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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICA DO TOCANTINS MEDICINA VETERINÁRIA Átila Bonfim Ferreira Cavalcante RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO- RELATO DE CASO MELANOMA METASTÁTICO, EM PACIENTE FELINA. Palmas, TO. 2021 Átila Bonfim Ferreira Cavalcante RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO- RELATO DE CASO MELANOMA METASTÁTICO, EM PACIENTE FELINA. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao curso bacharelado em Ciências da Medicina Veterinária, do Centro Universitário Católica do Tocantins, em comprimento as exigências do grau de Bacharel em ciências da medicina veterinária. Professor Orientador (a): Dra. Karina Perehouskei Albuquerque Salgado. Palmas - TO 2021 DEDICATÓRIA Gostaria de dedicar esse trabalho ao meu avô Adonias Cavalcante de Oliveira (In memorian) do qual guardo boas lembranças e uma referência familiar latente em meus pensamentos. Dedico esse trabalho a todos os meus cães Magali, Pelé, Mixirica, Neguinha, Chicó, Nicole e Mel, fiéis companheiros em casa que acompanham meus momentos de estudos e serviram de inspiração para o curso de veterinária. Dedico esse trabalho a Nossa Senhora da Abadia que sempre me deu forças e sempre esteve comigo nessa árdua caminhada ao longo dos cinco anos de graduação, onde a fé foi um dos elementos importantes nessa empreitada acadêmica na defesa dos perigos e na minha proteção divina. . AGRADECIMENTOS À Deus por sempre estar comigo, sempre me abençoando com saúde, amor, paz e esperança, com gratidão por tudo em minha vida e sempre trazendo esperança por dias melhores. Aos meus pais Adonias Rodrigues Cavalcante (In memorian) e Zulmira De Fátima Ferreira Cavalcante A minha namorada Dayanna Pires Albino que sempre me apoiou e esteve comigo. A professora Karina Perehouskei Albuquerque Salgado que aceitou o convite de ser minha orientadora, por me conduzir na produção deste trabalho, sempre com amor e carinho. A professora Obede Rodrigues Ferreira que sempre me ajudou tanto na vida acadêmica quanto na vida pessoal, sempre demonstra ser atenciosa com seus alunos. EPÍGRAFE “A Medicina Veterinária é uma das ciências mais belas que existem, ela tem como missão cuidar da humanidade”. (Rodrigo Antônio Torres Matos) LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1- FACHADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA UNICATÓLICA CAMPUS II. ......................... 12 FIGURA 2- RECEPÇÃO DA CLÍNICA UNICATÓLICA, CAMPUS II........................................... 13 FIGURA 3- BALANÇAS DIGITAIS DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. .............................. 14 FIGURA 4- AMBULATÓRIO DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. ...................................... 14 FIGURA 5- SALA DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. ...... 15 FIGURA 6- CORREDOR DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. .......................................... 15 FIGURA 7- FARMÁCIA DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. ............................................ 16 FIGURA 8- ESTOQUE DE MEDICAÇÕES DA FARMÁCIA DA UNICATÓLICA CAMPUS II. ............ 16 FIGURA 9- CANIL DA CLÍNICA UNICATÓLICA, CAMPUS II. .................................................. 17 FIGURA 10- GATIL DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. ................................................. 17 FIGURA 11- LABORATÓRIO PARA ANÁLISE DE AMOSTRAS DA UNICATÓLICA CAMPUS II. ....... 18 FIGURA 12- LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA CAMPUS II UNICATÓLICA. ........................................................................................................................... 18 FIGURA 13- SALA DE PARAMENTARÃO DA UNICATÓLICA CAMPUS II. ................................. 19 FIGURA 14- CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA UNICATÓLICA CAMPUS II. ............................ 20 FIGURA 15-(A) IMAGEM ULTRASSONOGRÁFICA EM MODO A DO OE (OLHO ESQUERDO) COM SETAS INDICANDO AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS, EM LARANJA INDICA A CÂMARA ANTERIOR, EM VERDE INDICA A CÂMARA VÍTREA, EM AMARELO A CÂMARA POSTERIOR (RETINA, ESCLERA E COROIDE).(B) IMAGEM ULTRASSONOGRÁFICA EM MODO A DO OD (OLHO DIREITO) COM SETAS INDICANDO AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS, EM LARANJA INDICA A CÂMARA ANTERIOR, EM VERDE INDICA A LENTE, EM VERMELHO INDICA PRESENÇA DE MASSA NÃO IDENTIFICADA, EM AMARELO A CÂMARA POSTERIOR (RETINA, ESCLERA E COROIDE) ............................................................................................ 41 FIGURA 16-TRICOTOMIA PERIORBITAL NA ÓRBITA DIREITA. .............................................. 43 FIGURA 17-ISOLAMENTO DO CAMPO CIRÚRGICO. ............................................................ 43 FIGURA 18-INCISÃO SUPERFICIAL PARA DELIMITAR AS MARGENS. ..................................... 44 FIGURA 19-DIVULSÃO CUIDADOSA DOS TECIDOS. ........................................................... 44 FIGURA 20-PINÇAMENTO DO NERVO ÓPTICO E DOS VASOS SANGUÍNEOS. .......................... 45 FIGURA 21-REMOÇÃO DO GLOBO OCULAR ACOMETIDO. .................................................. 45 FIGURA 22-LIGADURA DOS VASOS SANGUÍNEOS. ............................................................ 46 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130422 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130423 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130424 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130425 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130426 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130427 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130428 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130429 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130430 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130431 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130432 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130433 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130433 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130434 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130435 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130436 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130437 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130438 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130439 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130440 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130441 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130442 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130443 FIGURA 23-INÍCIO DA SÍNTESE DOS TECIDOS INTRAORBITAIS REMANESCENTES. ................. 47 FIGURA 24-SÍNTESE DE PELE. .......................................................................................47 FIGURA 25-GLOBO OCULAR ACOMETIDO ENCAMINHADO PARA HISTOPATOLÓGICO. ............ 48 FIGURA 26-IMAGEM MICROSCÓPICA DA PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA DE LINFONODO SUBMANDIBULAR ESQUERDO, EM FELINA, CORADA EM MAY GRUNWALD/GIENSA, UTILIZADA A OBJETIVA DE 100X, APRESENTANDO ANISOCARIOSE (SETAS PRETAS), CÉLULAS BINUCLEADAS (SETAS BRANCAS). .................................... 51 FIGURA 27-IMAGEM MICROSCÓPICA DA PUNÇÃO DE LINFONODO SUBMANDIBULAR ESQUERDO, EM FELINA, CORADA EM MAY GRUNWALD/GIENSA, UTILIZADA A OBJETIVA DE 100X, APRESENTANDO CÉLULA COM GRÂNULOS CITOPLASMÁTICOS INTENSAMENTE CORADOS (SETA BRANCA) E ANISOCITOSE (SETAS PRETAS). .................................................... 51 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130445 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130446 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130447 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130447 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130447 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130447 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130448 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130448 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130448 file:///C:/Users/Edilma/Desktop/TCC-Átila-Revisado%2011-12.docx%23_Toc90130448 LISTA DE TABELAS TABELA 1- REPRESENTAÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO. ........................................................................................... 24 TABELA 2- REPRESENTAÇÃO EM TABELA DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS DURANTE O ESTÁGIO. ............................................................................................ 25 TABELA 3- REPRESENTAÇÃO EM TABELA DOS PRINCIPAIS EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO. ................................................................... 25 TABELA 4- RESULTADO DE’’ HEMOGRAMA COMPLETO. .................................................... 39 TABELA 5- SERIE BRANCA. .......................................................................................... 39 TABELA 6- RESULTADO PLAQUETÁRIO. ......................................................................... 40 TABELA 7- RESULTADO DE EXAME LABORATORIAL - EXAME BIOQUÍMICOS. ....................... 40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALT- Alamina Amino Trans Ferase AST- Asparato Amino Transferase BID- 2 vezes ao dia BPM - Batimentos por minuto OD – Olho esquerdo OE – Olho direito SID- 1 vez ao dia SRD- Sem Raça Definida SGV – Sistema de gestão veterinária TID- 3 Vezes ao dia TPC - Tempo de preenchimento capilar Unicatolica - Centro Universitário Católica do Tocantins MmHg- Milímetros de mercúrio Sumário CAPÍTULO 1- DESCRIÇÃO DE ESTÁGIO .................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11 2 DESCRIÇÃO GERAL DOS LOCAL DE ESTÁGIO ..................................... 12 2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ........................................................... 20 3 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO 21 3.1 CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS – ATENDIMENTO CLÍNICO ...... 21 3.2 INTERNAÇÕES ........................................................................................ 22 3.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS .......................................................... 23 3.4 TABELA DE CASUÍSTICA CLÍNICA MÉDICA E CIRURGIA DE CÃES E GATOS ...................................................................................................................... 23 CAPÍTULO 2 – RELATO DE CASO DE MELANOMA METASTÁTICO EM PACIENTE FELINA .................................................................................................. 26 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 26 1.1 NEOPLASIA ............................................................................................. 26 1.2 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE ................................................. 27 1.3 MELANOMA ............................................................................................. 28 1.3.1 Etiologia ................................................................................................ 28 1.3.2 Epidemiologia ...................................................................................... 29 1.3.3 Comportamento Biológico .................................................................. 30 1.3.4 Sinais clínicos e diagnóstico .............................................................. 31 1.3.5 Aspectos Macroscópicos e histológicos ........................................... 32 1.3.6 Tratamento e Prognóstico .................................................................. 33 1.3.7 Quimioterápicos................................................................................... 34 1.3.7.1 Cisplatina ........................................................................................... 35 1.3.7.2 Carboplatina ...................................................................................... 36 2 RELATO DE CASO DE INTERESSE.......................................................... 37 2.1 RESUMO .................................................................................................. 37 2.2 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 37 2.3 DESCRIÇÃO DO CASO ........................................................................... 38 2.3.1 Identificação do Paciente .................................................................... 38 2.3.2 Exame Físico ........................................................................................ 38 2.3.3 Exames Laboratoriais .......................................................................... 39 2.3.4 Exame de Imagem- Ultrassonografia ................................................. 40 2.3.5 Tratamento Clínico .............................................................................. 41 2.3.6 Introdução ao procedimento cirúrgico .............................................. 42 2.3.7 Descrição de procedimento Cirúrgico ............................................... 42 2.3.8 Pós-Operatório ..................................................................................... 48 2.3.9 Descrição do exame histopatológico ................................................. 49 2.3.9.1 Histórico .............................................................................................. 49 2.3.10 Exame Citopatológico ....................................................................... 50 2.4 DISCUSSÃO ............................................................................................. 52 2.5 CONCLUSÃO ........................................................................................... 54 3 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 55 CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÃO FINAL ...................................................... 58 11 CAPÍTULO 1- DESCRIÇÃO DE ESTÁGIO 1 INTRODUÇÃO O relatório de estágio curricular supervisionado é uma das etapas finais da jornada acadêmica, e faz parte das exigências para a aprovação e conclusão da graduação como Médico Veterinário. Sendo uma oportunidade fundamental para adquirir conhecimentos teóricos e práticos, temos a chance de realizar estudos combase em autores, e contextualizar com a prática através do uso do laboratório e pesquisa prática, vivenciando, experiências enriquecedoras para a formação e futuro exercício da profissão, com carga horária de 400 horas sob supervisão de Médicos Veterinários. As áreas pretendidas para a realização do estágio foram a Clínica e Cirurgia de pequenos animais por ser a área de maior identificação pessoal e planejamento para seguir carreira profissional. Este trabalho foi desenvolvido na Clínica Veterinária da UniCatólica, Campus II, localizada na Rodovia TO-050 lote 7 s/n, loteamento Coqueirinho, localizada na cidade de Palmas, Tocantins, Brasil. Estágio foi escolhido por opção e afinidade do acadêmico ao qual teve interesse para progredir seu conhecimento em uma área de afinidade pessoal que é a clínica e a cirurgia de pequenos animais, além dar continuidade com o aprendizado com seus professores. O mesmo teve a supervisão da médica veterinária Simone Vieira Castro CRMV-TO 1798. O estágio supervisionado ocorreu entre os dias 09/08/2021 a 30/10/2021, de segunda-feira a sexta-feira das 08:00-12:00 com retorno as 14:00-18:00 horas, com intervalo de duas horas para o almoço. O trabalho será descrito em duas etapas, onde na primeira parte será relatado o estágio com as fotos da sua estrutura e atividades realizadas pelo acadêmico. Já na segunda parte será relatado o caso acompanhando pelo acadêmico, a qual irá descrever um paciente felino diagnosticado com melanoma e houve a necessidade de uma intervenção cirúrgica. 12 2 DESCRIÇÃO GERAL DOS LOCAL DE ESTÁGIO 2.1 ESTRUTURA FÍSICA A sua infraestrutura é composta por uma sala de recepção, quatro ambulatórios, dois laboratórios (laboratório 01 e laboratório 02), vestiários, banheiros, uma sala de exames de imagem, sala anexa para interpretação de imagens, farmácia veterinária, sala de esterilização, uma lavanderia, um laboratório de reprodução, duas salas de preparação dos pacientes para procedimentos cirúrgicos, sala para degermação, dois centros cirúrgicos de pequenos animais, um centro cirúrgico de grandes animais e na parte externa dois anfiteatros. A fachada da Clínica Veterinária UniCatólica possui um amplo acesso com possibilidade de estacionamento, e está no momento passando por pequenos reparos e melhorias para melhor atender ao público (figura 1). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 1- Fachada da Clínica Veterinária UniCatólica Campus II. 13 A recepção é a parte responsável pelo agendamento de consultas e cirurgias, inicialmente quando o paciente chega, são concedidas informações prévias sobre o funcionamento e tipos de atendimentos realizados. A recepção possui dois guichês com computadores e mesa de escritório, bancada com armários embutidos, bebedouro e conta atualmente com três cadeiras para espera devido aos protocolos de prevenção a Covid-19 que prevê o distanciamento social e o menor fluxo de pessoas num mesmo ambiente (figura 2). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. As balanças digitais fazem parte da primeira etapa de triagem dos pacientes que são atendidos na clínica e são utilizadas para pesagem dos animais de pequeno e médio porte. Uma das balanças possui capacidade para suportar até 300 kg (quilogramas) e a outra com capacidade para suportar até 200 kg (quilogramas). O espaço possui ventilação e boa iluminação e sua estrutura de piso permite que os animais não escorreguem, pois, o piso é rústico favorecendo dessa forma o manuseio com animais de pequeno e médio porte no processo de anamnese onde os animais precisam ser pesados e registrado (figura 3). Figura 2- Recepção da Clínica UniCatólica, Campus II. 14 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. É composta por quatro ambulatórios, dois deles são utilizados para consultas dermatológicas, oftalmológicas e neurológicas adaptados com vidros escuros revestidos por uma película de insulfilm, no entanto, todos são dispostos de uma pia com armário embutido, dentro do armário fica armazenado gazes, algodão e entre outros materiais de auxílio clínico geral, como também estão presentes utensílios como mordaças e focinheiras para serem usadas, caso haja necessidade para segurança no atendimento (figura 4). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 3- Balanças digitais da Clínica UniCatólica Campus II. Figura 4- Ambulatório da Clínica UniCatólica Campus II. 15 A sala de diagnóstico por Imagem atualmente conta com computadores, mesa de escritório, armário para materiais, aparelhos de radiografia, ultrassonografia, endoscopia para pequenos e grandes animais, conta com equipamentos de proteção individual como óculos, luvas e coletes plumbíferos e proteção coletiva. A sala de diagnóstico ainda conta com três salas, sendo elas de imagem, resolução e interpretação para laudos. Possui ainda, pia para higienização das mãos e boa iluminação que possibilita a realização dos exames de imagens (Figura 5). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. O corredor da Clínica Unicatólica é amplo, onde a circulação de pessoas é permitida somente para funcionários e colaboradores e permite acesso aos canis (internação e de internação de doenças infecciosas) e aos gatis (internação e internação de doenças infecciosas), assim como também permite acesso ao laboratório de reprodução e vestiários dos centros cirúrgicos. Portanto possui acesso restrito e com identificação prévia na recepção (figura 6). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 5- Sala de Diagnóstico por imagem da Clínica UniCatólica Campus II. Figura 6- Corredor da Clínica UniCatólica Campus II. 16 Conta com uma farmácia veterinária localizada no corredor, que permite acesso aos canis, gatis, laboratório de reprodução e aos vestiários, os medicamentos são armazenados em armários embutidos, em um armário de ferro e vidro, e as vacinas são armazenados em freezer sob refrigeração seguindo as recomendações dos fabricantes, também conta com utensílios como mordaças, focinheiras e máquina para tricotomia (figura 7). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. A sala de estoque de medicamentos e utensílios faz parte de um anexo da farmácia, porém com acesso restrito. O controle de entrada e saída de medicamentos é feito através do sistema SGV (figura 8). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 7- Farmácia da Clínica UniCatólica Campus II. Figura 8- Estoque de medicações da farmácia da UniCatólica Campus II. 17 A estrutura possui dois canis sendo um deles utilizado para internação geral de paciente e outro para pacientes com doenças infecciosas. A sua estrutura dispõe de gaiolas de aço inoxidável com capacidade para cães de pequeno, médio e grande porte, com uma pia e um armário embutido e dentro há materiais de auxílio clínico geral (figura 9). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Conta com dois gatis sendo um deles utilizado para internação geral de paciente, e outro para animais com doenças infecciosas, a sua estrutura dispõe de gaiolas de aço inoxidável com capacidade para gatos, com uma pia e um armário embutido e dentro há materiais de auxílio clínico geral (figura 10). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 9- Canil da clínica UniCatólica, Campus II. Figura 10- Gatil da clínica UniCatólica Campus II. 18 Além de dois laboratórios para análises de amostras sendo um dos laboratórios para exames de rotina e o outro para materiais contaminados (microbiologia e parasitologia). São realizadas as análises das amostras após a coleta nos ambulatórios, compostopor microscópio óptico em bancadas de mármore com cadeiras, aparelhos para a realização de hemograma e exames bioquímicos (figura 11). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Eles possuem informativos de normas de biossegurança e referentes a equipamentos de proteção individual e coletiva para utilizar. Bancadas para análise de materiais contaminados, duas geladeiras para conservação de amostras, estufas bacteriológicas e fúngicas, destiladores, centrífugas (figura 12). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figura 11- Laboratório para análise de amostras da Unicatólica Campus II. Figura 12- Laboratório de microbiologia e parasitologia campus II UniCatólica. 19 A sala de paramentação está localizada após os vestiários, contêm pias de aço inoxidável adaptada para degermação das mãos, soluções antissépticas, contém armários embutidos com identificação dos materiais, como panos de campo (tamanhos diferentes), caixas cirúrgicas de cirurgia geral, orquiectomia, ovário histerectomia, ortopédicas, oftalmológicas entre outras, essa sala possui acesso aos dois centros cirúrgicos de pequenos animais e ao centro cirúrgico e aos vestiários que precedem esse ambiente (figura 13). Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Os dois centros cirúrgicos de pequenos animais apresentam a mesma estrutura física, existem duas entradas sendo uma delas após o preparo do paciente a outra entrada que está ligada a sala de paramentação. Esta estrutura dispõe de duas mesas cirúrgicas veterinárias com foco manual, duas mesas de inox, um armário de madeira para materiais e um armário de ferro com vidro e prateleiras para materiais, aparelho para anestesia inalatória e monitor veterinário de parâmetros vitais (figura 14). Figura 13- Sala de paramentarão da UniCatólica campus II. 20 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. 2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A Clínica Veterinária Unicatólica está aberta para atendimento nos horários comerciais sendo das 8:00 horas às 12:00 horas e das 14:00 horas às 18:00 horas. Os serviços prestados pela Clínica são consultas, cirurgias e internações (diurno). Eles são realizados após agendamento prévio seguindo os protocolos de prevenção a COVID-19, exceto emergências que o animal é encaminhado e atendido imediatamente. Inicia-se na recepção, onde é realizado o cadastro do paciente por um colaborador, o tutor fornece os dados referentes ao mesmo, é realizada a pesagem do paciente e posteriormente encaminhado ao ambulatório para a consulta, sendo realizado a anamnese com o proprietário, o exame físico geral do animal (avaliação dos parâmetros vitais), o Médico Veterinário (a) define a conduta a ser seguida, quando necessário, recomendam-se exames complementares, internação ou procedimentos cirúrgicos. As cirurgias são agendadas conforme a necessidade e a agenda da clínica, mediante autorização do tutor, aceitando os termos e condições para a sua realização. Sendo repassadas todas as informações necessárias como a importância do jejum hídrico e alimentar. Figura 14- Centro cirúrgico da Clínica UniCatólica campus II. 21 3 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO As atividades realizadas pelo acadêmico sob a supervisão da médica veterinária Simone Vieira Castro foram as seguintes: Atendimento Clínico, internações, procedimentos cirúrgicos, tabela de casuística clínica e cirurgia de cães e gatos. 3.1 CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS – ATENDIMENTO CLÍNICO As consultas eram realizadas após o cadastro na recepção e a pesagem do paciente. O Médico (a) Veterinário(a) realizava uma detalhada anamnese com tutor a fim de saber o histórico do animal, quais as patologias diagnosticadas, tratamentos e intercorrências no mesmo. O estagiário presente realizava o acompanhamento da anamnese, sem intervir com falas ou perguntas. Na realização do exame físico geral era feita a inspeção do paciente, auscultação cardíaca e respiratória, palpação torácica e abdominal, palpação de linfonodos, aferição de temperatura, verificação de coloração de mucosas, inspeção do pavilhão auricular, tempo de preenchimento capilar (TPC) e turgor cutâneo. O estagiário presente auxiliava na realização do exame físico geral. Quando visto a necessidade eram realizados exames complementares: a colheita do material como sangue, urina, fragmentos de pele após raspagem para a realização do exame. A coleta era realizada pelo estagiário e o mesmo também auxiliava o profissional responsável pelo atendimento. O laboratório da clínica responsável pela realização de tais exames pode demorar até 3 dias para a emissão dos laudos e dos resultados dos exames, podendo variar de acordo com exame ou qual a necessidade dele. 3.1.1 Exames Complementares (Laboratoriais e Imagem) Os exames laboratoriais mais solicitados na rotina da Clínica UniCatólica são o hemograma e os Bioquímicos (ALT, AST, Ureia, Creatinina, Glicose, Fosfatase alcalina, Triglicérides, Albumina), sendo esses realizados após da coleta de sangue. Para a realização do hemograma eram coletados 0,5 (mini tubo EDTA) a 1,0 ml (tubo de tamanho padrão) de sangue através da veia jugular, cefálica ou safena a depender do animal e do comportamento do paciente. 22 Quanto a realização do bioquímico era realizada a coleta de cerca de 1,0 ml (tubo vermelho) de sangue através da veia jugular, cefálica ou safena que após a coleta era repassado para o laboratório e então, ser centrifugado com o intuito de obter o soro sanguíneo que posteriormente seria realizado na máquina Cobas C111 para análise da amostra. Os exames de imagem mais requisitados no período do estágio foram: radiografia e ultrassonografia, nos quais o estagiário participou diversas vezes e realizava a contenção do paciente para a execução do exame. 3.2 INTERNAÇÕES Os pacientes atendidos vistos quando necessária à realização de internação, eram encaminhados para canis e gatis, seja internação geral ou quando acometidos por alguma enfermidade infecciosa estes eram levados para o setor específico de infectologia do Canil e gatil. Os períodos compreendidos para internação são matutinos e vespertinos. Esses animais demonstravam necessidades de um tratamento com maior atenção. A maioria dos casos clínicos acompanhados e monitorados durante a internação permaneciam em fluidoterapia e sob administração de medicações com horários marcados, dose a ser administrada e a via de administração, assim como também a realização de curativos. As mesmas atividades estavam autorizadas serem executadas pelo estagiário com instrução do Médico veterinário responsável. Os pacientes eram monitorados com aferição de parâmetros vitais. Conforme a necessidade apresentada poderia ser feita várias vezes ao dia, sendo realizada a auscultação da frequência cardíaca e respiratória, coloração de mucosas, turgor cutâneo, temperatura corporal, assim como, também, notificar caso tenha observado alteração como vômitos e diarreias. Quando necessário era realizado a colocação de água e ração. Também foram realizadas tarefas organizacionais como a limpeza das gaiolas e a organização de materiais e utensílios nos armários. 23 3.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS Os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos necessitavam de condições básicas de saúde para as cirurgias, por isso, a realização de exames pré- operatórios, para garantir a segurança das cirurgias, após a autorização do tutor e/ou responsável. Os animais eram encaminhados para a sala de preparação e em seguida se realizava a tricotomia e o acesso venoso do paciente e a administração da medicação pré-anestésica (MPA). O estagiário auxiliava na contenção do paciente e quando permitido fazia a fixação parao acesso venoso. Os protocolos anestésicos adotados na Clínica são particulares para cada procedimento, e para cada paciente, respeitando as diferenças entre fármacos para cães e felinos. O aluno também participou de cirurgias desempenhando diferentes atribuições como auxiliar participando diretamente da cirurgia e da equipe estéril e volante abrindo materiais cirúrgicos para que não ocorresse contaminação. Nesse sentido, dava suporte com o que lhe fosse requisitado, assim como também auxiliava na degermação para as cirurgias, e, devidamente autorizado, realizava a administração das medicações (antibióticos e anti-inflamatórios), quando supervisionado por um Médico (a) veterinário (a). As atividades referentes à organização do centro cirúrgico também foram realizadas para manter os equipamentos sempre dispostos em seus lugares, limpeza do ambiente e recolhimento de materiais para descarte e para esterilização realizados pelo mesmo. O estagiário realizava o monitoramento de pacientes no pós-operatório, com fichas com identificação e com parâmetros vitais sendo verificados continuamente. O mesmo foi supervisionado pela médica veterinária Simone Vieira Castro, mas pode acompanhar outros médicos veterinários na clínica da UniCatólica em suas rotinas e procedimentos. 3.4 TABELA DE CASUÍSTICA CLÍNICA MÉDICA E CIRURGIA DE CÃES E GATOS Foram acompanhados 260 procedimentos durante o estágio curricular supervisionado, sendo estes divididos em 64 consultas (24,6%), 32 procedimentos cirúrgicos (12,3%) e 164 exames complementares (63,1%). 24 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. As cirurgias mais acompanhadas durante o estágio curricular supervisionado foram as castrações eletivas em caninos e felinos machos e fêmeas (Tabela 1). Tabela 1- Representação de procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o período de estágio. Procedimentos Cirúrgicos Quantidade Ovario salpingo histerectomia 15 Orquiectomia 9 Sepultamento da terceira pálpebra 1 Exérese de tumores 2 Exenteração/Enucleação 1 Cistectomia parcial 1 Mastectomia 2 Tartarectomia 1 TOTAL 32 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Figure 1- Gráfico que demonstra as espécies atendidas durante os dias 09/08/2021 a 30/10/2021. 25 As principais patologias estão representadas abaixo, sendo as hemoparasitoses com maior ocorrência seguida pela Hiperplasia endometrial cística (piometra) e em seguida pelo criptorquidismo. Tabela 2- Principais patologias diagnosticadas durante o período de 09/08/2021 a 30/10/2021. Principais Patologias Quantidade Hemoparasitoses 15 Hiperplasia Endometrial Cística 4 Criptorquidismo 3 Tumor venéreo transmissível TVT 1 Glaucoma 1 Úlcera de córnea 2 Leishmaniose visceral canina 2 Lipoma 1 Mucocele 1 Gastroenterites 2 Melanoma 1 Doença renal crônica 1 Outros (Diagnóstico inconclusivo/sem conclusão) 10 TOTAL 44 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Tabela 3- Principais exames complementares acompanhados durante o período de 09/08/2021 a 30/10/2021. Exames Complementares Quantidade Hemograma 60 Bioquímicos (variados) 55 Ultrassonografia 7 Radiografia 3 Citologia vaginal 2 Citopatológico 2 4 Dx plus 15 Urinálise 4 Teste rápido de leishmaniose 7 Teste de fluoresceína 5 Teste de Schirmer 4 TOTAL 164 Fonte: Acervo Pessoal, 2021. 26 Dentre os exames complementares o hemograma teve maior ocorrência, seguido pelo bioquímico, sendo exames de triagem de castração (orquiectomia e ovário salpingo histerectomia) e para a avaliação complementar do paciente. CAPÍTULO 2 – RELATO DE CASO DE MELANOMA METASTÁTICO EM PACIENTE FELINA 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 NEOPLASIA A Neoplasia é definida como uma proliferação desordenada celular no organismo, dessa forma, desenvolve-se uma massa anormal de tecido, suas classificações são definidas em benigna ou maligna (INCA, 2011). A benigna normalmente cresce de forma lenta bem ordenada e possui limites fixos e definidos, a maligna por outro lado pode ser definida como câncer, e normalmente possui um crescimento mais rápido as células acabam se tornando “agressivas” e não conseguem diferenciar e acabam por invadir tecidos vizinhos e “aliados” (MARQUES, 2017; SANTOS, 2021). Sua origem pode ser em virtude a fatores ambientais ou genéticos, o tratamento é determinado pelo Médico ou Médico Veterinário legal, que levará em consideração seu tipo (maligna ou benigna) e a condição clínica do paciente. As células normais que juntas formam os tecidos do corpo animal possuem a capacidade de se multiplicarem através de um processo natural e incessante. Devido a esse fator a proliferação das células não irá representar a presença de uma neoplasia maligna, podendo apenas responder a necessidades do corpo animal (SILVA, 2013). A reprodução das células pode ser controlada ou não, com sistema controlado, ocorre o aumento localizado das células de tecidos normais, e por conta disso, são formados organismos podendo ocorrer pequenas alterações na sua forma e função, 27 mas nada que seja muito prejudicial ao corpo animal, o efeito que gerou tal ato é reversível e acontece após o término dos estímulos responsáveis por os provocarem. Existe também o crescimento celular controlado tendo como exemplo a hiperplasia e a metaplasia (INCA, 2011; SANTOS, 2021). Quando ocorre o crescimento desordenado das células, é denominado neoplasia, que também pode ser descrita como um tumor, levando à uma formação de massa anormal de tecido, ou seja, nas neoplasias, as células sofrem alterações e seu crescimento passa a ser desordenado (MARQUES, 2017). 1.2 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE A pele e composta por três camadas de tecidos, a epiderme (camada superior) a camada intermediária denominada derme ou cório, e a hipoderme também conhecida como camada profunda ou tecido celular subcutâneo (HOEHN, 2009). Este é responsável por compor todo o revestimento da superfície animal, sendo o maior órgão do corpo, posteriormente com as membranas mucosas também, nas quais são responsáveis por revestir o sistema respiratório, digestório e urogenital (HOEHN, 2009). O ectoderma da origem ao desenvolvimento da epiderme, já a derme tem origem no mesoderma (KRISTENSEN, 1975). A formação da epiderme em fetos tem início com a formação de células epiteliais cúbicas, porém conforme essas células aumentam ocorre a estratificação (BANKS 1992). Os melanócitos e as células de Langerhans também formam a epiderme, originam-se da crista neural e da medula óssea (MONTEIRO-RIVIERE et al. 1993). Com o desenvolvimento do feto, esse tecido passa por maturação formando a derme no recém-nascido, o amadurecimento dérmico tem também o aumento da espessura e de fibras colágenas, gradualmente ocorre a substituição do colágeno tipo III pelo colágeno tipo I (SCOTT et al. 2001). A cor da pele é definida pela junção de alguns fatores podendo ser genéticos e/ou raciais, como o volume dos pigmentos e a melanina podendo ser individual regional ou sexual e ainda, o conteúdo sanguíneo de seus vasos (HOEHN, 2009). Ainda segundo Hoehn (2009) a epiderme é feita de epitélio estratificado da qual a espessura possui variações topográficas. 28 Hoehn (2009) em seu livro, diz que abaixo da epiderme está a segunda camada tissular que é um dos componentes da pele, onde está presente o denso estroma fibroelástico, no qual estão os vasos sanguíneos e as estruturas nervosas. Porém, na terceira camada está a hipoderme, composta de tecido adiposo no qual, embriologicamente, a pele provém dos folhetos ectodérmicos e mesodérmicos. 1.3 MELANOMA O melanoma é uma neoplasia maligna de grande relevância na Medicina Veterinária, e que é oriundo da anormalidade das células produtoras de melanina,os melanócitos e/ou melanoblastos (MORRIS; DOBSON, 1964). É considerado neoplasia de células, possui origem em melanócitos e melanoblastos. Sendo comum encontrar mucosa oral e não tão vista quando localizada, no globo ocular, podendo ocasionar metástases para linfonodos e pulmões (RODRIGUES et al., 2017). Segundo as pesquisas de Moulton (1990) e Luna et al. (2000), são processos neoplásicos que atingem os melanócitos ou os seus precursores. De acordo com exames e diagnóstico de cada caso, podem ser benignos, denominados como melanocitomas, ou malignos quanto a sua natureza. São comuns em cães, cavalos e porcos, mas raros em gatos. Na epiderme, os queratinócitos agem regulando a reprodução das mesmas, logo a proliferação anormal decorre de alterações moleculares de adesão e conversões entre os melanócitos e queratinócitos, da E-caderina e conexina 43 (HAASS, et al., 2004). Segundo Nishiya et al. (2016) os melanomas são comumente encontrados em cães, e de forma mais rara em gatos, cavalos e animais selvagens terrestres assim como os marinhos. Mas os humanos também podem ser vítimas dessa enfermidade, portanto, os modelos animais são mais utilizados primordialmente em testes de novos tratamentos contra o melanoma, visto que na humanidade esta neoplasia costuma ser agressiva, como os frequentes tumores de pele (STARKEY et al., 2005). 1.3.1 Etiologia 29 Segundo Grandi e Rondelli (2016) a origem desta neoplasia, assim como outras neoplasias, estão ligadas a vários fatores como: ação de agentes externos, a predisposição e alterações epigenéticas. A mudança celular em uma célula cancerígena é o fruto de diversos processos responsáveis pela modificação e danos no DNA celular, vários agentes que geram carcinogênese são responsáveis por danificar o mesmo, e na pele, os raios-x, agentes de radiação são um exemplo que causam lesões contínuas a produtos químicos (RODRIGUES et al., 2017). Pouco se sabe sobre este estágio de iniciação em animais, mas de acordo com Grandi e Rondelli (2016), um dos possíveis fatores de iniciação de melanoma em cães é semelhante à causa. Em humanos a causa é a exposição aos raios ultravioleta (UV). A radiação ultravioleta vai gerar um efeito de estimulação, sobre os melanócitos, onde os queratinócitos respondem à radiação, secretam fatores que regulam os melanócitos e os estimulam a produzir melanina (GRAY- SCHOPFER et al., 2007). O trauma persistente é responsável por estimular o reparo celular, causando mais mutações e desenvolvimento de tumor. A origem da formação do melanoma canino e felino não é completo, mas sabe-se que se origina de melanócitos e/ou folículos epidérmicos devido ao acúmulo de mutações nas células, o que altera sua proliferação e apoptose (LI et al., 2006). Bergman et al., (2013), defende que a foto exposição dificilmente se tornará o principal fator patogênico do melanoma em pequenos animais, pois esses pequenos animais costumam ter pelos, o que garante sua proteção, além disso, tumores podem se desenvolver em áreas onde quase não há luz solar. De acordo com Modiano et al., (1999) devido à prevalência de tumores em determinadas etnias, acredita-se que esse tipo de tumor esteja relacionado à suscetibilidade genética. O seu desenvolvimento está relacionado a alterações na função ou expressão de genes e proteínas envolvidos na regulação do ciclo celular e no apoptose, e está relacionada à capacidade dos melanócitos de sintetizar fatores de crescimento autócrino e diminuição da síntese de caderina, sendo uma proteína de adesão celular responsável pela ligação/inervação de queratinócitos em melanócitos (PINCE et al., 1997; HAASS et al., 2004). 1.3.2 Epidemiologia 30 Em comparação com os cães, os gatos apresentam uma incidência mais baixa em relação ao melanoma. Em gatos, os tumores de melanócitos representam 0,6% a 1,3% das neoplasias de pele e são verificados como neoplasias raras nessa espécie felina (GRANDI; RONDELLI, 2016). Dentre as neoplasias os tumores de melanócitos representam uma estimativa de 6% a 11% de todas as neoplasias de pele em cães, sendo aproximadamente cerca de 7% são neoplasias malignas e estimadamente 4% são neoplasias benignas (GRANDI; RONDELLI, 2016; LIMA et al., 2018). Ainda no estudo apresentado, foi notado que o local mais acometido por melanoma em cães é a região da cavidade oral, somando 62% do total de melanomas diagnosticados, e representando 97% de todos os tumores melanocíticos deste local. (RODRIGUES et al., 2017) Na literatura nacional, os dados estatísticos são semelhantes aos da pesquisa internacional. Por exemplo, uma pesquisa realizada por Rolim (2011) mostrou que 86,3% dos tumores de melanócitos foram diagnosticados como melanoma. Em relação à localização do tumor, o principal sítio afetado também é a cavidade oral (57%), como no estudo de Ribas et al., (2015). Segundo Grandi e Rondelli (2016) na espécie felina, a melanoma é mais comum em gatos de pelagem negra ou cinza. No quesito idade, é um tumor comumente apresentados em caninos e felinos desde a idade adulta até a terceira idade, na faixa dos 8 aos 12 anos. Para os tumores de melanócitos localizados nas regiões dos dígitos, unha, pele e olhos, 84%, 100%, 43% e 29% dos tumores são de características do melanoma. Portanto, os locais primários mais comuns de câncer em pequenos animais são a mucosa oral, no entanto, podem estar na pele e nos dígitos e falanges menos comuns (VELOSO, 2019; INOUE et al., 2004). 1.3.3 Comportamento Biológico O local anatômico do melanoma pode dizer a invasão do tumor e o potencial de metástase. Por exemplo, melanomas envolvendo áreas com maior quantidade de pelos e distantes da mucosa, com algumas exceções, geralmente apresentam menor potencial maligno (BERGMAN et al., 2013). Quanto às manifestações histológicas do melanoma estes estão relacionadas ao comportamento biológico do tumor, contudo, há divergências nas pesquisas. A 31 atividade mitótica e o grau de pigmentação são alguns dos comportamentos biológicos analisados. De acordo com Smith et al. (2002), a característica histológica mais específica que caracteriza o melanoma é o índice mitótico. O grau de pigmentação está relacionado a sua coloração. Quando bem diferenciados são geralmente, marrom ou preto, enquanto que a cor dos tumores pouco diferenciados é do cinza a branco (SILVA, 2012). De acordo com alguns estudos, essa alteração de pigmentação indica o grau de malignidade do tumor. Também é dito que a proliferação celular e metástase de melanócitos e melanoma oral de melanócito ocorrem de maneiras diferentes, e a taxa de crescimento do melanoma oral de melanócito é mais rápida e possui grande potencial de transferência (PUERARI, 2019; VELOSO, 2019). Por outro lado, os melanomas presentes na mucosa são caracterizados por tumores altamente malignos com grande potencial de invasão local e metastática (BOSTOCK, 1979; HAHN et al., 1994). O mesmo é verdade para aqueles que aparecem nos dígitos e patas, onde tais melanomas são altamente malignos e estão geralmente presentes, de acordo com Camargo et al. (2008). A cor e consistência características, a queda de pelos locais e úlceras são fatores que podem predizer a malignidade do tumor, exceto pelo diâmetro. Por isso, quanto maior o diâmetro, maior a chance de malignidade (GARMA-AVIÑA et al., 1981). 1.3.4 Sinais clínicos e diagnóstico Os animais acometidos pelas neoplasias melanocíticas podem apresentar claudicação, edema local, perda de peso e úlceras quando nos membros ou dígitos, portanto, para fechar um completo diagnóstico do melanoma as características macroscópicas (características observadas a olho nu) e microscópicas do tumor devem ser consideradas. Para orientar um diagnóstico que seja claro, este vai além dos exames clínicos, pois também sãonecessários exames complementares, nomeadamente citopatologia e histopatologia (PUERARI, 2019; SILVA, 2013; VELOSO, 2019). Os sinais clínicos variam dependendo da localização da doença e o prurido pode ser a apresentação clínica inicial (MANZAN et al., 2005). Por exemplo, quando 32 presentes na boca, os animais podem apresentar salivação, mal hálito, perda de peso, perda de apetite, dificuldade em engolir, dificuldade em agarrar alimentos e dificuldade em mastigar (RIBAS et al., 2015). De acordo com Brondino et al. (2014) quando presentes nos dígitos, o sinal mais comum é a presença visível de nódulos. Portanto, a realização de exames histopatológicos e imuno-histoquímicas é muito importante e este último é recomendado para melanoma, tornando a avaliação imuno-histoquímica essencial para o diagnóstico da enfermidade. Os marcadores usados com maior frequência são as proteínas S-100, melan-a e vimentina (SMITH et al., 2002). O exame citopatológico possibilita contribuir no diagnosticado rapidamente, relativamente não invasivo aos animais e é econômico (MAGALHÃES et al., 2001). Pode distinguir processos inflamatórios e processos neoplásicos, e até determinar o prognóstico da doença determinando a localização da metástase. Apesar das vantagens da citologia, o diagnóstico de melanoma pode se complicar uma vez que, vários tumores não melanocíticos podem apresentar deposição de melanina. Além disso, o melanoma acromático pode ter pouca pigmentação (GRANDI; RONDELLI, 2016). A radiografia e a ultrassonografia também podem ser usadas para verificar a ocorrência de eventual metástases nas áreas do tórax (ex.pulmões) e abdome (ex.fígado). A ultrassonografia permite verificar e determinar o volume da neoplasma e identificar os vasos sanguíneos adjacentes (SILVA, 2012). A ressonância magnética e a tomografia são importantes exames complementares, podem ser usadas para prever a probabilidade de expansão do tumor e invasão óssea (BERGMAN et al., 2013). Com base nesses achados, o diagnóstico diferencial deve ser feito para outras neoplasias como por exemplo: sarcoma, linfoma, carcinoma e tumores osteogênicos (NISHIYA et al., 2016). 1.3.5 Aspectos Macroscópicos e histológicos Dependendo do local de envolvimento, macroscopicamente, o melanoma geralmente se apresenta como nódulos, caracterizados por hiperplasia tipo pólipo, placa ou cúpula (SCOTT et al. apud SILVA, 2012), com bordas pobres e assimétricas as úlceras podem variar de 0,2 a 10 cm (GRANDI; RONDELLI, 2016). A morfologia 33 das células é um fator fundamental e de suma importância para diferenciação podendo variar seu tipo de formato de redondas a poligonais com núcleo central redondo ou oval (VELOSO, 2019). O número de partículas de melanina varia (HEAD et al., 2008). De acordo com Gillard et al. (2013), 72% dos melanomas pesquisados são caracterizados por uma alta densidade celular, consistindo em células redondas a fusiformes, com um nucléolo central a vários nucléolos de menor extensão e número variável de partículas de melanina no citoplasma. De acordo com Head et al. (2008), o melanoma canino pode apresentar três tipos diferentes de células: tipo epitelial, composto por células densas arredondadas a poliédricas, ricas em citoplasma pigmentado eosinofílico, com nucléolos centrais grandes ou vários nucléolos proeminentes; fusiformes, com pigmentação média, núcleos ovais ou alongados, nucléolos pequenos; tipo misto, composto por células epiteliais e células fusiformes. Mostra que as características citológicas dos tumores malignos são cromatina anormal, agregação da cromatina e as células estão dispostas sozinhas ou em ninhos na camada mais externa da epiderme (GRANDI; RONDELLI, 2016). De um modo geral, o núcleo costuma ser enorme, do centro ao excêntrico, redondo ou elíptico, pode aparecer single-core (uma cor), dual-core (duas cores) ou multi-core (várias cores), sendo que os dois últimos são raros. O achado confirmatório mais preciso para o melanoma é a infiltração vascular e/ou linfática (SMITH et al., 2002). Quanto à localização, os tumores localizados na epiderme e derme são classificados como compostos, enquanto que os da interface derma epidérmica são classificados como juncionais (GRANDI; RONDELLI, 2016). 1.3.6 Tratamento e Prognóstico Em relação à margem cirúrgica devido ao potencial agressivo do melanoma optam-se por uma margem ampla de 2 a 3 cm (TUOHY et al., 2014). Quando a lesão é adjacente ao osso, como o melanoma de digito, suas bordas precisam ser removidas para evitar recorrência local devido a resíduos microscópicos (BERGMAN et al., 2013). Ainda segundo os autores, o procedimento cirúrgico deve ser especificado com antecedência, pois a primeira operação é o melhor momento para 34 atingir a margem livre de tumor. Nos casos em que a ressecção extensa não é possível ou a ressecção marginal é incompleta, a cirurgia pode ser associada a outras terapias (GRANDI; RONDELLI, 2016). A cirurgia ainda é a forma mais eficaz de tratar o melanoma, mas para que se obtenha melhores resultados é necessário o diagnóstico precoce dos tumores. Quando o melanoma tem grande potencial metastático pode ser associado a outras terapias (quimioterapia associada e/ou eletorquimioterapia e radioterapia) (NISHIYA et al., 2006). Tumores pequenos (menos de 2 cm), móveis, bem definidos e de crescimento lento são geralmente mais fáceis de remover cirurgicamente. Por outro lado, tumores grandes, ulcerados, mal definidos e de crescimento rápido costumam ser mais difíceis de remover. Os linfonodos adjacentes reativos ou com suspeita de metástase devem ser removidos junto com o tumor (BERGMAN et al., 2013). Atualmente, muitos trabalhos em imunoterapia têm sido desenvolvidos para desenvolver vacinas destinadas a regular a progressivamente o potencial de metástase do melanoma. Para avaliar o prognóstico do melanoma, vários fatores foram analisados, como localização, presença de metástases, linfonodos afetados, tamanho do tumor, úlceras, índice mitótico, recorrência e outros fatores (GRANDI; RONDELLI, 2016). Porém, devido à alta taxa de recorrência, agressividade e metástase, o prognóstico do melanoma costuma ser desfavorável (CAMARGO et al., 2008) Perante a improbabilidade da realização da cirurgia, a criocirurgia demonstra- se uma opção de terapêutica instituída. Inclui a eliminação de células tumorais por congelamento tumoral, com dano mínimo aos tecidos adjacentes (SILVA et al., 2006). A radioterapia é outra importante opção de tratamento ou complemento à cirurgia, que visa controlar o crescimento do tumor, embora tenha alguns efeitos colaterais, como eritema, descamação e também queda de pelos (CUNHA et al., 2013). Embora seu uso seja discutido, pois nem sempre apresentam resultados satisfatórios, a quimioterapia é considerada uma terapia para prevenção de metástases. Na quimioterapia, existe a cisplatina, com o esquema é de 50 a 70 mg/m² (GRANDI; RONDELLI, 2016). 1.3.7 Quimioterápicos 35 Os quimioterápicos de eleição são, a cisplatina, com protocolo de 50 a 70mg/m² IV, com intervalos de três semanas, em 4 a 6 sessões, ou a carboplatina, com protocolo de 250 a 300mg/m² IV, com intervalos de três semanas, em 4 a 6 sessões (GRANDI; RONDELLI, 2016). 1.3.7.1 Cisplatina Os dois medicamentos mais eficazes para humanos e os cães são considerados perigosos para gatos, a cisplatina pode causar neurotoxicidade (RUSLANDER et al., 1997). Além do mais, quando feita a combinação de doxorrubicina (20-30 mg/m² por via intravenosa com intervalo de 21 dias) e bleomicina (10 UI m² por via intramuscular ou intravenosa por 4 dias, depois uma vez por semana) recebeu tratamento apenas em quatro animais de gatos promoveram a remissão de um deles. (RUSLANDER et al., 1997). Os autores da revisão (RUSLANDERet al., 1997) observaram a mesma situação ao utilizar o último esquema, com o objetivo de controlar a recorrência do câncer após a ressecção nasal. A terapia eletroquímica realiza a combinação de quimioterápicos administrados localmente ou sistemicamente (como bleomicina e cisplatina) com eletro permeabilização por aplicação direta de pulsos elétricos no tumor.(CEZAMAR et al., 2008). O intervalo de tempo entre a aplicação dos quimioterápicos e os pulsos elétricos é de fundamental importância ao aplicar os pulsos elétricos no tumor, deve haver quantidade suficiente do fármaco, no sítio de ação (local a ser tratado). Após injeção intravenosa de drogas (cisplatina 4 mg/kg ou bleomicina 0,5 mg/kg) em pequenos animais experimentais, a concentração máxima da droga no tumor pode ser alcançada em poucos minutos. Quando realizada a administração intra-tumoral de cisplatina (2 mg/cm³) e bleomicina (3 mg/cm³), o intervalo será ainda menor, e a aplicação de pulsos elétricos deve ser realizada entre 30 segundos a 1 minuto após a administração (SERSA et al., 2000). Há a possibilidade de insuficiência renal, estar correlacionada a dose da cisplatina, o que seria uma limitação para a dose de cisplatina. Foi visto em pacientes tratados com uma dose única de 50 mg/m², 28% a 36% dos pacientes desenvolveram nefrotoxicidade. Isso pode ser observado na segunda semana após a administração 36 e se manifesta por aumento de ureia e creatinina, aumento dos níveis séricos de ácido úrico e diminuição da depuração da creatinina. Com cursos repetidos de medicação, a nefrotoxicidade se torna mais persistente e grave. A função renal deve voltar ao normal antes de dar outra dose de cisplatina (BRASIL, 2010) fator que está relacionada ao dano tubular renal. A cisplatina é administrada com reposição de volemia via IV e empregada em manitol em seis a oito horas e tem sido utilizada para redução da nefrotoxicidade. No entanto, a toxicidade renal ainda pode ocorrer após o uso desses procedimentos (BRASIL, 2010) 1.3.7.2 Carboplatina A carboplatina é o primeiro fármaco antineoplásico contendo platina amplamente utilizado no tratamento de diversos tumores. Este medicamento é mais eficaz quando usado em combinação com outros medicamentos antineoplásicos. (BRASIL, 2010) A eficácia da carboplatina em grande parte das administrações nas clínicas é semelhante à da cisplatina, mas a carboplatina é mais adequada para pacientes com insuficiência renal, pois, não necessita grandes quantidades de fluidos, no entanto, os pacientes com alto risco de neurotoxicidade e ototoxicidade são tratados com carboplatina é mais bem tolerado. Ao contrário, a mielossupressão é um grande problema com a droga, além da resistência em alguns pacientes com neoplasias de ovário que já receberam tratamento com a platina. A carboplatina em associação com paclitaxel e bevacizumabe e é o tratamento de primeira linha para neoplasias avançadas de pulmão de células não pequenas (BRASIL, 2010). No tratamento neoadjuvante após remoção de neoplasmas de ovário, é utilizado em combinação com paclitaxel, ciclofosfamida, com ou sem doxorrubicina. THÉON et al. (1996), quando foi testado o uso da carboplatina intratumoral em 18 gatos com carcinoma epidermóide nasal avançado na dose de 100 mg/m² por área de superfície corporal, com a presença ou ausência óleo de gergelim purificado. Verificou-se que a utilização do óleo de gergelim reduz a exposição sistêmica da carboplatina. A administração intratumoral repetida não vai ocasionar efeitos acumulativos na concentração plasmática ou toxicidade sistêmica. A estimativa de sobrevida livre de recorrência em um ano é de cerca de 55,1%. Sete gatos tiveram 37 uma recaída. Outra opção de tratamento clínico mais nova, promissora em testes é a fotodinâmica terapia (MERKEL; BIEL, 2001; DANIELL; HILL, 1991; RUSLANDER et al., 1997). 2 RELATO DE CASO DE INTERESSE 2.1 RESUMO O caso clínico de um melanoma em uma paciente felina, inicialmente foi realizado o exame físico geral partindo para o exame oftalmológico e solicitou exames complementares e verificou-se que não havia acuidade visual do olho direito e posteriormente foi realizada cirurgia para remoção, e encaminhado para histopatológico e diagnosticada com Melanoma, após um mês foi verificado o linfonodo submandibular esquerdo reativo e após coleta por PAAF, realizou-se o citopatológico constatando metástase, o tutor não retornou à Clínica para prosseguir o tratamento. Palavras Chaves: Tratamento, Felina, Melanoma. 2.2 INTRODUÇÃO Serão ainda mencionados neste capítulo o conceito relacionado ao Melanoma em felinos, mostrando desde o significado da patologia em termos científicos, bem como sinais clínicos. Será apresentado também, o levantamento de diagnóstico com base em exames clínicos e laboratoriais, tratamento e procedimentos aplicados em casos como este do relato em questão, onde será fundamentado na visão de alguns autores que pesquisaram e publicaram sobre o referido tema a no intuito de fazer uma referência e contextualização com o estudo de caso em voga. O estudo de caso tem 38 como objetivo relatar todos os procedimentos realizados com uma felina admitida na UniCatólica diagnosticada com Melanoma, onde através de exames laboratoriais e de imagem foi constatado que o animal não apresentava mais visão do olho direito, e foi optado pela realização de procedimento cirúrgico que será descrito a partir da etapa inicial de atendimento, procedimentos clínicos, atendimento e procedimentos cirúrgicos realizados. 2.3 DESCRIÇÃO DO CASO 2.3.1 Identificação do Paciente No dia 10 de agosto de 2021, foi atendido na Clínica Veterinária do UniCatólica, sob atendimento previamente agendado devido aos protocolos de prevenção a covid- 19, a paciente felina fêmea, SRD, com idade de 13 anos, pelagem tricolor (Amarelo, branco, preto), pesando 2,8 kg (quilogramas). O tutor relatou que a queixa principal era o aumento de volume no olho direito a cerca de dois anos e relatou que a gata já havia passado por outro tratamento no olho direito há dois anos, mas não soube informar o tratamento e o intuito, mas que segundo o responsável não houve êxito. Após a realização do exame físico o médico veterinário optou pela realização de exames laboratoriais, de imagens, dentre outros que viessem a trazer um diagnóstico do caso. O responsável, também mencionou que o animal possui livre acesso à rua, não tem contactantes em sua residência, o esquema de imunização com vacinas encontrava-se atrasado, assim como também a vermifugação da paciente que não possui histórico de doença infectocontagiosa. 2.3.2 Exame Físico No exame físico geral realizou-se a auscultação cardíaca que aferiu 140 bpm (batimentos por minuto), quanto á ausculta respiratória 92 mpm (movimentos por minuto), 2 segundos de TPC (tempo de preenchimento capilar), temperatura corporal em 38,7ºC não apresentava desidratação e apresentava-se em alerta, mucosas normocoradas. Na inspeção visual verificou o aumento de volume no globo ocular direito da gata observado Buftalmia (olho acometido). As estruturas do olho 39 apresentavam-se de difícil identificação, o globo ocular apresentava-se em coloração mais escurecida que o normal e apresentava aspecto firme quanto a palpação. O Médico Veterinário realizou o teste de fluoresceína positivo para úlcera de córnea, teste de reflexo de ameaça e verificou OD (olho direito) ausente e OE (olho esquerdo) presente, tonometria e verificou aumento de pressão do globo ocular direito em 52 mm/Hg e olho esquerdo em 28 mm/Hg e solicitou exames complementares auxiliar ao diagnóstico sendo os exames laboratoriais o hemograma, bioquímico (Ureia, creatinina, alanina transferase, fosfatase alcalina, triglicérides e glicose)como visto na tabela 4 e a ultrassonografia ocular. 2.3.3 Exames Laboratoriais Tabela 4- Resultado de hemograma completo. Felino (acima de 6 meses) Hemácias 9,54 x 106/mm³ 5,0 a 10,0 Hemoglobina 14,1 g/dL 8 a 15 Hematócrito 40,2 % 24 a 45 V.C.M. 42,1 fL 39 a 55 H.C.M. 14,8 % 12,5 a 17,5 C.H.C.M. 35,1 % 30 a 36 Metarubrícitos 0 und 0 RDW 13,9 % 14 a 19 Tabela 5- Serie Branca. Leucócitos totais 6.600/mm³ 5.500 a 19.500 Mielócitos 0% 0/mm³ 0 a 0 0 a 0 Metamielócitos 0% 0/mm³ 0 a 0 0 a 0 Bastonetes 2% 132/mm³ 0 a 2 0 a 300 Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. 40 Segmentados 60% 3960/mm³ 44 a 65 2.500 a 12.500 Linfócitos 27% 1782/mm³ 27 a 36 1.500 a 7.000 Monócitos 3% 198/mm³ 0 a 4 0 a 850 Eosinófilos 8% 528/mm³ 0 a 7 0 a 1.500 Basófilos 0% 0/mm³ raros raros Tabela 6- Resultado Plaquetário. Plaquetas 350.000/mm³ 230.000 a 680.000 No exame de hemograma não foram encontrados resultados anormais uma vez que a paciente teve suas dosagens verificadas e não houve um resultado que apontasse anemia ou outra alteração. Tabela 7- Resultado de exame laboratorial - Exame Bioquímicos. UREL Ureia 43,86 mg/dL 42,8 a 64,2 mg CREA Creatinina 1,8 mg/dL 0,8 a 1,8 mg/dL ALT/TGP Alanina aminotransferase 62,4 U/L 6 a 83 U/L ALP Fosfatase alcalina 37,2 U/L 25 a 93 U/L TRIGL Triglicérides 92,75 mg/dL 35,4 mg/dL GLU Glicose 112,96 mg/dL 73 a 134 mg/dL Os exames do animal apresentado não demonstraram nenhuma alteração digna de nota. 2.3.4 Exame de Imagem- Ultrassonografia Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. 41 Foi solicitado um exame de ultrassonografia ocular como um complemento do exame oftalmológico, pois possibilita a avaliação das estruturas orbitarias em tempo real, auxiliando em um melhor diagnóstico para a terapia que será instituída (Figura 15 A e B). 2.3.5 Tratamento Clínico O tratamento clínico adotado ao caso foi a intervenção de terapêutica constituída da utilização de Dorzolamida colírio® uma gota TID, Acular® uma gota TID, Hylo gel® colírio uma gota SID, até o retorno do animal para o procedimento cirúrgico. Fonte: Sala de Diagnóstico por imagem Clínica Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Figura 15-(A) Imagem Ultrassonográfica do OE (olho esquerdo) com setas indicando as estruturas anatômicas, em laranja indica a câmara anterior, em verde indica a câmara vítrea, em amarelo a câmara posterior. B) Imagem ultrassonográfica do OD (olho direito) com setas indicando as estruturas anatômicas, em laranja indica a câmara anterior, em verde indica a lente, em vermelho indica presença de massa não identificada, em amarelo a câmara posterior. 42 2.3.6 Introdução ao procedimento cirúrgico O Médico Veterinário do caso clínico optou pela remoção do globo ocular por não haver acuidade visual do olho direito da paciente, segundo o profissional estava causando dor e desconforto, comprometendo diretamente o bem estar animal, após a realização de testes oftálmicos (teste de fluoresceína, teste de reflexo de ameaça, teste de tonometria) e à ultrassonografia oftálmica após visto à presença de uma massa não identificada, os exames laboratoriais (hemograma e exames bioquímicos) não apontaram nenhuma alteração digna de nota. Os procedimentos cirúrgicos oftalmológicos descritos por FOSSUM (2014) mencionam que deve ser levado em consideração três fatores: à anatomia do paciente em questão, qual à patologia e as condições do globo ocular e à técnica operatória de acordo com a preferência do cirurgião. À remoção do globo ocular pode ser realizada através de diferentes técnicas cirúrgicas, sendo a enucleação ou à exenteração, à enucleação é denominada e consiste na retirada do globo ocular, membrana nictante, das estruturas orbitais e das margens palpebrais (FOSSUM, 2014). A técnica operatória de exenteração consiste na retirada do globo ocular, membrana nictante, das estruturas orbitais e das margens palpebrais (FOSSUM, 2014). 2.3.7 Descrição de procedimento Cirúrgico A cirurgia de exenteração do globo ocular direito foi realizada no dia 24 de agosto de 2021 às 14:00 horas no Centro cirúrgico I, da Clínica Unicatólica, localizada em Palmas, Tocantins, Brasil. O protocolo anestésico para realização do procedimento foi a Dexmedetomidina na dose de 200 mcg/m² via intranasal, fentanil na dose de 5 mcg/kg via intravenosa, Meloxicam 0,1 mg/kg, como MPA (medicação pré-anestésica), para indução foi administrado propofol na dose 4 mg/kg e para manutenção a anestesia inalatória com Isofluorano dose efeito, e a administração de lidocaína na dose de 3 ml a 0,2%, para realização do bloqueio sub-zigomático sendo executado de forma cutânea, na lateral alta do olho em cima do arco zigomático. A figura 16 remete a Tricotomia periorbital na órbita direita e o isolamento do campo cirúrgico, a paciente em seguida foi posicionada em decúbito lateral esquerdo. Essa etapa foi realizada utilizando bisturi elétrico e com panos de campo para o isolamento da órbita direita sendo este o campo cirúrgico e posteriormente realizada 43 a antissepsia utilizando a Clorexidine degermante 2%, por ser um órgão sensível optou por essa solução degermante. Já na técnica descrita por Fossum (2014) repara- se a área cirúrgica para a preparação de uma cirurgia asséptica. Fonte: Acervo Pessoal, 2021. Já na Figura 17 ocorre a representação do início do procedimento cirúrgico que sucederia. Fonte: Acervo Pessoal, 2021 Figura 18 mostra a Incisão superficial para delimitar as margens. Essa etapa foi realizada a Incisão superficial para delimitar as margens palpebrais a serem Figura 16-Tricotomia periorbital na órbita direita. Figura 17- Isolamento do campo cirúrgico. 44 retiradas. Na técnica segundo Fossum (2014) deve-se cortar a pele em formato circular maior que a área da enucleação, próximo a largura da margem orbital. Fonte: Acervo Pessoal, 2021 Figura 19 demonstra uma divulsão cuidadosa dos tecidos. Essa etapa foram utilizadas uma pinça anatômica, uma pinça hemostática e uma tesoura fina para divulsão. Na técnica segundo Fossum (2014) que é utilizada para identificar as estruturas mais profundas e realizar dissecção. Figura 18-Incisão superficial para delimitar as margens. Figura 19-Divulsão cuidadosa dos tecidos. 45 Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 20 demonstra a hemostasia dos vasos sanguíneos e o pinçamento do nervo óptico foi realizado com uma pinça hemostática Kelly curva, a união das pálpebras foi realizada utilizando uma pinça Allis. Na técnica segundo Fossum (2014) utilizar pinças hemostáticas curvas prendendo vasos sanguíneos e nervo óptico antes de usar a tesoura para excisão. Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 21 demonstra que com o auxílio de pinças hemostáticas e a tesoura romba curva a remoção do globo ocular acometido pelo Melanoma Fonte: Arquivo Pessoal, 2021. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Figura 20-Pinçamento do nervo óptico e dos vasos sanguíneos. Figura 21-Remoção do globo ocular acometido. 46 Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 22 demonstra a ligadura dos vasos sanguíneos, foi utilizada o fio poligalactina 910 2-0 sintético e absorvível igualmente descrito na técnica Fossum (2014), porém a conduta foi realizada de acordo com a preferência do cirurgião a ligadura pode ser realizada antes de incisionar os tecidos.Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 12 demonstra a sutura dos tecidos intraorbitais remanescentes com o fio Náilon 2-0 monofilamentar e não absorvível sendo feito em dois planos com o padrão de sutura simples contínuo. Na técnica segundo Fossum (2014) realizar o fechamento da ferida para que não haja tensão e se não existir material infeccioso ou tumor na órbita considerar um implante na órbita. Figura 22-Ligadura dos vasos sanguíneos. 47 Figura 23-Início da síntese dos tecidos intraorbitais remanescentes. Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 24 demonstra a sutura de pele em ponto simples isolado com o fio poligalactina 910 2-0 sintético e absorvível. Fonte: Acervo Pessoal, 2021 A figura 25 demonstra o globo ocular que posteriormente foi encaminhado para análise do exame histopatológico, apresentava aumento de tamanho em decorrência do tumor presente. Figura 24-Síntese de pele. 48 Fonte: Acervo Pessoal, 2021 2.3.8 Pós-Operatório Após o procedimento cirúrgico foi realizada a prescrição de medicamentos como antibiótico Amoxilina com clavulanato 50 mg na dose de 12,5 mg/kg, devendo ser administrado pelo tutor ¾ do comprimido TID pelo período de 7 dias , analgésico Cloridrato de tramado 12mg na dose de 2 mg/kg devendo ser administrado 1 comprimido BID por um período de 4 dias, Meloxicam 0,5mg na dose de 0,2mg/kg devendo ser administrado ½ meio comprimido SID por durante um período de 7 dias, além das medicações o Médico Veterinário prescreveu recomendações como uso do colar até o retorno e novas recomendações e recomendou ao tutor manter a ferida limpa, limpando uma vez ao dia com solução fisiológica. No dia 2 de setembro de 2021 houve retorno para a retirada dos pontos, onde não foi verificado nenhuma intercorrência e uma ótima resposta de cicatrização. Figura 25-Globo ocular acometido encaminhado para histopatológico. 49 2.3.9 Descrição do exame histopatológico 2.3.9.1 Histórico Felino com histórico de pressão intraocular aumentada, suspeita de glaucoma. Em ultrassom foi observada nodulação posterior ao globo ocular, sendo realizado tratamento paliativo com Dorzolamida colírio® e Hylo gel® colírio, com posterior enucleação. Suspeita: Neoplasia. Após a cirurgia foi solicitado o exame histopatológico do globo ocular devido o exame de ultrassonografia ocular identificar a presença de uma massa não identificada, com o intuito de descobrir qual a patologia presente. Descrição macroscópica: Foi recebido um globo ocular com anexos (músculos e pálpebras). Região externa com massa escura aderida em dois pontos da esclera. Ao corte fluía líquido enegrecido e amarronzado, havendo tecido enegrecido, macio a friável, aderido em áreas multifocais da câmara anterior e posterior, como também na íris, corpo ciliar, retina, córnea e esclera, não sendo visualizada a presença da lente íntegra. Descrição microscópica: Olho direito: Há uma proliferação neoplásica multifocal, altamente celular, não delimitada e não encapsulada, composta por células organizadas em lâminas e pacotes, separados por um estroma fibrovascular moderado a fino. A neoplasia se expande difusamente pela câmara anterior e posterior, invadindo íris, corpo ciliar, ângulo iridocorneal, lente, retina, coróide e se infiltra em áreas focais da esclera. O núcleo das células neoplásicas é central, redondo a oval, cromatina finamente vesicular e um nucléolo basofílico proeminente. O citoplasma é redondo a poligonal, com bordas moderadamente distintas, basofílico e finamente granular, multifocalmente contém moderado a abundante pigmento acastanhado (melanina). Há moderadas células multinucleadas com até 3 núcleos. Acentuada anisocariose e a anisocitose. Foram observadas 58 figuras de mitose em 10 campos de 400x, e inúmeras figuras de mitose atípicas. A retina exibe atrofia marcada de todas as camadas. 50 Diagnóstico/Conclusão: Olho direito: Melanoma difuso com áreas de invasão em corpo ciliar, coroide, retina e esclera. Comentários: Tumores de origem melanocítica são as neoplasias malignas intraoculares primárias mais comum em gatos e tem progressão variável. Não há raça ou predileção sexual conhecida, e a ocorrência de melanoma geralmente é em gatos idosos. O tumor ocular melanocítico mais comum em gatos é o melanoma difuso de íris felino. Esse tumor tende a expandir difusamente no estroma iridal, com invasão subsequente do corpo ciliar e esclera. Os tumores frequentemente progridem lentamente a partir de alterações pigmentares da íris para irregularidades iridais nodulares e, inevitavelmente, para glaucoma antes que ocorra uma disseminação extensa para o corpo ciliar, esclera e segmento posterior. Melanomas atípicos do limbo ou coróide, ou tumores surgindo multifocalmente em todo o globo raramente são encontrados. Gatos nos quais a enucleação foi feita em estágios avançados da doença estão em risco de metástase sistêmica com risco de vida. Os preditores de metástases incluem invasão escleral, invasão do epitélio posterior da íris e tamanho geral do tumor. Data do resultado: 31/08/2021. 2.3.10 Exame Citopatológico No dia 23/09/2021 o tutor retornou a Clínica Unicatólica e mencionou que a queixa principal era um aumento no linfonodo submandibular esquerdo na face, o Médico Veterinário presente examinou a paciente e notou o linfonodo direito hipertrofiado e coletou uma amostra para a realização do exame citopatológico. O laudo apresentou que o histórico da neoplasia no olho diagnosticada através do exame histopatológico após enucleação foi de aproximadamente 30 dias. O método de coleta utilizado foi PAAF de linfonodos região submandibular esquerdo. Descrição microscópica Celularidade moderada, figuras de mitose frequentes, presença de células binucleadas, com anisocitose, núcleo com cromatina frouxa e núcleo evidente. Frequentes Células de núcleo esférico com grandes grânulos citoplasmáticos enegrecidos (Figura 26 e 27). 51 Diagnóstico / Conclusão: Compatível com melanoma. Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Fonte: Laboratório Unicatólica. Fonte: Acervo pessoal, 2021. Figura 26-Imagem microscópica da punção aspirativa por agulha fina de linfonodo submandibular esquerdo, em felina, corada em May grunwald/Giensa, utilizada a objetiva de 100x, apresentando anisocariose (setas pretas), células binucleadas (setas brancas). Figura 27-Imagem microscópica da punção de linfonodo submandibular esquerdo, em felina, corada em May grunwald/Giensa, utilizada a objetiva de 100x, apresentando célula com grânulos citoplasmáticos intensamente corados (seta branca) e anisocitose (setas pretas). 52 2.4 DISCUSSÃO O paciente retratado é um felino de 13 anos, que se enquadra na maioria dos aspectos apresentados nas literaturas de pacientes positivos para melanoma. O paciente SRD, é uma das espécies menos afetadas pelo melanoma da família dos felinos. Outra característica semelhante à discutida na literatura está relacionada à faixa etária do paciente. Segundo pesquisas, é um tumor mais recorrente em cães e gatos adultos com idades entre 8 e 12 anos (MAZZOCCHIN, 2013). O tutor da paciente não retornou a Clínica Unicatólica para seguir o tratamento, foram realizadas tentativas de contato, no entanto não foram bem-sucedidas. De acordo com Nishiya et al. (2006), independentemente da localização do melanoma, o tratamento com maior efetividade é a intervenção cirúrgica, pois tratamentos alternativos têm se mostrado menos eficazes. Conforme recomendado na literatura, optou-se por realizar o tratamento cirúrgico do paciente,
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