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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE PSICOLOGIA Disciplina: PSICANÁLISE, teoria e técnica ATIVIDADE EM GRUPO: Leitura e análise do Caso Elizabeth (Freud 1893) Grupo 1 Vitoria Gomes Censi - 820271623 (Representante do grupo) 1. Introdução Em 1892, Freud conheceu o caso de Elisabeth através de um conhecido que era médico, que lhe pediu para examinar a jovem acreditando que fosse um caso de histeria, mesmo não havendo vestígios das indicações habituais dessa neurose. Freud, nessa época, já era reconhecido não apenas por suas pesquisas no campo da neurologia, mas, principalmente, pelo seu interesse pelas doenças nervosas e pelo tratamento pela hipnose (método catártico). Nessa época Freud já havia estudado com Charcot os seus métodos de hipnose, é também já utilizava o método de Breuer para tratar suas pacientes. Elisabeth Von R., uma moça de origem húngara, 24 anos de idade, inteligente e que aparentemente era mentalmente normal, passou por um período conturbado e de muitos infortúnios. A mais nova de três irmãs, era muito apegada aos pais - principalmente ao seu pai que a via como um filho com quem ele podia trocar ideias. Em tom brincalhão, ele a chamava de “insolente” e “convencida” e muitas vezes dizia que ela teria dificuldades em achar um marido. Ela se sentia muito descontente por ser mulher. Tinha muitos planos ambiciosos. Queria estudar e receber educação musical e ficava indignada com a ideia de ter de sacrificar suas inclinações e sua liberdade de opinião pelo casamento. Elizabeth nos últimos anos teve uma vida muito conturbada, primeiro com a morte do seu pai, que ela havia cuidado por 18 meses após sofrer de problemas cardíacos, depois pelo problema de vista de sua mãe que teve que se submeter a várias operações e depois pela morte de sua irmã por uma afecção cardíaca durante o puerpério. Quando Freud a conheceu relatou que ela tinha uma aparência muito boa diferente dos histéricos. Von R. vinha sofrendo há mais de dois anos de dores fortes nas pernas. Ela andava com a parte superior do corpo para frente, porém sem precisar de nem um apoio. Analisando que na juventude Elisabeth estava em uma fase mais alegre e completa com sua família e que neste mesmo período, repentinamente, seu pai adoeceu fazendo com a jovem desenvolvesse o papel principal junto ao leito do enfermo, quebrando assim um ciclo harmonioso, foi nesse momento que começaram à origem da doença de Elisabeth. A princípio, Freud notou que a dor exagerada de Von. R, podia ser observada por toda superfície de suas pernas e coxa direita, porém, quando a beliscava ou pressionava a pele de suas pernas ela sentia prazer, e reagia como se estivesse sentindo cócegas. Freud localizou em Elisabeth sinais de lesão no tecido muscular da coxa. Apesar dessa constatação, considerou tais lesões insuficientes para explicar o sofrimento da paciente. Com isso, Freud diagnosticou ela de sofrer de uma histeria atípica conjugada com uma afecção orgânica uma espécie mista (físico e psicológico). Assim, começou a tratar das dores - para o seu alívio - com massagens e choques. Entretanto, percebeu que ela parecia gostar muito dos choques dolorosos produzidos pelo aparelho de alta-tensão, e quanto mais fortes estes eram, mais afastava suas dores para um segundo plano. Freud utilizou esse tratamento por 4 semanas é não obteve tanto sucesso. Logo resolveu tratar Elisabeth como um caso de histeria normal. 2. Objetivo Primeiramente, Freud com seu texto evidencia um grande marco da psicanálise, no qual o caso Elisabeth mudou o caminho e seus métodos. Antes de Von. R, Freud ainda utilizava o método catártico pela hipnose, e começou a utilizar da sugestão associativa, que ao contrário da hipnose deixava a paciente consciente e com o controle total sobre o que queria contar, essa só tinha uma coerção, pressão na testa, para se lembrar dos fatos. Logo, depois de um tempo Freud passa a não fazer mais a pressão na testa e começa a utilizar somente da livre associação pela palavra que até hoje e o método fundamental na psicanálise. Em segundo lugar, Freud demonstrou com seus estudos e pesquisas do caso Elisabeth a descoberta dos sintomas não serem apenas de frutos de traumas, mas também de desejos sexuais reprimidos que são armazenados no inconsciente pelo recalque, que é uma forma de repressão moral que guarda e protege esse desejo para evitar o desprazer desses voltarem ao consciente. Outrossim, seu texto mostra que, ao reprimir um desejo, o mesmo pode se tornar um sintoma físico ao qual apenas haverá melhora quando houver a ab-reação - que nada mais é do que a descarga emocional ao qual o indivíduo se liberta ao recordar uma lembrança de uma cena patogênica. 3. Método Freud inicializou o tratamento de Elisabeth com o método catártico através da hipnose, no entanto ela se mostrou refratária à hipnose, ela protestava para Freud: “Não estou dormindo, sabe; não posso ser hipnotizada”. Assim, Von. R pediu para que Freud a deixasse falar. Em segundo plano, Freud abandonou a hipnose e começou a usar o método de sugestão. Onde, fazia uma pressão na testa de Elisabeth e sugeria que se deitasse e contasse livremente o que vinha em sua mente, assim ele anotava cuidadosamente os pontos que ela falava. Por um bom tempo Freud utilizou da sugestão associativa, mais depois verificou que não precisava mais fazer a pressão na testa de Von. R para ela se lembrar, ele assim começou só a sugerir por palavra através da livre associação, onde deixava a paciente o guiar sem nem uma coerção. Por fim, esse tratamento da livre associação fez grande efeito e foi por ele que Freud conseguiu chegar ao centro do problema de Elisabeth. Freud abandonou o método catártico através da hipnose primeiramente porque não fazia efeito em Elisabeth. Em segundo lugar, Freud já não via a hipnose como um bom método, ela sempre deixava a paciente à mercê do terapeuta e também deixava ela inconsciente, assim começou a deixar Elisabeth livre para falar como a própria pediu, estando essa consciente, no qual iniciou com o método da sugestão, através da pressão na testa, depois migrou para a livre associação sem nem uma forma de coerção. 4. Resultado Ao entrar em um estado mais profundo durante a pressão na testa, o primeiro pensamento de Elisabeth Von R. foi a lembrança de um rapaz por quem se apaixonou no período em que seu pai estava doente. Devido ao estado de seu pai, ela renunciou esse amor - aparecendo um conflito interno, surgindo a dor nas pernas. A paciente identificou o porquê das suas dores em um determinado ponto da coxa direita: era justamente o lugar onde todas as manhãs seu pai repousava sua perna para troca de curativo. Após o período de ab-reação, o estado da paciente melhorou, porém ainda não havia sido curada. Freud notava que a lembrança central (cena patogênica), por trás de seus sintomas permanecia obscura, notou que existia uma espécie de barreira no seu inconsciente que impedia dessa lembrança ser relembrada, assim denominou essa barreira como recalque, um segurança moral que protegia. Depois de um tempo de tratamento Elisabeth começa a confiar em Freud e assim através da transferência ela acaba levando ele até a central dos seus sintomas. Assim, durante uma sessão, a paciente pediu a Freud para sair porque tinha ouvido seu cunhado chamando-a do lado de fora. Ao voltar, após essa interrupção, sentiu novamente dores violentas nas pernas, e Freud decidiu ir até o fim desse enigma. A chegada do cunhado fez com que a paciente lembrasse que suas dores remontavam à morte de sua irmã, e que um pensamento inconfessável lhe atravessava o espírito ao entrar no quarto onde jazia a morta: a ideia de que a morte de sua irmã deixava seu cunhado livre, e que agora poderia casa com ele. Mas o amor por seu cunhado se chocava com sua consciência moral, e por isso ela tinha “reprimido” fora de sua consciênciaessa ideia intolerável. E assim se produziu o mecanismo de conversão: “ela tinha produzido dores por uma conversão bem-sucedida do psíquico em somático”. O efeito dessa tomada de consciência teve como resultado a cura definitiva, o que Freud pôde confirmar um ano depois ao vê-la dançando em um baile e casada. Porém Elisabeth sofreu muito com a revelação do seu amor pelo cunhado, chegou até a brigar com Freud e levou um tempo para aceitar essa ideia em sua mente, e foi aí que ela foi curada por definitivo. Esse resultado teve grande avanço nos casos de histeria, provando para Freud que toda conversão histérica (sintoma) está ligada a cenas patogênicas de desejos sexuais ou traumas que aconteciam durante a infância. 5. Conclusão A utilização da sugestão associativa e a descoberta da livre associação com o caso Elisabeth trouxe para Freud um grande marco nos seus estudos , esse já não estava mais gostando de utilizar o método catártico pela hipnose , sentia que era errado esse poder do hipnotizador sobre a paciente , onde deixava ela a mercê somente da sugestão é também inconsciente como se estive em um estado sonâmbulo ,então o abandono do método catártico teve uma grande evolução nos estudos de Freud , esse já não dependia da sorte se a paciente iria entrar em hipnose ou não . Para a psicanálise, o método de associação livre descoberto com Elisabeth e até hoje o método principal, então foi o marco do início da psicanálise. Ademais, Freud fez uma outra grande descoberta para a psicanálise com o caso Elisabeth, no qual uma força reprimia a cena patogênica de chegar ao seu nível consciente, então ao terminar toda a cessão, esse fenômeno ficou conhecido pelo médico como "recalque", uma resistência da lembrança de voltar ao consciente. Esse também notou que a histeria não está relacionada apenas a traumas, mas também a desejos sexuais reprimidos. Logo essa resistência, ocorria por conta das normas morais do consciente que não permitiam esses desejos sombrios de serem revelados. O recalque evita o desprazer que esse indivíduo teria de se recordar dos seus piores desejos e traumas, uma forma de proteção psíquica - como foi o caso de sua paciente, Elisabeth, que tinha um desejo pelo seu cunhado e ao reprimir no seu consciente ficou com traumas físicos de histeria. O caso também fez com que Freud entendesse e desenvolvesse, por exemplo, o que era a zona heterogênea atípica, ampliar a visão a respeito da histeria e como ela divide a consciência. O caso, também, trouxe mais lucidez a respeito dos mecanismos de conversão. 6. Considerações finais do grupo O caso de Elizabeth teve grande avanço no conhecimento do grupo, onde compreendemos a importância da mudança do tratamento de Elisabeth, em que o surgimento da livre associação e o abandono da hipnose, foi o marco inicial da psicanálise, onde a livre associação é, até hoje, utilizada como método fundamental. Entendemos também que os sintomas de histeria não surgem apenas por um trauma, mas também por desejos sexuais reprimidos que são afastados do nosso consciente e colocados no inconsciente por uma força repressora moral, o recalque - que afasta tudo que pode gerar um desprazer e ir contra nossos ensinamentos, uma espécie de segurança psíquico que protege nosso eu. Que foi o caso de Von. R, onde o recalque reprimia seus desejos pelo cunhado para evitar um desprazer e Freud só conseguiu chegar no seu nível maior de proteção psíquica através da sugestão na testa que pedia que essa falasse livremente pela livre associação das ideias. Esse novo método de deixar a paciente falar foi fundamental para o desenvolvimento da psicanálise.
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