Buscar

Guia da palestra do ECG

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

[Título do documento] 
 
 
 
 
 
1 
 
VI CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE ELETROCARDIOGRAMA 
12. 13 e 14 de março de 2021 
 
Nome: __________________________________________________________________ 
Semestre: _______________ Faculdade:______________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIRETORIA DA LIGA DE TRANS-CARDIOLOGIA 
 
Presidente 
Maria Clara Oliveira Lapa 
 
Vice-presidente 
Luiza Sento-Sé Cordeiro de Oliveira 
 
Diretora Geral 
Aiala Caroline Santos da Silva 
 
Diretora de Ensino 
Matheus Souza Coelho 
 
Diretora de Comunicação 
Emille Andrade Santos Silva 
 
Diretor de Extensão 
Pedro Otávio Pacheco Moreira 
 
Diretor Financeiro 
Matheus Grisi Mansur Gomes 
 
Diretor de Pesquisa 
Brenno Araújo e Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
I. Eletrofisiologia Cardíaca ............................................................... 02 
II. Derivações .................................................................................... 05 
III. Frequência Cardíaca .................................................................... 07 
IV. Ritmo..............................................................................................08 
V. Eixo ............................................................................................... 09 
VI. Bloqueios de Ramo ...................................................................... 10 
VII. Isquemia, Injúria e Necrose ......................................................... 11 
VIII. Sobrecargas ................................................................................. 14 
IX. Taquiarritmias .............................................................................. 16 
X. Bradiarritmias ............................................................................... 20 
XI. Bibliografia ................................................................................... 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Membrana do miócito em repouso, demonstrando a face 
interna mais eletronegativa do que a externa. 
 
Membrana do miócito em despolarização, demonstrando 
o fluxo de eletricidade (seta). 
 
I. ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA 
 
1. FUNÇÃO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 
 
A principal função do sistema cardiovascular é promover o movimento do sangue entre 
pontos de diferentes pressões - Consistem em suas atividades: 
A) Distribuir substrato e oxigênio para as células; 
B) Coletar resíduos e CO2 para excreção; 
C) Participa da HOMEOSTASE: controle da temperatura corporal, distribuição de hormônios 
e auxílio dos mecanismos de defesa do corpo. 
 
2. PROPRIEDADES ELÉTRICAS DO CORAÇÃO 
 
O coração é composto por células específicas, dentre elas estão os miócitos. Essas possuem 
potencial de ação espontâneo, sem necessidade de outros sistemas para serem 
despolarizadas. Com isso, distribuem estímulo de despolarização para as outras células 
cardíacas responsáveis pela contração do músculo e causa o ritmo do coração. Portanto, 
distúrbios na condução desse estímulo podem levar a uma alteração séria do ritmo, por 
vezes, letal. 
 
A. Potencial de ação cardíaco 
 
A membrana da célula cardíaca enquanto polarizada, mantém o potencial de repouso 
através de bomba de sódio e potássio, assim como no musculoesquelético. Porém, o 
potencial de ação cardíaco ocorre de forma diferente do tecido musculoesquelético. No 
músculo cardíaco, o potencial de ação é originado pela abertura de canais de dois tipos: 
canais de sódio rápidos, tais quais o musculoesquelético, e os canais de cálcio-sódio lentos. 
Essa diferença resulta em dois tipos de resposta 
miocárdica. 
 
• Resposta Lenta: As células de resposta 
lenta são as células auto-excitáveis dos 
nodos sinoatrial e atrioventricular. 
• Resposta Rápida: Compreende a maior 
parte do tecido do coração, como o 
miocárdio atrial, ventricular e o sistema de 
His-Purkinje. 
 
 
B. Período Refratário 
 
Intervalo de tempo após o disparo de um 
potencial de ação, quando a membrana celular 
foi alterada para um estado não excitável e está 
gradativamente voltando ao estado de repouso 
(excitável). 
 
3. CICLO CARDÍACO 
 
É a sequência de eventos elétricos e mecânicos 
que resultam na geração de pressão no sistema 
cardiovascular. A pressão (energia potencial) 
é convertida em fluxo (energia cinética), para 
suprir todas as células do organismo com 
nutrientes e cumprir outras funções circulatórias. Nesse contexto, o ECG marca os eventos 
elétricos do ciclo cardíaco. 
A representação gráfica do ECG é chamada de traçado. Em geral, o traçado consiste na onda 
P, complexo QRS e onda T. As ondas são voltagens elétricas geradas pelo coração. O 
processo de relaxamento das fibras cardíacas é denominado diástole, enquanto o processo 
de contração é denominado sístole. 
4. ELETROFISIOLOGIA CELULAR 
 Para compreender o ECG, temos que observar a membrana celular como se fosse uma 
pilha em estado de repouso, essa pilha se encontra polarizada. 
 
 
 
Por outro lado, a despolarização (nesse caso, também a contração) é propagada de célula 
a célula através de um FLUXO DE ELETRICIDADE, que gera uma diferença de potencial, dada 
em milivolts. 
 
 
 Potencial de ação rítmico semelhante ao 
registrado no nodo sinoatrial. 
Potencial de ação em milivolts de células 
ventriculares, mostrando um “platô”. 
 
Nota! A soma desses vetores em todas as células 
cardíacas, dá o VETOR RESULTANTE! Depois, você vai 
entender que o vetor resultante é extrema importância 
quando se analisa o EIXO cardíaco! 
 
 
 
4 
 
ELETROCARDIOGRAMA 
O eletrocardiograma registra os impulsos elétricos que estimulam a contração cardíaca. 
Portanto, registra as ondas de polarização e despolarização. Esses vetores vindos das 
diversas regiões do coração vão imprimir deflexões no ECG que são dadas em volts. Sempre 
que o vetor despolarização se desloca em direção ao eletrodo positivo (pele), vai causar 
uma deflexão positiva, sempre que ele se desloca na direção oposta ao eletrodo, vai causar 
uma deflexão negativa. 
 No ECG são descritas as seguintes ondas: 
Onda P 
• Representa a despolarização atrial. 
• Melhor vista em DII 
• Amplitude: 2,5 mm ( que 2,5 “quadradinhos”). 
• Duração: 100 – 120 ms ( que 3 “quadradinhos” ). 
 
Intervalo PR 
• É o intervalo entre o início da onda P e o início da onda Q. 
• Condução atrioventricular. 
• Duração:120 – 200 ms (5 “quadradinhos” ou 1 “quadradão”). 
 
Complexo QRS 
• Representa a despolarização dos ventrículos. 
• Onda Q: 1ª onda negativa do complexo. 
• Onda R: 1ª onda positiva do complexo. 
• Onda S: 2 ª onda negativa do complexo. 
• Amplitude: 5-30 mm. 
• Duração: < 120 ms ou < 3 “quadradinhos” (Se for alargado significa que a condução 
pelo ventrículo estaria demorando) = contração defeituosa. 
 
Intervalo QT 
• É o intervalo entre o início da onda Q e o final da onda T. 
• Representa todo o período despolarização e repolarização dos ventrículos. 
• Dura até 11 “quadradinhos”. 
 
 
 
 
Segmento ST 
• É o segmento desde o final da onda S até o início da onda T. 
• É ISOELÉTRICO, tem que estar no mesmo nível do segmento PR. 
• Pode ter supra de até 1 mm. 
• V2 e V3 até 2mm. 
Onda T 
• Representa a repolarização ventricular 
• Deflexão mais rápida. 
• Amplitude variável. 
• Duração variável. 
• Tem aspecto redondo. 
• É normalmente assimétrica. 
 
Ondas, segmentos e intervalos normais do ECG: 
 
 
Nota! Perceba que o Complexo QT 
representa tudo que acontece nos 
ventrículos. Portanto, nos eventos 
isquêmicos e no infarto agudo do 
miocárdio, carinhosamente chamado de 
IAM, as alterações do ECG estarão 
presentes principalmente nesses locais, 
com atenção dobrada ao segmento ST. 
 
 
 
5 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ECG 
• O ECG é “escrito” em um papel milimetrado; 
• Cada quadradinho possui 1 mm; 
• As linhas horizontais representam a medição temporalem segundos (eixo x = 
segundos) 
• Cada quadrado pequeno (“quadradinho”) na vertical mede o equivalente a 0,04s ou 
40ms. 
• Logo, um quadrado grande (“quadradão”) na vertical mede 0,2 ou 200ms. 
• As linhas verticais representam a medida de milivoltagem da atividade elétrica 
cardíaca (eixo y = milivolts) 
• Cada quadradinho na horizontal possui 0,1mv de medida. 
• Logo, um quadradão na horizontal mede 0,5mv. 
 
 
 
 
II. DERIVAÇÕES 
 
O ECG completo é composto de 12 derivações. Imagine que você está num shopping e para 
que as câmeras desse local te enxerguem estão espalhadas em cada canto. Pois bem, as 
derivações são como câmeras para o nosso coração, as quais estão estrategicamente 
espalhadas para perceber qualquer alteração na atividade elétrica de qualquer parte do 
miocárdio. Dessa forma, temos 6 derivações de membros (periféricas) e 6 derivações 
precordiais. 
A. Derivações Periféricas 
Para obtermos as derivações de 
membros (periféricas), colocam-se 
eletrodos sobre os braços direito e 
esquerdo e sobre a perna esquerda. 
 
Deve-se lembrar do seguinte: do lado 
esquerdo estarão os eletrodos com 
cores do Brasil, do lado direito, os 
eletrodos com cores rubro negro. Cores 
“pesadas" descem. 
O eletrodo amarelo se encontra no 
braço esquerdo e o eletrodo verde na 
perna esquerda. O eletrodo vermelho 
em braço direito e o eletrodo preto em 
perna direita. 
Este é o seu papel milimetrado, use-o como quiser. Recomendo desenhar as 
observações a seguir nele como é demonstrado no exemplo. Nota! A altura de uma onda no ECG se mede em milímetros e representa a medida de 
voltagem. 
O comprimento da onda no ECG se mede em milímetros e representa a DURAÇÃO do 
evento! Depois você vai ver que a DURAÇÃO prolongada de um evento, pode revelar um 
defeito na condução! 
 
 
 
 
6 
 
Para criar as derivações, são necessários 2 eletrodos, portanto, cada par de eletrodos forma 
uma derivação. Uma ressalva vai para o eletrodo preto, que é neutro e serve como fio terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sintetizando: 
DI – terminal negativo em braço direito e positivo em braço esquerdo. O vetor é em direção 
de 0º. 
DII – terminal negativo em braço direito e positivo em perna esquerda. O vetor é em direção 
de 60º em relação da DI. Também representa o vetor cardíaco. 
DIII – terminal negativo no braço esquerdo e positivo na perna esquerda. O vetor é em uma 
direção de 120 em relação a DI. 
FIO TERRA - (comumente de cor preta) – Perna direita. 
Ainda faltam três derivações de membros. Para criá-las também são necessários 2 pontos. 
A diferença é que os eletrodos colocados nos membros são SEMPRE positivos e por isso 
elas são chamadas unipolares. Todas confluem para um fio terra, considerado negativo. 
Sendo assim, as derivações AVR (right), AVL (left) e AVF (foot) também resultam em outras 
três linhas de referência. 
Sintetizando: 
 
AVL – L de left, portanto colocada no braço 
esquerdo. Seu Ângulo de orientação é -30°. 
 
AVR – R de right, portanto colocada no 
braço direito. Seu ângulo de orientação é -
150°. 
 
AVF – F de foot, portanto localizada no pé. 
Seu ângulo de orientação é +90°. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essas imagens te mostram como as derivações I, II e III são formadas. Juntas, fazem esse 
triângulo! Assim como explicado, as diferenças de potencial entre os dois pontos formam 
vetores, portanto são chamadas de Derivações Bipolares. 
Nota! Esses são os três primeiros elementos da sua “rosa-dos-ventos” do ECG. 
Observe ela já começando a ser construída... 
Desenho de um paciente realizando o 
exame de ECG. Note que as derivações 
AVL, AVR e AVF são positivas e o 
negativo está no fio terra. 
Nota! As seis derivações I, II, III, AVR, AVL 
e AVF se reúnem para formar linhas de 
referência, que se cruzam com precisão 
num plano sobre o tórax do paciente, uma 
a cada 30°. 
 
 
 
7 
 
 
 
No início eu comentei que os eletrodos 
funcionavam como câmeras no ECG, agora veja 
como está o seu coração depois de você formar 
a “rosa-dos-ventos”. É possível vê-lo de 
diversos ângulos! 
 
 
 
 
B. Derivações precordiais 
Para se obter as 6 derivações torácicas, coloca-se eletrodos positivos em seis diferentes 
posições ao redor do tórax 
 
V1 – Eletrodo posicionado no 4º EIC à direita. 
V2 – Eletrodo o 4º EIC à esquerda. 
V3 – Eletrodo entre V2 e V4 
V4 – Eletrodo no Ictus 
V5 – Eletrodo na linha axilar anterior 
V6 – Eletrodo na linha axilar média 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III. FREQUÊNCIA 
 
A frequência cardíaca é o número de vezes que o coração bate em 1 minuto. 
Em condições normais é o nodo sinoatrial, localizado na parede posterior da aurícula 
direita, que comanda os batimentos cardíacos. Porém, em condições patológicas, outros 
locais do coração podem assumir o comando ou disparar uma contração errônea, causando 
as arritmias. 
 
É interessante saber que: 
ü Marca-passos auriculares ectópicos – são capazes de assumir a atividade cardíaca 
numa frequência de 75 bpm; 
ü Nodo AV – é capaz de estimular o coração numa frequência de 60bpm; 
ü Marca-passos ventriculares – determinam uma frequência de 30-40 bpm. 
CÁLCULO DA FREQUÊNCIA 
A Frequência pode ser obtida através de dois diferentes métodos. 
• O primeiro método nos fornece uma frequência aproximada e consiste em diminuir 
gradativamente a frequência a cada quadrado de distância entre duas ondas R 
consecutivas (RR) na seguinte ordem: 300, 150, 100, 75, 60, 50... 
• O segundo nos fornece uma frequência mais precisa e consiste em contar a diferença 
de quadradinhos entre ondas RR, para em seguida dividir 1500 pelo número obtido. 
 
MÉTODO 01 
1. Escolha uma onda R que caia na linha de um quadradão; 
2. Agora comece contando: 300, 150, 100, 75, 60, 50... 
3. O local onde a próxima R cair determinará a frequência cardíaca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lado 
direito 
Região septal 
Lado esquerdo 
 
 
 
8 
 
Para calcular qualquer outra frequência de forma mais precisa você usará a fórmula a seguir 
desenvolvida: 
 
 
IV. RITMO 
 
O Ritmo Sinusal (RS) é um ritmo fisiológico do coração, que se origina no átrio direito alto, 
observado no ECG de superfície pela presença de ondas P positivas nas derivações DI, DII 
e aVF. 
 
O eixo de P pode variar entre -30° e +90°. A onda P normal possui amplitude máxima de 2,5 
mm e duração igual ou inferior a 110 ms. Podem ocorrer modificações de sua morfologia 
dependentes da FC. 
 
Então utilizamos o critério que a onda P deve ser positiva em DI, DII e AVF sendo cada onda 
P correspondente ao seu QRS. Ademais, deve-se verificar, também, o ritmo através da 
distância entre onda semelhantes, que em teoria deve ser semelhante. Geralmente se 
escolhe o complexo QRS e se avalia se as distâncias entre um e outro estão equivalentes. 
 
É válido ressaltar que quando as distâncias entre ondas semelhantes não são equivalentes, 
mesmo na presença de ondas P positivas nas derivações D1, D2 e aVF, o ritmo passa a não 
ser sinusal. 
 
Logo, ritmo sinusal é igual a distâncias equivalentes entre ondas semelhantes e ondas P 
positivas em D1 D2 E aVF, sendo cada onda P correspondente ao seu QRS. 
 
 
 
 
 
9 
 
V. EIXO 
 
Para compreender o eixo cardíaco é preciso conhecer um pouco da dinâmica dos vetores 
no miocárdio. Como já dito anteriormente, o vetor segue o fluxo da eletricidade. Logo, o 
eixo se refere ao vetor resultante da ativação ventricular (SÂQRS). 
O fluxo de eletricidade gera vetores para diversas direções do coração. Mas sabemos que 
a musculatura mais desenvolvida do miocárdio se encontra no VE, fazendo com que o vetor 
resultante da atividade cardíaca seja apontado da base para o ápice do coração. 
A partir disso, colocando o coração na “rosa-dos-ventos”, 
nota-se que o vetor resultante da atividade cardíaca se 
encontra, em geral, no quarto quadrante localizado entre 
-30o e +90o. 
Toda onda positiva em direção ao eletrodo positivo TEM 
QUE gerar uma deflexão positiva. O resultado disso é que, 
para o eixo cardíacoestar normal, o QRS deve estar 
positivo em DI e AVF. 
Logo, para determinarmos o EIXO NORMAL, inicialmente 
localizamos em qual quadrante está o vetor do ECG em 
questão. Então, iremos avaliar apenas DI (0o) e aVF (90o). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 1: DI positivo e aVF positivo, logo, o eixo encontra-se no quarto quadrante, 
indicando eixo normal. 
Imagem demonstrando os 
vetores de despolarização 
do coração de acordo com a 
região. A grande seta é o 
vetor resultante. 
Exemplo 2: DI positivo (encaminhando o eixo em direção a DI), porém aVF encontra-se 
negativo (afastando o eixo de aVF). Então, o vetor encontra-se para a ESQUERDA e para 
cima, localizando-se no quadrante do desvio para esquerda. 
 
 
 
 
10 
 
Como havia sido dito anteriormente, o eixo sem desvio se encontra entre -30o e +90o. Logo, 
no quadrante de desvio para a esquerda, ainda poderemos ter um vetor indicando 
normalidade. Nesses casos é preciso fazer uma determinação precisa do eixo cardíaco. 
Para fazermos uma determinação precisa do eixo cardíaco, precisamos inicialmente 
determinar o quadrante do eixo como já foi ensinado anteriormente. Em seguida, 
precisamos verificar entre as derivações periféricas aquela que apresenta o QRS mais 
isoelétrico, ou seja, com uma porção positiva do mesmo tamanho que a porção negativa. 
Lembre-se: é a derivação com o QRS mais isoelétrico. Alguns ECGS não terão derivações 
que o QRS será facilmente notável como isoelétrico, portanto precisamos comparar com as 
demais derivações e escolher aquela mais isoelétrica entre todas as derivações periféricas. 
Uma derivação isoelétrica irá nos traduzir que o eixo é perpendicular aquela derivação. 
Passo a Passo: 
1. Determinar o quadrante. 
2. Encontrar a derivação mais isoelétrica. 
3. Buscar a derivação perpendicular à ela. 
DI é negativo, afastando o eixo de DI; aVF é negativo, afastando o eixo de aVF. O eixo se 
localiza no quadrante de desvio extremo. A derivação mais isoelétrica é a aVL, a derivação 
perpendicular a ela seria a DII, logo o eixo do QRS é -120o. 
 
VI. BLOQUEIOS DE RAMO 
 
A despolarização ventricular segue o nó AV e do Feixe de His pelos ramos ventriculares. Os 
ramos direito e esquerdo fornecem a corrente aos ventrículos direito e esquerdo, 
respectivamente. A massa do VE é muito maior do que a do VD, portanto as forças elétricas 
do VE se sobrepõem às do VD. 
 
1. Bloqueio de Ramo Esquerdo (BRE) 
A. Etiologia: 
 
● Hipertensão → hipertrofia → dilatação 
● Cardiopatias isquêmicas 
● Valvulopatia aórtica 
 
B. Critérios eletrocardiográficos 
 
● Duração do complexo QRS ≥ 120 ms; 
● Ondas R alargadas e monofásicas, geralmente com entalhes e empastamentos em D1, 
aVL, V5 e V6 (aspecto em torre); 
● Ausência de Q em DI, V5 e V6; 
● Ondas S alargadas com espessamentos e/ou entalhes em V1 e V2; 
● Eixo elétrico de QRS desviado para a esquerda (–30° e +60°); 
● Inversão do segmento ST em relação ao QRS. 
A imagem revela um BRE completo! Nota-se a presença de QRS negativo e largado em V1. 
 
 
 
11 
 
você aponta para 
BAIXO para ir para 
a ESQUERDA
você aponta para 
CIMA para ir para a 
DIREITA
 
 
 
 
 
2. Bloqueio de Ramo Direito (BRD) 
 
• QRS alargado com duração ≥ 120 ms como condição fundamental (≥3 quadradinhos); 
• Segunda onda positiva ao final do QRS em V1 e V2 (volte à imagem e observe); 
• Eixo elétrico de QRS variável, tendendo para a direita. 
 
 A imagem acima revela QRS positivo e alargado em V1, logo, BRD. 
 
 
 
 
 
 
 
DICA! Lembre-se da seta do carro! 
 
 
 
 
 
 
 
Nestes casos, a “seta do carro” é o V1. 
 
NOTA! Na prática, não é tão fácil diferenciar um BRE de um BRD apenas pela morfologia da 
onda R. Para facilitar você vai olhar a derivação V1, se o QRS for alargado e positivo é 
Bloqueio de ramo direito, se o QRS for alargado e negativo é Bloqueio de ramo esquerdo. 
Agora volte às duas últimas imagens e veja se não funciona! 
 
VII. ISQUEMIA, INJÚRIA E NECROSE 
 
A localização de um infarto é uma prática comum, importante na estratificação de risco, 
além de auxiliar na decisão da conduta. Por isso, o conhecimento anatômico sobre o 
suprimento sanguíneo coronariano possibilita um diagnóstico mais preciso e sofisticado. 
As artérias coronárias são os principais ramos da aorta que irrigam o miocárdio e o 
epicárdio. 
Ø A artéria coronária direita supre o átrio direito, a maior parte do ventrículo direito, 
a parede inferior do ventrículo esquerdo, 1/3 posterior do septo, o nó SA e o nó 
AV. 
Ø A artéria coronária esquerda supre o átrio esquerdo, a maior parte do ventrículo 
esquerdo, pequena parte do ventrículo direito e a maior parte do septo. 
Pelo fato de a artéria coronária direita ser responsável pelo suprimento sanguíneo das 
áreas onde se encontram os nódulos sinoatrial, atrioventricular e o feixe de His, quando 
ocorre oclusão da mesma, os infartos gerados podem causar graves arritmias. 
 
ATENÇÃO! Na presença de BRE não se lauda: Sobrecarga por Sokolow, Supra e BDAS. 
Na presença de BRE o índice aceitável para analisar hipertrofia de VE é de Cornell. 
 
 
 
 
 
12 
 
 
A. Isquemia 
A isquemia decorre da deficiência de oxigênio e nutrientes em relação à demanda do 
cardiomiócito, acarretando disfunção miocárdica sem sofrimento ou lesão permanente, 
por isso, é potencialmente reversível. 
A hipóxia altera a permeabilidade da membrana celular, produzindo um distúrbio de 
regulação e transporte iônico, por alterações na bomba de Na+/K+, aumentando o efluxo 
do íon potássio ao mesmo tempo que retarda o seu influxo. Logo, ocorre um 
prolongamento da repolarização e alargamento do potencial de ação da célula isquêmica. 
A região isquêmica permanece eletricamente negativa por mais tempo com relação à 
região sadia. Esse fenômeno determina um vetor que se dirige da área isquêmica (negativa) 
para a sadia (positiva). 
 
1. Isquemia Subepicárdica 
 Vista através da Onda T negativa. Mas por que essa onda negativa? 
Bem, devemos relembrar que a repolarização ventricular parte do epicárdio para o 
miocárdio. Quando tal área sofre um processo de isquemia o sentido dessa despolarização 
é invertida e onda T passa a ser invertida. É um achado geralmente subagudo e crônico, 
uma vez que o epicárdio é última parede a sofrer durante esse processo. O sentido da lesão 
é endocárdio, miocárdio e, por último epicárdio. 
Resumindo: Onda T negativa, pontiaguda, simétrica e profunda. 
 
2. Isquemia Subendocárdica 
Há um atraso no início e o prolongamento 
da repolarização na região endocárdica. 
Assim, a recuperação ventricular inicia-se 
no epicárdio e progride para o 
endocárdio, semelhante à repolarização 
normal. Nesse caso, a onda T apresenta-
Exemplo 1: Eletrocardiograma evidenciando onda T invertida em paciente com infarto sem 
supradesnivelamento do segmento ST. 
 
 
 
 
13 
 
se positiva diferenciando-se de uma onda T normal por se apresentar pontiaguda, simétrica 
e ampla. 
Resumindo: Onda T positiva, pontiaguda, simétrica e ampla. 
B. Injúria 
Lesão significa infarto agudo ou recente, que ocorre devido à progressão do 
comprometimento isquêmico do miocárdio, ou seja, o agravamento da insuficiência 
coronária que, se não for corrigida, levará a morte dos miócitos afetados. Manifesta-se com 
elevação do segmento ST ou, ainda, manifestar-se com infradesnivelamento do segmento 
ST. A primeira é mais grave do que a segunda. Nestes estágios, as alterações bioelétricas 
ainda são parcialmente reversíveis. 
 
O supradesnivelamento é típico dos infartos transmurais e tem a especificidade de 91% 
para o diagnóstico de IAM. O critério utilizado para laudar um supradesnivelamento do 
segmento ST é um supradesnivelamento maior do que 0,1Mv do ponto situado a 0,04 
segundos após o ponto J. 
O infradesnivelamento é típico dos infartos subendocárdicos, manifestando-se através do 
infradesnivelamneto maior do que 0,1mv do ponto situado a 0,04 segundos após o ponto 
J. 
Resumindo: 
Ø Supradesnivelamento do Segmento ST 
• Elevação> 1mm em derivações periféricas. 
• Elevação > 2mm em derivações precordiais. 
 
C. Infarto (ou necrose) 
 
Resulta de hipóxia tecidual prolongada que culmina com a morte ou necrose dos miócitos, 
sendo, portanto, um processo IRREVERSÍVEL. 
Seu achado eletrocardiográfico é a ONDA Q 
PATOLÓGICA, indicativo de morte de tecido 
miocárdico (necrose tecidual), que se diferencia de 
uma onda Q normal por sua AMPLITUDE MAIOR 
OU IGUAL A 0,04 SEGUNDOS ou por ALTURA DE 
1/3 DO COMPLEXO QRS. 
Essa região é eletricamente silenciosa e os estímulos passam a se dirigir para longe da área 
(provocando a deflexão negativa) 
Exemplo: Supradesnivelamento do segmento ST em D1, aVL, V2, V3, V4, V5 e V6. 
TOPOGRAFIA DO INFARTO 
Determinar o local do infarto é importante porque o prognóstico tem relação com a 
localização do infarto. 
 
Infarto anterior do VE: ondas Q 
patológicas em V1 a V4 
 
Infarto lateral (parte mais esquerda do 
VE): ondas Q patológicas em DI e AVL: 
 
 
 
 
14 
 
Setor indicando a posição do eixo da onda P 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMINDO: 
VIII. SOBRECARGAS 
 
 
ONDA P 
O padrão da onda P consiste em dois momentos: nos 30 
segundos iniciais há somente ativação do átrio direito (AD), 
nos 20 segundos finais há apenas ativação do átrio esquerdo 
(AE); e durante 90 segundos ocorre ativação de ambos os 
átrios. 
Ø Eixo de Ativação 
O eixo de ativação da Onda P se encontra entre 30° e 60°. 
 
 
 
 
 
 
1. SOBRECARGA ATRIAL DIREITA 
Ocorre quando há aumento do átrio direito, com consequente aumento da amplitude e 
deslocamento do seu vetor médio. 
A. Etiologia: 
• Insuficiência tricúspide; 
• Estenose pulmonar; 
• Atresia da válvula tricúspide; 
• Miocardiopatia dilatada; 
• Endocardite bacteriana subaguda das válvulas tricúspide e/ou pulmonar. 
Infarto inferior/diafragmático: ondas Q 
patológicas em DII, DIII e AVF 
 
 
No infarto posterior agudo haverá 
também depressão de ST (oposta à 
elevação habitual) em V1 e V2 e/ou V3. 
 
Nota! Todo IAM de parede inferior 
(DII, DIII, e AVF) devemos pedir as 
derivações direitas (V3R e V4R), uma 
vez que se relaciona com oclusão da 
coronária direita, o que pode causar 
infarto de VD. 
 
Nota! O infarto nessa área é suspeitado 
quando são vistos infradesnivelamentos 
em parede anterior que, na verdade, são 
“imagens em espelho” da injúria sofrida 
pela parede posterior do ventrículo 
esquerdo. Devemos, então, sempre 
solicitar derivações posteriores (V7 e V8) 
nesses casos. 
 
Setas indicando os vetores 
de despolarização dos átrios. 
 
 
 
15 
 
B. Características eletrocardiográficas: 
 
• 1° SINAL: alterações na onda P 
Presença de onda P pontiaguda com amplitude > 0,25mV ou 2,5mm (2,5 quadradinhos) em 
derivações inferiores (DII, DIII e aVR). 
2. SOBRECARGA ATRIAL ESQUERDA 
Ocorre quando há crescimento do átrio esquerdo, com consequente deslocamento do seu 
vetor médio de despolarização. 
A. Etiologia: 
• Insuficiência mitral; 
• Estenose mitral; 
• Miocardiopatia dilatada. 
 
B. Características Eletrocardiográficas: 
 
• Aumento na duração da onda P > 0,12s 
Onda P entalhada em bífida (onda P mitrale), principalmente na 
derivação DII e o intervalo entre os ápices é maior que 40ms 
(correspondente a um quadradinho no ECG). 
 
Índice de Morris: Em V1 o componente negativo da onda P é > 0,04s (um quadradinho) e 
possui profundidade amplitude > 1mm. 
 
3. SOBRECARGA VENTRICULAR ESQUERDA (SVE) 
Ocorre quando há crescimento do ventrículo esquerdo, com consequentes alterações no 
intervalo QT. 
A. Etiologia 
• Valvulopatias (insuficiência ou estenose); 
• Hipertensão arterial 
• Shunt esquerdo - direito 
 
B. Características eletrocardiográficas 
 
• Índice de Sokolow Lyon: É considerado positivo quando a soma da amplitude da onda 
S na derivação V1 com a amplitude da onda R da derivação V5/V6 for > 35 mm. 
 
• Índice de Cornell: Quando a soma da amplitude da onda R na derivação aVL, com a 
amplitude de onda S de V3 for > 28 mm em homens e 20 mm em mulheres. 
 
4. SOBRECARGA VENTRICULAR DIREITA (SVD) 
Ocorre quando há crescimento do ventrículo direito, com consequentes alterações no 
intervalo QT. 
A. Etiologia 
• Valvulopatias (ex: estenose de miltral da cardiopatia reumática); 
• Comunicação interventricular. 
 
B. Características eletrocardiográficas 
 
• R>S em V1 = V1 positivo (imagem x). 
OBS: Normalmente o QRS em V1 é negativo. 
 
 
 
 
 
Você já sabe que onda P bifásica em V1 não é um achado anormal. 
Mas o componente negativo não pode ultrapassar 1mm. Nesse caso, 
já tem quase 2! 
QRS é positivos em V1. 
 
 
 
16 
 
Aqui temos ECG em franca Taquicardia Sinusal. É possível notar: FC > 100 bpm; Onda P: 
morfologia sinusal precedendo todos os QRS’s; QRS estreito. 
 
 
 
 
Exemplo 1: (Sobrecarga Atrial Direita): 
Há mudança no padrão normal da onda 
P (ela deveria ser menor do que 3 
quadradinhos). Nesse exemplo, a onda P 
ocupa um quadrado grande. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 2 (Sobrecarga Ventricular Esquerda): S de V1 + R de V5 ou V6 > 35mm. No 
exemplo, podemos ver com facilidade que a onda R em V5 tem mais do que 5 “quadradões” 
enquanto S em V1 tem mais do que 3 “quadradões”. Apenas com essa observação já é 
possível contar mais de 40 quadradinhos. (1 Quadradrão = 5 quadradinhos). 
Sokolow positivo! 
IX. TAQUIARRITMIAS 
 
As taquiarritmias são caracterizadas por uma FC>100 bpm e, de forma geral, são divididas 
em dois tipos: 
(1) As taquiarritmias supraventriculares são aquelas originadas acima da bifurcação do 
feixe de His. Geralmente, inscrevem um QRS estreito (< 120 ms) 
(2) As taquiarritmias ventriculares originam-se abaixo da bifurcação do feixe de His e, 
em geral, apresentam QRS largo (> 120 ms). 
Essa divisão das taquiarritmias de acordo com a duração do QRS é utilizada para simplificar 
o entendimento. Sabemos que um estímulo normal de despolarização ventricular percorre 
o Feixe de His, passa aos seus ramos e, por fim, às fibras de Purkinje antes de despolarizar 
os miócitos dos ventrículos, formando um QRS estreito. 
Já em uma taquiarritmia ventricular, essa ativação começa fora desse sistema condutor, 
em um foco anômalo ventricular. A consequência é uma passagem mais lenta do impulso, 
miócito à miócito, inscrevendo um QRS de duração prolongada. 
1. TAQUIARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES 
 
1.1 Taquicardia sinusal 
 
A. Etiologia: 
Na maioria das vezes, ocorre em resposta ao aumento do tônus simpático, seja por uma 
resposta fisiológica (exercício físico, ansiedade, estresse...) ou por uma resposta 
fisiopatológica (febre, hipotensão, tireotoxicose, anemia, desidratação, IAM, insuficiência 
cardíaca...). 
B. Características eletrocardiográficas: 
• Frequência acima de 100 bpm 
• Onda P de morfologia sinusal, respeitando o eixo de despolarização atrial (positiva em 
DI, DII e aVF / negativa em aVR). 
• Há uma onda P para cada QRS. 
• O QRS será estreito (salvo em distúrbios de condução intraventricular - ex: bloqueio de 
ramo) 
• Geralmente, apresenta início e término gradual. 
 
 
 
17 
 
1.2 Taquicardia atrial unifocal 
 
Ocorre a origem do estímulo em um foco ectópico, no miocárdio atrial. Assim, apresenta 
onda P com morfologia diferente da sinusal, onde será determinada pela localização do 
foco ectópico. 
A. Etiologia 
● Cor pulmonale 
● Intoxicação digitálica 
● Hipocalemia 
● Hipoxemia 
● Uso de simpatomiméticos (ex.: cocaína) 
Exemplo: Taquicardia atrial Unifocal – note que há uma variação quanto à onda P 
precedendo o QRS, observando-se uma proporção 3:2 em alguns momentos, e 2:1 em 
outros 
Outro ponto a ser observado é quanto à linha isoelétrica entre as ondas P, o que diferencia 
do flutter atrial. Contudo, em ritmos rápidos, esta diferenciação entre TAV com bloqueio e 
flutter atrial é dificultada. 
 
1.3 Taquicardia atrial multifocal 
 
A origem da taquicardia atrial se dá em diferentes focos. Assim, a onda P vai apresentar 
morfologias diferentes em uma mesma derivação(três morfologias distintas na mesma 
derivação). 
Como os focos são distintos, o tempo que o estímulo leva para alcançar o Nó AV é variável, 
fazendo com que os intervalos PR e RR tornem-se irregulares. 
O resultado é uma resposta ventricular IRREGULARMENTE IRREGULAR, onde múltiplos 
focos atriais alternam o controle do ritmo cardíaco. A maioria dos pacientes com tal arritmia 
apresentam DPOC ou insuficiência cardíaca congestiva e, eventualmente, pode evoluir para 
uma fibrilação atrial. 
 
Exemplo: Taquicardia Atrial 
Multifocal - Note as ondas P 
com distintas morfologias 
numa única derivação, de 
intervalos RR e PR irregulares. 
 
 
 
1.4 Taquicardia Juncional Paroxística 
 
Refere-se ao grupo de taquicardias de origem não ventricular que sempre começam e 
terminam subitamente (caráter paroxístico), excluindo-se as de origem atrial (taqui atrial, 
FA e flutter). São alterações elétricas FREQUENTES na prática médica. 
Mais de um tipo de arritmia entra nesse grupo, mas todas têm como mecanismo 
arritmogênico a REENTRADA. 
 
Em um batimento normal, a condução 
segue para as duas vias, porém, a 
condução é completada na via de maior 
velocidade. 
Diante de um novo estímulo, como uma 
extrassístole atrial, o impulso irá descer 
pela via lenta de condução, já que a via 
rápida está no seu período refratário. 
Até que o estímulo seja conduzido na 
via lenta, a via rápida já está fora do seu 
 
 
 
18 
 
período de refratariedade, assim, o impulso retorna por ela, completando o ciclo. É como 
se fosse um “curto-circuito” no sistema de condução do coração. 
Exemplo: Taquicardia Juncional Paroxística- Note o pseudo-r’ em V1 e pseudo-s em DII, 
DIII e aVF. 
1.5 Taquicardia por Reentrada Nodal: 
 
Causa mais comum de taquicardia supraventricular. 
QRS estreito, RR regular. 
Onda P é negativa, devido a sua condução retrógrada (Onda P’), podendo estar dentro do 
complexo QRS, não aparecendo no traçado. 
Pode aparecer antes ou logo após o complexo QRS, dando a aparência, em V1, de um 
pseudo-r’ (antes do QRS) ou pseudo-s (depois do QRS), em DII, DIII e aVF. 
Assim, a onda P' estará muito próxima do QRS anterior, de forma que o intervalo RP' é menor 
que P'R. 
 
Resumindo: 
● Frequência cardíaca: entre 120-200 
● Início e término súbitos 
● Ativação atrial retrógrada: sem onda P; ou eventual onda P' de aspecto PSEUDO-S em 
DII, DIII e aVF / PSEUDO-R' em V1, sendo R-P' menor que P'R 
● QRS: estreito (exceto se bloqueio de ramo associado) 
● Intervalo RR: Regular 
 
 
 
 
 
 
1.6 Fibrilação atrial 
 
É a taquiarritmia mais frequente na prática médica, sendo causada pelo surgimento de 
múltiplos focos de despolarização no miocárdio atrial. É como se houvesse um “bug” e 
diversas células começassem a se contrair de forma desorganizada, por isso é dito que o 
miocárdio atrial fibrila ao invés de contrair, levando a uma perda da função mecânica, que 
prejudica o enchimento dos ventrículos e causa repercussões clínicas em situações de 
maior demanda do sistema cardiovascular. 
Apesar da hiperestimulação atrial, o nó atrioventricular consegue “filtrar” boa parte dos 
estímulos, o que evita uma fibrilação ventricular. 
A resposta ventricular a essa taquiarritmia atrial costuma ser completamente irregular. 
Na FA o ritmo cardíaco fica IRREGULARMENTE IRREGULAR. 
 
A. Critérios eletrocardiográficos para diagnóstico: 
● Ausência de onda P 
● QRS estreito (exceto de houver bloqueio de ramo) 
● Irregularidade do intervalo RR (Imagem 5.6.1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: Tente achar a onda p, aí! A melhor derivação para você procurá-la é DII. Na 
verdade, a única coisa que dá para ver é uma irregularidade no traçado onde deveria estar 
a onda P! Esse “tremido” é exatamente a FA. Nota-se também um QRS (ou RR) de distância 
variável, compatível com um ritmo irregularmente irregular. 
 
 
 
 
Nota! Quando suspeitar? Sempre que houver TAQUICARDIA com QRS ESTREITO e 
intervalo RR REGULAR, independente da presença da onda P retrógrada (onda P'). 
 
Nota! O ritmo cardíaco pode ser regular, irregularmente regular, ou irregularmente 
irregular. No caso do irregularmente regular, o ritmo não é normal, porém existe algum 
padrão na irregularidade. 
Nota! Se o intervalo RR estiver regular, significa dissociação total entre os átrios e 
ventrículos 
 
 
 
19 
 
1.7 Flutter atrial 
 
É uma Taquiarritmia supraventricular com frequência atrial em torno de 300 bpm. 
O Flutter atrial pode ocorrer em indivíduos com coração normal, porém, na maioria das 
vezes está relacionado com doenças cardíacas subjacentes. As causas mais comuns são: 
● Doenças isquêmicas (Infarto do miocárdio e Angina) 
● Comprometimento de válvula mitral ou tricúspide; 
● Miocardite e pericardite 
● Cardiopatia hipertensiva 
● Hipoxemia (Doença pulmonar obstrutiva crônica ou embolia pulmonar) 
● Pós-operatório de cirurgia cardíaca. 
 
A. Critérios eletrocardiográficos: 
 
● Frequência atrial muito elevada. 
● Substituição das ondas “P” por outros denominados de onda “F”, com aspecto 
pontiagudo, interligados umas às outras e semelhantes entre si. 
● Substituição de linha de base isoelétrica por ondulações ou serrilhado monomórficos, 
assumindo um aspecto denominado dente de serra. 
● Flutter atrial 2:1, 3:1, 4:1 indica respectivamente a relação entre os impulsos atriais e 
ventriculares. Sendo o mais comum 2:1 e o mais raro, 1:1. 
● Usualmente o ritmo ventricular é normal 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: Eletrocardiograma que evidencia o padrão serrilhado do flutter atrial com 
condução atrioventricular 3:1 e 2:1 na derivação D2. Observe que o padrão da onda é 
serrilhado. 
AS ETAPAS DE ANÁLISE: 
● FREQUÊNCIA: Frequência atrial muito elevada entre 250-450 bpm em geral 
próximo de 300 bpm; 
● ONDA P: Substituídas por ondas F de aspecto denominado dentes de serra. Estão 
negativas, na maioria das vezes, em DII, DIII e aVF. 
● INTERVALO PR: Não é medido, pois a linha de base é serrilhada. 
● COMPLEXO QRS: Estreito. 
 
2. TAQUIARRITMIAS VENTRICULARES 
 
2.1 Fibrilação ventricular (FV) 
 
É produzida por estímulos de muitos focos ventriculares ectópicos causando uma contração 
irregular dos ventrículos, não havendo bombeamento cardíaco efetivo. 
Não há padrão característico da FV. Ela é reconhecida pelo seu aspecto totalmente 
irregular, com complexos QRS distintos e ausência de segmentos ST e ondas T. 
Trata-se de um ritmo de parada chocável. 
Exemplo: Na FV o coração está completamente desorganizado, dessa forma não há padrão 
no ECG. A intenção da desfibrilação é dar um “reboot” nos miócitos para reorganizar o 
ritmo 
 
2.2 Taquicardia ventricular (TV) 
 
• É a ocorrência de uma série de três ou mais QRS prematuros consecutivos de 
morfologias anormais, cuja duração exceda 120 ms. 
• São decorrentes de três mecanismos: reentrada, atividade deflagrada e automatismo. 
• Pode ser sustentada (duração >30s) ou não sustentada (duração<30s). 
• O início pode ser paroxístico (súbito) ou não paroxístico. 
• A forma mais comum são as taquicardias monomórficas: ritmo regular com FC > 100 
bpm, QRS largo (> 120 ms) e com desvio do seu eixo elétrico (imagem 5.9.1) 
Exemplo: Taquicardia ventricular monomórfica, a frequência é de cerca de 200 bpm 
 
 
 
20 
 
Observe o traçado. Pela regra dos 
300, 150, 100, 75, 60, 50 dá para ver 
que tem menos de 50 bpm! Mas tem 
sempre uma onda p precedendo 
cada QRS, ainda que não tenhamos 
outras derivações para visualizar. 
 
X. BRADIARRITMIAS 
 
Bradicardias ou bradiarritmias são alterações do ritmo e/ou frequência cardíaca (FC) 
caracterizadas por baixa FC. A bradicardia é dita absoluta quando a FC é inferior a 50 bpm 
ou relativa quando superior à 50 bpm, porém inferior à esperada para condição clínica do 
paciente. 
 
TIPOS DE BRADIARRITMIAS 
 
1. Bradiarritmia sinusal 
FC em repouso menor que 50 bpm, em vigília, no adulto. A onda P está positiva em D1, 
DE e AVF com morfologia normal e precedendo todo QRS. 
 
2. Bloqueios Atrioventriculares 
 
O bloqueioatrioventricular (AV) é definido como atraso ou interrupção na transmissão 
de um impulso dos átrios para os ventrículos devido a um comprometimento anatômico 
ou funcional do sistema de condução. O distúrbio de condução pode ser transitório ou 
permanente, com condução atrasada, intermitente ou ausente. A terminologia 
comumente usada inclui: 
 
2.1 Bloqueio AV de primeiro grau 
Condução atrasada do átrio para o ventrículo (definido como um intervalo PR prolongado 
de> 200 milissegundos [5 quadradinhos]) 
sem interrupção na condução atrial para 
ventricular. Há só um retardo na 
condução! Observe na imagem. 
 
Resumindo: SEQUÊNCIA “P-QRS-T” 
NORMAL E INTERVALO PR 
PROLONGADO (≥ 200ms) E CONSTANTE. 
 
2.2 Bloqueio AV de segundo grau 
Condução atrial intermitente ao ventrículo, que são classificados nos tipos Mobitz tipo I 
(Wenckebach), Mobitz II bloqueio AV de segundo grau e BAV 2:1. 
 
2.2.1 BAV de segundo grau Mobitz 1 
 
Prolongamento progressivo do intervalo PR precede uma onda P não conduzida. A primeira 
onda P após o bloqueio é conduzida para o ventrículo com um intervalo PR mais curto em 
comparação com a última onda P antes do bloqueio. 
Resumindo: aumento progressivo 
do intervalo PR até bloqueio 
completo da onda P. Observe na 
imagem. 
 
 
 
 
2.2.2 BAV de segundo grau Mobitz 2 
O intervalo PR permanece inalterado antes de uma onda P que não conduz aos ventrículos. 
Resumindo: Onda P é bloqueada subitamente, sem alteração do intervalo PR. É mais grave 
que o BAV 2° M1. Observe na imagem: 
 
2.2.3 BAV de segundo grau 2:1 
Há duas ondas P para o aparecimento de 1 QRS, de modo constante. Ou seja, para cada 2 
impulsos sinusais, 1 tem condução bloqueada. 
Resumindo: 2 ondas P, 1 
QRS, 2 ondas P, 1QRS. 
Observe na imagem: 
DICA: É o único que tem presença de regularidade no RR! Ele é chamado de RR REGULARMENTE 
IRREGULAR → é regular e irregular ao mesmo tempo porque ele obedece a um padrão 
 
 
 
21 
 
2.3 Bloqueio AV de terceiro grau ou total ou completo 
 Nenhum impulso atrial é conduzido para o ventrículo, todas as ondas P são bloqueadas. Há 
total dissociação atrioventricular, ou seja, não há nenhuma correlação entre a onda P e o 
complexo QRS, cada um tem sua frequência, com ondas P simétricas entre si e QRS simétricos 
entre si. Observe na imagem: 
Exemplo 1: BAV total. A onda P (representada pela ponta de seta) encontra-se totalmente 
dissociada do QRS (representado pelos pontos). 
Exemplo 2: BAV total. Observe a assincronia entre onda P e complexo QRS. 
 
3. Assistolia 
 
Inatividade elétrica cardíaca associada à ausência total de contração ventricular. A assistolia 
é considerada um ritmo terminal e é o mecanismo mais frequente de parada cardíaca – 
comumente associada à hipóxia (principalmente em crianças). 
Trata-se de um ritmo que não se beneficia com choque (RITMO NÃO CHOCÁVEL). 
 
 
Principais causas são relacionadas com a evolução final das demais modalidades de paradas 
cardiorrespiratórias, quando não atendidas adequadamente ou em tempo hábil (5Hs e 
5Ts): 
 
 
XI. BIBLIOGRAFIA 
 
1. Filho, Gilson S. Feitosa. ECG – Simples, Fácil e Prático, 1ª ed, 2020. 
2. Interpretação Rápida do ECG, Dubin 3ª Ed. 
3. Reis, Helder et al. ECG – Manual prático de eletrocardiograma, 1ª Ed. 
4. Mangrum, JM, DiMarco, JP. The Evaluation and Manegement of Bradycardia. N Engl J 
Med 2000; 342: 703-709. 
5. Spodick DH, Raju P, Bishop RL, Rifkin RD. Operational definition of normal sinus heart 
rate. Am J Cardiol 1992;69:1245-6. 
6. Viitasalo MT, Kala R, Eisalo A. Ambulatory electrocardiographic recording in endurance 
athletes. Br Heart J 1982;47:213-20. 
7. Hanne-Paparo N, Drory Y, Schoenfeld Y, et al. Common ECG changes in athletes. 
Cardiology 1976;61:267-78. 
8. Northcote RJ, Canning GP, Ballantyne D. Electrocardiographic findings in male veteran 
endurance athletes. Br Heart J 1989;61:155-60. 
9. Brodsky M, Wu D, Denes P, et al. Arrhythmias documented by 24 hour continuous 
electrocardiographic monitoring in 50 male medical students without apparent heart 
disease. Am J Cardiol 1977;39:390-5. 
10. Fleg JL, Kennedy HL. Cardiac arrhythmias in a healthy elderly population: detection by 
24-hour ambulatory electrocardiography. Chest 1982; 81:302-7. 
11. 2005 - American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and 
Emergency Cardiovascular Care. Part 7:4 Monitoring and Medications.Circulation 2005 
112 [ Suppl 1] IV 78 – IV 83. 
12. Montargil N.D. – Manual de R.C.P. da U.T.I. do Hospital Geral Luis Vianna Filho – Ilhéus. 
2006. 
 
 
 
22 
 
 APOIO:

Continue navegando