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1 Redação Eixo temático MIX Teoria Temas já abordados pela prova • 2009 – “O indivíduo frente à ética nacional.” • 2010 – “O trabalho na construção da dignidade humana.” • 2011 – “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado.” • 2012 – “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI.” • 2013 – “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil” • 2014 – “Publicidade infantil em questão no Brasil” • 2015 – “A persistência da violência contra a mulher no Brasil.” • 2016 – “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.” • 2016 – “Caminhos para combater o racismo no Brasil.” (2ª aplicação). • 2017 – “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.” • 2018 – “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.” • 2019 – “Democratização do acesso ao cinema no Brasil.” • 2020 – “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Tema I: Os limites da cultura do cancelamento no meio virtual TEXTO I O "Tribunal da Internet" e os efeitos da cultura do cancelamento De acordo com o dicionário australiano Macquarie, a "cultura do cancelamento" foi eleita o termo do ano de 2019, e não é para menos. Mesmo não tendo um marco exato de origem, a cultura do cancelamento aparentemente teve início a partir da mobilização de vítimas de assédio e abuso sexual (Movimento #MeToo), que ganhou maior visibilidade em 2017 por força das denúncias realizadas em Hollywood. Desde então, mesmo o Movimento #MeToo traduzindo a coragem de se expor problemas há anos escondidos, a cultura do cancelamento vem seguindo um caminho que aparentemente diferencia-se da iniciativa de conscientização e debate de assuntos relevantes no âmbito digital e no âmbito real, como assédio, racismo, homofobia etc. A cultura do cancelamento tem chamado a atenção, principalmente nas redes sociais, por tratar-se de uma onda que incentiva pessoas a deixarem de apoiar determinadas personalidades ou empresas, públicas ou não, do meio artístico ou não, em razão de erro ou conduta reprovável. Nos termos da definição da palavra "cancelar", a ideia do movimento é literalmente "eliminar" e "tornar sem efeito" o agente do erro ou conduta tidos como reprováveis. Ao analisarmos o movimento sob o prisma das modalidades de regulação da Internet proposta por Lawrence Lessig, composta por direito, normas sociais, mercado e arquitetura, podemos considerar a cultura do cancelamento como uma sanção imposta pelos próprios usuários no âmbito da Internet, diante da violação de normas sociais existentes. Assim como as demais modalidades de regulação, as normas sociais são eficientes, uma vez que inibem o comportamento reprovável por parte da comunidade que assim o entende. 2 Redação Ocorre que, especificamente com relação à cultura do cancelamento, e ao contrário do Direito em que há um devido processo legal para justificar uma punição ou não, o "Tribunal da Internet" não costuma oportunizar sequer o exercício do contraditório. Na maioria das vezes, aliás, a cultura do cancelamento costuma ter efeitos imediatos, de modo que a onda de boicote tem início tão logo o erro ou conduta tidos como reprováveis são notados e expostos. Tal imediatismo, porém, traz à tona certa intolerância e muita polarização, demonstrando assim que a sanção antecede a defesa. Dessa forma, o ambiente virtual torna-se hostil, seletivo e, por vezes, injusto. Nota-se que, a partir da constatação de erro ou conduta reprovável por um grupo de pessoas, cria-se um movimento na rede social de exposição para que não somente os usuários deixem de "seguir" a pessoa ou de comprar determinada marca, por exemplo, mas também para que parem de dar visibilidade ao trabalho de alguém ou determinada empresa. Por meio da onda de ataque aos perfis em redes sociais, os efeitos são sentidos em todos os aspectos: na vida pessoal de pessoas físicas que perdem trabalhos, contratos, patrocínios e até desenvolvem problemas psicoemocionais, bem como na atividade de empresas que deixam de realizar vendas, atender clientes etc. Apesar dos julgamentos, porém, a cultura do cancelamento também pode gerar um efeito contrário ao pretendido, já que a proporção da exposição faz com que a pessoa ganhe mais visibilidade nas redes sociais e, a depender de seus próximos passos, acabe transformando a visibilidade do ocorrido a seu favor, fazendo mais sucesso e ganhando mais engajamento. Numa breve analogia, comparar o Direito com o "Tribunal da Internet" seria como se, após a sentença do "cancelamento", o recurso do "cancelado" fosse provido para afastar a condenação. (...) A cultura do cancelamento, na forma como praticada atualmente, afeta, ainda que de maneira indireta, o exercício dos direitos da livre manifestação de pensamento e da liberdade de expressão, obstando o debate de questões que, de forma saudável, traria benefícios para a sociedade e ainda promoveria o progresso intelectual e a evolução pessoal de cada um. Texto adaptado, disponível em: https://migalhas.uol.com.br/depeso/331363/o--tribunal-da-internet--e-os-efeitos-da-cultura-do- cancelamento. Acesso em 27/11/2020. TEXTO II Cultura do cancelamento causa danos ao cancelado e ao cancelador, afirmam psicólogas [...] — O cancelamento gera uma sensação de isolamento, e isso impacta a saúde mental. Nós somos seres sociais, não somos feitos para vivermos sozinhos. Nós demandamos muito amor e acolhimento, e perder isso gera um grande desespero — explica Bárbara Carissimi, coordenadora de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA). A cultura do cancelamento é a prática de deixar de seguir e/ou criticar uma outra pessoa nas redes sociais com a finalidade de puni-la por um erro considerado grave. Normalmente, a pessoa é acusada de praticar racismo, xenofobia, homofobia, preconceitos em relação à classe social, gênero, e outras demonstrações de intolerância às minorias. Quando o cancelamento ocorre com uma pessoa famosa, normalmente espera-se que esta perca contratos ou que seus produtos não sejam mais consumidos pela população em geral. — Viver em um ambiente em que você pode ser cancelado, em que você tá sempre sendo julgado, é muito difícil, porque andamos como se estivéssemos pisando em ovos, a qualquer momento eu posso desagradar o outro. Então, é o outro que chancela o que eu posso fazer e o que eu não posso fazer — afirma Daniela Generoso, psicóloga clínica pós-graduada em neuropsicologia. 3 Redação Quanto mais importância a pessoa que é cancelada dá às opiniões dos outros, mais afetada pelo cancelamento ela será. Dependendo do erro que é apontado pelos demais, a pessoa começa a se questionar sobre sua própria personalidade e seu ponto de vista. As especialistas apontam que é preciso tomar cuidado com a cultura do cancelamento, pois há casos em que o outro é cancelado apenas porque tem um ponto de vista diferente. E o cancelamento pode gerar inúmeros malefícios para alguém que apenas discordou de algo[...]. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/cultura-do-cancelamento-causa-danos-ao-cancelado-ao- cancelador-afirmam-psicologas-24882814.html https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/cultura-do-cancelamento-causa-danos-ao-cancelado-ao-cancelador-afirmam-psicologas-24882814.html https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/cultura-do-cancelamento-causa-danos-ao-cancelado-ao-cancelador-afirmam-psicologas-24882814.html 4 Redação Tema II: Diferenças e hierarquias nas atuais relações de gênero no Brasil TEXTO I Disponível em: https://afamiliaaumentou.files.wordpress.com/2013/12/f689a-igualdade\oportunidades_genero.jpg. Acesso em: 23 fev 2015 (adaptado). TEXTO II Igualdade ou Equidade de Gênero? Enquanto o sexo biológico é determinado por características genéticas e anatômicas,o gênero é uma identidade adquirida e refere-se à variedade de papéis e relacionamentos construídos pela sociedade para os dois sexos. Por isso, o gênero muda ao longo do tempo e varia grandemente dentro das diferentes culturas em todo o mundo. A igualdade de gênero descreve o conceito de que todos os seres humanos, tanto mulheres como homens, são livres para desenvolver as suas capacidades pessoais e fazer escolhas sem as limitações impostas por estereótipos. Igualdade de gênero não significa que as mulheres e homens têm de ser idênticos, mas que os seus direitos, responsabilidades e oportunidades não dependem do fato de terem nascido com o sexo feminino ou masculino. Assim, a equidade entre gêneros significa que homens e mulheres são tratados de forma justa, de acordo com as respectivas necessidades. O tratamento deve considerar, valorizar e favorecer de maneira equivalente os direitos, benefícios, obrigações e oportunidades entre homens e mulheres. Princípios de Empoderamento das Mulheres – Igualdade significa negócios, publicação do Pacto Global da ONU e ONU Mulheres [...]. Disponível em: https://premiowepsbrasil.com.br/sobre-o-premio/. 5 Redação TEXTO III Brasil levará 100 anos para igualar salários de homens e mulheres A diferença salarial entre mulheres e homens no Brasil é uma das maiores do mundo, e equiparar a condição dos dois sexos no país levará um século. Essas são algumas das conclusões do Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016 do Fórum Econômico Mundial, publicado nesta quarta-feira em Genebra. De acordo com o levantamento, as sociedades mais igualitárias são as escandinavas. Ao se considerar todos os aspectos econômicos, políticos, de saúde e de educação, o primeiro lugar é da Islândia, seguida por Finlândia, Noruega e Suécia. Entre 144 países avaliados, o Brasil ocupa apenas a 129ª posição quando avaliado isoladamente o quesito de igualdade de salários entre gêneros. Países criticados por violações aos direitos das mulheres, como Irã, Iêmen e Arábia Saudita, estão em melhor posição que o Brasil. Para equiparar as condições econômicas de homens e mulheres, serão necessários 95 anos, se o atual ritmo de progresso for mantido. Em termos gerais, incluindo política, educação e outros aspectos sociais, equiparar as condições entre gêneros no país levará 104 anos. Segundo o Fórum Econômico Mundial, a taxa brasileira é melhor que a média mundial, de cerca de 170 anos. Mas, ainda assim, o ritmo de avanço é considerado “lento demais”. O estudo mostra que a presença de Dilma Rousseff no cargo de presidente nos últimos anos fez o Brasil subir no ranking geral da entidade, passando da 85ª posição para a 79ª entre 2014 e 2015. Mas a classificação ainda é pior do que a de dez anos atrás, quando o país ocupava a 67ª posição. Hoje, o Brasil fica atrás dos dezessete outros países latino-americanos. A disparidade econômica entre homens e mulheres é um dos fatores que mais impedem o avanço brasileiro no ranking. Nesse quesito, o país ocupa a modesta 91ª posição entre 144 países e é superado por Paraguai, China, Camboja e Chade. O Brasil é ainda um dos seis países do mundo onde a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos executivos é de mais de 50%. Além disso, a presença de brasileiras no mercado de trabalho é menor, de 62% – a dos homens é de 83%. Isso coloca o país na 87ª posição por esse critério. A renda média das brasileiras é de 11.600 dólares por ano. A dos homens, por sua vez, é de 20.000 dólares. Na América Latina, os especialistas indicam que, se o ritmo for mantido, a “lacuna econômica de desigualdade de gênero” será fechada em apenas seis décadas. Na política, a presença feminina também é pequena, mesmo que em 2015 a Presidência da República tenha sido ocupada por uma mulher. O Congresso ocupa o 120º lugar entre os países com melhor representação feminina. Antes mesmo de Michel Temer assumir o governo, o Brasil era apenas o 83º quando o assunto era ministérios ocupados por mulheres. Na educação, a diferença entre homens e mulheres voltou a crescer pela primeira vez em cinco anos. Disponível em: http://veja.abril.com.br/economia/brasil-levara-100-anos-para-igualar-salarios-de-homens-e-mulheres/ 6 Redação Tema III: O uso de pronomes “neutros” em língua portuguesa TEXTO I Linguagem neutra: proposta de inclusão esbarra em questões linguísticas (…) A linguagem neutra, ou linguagem não binária, não é obrigação imposta por nenhum movimento da causa LGBTQI+. No entanto, trata-se de uma discussão que propõe uma modificação na língua portuguesa para incluir pessoas trans não binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. Assim, a ideia é criar um gênero neutro para ser usado ao se referir a coletivos ou a alguém que não se encaixa no binarismo. Para além do universo preto-no-branco das redes sociais, essa discussão vem crescendo nos últimos anos entre acadêmicos de linguística e estudos de gênero. Certamente, uma crítica comum é a dificuldade em implementar esse sistema na língua portuguesa e seus efeitos na aprendizagem e alfabetização. (…) Não é capricho A proposta de criação de um gênero neutro na língua portuguesa e de mudanças na forma com que nos comunicamos nem sempre é aceita, e costuma ser vista como “capricho”. Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo), apresentadora do podcast “Linguística Vulgar” e colunista no blog “Cientistas Feministas”, o debate está longe de ser irrelevante. “Há dois problemas com esse tipo de afirmação. O primeiro é que ela pressupõe que a língua seria apenas um reflexo da sociedade, o que, a essa altura, no campo das ciências da linguagem, já sabemos que não é verdade. A relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que dizemos são, por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências. O segundo problema é que refletir sobre a linguagem não nos impede de agir a respeito de outras questões”, explica. A implementação da linguagem neutra, portanto, seria uma forma de inclusão de grupos marginalizados. Isso é o que acredita Jonas Maria, de São Paulo, criador de conteúdo LGBTQI+ e graduado em Letras. “Não é uma simples mudança gramatical, mas uma mudança de perspectiva”, afirma. “Quando falamos em linguagem neutra, estamos falando sobre gênero, relações de poder. Sobre tornar visível uma parcela da sociedade que é sempre posta à margem: pessoas transgêneras”, disse Maria ao TAB. O masculino genérico A discussão sobre um gênero neutro na linguagem deriva do uso do gênero gramatical masculino para denotar homens e mulheres (“‘todos’ nessa sala de aula precisam entregar o trabalho”) e do feminino específico (“[Clarice Lispector] é incluída pela crítica especializada entre os principais autores brasileiros do século 20”). Na gramática, o uso do masculino genérico é visto como “gênero não marcado”. Ou seja, usá-lo não dá a entender que todos os sujeitos sejam homens ou mulheres — ele é inespecífico. Por ser algo cotidiano, é difícil pensar nas implicações políticas de empregar o masculino genérico. Porém, o tema foi amplamente discutido por especialistas como uma forma de marcar a hierarquização de gêneros na sociedade, priorizando o homem e invisibilizando mulheres. Então, o masculino genérico é chamado, inclusive, de “falso neutro”. Entretanto, essa abordagem não é unânime no campo da Linguística. Para muitos estudiosos, a atribuição sexista ao masculino genérico ignora as origens latinas da língua portuguesa. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-em-questoes- linguisticas.htm https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-em-questoes-linguisticas.htmhttps://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-em-questoes-linguisticas.htm 7 Redação TEXTO II Aula sobre “pronomes neutros” em escola do Recife gera críticas Imagens de uma aula ocorrida em uma escola particular do Recife (PE) deixaram usuários de redes sociais atônitos. Isso porque a aula inovou com um slide sobre “pronomes neutros” e trouxe como exemplos os termos “obrigade”, “elu” e “chamade”. (…) O caso ocorreu durante uma aula da turma do 8º ano do Colégio Apoio. Ao veículo, uma funcionária informou que a atividade ocorreu em sala de aula. No entanto, o tema foi proposto pelos alunos. Reprodução de slide da aula sobre pronomes neutros O slide afirma que o uso de pronomes neutros “são uma forma de nos referirmos a alguém de forma com que essa pessoa se sinta confortável. Precisamos respeitar o próximo. Isso inclui respeitar seus pronomes e a forma como elu se sente mais confortável em ser chamade”. Fonte: https://pleno.news/brasil/cidades/aula-sobre-pronomes-neutros-em-escola-do-recife-gera-criticas.html TEXTO III Pronomes neutros ganham espaço nas ruas, redes sociais e até em empresas BRASÍLIA – “Bom dia a todos, a todas e a todes.” Foi assim que a escritora Conceição Evaristo se dirigiu no último dia 7 ao público que lotou a Bienal do Rio. A saudação inclusiva, que acolhe não apenas homens e mulheres, mas também pessoas não binárias (que não se identificam nem com o gênero masculino nem o feminino), levou ao delírio o público do evento (…). Além disso, a referência a “todes” também lançou luz sobre a vida cada vez mais visível dos pronomes neutros no vocabulário utilizado no dia a dia – seja nas redes sociais, nas ruas ou na rotina empresarial. No dia 13, a questão voltou a ganhar o debate internacional. O cantor Sam Smith pediu em suas redes sociais para que as pessoas passem a usar os pronomes de gênero neutro da língua inglesa “they” e “them” para se referirem a ele. Certamente, o uso de uma linguagem neutra é uma das principais batalhas de Pri Bertucci, um dos poucos CEOs trans do País, que comanda a Diversity BBox, consultoria voltada para questões de gênero e 8 Redação sexualidade. “Você gostaria que alguém te chamasse de um gênero que não te representa? Você, homem, gostaria de ser chamado de ‘ela’? É isso que eu experimento todos os dias. As pessoas podem achar que (a questão da linguagem) é um capricho, mas não é”, diz Pri. “Vivemos em uma sociedade que não pensa em gênero para além de genital e que vê apenas duas possibilidades de existência: a caixinha rosa e a caixinha azul. Então, é um paradigma de 2 mil anos, não dá para quebrar em uma palestra ou em uma semana de diversidade. Dessa forma, tem de ser um esforço constante”, afirma. Em 2015, Pri lançou um manifesto para uma comunicação “radicalmente inclusiva”. “Nossa língua não é flexível o suficiente pra designar alguém que não se sente nem homem, nem mulher. Ou melhor, pra designar alguém que se sente ora um, ora outra. Ainda, pra designar quem não se conforma com as normas de gênero. Portanto, pra falar de quem vive seu gênero de uma forma que é fora da caixa”, dizia o texto. Um dos desafios para a disseminação de uma linguagem neutra é “superar” a lógica da língua portuguesa, apontada como “sexista” por alguns. Por exemplo: você pode ter 10 mulheres e um homem numa sala, mas para fazer menção ao conjunto de pessoas, vai optar por um pronome masculino – “eles”. Na linguagem neutra, usada para se referir a pessoas sem delimitar o gênero, “amigues” substitui “amigos”, por exemplo. “Brasileires” é usado no lugar de “brasileiros” ou “brasileiras”. Preconceito Outra barreira a ser superada é a do preconceito. Da sopa de letrinhas que une a comunidade LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, queer, pessoas intersexo, assexuais e outras orientações e identidades), o ‘T’ é um dos mais “invisibilizados” e alvo de agressões mundo afora. Assim, um relatório da ONG Transgender Europe apontou que 868 transgêneros foram assassinados no Brasil entre 2008 e 2016, mais que o triplo do México, segundo colocado no ranking (259 mortes). De acordo com Pri, as empresas fugiam do assunto diversidade quando eram confrontadas com o tema no início desta década. Hoje, a Diversity Box é procurada, em média, por dez clientes a cada semana. “As empresas descobriram que não vai ter inovação sem diversidade. Assim, por conveniência ou convicção, perceberam que têm de falar de diversidade”, diz. Uma das maiores companhias do setor petroquímico, a Braskem lançou no ano passado um guia de ‘comunicação inclusiva’ para melhorar o relacionamento entre funcionários no ambiente de trabalho. Desse modo, o material, por exemplo, orienta os funcionários a evitarem expressões como “homossexualismo” (o sufixo “ismo” indica doença) e “opção sexual” e a utilizarem, por outro lado, os termos “homossexualidade” e “orientação sexual”. Para falar com pessoas de gêneros “não-binários”, o guia recomenda o uso dos artigos “x/ile/dile”, ao invés de “a/ela/dela” ou “o/ele/dele”. “Respeite sempre o nome social das pessoas trans e nunca pergunte ‘qual o seu nome ‘verdadeiro’? Isso é indelicado e cautsa um constrangimento desnecessário”, recomenda o documento. Para Debora Gepp, responsável pelo programa de diversidade e inclusão da Braskem, a iniciativa representa uma quebra de paradigmas em uma indústria vista como formal e heteronormativa. Portanto, uma das metas da empresa é aumentar o número de funcionários trans, o que já vem ocorrendo. “Aqui é um local de respeito. Sê você tem uma crença que diverge disso, da Braskem pra fora você pode ter a sua opinião, mas aqui dentro a gente preza o respeito”, frisa Debora. Disseminar uma linguagem neutra requer ainda um trabalho de conscientização entre líderes e funcionários da empresa. “É uma transformação. Temos passos para dar, está caminhando ainda”. Assim disse Debora, que inicia treinamentos e palestras desejando bom dia para “todes”. Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,pronomes-neutros-ganham-espaco-nas-ruas-redes-sociais-e-ate-em- empresas,70003012260 9 Redação TEXTO IV Pronomes neutros “O gênero neutro se encontra nos pronomes mostrativos isto, isso e aquilo, que são proximal, medial e distal, respectivamente, sendo invariáveis em número e, na maioria das vezes, considerados inanimados ou não- humanos. Contudo, não há uma forma oficial ou dicionarizada de ilo, pronome de terceira pessoa derivado de aquilo, neutro de aquele e aquela, no português.” Gênero epiceno “O gênero epiceno refere-se ao gênero gramatical de palavras que não distinguem o gênero natural dos seres animados, bem como substantivos sobrecomuns, especialmente aquelas que apresentam uma forma invariável em gênero, como em "a testemunha" ou "o tigre", sendo gramaticalmente incorreto usar o masculino para se referir à testemunha, como seria em "o testemunho" designando uma pessoa testemunha, por exemplo, pois testemunha, mesmo sendo uma palavra de gênero gramaticalmente feminino, não atribuimuma feminilidade, femealidade ou mulheridade identitária, biológica, social ou psicológica. Contudo, palavras podem sofrer feminização e neutralização, como formas neologísticas ou dicionarizadas, como presidenta e membre.” Gênero Vacilante “O gênero vacilante denota substantivos que vacilam em gênero, aqueles que podem ser denotados tanto no masculino quanto no feminino, como moral, alguns podem mudar de significado, quando mudam de gênero, como capital, ou quando viram adjetivos, como pessoal, que viraria comum de dois gêneros na forma adjetivada.” Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_neutra_de_g%C3%AAneros_gramaticais
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