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13 - Aconselhamento Pastoral

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Tema: Palavra do Diretor 
 
Antes de começar nossos estudos, quero agradecer por ter se matriculado 
no nosso Seminário Maior de Estudos Teológicos, quero dar-te as boas vindas e te 
desejar bons estudos. Quero que saiba que estarei aqui pra te auxiliar no que for 
necessário, contudo, quero que se esforce com toda dedicação pra obter um bom 
estudo. 
Fazer um estudo teológico não é algo difícil, mas também não é tão fácil, 
contudo, quando buscamos a direção do Espírito Santo, com toda dedicação e 
devoção, somos levados a ter toda revelação que necessitamos. 
Tenho total confiança em você, querido aluno, confiança essa que me leva a 
saber que no futuro próximo, será um grande defensor da fé, e quem sabe um grande 
obreiro capaz de pregar o evangelho com toda excelência e amor. 
Quero aqui fazer uma aliança com você, uma aliança a qual primeiramente 
será feita com o Senhor JESUS CRISTO, filho de Deus. A aliança é que irá estudar com 
desejo de aprender mais de Deus, com intenção de ser edificado, com amor e alegria, 
e quando possível, poder falar e compartilhar tudo quanto tem aprendido a outros 
para a glória de Deus. 
Busquem estudar a Bíblia todos os dias com a intenção de conhecer 
intimamente seu autor, o Espírito Santo, que a Palavra de Deus seja seu alimento 
constante, isso fará que venhas a ter um conhecimento e crescimento espiritual. 
Não estude e não leia a Bíblia somente com um objeto de estudo, mas 
estude com os olhos espirituais pedindo sempre a revelação de Deus e aplicando tudo 
que aprender e ler em sua vida, tudo que ler, veja como um espelho pra você e não 
como algo que somente serve pra outras pessoas, e o mais importante, leia crendo 
sem duvidar. (Hebreus 11.1) 
Diretor: Pr.Clesilvio de Castro Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
2. Objetivo 
3. A prática do aconselhamento pastoral 
4. Como deve ser feito? 
5. Considerações Finais 
6. Notas bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução: 
 
Um ministério somente para pastores? 
 
O termo "aconselhamento pastoral" não é encontrado na Bíblia em 
nenhuma tradução. Mas, no original grego existem outras palavras que 
descrevem o mesmo processo que se entende por aconselhamento pastoral: 
paracalein, paraclesis. Aliás, estas palavras têm uma mesma raiz que vem de 
parácleto, que conceitua o Espírito Santo como consolador e orientador. 
 
Uma outra palavra na linguagem original da Bíblia é poimênica, e 
define "a ciência do agir do pastor". Poimênica é, portanto, o ministério de 
ajuda da igreja cristã para seus membros e outras pessoas que buscam ajuda 
espiritual, emocional, relacional e de saúde. 
 
Aconselhamento Pastoral procura ajudar através da conversação 
pastoral, de conselhos baseados na Bíblia e de uma metodologia que se 
desenvolveu a partir da psicologia. 
 
Talvez a melhor definição bíblica que temos para explicar o que é 
Aconselhamento Pastoral achamos em Salmos 139. 23-24: "Sonda-me, ó 
Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; 
vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno". 
 
Aconselhamento Pastoral pode ser exercido somente por 
pastores? 
 
Não! Aconselhamento Pastoral pode ser exercido por todas as 
pessoas que tiveram um encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo, 
que estejam inseridas no trabalho de uma igreja, que conheçam a Bíblia e 
que tenham recebido de Deus a convocação de ajudar pessoas através do 
aconselhamento ou outras formas de apoio. Assim, líderes de jovens, de 
grupos familiares, de união de senhoras ou mesmo porteiros poderão ser 
conselheiros pastorais. Pois, estando em contato com as pessoas serão 
solicitadas para ajudar. 
 
Aconselhamento Pastoral não é simplesmente passar conselhos. 
Aconselhar é saber ouvir, entender e fazer-se entender, tendo em vista o 
fundamento bíblico e a estrutura emocional/psíquica do ser humano. 
 
Para muitas pessoas esta atividade parece ser muito difícil. Mesmo 
alguns pastores não a exercem por terem a impressão que o 
Aconselhamento Pastoral não surte os efeitos esperados. Mas, o 
Aconselhamento Pastoral pode ser aprendido e aperfeiçoado. 
 
Objetivo 
 
O aconselhamento pastoral é a área mais sublime do cuidado pastoral 
(poimênica), que objetiva a ajudar indivíduos, famílias ou grupos a lidarem 
com as pressões e crises existenciais. O cuidado pastoral se refere aos 
ministérios de cura, apoio, orientação e reconciliação das pessoas com Deus 
e com o próximo. No exercício do aconselhamento pastoral o agente de 
pastoral deverá sempre se orientar por estas perguntas: 
 
Qual é o problema? 
 
Será que eu devo intervir e tentar ajudar? 
O que eu deveria fazer para ajudar? 
Será que existe alguém mais qualificado para atuar neste caso? 
Segundo pesquisas recentes as técnicas empregadas são mais 
abrangentes quando o conselheiro é afetuoso, sensível, compreensivo, 
demonstra interesse sincero e tem disposição para confrontar as pessoas, 
mantendo uma atitude de amor. 
 
Na Igreja o conselheiro pastoral visa libertar, potencializar e 
sustentar a integralidade das pessoas centrada no espírito, utilizando 
experiências psicológicas e teológicas sobre a situação humana e a cura das 
pessoas. Integralidade é uma jornada de crescimento, não a chegada a um 
objetivo fixo e imóvel. 
 
O objetivo do aconselhamento pastoral é a integralidade em relação a 
si mesma, aos outros e a sociedade. Tanto a cura quanto o crescimento 
dependem da qualidade de nossos relacionamentos significativos, por isso, 
aptidões de cura e crescimento relacionais são essenciais para um ministério 
de integralidade, com seu estilo de vida, uma paixão por crescimento pessoal 
– espiritual, com igual paixão por transformação social. 
 
O trabalho e o sucesso de um conselheiro pastoral são medidos em 
termos de vidas transformadas. 
O conselheiro deve ser o exemplo máximo de atitude. Alguém que 
impacta, influencia e nunca se conforma com menos do que pode ser, fazer 
ou ter. Um criador de possibilidades, capaz de aproveitar todas as 
circunstâncias para inspirar pessoas. Alguém que sabe como mobilizar e 
utilizar as potencialidades de seu grupo para realizar o extraordinário. 
 
Aconselhamento pastoral que não reentroduz o aconselhando à 
comunhão, que não reaproxima familiares e conjugues, não é 
aconselhamento completo. Nem haverá alegria completa. A pessoa que 
resolve seus conflitos interiores, que ousa encarar a si mesma sob a luz de 
Deus não teme mais os outros, pelo contrário, busca a comunhão, se 
beneficia dela e promove o bem estar de outros nesta mesma comunhão. 
 
O evangelista Lucas identificou o nascimento de João Batista como 
visita de Deus. Quando escreve o cântico profético de Zacarias, o pai de João 
Batista, diz: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o 
seu povo”. Depois que o filho da viúva de Naim foi ressuscitado por Jesus, o 
povo conclui: “Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu 
povo”. Ao descrever a destruição de Jerusalém porque Judá não reconheceu, 
nem aceitou Jesus como filho de Deus, matando-o, Lucas diz: “Não deixarão 
em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade de tua 
visitação”. Conclusão: Deus visita o ser humano através de seu Filho Jesus 
 
Cristo e através de seus profetas. A visita de Deus às pessoas ainda hoje 
acontece através de Jesus e através dos seus conselheiros. 
 
A visitação é um método utilizado pelo apóstolo Paulo no fortalecimento 
dos cristãos nas várias partes do mundo. Somente na epístola aos Romanos ele 
fala cinco vezes a respeito de querer visitá-los. Ela é um recurso que possibilita 
proximidade, aprofundamento de relações e pessoalidade. 
E a técnica que facilita essa transformação? A visita! 
 
A revolução que transforma o mundo se dá entre pessoas, no cantinho 
sossegado onde o indivíduo é tratado. Jesus tinha a fama de grande orador.Multidões o seguiam mesmo sem ter o que comer e onde descansar. Mas, ele 
gastou a maioria dos seus dias na interação com 12 homens. Aliás, aquilo 
mais parecia ser a escória da sociedade, pessoas sem representatividade. 
Mas, a visita os transformou. 
 
A poimênica e o aconselhamento pastoral é sem dúvida um método 
eficaz e significativo de lntegralizar as pessoas neste sistema neoliberal em 
que vivemos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A prática do aconselhamento pastoral 
 
Uma análise de modelos de cuidado pastoral 
aplicada à realidade brasileira 
 
Problemas é que não nos faltam nos dias atuais. E de toda ordem. 
Financeiros, políticos, emocionais, familiares, espirituais, de relacionamento, 
de saúde, de segurança, de moradia... Seu grau de agravamento decorre das 
influências das circunstâncias em que vivem ou trabalham as pessoas. E 
sobre eles ainda incide a pressão das mudanças éticas, morais, de costumes, 
de hábitos, deixando as pessoas confusas, a tal ponto que, na hora da 
angústia, não sabem qual é o melhor caminho a seguir. Assim, todos 
precisam de ajuda para sobreviver, de auxílio para conseguir enxergar seus 
problemas e de cuidado para melhor solucioná-los. 
 
Método libertador: liberdade em tempo oportuno. 
 
Libertar é uma sucessão de ações e reações com o objetivo de 
trabalhar com as pessoas para que sejam socorridas em tempo oportuno, 
tornem sabedoras das origens e desenvolvimentos da opressão e da 
dominação na sociedade em que vivem (1). Isso contribui para que entendam 
melhor sua vida profissional, financeira, social, psicológica e religiosa. Libertar 
não implica apenas em ações que tirem a pessoa da influência negativa do 
reino das trevas, mas também do reino dos seres humanos. 
 
Todo processo de cuidado pastoral é uma ação ou realização 
continuada e prolongada de alguma atividade que vise, ao final, o bem-estar 
daquele que necessita de cuidados (2). Porém, trilhar esse caminho de auxílio 
ao outro exige uma análise critica dos fatores que envolvem a vida da pessoa 
em questão. Isso pode revelar as diversas origens do problema e, também, 
direcionar para os melhores caminhos a fim de solucioná-los. 
 
Os problemas de origens pessoais podem ser identificados na história 
de vida do aconselhado e têm muito a revelar sobre quem é a pessoa, como 
chegou ao ponto em que está. Identificadas as raízes das questões que a 
atormentam, ficará mais fácil desenvolver um trabalho de acompanhamento, 
de cuidado pastoral, até que haja libertação dos sentimentos negativos, dos 
pensamentos ruins e da forma de vida que prejudica a si mesmo e aos outros. 
 
Quando um indivíduo nasce, já encontra uma estrutura pronta para 
recebê-lo. No decorrer de seu crescimento, ele não se adaptará a muitas 
questões que são consideradas normais para outras pessoas. Isso lhe trará 
conflitos interiores entre aquilo que pensa ser o correto e aquilo que todos 
dizem ser o certo. A estrutura política, social, financeira, familiar e outras 
vigentes durante o tempo de existência de uma pessoa poderão trazer 
problemas que exigirão maiores cuidados pastorais. 
 
As relações, os processos e as estruturas sociais, enquanto formas de 
dominação política e apropriação econômica, produzem uma história de vida 
de muitas pessoas plena de diversidades, disparidades, desigualdades, 
antagonismos. As condições de sobrevivência, o trabalho das diversas 
categorias profissionais e as classes sociais são de fundamentais 
importâncias para uma análise e identificação dos problemas de origens 
sociais. A libertação social precisa fazer parte da visão de quem faz um 
trabalho de orientação, pois a raiz dos problemas poderá estar lá. 
 
 
 
 
Identificada a origem das dificuldades da pessoa que busca ajuda 
pastoral, é necessário avaliar as opções de soluções existentes que 
favoreçam uma mudança de vida por parte de quem precisa passar pelo 
processo de libertação. A militância política pode auxiliar na derrubada de 
sistemas que oprimem e destroem o ser humano. O cuidado pastoral 
orientado por este modelo pensa em uma teologia da libertação que vise à 
melhoria de vida em todos os aspectos da população. É um grande caminho 
para cuidar daqueles que almejam uma libertação. 
 
Método empoderador: poder para lutar e vencer. 
 
Empoderar significa admitir que cada cidadão tem dentro de si forças 
necessárias para encarar certos problemas. É encorajá-lo a colocar seu 
potencial, sua inteligência, sua força interior em prática de forma justa e útil para 
si mesmo e para os outros (3). Significa promover a iniciativa e a participação das 
pessoas na sociedade e na igreja. Constitui em tirar das mãos de poucos e 
colocar nas mãos de muitos o poder de decidir os rumos da sociedade. O 
cuidado pastoral orientado por este modelo é a base do processo de 
reestruturação psicológica, mobilização social e participação religiosa. 
 
Não se podem atender pessoas eternamente, como se elas não 
tivessem as menores condições de assumir suas responsabilidades da vida e 
superar suas dificuldades. As pessoas precisam aprender que têm condições 
de resolver muitos problemas sozinhas, basta que passem a acreditar no 
potencial que têm. 
 
A vida é composta de problemas que precisam de auxílios para serem 
resolvidos e de situações difíceis que exigem uma ação particular por parte 
de quem está enfrentando a fase negativa. O conselheiro cristão pode 
empoderar seus aconselhados para que eles consigam caminhar sozinhos 
pelas estradas da vida. 
 
Os problemas e as coisas boas que existem na sociedade não são 
obras dos deuses. A vida em sociedade é o resultado da ação do ser humano 
que compõe essa sociedade. Isso significa que toda ação ou omissão faz do 
ser humano o sujeito da história e não um simples espectador. Por isso, o 
conselheiro não pode pensar apenas na fragilidade humana, mas em dar 
mais atenção à capacidade pré-existente nas pessoas. O conselheiro terá de 
promover a iniciativa das pessoas, acreditando que elas são capazes de 
resolver os problemas que afetam diretamente suas vidas. 
 
Quando Deus criou o homem, concedeu-lhe a capacidade de dominar 
e administrar. Isso implica em que a pessoa está dotada de meios para gerir 
sua vida e transformar o que for necessário para que tenha uma vida melhor. 
Essa capacidade administrativa é como uma chama que a pessoa carrega 
dentro de si. O cuidado pastoral orientado por esse modelo implica em dar 
vigor a essa chama, a essa energia que a história e as circunstâncias, às 
vezes, conseguem enfraquecer. 
 
Os processos de marginalização criam um forte sentimento de impotência, 
de franqueza, nas pessoas a tal ponto que elas se acomodam, não acreditam 
mais em si mesmas, não conseguem mais visualizar mudanças no presente e 
nem no futuro, pensam que a vida é assim mesmo e desistem de tudo. Mas “o 
cuidado pastoral orientado por este modelo „extrai e constrói‟, apartir das forças e 
recursos amortecidos de indivíduos e de comunidades, estratégias e métodos 
que minimizem ou eliminem o sentimento de impotência 
 
 
 
política e incapacidade pessoal” (4). Assim, haverá pessoas e igrejas 
queconstruam a democracia e a participação; construam um país em que 
seus cidadãos promovam uma vida digna para todos. 
 
Método terapêutico: a produção de cura interior. 
 
O curso da vida do ser humano o expõe as diversas perdas, a variados 
problemas e a muitas frustrações. O resultado é que muitos sentimentos 
negativos, em maior ou menor intensidade, ficam registrados no interior da 
pessoa. Esse arquivo mental contém registros negativos de problemas não 
resolvidos e isso acaba por colocar dificuldades, barreira na vivência diária. 
Isso acompanha o indivíduo e, com o tempo, produz uma desarmonia em 
muitas questões e desabam sobre as pessoas que estão à sua volta. Esse 
condicionamento mental negativo não permite que prossiga sua jornada 
diária, pelo contrario, cria diversos obstáculos psicológicos que acabam por 
refletirno comportamento (5). 
 
O cuidado pastoral orientado por este modelo tem como objetivo a 
produção de cura das doenças da alma a tal ponto que o indivíduo passe por 
mudanças e sua vida venha ter estabilidade, equilíbrio, alívio, descanso e paz 
em Deus. A psicoteologia, através de terapia, será utilizada com um meio de 
elaboração e mudança interna na vida daquele que foi criado à imagem e 
semelhança de Deus. Terapia é toda intervenção que visa tratar os problemas 
somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, suas causas e seus sintomas, com 
o fim de obter um restabelecimento da saúde ou do bem-estar (6). 
 
Método ministerial: a utilização das atividades da igreja. 
 
O método ministerial envolve o dia-a-dia da vida cristã através das 
diversas atividades da igreja. A metáfora bíblica que mostra essa questão é a do 
pastor de ovelhas, que é uma pessoa que cuida do rebanho de Deus. Na prática, 
ele lidera, alimenta, consola, corrige e protege. Estas responsabilidades 
pertencem a todos os membros da igreja (7). Uma escola de treinamento fará 
com que as potencialidades das ovelhas sejam exercitadas para auxiliar o líder a 
cuidar do rebanho nas programações da igreja. 
O culto é o momento de adoração ao Senhor e pode ser aproveitado para 
cuidar das pessoas. A oração pode ser ferramenta para Deus trabalhar no interior 
dos ouvintes, o louvor pode entoar cânticos que tenham letras que falem do amor 
e da ação de Deus em prol daqueles que o buscam, a pregação pode 
desenvolver temas na área de psicoteologia. O culto pode servir de porta de 
entrada para que as pessoas problemáticas procurem ajuda pastoral. 
 
A pregação é o momento do culto em que a Palavra de Deus é 
explicada para os ouvintes. Muitos possuem problemas e não sabem como 
resolver e, pior, têm vergonha de procurar o gabinete pastoral para melhor ser 
atendido. A explanação de temas relevantes da atualidade apontará 
propostas de soluções de problemas. O sermão é um eficiente recurso eficaz 
de aconselhamento e de cuidado pastoral. 
 
O serviço cristão é um meio de fazer com que a ovelha perceba sua 
importância dentro da comunidade cristã, resgate sua auto-estima, desenvolva 
um sentimento de utilidade, restabeleça o prazer de viver e de se relacionar com 
outras pessoas e aprenda a servir seu próximo. Há muitas atividades na igreja 
que podem ser delegadas para os membros executarem. O sentimento de 
utilidade fortalece a auto-estima, auto-aceitação e auto-imagem. 
 
 
 
A comunhão exige que um grupo de pessoas tenha sintonia de 
sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir. Eles se identificam com 
alguma coisa e têm algo em comum. No caso do Cristianismo, o ponto central 
de tudo é Jesus Cristo. Muitas atividades podem ser criadas para 
proporcionar momentos de confraternização cristã, principalmente, com 
aqueles que estão chegando agora para o meio da comunidade cristã (8). 
Muitas estão com problemas de relacionamento e não sabem o que fazer. A 
aceitação pela igreja cria o sentimento de acolhimento, a idéia de que ela 
pertence a um grupo, de que está sendo recebida da forma como é. 
 
A administração local é liderada pelo pastor, mas muitas funções de 
apoio podem ser delegadas aos crentes que possuem formação naquela 
área. Por conhecerem melhor certas questões, trarão melhores resultados. 
Administrar é um conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim 
ordenar a estrutura eclesiástica e o funcionamento da igreja. A definição das 
atividades semanais, dos horários em que elas acontecerão e a pré-fixação 
de todos os detalhes necessários para o bom funcionamento evitarão muitos 
problemas e muitas frustrações. 
 
Método de interação pessoal: a bênção da comunhão cristã. 
 
A sociedade atual conseguiu desenvolver uma comunicação superficial 
em que se fala muito e, às vezes, animadamente, mas sem interação 
pessoal, sem revelar quem realmente é o falante e quem é o ouvinte. Os 
relacionamentos atuais são úteis para a manutenção dos vínculos de 
amizades dentro de um grupo ou comunidade, mas pouco revelam da 
personalidade, do caráter, do jeito de ser dos indivíduos, porque eles se 
escondem nas mais diversas formas, não querem se expor. 
 
O cuidado pastoral orientado por este modelo desenvolve a 
“interaçãopessoal, em que as habilidades relacionais são utilizadas para 
facilitar o processo de exploração pessoal, esclarecimento e mudança em 
relação a comportamentos, sentimentos ou pensamentos indesejados. Aqui 
se focaliza mais o indivíduo. Valoriza-se a autocompreensão em termos de 
interpretação da causa das dificuldades, na perspectiva de escolas 
psicoterápicas especificas” (9). A pessoa não fica sozinha, isolada, mas 
descobre que seuenvolvimento com a comunidade cristã pode lhe 
proporcionar momentos agradáveis em que seus traumas interiores sejam 
solucionados através do relacionamento, da comunhão e confraternização 
cristã. 
 
O fundamento da interação pessoal é a demonstração positiva da 
percepção da presença do outro. Para que exista interação pessoal efetiva é 
necessário que as pessoas se reconheçam enquanto sujeitos na relação 
comunicativa. Cada indivíduo possui suas características pessoais que 
devem ser respeitadas e aceitas pelo outro. As outras questões devem ser 
adaptadas. Uma pessoa que deixa o estilo de vida não-cristão adotado pela 
sociedade, inicialmente terá algumas dificuldades com o mundo evangélico e 
a igreja poderá ajudá-la nessa fase inicial através dos eventos internos que 
exijam o envolvimento pessoal. 
 
O conselheiro pode conscientizar as pessoas que um relacionamento 
só acontece e se desenvolve quando duas ou mais pessoas, cada uma com 
sua existência própria e necessidades pessoais, contatam uma a outra 
reconhecendo, respeitando e permitindo as diferenças entre elas. Nas 
confraternizações ou em qualquer outro momento de interação pessoal, cada 
 
 
 
 
 
um é responsável por si, por sua parte do diálogo, por sua parte no 
relacionamento. Isso significa que cada um é responsável por se permitir ser 
influenciado pelo outro, ou se permitir influenciar. Se ambos permitem, o 
encontro pode ser como uma dança, com um ritmo de contato e afastamento. 
Então, é possível haver o conectar e o separar, em vez de isolamento (perda 
de contato) ou confluência (fusão ou perda da distinção). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como deve ser feito? 
 
Muitos cristãos são conselheiros de corredor, isto é, aproveitam 
ocasiões informais para ouvir pessoas e interagir com elas, em busca de 
ajuda para questões da vida. Quando alguém é Luz e Sal não tem como 
evitar o ser abordado por quem gostaria de saber qual a razão da Esperança 
que transparece em seu estilo de vida. A professora que leciona para 
crianças, mesmo que não queira, vai precisar ouvir às mães. Ainda que o 
líder do grupo de jovens se diga administrador e não conselheiro, será 
buscado por jovens em conflito. A atividade conselheira ocasional e 
espontânea não demanda tanta organização. Antes, requer prontidão para 
atender, disponibilidade para ouvir e presença de espírito, encaminhando 
para uma continuidade no aconselhamento. Mas, tão logo o aconselhando 
entrar num processo de aconselhamento, torna-se necessário que ele seja 
organizado para ser melhor sucedido. 
 
Enfocando o Aconselhamento Pastoral mais formal e tradicional, isto é, 
com hora marcada, contrato definido, plano de ação com metas e prazos, 
local e forma de trabalhar especificados. A abordagem mais formal traz 
algumas vantagens de segurança e previsibilidade. Mas, o conselheiro 
pastoral, o professor e a professora, o líder comunitário sabem que a grande 
maioria das conversas conselheiras se desencadeiam mediante a dor e o 
sofrimento. E estes não têm local, nem hora, nem costumam avisar quando 
aparecem. Portanto, ainda que na reflexão a seguirse trata de aspectos 
práticos do aconselhamento de maneira mais formal, é preciso enfatizar que 
não se percam as “oportunidades de ouro”. 
 
Outra razão para organizar a atividade do aconselhamento se dá 
quando o número de atendimentos aumenta. O líder que se tornar conhecido 
como conselheiro logo verá sua agenda abarrotada de compromissos e 
correrá o perigo de descuidar de si mesmo e de sua própria família. Quando 
as pessoas procuram um amigo ou não-profissional para tratar de seus 
problemas, elas facilmente se esquecem do tempo, com freqüência abusando 
da boa vontade. Não há maldade! Simplesmente a pessoa que sofre está tão 
ocupada com a sua dor que não consegue empatizar com a pessoa que a 
ouve. Se o conselheiro não delimitar o tempo e o espaço que concede, 
poderá sentir-se desrespeitado. Assim, sem perceber, o próprio conselheiro 
desencadeará raiva, e sem querer, se tornará agressivo. Portanto, para evitar 
reações inconscientes, tanto do conselheiro quanto do aconselhando, convém 
organizar a atividade. 
 
Mesmo que o Aconselhamento Pastoral seja executado por “leigos”, é 
mais valorizado quando realizado mediante alguns critérios. Quando o 
conselheiro organiza as suas atividades com hora marcada, local 
especificado, fichas de notas, etc., ele dá um tom de seriedade e 
profissionalidade ao seu ministério. 
Vejamos a seguir alguns aspectos práticos que requerem ser 
organizados para uma ação pastoral mais profícua através do ministério do 
aconselhamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. MARCAÇÃO DA ENTREVISTA 
 
Quando as pessoas sabem que o pastor ou algum líder delegam tempo 
para aconselhar, se sentem mais à vontade para buscar o referido ministério. 
Quem sabe, até haja uma recepcionista para marcar e organizar o horário de 
atendimento. Mas, essa não é a realidade da grande maioria das 
comunidades eclesiais no Brasil. 
 
A maioria das pessoas iniciam uma conversa à porta do templo, ao 
terminar do culto ou num encontro ocasional na casa de um dos membros da 
igreja. O telefone serve muitas vezes como possibilidade de iniciar um 
aconselhamento ou mesmo um e-mail. O aconselhamento pode ter o seu 
início no intervalo da aula na faculdade, no horário do almoço no emprego ou 
ao encontrar o vizinho no supermercado. 
 
Quando alguém diz: “Preciso falar algumas palavras contigo”, isso 
certamente pode significar duas ou três horas. Portanto, o conselheiro atento 
vai imediatamente e amavelmente direcionar a conversa para a questão do 
tempo: “Quanto tempo você acha que vai precisar?” Ainda que a pessoa diga 
dez minutos e depois gaste vinte, isso desgasta menos do que não ter tratado 
do tempo e assim a conversa se estende por uma hora ou mais. 
 
Nessas ocasiões - “oportunidades de ouro” – convém dar toda a atenção 
 
à pessoa. Ela provavelmente realizará uma reação emocional expressiva 
(catarse), falando alto, gesticulando e/ou chorando. Isso não tem como ser 
evitado. Mas, talvez se possa mover a pessoa para um lugar mais reservado para 
que depois não se sinta constrangida pela maneira que reagiu em público. A 
seguir é importante ajudar a pessoa a definir o que ela precisa neste primeiro 
momento. Atenção! Não queira resolver todos os problemas agora, exceto que 
haja um comportamento de risco (suicídio, decisão com graves conseqüências, 
etc.). A pessoa de improviso não tem tanto tempo, o conselheiro também foi pego 
de surpresa. Tão logo a pessoa tenha expresso seus sentimentos mais fortes e 
definido o que ela de fato precisa, pode-se encaminhar o processo de 
aconselhamento mais formal através da marcação de um horário. Marcar a 
entrevista evita abusos, a falta de limites e a invasão de privacidade. 
A marcação da entrevista requer delimitação de alguns aspectos 
específicos: horário (início e fim), local, objetivo e a troca dos números de 
telefone para avisar quaisquer imprevistos. É importante que a duração da 
entrevista fique logo especificada, por algumas razões: Se o aconselhando 
sabe quanto tempo tem, se organiza com mais eficácia para tratar de tudo 
que é preciso; o conselheiro fica mais tranqüilo e pode prestar mais atenção; 
o aconselhando não se sentirá rejeitado quando o conselheiro avisa que o 
tempo acabou. 
 
Uma prática muito útil é a pré-entrevista, isto é, a conversa ao telefone 
para marcar a consulta. Nesta ocasião o conselheiro poderá deixar que o 
aconselhando lhe conte em algumas palavras o que está acontecendo, 
fazendo algumas perguntas. Quais são os problemas que ele gostaria de 
tratar? O que espera da entrevista? Esses e outros detalhes podem facilitar o 
preparo do conselheiro. Assim ele poderá orar, ler e organizar algumas coisas 
que podem ser úteis na conversação pastoral. 
 
Embora seja óbvio, convém avisar que em situações de crise essas 
formalidades não têm serventia. Em crise o conselheiro precisa estar presente, 
acolhedor, ativo, orientador e interventor. Durante a crise, se o próprio 
 
 
 
 
 
conselheiro não tem condições de acompanhar intensamente a pessoa, ele 
deverá estabelecer algum contato com familiares ou amigos, orientando-os, 
para que alguém dê assistência enquanto necessário. Alguns exemplos: 
ameaça de suicídio; surto psicótico; o cônjuge saiu de casa para separação 
matrimonial; acidente de carro com familiares em estado crítico; morte de 
familiares; tragédias naturais; etc. Em situações similares o bom senso deve 
evitar todas as formalidades. 
 
2. LOCAL DA ENTREVISTA 
 
Os lugares são associados a efeitos sobre o ser humano. Num templo 
as pessoas se tornam meditativas, à beira-mar relaxam, numa rodovia ficam 
tensas e no hospital angustiadas. O lugar em si não causa tais efeitos, antes, 
o que culturalmente se aprendeu sobre esses lugares. Quando o 
aconselhando visita seu conselheiro na sala-de-visita deste, ele sente que 
está entrando na privacidade domiciliar. Isso pode inibir. Se o encontro 
suceder no gabinete pastoral, há mais probabilidade de que ambos se sintam 
mais confortáveis, pois, esse é normalmente o lugar onde se trata de 
questões pessoais, onde se ora, onde se busca a vontade de Deus, onde se 
aconselha. Ao marcar uma entrevista de aconselhamento convém considerar 
a influência psicológica do lugar. 
 
Se o local das conversas puder ser constante, evita-se a necessidade 
de constantes novas adaptações. Em lugares novos as pessoas não se 
sentem imediatamente seguras, pois, não existe previsibilidade quanto ao o 
que acontece ali. Na medida que algumas entrevistas foram bem sucedidas, o 
aconselhando deixa de concentrar-se no ambiente e pode concentrar-se 
melhor em si e no seu tratamento. 
 
Como aconselhamento requer concentração é preciso evitar 
interrupções pelo telefone, pessoas que batam à porta ou que transitam pela 
sala. Um quadro na porta pode avisar a que horas o atendimento termina. O 
telefone deve ser desligado. 
 
Ainda assim, o local deve ser público, no sentido de que todos 
saibam que ali é lugar de aconselhamento. Em algumas ocasiões encontros 
de aconselhamento em restaurantes ou lanchonetes podem ser necessários. 
Mas, essa prática pode levantar suspeitas, especialmente quando conselheiro 
e aconselhando são de sexo oposto. Para evitar calúnias, muitos pastores 
atendem pessoas do sexo oposto apenas junto com o cônjuge. Outros 
atendem em seus gabinetes, assistidos na recepção por uma secretária. 
Ainda outra precaução é a porta com janela, onde qualquer pessoa pode ver 
o que acontece no interior do gabinete, mas, sem ouvir o que se fala. Se o 
vidro da janela for de espelho unidirecional, o próprio aconselhando se sentirá 
ainda mais à vontade. 
 
A luz gera estímulos emocionais interessantes, assim pode facilitar 
ou comprometer a ação conselheira. Luz indireta relaxa, luz branca excita, luz 
refletida diretamente dentro dos olhos irrita, penumbra pode gerar sonolência. 
Em geral os ambientes com luz do dia são indicados. Quando a luz de uma 
janela ofusca, recomenda-se mudar a posição da cadeira paradescansar. 
 
Aconselhamento Pastoral é encontro verdadeiro. Para tanto, o 
conselheiro evita sentar atrás de uma mesa. Mesas de escritório geram 
distância, comunicam superioridade ou frieza. Bem, em algumas situações de 
 
 
 
 
 
aconselhamento isso pode até ser útil. Por exemplo, quando se desenvolveu 
uma transferência sentimental (paixão). Mas, normalmente o conselheiro 
disporá a mobília de forma que não haja obstáculos entre as pessoas. Uma 
postura das cadeiras/dos sofás em 90 graus facilita o olhar um para o outro, 
tanto quanto o desviar o olhar quando necessário. Importante é evitar os 
constrangimentos. 
 
Lenços de papel, água potável e um lavatório próximo se tornam 
necessários num ambiente de aconselhamento. Algumas pessoas precisam 
de papel e caneta para se expressar, desenhando esquemas ou rabiscando 
imagens que lhes aparecem enquanto falam. Em geral um ambiente para 
falar sobre problemas, sobre a vida espiritual e sobre questões existenciais 
tem livros. Eles podem inspirar idéias, sugestões, soluções, podem até servir 
como tarefas terapêuticas. Livros se tornam interlocutores enquanto não há 
gente com quem se possa conversar. 
 
3. DURAÇÃO DA ENTREVISTA 
 
Em geral os primeiros dez minutos de uma consulta pastoral 
resumem tudo que há de ser tratado daí em diante, dure a entrevista meia 
hora ou três horas. Portanto, não é a extensão da entrevista que define o 
sucesso ou o crescimento da pessoa. 
Um outro fator que requer ser considerado para determinar a duração 
da entrevista é a especialização do conselheiro. Se este tiver sido treinado, se 
o assunto tratado é de sua especialidade, então poderá desencadear mais 
reflexões e elaborações e gastar mais tempo. Mas, conselheiros leigos em 
geral não sabem exatamente como facilitar a abordagem de novos assuntos, 
novas maneiras de análise, sem forçar a conversação pastoral diretivamente. 
E neste caso, a conversa segue o fio de meada do conselheiro, e não do 
aconselhando. 
 
Para iniciantes em Aconselhamento Pastoral se recomenda 3 
sessões de 40 a 50 minutos cada. Se o aconselhando não demonstrar algum 
crescimento ou mudança objetiva, então se torna necessário o 
encaminhamento. Se houver crescimento, o atendimento pode se estender de 
6 a 10 sessões. Além dessa quantia de atendimentos o aconselhamento em 
geral passa a girar em círculo, por falta de treinamento. 
 
Em síntese, não é a duração da entrevista que garante mudanças 
e/ou crescimento. Estas antes são definidas por habilidades do conselheiro, 
maturidade pessoal, empatia e criatividade diante das circunstâncias da vida. 
 
No entanto, deve-se considerar também os objetivos do processo 
aconselhativo. Se houver a necessidade de uma revisão de vida, ou do que 
alguns conselheiros chamam de “batalha espiritual”, é evidente que o tempo 
requerido vai aumentar. Mas, note bem, é preciso estar especializado para 
trabalhar com revisão de vida ou “batalha espiritual”. E as técnicas citadas são 
explicitamente diferentes do que aqui se chama de Aconselhamento Pastoral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. DURAÇÃO DO ACONSELHAMENTO COMO UM PROCESSO 
 
TODO 
 
No tópico anterior ficou evidente que a questão do tempo no 
aconselhamento não pode ser enquadrado em algumas regrinhas simples. 
Embora se possa considerar algumas dicas de procedimento geral, o conselheiro 
deve estar atento aos detalhes de sua própria formação e capacitação, do 
assunto que o aconselhando traz, das expectativas e objetivos que apresenta, da 
cooperação no tratamento, da situação crítica, do vínculo que foi possível 
estabelecer, do andamento do processo e muitos outros. 
 
Esclarecidas essas variáveis, se pode considerar que a orientação 
vocacional normalmente dura 2 a 5 sessões e a intervenção em crises pode 
requerer 6 semanas adaptando o número de sessões às circunstâncias 
específicas. Se o processo de aconselhamento trata de problemas relacionais 
(família, matrimônio, filhos rebeldes, etc.) deve-se considerar as 
recomendações dos especialistas em terapia breve, que recomendam de 6 a 
10 sessões em mais ou menos 3 meses. Se não houver alcance dos 
objetivos, o encaminhamento certamente se fará necessário. 
 
Quadros de transtornos crônicos, como depressão ou ansiedade, 
podem demandar acompanhamento a longo prazo, de meses e/ou anos. 
Considere-se, no entanto, que tal acompanhamento pode ser extremamente 
extenuante e deveria ser feito por especialistas. Sem um preparo aprimorado 
o conselheiro corre o risco de prejudicar o aconselhando e gerar problemas 
para si mesmo. 
 
Existe uma diferença evidente entre aconselhamento e discipulado, 
mentoreamento, supervisão e couching. Mas, o aconselhamento não deixa de 
fazer parte de tais processos de estimulação do crescimento. E estas formas 
e modelos de ajuda em geral são realizados a longo prazo. Mas, perceba-se 
mais uma vez: Sem um preparo específico mesmo o discipulado se torna 
vazio de sentido, evidencia imediatamente a falta de profundidade e com isso 
compromete a sua continuidade. Assim é com todas as outras formas e 
modelos de ajuda às pessoas. 
 
A interrupção de um acompanhamento pastoral facilmente pode ser 
visto pelo aconselhando como uma rejeição ou com descaso. Para evitar tal 
interpretação é útil que o conselheiro estabeleça logo de início no contrato 
verbal a quantia provisória de atendimentos. Saber que não se tem “todo o 
tempo do mundo” mobiliza e acelera a busca de soluções e crescimento. 
 
Todo conselheiro deve estar muito atento à satisfação, ao prazer que 
o processo do aconselhamento gera, tanto para o aconselhando quanto para 
o conselheiro. Sendo prazeroso, o tempo do processo pode se estender mais 
do que necessário. Além disso, freqüentemente está associado a uma 
transferência sentimental. Prolongar processos de aconselhamento sem 
objetivos especificamente buscados pode facilitar um envolvimento passional. 
 
Um simples paradigma quer facilitar o manejo do tempo no processo 
do aconselhamento: 
- Quanto maior a crise; mais encontros por semana necessita o 
aconselhando; menor pode ser a duração da sessão. 
- Quanto menor a crise; menos encontros por semana são 
necessários; maior pode ser a duração de cada sessão. 
 
 
 
 
 
 
Talvez a grande dificuldade quanto à duração do aconselhamento 
enquanto processo seja a dependência emocional. Pessoas carentes, inseguras 
e deprimidas, com problemas sexuais podem pressionar para que o processo 
continue, sem que haja necessidade, ou até, desenvolvendo (inconscientemente) 
mais problemas e sofrimentos. São poucos os conselheiros que conseguem 
conduzir um processo de dependência de maneira a não manifestar raiva e 
agressividade ou a não se submeter à dependência, mantendo-a. “Amor e 
Firmeza” é o paradigma, amor de Deus e a firme convicção de que é Deus quem 
salva e cura, não o conselheiro. Deus está presente sempre, o conselheiro não. E 
o aconselhando precisa aprender a depender de Deus, a depositar sua vida 
completamente nas mãos de seu Criador. Se o conselheiro mantém uma 
dependência, ele se torna co-responsável por não desenvolver uma experiência 
de fé e confiança em Deus. 
 
5. AS ANOTAÇÕES 
 
Em charges humorísticas todo analista senta de pernas cruzadas e faz 
anotações em seu caderninho, enquanto o paciente fala sem parar (monólogo). 
Conselheiros leigos e/ou pastorais normalmente confiam em suas memórias para 
o registro das informações recebidas. Nas últimas décadas pesquisas 
neuropsicológicas identificam que a memória absoluta não existe. O que o ser 
humano faz é recontar a sua história, a partir de algumas imagens e conceitos 
retidos na memória. Assim sendo, é preciso suspeitar que a recontagem é 
colorida pelas emoções momentâneas, por experiências e descobertas novas, 
por fatos e dados da atualidade. O que se diz ser uma lembrança é a composição 
de alguns dados da memória com a interpretação desses dados a partir de 
vivências e aprendizagens atuais.Portanto, a história contada pode tornar-se 
sempre mais dramática e sofrida, se o presente for sofrido; pode também se 
tornar menos dramática, se a vida estiver tomando um rumo de tranqüilidade e 
crescimento. Em essência, esses dados a respeito da memória que é colorida 
seletivamente por informações úteis ou inúteis, não é totalmente nova. Há 
milênios o profeta Jeremias já disse: “Quero trazer à memória o que me pode dar 
esperança”. Mas, e o que fazer com os fatos trágicos da vida? É possível vê-los 
sob nova ótica: de fé, de esperança e de amor. 
 
Essas considerações querem nos levar à importância das anotações 
no aconselhamento, mesmo por conselheiros pastorais e/ou leigos. Os dados 
que a memória registra na presença de uma pessoa que sofre, que foi tratada 
com injustiça, que está agressiva ou até desrespeitosa são impregnados por 
respectivos sentimentos. Se alguém quer ajudar a mudar tais atitudes, é 
preciso poder pensar e orar sobre o que ouviu sem estar sob influência 
daqueles sentimentos. Se houver algumas anotações, o conselheiro poderá 
refletir mais tarde com menos envolvimento emocional sobre tudo que ouviu, 
e assim, adotar uma postura nova. Sem anotações, sem posterior reflexão e 
oração, sem apresentação da história do aconselhando a Deus, mesmo o 
mais hábil dos conselheiros terá dificuldades em gerar soluções criativas 
enquanto depender apenas daquilo que foi registrado em sua memória. 
 
Aconselhamento pressupõe que o conselheiro pesquise em livros a 
respeito dos assuntos tratados, que leve o caso ao seu supervisor, que ore a 
Deus. Mas, o que vai pesquisar se depender apenas de sua memória? Aquilo 
que seletivamente registrou. E a chave de resolução pode estar justamente 
 
 
 
 
num pequeno detalhe, que normalmente não chama atenção, que portanto, a 
memória não registra. As anotações durante a conversação pastoral podem 
parecer indefinidas, não importantes, a esmo. Mas, quando se trabalhar sobre 
as anotações, surgem aspectos fundamentais justamente pelas anotações de 
margem e rodapé. 
 
Normalmente o próprio aconselhando se sente levado a sério quando 
observa que são feitas anotações. Nas situações em que o aconselhando der 
sinais de insegurança, o conselheiro precisa falar a respeito das anotações. 
Dirá qual a finalidade das mesmas, quais providências toma para dar um 
caráter de reserva e sigilo ao material, qual o destino final, etc. Por fim, pode 
perguntar ao aconselhando se prefere que não se registre a conversa. Caso 
afirmativo, o conselheiro anota logo após a sessão do que lembra ou então, 
sob responsabilidade do aconselhando, trabalha apenas mediante o registro 
da memória. 
 
Mas, o que se deve registrar? Aparecem tantas informações! Quais 
são de fato importantes e úteis para o aconselhamento? Depende do foco 
teórico do conselheiro. Ninguém consegue observar e pensar o ser humano 
em todas as suas interfaces, ele foi criado de “modo assombrosamente 
maravilhoso”. Por isso, cada conselheiro escolherá a sua interface a partir da 
qual observa o seu interlocutor e conseqüentemente registra tais dados. 
 
O que quer dizer foco teórico? 
 
É a perspectiva a partir da qual se analisa o ser humano e a sua 
conduta. Por exemplo: O conselheiro pode ter o foco bíblico, isto é, tudo que 
ouve passa pelo crivo do que ele sabe que a Bíblia diz. Se a pessoa está 
ansiosa, o conselheiro de foco bíblico lembra o que está escrito sobre 
ansiedade, quais as causas, como lidar e vencer, etc. As intervenções 
também são construídas a partir desse foco. Se o conselheiro tiver um foco 
sistêmico, ele atenta para os relacionamentos da pessoa: de quem está 
próximo, quem está distante, com quem faz alianças, tem conflitos, desvia 
conflitos, com quem faz triângulos, a quem deve lealdades, etc. 
Conseqüentemente, as anotações se concentrarão nesses assuntos. 
Na psicologia se fala de escolas teóricas, por exemplo, a psicanálise, 
a analítica, a comportamental, a gestáltica, a centrada na pessoa, a cognitivo-
comportamental, etc. Se especialistas em comportamento humano precisam 
selecionar o que vão observar e anotar, o conselheiro leigo/pastoral também 
pode sentir-se à vontade para trabalhar a partir de um só foco teórico. Na 
medida que desenvolve suas habilidades ministeriais, ele poderá sobrepor 
alguns focos teóricos. Para o conselheiro cristão o foco teórico principal é o 
bíblico, mas, devemos nos esforçar para desenvolver um foco complementar 
que é o foco de consideração das emoções. Ao conselheiro que continua 
investindo em seu aprimoramento, sugere-se o terceiro foco teórico que é a 
visão sistêmica do ser humano. 
 
Lawrence Crabb Jr. arrisca uma sugestão bem prática quando sugere 
que o conselheiro cristão desenvolva leituras na proporção de 50% por 50%. 
A metade das leituras devem ocupar-se com a Bíblia e a outra metade com 
livros específicos na área de Aconselhamento Pastoral. 
O material para anotações pode ser variado: pranchetas com papel 
A4; notebook sobre o colo, fichas de resumo (médias ou pequenas). Porém, o 
 
 
 
 
conselheiro não pode esquecer de “ouvir com os olhos”, pois, a expressão 
facial transmite mais informações e de valor íntimo do que o discurso verbal. 
Para tanto é preciso olhar para o aconselhando. 
 
6. O INÍCIO DA ENTREVISTA 
 
Para conselheiros iniciantes o início da entrevista normalmente gera 
algum desconforto. Como será? O que o aconselhando vai trazer hoje? Como 
posso ajudar para que ele se sinta à vontade? O que devo fazer para evitar 
que ele entre por uma trilha de assuntos que não leva ao crescimento? Quem 
fala primeiro? 
 
Como latinos, somos bons anfitriões. Nos preocupamos em receber 
bem e que o nosso convidado se sinta à vontade. No aconselhamento, no 
entanto, esse não é o objetivo. Em muitas ocasiões até se torna necessário 
que o aconselhando passe por alguma tensão para aprender a lidar com as 
suas emoções. Se não o fizer num gabinete pastoral seguro, onde vai arriscar 
uma vivência nova? 
 
É importante que a recepção seja calorosa (mais na expressão facial, 
do que em muitas palavras), que se conduza o aconselhando até o ambiente 
de trabalho. Mas, logo a seguir convém direcionar a responsabilidade pelo 
trilho de assuntos para o aconselhando. Com objetividade e tranqüilidade o 
conselheiro pode dizer: “Então, o que devemos tratar hoje?”, “O que te traz 
aquí?” ou “Conforme você me disse por telefone, teríamos que conversar 
sobre o teu matrimônio! Quer começar, por favor?” Essa abordagem mais 
direta aos assuntos orienta ao aconselhando de que ele é co-responsável 
pelo processo, que ele está livre para se apresentar, que tudo que ele traz é 
importante. O próprio aconselhando também deve estar muito ansioso por 
tratar logo do assunto que o aflige. Portanto, ele ficará bem se puder começar 
imediatamente. Além disso, uma abordagem direta evita perda de tempo. 
Mas, em se tratando da primeira consulta! Parece lógico que se ajude 
ao aconselhando a relaxar, a se sentir bem, para que possa trazer sua dor 
com objetividade! Correto! Para tanto não é necessário falar da família, do 
tempo, do hobby e do time de futebol. Essa acomodação terapêutica é 
favorecida mediante a técnica empático-reflexiva. Ao refletir os sentimentos, 
validando-os e aceitando a pessoa, se facilita o encontro e a vinculação de 
aconselhamento. Ao demonstrar que o conselheiro percebe o que o 
aconselhando sente, este desenvolve segurança e certeza de aceitação. 
 
Ainda assim, deve-se levar em conta a cultura do aconselhando. O 
sulista de origem européia certamente prefere mais diretividade e 
objetividade. O nordestino provavelmente vai precisar de alguma socialização 
para abordar a questão central que o mobiliza ao aconselhamento. 
 
7. A CONCLUSÃO DA ENTREVISTA 
 
Tal qual o início de uma entrevista, para iniciantes a conclusão pode 
ser um problema. Uma hora proveitosa e construtiva de diálogo pode ser 
quebrada através uma ação ou palavra infeliz no final. Comoconduzir, então, 
a conclusão da entrevista? 
Inicialmente o conselheiro assume a responsabilidade pela observação 
do tempo. Ele o faz, definindo já na marcação da entrevista a duração, começo 
 
 
 
 
e fim, da mesma. A seguir tentará observar a entrevista segundo alguns 
passos: apresentação do tema, exploração do tema, busca de soluções, 
sugestão de alguma ação (conselho) e tarefa. 
Cada etapa será notificada pelo conselheiro. Por exemplo, a etapa da 
exploração: “Você deveria contar um pouco mais sobre a comunicação de 
vocês”; a etapa da busca de soluções: “O que você pensou em fazer a respeito?”; 
a etapa da sugestão de ação: “Qual seria o mínimo sinal de melhora para você? 
O que deveria acontecer para que você voltasse a ter esperança?” Quando o 
tempo chegar ao fim, o conselheiro poderá sugerir: “Bem, depois dessa 
caminhada, acho que devemos pensar em alguma ação ou tarefa, antes de nos 
despedirmos!” Assim, o aconselhando percebe que está inserido na dimensão do 
tempo e que precisa orientar-se segundo o combinado. 
 
Em consultas subseqüentes o conselheiro vai deixar que o 
aconselhando cuide do tempo, para observar se ele consegue se orientar 
dentro de seus limites. A partir da segunda sessão, delegará subjetivamente 
(não precisa dizer isso) responsabilidade ao aconselhando, especialmente se 
a questão tempo tiver sido especificada anteriormente. 
 
A reação do aconselhando pode dar indicativos de sua capacidade 
de iniciativa, de maturidade, do controle das emoções, da tendência à 
dependência emocional, do perfeccionismo e muitos outros aspectos da 
personalidade do mesmo. 
 
Assim, a finalização de uma entrevista pode ser conduzida através de 
resumos, conclusões, planos e tarefas. Procedendo assim, a conclusão da 
entrevista não será abruptamente cortada, nem percebida como descaso ou 
rejeição. 
 
8. AS TAREFAS 
 
Como partimos do pressuposto de que o ser humano é uma 
complexidade espiritual, emocional (psicológica), biológica e social, o 
Aconselhamento Pastoral deve levar em conta todas essas dimensões. Portanto, 
por mais importante que seja levar a pessoa a orar e buscar crescimento em 
Deus através da sua Palavra, o conselheiro que busca ver o ser humano como 
um todo incluirá outras perspectivas na sua ação ministerial. A psicologia social 
comprovou extensivamente que não é somente o que pensamos que nos faz agir 
como agimos, mas, o que fazemos também nos faz pensar como pensamos. 
Tiago deixou isso claro quando afirma que a ação é a comprovação de nossa fé. 
Tendo a ação tal importância no tratamento da conduta humana, torna-se 
inconcebível fazer aconselhamento sem tarefas. 
 
Ao planejar a tarefa em conjunto com o aconselhando, o conselheiro 
mantém alguns objetivos em vista: conectar o aconselhamento com a vida 
prática e diária; exercitar o que se pretende para crescer e alcançar 
resultados objetivos; avaliar o comprometimento do aconselhando; objetivar e 
deixar mais concreto o assunto tratado; fortalecer a auto-estima através da 
ação bem sucedida; delegar responsabilidade ao aconselhando; observar as 
reações do aconselhando, e outros. 
 
Mas, que tarefas se deve desenvolver? Quais os tipos de tarefas úteis 
em cada situação? As tarefas devem ser construídas a partir dos assuntos que 
foram tratados durante a sessão; elas devem ser simples e práticas; é importante 
que o aconselhando demonstre interesse ao planejar uma tarefa; é 
 
 
 
importante que o aconselhando se disponha a cumprir a tarefa, comprometendo-
se; depois de acordada a tarefa, será útil que o aconselhando diga o que ele 
deverá executar como tarefa e que descreva o como. 
 
A idéia de que tarefas grandiosas são mais terapêuticas é falsa. Pelo 
contrário, tarefas complexas podem levar a frustrações, o que inibe a 
evolução satisfatória do processo. Pequeno também é grande, um passo 
pequeno também leva para frente, enquanto um pulo grande pode terminar 
numa queda. Portanto, se escolhe tarefas que ofereçam mais probabilidade 
de darem certo, de poderem ser desenvolvidas com êxito. 
 
Para o aconselhando será fundamental que a tarefa seja objetiva, 
concreta, descritível em atos e passos verificáveis. Tarefas de reflexão, de 
desenvolvimento de sentimentos e sensações são subjetivas, dificilmente podem 
ser verificadas e avaliadas porque cada pessoa as vivencia de maneira 
diferenciada. Assim, as tarefas devem ser mensuráveis para poderem ser 
claramente avaliadas. Tarefas mensuráveis ajudam a evitar conflitos gerados por 
expectativas diferenciadas. Por exemplo, o marido que decide beijar a sua 
esposa durante a semana, o fez três vezes, pode desencadear uma frustração da 
esposa porque ela esperou três beijos por dia, todos os dias da semana. 
 
Quantificar os beijos é deixar a tarefa mensurável. A objetividade das 
tarefas facilita a comunicação das pessoas envolvidas e a percepção do 
crescimento. 
 
Por fim, não é possível não realizar uma tarefa: mesmo a não 
realização é uma resposta à tarefa e tem algum significado útil. Pensando 
assim, o próprio conselheiro se protege de frustração e dá uma conotação 
positiva às tarefas. Por exemplo, se o marido não beijou sua esposa conforme 
combinado, o conselheiro poderá dizer: “Ora, você deve ter feito um esforço 
grande para não beija-la, sendo que tinha tomado esse propósito. Vocês 
devem ter aprendido algumas coisas sobre o que facilita ou dificulta o carinho 
entre o casal. O que seria?” A interpretação da tarefa não realizada pode 
fornecer excelentes descobertas a respeito do funcionamento do casal. 
 
9. O COMPROMETIMENTO PARA O RETORNO 
 
Mesmo entre muitos pastores brasileiros ainda não existe o hábito e a 
cultura de fazer do Aconselhamento Pastoral um processo de começo, meio e 
fim. Com muita freqüência o aconselhamento é constituído apenas por uma 
só conversa, alguns conselhos e oração. Não se faz, nem se sabe fazer o 
acompanhamento durante algumas sessões seguidas. Assim sendo, os 
próprios membros deixam de solicitar um processo de aconselhamento ou 
resistem em querer uma continuidade, ainda que o conselheiro a proponha 
como processo. 
 
Para que o Aconselhamento Pastoral possa transformar-se em ação 
restauradora é preciso que o próprio conselheiro esteja disposto e preparado 
para tanto. Além disso, o sucesso da primeira sessão facilita um 
comprometimento de retorno. Se a vivência não foi boa, haverá resistência 
explícita ou implícita na ausência do próximo horário marcado. 
 
Nem todas as pessoas que buscam ajuda se dispõe a mudar. Elas 
gostariam de que o mundo ao redor delas mudasse. Se a primeira sessão foi 
contra as expectativas básicas do aconselhando, se a atividade conselheira 
lhe impõe um ônus que ele não queria, se implica em confrontos e mudanças, 
 
 
 
 
 
então um retorno para um processo de aconselhamento não será desejado e 
pode desencadear a fuga. 
 
O que o conselheiro pode fazer para facilitar o compromisso de 
retorno? Definir junto com o aconselhando os objetivos do aconselhamento 
atendendo atenciosamente para os itens que este gostaria de resolver; 
especificar alguma metodologia inicial de trabalho; projetar uma duração 
inicial de apenas 5 sessões para o processo todo; apresentar uma proposta 
clara de trabalho, resumindo objetivos, métodos, procedimentos, critérios de 
avaliação e prazo de conclusão; avaliar a disponibilidade do aconselhando; 
obter seu comprometimento verbal, quem sabe, até escrever algumas linhas 
de um contrato; marcar já a próxima consulta e avisar que esta será 
confirmada no dia anterior por telefone; combinar que o aconselhando 
desmarcará a entrevista se acontecer algum imprevisto. Em geral esse 
procedimento garante que a pessoa retorne ou que decida sem maiores 
rodeios que não quer um processo de aconselhamento. 
 
10. O CONTRATO DO ACONSELHAMENTO PASTORAL 
 
A idéia do contrato soa muito profissional. E de fato pode transmitir 
um sentimento de estranheza para o aconselhando,especialmente advindo 
de um líder comunitário ou leigo. Mas, o contrato de aconselhamento pastoral 
não necessita ser formal. É importante que o conselheiro especifique alguns 
itens que organizem o trabalho e perguntar se o aconselhando concorda que 
por hora se proceda tal qual. 
 
Alguns itens úteis a serem abordados: a intenção de sigilo por parte 
do conselheiro; o aviso prévio se uma das partes não puder comparecer à 
entrevista; o tempo provisoriamente planejado para cada sessão e para o 
processo todo; como proceder se outras pessoas forem incluídas no 
aconselhamento; previsão de alguns critérios e algumas formas para a 
interrupção do processo. Esses itens não precisam ser escritos, nem 
necessitam ser denominados de contrato. Depois de terem sido 
apresentados, basta perguntar se o aconselhando aceita trabalhar mediante 
tais critérios. Pronto! Esse é o contrato! 
 
Um contrato se escreve enquanto se é amigo, e se lê quando 
aparecem questões para inimizade. Se não houver critérios que norteiam um 
relacionamento durante um conflito, cada parte agirá conforme seus 
sentimentos, o que pode tornar-se trágico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerações Finais: 
 
A prática do aconselhamento pastoral é fundamental na sociedade em 
que vivemos. As pessoas continuam com problemas, mas a igreja pode 
ajudá-las a vencer a si mesmas, às dificuldades interiores e aos obstáculos 
que se formaram no decorrer de sua existência. As pessoas precisam ser 
cuidadas, necessitam de apoio para continuar sobrevivendo e há métodos 
que podem ser utilizados pelo conselheiro pastoral. 
 
Esse conselheiro não precisa ser necessariamente o pastor da igreja. 
Membros da igreja podem receber treinamento teórico e prático para auxiliar 
a liderança da igreja e ajudar aqueles que necessitam ser cuidados. 
 
A organização dos aspectos práticos do ministério da misericórdia quer 
ser uma ajuda, não um peso. Cada conselheiro tem de descobrir o que precisa 
organizar para funcionar adequadamente e o que atrapalha no trabalho. 
 
Acima de toda a organização está o amor, o respeito às pessoas e as 
habilidades relacionais. Um procedimento burocrático não garante bons 
resultados no Aconselhamento Pastoral. O Espírito Santo quer guiar os 
servos de Cristo quando estes não souberem o que fazer: “Porque o Espírito 
Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Notas bibliográficas 
 
(1) SATHLER-ROSA, R. Cuidado Pastoral em Tempos de Insegurança, p. 39. 
 
(2) COLLINS, G. R. Ajudando Uns aos Outros pelo Aconselhamento, p .15. 
 
(3) COLLINS Fary R. Aconselhamento Cristão, p. 58-59. 
 
(4) SATHLER-ROSA, R. Cuidado Pastoral em Tempos de Insegurança, p. 39. 
 
(5) MAY, Rollo. A Arte do Aconselhamento Pastoral, p. 32. 
 
(6) STONE, D. J & KEEFAUVER, L. Terapia da Amizade, p. 19. 
 
(7) MacARTHUR, John Jr. Redescobrindo o Ministério Pastoral..., p. 14. 
 
(8) ROSSI, Luiz Henrique Solano. A Vocação Terapêutica da Igreja, p. 120. 
 
(9) SATHLER-ROSA, R. Cuidado Pastoral em Tempos de Insegurança, p. 40. 
 
Referencias bibliográficas 
 
COLLINS, Gary R. Ajudando Uns aos Outro Pelo Aconselhamento. São Paulo: 
 
Vida Nova, 2002. 
 
COLLINS Fary R. Aconselhamento Cristão. São Paulo: Vida Nova, 1984. 
 
MacARTHUR, John Jr. Redescobrindo o Ministério Pastoral: moldando o 
 
ministério contemporâneo aos preceitos bíblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. 
 
MAY, Rollo. A Arte do Aconselhamento Psicológico. Petrópolis: Vozes, 1982. 
 
ROSSI, Luiz Henrique Solano. A Vocação Terapêutica da Igreja. IN: 
Aconselha-mento Pastoral Transformador. MANFRED, W. Kohl; 
BARRO, Antônio C. (Orgs). Londrina: Descoberta, 2006. 
 
SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado Pastoral em Tempos de Insegurança: 
 
uma hermenêutica teológico-pastoral. São Paulo: Aste, 2004. 
 
STONE, David. J. & KEEFAUVER, Larry. Terapia da Amizade. Belo Horizonte: 
 
Atos, 2006. 
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