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RAFAELLA BONFIM TXXIX Derrame Pleural CONCEITOS GERAIS -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- A pleura é uma fina camada que cobre as superfícies internas da cavidade torácica, sendo definida como: Pleural visceral: reveste o pulmão Pleura parietal: reveste a caixa torácica, o diafragma e as estruturas do mediastino O espaço virtual entre a pleura visceral e parietal é denominado espaço pleural No derrame pleural, ocorre um acúmulo anormal de líquidos nesse espaço pleural devido a alguma doença Não existe derrame pleural idiopático (espontâneo), ele sempre será decorrente de uma doença com condição anômala FISIOLOGIA DO ESPAÇO PLEURAL -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Em condições fisiológicas, forma-se uma camada fina de líquido no espaço pleural que age como um lubrificante diminuindo a fricção entre a parede torácica e o pulmão durante a inspiração e a expiração. A quantidade desse líquido é de cerca de 0,1 a 0,2 mL/Kg Além do mais, existe um movimento contínuo do líquido para dentro e para fora do espaço pleural que depende da pressão oncótica e hidrostática. O LP flui através das membranas pleurais até a cavidade pleural e sai do espaço pleural por meio dos vasos linfáticos da pleura parietal A pressão hidrostática da pleura visceral parietal é semelhante à circulação sistêmica (30 cm H2O), enquanto a da visceral é semelhante a pulmonar (10 cm H20) RAFAELLA BONFIM TXXIX MECANISMOS QUE PROMOVEM O ACÚMULO DO LÍQUIDO PLEURAL ---------------------------------------------------------------------------------- Circulação microvascular ✓ Aumento na pressão hidrostática - insuficiência cardíaca ✓ Redução da pressão oncótica - hipoalbuminemia grave, doença renal crônica, desnutrição ✓ Aumento na permeabilidade - pneumonia, processos inflamatórios ✓ Neoplasia comprometendo os linfáticos - obstrução da rede linfática subpleural ✓ Acentuação da pressão negativa no espaço pleural - atelectasia pulmonar (criança que engole moeda) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Paciente com tosse + dispneia + dor ventilatório-dependente A intensidade da queixa é diretamente proporcional ao volume de líquidos Expansibilidade: diminuída em casos de um derrame significativo Murmúrio Vesicular: abolido ou reduzido em região suspeita Frêmito Toracovocal: diminuído – líquido não transmite bem o som Percussão: maciço DIAGNÓSTICO ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ✓ História/exame físico ✓ Exames de imagem ➢ Radiografia de tórax: chave para o diagnóstico do derrame pleural, avaliando a extensão e o nível do derrame Imagem típica: opacidade homogênea no hemitórax acometido (não se enxerga o diafragma, o líquido forma um menisco Opacificação homogênea ocupando a região caudal do HTx Limitado superiormente por linha curva (parabólica) – Sinal do menisco Desvio mediastinal contralateral RAFAELLA BONFIM TXXIX ➢ US de tórax ➢ TC de tórax – feita principalmente na suspeita de líquido encapsulado ou encistado (empiema prévio e derrames recidivantes) Para determinar a etiologia do derrame, pode ser coletado uma amostra de líquido do espaço pleural por toracocentese, de preferência com auxílio de US ou TC para minimizar as complicações do procedimento Análise do líquido pleural o Citologia diferencial de leucócitos ➔ Neutrófilos: inflamação aguda Pneumonia/pleurite/pancreatite ➔ Linfócitos/monócitos: inflamação crônica Tuberculose pulmonar/ colagenose/ neoplasia RAFAELLA BONFIM TXXIX o Citologia oncótica ➔ Pesquisa de células neoplásicas no líquido pleural Se (+): neoplasia Se (-): NÃO afasta o diagnóstico de neoplasia o Cultura o Baciloscopia o Antibiograma Pneumonia, pesquisa de Tbc, infecção fúngica Biópsia pleural ➢ Indicação: exsudatos não diagnosticados pela toracocentese ➢ Suspeita: Neoplasia: citologia oncótica (-) ou duvidosa Tuberculose: BK, ADA e outros inconclusivas; doenças fúngicas, parasitárias, sarcoidose, doenças reumáticas TRATAMENTO ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Independente se for transudato exsudato, o tratamento da doença de base deve ser feito Transudato/exsudato Tratamento da doença de base Toracocentese Drenagem pleural INDICADAS SE FOR NECESSÁRIO (desconforto respiratório) TRANSUDATOS EXSUDATOS RAFAELLA BONFIM TXXIX DERRAME PLEURAL REFRATÁRIO --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- É um derrame que se forma mesmo após a drenagem (equivalente ao pneumotórax recidivantes) Ocorre principalmente quando a doença de base não é tratada, como por exemplo em casos de: ✓ Neoplasia na pleura ✓ Insuficiência hepática ✓ Insuficiência renal Tratamento definitivo = prevenção de recidiva Tratamento Toracocentese de alívio: punções repetidas Drenagem pleural de longa duração: kit onde é feita a drenagem, quando acumula líquido, ele conecta, drena e depois joga fora Pleurodese: melhor opção terapêutica Derivação pleuroperitoneal Pleurectomia ➢ Toracocentese A toracocentese é uma técnica que permite a extração de um líquido anormal acumulado no espaço pleural, por meio de uma agulha ou um cateter, introduzidos na parede torácica até o espaço pleural. Pode ser empregada como fins terapêuticas quando a retirada do líquido da cavidade pleural diminui o quadro de insuficiência respiratória e com fins diagnósticos, para obter uma análise bioquímica, citológica e microbiológica do líquido ➔ Indicações ✓ Todo derrame pleural de causa desconhecida ou de evolução progressiva ✓ IC com derrame unilateral + febre e/ou dor torácica ✓ Pneumonia com derrame pleural sem melhora com AB ✓ Cirrose hepática com derrame suspeito de infecção ➢ Pleurodese A pleurodese é uma forma de tratamento, que procura produzir fibrose pleural por meios químicos (agente esclerosante) ou mecânicos (abrasão ou pleurectomia), obliterando o espaço pleural, e prevenindo as recorrências e os sintomas adversos não são muito utilizadas RAFAELLA BONFIM TXXIX ➢ Drenagem pleural A drenagem pleural consiste na colocação de um dreno tubular no espaço pleural, conectado a um reservatório com “selo d’água” que funciona como um mecanismo valvar para impedir o retorno do ar ou conteúdo líquido drenado Local de inserção: linha axilar média ou anterior entre a 4ª (ponto de referência: mamilo) e a 5ª costela ➔ Indicações ✓ Drenagem de hemotórax ou de derrame pleural de grande volume de qualquer etiologia ✓ Drenagem torácica profilática em pacientes com qualquer suspeita de trauma torácico ✓ Drenagem de pneumotórax traumático ou espontâneo ✓ Tórax instável que requer ventilação mecânica ✓ Derrame pleural de repetição, em que há a possibilidade de pleurodese EMPIEMA PLEURAL ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Conceito Acúmulo de pus no espaço pleural Epidemiologia ✓ Baixo nível socioeconômico ✓ Extremos de vida (idosos) ✓ Doentes debilitados (quimioterapia) Mortalidade: 1-19% e em imunodeprimidos até 40% Etiologia ✓ Contiguidade 60-65%: Proximidade (pulmão 70% - é a grande fonte), abscesso cervical e mediastinal, parede torácica, infecções subdiafragmáticas Iatrogênico 25%: decorrente de procedimentos médicos (ex: retirada de dente que infecciona) Pós-trauma 10% Outros 5% Diagnóstico História/exame físico RAFAELLA BONFIM TXXIX Exames de imagem: Importante porque vai caracterizar se existe o derrame, a quantidade de volume, além de mostrar se o processo já está muito avançado ou não Fase inicial: líquido livre Fase tardia: derrame encistado, septações e espessamento pleural Análise do líquido pleural: Características do líquido em empiema ➢ Análise bioquímica: ✓ PH ácido: <7,2; metabolismo anaeróbico ✓ Glicose baixa: <40; bactérias consomem glicose ✓ DHL alto: >1000; lise celular ➢ Citologia Aumento do número de leucócitos ➢ Cultura (+) para crescimento bacteriano ➢ Macroscopia Fases O empiema evolui em fases e cada fase possui um quadro clínico, patologias e terapêuticas diferentes 1. Aguda: Exsudativa 2-5 dias; É quando começa a contaminar o líquido Opção terapêutica: drenagem fechada; debridamento por videotoracoscopia 2. Fibrinopurulenta: Fase de transição É quando começa a desencadear a resposta inflamatória Opção terapêutica: drenagem fechada; debridamento por videotoracoscopia; drenagem tubular aberta; decorticação por toracotomia 3. Crônica: Organização + de 15 dias , organismo “cerca” o processo inflamatório para conter ele, fibras de colágeno migram para essa região e espessam a pleura Nessa fase, o paciente apresenta uma melhora sistêmica (cai a febre etc.) Opção terapêutica: Pleurostomia, decorticação por toracotomia RAFAELLA BONFIM TXXIX Objetivos do tratamento de empiema pleural ✓ Curar a infecção ✓ Desencarcerar o pulmão (reexpansão) Opções terapêuticas: fases de evolução Antibioticoterapia – não é efetivo se for utilizada como terapia única Drenagem pleural fechada - Drenagem aberta da cavidade pleural ✓ Tubular aberta ✓ Pleurostomia – drenagem aberta mais ampla Desbridamento por videotoracotomia Decorticação por toracotomia EMPIEMA PLEURAL – TRATAMENTO CIRÚRGICO
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