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MATERIAL SUPLEMENTAR CAPÍTULO 18 RICARDO PEREIRA RIOS JOSÉ CARLOS MARION Contabilidade Avançada 2a EDIÇÃO DE ACORDO COM AS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE (NBC) E NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE (IFRS) → Contempla a Nova Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro – CPC 00 (R2) → Atualizado com o Novo Regulamento do Imposto de Renda – Decreto no 9.580/2018 e IN no 1.700/2017 → Estudos de caso resolvidos → Inclui vídeos, testes com gabarito e questões dissertativas (acesso on-line) Remuneração do Capital Próprio 1 8 .1 INTRODUÇÃO A legislação brasileira permite às empresas realizarem a remuneração sobre o capital próprio, e considera esta dedutível para fins de cálculo do imposto de renda e da con- tribuição social, desde que observados alguns critérios e limites. Tal permissão está disposta no art. 9o da Lei no 9.249/95, reproduzido a seguir: “Art. 9o A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócio ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as con- tas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP.” No art. 4o da referida lei, houve a extinção da correção monetária nos demonstra- tivos contábeis, bem como a proibição da aplicação de qualquer técnica para corre- ção, mesmo que apenas para fins societários. A base para pagamento dos juros sobre o capital próprio é o patrimônio líquido da companhia. O assunto também é mencionado em outras legislações, como o Regulamento do Imposto de Renda (RIR) – Decreto no 9.580, de 22 de novembro de 2018, em seus arts. 355, 356, 357, 726 e 744. A CVM também publicou um ato sobre o assunto, a Deliberação CVM no 207/96, que foi revogada pela Deliberação CVM no 683, de 30 de agosto de 2012, que aprovou o ICPC 08 (R1) tratando da proposta de pagamento de dividendos e, também, dos juros sobre o capital próprio. Em 2017, foi publicada a Instrução Normativa no 1.700, da Receita Federal do Brasil, que entre outras coisas, dispõe sobre o JCP. 18 2 Assista ao vídeo do autor sobre o tema deste Capítulo. uqr.to/gj4t RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 3 1 8 . 2 CONCeITO A remuneração sobre o capital próprio foi criada com o intuito de permitir que os acionistas ou sócios da companhia recebam um valor pelo capital que investiram na empresa e que está à disposição desta. Portanto, as companhias têm duas maneiras para remunerar seu sócio ou acionista, a primeira são os dividendos e a segunda, os juros sobre o capital próprio. Os dividendos representam uma parcela do lucro das companhias. Como esse dividendo é um lucro, ele é tributado e as empresas pagam imposto de renda e contribuição social sobre ele. Por essa razão, para a pessoa física do sócio ou do acionista, esse rendimento é isento de impostos, ou seja, já foi pago pela companhia. A remuneração sobre o capital próprio tem outro conceito, para fins fiscais. Em muitas companhias é comum “represar” lucros para gerar mais investimentos e crescimento como um todo. Então, como compensação aos acionistas ou sócios, por receberem uma parcela menor de lucros, existe a opção de remunerar esse capital por meio do pagamento de juros. Nesse caso, a companhia poderá considerar, para fins fiscais, esse valor como uma despesa financeira, dedutível no cálculo do imposto de renda e da contribuição social. Dessa manei- ra, a legislação contribui para uma carga tributária menor para as empresas. No entanto, o sócio ou acionista tem esse rendimento tributado normalmente na pessoa física. 1 8 . 3 BaSe De CÁlCUlO Como base de cálculo dos juros sobre o capital próprio temos o patrimônio líquido. O pa- trimônio líquido a ser utilizado como base é aquele constante no período imediatamente anterior ao período em que serão pagos os juros. Dessa maneira, a base de cálculo será representada pelo patrimônio líquido da compa- nhia da seguinte forma: Quadro 18.1 – Composição da base de cálculo do JCP Base de cálculo = Capital subscrito (–) Capital a realizar (+) Reservas de capital (+) Reservas de lucros (+/-) Ajustes de avaliação patrimonial(1) (–) Ações em tesouraria (–) Prejuízos acumulados Nota: (1) Condicionada à sua inclusão na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. 4 CaPíTUlO 18 Não deverá ser incluído na base de cálculo o valor da reserva de reavaliação de bens, caso esta ainda conste no patrimônio líquido da companhia, uma vez que foi permitida, pela legislação, sua manutenção até a sua completa realização. Da mesma maneira, o art. 59 da Lei no 11.941/2009 determina que não se inclui nessa base o saldo da conta de ajuste de avaliação patrimonial. Contudo, a legislação abre uma exceção e permite o cômputo dessas contas na base de cálculo se, e apenas se, estas forem adicionadas na determinação da base de cálculo do im- posto de renda e da contribuição social. 1 8 . 4 CONDIÇÕeS e l ImITeS Para que a empresa possa optar pelo pagamento de juros sobre o capital próprio para seus sócios ou acionistas, e poder deduzi-lo como despesa na apuração do imposto de renda e da contribuição social, deverá observar algumas condições: a. deverão existir lucros, computados antes da dedução dos juros, ou lucros acumulados em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou cre- ditados; b. que os juros sejam registrados como despesa financeira; c. que os juros sejam pagos ou creditados de maneira individualizada para os sócios ou acionistas; d. que os juros fiquem limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Portanto, podemos verificar que o montante máximo de juros a serem pagos a sócios e acionistas, passível de dedução, deve estar limitado ao menor valor entre: i. o valor obtido por meio da aplicação da variação da TJLP, pro rata dia, sobre o total do patrimônio líquido (conforme Quadro 18.1); e ii. o maior valor entre: 50% do lucro apurado no exercício (entendido aqui como aquele após a CSLL e antes do imposto de renda e do próprio juro) e 50% do so- matório de lucros acumulados e reservas de lucro. A Receita Federal entendia que, para serem passíveis de dedução, os juros deveriam ser classificados como despesa financeira. Contudo, com a Instrução Normativa no 1700/2007, fica permitido sua dedutibilidade, mesmo que não contabilizados como tal, devendo, para tanto, efetuar ajustes fiscais no e-LALUR e na e-LACS (Escrita Contábil Fiscal – ECF). Com a Interpretação Técnica ICPC 08 (R1), os juros sobre capital próprio, do ponto de vista contábil, devem seguir o mesmo tratamento dos dividendos obrigatórios, desconside- rando a retenção de tributos na fonte exigidas pela legislação fiscal. A interpretação destaca o tratamento dos JCP da seguinte forma (itens 10 e 11): RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 5 “10. Os juros sobre o capital próprio (JCP) são instituto criado pela legislação tribu- tária, incorporado ao ordenamento societário brasileiro por força da Lei no 9.249/95. É prática usual das sociedades distribuirem-nos aos seus acionistas e imputarem-nos ao dividendo obrigatório, nos termos da legislação vigente. 11. Assim, o tratamento contábil dado aos JCP deve, por analogia, seguir o trata- mento dado ao dividendo obrigatório. O valor de tributo retido na fonte que a com- panhia, por obrigação da legislação tributária, deva reter e recolher não pode ser considerado quando se imputam os JCP ao dividendo obrigatório”. Iudícibus et al. (2018) destacam ainda que a Deliberação CVM no 207/96 já entendia dessa maneira e determinava que a evidenciação do pagamento dos juros sobre o capital próprio devesse ser feita na demonstração das mutações do patrimônio líquido. Recomendam ainda os autores que as companhias, para fins de apuração e destinação do resultado, expurguem os efeitos produzidos por esse procedimento por meio de um lan- çamento de estorno. Ficando, portanto, os jurossobre o capital próprio evidenciados na demonstração das mutações do patrimônio líquido. A evidenciação da reversão da despesa financeira registrada, na última linha da demons- tração do resultado de exercício, antes do saldo do lucro líquido ou do prejuízo do exercício, ficaria assim: Quadro 18.2 – Reversão da despesa financeira com JCP na DRE [...] 100.000 Despesas operacionais [...] Despesas financeiras (JCP) (30.000) (=) Lucro operacional 70.000 (–) CSLL (6.300) (=) Resultado antes do Imp. Renda 63.700 (–) Imposto de Renda (10.500) (=) Resultado antes das participações 53.200 (–) Participações 5.000 (+) Reversão dos JCP 30.000 (=) Lucro líquido 78.200 6 CaPíTUlO 18 Como podemos notar no exemplo, a despesa financeira afeta o resultado e é utilizada como dedução para efeito de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. Contudo, devolvemos antes da apuração do lucro líquido ou do prejuízo esse valor ao resultado, com isso, neutralizando seus efeitos para fins societários. 1 8 . 5 DIVIDeNDOS OBRIGaTóRIOS A lei permite às companhias imputar os juros sobre o capital próprio no valor dos dividen- dos obrigatórios. Os dividendos obrigatórios são disciplinados na Lei no 6.404/76, em seu art. 202. De acordo com o referido artigo, os acionistas têm direito a receber como dividendo obrigató- rio, em cada exercício, a parcela de lucros estabelecida no estatuto da companhia. Em caso de omissão do estatuto, os seguintes critérios devem ser observados: a. metade do lucro líquido do exercício, diminuído ou acrescido de: a1. importância destinada à constituição de reserva legal; a2. importância destinada à formação de reserva para contingências e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores. b. o pagamento do dividendo determinado na letra “a”, supra, poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reservas de lucros a realizar; c. os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados, e se não tive- rem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. No caso de omissão do estatuto, a assembleia-geral poderá deliberar para alterá-lo e introdu- zir o valor percentual obrigatório. De acordo com o art. 202, § 2o, da Lei no 6.404/76, esse per- centual não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido ajustado nos termos da letra “a”, supra. 1 8 . 6 aUmeNTO De CaPITal COm JCP Os juros sobre o capital próprio poderão ser utilizados para aumento de capital ou até mes- mo ficar mantidos em reserva com esse propósito. Nesse caso, poderão ser utilizados para fins de dedução, desde que o imposto de renda da operação seja recolhido em até 15 dias após o encerramento do período em que tenha ocorrido a dedução dos juros. Para fins de incorporação ao capital da companhia, o valor dos juros deverá estar deduzi- do do imposto de renda devido. Os juros sobre o capital próprio, mantidos para fins de aumento de capital, devem ficar em conta específica de reservas de lucros. O lançamento para a constituição da reserva fica da seguinte maneira: RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 7 Quadro 18.3 – Lançamento da constituição de reserva para aumento de capital, utilizando juros sobre o capital próprio Lançamento Valor $ Lucros acumulados 100.000 a Reservas de lucros – JCP para fins de aumento de capital (Reserva de lucros) 100.000 1 8 .7 eXemPlOS PRÁTICOS Vamos ver alguns exemplos práticos de juros sobre o capital próprio. d E x e m p l o 1: A Empresa RM resolve pagar juros sobre o capital próprio para seus acionistas. Para isso, deveremos observar as informações seguintes: O patrimônio líquido da empresa estava composto da seguinte forma, no período ime- diatamente anterior: Quadro 18.4 – Exercício 1: Composição do patrimônio líquido da Empresa RM Patrimônio líquido $ Capital social 720.000 Reservas de capital 70.000 Reservas de lucros 200.000 Total do patrimônio líquido 990.000 O lucro antes da CSLL foi de $ 800.000. Os juros serão pagos logo no início do próximo período. A TJLP é de 12%. Vamos agora proceder ao cálculo dos juros: a) Cálculo pela TJLP Para calcularmos o valor dos juros pela TJLP, basta multiplicarmos o valor desta sobre o total do patrimônio líquido: Quadro 18.5 – Exercício 1: Cálculo dos juros pela TJLP Cálculo pela TJLP (PL × TJLP) 990.000 × 12% = 118.800 8 CaPíTUlO 18 b) 50% do lucro líquido antes da dedução dos juros e depois da dedução da CSLL Nesse caso, precisamos primeiramente calcular o valor da CSLL provisória. Quadro 18.6 – Exercício 1: Cálculo do resultado depois da CSLL (=) Lucro antes dos juros 800.000 (–) CSLL (72.000) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 728.000 Agora, devemos considerar 50% de 728.000 como o valor do JCP: $ 364.000. c) 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros Verifica-se que a empresa possui $ 200.000 de reservas de lucros; portanto, podemos chegar a $ 100.000 (50% de $ 200.000). Pela legislação, podemos considerar o maior valor entre o item (b) e o item (c) para com- pará-lo ao item (a). Vejamos: Quadro 18.7 – Exercício 1: Comparativo item (b) e item (c) Valor item (b) 364.000 Valor item (c) 100.000 Portanto, podemos utilizar o valor de $ 364.000, que é o maior valor dos dois. Agora, te- mos que comparar esse valor com o encontrado pela aplicação da TJLP, e deveremos utilizar como dedutível o menor valor entre os dois: Quadro 18.8 – Exercício 1: Comparativo item (b) e valor calculado utilizando a TJLP Valor item (b) 364.000 Valor encontrado com cálculo baseado na TJLP 118.800 Verifica-se que o menor valor é o calculado utilizando a TJLP; portanto, é este o qual de- veremos utilizar para fins de dedução do imposto de renda e da contribuição social. A DRE fica da seguinte maneira: RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 9 Quadro 18.9 – DRE da Empresa RM [...] 800.000 Despesas operacionais [...] Despesas financeiras (JCP) (118.800) (=) Lucro operacional 681.200 (–) CSLL (61.308) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 619.892 (–) Imposto de Renda (102.180) (=) Resultado antes das participações 517.712 (–) Participações (17.000) (+) Reversão dos JCP 118.800 (=) Lucro líquido 619.512 d E x e m p l o 2 : A Empresa JCR vai remunerar seus acionistas com juros sobre o capital próprio. O patrimônio líquido da companhia, para fins de cálculo, era o seguinte: Quadro 18.10 – Exercício 2: Composição do patrimônio líquido da Empresa JCR Patrimônio líquido $ Capital social 2.000.000 Reservas de capital 600.000 Reservas de lucros 350.000 Total do patrimônio líquido 2.950.000 O lucro antes da CSLL foi de $ 900.000. Os juros serão pagos logo no início do próximo período. A TJLP é de 15%. Vamos agora proceder ao cálculo dos juros: 1 0 CaPíTUlO 18 a) Cálculo pela TJLP Quadro 18.11 – Exercício 2: Cálculo dos juros pela TJLP Cálculo pela TJLP (PL × TJLP) 2.950.000 × 15% = 442.500 b) 50% do lucro líquido antes da dedução dos juros e depois da dedução da CSLL Cálculo do valor da CSLL provisória. Quadro 18.12 – Exercício 2: Cálculo do resultado depois da CSLL (=) Lucro antes dos juros 900.000 (–) CSLL (81.000) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 819.000 Agora, devemos considerar 50% de 819.000 como o valor do JCP: $ 409.500. c) 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros Verifica-se que a empresa possui $ 350.000 de reservas de lucros; portanto, podemos chegar a $ 175.000 (50% de $ 350.000). Pela legislação, podemos considerar o maior valor entre o item (b) e o item (c) para com- pará-lo ao item (a). Vejamos: Quadro 18.13 – Exercício 2: Comparativo item (b) e item (c) Valor item (b) 409.500 Valor item (c) 175.000 Podemos utilizar o valor de $ 409.500, que é o maior valor entre os dois. No entanto, agora temos que comparar esse valor com o encontrado pela aplicação da TJLP, e deveremosutilizar como dedutível o menor valor entre os dois: Quadro 18.14 – Exercício 2: Comparativo item (b) e valor calculado utilizando a TJLP Valor item (b) 409.500 Valor encontrado com cálculo baseado na TJLP 442.500 RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 1 1 Verifica-se que o menor valor é o calculado utilizando o item (b), que representa 50% do lucro líquido antes da dedução dos juros e depois da dedução da CSLL. É esse valor que será utilizado como dedutível. A DRE fica da seguinte maneira: Quadro 18.15 – DRE da Empresa JCR [...] 900.000 Despesas operacionais [...] Despesas financeiras (JCP) (409.500) (=) Lucro operacional 490.500 (–) CSLL (44.145) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 446.355 (–) Imposto de Renda (73.575) (=) Resultado antes das participações 372.780 (–) Participações (50.000) (+) Reversão dos JCP 409.500 (=) Lucro líquido 732.280 d E x e m p l o 3 : A Empresa RM tem seu patrimônio líquido constituído da seguinte forma: Quadro 18.16 – Exercício 3: Composição do patrimônio líquido da Empresa RM Patrimônio líquido $ Capital social 5.000.000 Reservas de capital 300.000 Reservas de lucros 600.000 Reserva de reavaliação 200.000 Ajuste de avaliação patrimonial 800.000 Total do patrimônio líquido 6.900.000 1 2 CaPíTUlO 18 Vamos considerar que a reserva de reavaliação e o ajuste de avaliação patrimonial não serão adicionados na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. Para início dos cálculos, vamos ajustar o valor do patrimônio líquido: Quadro 18.17 – Exercício 3: Patrimônio líquido ajustado da Empresa RM Patrimônio líquido $ Capital social 5.000.000 Reservas de capital 300.000 Reservas de lucros 600.000 Reserva de reavaliação 200.000 Ajuste de avaliação patrimonial 800.000 Total do patrimônio líquido 5.900.000 Nem a reserva de reavaliação e nem o ajuste de avaliação patrimonial devem compor o cálculo dos juros sobre o capital próprio. Isso só poderia ocorrer se estes fossem adicionados à base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. A TJLP para o período é de 8%. O lucro antes da CSLL foi de $ 8.500.000. Os juros serão pagos logo no início do próximo período. Vamos agora proceder ao cálculo dos juros: a) Cálculo pela TJLP Quadro 18.18 – Exercício 3: Cálculo dos juros pela TJLP Cálculo pela TJLP (PL × TJLP) 5.900.000 × 8% = 472.000 b) 50% do lucro líquido antes da dedução dos juros e depois da dedução da CSLL Nesse caso, precisamos primeiramente calcular o valor da CSLL provisória. Quadro 18.19 – Exercício 3: Cálculo do resultado depois da CSLL (=) Lucro antes dos juros 8.500.000 (–) CSLL (765.000) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 7.735.000 RemUNeRaÇÃO DO CaPITal PRóPRIO 1 3 Consideremos 50% de 7.735.000 como o valor do JCP: $ 3.867.500. c) 50% da soma de lucros acumulados e de reservas de lucros Verifica-se que a empresa possui $ 600.000 de reservas de lucros, o valor encontrado é de $ 300.000 (50% de $ 600.000). Devemos considerar o maior valor entre o item (b) e o item (c) para compará-lo ao item (a). Vejamos: Quadro 18.20 – Exercício 3: Comparativo item (b) e item (c) Valor item (b) 3.867.500 Valor item (c) 300.000 Podemos utilizar o valor de $ 3.867.500, que é o maior valor entre os dois. Agora, temos que comparar esse valor com o encontrado pela aplicação da TJLP, e deveremos utilizar como dedutível o menor valor entre os dois: Quadro 18.21 – Exercício 3: Comparativo item (b) e valor calculado utilizando a TJLP Valor item (b) 3.867.500 Valor encontrado com cálculo baseado na TJLP 472.000 Verifica-se que o menor valor é o calculado com base na TJLP. É esse valor que será utili- zado como dedutível. A DRE fica da seguinte maneira: Quadro 18.22 – DRE da Empresa RM [...] 8.500.000 Despesas operacionais [...] Despesas financeiras (JCP) (472.000) (=) Lucro operacional 8.028.000 (–) CSLL (722.520) (=) Resultado antes do Imp. de Renda 7.305.480 (–) Imposto de Renda (1.204.200) (=) Resultado antes das participações 6.101.280 (–) Participações (100.000) (+) Reversão dos JCP 472.000 (=) Lucro líquido 6.473.280 1 4 CaPíTUlO 18 É importante considerar que, nos exemplos anteriores, desprezamos a figura do adicio- nal do imposto de renda nos cálculos efetuados. O imposto de renda na fonte incidente sobre os juros sobre o capital próprio deve ser reconhecido como despesa no resultado do exercício. Da mesma maneira, não consideramos esse imposto nos exemplos. AT I V I DA D E S 1. A Empresa A vai remunerar os seus acionistas com juros sobre o capital próprio. Para tanto, tem as seguintes informações: Patrimônio líquido no período anterior $ Capital social 100.000 Reservas de capital 18.000 Reservas de lucros 50.000 Total do patrimônio líquido 168.000 Em sua DRE, constava um lucro antes da CSLL (9%) de 150.000. A TJLP tem taxa de 10%. Calcule os juros sobre o capital próprio e elabore a DRE.