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O modelo cognitivo e a conceitualização cognitiva na Terapia Cognitivo Comportamental A TCC baseia-se no modelo cognitivo que explica que os pensamentos, ou seja, a interpretação que as pessoas fazem dos acontecimentos, influenciam suas emoções, comportamentos e reações fisiológicas. • Pensamentos disfuncionais são comuns aos transtornos psicológicos • As pessoas obtêm melhoras terapêuticas quando aprendem a avaliar seus pensamentos de forma mais realista Modelo cognitivo Situação/ acontecimento (interior: sensações de medo; exterior: crítica no trabalho) Pensamentos automáticos Reação (emocional, comportamental, fisiológica) Mas por que temos certos pensamentos automáticos? Por que interpretamos as situações de determinada forma? Por que há diferença nas formas de pensar entre diferentes pessoas? Nossos pensamentos percebidos que costumam surgir automaticamente estão relacionados a uma estrutura mais profunda da cognição que é chamada de crença. As crenças são a visão ou a ideia que temos sobre nós, as outras pessoas e o mundo. É ao longo da nossa história que desenvolvemos as crenças, à medida que interagimos com as pessoas e passamos por experiências. Há 2 níveis de crenças, o intermediário e o mais profundo, que são as crenças nucleares. Ao pensarmos sobre o significado que os eventos da vida têm para nós podemos ter noção das crenças que cultivamos. Crenças nucleares Nível mais profundo da cognição, ideias duradouras as vezes inconscientes sobre como as coisas são. Crenças adaptativas: Eficiência: “sou razoavelmente competente”; “posso lidar com a maioria das coisas e tenho condições de me cuidar”; “ tenho alguns pontos fortes e fracos” Amabilidade: “sou razoavelmente agradável e querido”; “sou suficientemente bom para ser amado” Valor: “Sou razoavelmente adequado, moral e bom” Crenças disfuncionais Desamparo: “ Não sou capaz de me proteger”; “Não consigo fazer as coisas”; “Sou inútil comparado aos outros” Desamor: “Certamente serei rejeitado e ficarei sozinho”, “ Sou impossível de ser amado, chato, sem importância, desajeitado, pouco atraente” Desvalor: “Não mereço viver”; “Sou perigoso, tóxico”; “Sou moralmente mal, pecador” Crenças intermediárias: atitudes, regras e pressupostos Nível intermediário da cognição, entre as crenças nucleares no nível mais profundo e os pensamentos automáticos em nível mais superficial, influencia a visão das situações. Atitude: “É terrível falhar” Regra: “devo desistir se um desafio parecer muito grande” Pressuposto: “ se eu tentar fazer algo difícil vou fracassar, se eu evitar vai ficar tudo bem” Modelo Cognitivo mais complexo Crenças nucleares Crenças intermediárias (regras, atitudes e pressupostos) Situação Pensamentos automáticos Reação (emocional, comportamental, fisiológica) A influência entre pensamentos, emoções e comportamentos é mútua, não é uma ordem mecânica. O modo mais rápido de ajudar os clientes a se sentirem melhores e agirem de modo mais adaptativo é auxiliá-los a identificarem e modificarem suas crenças imprecisas e fortalecerem crenças positivas. Algumas situações que podem evocar pensamentos automáticos: • Acontecimentos pontuais (oferta de emprego) • Fluxo de pensamentos (pensar sobre estar desempregado) • Uma lembrança (ser demitido no trabalho) • Uma imagem (olhar de desaprovação do chefe) • Uma emoção (como notar o quanto a tristeza é forte) • Um comportamento (ficar na cama) • Experiência fisiológica ou mental (notar a própria taquicardia) Conceitualização cognitiva na TCC Fornece estrutura para o tratamento Direciona escolhas terapêuticas ao longo de todo o processo A coleta de dados é continua Hipóteses são criadas e testadas continuamente A conceitualização permite • Entender os clientes, seus pontos fortes e pontos fracos, suas aspirações e desafios; • Reconhecer como os clientes desenvolveram um transtorno psicológico com pensamento disfuncional e comportamento mal-adaptativo; • Fortalecer a relação terapêutica; • Planejar o tratamento dentro e entre as sessões; • Escolher intervenções apropriadas e adaptar o tratamento quando necessário; e superar pontos de bloqueio Diagramas de conceitualização cognitiva- DCCs A TCC utiliza-se de diagramas de conceitualização, baseados no modelo cognitivo que dão base e direção para o tratamento. DCC- PF: Baseados nos pontos fortes (menos mencionados pelos clientes) DCC- Tradicional: Baseados nos pontos problema Considerações importantes sobre os DCCs e a cognição • Ao preencher o DCC tradicional é importante considerar os dados iniciais como provisórios, pois inicialmente não há informações suficientes para concluir que pensamentos são típicos e relevantes. O DCC irá desorientar se você escolher situações em que os temas dos pensamentos automáticos não fizerem parte de um padrão global. • A conceitualização parcial é compartilhada com os clientes aos poucos a cada sessão. Provavelmente as informações coletadas serão inicialmente sobre a história e modelos cognitivos. As demais podem ser preenchidas junto ao cliente. • Regras, atitudes e pressupostos geralmente começam com: “Eu deveria ou não deveria”; “É ruim fazer...” Também se conectam com valores ou protegem de crenças nucleares. • Pressupostos geralmente refletem regras e atitudes e associam suas estratégias de enfrentamento mal adaptativas à crença nuclear. Referência: BECK, J. S. Conceitualização cognitiva. In: Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 3. ed. 2022.
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