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CASO EMMY VON N

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A infância de Emmy foi marcada por traumas devido aos seus irmãos que jogavam animais 
mortos nela, além de se fantasiarem com lençóis, como se fossem fantasmas, para assustá-la. 
Ela teve seu primeiro desmaio e espasmos aos cinco anos, por conta dos seus irmãos, e a sua tia disse 
que ela ter desmaiado era uma vergonha e que ela não devia ter aqueles ataques, de modo que 
eles pararam. Quando tinha sete anos ela se assustou novamente quando viu a sua irmã no caixão. Aos 
nove anos aconteceu novamente: ela visualizou a tia no caixão, e de repente o queixo dela caiu. Isso 
mostra que ela frequentemente tinha pensamentos com pessoas mortas, por conta dos relatos que 
ela ouvia de morte dos seus familiares. 
Aos 23 anos, Emmy se casou com um homem 40 anos mais velho que ela e teve duas filhas. Com isso, 
ela sofreu bastante preconceito, pois a sociedade a julgou, como se ela quisesse o dinheiro do seu 
marido – já que era bastante jovem em relação a ele. Em média quatro dias após o nascimento da sua 
segunda filha, o seu marido morreu de AVC. A partir deste fato ela começou a apresentar sintomas 
psíquicos constantes, como dores no corpo, e passou anos doente; isso ocorreu porque ela se culpou 
pela sua morte, achando que ele veio à óbito porque ela não estava se dedicando a cuidar dele (esse foi 
o seu pensamento fantasioso), visto que estava de resguardo devido a gravidez. Dessa forma, ela 
começou a transferir essa culpa para a sua filha recém-nascida. 
Quando seu marido morreu, ela novamente foi julgada: as pessoas diziam que ela o havia matado; 
notícias desse cunho saíram nos jornais. Isso foi, novamente, muito traumático para Emmy, pois não 
havia quem estivesse ao seu lado. Devido a esses traumas, ela começou a fazer diversos tratamentos, 
mas seus sintomas sempre voltavam, então ela conheceu Freud e isso começou a se modificar. 
Emmy apresentava diversos sintomas que dificultavam a sua vivência e os seus afazeres. Para chegar 
a um diagnóstico e a um plano de tratamento, Freud investigou esses sintomas. Alguns deles são: 
movimentos compulsivos; sons impossíveis de serem imitados; desmaios; sustos repentinos (correlação 
com a infância); gagueira; dores gástricas; delírios; sentia-se deprimida; e tinha angústia ao pensar em 
comer e beber – essa repulsa e as dores são devido a um trauma com a mãe, em que a obrigava a 
comer um certo tipo de carne que ela odiava. Freud utilizou o método hipnótico para desvendar o motivo 
desses sintomas; a partir da hipnose que ela começou a relatar sobre sua infância. 
REFERÊNCIA: 
Seminário apresentado na FARESI para a disciplina de 
Psicanálise, coordenado por Nizanéia Matos. 
Emmy também contou sobre a fobia que apresentava de certos animais devido aos seus irmãos. 
Freud relatou que ela gritava com ele nas sessões de análise em tom de agressividade, para que 
ele não se mexesse e não tocasse nela. Ao perguntar qual o motivo desse comportamento, ela relatou 
que apresentava pensamentos muito confusos, e que, quando Freud atrapalhava a sua linha de 
raciocínio, ela ficava ainda mais angustiada e confusa. E, como na sua infância a tia a inibiu muito, 
falando para ela não gritar, no set analítico ela pôde colocar isso para fora. Além disso, quando ela estava 
pensando nos animais mortos e as pessoas se aproximavam, ela pensava que os animais iam atacá-la; 
então, seu desejo era que as pessoas ficassem quietas e não tocassem nela. Freud cria o método da 
associação livre quando Emmy pede que ele a deixe falar, porque ele compreende que o relato do 
paciente é de extrema importância para a sua melhoria. 
O termo “histeria” vem do grego e significa “útero”, porque na antiguidade a doença era 
associada apenas às mulheres – ideia que durou muitos anos. Hoje se sabe que a prevalência 
realmente é maior entre as mulheres, mas não é uma doença exclusiva do sexo feminino. Esse termo 
não era muito utilizado, usava-se “sufocação da matriz”. 
Na Idade Média diziam que as mulheres eram cúmplices do demônio; assim, elas eram vistas como 
bruxas e, por isso, apresentavam a histeria (por conta dessa cumplicidade). No Renascimento as 
mulheres deixaram de ser vistas como cúmplices, e passaram a ser vistas como vítimas do demônio, 
em que o demônio clonava sintomas de outras doenças existentes e, a partir disso, surgiam as histerias. 
No século XIX, a área médica focou os seus estudos na histeria, porque vários pacientes apareciam com 
sintomas físicos que não eram de cunho biológico. Na tentativa de entender esses sintomas, a histeria 
de fato começou a ser estudada com a Psicanálise. Freud, ao estudar com Charcot, observou que a 
hipnose era utilizada por ele e fazia os sintomas desaparecerem – esse fato intrigou Freud, porque 
ele percebeu que, se os sintomas desapareciam com a hipnose, suas causas não eram biológicas, mas 
sim, psíquicas. 
Charcot acreditava que a principal causa para a histeria era a hereditariedade, mas Freud comenta que 
tudo que seja traumático na vida de um indivíduo poderia fazer a histeria vir à tona. No fim, a conclusão 
foi que a origem dos conflitos psíquicos ocorre devido a vontade imensa que os pacientes têm de 
realizar algo, ao mesmo tempo que tentam reprimir os seus desejos, não conseguindo resolver esse 
conflito de forma satisfatória – é dessa forma que surgem os sintomas físicos. Freud também percebeu 
que os sintomas somem quando os pacientes conseguem falar sobre seus conflitos. 
REFERÊNCIA: 
Seminário apresentado na FARESI para a disciplina de 
Psicanálise, coordenado por Nizanéia Matos. 
Teoria da sedução: criada por Freud, diz que as histerias são criadas devido a traumas sexuais. Para 
ele, as histéricas teriam sido abusadas na infância. 
Teoria da fantasia: também proposta por Freud, ele compreendeu que as histerias não precisavam 
necessariamente ter origem em abusos físicos; essa origem poderia vir de fantasias que o adulto não 
consegue lidar, fantasias essas que foram reprimidas quando eles eram crianças. O adulto não consegue 
aceitar que tem essas fantasias e coloca-se no lugar de vítima, por isso ele precisa aceitar e falar sobre. 
Hoje, a histeria é vista como uma estrutura de personalidade (personalidade histérica). 
O tratamento de Freud usado com Emmy foi o método catártico, baseado na hipnose. Ele não 
acreditava que era um bom hipnotizador, porque estava no início da sua carreira. 
O método catártico tem o objetivo de buscar uma informação do passado do paciente que está 
gerando determinados sintomas, pois quando a energia é liberada (quando o paciente fala sobre suas 
angústias), os sintomas têm a tendência de desaparecer. A catarse é muito utilizada ainda hoje, mas 
também é bastante criticada, porque as informações que os pacientes trazem podem não ser reais. De 
todo modo, foi muito importante para a Psicologia da época, porque pode-se perceber a relevância do 
passado das pessoas no seu presente. 
A catarse permite que o sujeito entre em ab-reação, ou seja, que ele reviva momentos traumáticos 
para que consiga ressignificar e livrar-se dos seus traumas aos poucos. 
01 de maio: data em que ocorreu o primeiro encontro entre Emmy e Freud. Freud diz que ela tinha a 
aparência de uma pessoa mais velha e os olhos baixos. Quando ele a encontrou, ela estava um pouco 
debilitada e já havia passado por outros profissionais; dessa forma, ela já fazia uso de massagens e 
banho de luz elétrica, métodos que aliviavam os seus sintomas. Ele a convidou para ir a um SPA para 
cuidar de si. 
*Freud chamou de “fórmula protetora” o modo como Emmy falava com ele, aos gritos. 
Quando as pessoas chegavam perto dela, ela despertava alguns “tiques”, também sentia uma dor 
excessiva na perna esquerda e frio. Devido a esse fato, Freud ordena que ela passe por banho quente 
e massagem duas vezes ao dia para aliviar esses sintomas. 
REFERÊNCIA: 
Seminário apresentado na FARESI para a disciplina de 
Psicanálise, coordenadopor Nizanéia Matos. 
10 de maio: nesse dia, Freud pede que deem um banho de farelo em Emmy (água quente com farelo, 
com o objetivo de relaxar o corpo). Ele a encontra irritada e ela explica que o banho curto demais desperta 
dores nela – o banho era extremamente importante para ela. 
*Logo após o banho e as massagens, Freud sempre a encaminhava para a hipnose. Entretanto, a partir 
de determinado momento ela deixa de se sentir confortável em ser hipnotizada. Em um dia, ela fala 
livremente sobre suas questões durante uma massagem (não é coagida pela hipnose), e Freud percebe 
que ela poderia falar tanto quanto se estivesse hipnotizada. 
14 de maio: Freud a encontra bem tranquila, queixando-se apenas de dores nas mãos. Nesse dia ela 
relata seu medo da vida social, devido aos julgamentos que enfrentou quando casou e quando o marido 
morreu – ela inicia esse assunto antes da hipnose. 
15 de maio: nesse dia ela estava bastante melancólica e contando histórias desconexas. Ela relatou que 
se sentia muito melhor após desabafar. 
17 de maio: ao tomar o banho de farelo, Emmy imaginou que os farelos fossem larvas. 
18 de maio: Emmy se queixou de dores na nuca e Freud fez massagem para aliviar. 
Emmy passou um ano em um manicómio, e eles deixaram de manter um contato frequente. Freud 
achava que com essa experiência o seu caso fosse piorar bastante, mas quando ele a encontrou, ela 
não havia piorado tanto assim. Após um tempo, Freud começa a analisar a filha de Emmy, mas ela não 
se sente confortável com o diagnóstico da filha. Posteriormente eles se afastaram, e Freud relata que a 
última vez que manteve contato com ela foi em 1890. 
*Emmy apresentava sintomas físicos porque ela converteu os problemas psíquicos em problemas físicos. 
*Os banhos e as massagens traziam melhorias a curto prazo, mas Freud queria métodos que trouxessem 
melhorias por um longo período. 
*Os sustos e os medos que Emmy sentia, por exemplo, não são incomuns. Entretanto, sua situação era 
bem complicada, porque os sintomas foram agravados mediante aos traumas vividos. 
Emmy, assim como muitos pacientes, abandonou a análise quando se sentiu melhor. Porém, após a 
segunda filha dela ficar doente, muitos sintomas voltaram, e ela atribuiu a culpa deste fato a Freud e 
começou seu tratamento com outros profissionais. A verdade é que ela não gostava tanto da segunda 
filha, após a morte do marido. 
REFERÊNCIA: 
Seminário apresentado na FARESI para a disciplina de 
Psicanálise, coordenado por Nizanéia Matos.

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