado por Eli a se colocar
em uma atitude de escuta a Deus. Deus nos fala de diversas maneiras, mas é preciso
ter os ouvidos atentos para poder escutá-lo. Assim sendo, antes de atuar na Pastoral
da Escuta, seus agentes precisam exercitar a oração da contemplação e da escuta a
Deus, pois somente quem leva uma vida de oração exercita seus ouvidos para Deus e
para seu próximo. Samuel tornou-se um grande profeta porque soube escutar a Deus.
Toda manhã ele faz meus ouvidos ficar atentos para que eu possa ouvir como
discípulo (Is 50,4): Isaías se coloca diante de Deus como discípulo, isto é, como
alguém que ouve atentamente e aprende as lições do Senhor. Assim, suas ações são
guiadas por ele e fundamentadas na sua Palavra. É preciso romper com as barreiras e
resistências que temos para escutar Deus e nos colocarmos humildemente diante dele
para escutá-lo. Somente assim seremos também bons escutadores. Quem não se
coloca para ouvir Deus dificilmente consegue ouvir seus irmãos.
Maria sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando sua palavra (Lc 10,39): as
irmãs Marta e Maria recebem Jesus em sua casa. Marta deixa a visita e vai cuidar dos
afazeres da casa; Maria senta-se aos pés de Jesus para escutar a sua palavra. São duas
atitudes distintas que se complementam. É preciso primeiro escutar o Senhor para
depois poder agir fortalecido por sua palavra. Quem age sem escutar Deus anda
sempre agitado, estressado e nem sempre vê resultados satisfatórios de suas ações.
Quem reza antes, exercitando sua espiritualidade, age com mais firmeza, pois está
abastecido da Palavra de Deus. Maria teve uma atitude correta: ouviu primeiro para
11
depois agir. Ela foi elogiada por Jesus. Na Pastoral da Escuta, é a mesma coisa. É
preciso antes se colocar em oração diante do sacrário para depois ouvir as pessoas,
pois o que elas têm a dizer é parte valiosa da sua vida e não pode ser escutado de
qualquer jeito.
Estes e outros tantos exemplos bíblicos mostram que a escuta transforma a vida
das pessoas. Quem ouve e quem é ouvido saem transformados desse procedimento de
escuta. Por essa razão, a Pastoral da Escuta vem suprir uma lacuna que existe em
nossas paróquias, onde muitas vezes as ações práticas e os afazeres superam as
atitudes de escuta.
12
III. OS OBJETIVOS DA PASTORAL DA ESCUTA
Os objetivos constituem a finalidade de uma ação pastoral, ou seja, a meta que se
pretende atingir com os trabalhos de escuta desenvolvidos por essa pastoral.
São eles que indicam a equipe da Pastoral da Escuta, e a cada um dos agentes, o
que realmente desejam fazer. Sua definição clara ajuda em muito na tomada de
decisões quanto aos aspectos metodológicos do trabalho pastoral, afinal, temos que
saber o que queremos fazer, para depois resolvermos como proceder para chegar aos
resultados pretendidos.
Podemos distinguir dois tipos de objetivos:
• objetivos gerais;
• objetivos específicos.
Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São as
metas de longo alcance, as contribuições que desejam oferecer a paróquia e a Igreja
como um todo, com a Pastoral da Escuta.
Em geral, o primeiro e maior objetivo da equipe da Pastoral da Escuta e dos seus
agentes é obter uma resposta satisfatória ao seu trabalho de escuta. No entanto, para
cumprir os objetivos gerais, é preciso delimitar metas mais específicas dentro dos
trabalhos pastorais. São elas que, somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral.
Por exemplo, se o objetivo geral da Pastoral da Escuta é contribuir para a inclusão
social das pessoas que são ouvidas, os objetivos específicos deverão estar orientados
para essa meta: descrever a situação de cada pessoa, sua realidade social, os
problemas que a pessoa vem enfrentando e compará-los com outras situações
similares; sistematizar os pontos determinantes para sua ocorrência etc. Cumpridos
esses objetivos parciais, certamente os agentes da Pastoral da Escuta conseguirão
atingir seu objetivo mais amplo.
Observe que a formulação dos objetivos, seja dos gerais, seja dos específicos, se
faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir, analisar, descrever,
investigar, comparar e, sobretudo, escutar.
Assim sendo, cumpre ainda dizer que os objetivos têm função norteadora no
momento da avaliação das ações pastorais que vêm sendo desenvolvidas. Isso porque
uma ação pastoral é avaliada, em grande parte, pela capacidade de cumprir os
objetivos que se propõem em seus propósitos organizacionais. Então, o alerta é:
cuidado na hora de estabelecer os objetivos. Além de claros, estes têm que ser
exequíveis.
13
Parece óbvio dizer, mas o objetivo primordial da Pastoral da Escuta é escutar.
Escutar pessoas que buscam alguém para ouvi-las com atenção e respeito em
momentos de aflição, sofrimento emocional e existencial, ou em qualquer outro
momento que ela esteja vivendo e que necessite de desabafo ou de partilhar com
alguém a situação vivida.
Além desse objetivo básico geral, a Pastoral da Escuta tem também objetivos
específicos, como, por exemplo, estabelecer uma relação de ajuda à pessoa que busca
essa pastoral, proporcionando uma acolhida empática e ouvindo-a sem preconceito
nem julgamento; acolhendo bem, oferecendo privacidade e garantindo o sigilo sobre
aquilo que foi ouvido. Desse modo, a pessoa é acolhida e incluída na comunidade se
ela assim desejar, tudo com muita discrição.
Assim, a Pastoral da Escuta busca auxiliar as pessoas que se encontram
sobrecarregadas pelas tensões e preocupações que se acumulam no seu dia a dia e que
não têm quem as ouça. Além daqueles que vivem situações dessa natureza, a Pastoral
da Escuta atende também os que vivem na solidão, como as pessoas idosas e os que
têm dificuldades de relacionamento. Sendo assim, a Pastoral da Escuta é um
instrumento de acolhimento e inclusão que abre caminho para outras ações pastorais
da paróquia.
Em vista disso, a Pastoral da Escuta pretende ser um eficaz instrumento para o
desenvolvimento humano e cristão, de acolhimento e inserção na comunidade, num
processo criativo e desafiador que a paróquia disponibiliza aos seus fiéis e a todos os
que desejarem dela participar.
Outro objetivo dessa pastoral é oferecer respostas, com uma postura de discípulos
missionários que escutam para poder responder às urgências da ação evangelizadora
propostas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-
2015), como, por exemplo, contribuir com o estado de missão permanente da
paróquia, atendendo sistematicamente as pessoas, ouvindo-as e buscando discernir
suas necessidades à luz da Palavra de Deus. Assim, numa atitude de escuta e diálogo,
anunciar à pessoa a Palavra de Deus. Com a Pastoral da Escuta, a paróquia vai se
tornando cada vez mais casa de iniciação à vida cristã e escola de oração, lugar não
apenas de celebração dos sacramentos, mas comunidade de comunidades, que ama e
acolhe; lugar de animação bíblica da vida pessoal e pastoral. É a paróquia a serviço
da vida plena para todos, que começa com o acolhimento através da escuta.
Quando a paróquia assume a Pastoral da Escuta, ela proporciona àquele que é
ouvido nas suas necessidades o encontro com Cristo na pessoa que a ouve. E a pessoa
14
que escuta faz a alegre experiência do discipulado. A escuta, na postura de discípulo,
promove a conversão pessoal tanto de quem escuta como de quem é escutado. Nesse
encontro, ocorre uma conversão recíproca. Ambos têm a ganhar nessa ação mútua
desencadeada pela Pastoral da Escuta. Quem escuta busca discernir os sinais do
Espírito Santo na vida e na históriada pessoa que é ouvida. A pessoa ouvida encontra
resposta em si mesma, pelo simples fato de poder falar e saber que alguém a escuta.
É, portanto, uma ação reparadora que ajuda a sanar as feridas abertas na vida daquele
que procurou a Pastoral da Escuta.
Voltando aos objetivos da Pastoral da Escuta e suas definições conceituais, vale
reafirmar que ela diz respeito a um fim que se quer atingir com a ação pastoral
desenvolvida por seus agentes. Os objetivos da Pastoral da Escuta podem ser
considerados finalidades e valores fundamentais da organização pastoral e devem ser
expressos em termos de expectativas futuras da pastoral e da paróquia. Nesse sentido,
fazem parte normalmente da declaração de missão evangelizadora da paróquia,
subdividida nos seus diversos trabalhos pastorais. Na hora de pensar a Pastoral da
Escuta, não se pode esquecer de traçar seus objetivos, tanto os gerais quanto os
específicos. Eles são de suma importância para que os trabalhos tenham um rumo e
confiram sentido às ações desenvolvidas. Em termos gerais, a missão e os objetivos
da Pastoral da Escuta determinam o tipo de estratégia e de estrutura que ela adotará, e
os tipos de processos e de procedimentos, de materiais ou recursos a serem usados e
de pessoas que atuarão nessa pastoral. Assim, os objetivos dão sentido e direção à
organização da pastoral; ajudam a assegurar o empenho dos agentes da pastoral em
trabalhar para uma finalidade comum; ajudam a distinguir com nitidez a direção dos
trabalhos ou os rumos que a pastoral vai tomando; ajudam a definir detalhadamente
outros objetivos e estratégias; estabelecem padrões de desempenho em relação aos
quais serão avaliados os progressos ou o desempenho da pastoral.
Na hora de definir os objetivos da Pastoral da Escuta, é importante saber que cada
objetivo deve descrever uma contribuição separada e distinta da missão da pastoral, e
não a combinação de certo número de contribuições diferentes; eles devem focar-se
no resultado final a atingir e não nos meios para o alcançar; cada objetivo deve
destacar a ação que conduz ao resultado final e as atividades detalhadas necessárias
para o atingir. Enfim, os objetivos devem ser explícitos quanto à natureza e à direção
da alteração requerida, mas podem não conter qualquer calendarização específica ou
meta em termos de resultado.
Seguem, resumidademente, algumas características dos objetivos da Pastoral da
Escuta. Eles precisam:
15
• ser coerentes com a realidade paroquial;
• ser viáveis, mas desafiantes;
• ter prazo ou metas a serem atingidas;
• ser mensuráveis tanto quantitativa quanto qualitativamente;
• ser clatos, explícitos e concisos;
• ser conhecidos e acreditados por toda a equipe de pastoral e pela paróquia;
• existir em número reduzido, para evitar dispersão.
Por fim, a Pastoral da Escuta busca também rezar pelas pessoas que pedem
orações, e as que não pedem. Essa oração é um compromisso do agente e da
comunidade. O compromisso do agente consiste em colocar aquela pessoa nas suas
orações pessoais. O compromisso da comunidade consiste na colocação do nome
daquela pessoa junto com as demais intenções da missa, e toda a comunidade reza
por ela. Assim, outro objetivo da Pastoral da Escuta é rezar pelas pessoas que são
ouvidas e, através da oração, interceder por elas para que seus problemas e
dificuldades sejam solucionados, conforme a vontade de Deus.
Para que esse objetivo seja atingido, é preciso que o agente que ora exercite sua
vida de oração e sua espiritualidade, e isso ele deve fazer de diversas maneiras,
sobretudo pelo exercício da Lectio divina. Através da leitura orante da Bíblia, o
agente da Pastoral da Escuta pratica sua vida de oração e desenvolve sua
espiritualidade de modo que ela possa ajudar a outros.
16
IV. OS ESPAÇOS PARA EXERCER A PASTORAL DA ESCUTA
O campo de ação da Pastoral da Escuta é o território da paróquia. A paróquia deve
oferecer os recursos (pessoais, materiais e espirituais) necessários, bem como espaços
adequados, de modo que a pastoral seja desenvolvida da maneira mais eficaz
possível.
Quando a paróquia é formada por redes de comunidades, os locais de escuta
podem ser distribuídos nessas comunidades, favorecendo, assim, que mais pessoas
possam ser atendidas. Porém, de início, é importante centralizar o trabalho em um
único local, até que ele esteja devidamente estruturado e com pessoas devidamente
preparadas para serem missionárias da escuta em outros locais do território paroquial.
À medida que o número de voluntários for crescendo, deverão ser expandidos os
locais de atendimento, mas sempre mantendo um núcleo central onde os trabalhos são
avaliados e devidamente acompanhados.
Em cada local de escuta, deve haver o mínimo necessário para que o trabalho seja
realizado com eficácia.
• Que seja um espaço onde a pessoa fique à vontade e se sinta segura, sem que
terceiros possam ouvir sua partilha;
• que ambos (quem ouve e quem é ouvido) estejam confortavelmente sentados;
• que não haja interferências externas durante a escuta, como, por exemplo, ruídos
excessivos, telefones fixos ou celulares, muito acesso de pessoas, algum tipo de
incômodo que impeça a pessoa de falar, ou que interrompa sua partilha etc.;
• que o local seja bem iluminado e ventilado, podendo ser até ao ar livre, desde
que haja privacidade na escuta;
• que tenha um espaço para oração antes e depois da escuta. O ideal seria a capela
do Santíssimo, mas pode ser outro local que favoreça a oração.
1. A escuta no expediente paroquial
Um procedimento importante para a credibilidade da Pastoral da Escuta começa
pela ação do padre, oferecendo um bom atendimento no expediente paroquial. O
expediente paroquial é o primeiro espaço para ouvir as pessoas. Assim sendo, é
fundamental que os padres (o pároco e os vigários paroquiais) tenham dias fixos para
atender as pessoas. Não precisa ser todos os dias, isso vai depender da demanda da
paróquia e do fluxo de pessoas no expediente paroquial que procuram o padre a fim
de serem ouvidas. Por exemplo, numa paróquia onde o pároco tem auxílio de vigários
paroquiais, estabeleça um dia para cada um dos padres ouvir as pessoas. O pároco
17
dever escutar as pessoas, no mínimo, dois dias por semana, durante o expediente
paroquial. Se o pároco, ou administrador paroquial, não é auxiliado por outros padres
no atendimento, procure disponibilizar mais dias da semana para escutar as pessoas.
Nesse dia, esteja presente o tempo todo. Essa presença assídua e rigorosa confere à
Pastoral da Escuta e à paróquia credibilidade e respeito. Assim sendo, evite se
ausentar nos dias marcados para a escuta das pessoas; se, por algum imprevisto,
chegar atrasado ao atendimento, peça desculpas pelo atraso; evite deixar as pessoas
esperando por muito tempo sem dar satisfação; procure cumprir o horário previsto
para o atendimento de escuta. Fidelidade e responsabilidade são fundamentais para o
bom êxito da Pastoral da Escuta.
2. Salas para o exercício da Pastoral da Escuta
É importante que os padres e os agentes da Pastoral da Escuta tenham salas
privativas para escutar as pessoas. Essas salas devem possibilitar:
• Conforto tanto de quem ouve quanto de quem é ouvido. Conforto não é sinônimo
de luxo, mas de um espaço onde as pessoas possam se sentir bem, à vontade e
seguras de que o que ali se diz não é ouvido por terceiros;
• Nessa sala deve haver cadeiras confortáveis, uma boa iluminação; o local deve
ser arejado, estar sempre limpo e organizado;
• Disponibilize, nesse espaço, lenços descartáveis. É comum que as pessoas se
emocionem durante o desabafo;
• A sala poderá estar ornamentada com plantas naturais, quadros ou imagens que
transmitam paz, segurança e conforto para os que ali adentram para falar de seus
problemas.
Destaco, ainda, a importância da sala de escuta conferir segurança às pessoas que
serão atendidas. Segurança não apenas no sentido técnico do termo, ou seja, o que
requisitam os bombeiros, mas segurança no sentido da pessoa se sentir confiante e
não ter a preocupação de estar sendo ouvidapor terceiros; estar bem acomodada, de
modo que facilite que ela se abra, partilhe suas angústias, fale sem nenhum medo ou
barreira. O tipo e a disposição da sala contribuem muito para que isso ocorra. Uma
sala sem privacidade, onde qualquer pessoa pode entrar e sair a qualquer momento,
dá uma sensação de insegurança a quem está sendo atendido de modo particular.
Outra dúvida que alguns têm, quando se atende numa sala, é se se deve ou não
trancar a sala na hora do atendimento. Muitos que vêm para ser atendidos estão tão
inseguros que pedem para fechar a porta. Isso não é recomendado. Caso haja
necessidade, encoste a porta, mas nunca se deve trancar a porta enquanto se escutam
18
as pessoas. O mais indicado é atender com a porta aberta.
A iluminação da sala de escuta também contribui, e muito, para o bom
acolhimento. Salas bem arejadas, com janelas amplas, ajudam as pessoas a se
sentirem melhores. É muito desagradável estar numa sala onde as pessoas se sentem
sufocadas, sem nenhuma visão externa. Se sua sala de escuta não possibilita esse
arejamento natural, procure, ao menos, colocar uma boa iluminação. Para isso,
consulte um profissional da área. As chamadas luzes frias dão uma luminosidade
mais natural que outros tipos de iluminação. É possível criar um bom espaço de
escuta mesmo que a estrutura da sala não favoreça. Isso exige um pouco de
criatividade e profissionalismo. Quem se preocupa com o bom atendimento, se
preocupa com esses detalhes, que parecem irrelevantes, mas fazem a diferença na
hora de acolher e escutar as pessoas.
Não deixe que a sala da Pastoral da Escuta pareça mais um depósito do que uma
sala de atendimento. Para isso, elimine do espaço tudo o que for desnecessário. A
mesa deve estar livre de objetos como, por exemplo, pastas, papéis, livros, revistas,
computador, objetos etc. Na estante, se houver, coloque poucas coisas. Somente as
estritamente necessárias e, claro, alguns objetos ornamentais. Os ornamentos ajudam
a quebrar a aridez de um espaço. Beleza faz bem ao corpo e à alma, e todos nós nos
sentimos bem nos lugares bonitos, agradáveis, bem organizados e limpos. Assim
sendo, prepare com carinho a sala da Pastoral da Escuta.
Se sua paróquia possui uma sala exclusiva para uso da Pastoral da Escuta, procure
organizar nela um quadro de avisos ou de controle dos horários de escuta. Essa
prática também ajuda na organização e no bom funcionamento da Pastoral. A
utilização de um quadro de avisos interno, isto é, de acesso apenas dos agentes da
Pastoral da escuta é de suma importância para que a equipe se organize. Nele poderão
ser colocados os atendimentos, por dia e horário, mas sem a identificação da pessoa
que será atendida, para preservar sua identidade, algo fundamental na Pastoral da
Escuta.
Esse procedimento de ter na sala uma tabela para o acompanhamento dos
atendimentos, além de facilitar a visualização das atividades, favorece a organização
dos agentes da Pastoral. Basta que se crie o costume de consultar o quadro para que
os atendimentos não sejam esquecidos. As demais atividades da Pastoral, como, por
exemplo, reuniões, cursos, retiros etc., devem constar no Plano Pastoral da Paróquia,
numa agenda à parte, mas não no quadro de controle dos atendimentos. Porém, é
preciso que, ao organizar o quadro ou tabela de atendimentos, se esteja atento para
não se esquecer de fazer as devidas anotações.
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3. A escuta ao ar livre
O serviço de escuta pode ser exercido também ao ar livre, embaixo de árvores, na
varanda, nas praças etc., desde que ofereça a condição básica, isto é, a privacidade. Se
a escuta for feita ao ar livre, procure encontrar uma forma de ambos (quem ouve e
quem fala) estarem sentados confortavelmente. Escolha lugares onde não ocorram
interrupções na escuta, onde não existam ruídos externos em demasia e nos quais a
pessoa que fala se sinta segura para falar. As regras para exercer a escuta em locais
abertos é a mesma dos locais fechados, isto é, nas salas. Procure deixar que a pessoa
fale, evitando interrompê-la; delimite o tempo de escuta antes de a pessoa começar a
falar; quando for interromper por causa do tempo, procure usar de delicadeza e
cuidado, para não parecer profissional demais ou que esteja cansado de ouvir; procure
levar consigo lenços descartáveis e ofereça-os caso a pessoa chore durante a partilha.
Quando se tem certa intimidade com a pessoa, a escuta pode ser feita durante uma
caminhada, mas sempre tendo claro que estão no exercício de uma pastoral e não
praticando exercícios físicos.
4. A escuta no interior da igreja
Geralmente, as igrejas oferecem, em seus interiores, espaços apropriados para
ouvir as pessoas. O ambiente de oração favorece que as pessoas se sintam mais
confiantes e se abram com mais facilidade, como pode ocorrer no interior da igreja.
Assim sendo, se as igrejas de sua paróquia (igreja matriz e capelas) têm ambientes
favoráveis para o exercício dessa pastoral, a escuta pode ser feita dentro deles,
escolhendo, para isso, um local adequado, onde não haja muito fluxo de pessoas.
Sente-se com a pessoa, de preferência ao lado dela, e a ouça com atenção.
5. A escuta na capela do Santíssimo
Há paróquias em que a capela do Santíssimo oferece espaço para ouvir confissões.
Nesse caso, o exercício da escuta também pode ocorrer nesse espaço. Mas vale
lembrar que nem sempre esse é o local mais indicado, pois comumente esse espaço
não é tão grande e sempre há alguém em oração ali, o que dificulta, ou impossibilita,
que a pessoa fale com privacidade, além de atrapalhar a oração de outros. Cito aqui
esse espaço como uma possibilidade remota, mas não como o lugar ideal para se
ouvir as pessoas no exercício da Pastoral da Escuta. Esse espaço deve, sim, servir
para a oração antes e depois da escuta. Ou então para que um membro da equipe da
Pastoral da Escuta fique a interceder enquanto a pessoa é ouvida. Assim sendo, avalie
com cautela se a capela do Santíssimo da sua paróquia oferece as condições
20
necessárias para o exercício da Pastoral da Escuta.
Esses são alguns dos espaços em que se pode exercer a Pastoral da Escuta, isto é,
espaços onde as pessoas podem ser ouvidas. De acordo com cada realidade paroquial,
outros espaços podem surgir e ser úteis para o exercício dessa pastoral. Cabe a cada
um averiguar sua realidade e encontrar a melhor forma de colocar em prática essa
pastoral. O mais importante é que as pessoas sejam ouvidas e que o espaço escolhido
ofereça condições para isso.
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V. PROCEDIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DA PASTORAL
DA ESCUTA NA PARÓQUIA
Para a implantação e consolidação da Pastoral da Escuta, alguns procedimentos
são necessários. Indicarei a seguir alguns que são gerais, que servem para todos,
porém há outros que dependem de cada realidade paroquial, os quais cabem às
equipes descobrir e colocar em prática.
Esses procedimentos correspondem a três fases da Pastoral: implantação,
consolidação e realização. O objetivo da primeira fase é obter as informações
necessárias para realizar um planejamento pastoral preciso e realista, definindo o que
fará parte das ações da Pastoral da Escuta e quais serão os papéis e responsabilidades
de cada pessoa envolvida na pastoral, determinando, assim, como ela será conduzida.
Essas fases são compostas das seguintes etapas:
1. Conhecimento das propostas pastorais da diocese e da realidade paroquial
Conhecimento das propostas pastorais da diocese: antes da implantação de
qualquer pastoral na paróquia, conheça primeiro as propostas pastorais da diocese.
Verifique se a diocese apoia essa modalidade de pastoral. Caso ainda não exista a
Pastoral da Escuta na diocese, apresente a proposta ao Conselho Diocesano de
Pastoral e ao Bispo. Mostre a importância dessa pastoral e as indicações que as
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil apresentam que justificam a
implantação da Pastoral da Escuta. A Pastoral da Escuta ajuda a paróquia a responder
às exigências da ação evangelizadora da Igreja, e isso deve ser apresentado ao
Conselho Diocesano de Pastoral,caso este desconheça.
Conhecimento da realidade paroquial: toda pastoral busca responder a um tipo
específico de necessidade. Por exemplo, de que adianta ter uma Pastoral do Menor
numa paróquia de uma pequena cidade do interior cuja população tenha certo poder
aquisitivo e em que não existam crianças infratoras ou vivendo na rua? Ou, então, a
Pastoral dos Ribeirinhos onde não há essa população? Uma pastoral é implantada
para responder a uma necessidade específica. Isso vale para qualquer tipo de pastoral,
e com a Pastoral da Escuta não é diferente. Se não existe essa demanda na paróquia,
não há necessidade de se ter uma Pastoral da Escuta. Porém, sabemos que a maioria
das paróquias, principalmente as de grandes centros urbanos ou de regiões populosas,
carecem desse tipo de serviço, pois, quanto maior a cidade, mais as pessoas se
individualizam e sofrem de solidão e de falta de quem as ouça. Assim sendo, a
Pastoral da Escuta é algo necessário. Em vista disso, procure conhecer as demandas
22
da sua paróquia antes de implantar a Pastoral da Escuta. Se houver, de fato, essa
carência, a pastoral será necessária e dará bons resultados.
Elaboração de um mapa da realidade paroquial: nesse processo de conhecimento
da paróquia, o procedimento mais adequado é a elaboração de um mapa que
identifique e ajude a refletir essa realidade. Esse mapa poderá ser feito a partir de um
levantamento de dados que pode ser tarefa da Pastoral da Visitação ou de outros
agentes de pastorais que visitem as casas. Pode ser elaborado também aproveitando-
se os resultados de pesquisas censitárias que apontam a situação e as necessidades da
população, ou, ainda, preparando uma equipe que faça o levantamento da realidade a
partir de alguns elementos que sejam de interesse específico; nesse caso, se as
pessoas do território paroquial, ou da região, gostariam que a paróquia oferecesse
esse serviço. Podem também ser feitas consultas, na missa, em que as pessoas tenham
oportunidade de manifestar seu interesse por essa pastoral. Enfim, há diversos meios
para obter um mapa da realidade paroquial que ajude no processo de implantação da
Pastoral da Escuta e de outras pastorais e serviços que a paróquia queira oferecer. O
mais importante é que ele seja feito e, a partir dele, sejam dados os passos seguintes
na implantação da Pastoral da Escuta. Não dá para implantar a Pastoral da Escuta sem
antes escutar, ou consultar, a população sobre essa necessidade e ter um mapa que
possa guiar esses passos.
2. Apresentação da Pastoral da Escuta e suas propostas
Apresentação ao CPP: outro procedimento indispensável é a apresentação da
Pastoral da Escuta na reunião do Conselho Paroquial de Pastoral. Nessa ocasião,
explique o que é essa Pastoral da Escuta, onde e como ela atua, e quais as razões que
justificam sua implantação na paróquia. Se possível, faça um resumo em PowerPoint,
ou outro sistema, que favoreça a visualização e a melhor compreensão sobre essa
pastoral. Desse modo, os membros do CPP poderão opinar e votar sobre a
necessidade, ou não, de se implantar na paróquia a Pastoral da Escuta. Com o apoio
do CPP, tudo fica mais fácil, pois o CPP é o principal órgão de respaldo de uma
pastoral. Sem a aprovação do CPP, nenhuma pastoral deve ser implantada. Quando se
implanta uma pastoral sem a consulta ou aprovação do CPP, ela corre sério risco de
não dar certo. O pároco tem autoridade para decidir se implanta ou não uma pastoral,
mas, se ele não tiver o respaldo do CPP, a pastoral fica enfraquecida, podendo acabar
antes mesmo de dar os primeiros resultados.
Apresentação da equipe da Pastoral da Escuta à Comunidade paroquial: depois
de organizada a equipe, o passo seguinte é apresentá-la à Comunidade. Esse
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procedimento é muito importante porque faz parte da divulgação da Pastoral da
Escuta. Como proceder para a apresentação da equipe?
Essa apresentação pode ser feita de diversas maneiras. Procure usar todas que
puder, como, por exemplo, apresentando a equipe em todas as missas dominicais.
Combine com a equipe, escolha um domingo oportuno e faça as devidas
apresentações, que podem ocorrer logo após os avisos paroquiais. Chame os
membros da equipe à frente e apresente-os. Eles podem estar usando a veste da
pastoral, caso já a tenham. A veste pode ser uma camiseta com o nome da paróquia e
o nome da pastoral em destaque na frente ou no verso da veste.
Apresente também ao CPP. Convide todos os membros da Pastoral da Escuta para
participar de uma das reuniões do CPP. Nessa reunião, eles serão apresentados, e
cada um poderá partilhar suas expectativas em relação à pastoral, bem como
responder às perguntas dos membros do CPP. É uma maneira de valorizá-los e, ao
mesmo tempo, de ter o apoio do CPP.
A equipe pode se apresentar também nas instituições do bairro, ou da cidade,
como, por exemplo, nas escolas, creches, asilos, casas de recuperação, penitenciárias
etc., sempre tomando as devidas providências para a realização desse procedimento.
Quanto mais a equipe se fizer conhecida, mais a pastoral será conhecida e
procurada. Assim, ela ampliará seu campo de ação e, consequentemente, dará maior
contribuição à missão evangelizadora da paróquia.
Na hora de apresentar a equipe da Pastoral da Escuta, procure elucidar algumas
questões básicas, sem tomar muito tempo:
• O que faz a pastoral?
• A qual desafio ela responde?
• Qual o público-alvo?
• O que a equipe fez até agora?
• Como a equipe se prepara?
• Onde a equipe atua?
Respondendo a essas questões, as pessoas terão uma noção do que é a Pastoral da
Escuta e o que fazem seus membros.
Além da apresentação da equipe da pastoral para a comunidade, é importante que,
antes, os membros dessa equipe já tenham se conhecido e estejam devidamente
entrosados. Para isso, deve ser feita alguma dinâmica que favoreça esse
conhecimento e entrosamento entre os membros da equipe da Pastoral da Escuta.
Essa dinâmica, além de favorecer o conhecimento entre os Membros da equipe,
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favorece também que estes exercitem a escuta entre si para poder escutar os outros.
Apresento aqui uma sugestão de dinâmica, mas a equipe pode escolher outra que
melhor se adapte a sua realidade. A dinâmica sugerida chama-se “minha vida” e
conduz os participantes à escuta e, consequentemente, ao conhecimento do outro.
Essa é uma dinâmica de apresentação que traz excelentes resultados para o grupo ou
equipe de pastoral que está iniciando suas atividades na paróquia.
Seu tempo de aplicação varia de 40 a 45 minutos e não deve ter mais do que 20
pessoas participando. Por outro lado, é importante que tenha um número mínimo de
10 pessoas. Os materiais usados são: folhas de papel A4, canetas ou tinta. E os
procedimentos são os seguintes: o coordenador explica a finalidade e os objetivos da
atividade; em seguida, pede às pessoas que se dividam em grupos de 4 ou 6 pessoas
para falar das suas experiências de vida na infância e na vida eclesial. Seguem abaixo
algumas sugestões de questões para motivar a equipe. Se preferir, elas podem ser
adaptadas ou substituídas por outras:
• Quais são as tuas recordações mais marcantes?
• Em que idade começou a participar da Comunidade?
• Qual a ligação hoje com a Comunidade?
• O que costuma fazer nos dias livres?
• Já faz algum trabalho de escuta?
• Que tipo de leitura aprecia?
• O que espera da Pastoral da Escuta?
O coordenador pergunta o que as pessoas acharam mais interessante no exercício e
pede para comparar, no âmbito político, social e eclesial, as diferenças de ambiente e
as várias influências, pedindo também aos participantes que ilustrem suas ideias com
imagens ou desenhos. Vão aqui algumas dicas: iniciar o processamento abrindo
espaço para que os participantes façam comentários sobre sentimentos, dificuldades,
facilidades e outros que o grupo julgar importantes. Observar como ficam os
participantes com as declarações dos demais e se está ocorrendo integração.
Observações: o coordenador deverá ter em conta que o exercício não pode se tornar
uma análise psicológica, mas sim a percepção de procedimentosdiversificados.
Assim, antes de apresentar a equipe à comunidade, faça essa ou outra dinâmica de
conhecimento do grupo.
3. Planejamento de metas e objetivos a serem atingidos
Quando se tem metas a atingir, é preciso que se façam planejamentos antes. Ao
implantar a Pastoral da Escuta na paróquia, é preciso planejar antes os meios para
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atingir determinados fins (metas) e ter clareza de quais são esses fins, ou metas, a
serem atingidos. Esse planejamento consiste, entre outras coisas, num calendário, ou
programação, das atividades da pastoral a serem desenvolvidas e na preparação
humana e material da equipe. Nessa programação, é preciso que constem as reuniões,
as formações, os retiros e as confraternizações. Além disso, é importante que a equipe
da Pastoral da Escuta coloque no papel os objetivos gerais e os objetivos específicos
da pastoral. Esses objetivos devem ser definidos entre seus membros e em conjunto
com o pároco e o coordenador do CPP.
Assim sendo, coloquem no papel as metas e os objetivos da pastoral. Para isso, é
importante saber que metas são essas e o que se deseja realizar. Quanto aos objetivos,
eles devem fornecer referências específicas, quantitativas, que podem ser usadas para
mensurar o progresso em relação às metas da pastoral. Vale lembrar que as metas são
indicadoras das prioridades, ou do conjunto de prioridades a serem alcançadas pela
equipe, ou pela pastoral. Elas devem sempre ser atingíveis, pois, de outra maneira,
podem acabar por desmotivar sua realização. Pense nisso na hora de traçar as metas
da Pastoral da Escuta, para que seus agentes não desanimem na missão. Por exemplo,
se a equipe deseja atender duzentas pessoas por semana, mas não tem membros
suficientes para o trabalho de escuta e não possui os recursos necessários (formação e
espaço físico), não adianta querer começar na semana seguinte, pois muitas coisas
precisam ser planejadas antes. Agora, se a equipe decide ter essa meta, e vai, ao longo
do ano, planejando e adquirindo os meios para isso, a meta torna-se atingível. Já os
objetivos, sejam eles gerais ou específicos, refletem as várias etapas dessas metas até
sua conclusão. Nesse caso, eles são indicadores que ajudam a mensurar o progresso
das metas. Vale lembrar que eles devem ser realistas e ter um período de tempo
definido.
4. Busca da pessoa certa para coordenar a Pastoral
Já destacamos a importância da pessoa do coordenador de uma pastoral, ou
serviço, e do papel que ela tem no desempenho de uma ação pastoral, mas vale a pena
trazer de volta o tema devido a sua importância como procedimento a ser tomado
para a implantação da Pastoral da Escuta.
O fato é que é preciso que se tenha a pessoa certa no lugar certo, senão tudo pode
dar errado, ou pode não se atingir as metas desejadas. Assim sendo, em primeiro
lugar, é preciso que a pessoa escolhida para coordenar a Pastoral da Escuta se
identifique com a pastoral, e goste de ouvir e coordenar uma equipe que ouve; que
seja alguém bem envolvido com a comunidade paroquial, que conheça suas estruturas
26
de funcionamento e o contingente de fiéis; que seja alguém bem-quisto na
comunidade; que seja uma pessoa exemplar, não tendo nada que desabone a sua
pessoa, sejam questões morais ou éticas; que tenha boa vontade e espírito de
liderança; que tenha um bom relacionamento com o pároco etc.
Desse modo, antes de escolher a pessoa que vai coordenar a Pastoral da Escuta e
os membros da equipe pastoral, é importante pensar nas seguintes questões: quanto
custa ter uma equipe de escuta que não se escuta? Coordenador que, de fato, não
coordena? Membros da Pastoral da Escuta que não têm paciência para escutar os que
buscam a pastoral? Uma equipe de pastoral que, em vez de agregar valor, dificulta os
resultados da organização? Quanto custa, para a própria pessoa, atuar em algo que
não a motiva? Enfim, quanto custa ter a pessoa certa no lugar errado?
No caso das paróquias, ainda não há uma consciência de que subaproveitar os
agentes de pastoral, isto é, as mesmas pessoas atuando em todas as frentes pastorais,
pode custar muito para sua organização missionária ou, até mesmo, sua sobrevivência
enquanto paróquia em estado permanente de missão; e, para os agentes de pastoral,
pode causar um sentimento de sobrecarga, gerando cansaço e até estresse, que
desqualifica as ações missionárias da paróquia. Frequentemente, isso aparece com o
tempo, gerando acomodação e anacronismo pastoral na paróquia, que passa a ter
apenas uma pastoral de manutenção de suas estruturas, mas não revela o ardor
missionário e as inovações que os desafios de hoje propõem para uma paróquia em
estado permanente de missão.
Suponhamos que um excelente agente de pastoral seja escolhido para ser o
coordenador da Pastoral da Escuta. Porém, as características práticas e pessoais que
ele possui não servem para essa nova atividade. Não desenvolveu os comportamentos
de coordenação exigidos, ou não tem espírito de liderança, ou de coordenação de
equipe. Ele começa a ficar extremamente estressado e infeliz. A equipe e a
comunidade paroquial percebem que perderam um excelente agente de pastoral e
ganharam um péssimo coordenador.
Assim sendo, na hora de escolher a pessoa para coordenar a Pastoral da Escuta, a
equipe deve se preocupar com a satisfação pessoal daquela pessoa que escolherá para
a coordenação, e, consequentemente, com os bons resultados que ela pode vir a gerar
com sua satisfação e seu empenho. Desse modo, é preciso desenvolver uma série de
ações voltadas para a capacitação da pessoa que for escolhida para coordenar essa
pastoral, com foco principal nos aspectos cognitivos e comportamentais que a
pastoral e a função de coordenador exigem. Pesquisas realizadas têm demonstrado,
por exemplo, que mesmo os melhores coordenadores de pastoral não conseguem
27
operar milagres se não têm o perfil comportamental adequado para o que requer a
função.
As paróquias ainda são resistentes para entender que as pessoas, em suas atuações
pastorais, têm características comportamentais específicas e que estas devem ser
levadas em conta na hora de convidar as pessoas para participar, ou coordenar um
trabalho. São essas características, ou aptidões, que as orientam mais facilmente a ter
eficácia em determinadas funções em detrimento de outras. Por isso, é fundamental
que as pessoas e as equipes conheçam seu perfil pessoal, o perfil da pastoral e quais
são os pontos que deverão ser desenvolvidos ou redimensionados para o bom
desempenho de sua participação. Além disso, é preciso conhecer suas tendências em
relação ao trabalho, pessoas que possam complementá-las nas suas ações,
necessidades específicas de treinamento e desenvolvimento, e como elas poderão
efetivamente mudar suas características, tendo como objetivo aproximar-se do seu
progresso pastoral. Perfeitas relações entre as pessoas (padres, agentes da mesma
pastoral, agentes de outras pastorais, fiéis leigos que frequentam as missas e pessoas
que procuram a Pastoral da Escuta) serão os ingredientes mais importantes para o
desenvolvimento de uma boa coordenação pastoral. Assim sendo, deve-se perguntar:
como ser a pessoa certa no lugar certo?
5. Formação e preparação da equipe da Pastoral da Escuta
Formação de equipe: todo trabalho pastoral deve ser feito em equipe e não apenas
por um indivíduo. Não dá para pensar numa ação pastoral, qualquer que seja ela, sem
antes pensar numa equipe que a execute. Assim sendo, para a implantação da Pastoral
da Escuta, é preciso antes formar uma equipe, e que essa equipe cumpra a sua função,
que é, entre outras coisas, maximizar talentos individuais, porque isso é de vital
importância para o bom êxito não apenas da pastoral em si, mas da própria paróquia,
que tem suas equipes de trabalho como parte de sua organização pastoral e depende
delas para realizar suas ações missionárias.
O desempenho dessa equipe, entretanto, vai depender da qualidade do
entrosamento entre seus membros. Por essa razão, é preciso que, ao formar essa
equipe, se escolham pessoas com certas afinidades,ou então, que se desenvolvam
trabalhos, ou técnicas, de entrosamento entre elas, de modo que haja uma sintonia
entre a ação de cada indivíduo e a do grupo.
Vale lembrar que cada pessoa traz, além da sua personalidade, experiências
pastorais e pessoais que afetarão a equipe e serão afetadas por esta. Desse modo, o
tipo de formação da equipe será influenciado pela maneira como essas personalidades
28
e experiências se articularão. Assim, ao formar a equipe da Pastoral da Escuta,
busque promover formas de articulação dos saberes pautadas no respeito pelas
diferenças e pela bagagem que cada um traz. Desse modo, a equipe da Pastoral da
Escuta deve ser estruturada levando em consideração os perfis ou tendências pessoais
e personalidades dos indivíduos.
O espírito de liderança é importante no indivíduo, mas quando se fala de trabalho
em equipe, o líder terá que abdicar de certas atitudes para poder trabalhar em grupo.
Uma equipe de líderes não pode progredir, pois onde todos querem liderar, a
administração de conflitos ocupará a maior parte do tempo disponível para o trabalho
em equipe. Quem deve liderar na equipe da Pastoral é o coordenador. Uma equipe
ideal é aquela cujos membros assumem naturalmente funções ou papéis
complementares, e em que cada um desses papéis seja descrito em termos de pontos
fortes e fraquezas de cada perfil que o desenvolve. Numa equipe de pastoral, uma
pessoa coordena os trabalhos gerais dessa equipe. As outras tarefas, ou funções, são
distribuídas para os demais. Dentro da equipe deve haver lugar para todos, mas cada
um deve saber qual é o seu papel e como proceder. Assim, o coordenador monitora o
andamento da equipe, enquanto seus membros desempenham as ações que lhes
cabem, como, por exemplo, escutar, motivar, ajudar nos eventos que são
programados etc.
Enfim, ao formar a equipe da Pastoral da Escuta, defina claramente a missão de
cada um dentro dela, bem como as metas e objetivos da equipe e da pastoral como
um todo. Todos têm que saber qual é o objetivo do trabalho pastoral, para que o
esforço seja feito na mesma direção. Cada pessoa tem que estar ligada ao significado
maior do trabalho de escuta dentro da paróquia, que é o objetivo dessa pastoral, e ver
o mesmo como um desafio de colocar a paróquia em estado permanente de missão. Já
que se está falando de escuta, a comunicação clara é fundamental para alcançar o
objetivo dessa pastoral. É preciso ter a humildade de escutar e acatar as normas da
pastoral para que ela responda ao que se propõe.
Como foi dito antes, que cada um respeite a individualidade do seu companheiro
de trabalho e estimule a diversidade da equipe, evitando, assim, individualismos.
Lembre-se de que equipes são formadas de pessoas, e cada pessoa tem histórias de
vida, conhecimentos e experiências bem diferentes. É papel do coordenador da
pastoral respeitar e estimular as diferenças, fazendo com que cada membro da equipe
dê o seu melhor no exercício da pastoral. Outro ponto importante na hora de formar e
gerenciar a equipe da Pastoral da Escuta é estabelecer os papéis. Se os integrantes da
equipe não sabem qual função ou papel desempenhar, dificilmente conseguirão
29
atingir o objetivo comum da pastoral. Por isso, é necessário formar e preparar essa
equipe, como veremos no passo seguinte.
Preparação da equipe: uma vez formada a equipe que atuará na Pastoral da
Escuta, é hora de prepará-la. Nenhuma pessoa deve estar no exercício da pastoral sem
antes ter passado por treinamentos que a capacitem para o trabalho. Esse treinamento
vai desde a maneira como proceder na escuta até a formação mais aprofundada, de
conteúdos teológicos, espirituais e eclesiais, bem como noções básicas de psicologia
e outras ciências humanas que ajudam no processo formativo e nas relações humanas
e sociais. Mas esta deve ser feita em longo prazo, enquanto se atua na pastoral. A
preparação imediata é a técnica, em que a pessoa deve aprender como acolher e ouvir,
de modo que responda aos objetivos da Pastoral da Escuta.
É importante lembrar que a falta de investimento nos agentes da Pastoral da
Escuta através de formação e capacitação poderá conduzir a uma subutilização do
potencial desses agentes. Diante disso, fica claro que é preciso prepará-los e há muito
a fazer, pois a formação deve ser algo constante. Nunca se está totalmente pronto, há
sempre algo a aprender, e é preciso ter essa abertura. Assim sendo, comece pela
qualificação e capacitação dos agentes da Pastoral da Escuta, e a paróquia terá uma
equipe que saberá enfrentar e responder aos desafios dessa e de outras áreas.
É preciso sair do paradigma que afirma que formação, preparação ou treinamento
dos agentes de pastoral é despesa. No momento em que as paróquias e seus párocos,
o Conselho Econômico e os demais administradores paroquiais e agentes de pastoral
entenderem que a solução para responder às demandas da atualidade passa pela
formação e capacitação técnica e comportamental de seus agentes de pastoral e
demais fiéis leigos, certamente sairemos dessa vexatória condição de acomodação em
que muitos católicos, inclusive padres, se encontram. A equação é simples: quanto
mais investimentos houver em formação, treinamento, capacitação e recursos
pastorais, melhores resultados serão obtidos nas ações missionárias.
Podemos dividir o processo de preparação, ou capacitação, dos agentes da Pastoral
da Escuta em quatro áreas: técnica, humana, espiritual e eclesial. Na parte técnica,
como o próprio nome sugere, a pessoa aprende as noções básicas do funcionamento
da pastoral e como escutar as pessoas sem se envolver com a situação escutada, mas
também mantendo uma postura profundamente humana e espiritual. Essas
orientações já foram dadas aqui, mas podem ser aperfeiçoadas de acordo com cada
realidade paroquial. A formação humana corresponde ao aprendizado de alguns
temas da área da psicologia, sociologia, antropologia, da ética, entre outras. A
paróquia deve investir em formações voltadas para essas áreas, pois ajudarão os
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agentes a se humanizarem cada vez mais. As outras duas modalidades de formação
são também fundamentais: a formação espiritual e a eclesial. A formação espiritual é
a que fará diferença na hora de escutar as pessoas. Quem exercita sua espiritualidade
age com mais confiança e transmite Deus à pessoa que está ouvindo. A
espiritualidade pode ser exercitada com retiros, com a prática da Lectio divina, com a
participação assídua nas missas e com a leitura de livros de espiritualidade e
orientações espirituais. A formação eclesial está vinculada à formação espiritual. É a
formação que vai inteirar o agente de pastoral da vida da paróquia e da Igreja de um
modo geral. Assim, ele entenderá melhor o que é ser igreja e agirá de acordo com
suas orientações e procedimentos.
Não se esqueça de fazer um calendário de formação para os agentes da Pastoral da
Escuta e procure cumpri-lo fielmente.
Em suma, é importante lembrar que uma equipe de pastoral, para ser bem
constituída e agir com eficácia, deve ter bem claras sua missão e suas metas pastorais.
Indico aqui os procedimentos para a equipe agir de modo que obtenha resultados com
suas ações:
• Atuar de maneira criativa;
• Concentrar-se nos objetivos e metas da pastoral;
• Manter explícitas as funções e responsabilidades de cada um;
• Participar das reuniões, com ideias, sugerindo melhorias;
• Basear-se nas potencialidades individuais;
• Apoiar a liderança e cada um dos membros;
• Desenvolver um ambiente de atuação em grupo (harmonia);
• Solucionar as discordâncias (evitando sentimentos como ciúme, inveja, raiva e
rancor);
• Evitar conflitos;
• Tomar decisões objetivas e avaliar sua própria eficiência;
• Escutar e dialogar.
Com essas precauções e procedimentos, a equipe da Pastoral da Escuta tem tudo
para dar certo.
6. Elaboração de um calendário de atividades para a Pastoral da Escuta
A equipe já foi formada e apresentada; é hora de elaborar um calendário de suas
atividades. Esse calendário deve considerar a realidade paroquial, com todos os seusdesafios, e as sugestões dos membros da equipe. Procure fazer um calendário que
contemple tudo o que a pastoral pretende realizar, como, por exemplo, data e hora
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dos atendimentos de escuta, data das reuniões, data das formações sistemáticas, dos
retiros, das confraternizações etc.
Assim, antes de iniciar as atividades da Pastoral da Escuta, promova uma reunião
com a equipe da pastoral para programar as atividades e organizar o roteiro de
trabalho de escuta. Se possível, apresente esse calendário de planejamento na
Assembleia paroquial para que seja contemplado no Plano Paroquial de Pastoral.
Nessa programação, defina todas as datas, principalmente as de encontro da
equipe para avaliação das atividades exercidas. Para essas avaliações, prepare fichas
em que cada um possa colocar sua avaliação, bem como as situações de
acompanhamento especial que encontraram em seu trabalho de escuta. Nessa ficha, o
agente deve colocar também as dificuldades encontradas, as limitações pessoais e de
escuta, e até mesmo as de convívio, ou de trabalho com a equipe (se houver esse tipo
de dificuldade).
Defina as datas de reuniões da equipe e encaminhe antecipadamente a pauta da
reunião para todos os agentes, para que eles agreguem suas contribuições e outras
questões a serem tratadas durante as reuniões. Planeje também as oficinas de estudo,
cursos e palestras da equipe, bem como os retiros e as confraternizações, como
sugerido anteriormente.
Havendo necessidade, reserve algumas datas para dinâmicas de entrosamento,
pois sempre aparece gente nova para ajudar na equipe. Uma boa dinâmica de
apresentação e avaliação dos trabalhos nesses encontros entre os membros da pastoral
é a técnica do novelo de lã: entrega-se, para um componente da equipe, um novelo de
lã. Este deverá segurar o novelo enquanto está se apresentando, falando de si mesmo,
da sua história e da sua atuação na Pastoral da Escuta. Ao terminar, segura uma parte
do fio e passa o restante do novelo para outra pessoa da equipe, que deverá repetir a
operação até o novelo transformar-se numa teia, dando, assim, a oportunidade a todos
de se apresentar, expressar seus pensamentos e ideias sobre as atividades a serem
realizadas ou que realizaram no exercício da Pastoral da Escuta. É uma forma de
exercitar a escuta entre os membros da equipe. A teia construída simboliza a união da
equipe e fundamentará os valores, sentimentos e objetivos do trabalho na Pastoral da
Escuta. Simboliza também os cruzamentos entre as demais pessoas e quanto cada
uma é importante na realização do grande projeto da Pastoral da Escuta, na
construção da história de cada agente dessa pastoral e de cada pessoa ouvida. Assim,
ao iniciar cada momento de escuta, bem como as outras atividades da Pastoral, os
valores humanos, sociais, culturais e éticos vão também sendo trabalhados. É uma
maneira de agir e se preparar, simultaneamente.
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Como essa atividade, outras devem ser programadas, e devem ser indicados
procedimentos de operacionalização. Quando se faz um bom planejamento das
atividades, com um calendário de ações a serem realizadas, os trabalhos da pastoral
tendem a acontecer harmonicamente e com bons resultados.
7. Busca de recursos para a Pastoral da Escuta
Toda pastoral carece de recursos para ser viabilizada. Para a Pastoral da Escuta, o
recurso primordial é humano. Os recursos materiais estão relacionados mais com a
parte formativa e de realização de eventos. Por essa razão, dentro dos procedimentos
para a implantação da Pastoral da Escuta na paróquia, é preciso se preocupar com os
recursos para essa pastoral.
Recursos humanos: ao falar de recursos humanos, falamos do conjunto dos
agentes ou dos colaboradores da Pastoral da Escuta. Vinculados a estes está a função
de adquirir materiais, desenvolver ações competentes, usar bem os recursos da
pastoral e manter os agentes e colaboradores nessa pastoral, de modo que sintam
satisfação em atuar no trabalho pastoral. O objetivo básico que constitui a função de
recursos humanos é alinhar as políticas de recursos humanos com a estratégia da
pastoral. Assim sendo, o primeiro passo para implantar a Pastoral da Escuta é ter
pessoas que se disponham a fazer esse trabalho e que estejam, também, dispostas a se
preparar para exercer essa missão. Desse modo, ao falar de recursos humanos,
estamos falando também de gestão de competências, de investimento na formação de
pessoas. A gestão de competências tem também o objetivo de fornecer aos agentes
ferramentas para realizar a ação pastoral e desenvolver as pessoas, de modo que elas
tenham clareza, foco e critério para agir conforme orienta a pastoral. Essas
ferramentas são alinhadas com as atribuições das funções que cada um vai
desempenhar dentro da Pastoral da Escuta.
Recursos materiais: os recursos materiais correspondem ao material que a pastoral
vai necessitar para poder realizar suas ações. Essa pastoral não exige muitos recursos
materiais. Dentre eles, destaque para o espaço, que já foi amplamente destacado; os
subsídios de formação para os agentes; os recursos para a realização de encontros,
passeios, retiros etc.; a confecção de vestes para os agentes etc., entre outros. Assim,
recursos materiais são os itens ou componentes que a Pastoral da Escuta utilizará em
suas ações diárias, seja no trabalho de escuta propriamente dito, seja nas outras
atividades a ela relacionadas, em vista de atingir seu objetivo final.
Como buscar esses recursos?
Os recursos humanos são garimpados dentro da própria comunidade, através da
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divulgação da pastoral, como veremos a seguir, bem como através de convites a
pessoas que apresentem um perfil que se enquadre na Pastoral da Escuta. O convite
pode ser feito nas missas, nas reuniões do CPP ou em outras ocasiões e oportunidades
que surgirem.
Os recursos materiais podem vir dos eventos que a equipe promoverá, das doações
dos próprios membros dessa equipe, dos pedidos nas missas, quando houver
necessidade, e da própria paróquia, que deve investir parte de seus recursos
financeiros nessa pastoral.
8. Divulgação da Pastoral da Escuta
A maioria das paróquias possui quadros de avisos onde são colocadas informações
pastorais e outras coisas mais. O cuidado na hora de divulgar a Pastoral da Escuta
nesses murais é muito importante, pois corre-se o risco de ela passar despercebida em
meio a tantas outras informações. Se, no expediente de sua paróquia, ou no interior da
igreja, há um quadro de avisos, que ele seja adequado para divulgar a Pastoral da
Escuta. Que tal preparar um mural exclusivo para a Pastoral da Escuta? Há pessoas
hábeis na organização disso. Peça ajuda. Aqui vão algumas dicas:
• Não coloque os anúncios da Pastoral da Escuta de qualquer jeito;
• Cuide para que não fiquem no quadro outros avisos que neutralizem as chamadas
para a Pastoral da Escuta;
• Não escreva as chamadas para a Pastoral da Escuta com datas ultrapassadas ou
letras malfeitas, erros e detalhes que não atraiam a atenção de quem chega;
• Lembre-se: avisos, comunicados ou anúncios estão lá para serem lidos. Encontre
a forma mais adequada de chamar atenção para o que se quer anunciar, porém,
nada de bizarrices ou relaxo;
• Prepare murais e quadros de avisos bonitos para a Pastoral da Escuta. Coloque as
informações e ornamentos bem dispostos e harmônicos; ornamente tais quadros
e murais de modo que todos os que cheguem percebam a delicadeza de detalhes
e se interessem pela Pastoral da Escuta;
• Fica bem, nesses quadros de avisos da Pastoral da Escuta, uma bela frase de
acolhida, ilustrações condizentes com o tema ou imagens que transmitam paz,
serenidade e bom acolhimento;
• Uma sugestão é pedir, para alguém que goste desse tipo de ilustração, que se
responsabilize pela organização do mural, ou quadro de avisos, da Pastoral da
Escuta. A Pastoral da Comunicação poderá estar envolvida nesse trabalho, pois a
escuta é uma forma de comunicação, e a divulgação da Pastoral da Escuta cabe à
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Pastoral da Comunicação.
Em suma, o ciclo de ação do processo de implantaçãoe realização da Pastoral da
Escuta pode ser resumido da seguinte maneira:
Em primeiro lugar, apresentam-se as propostas dessa pastoral. Uma vez aprovada,
vem a segunda etapa, que é a do planejamento. Planejar é traçar metas, objetivos a
serem atingidos. A terceira etapa é a da implantação propriamente dita. Essa etapa é
fundamental, pois é a partir dela que os trabalhos começam a se consolidar. Mas
ainda faltam outras etapas importantes. A fase seguinte é a que dará consistência à
Pastoral. É a fase da preparação do terreno onde serão lançadas as sementes da
pastoral – preparação dos recursos materiais e humanos que a Pastoral necessitará
para ser eficaz. A quinta fase é a de capacitação dos agentes. O fato de essa fase estar
em quinto lugar não significa que ela seja menos importante que as demais, mas é
porque, antes de oferecer formação, é preciso que se tenha algo de concreto. Por essa
razão, é necessário que alguns passos já tenham sido dados no processo de
implantação da Pastoral da Escuta. O sexto passo é o do acompanhamento da Pastoral
implantada e de toda a sua conjuntura, que inclui também os recursos materiais e
humanos dos quais a Pastoral necessita. Nenhum trabalho pastoral pode caminhar
bem se não houver o acompanhamento sério, em todas as suas dimensões. O sétimo e
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último passo está estritamente vinculado ao sexto. Ele está relacionado à assessoria
da Pastoral. Quem serão seus assessores? Entenda por assessores a equipe de
coordenação e seus agentes. Como já vimos anteriormente, é preciso que haja uma
boa coordenação para que a pastoral caminhe bem.
Esse é, portanto, ciclo de ação do processo de implantação e realização da Pastoral
da Escuta na paróquia. Cumpri-lo significa obter resultados satisfatórios na ação
missionária que essa pastoral propõe.
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VI. PREPARAÇÃO E PROCEDIMENTOS DOS AGENTE DA
PASTORAL DA ESCUTA
Além do investimento na parte estrutural e material da Pastoral da Escuta, o padre
que se preocupa em acolher bem na sua paróquia investe também na formação
humana e na qualificação de seus agentes de pastoral. Assim sendo, promove cursos
de formação voltados para a Pastoral da Escuta, contemplando a dimensão teológica,
pastoral e espiritual nesse processo formativo. É bom também investir recursos em
materiais formativos, como livros, revistas e outros materiais que ajudam a
enriquecer a formação dos agentes. Esse investimento possibilita que eles ajam com
mais qualidade e respondam com mais eficácia aos desafios dessa Pastoral. O padre
que tem visão pastoral se alegra por verem qualificados, ou em processo de
qualificação, seus agentes de pastoral, e nunca os vê como concorrentes. Ele oferece a
possibilidade dos fiéis leigos atuarem ativamente na Igreja, tendo-os como pessoas
colaboradoras, pessoas que estão na paróquia para somar forças e não para competir
com o padre.
1. Coloque-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta
A paróquia é um espaço onde o voluntariado é muito bem-vindo e necessário.
Você, como paroquiano e paroquiana, poderá ajudar sua paróquia a ser melhor
colocando-se à disposição para ajudar na Pastoral da Escuta. Há muita cuisa a fazer.
Mesmo que você não tenha o dom de escutar, poderá fazer parte da equipe de
coordenação, como secretário ou secretária, ou como uma pessoa de “relações
públicas”, ou “marketing” da pastoral. Além da escuta propriamente dita, há outras
atividades dentro da Pastoral da Escuta que carecem de voluntários, de pessoas que
coloquem seus dons a serviço. Assim sendo, coloque-se à disposição para ajudar,
procure o padre ou membros que já atuam nessa pastoral e ofereça seus préstimos. Se
na sua paróquia ainda não existe a Pastoral da Escuta, que tal você ter a iniciativa de
implantá-la, apresentando a proposta ao pároco e ao CPP? Há muita coisa em que
você poderá ajudar, mesmo que você não seja alguém dado a escuta. Mas, se for
alguém que tem predisposição para escutar os outros, é melhor ainda, e seu lugar é,
sem dúvida, na Pastoral da Escuta.
Auxilie na divulgação da Pastoral da Escuta: há tantas coisas que se espalham
como cinza na comunidade, porém, na hora de divulgar um serviço dessa natureza,
pouca gente se dispõe à tarefa, e o trabalho corre o risco de não frutificar por falta de
divulgação. Como agente dessa pastoral, você poderá dar uma boa contribuição nesse
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quesito. A divulgação poderá ser feita de diversas maneiras.
• Convide pessoas do seu círculo de amizade para ajudar no trabalho de
divulgação;
• Ajude a espalhar os cartazes anunciando o serviço da pastoral e coloque faixas
na frente da igreja ou em locais de bastante acesso e visibilidade;
• Dê ideias que possam ajudar na divulgação para a equipe da pastoral;
• Fale nos seus círculos de relação (no trabalho, na escola, na rua, entre amigos e
conhecidos etc.) sobre a Pastoral da Escuta e incentive as pessoas a participar;
• Anuncie nos meios de comunicação aos quais a paróquia tem acesso (boletins,
jornais, rádio, televisão etc.);
• Anuncie nas missas e nos murais da igreja.
São pequenos gestos como esses que fazem a Pastoral da Escuta ser conhecida e
ter boa aceitação.
2. Ética na escuta
Ética é um termo derivado do grego ethos, que significa, entre outras coisas,
caráter, modo de ser de uma pessoa. Esse conceito forma um conjunto de valores
morais e princípios que norteiam a conduta e o comportamento humano nas relações
sociais. A ética serve para que haja equilíbrio e bom funcionamento social,
possibilitando que ninguém saia prejudicado, que as pessoas sejam respeitadas. Nesse
sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis ou as normas, está
relacionada com o sentimento de justiça social, com o respeito humano e com os bons
modos das pessoas no trato com seus semelhantes. No exercício da Pastoral da
Escuta, o comportamento ético é fundamental, porque envolve também questões
morais e, sobretudo, a ética cristã, os valores evangélicos da caridade. Assim sendo,
escutar, no âmbito pastoral, exige de quem escuta uma postura ética. Quando se trata
de escuta por parte dos agentes da Pastoral da Escuta, essa postura se torna ainda
mais indispensável. Seguem algumas recomendações que podem ajudar os agentes da
Pastoral da Escuta a ter ética no exercício de sua missão:
• Nunca fale mal da vida alheia;
• Não desmereça o trabalho alheio nem desqualifique os outros;
• Não exponha a pessoa que você ouviu a situações vexatórias, ridículas etc.;
• Seja comedido nos seus comentários e evite aqueles que podem prejudicar a
pessoa que você ouviu, ou qualquer outra pessoa;
• Não leve adiante fofocas, comentários banais ou qualquer outro tipo de
comentário que não ajudará em nada os outros;
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• Não exponha, a terceiros, particularidades ouvidas durante a escuta pastoral;
• Em suas conversas com amigos, mesmo nos momentos mais informais, não
fique relembrando fatos e situações que você ouviu durante o trabalho de escuta;
• Não use ironia, apelido que o outro não aprova, brincadeiras de mau gosto etc.
Existem muitas outras situações que devem ser evitadas porque não se enquadram
dentro da ética da Pastoral da Escuta. Procure saber quais são e faça da sua escuta um
trabalho qualificado, verdadeira ação do discípulo e missionário de Jesus Cristo.
Mantenha a privacidade do espaço de escuta: não entre sem ser chamado, ou sem
se anunciar, nas salas e demais locais em que outra pessoa está no serviço de escuta.
Não é porque você é um agente da Pastoral da Escuta que poderá invadir o espaço no
qual outros agentes estão em atendimento pastoral. Caso tenha necessidade de
interromper, anuncie-se antes e peça licença. Porém, evite adentrar o espaço onde
outros estão sendo atendidos, a não ser que você tenha sido chamado. Lembre-se
sempre: os espaços da Pastoral da Escuta, quando estão sendo utilizados para essa
finalidade, são lugares reservados para os agentes da pastoral e as pessoas que estão
sendo ouvidas por eles. Quando tais espaços não são respeitados, e as pessoas perdem
essa noção de limite entre os espaços públicos e os espaços

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