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James Marcia: Estados de Identidade ► Baseado na teoria de Erikson, James Marcia descreve os estados de identidade na adolescência, afirmando que existem dois momentos essenciais na formação da identidade adolescente: uma crise e um comprometimento. ► Crise é o período de tomada consciente de decisões relacionado com a formação de identidade. Comprometimento, é o investimento pessoal em uma ocupação ou em um sistema de crenças. ► Os 4 estados da identidade ► Realização ou conquista da identidade: A pessoa atravessou uma crise e chegou ao comprometimento, com metas ocupacionais ou ideológicas ► MORATÓRIA: Está acontecendo uma crise e ainda não houve comprometimento ► Pré fechamento ou EXECUÇÃO: Foi atingido um comprometimento sem que a pessoa atravesse uma crise. Não foi feita nenhuma reavaliação de antigas posições. Em vez disso, o jovem apenas aceitou um comprometimento definido pelos pais ou pela cultura ► Difusão da identidade: O jovem não está em meio a uma crise (embora possa ter havido uma no passado) e não chegou a nenhum comprometimento. ► A difusão pode representar ou um estágio inicial no processo (antes da crise) ou o fracasso em chegar a um comprometimento depois da crise Estudo de caso: Kate, Andrea, Nick e Mark estão todos prestes a concluir o ensino médio. Kate avaliou seus interesses e seus talentos e pretende tornar-se engenheira. Restringiu suas opções de estudo superior a três escolas que oferecem bons programas nessa área. Sabe que a faculdade irá confirmar seu interesse por engenharia ou levá-la em outra direção. Está aberta a ambas as possibilidades. Andrea sabe exatamente o que vai fazer de sua vida. Sua mãe, uma líder sindical em uma fábrica de plásticos, conseguiu um estágio para Andrea na fábrica. Andrea nunca pensou em fazer outra coisa. Nick, por outro lado, está angustiado em relação ao futuro. Não sabe se entra em uma faculdade comunitária ou se ingressa no exército. Não consegue resolver o que fazer agora ou o que quer fazer no futuro. Mark ainda não tem idéia do que quer fazer, mas não está preocupado. Imagina que pode conseguir algum emprego - talvez em um supermercado ou em uma lanchonete - e decidir-se sobre o futuro quando estiver pronto. Esses quatro jovens estão em um processo de formação de identidade. O que explica as diferenças no modo de lidarem com isso e como essas diferenças afetam o resultado? Segundo a pesquisa do psicólogo James E. Marcia, esses estudantes estão em quatro estágios diferentes no desenvolvimento do ego (self) ou estados de identidade, os quais parecem estar relacionados com certos aspectos da personalidade. DISCUSSÃO: Conquista de identidade (crise que leva ao comprometimento). Kate resolveu sua crise de identidade. Durante o período de crise, ela pensou muito e debateu-se emocionalmente em torno de importantes questões de sua vida. Fez escolhas e expressa forte comprometimento com elas. Seus pais a encorajaram a tomar suas próprias decisões; ouviram as idéias dela e deram suas opiniões sem pressioná-la para adotá-las. Kate reflete, mas não é introspectiva a ponto de ser incapaz de agir. Tem senso de humor, funciona bem sob estresse, é capaz de ter relacionamentos íntimos e agarra-se a seus padrões, embora esteja aberta para novas idéias. A pesquisa em diversas culturas constatou que as pessoas nessa categoria são mais maduras e mais competentes nos relacionamentos do que as pessoas que estão nas outras três categorias (Marcia, 1993). 2. Pré-fechamento (comprometimento sem crise). Andrea comprometeu-se, não como resultado de crise, o que envolveria questionamento e exploração de possíveis escolhas, mas aceitando os planos de outra pessoa para sua vida. Ela é feliz e confiante, talvez até presunçosa e convencida, e torna-se dogmática quando suas opiniões são questionadas. Tem fortes laços familiares, é obediente e tende a seguir um líder poderoso (como sua mãe), que não aceita divergências. 3. Moratória (crise sem ainda haver comprometimento). Nick está em crise, lutando com as decisões. É animado, falante, autoconfiante e escrupuloso, mas também ansioso e temeroso. Tem intimidade com a mãe, mas também resiste a sua autoridade. Quer ter uma namorada, mas ainda não desenvolveu um relacionamento mais íntimo. É provável que eventualmente saia da crise com a capacidade de se comprometer e de conquistar sua identidade. 4. Difusão de identidade (nenhum comprometimento, nenhuma crise). Mark não pensou seriamente nas opções e evitou comprometimentos. Está incerto a seu próprio respeito e tende a não cooperar. Seus pais não discutem seu futuro com ele; dizem que compete a ele decidir. Algumas pessoas nessa categoria tornam-se errantes sem objetivos. Tendem a ser infelizes e, muitas vezes, são solitárias, porque têm apenas relacionamentos superficiais DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Elkind: Aspectos Imaturos do Pensamento Adolescente Com base no trabalho clínico com adolescentes, o psicólogo David Elkind (1984, 1998) descreveu atitudes e comportamentos imaturos que podem ser provenientes das incursões inexperientes dos jovens no pensamento abstrato: • Tendência a discutir: Os adolescentes estão sempre em busca de oportunidades para testar - e exibir - suas recém-descobertas habilidades de raciocínio. Costumam tornar-se contenciosos enquanto exploram as possibilidades de um problema ou procuram argumentos para poder voltar para casa mais tarde do que seus pais desejam. • Indecisão: Por terem agora mais consciência das diversas escolhas que a vida oferece, muitos adolescentes têm problemas para se decidir em relação a coisas simples, como, por exemplo, ir ao shopping com um amigo ou ficar no computador para terminar uma tarefa da escola. • Encontrar defeitos na figuras de autoridade: Os adolescentes agora percebem que os adultos que antes veneravam e que o mundo pelo qual consideram os adultos responsáveis estão muito aquém de seus ideais; sentem-se compelidos a dize-lo, como fez Anne Frank ao escrever sobre sua mãe ("Encaro a vida com mais coragem do que mamãe; meu sentimento de justiça é imutável e mais verdadeiro do que o dela.... Não serei insignificante, hei de trabalhar no mundo e pela humanidade!" [Frank, 1958, p. 184-185]). • Hipocrisia aparente: Os jovens adolescentes, muitas vezes, não reconhecem a diferença entre expressar um ideal e fazer os sacrifícios necessários para viver de acordo com ele. No exemplo dado por Elkind (1998), adolescentes preocupados com o bem-estar dos animais fazem manifestações de protesto em frente de uma loja de peles, mas esperaram um dia quente de primavera para isso, assim evitando ter que ficar na rua usando roupas de tecido em clima de inverno. • Autoconsciência: Em sua preocupação com seu próprio estado mental, os adolescentes, muitas vezes, supõem que todo mundo está pensando sobre a mesma coisa que eles, ou seja, sobre si mesmos. Elkind chama essa autoconsciência de público imaginário, um "observador" mentalmente criado que está tão preocupado com os pensamentos e com o comportamento de um jovem quanto ele mesmo. A fantasia do público imaginário é particularmente forte nos primeiros anos da adolescência; os primeiros registros do diário de Anne Frank contêm muitas referências ao que ela acha que os outros no "Anexo Secreto" pensam dela. • Suposição de invulnerabilidade: Elkind utiliza o termo fábula pessoal para denotar a crença dos adolescentes de que são especiais, de que sua experiência é única e de que não estão sujeitos às regras que regem o resto do mundo ("Os outros ficam escravos das drogas, mas não eu" ou "Ninguém jamais se apaixonou como eu"). Segundo Elkind, esse tipo especial de egocentrismo está na base de muitos comportamentos arriscados e autodestrutivos. Julgamento Moral: A Teoria de Kohlberg Dramatização: Uma mulher está próxima da morte por câncer. Um farmacêutico descobriu um remédio que os médicos acham que poderia salvá-la. O farmacêutico está cobrando 2 mil dólares por uma pequena dose do remédio - 10 vezes mais do que lhe custa para fabricálo.O marido da mulher enferma, Heinz, pede dinheiro emprestado a todos que conhece, mas só consegue reunir mil dólares. Ele implora ao farmacêutico que lhe venda o remédio por mil dólares ou que lhe permita pagar o resto posteriormente. O farmacêutico recusa, dizendo: "Eu descobri o remédio e pretendo lucrar com ele". Em desespero, Heinz arromba a loja do homem e rouba o remédio. Heinz deveria ter feito isso? Por que sim ou por que não? (Kohlberg, 1969). NÍVEL I MORALIDADE PRÉ CONVENCIONAL As pessoas agem sob controles externos. Obedecem a regras ou para evitar punição ou para obter recompensas ou por interesse próprio. Esse nível é típico de crianças de 4 a 10 anos de idade. Estágio 1: orientação para a punição e para a obediência: "O que irá acontecer comigo?" As crianças obedecem às regras dos outros para evitar punição. Elas ignoram os motivos de um ato e concentram-se em sua forma física(como, por exemplo, a magnitude de uma mentira) ou suas conseqüências (por exemplo, a extensão de danos físicos). Estágio 2: Finalidade e troca instrumental: "Você coça minhas costas que eu coço as suas". As crianças conformam-se às regras por interesse próprio e por consideração pelo que os outros poderiam lhes proporcionar em troca. Consideram um ato em termos das necessidades humanas que ele satisfaz e diferenciam esse valor da forma física e das conseqüências do ato. NÍVEL II MORALIDADE CONVENCIONAL As pessoas internalizaram os padrões de figuras de autoridade. Preocupam-se em ser "boas", em agradar aos outros e em manter a ordem social. Esse nível geralmente é alcançado depois dos 10 anos; muitas pessoas nunca o superam, mesmo na idade adulta. Estágio 3: Expectativas e relacionamentos interpessoais mútuos e conformidade interpessoal, aprovação dos outros, a regra geral: "Sou um(a) bom(a) menino(a)?. As crianças querem agradar e ajudar aos outros, são capazes de julgar as intenções dos outros e desenvolvem suas próprias idéias do que é ser uma boa pessoa.Avaliam um ato segundo o motivo por trás dele ou segundo a pessoa que o pratica, levando em conta as circunstâncias. Estágio 4: Preocupação social e consciência: "E se todos agissem assim?". As pessoas estão preocupadas em cumprir suas obrigações, mostrando respeito por autoridades superiores e mantendo a ordem social. Elas consideram um ato sempre errado, independentemente de seu motivo ou das circunstâncias caso ele viole uma regra e prejudique os outros'. NÍVEL III: MORALIDADE DE PRINCÍPIOS OU PÓS CONVENCIONAL As pessoas agora reconhecem conflitos entre os padrões morais e fazem seus próprios julgamentos com base nos princípios de correção, de imparcialidade e de justiça. As pessoas geralmente só chegam a esse nível de julgamento moral pelo menos no início da adolescência ou mais comumente no início da idade adulta, podendo nunca atingi-lo. Estágio 5: Moralidade de contrato, dos direitos individuais e da lei democraticamente aceita. As pessoas pensam em termos racionais, valorizando a vontade da maioria e o bem-estar da sociedade. Elas geralmente vêem o cumprimento da lei como a melhor maneira de sustentar esses valores. Ainda que reconheçam que existem ocasiões em que as necessidades humanas e a lei entram em conflito, acreditam que, a longo prazo, o cumprimento da lei é o melhor para a sociedade. Estágio 6: Princípios éticos universais As pessoas fazem o que, como indivíduos, pensam que é correto fazer, independentemente das restrições legais ou da opinião dos outros. Elas atuam de acordo com padrões internalizados, sabendo que condenariam a si mesmas caso não o fizessem. Para estudar: DILEMA 1 • “VOCÊ É UM FUNCIONÁRIO DA FUNAI, TRABALHANDO NA AMAZÔNIA SOB ORDEM EXPRESSA DE JAMAIS INTERVIR NA CULTURA INDÍGENA. PASSEANDO PERTO DE UMA CLAREIRA, NOTA QUE IANOMÂMIS ESTÃO ENVENENANDO O BEBÊ DE UMA ÍNDIA, QUE ESTÁ AOS PRANTOS. VOCÊ IMPEDIRIA A MORTE DO BEBÊ?” • 1. SIM, pois sei que matar é errado, não poderia deixar que matassem o bebê. • 2. Não, pois tenho ordens expressas de não intervir. E se fizer isso posso perder o meu cargo. DILEMA 2 • Uma família muito necessitada vai ao supermercado e aproveitando que o gerente não está olhando a filha mais velha esconde um pacote de pão na calça e sai sem pagar. Você viu a cena. Conta para o gerente? • 1. Não conta pois fica com medo de ser preso por cumplicidade • 2. Não conta pois não tem relação com você. Mas não acha certo, afinal de contas, já imaginou se todos pegassem um pacote de pão sem pagar? • 3. Não conta. E depois diz para a família que eles ficam te devendo um favor. • 4. Conta, afinal é contra lei roubar. Está no artigo 157 do código penal.
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