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ADRIANA BORGES TURMA 5166 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA: a comunicação não violenta como instrumento de Intervenção na Secretaria da Saúde do Estado/PROSER PORTO ALEGRE 2023 Centro Universitário Leonardo da Vinci ADRIANA BORGES A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA: a comunicação não violenta como instrumento de Intervenção na Secretaria da Saúde do Estado/PROSER Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor Externo: Luis Paulo Arena Alves PORTO ALEGRE 2023 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA: a comunicação não violenta como instrumento de Intervenção na Secretaria da Saúde do Estado/PROSER POR ADRIANA BORGES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “ ” ( ), pela banca examinadora formada por: PRESIDENTE: PROF. Luis Paulo Arena Alves CRES 4714 ASSISTENTE SOCIAL: Renata Magalhães Corte Real Quintana CRESS 3324 ASSISTENTE SOCIAL: Susane Beatris dos Santos Souza CRESS 9411 PORTO ALEGRE Data da Realização da Banca XXXXXXX DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, o maior orientador da minha vida. Ele nunca me abandonou nos momentos de necessidade e à minha família, em especial a meu filho Matheus, que sempre me apoiou e por ele fiz esta faculdade, para que ele soubesse que quando se tem foco, força e coragem podemos tudo, ao meu Professor Luís que me proporcionou conhecimento e a minha tutora que fez deste aprendizado na prática, a certeza de ter escolhido o caminho certo. AGRADECIMENTOS Gratidão, esta é a palavra que melhor expressa meu sentimento neste momento tão importante de minha vida. Agradeço primeiramente a Deus, que me abençoou a todo momento, me deu saúde e forças para chegar até aqui, e uma família fantástica da qual sou orgulhosa. Agradeço ao meu filho Matheus e minha mãe minhas fortalezas, que fazem parte da minha vida e sempre estiveram ao meu lado, torceram por mim, rezaram e me apoiaram. Família, sem vocês não seria possível. Amo vocês! Dever cumprido, esta é a sensação que me toma neste momento. Não foram anos fáceis e enfrentei nesta caminhada muitas questões, dificuldades e adversidades. Mas, neste período também muito me aprimorei. Quanto à Universidade Uniasselvi, obrigado pelo ambiente que encontrei nesta instituição, aos professores que fizeram parte desta caminhada. De maneira singular, agradeço ao Professor Dr. Luís Paulo Arena Alves, meu orientador, por toda paciência, dedicação e por ser fonte de inspiração, e também a minha tutora Renata, que esteve à frente do meu aprendizado na prática, me encorajando e me fortalecendo e também minha amiga e professora Magdalini que trabalha comigo e esteve presente nas etapas deste processo com toda sua sabedoria e apoio. Enfim, a todos que me propiciaram chegar até aqui, obrigado! Hoje, chego ao fim de uma bonita jornada, que será o marco inicial para uma ainda mais bela jornada profissional, sob as bênçãos e proteção do Espírito Santo. “se eu uso a comunicação não-violenta somente para pacificar relações de família e amigos, estarei a usando como um narcótico. A comunicação não- violenta nasceu também para transformar positivamente os sistemas sociais.” (Marshall Rosenberg) RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso em Serviço Social tem como tema a Comunicação Não-Violenta (CNV) e seu potencial oferecimento de mecanismos para otimização da mediação de conflitos. Tem-se por objetivo geral verificar se a Comunicação Não-Violenta (CNV), enquanto modo de agir e como acúmulo do conjunto de estratégias de linguagem desenvolvidas por Marshall Rosenberg. Oferecer ferramentas e abordagens condizentes com o desenvolvimento da mediação de conflitos e, por objetivos específicos: analisar de que forma o uso da Comunicação Não Violenta (CNV) na mediação de conflitos pode contribuir para a melhoria das relações interpessoais entre os funcionários da Secretaria da Saúde do Estado.O trabalho foi realizado por meio de pesquisa qualitativa, a qual se desenvolveu, de modo colaborativo, tendo enfoque no refinamento da relação entre os profissionais do setor PROSER/SES. De forma a abordar as estratégias que figuram na teoria de Marshall Rosenberg, disponíveis para a ocorrência da Comunicação Não-Violenta (CNV) e verificar se as estratégias correlatas à comunicação não-violenta podem servir à otimização da mediação, como forma adequada de solução de conflitos.Tem- se como justificativa a importância da abordagem de meios de comunicação que possam aperfeiçoar o desempenho dos mesmos, tendo em vista a parceria e a prática da Comunicação Não Violenta. A metodologia aplicada neste trabalho, no que diz respeito à aquisição de informações, se refere à abordagem. Ao longo do desenvolvimento do tema, foram abordados o conceito e os princípios da Comunicação Não Violenta; o conceito e as estratégias da CNV e sua aplicação na solução de conflitos, através da mediação. Pode-se concluir que a Comunicação Não Violenta, contribui de fato, para a construção de solução consensual e pacífica de conflitos no interior do procedimento de mediação, através de atitudes, falas e comportamentos voltados para a não- violência e as atividades aqui referidas vai de encontro da prática do Serviço Social na saúde. PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Mediação; Solução de Conflitos; Comunicação Não-Violenta. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - 1º COMPONENTE OBSERVAÇÃO. .......................................................................... 31 FIGURA 2: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - 2º COMPONENTE SENTIMENTO. ............................................................................. 34 FIGURA 3: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - 3º COMPONENTE NECESSIDADE ............................................................................ 37 FIGURA 4: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - 4º COMPONENTE PEDIDO. ....................................................................................... 40 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: AÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL.................................................. 48 LISTA DE SIGLAS CNV Comunicação Não Violenta PROSER Programa de Saúde do Servidor SES Secretaria Estadual da Saúde SIC Segundo Informações Coletadas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 03 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ................................................................. 05 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL ................................................................................................................ 08 4 JUSTIFICATIVA. ..................................................................................... 24 5 OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................................. 25 5.1 OBJETIVOGERAL ....................................................................... 25 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS. ....................................................... 25 6 O PROCESSO METODOLÓGICO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO MEDIADOR NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA...........................................................................................26 6.1 ESTRATÉGIAS DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTADENTRO DO SERVIÇO SOCIAL ............................................................................... 33 6.2 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS.............................................................45 7 APRESENTAÇÃO DOS DADOS. .......................................................... 47 7.1 ANÁLISE DOS DADOS. ............................................................... 47 8 RESULTADOS. ...................................................................................... 48 8.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................. 49 9 CONCLUSÃO ....................................................................................... 55 REFERÊNCIAS. .......................................................................................... 57 3 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho de conclusão, que trata da Comunicação Não Violenta, iremos aprender que a vida nos coloca desafios, entre eles a reflexão sobre nossas condutas no cotidiano. Precisamos observar se são corretas, adequadas, pertinentes, ou se precisam ser revistas ou mesmo modificadas. Em uma instituição pública como a Secretaria da Saúde do Estado, não é diferente, como pretendemos demonstrar. O presente trabalho tem como proposta principal apresentar o Projeto de Intervenção do Estágio Supervisionado III, na área da saúde em continuidade aos estágios supervisionados I e II, trazendo o resultado para o curso de bacharelado em Serviço Social, do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. O local selecionado para a aplicação do Projeto de Intervenção, foi o PROSER, Programa de Saúde do Servidor, setor no qual fiz o estágio. O PROSER é um setor específico que cuida da saúde dos profissionais da Secretaria Estadual da Saúde, e com a chegada de novos concursados se fez necessário introduzir a técnica da CNV, pois ajudaria a tornar o ambiente de trabalho mais harmonioso, já que devido à alta demanda de trabalho e poucos servidores, tem havido uma sobrecarga de trabalho. O Projeto executado na Secretaria da Saúde do Estado/PROSER, no município de Porto Alegre, teve como foco, elucidar e estimular a Comunicação Não Violenta e contribuir na realização e concretização do processo de autoconhecimento. Neste contexto, o presente estudo apresenta a CNV, como uma escolha que pode proporcionar aos funcionários da SES, uma condição de construção de relações de confiança com o próximo nos seus relacionamentos afetivos, familiar, profissional e social. A partir do propósito de um entendimento que facilita a harmonização das próprias necessidades com as das outras pessoas, passa a existir a possibilidade de mudança de foco, deixando o apego aos próprios erros e aos erros dos outros e passando a contemplar as necessidades de todos. Esta mudança de foco poderá contribuir significativamente para o gerenciamento da expressão de emoções sem agressões ou criação de conflitos, buscando soluções de consenso criativas, cooperativas, empáticas e de confiança. 4 No estágio I, foram observados os levantamentos sobre os espaços de atuação do serviço social no PROSER e o papel do Assistente Social no âmbito das relações de trabalho. Foi constatada a falta de comunicação entre colegas de departamentos da Secretaria Estadual de Saúde e conflitos de comunicação e/ou comunicação imprópria. Comunicação esta, agravada pelo trabalho em home Office e os muitos conflitos no retorno presencial. Dessa forma, foi oportuno colocar em prática o Projeto de Intervenção sobre a Comunicação Não-Violenta. Para melhorar as relações dos profissionais, encontramos na Comunicação Não Violenta, uma forma de superação. Esse método foi testado em muitos países pelo psicólogo e escritor Marshall Rosenberg, que em meados do ano de 1960, criou esse novo olhar da comunicação que fala através do sentimento. Segundo o autor, muitas vezes nos expressamos de maneira tão metódica que na ânsia de termos razão não nos importarmos o quanto magoamos, ofendemos ou julgamos erroneamente a outra pessoa. Perceber que o que distingue uma disciplina profissional, não é o método em si, mas seus fins, seus objetivos (FALCÃO, MARIA DO CARMO BRANT DE CARVALHO, p.13). Na Comunicação Não Violenta, o falar, expressar-se, com sentimento, facilita o caminho para a compreensão e ajuda alcançar os objetivos necessários. A essência da Comunicação Não Violenta, está fundamentada na cooperação dos seres humanos entre si, promovendo o respeito, a atenção e a empatia. A não violência permite que venha à tona aquilo que existe de positivo em nós, através da reformulação na maneira pela qual nos expressamos e ouvimos o outro. As habilidades de linguagem e comunicação fortalecem a capacidade de humanização, mesmo em condições adversas. Na realidade a CNV, tem como objetivo lembrar o que já sabemos, somos humanos e o modo como devemos nos relacionar com os outros é o que nos diferencia em essência. O que pressupõe o reconhecimento da nossa própria violência em palavras e atitudes. A mudança que desejamos ver no mundo, começa a se realizar a partir da mudança que cada um promove a partir de si mesmo. 5 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA A escolha da Comunicação Não Violenta, para implantar o Projeto de Intervenção no PROSER, se deu devido às várias queixas de servidores por conta de conflitos e violência que se tornaram ainda mais significantes durante a Pandemia COVID-19, ficou entendido que a falta de comunicação, deixou muitos funcionários desassistidos, muitos ficaram em HOME OFFICE e os que se viram obrigados a estarem presencialmente, ficaram isolados. A comunicação que já era difícil tornou- se inviável, ficou restrita ao que era essencialmente necessário. Muitos adoeceram, por conta do vírus da COVID-19, foi preciso nos reinventarmos e nesta busca de segurança, o distanciamento prejudicou nossa comunicação, o que causou violências geradas por falta de informação, falta de materiais de proteção, enfim tudo era motivo para conflitos. Devido às normas de distanciamento que foram impostas, criou-se uma rotina de individualismo. Partindo do princípio, por exemplo, que o profissional do Serviço Social, no diagnóstico que faz da realidade, deveria captar os valores fundamentais de equilíbrio e contradições do sistema social como um todo, no qual seu campo de intervenção se insere (FALCÃO, MARIA DO CARMO BRANT DE CARVALHO, 1981). Com tanta mudança, trazida pela Pandemia, foi preciso uma intervenção para que os profissionais não se sentissem desmotivados e a partir daí, conforme orientação, foi criado um Projeto de Intervenção sobre a Comunicação Não Violenta, para que no decorrer dos eventos, pudessem ser utilizados posteriormente nos setores. Além da Pandemia, que nos ensinou a recomeçar e reconstruir situações das quais muitas vezes não estamos preparados, existiram outras situações que prejudicaram o andamento do trabalho, por exemplo, a falta de pessoal. Esta é uma situação que já se arrasta a tempos, dado que não tem funcionários suficientes. Outro problema era o sistema usado para dar andamento aos processos, que é um agravante. Já foi implantado um novo sistema, para melhorar e solucionar muitas questões administrativas. O fluxo de trabalho, as mudanças com a chegada do OFFICE 365, um sistema que foi inserido para dar mais agilidade, causou muitos transtornos e a comunicação ficou muito pior. 6 Encontrei na CNV, este resgate do nosso lado humano, capaz de transformar nosso dia a dia, pois a CNV nos ajuda a nos ligarmos uns aos outros e a nós mesmos, possibilitando que nossa compaixão natural floresça (ROSENBERG, 2006, p. 32). O primeiro contato com a CNV, ocorreu em uma das ações do PROSER, na semana do servidor, a Terapeuta Ocupacional, mencionou o que era a Comunicação Não Violenta e vi a oportunidadede abordar algo novo. Iniciou-se então a busca por material para aperfeiçoar o conhecimento, na possibilidade de apaziguar os ânimos de profissionais que lutam contra uma série de desafios e que muitas vezes, se sentem incapazes na execução de seu trabalho. Elaborar um projeto sobre a Comunicação Não Violenta, foi a oportunidade perfeita para pôr em prática o modelo criado por Rosenberg e garantir um olhar especial sobre a maneira como nos comunicamos e estabelecer um convívio de harmonia e bem-estar. Com o propósito de manter o trabalho em uma instituição de saúde pública mais passível de diálogos, a CNV trouxe a possibilidade de relações mais cooperativas e de parceria, uma das principais finalidades da comunicação não violenta. Além disso, é preciso saber pedir, ouvir e se expressar de forma gentil, clara e direta. A Comunicação Não Violenta é uma estratégia de realização de comportamentos e sentimentos. E isso tem a ver com nós mesmos e as demais pessoas. Na CNV, se desenvolve a empatia, fazendo com que a pessoa entenda como é estar no lugar do outro em determinadas situações. Ela pode ser aplicada na família, na escola, no trabalho, nas negociações. Enfim, em qualquer tipo de relação interpessoal, onde conflitos e tensões possam ser amenizados. Entre os principais benefícios da comunicação não violenta estão: ⮚ Capacidade de resolver qualquer situação pacificamente; ⮚ Positividade na mediação de conflitos; ⮚ Promover empatia; ⮚ Permitir abertura para diálogos construtivos; ⮚ Estabelecer ambientes mais acolhedores; ⮚ Reduzir agressões físicas e verbais; ⮚ Incentivar relações saudáveis e duradouras; https://escolaemmovimento.com.br/blog/comunicacao-nao-violenta/ https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/12/07/empatia-o-que-e-e-como-desenvolver-para-melhorar-suas-relacoes.htm 7 ⮚ Proporcionar uma gestão otimizada das equipes; ⮚ Fortalecer a parceria e o melhor entrosamento das equipes. ⮚ Perceber que a essência da CNV, está fundamentada na cooperação entre as pessoas e que na prática, é possível mudar o olhar para o nosso dia a dia, transformando relacionamentos à nossa volta, criando vínculos que promovem respeito, atenção e empatia. Com esta prática, foi possível resgatar o autoconhecimento necessário para a utilização da comunicação como ferramenta capaz de transformar o pensamento. Quando nos conscientizamos das experiências vividas, as possibilidades de mudanças ocorrem através de nossas escolhas. O desafio institucional de evitar a violência no trabalho se encontra em estabelecer ambientes que favoreçam o diálogo, a participação, a transparência, a ética, a valorização do trabalhador e o respeito à diversidade, objetivando a saúde dos trabalhadores (FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ, 2014, p. 20). O Serviço Social é uma profissão que se expressa a partir de ações formativas, investigativas e interventivas. O Assistente Social, como o profissional é identificado, por meio do fazer profissional, do manejo de suas habilidades e saberes necessários para a intervenção, a dimensão técnico-operativa dá visibilidade aos profissionais de Serviço Social mediante a proximidade com as respostas construídas e os resultados produzidos. Pensar na articulação implica pensar as relações estabelecidas entre a teoria e a prática, afinal, as duas precisam estar articuladas a fim de que a realidade ideal se transforme na realidade objetiva. Para isso, é necessário que se qualifique a intervenção profissional e também, as discussões em torno do cotidiano profissional junto a equipe de trabalho, a fim de que o processo e exercício profissional caminhe lado a lado, quando há uma reflexão e teoria por trás de determinada prática. 8 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL Neste projeto, o contexto geral é como mediar situações conflituosas com a prática da Comunicação Não Violenta, em uma Instituição Pública e a responsabilidade de exercitar uma ideia transformadora, capaz de fazer com que a vida das pessoas seja feita de momentos de paz e satisfação consigo mesmo e assim, produzir melhor no trabalho. A CNV, é uma metodologia comunicacional, voltada para aprimoração dos relacionamentos interpessoais e diminuição da violência. Essa técnica é baseada em competências de linguagem e comunicação que auxiliam na reformulação da forma como cada um se expressa e ouve os demais. Marshall Rosemberg, defende que as respostas a estímulos comunicacionais deixem de ser automatizadas e repetitivas e passem a ser mais conscientes e baseadas em percepções do momento, por meio da observação de comportamentos e fatores que influenciam sobre cada um. O presente projeto, foi elaborado por conta de conflitos recorrentes que transformam e abalam os funcionários, que dia após dia precisam lidar com a falta de apoio na solução de problemas. Não é fácil nem eficaz trabalhar com cobranças e perseguições, com preconceitos e pressões por parte das chefias e colegas. Isto sem falar na falta de pessoal, que como já foi dito, ocasiona uma sobrecarga de estresse. As mudanças têm sido constantes e é preciso um aprimoramento nos relacionamentos. A CNV, é um caminho que pode ser escolhido. Na prática, é possível elucidar situações conflituosas, que fazem adoecer, causam discórdia e enfraquecem relacionamentos. Porque traz uma nova forma de comunicar com sentimento, que agrega e acolhe. A partir de uma escuta qualificada a CNV, faz com que as interações ocorram com mais respeito, atenção e empatia. Essa forma de agir vai ao encontro das intervenções realizadas no PROSER, frente à garantia dos direitos e reinserção dos servidores em situação de Violência no Trabalho, que de acordo com a Portaria de número 884/2021, INSTITUI O PLANO DE ENFRENTAMENTO AOS DIVERSOS TIPOS DE VIOLÊNCIA RELACIONADA AO TRABALHO NA SES, 2021 a 2023. 9 A Secretaria da Saúde do Estado como instituição pública, tem uma cultura de comunicação que precisa ser modificada. Existem funcionários que mesmo capacitados, não são aproveitados no desenvolvimento das tarefas nos setores. E prejudicando aqueles que, muitas vezes, acumulam funções, fazendo tarefas que não são suas e ainda se sentindo em ambiente hostil. Muitos são humilhados, vítimas de todo tipo de violência verbal e psicológica. Acabam se isolando, não socializando com colegas e individualizando o trabalho que deveria ser feito em equipe. Na certeza de que a CNV, está de acordo com os princípios fundamentais do código de ética do Assistente Social, entre eles o Respeito à Diversidade, a Liberdade, entre outros, ficou resolvido que seria propício iniciar o Projeto de Intervenção, a partir de oito encontros. Primeiro a tutora e a terapeuta ocupacional, se reunirão para explicar o funcionamento do Projeto intercalando separadamente para que se fale dos quatro componentes da CNV. Após se certificar de quais informações deverão compor as reuniões seguintes, optou- se para que cada uma seria para explicar como a forma e abordagem para em seguida partir para a reunião com a novas concursadas e funcionárias do PROSER. Depois da decisão de implementar o Projeto de Intervenção no setor do PROSER, foi estabelecido, no primeiro encontro, que as participantes que fizessem parte deste Grupo de Prática, assim intitulado como forma de diferenciar esta técnica, se comprometem a assistir aos 4 encontros. Fomos construindo um reconhecimento do que seria preciso para aprimorar a técnica e desse modo, posteriormente organizar outros encontros nos demais setores. Avaliar a possibilidade de iniciar uma nova proposta de comunicação, capaz de estimular os funcionários em um aprendizado e desenvolvimento profissional, mediante a experiência de mudar a maneira de se comunicar, é desafiador. Na CNV, Rosenberg (2006) acredita que a natureza do ser humano é compassiva.A linguagem e o uso das palavras exercem um papel crucial na manutenção desse estado natural de sensibilidade, mesmo nas situações mais dolorosas e difíceis. O autor ressalta, que a Comunicação Não Violenta, tem por objetivo resgatar esse estado natural proporcionado pelo sentimento de compaixão, 10 através de uma percepção própria e dos outros com os quais convivemos e compartilhamos nossa vida cotidiana em todos os seus aspectos: familiar, social e cultural. Desse modo, é fundamental a reformulação na maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. A partir desta reformulação, nossas palavras deixarão de ser reações repetitivas e automáticas, passando a expressar conscientemente, com honestidade e clareza, o que estamos percebendo, sentindo e desejando. A CNV nos convida a averiguarmos cuidadosamente e identificarmos os comportamentos e as condições que nos afetam (ROSENBERG, 2006, p.32). Utilizando essa técnica é possível desenvolver habilidades de linguagem e comunicação, substituindo antigos padrões de defesa, ataque e julgamentos por um enfoque novo. Nossa atenção passa a ser condicionada no sentido de observar, estar atento e sentir, em vez de diagnosticar e julgar o outro (ROSENBERG, 2006). O desenvolvimento deste novo enfoque promove o respeito, a atenção e a empatia mútuos. Embora o público-alvo do Projeto esteja dentro de uma Instituição Pública, a CNV não se restringe aos limites territoriais do ambiente laboral, mas pode ser utilizada em outros lugares e situações que exigirem seu uso Rosenberg (2006, p. 37). Usa-se o termo “comunicação alienante” referindo-se a “algumas formas específicas de comunicação que contribuem para o nosso comportamento violento em relação aos outros e a nós mesmos”. Na Secretaria da Saúde do Estado, a comunicação é na maioria das vezes visivelmente violenta, tanto que muitos acham normal a maneira como tratam seu semelhante. Trazer a abordagem da CNV, parte do princípio de que todo ser humano possui necessidades e que essas, geram sentimentos, que são expressados na comunicação. Se esses sentimentos não são favoráveis, o processo das atividades inerentes ao cargo ocupado na organização pode ser afetado, influenciando diretamente o clima organizacional. A comunicação desenvolvida durante o expediente de trabalho, onde os funcionários passam a maior parte do tempo, provavelmente da vida, é a base de desenvolvimento de todos os demais processos e atividades. Um tipo de comunicação alienante que nos aprisiona em conceitos de certo e errado é o uso de “julgamentos moralizadores” (ROSEMBERG, 2006, p.37). 11 Nossa concentração em qualificar, classificar, analisar e determinar níveis de erro dos outros ao invés de nos concentrarmos na identificação do que nós e os outros necessitamos e não estamos obtendo. Com esta prática, reforçamos nos outros uma postura defensiva e de resistência, quando poderíamos nos comunicar falando uma linguagem compassiva, articulando diretamente as nossas necessidades, pensando em nós mesmos, ao mesmo tempo em que pensamos nos outros e na sua vulnerabilidade com relação a sentimentos, temores, ansiedades e necessidades. (ROSENBERG, 2006, p.35). De certa maneira a prática do julgamento moralizador leva a um outro tipo de comunicação alienante: a “negação da responsabilidade” (ROSEMBERG, 2006, p.42). Ao julgarmos, qualificarmos e analisarmos o outro, desviamos o foco da nossa consciência com relação à nossa responsabilidade pelos nossos próprios pensamentos, sentimentos e atitudes, e passamos a direcioná-lo a fatores externos que justifiquem nossas palavras, atitudes e comportamentos, como por exemplo : ações dos outros; ordens de autoridades; pressão exercida por grupos, políticas e regras institucionais; papéis determinados pelo sexo, idade e posição social; ou até impulsos incontroláveis. O julgamento também está presente quando fazemos comparações, desprovidas de qualquer sentimento de compaixão e respeito pelos outros (ROSENBERG, 2006). A Comunicação Não Violenta, propõe uma nova forma de expressar nossos desejos e necessidades, optando por um caminho conciliador e pacífico. É um método para quem quer planejar, criar e facilitar diálogos em grupo, buscando um lugar seguro para compartilhar experiências com outras pessoas e promover o cuidado com a vida. Isso significa que, em um ambiente leve e acolhedor, a tendência é que todos se expressem de maneira positiva, com maior abertura ao diálogo e compreensão quanto às opiniões divergentes. Na medida que os profissionais utilizam, criam, adequam às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades, suas ações passam a ser portadoras de instrumentalidade (GUERRA, 2000, p. 53). 12 Apesar dos desafios surgidos e vivenciados no cotidiano da Secretaria da Saúde do Estado, como o preconceito e os conflitos nas relações, através da CNV, foi possível o entendimento de como mudar nossas escolhas e ter mais empatia. Pois ambas as formas de preconceitos citados, têm se mostrado frequentes e dificultado o trabalho dos profissionais dentro de alguns setores. Cotidianamente, situações de conflitos, atitudes de bullying e atos de violência entre os funcionários, são presenciados pelos colegas e chefias de cada setor. Deste modo, ao apresentar a CNV, aprimora-se a comunicação utilizando os quatro componentes como estratégias que ajudem a minimizar esse desafio. Isso ajuda os servidores a refletir e gerar atitudes de respeito e empatia compreendendo e pensando em abordagens mais eficazes que ajudem a construir um acordo efetivo dos conflitos em ambiente de trabalho. O processo de comunicação de forma não violenta, a partir de um desejo mútuo de nos entregarmos de coração na relação com as outras pessoas na nossa vida, envolve concentrarmos e direcionarmos a luz da consciência em quatro aspectos fundamentais, (ROSENBERG, 2006, p.33). A importância em ter um ambiente equilibrado, onde a comunicação flui em harmonia, é uma das propostas da Comunicação Não Violenta e com o crescente número de afastamento laboral nas instituições é importante criar ações para mudar este cenário. A CNV, vai ao encontro a muitas expectativas dos funcionários da SES, entre elas: ⮚ Observação dos fatos sem julgamento ou avaliação; ⮚ Identificação dos sentimentos em relação aos fatos observados; ⮚ Reconhecimento das necessidades ligadas aos sentimentos identificados; ⮚ Elaboração de pedidos claros, específicos e concretos para enriquecer nossa vida. Relacionando a nossa comunicação, nos princípios da CNV e mantendo- nos fiéis a eles, as outras pessoas com as quais nos comunicamos verão os resultados acontecerem e refletirão essa empatia. Através da observação dos fatos podemos expressar de maneira clara e honesta à outra pessoa como estamos. O objetivo de buscarmos alcançar uma consciência clara das nossas necessidades e sentimentos se realiza através da observação e percepção constantes de nós mesmos (ROSENBERG, 2006, p.42). 13 A observação que envolve avaliação, diminui a possibilidade de os outros ouvirem efetivamente a mensagem que desejamos realmente transmitir. Ela poderá ser recebida como crítica e assim acarretar um comportamento de defesa e resistência. A nossa realidade está em constante mutação, por isso “nossas avaliações devem sempre se basear nas observações específicas de cada momento e contexto” (ROSENBERG, 2006, p.50). Usando a linguagem desta forma, estaremos receptivos a “um saber diferente, que não mistura o que podemos ver com o que é nossa opinião” (ROSEMBERG, 2006, p.52), que pode enriquecer nossa experiência de vida e ampliar nosso horizonte. A observação, considerada como uma oportunidade de acesso a um saber diferente, nos remete a Rogers ao afirmar que “a pessoa nãoé um ser estático, mas um ser existente, que surge e desabrocha, como ser emergente e em evolução” (FIEDLER, 2013). Rogers (2009) considera que “a maior barreira à comunicação interpessoal é a tendência muito natural de julgar, avaliar, aprovar ou desaprovar as afirmações de outra pessoa ou de outro grupo” (p.382) e que “a experiência é um recurso amigável e não um inimigo a recear” (p.197). Abrir-se à experiência pressupõe uma receptividade ao saber diferente, através da observação livre de velhos hábitos de avaliações e pré-conceitos. Para podermos expressar nossos sentimentos precisamos primeiramente tomar consciência deles, identificá-los. Muitas pessoas, dificilmente estabelecem conexão com os seus sentimentos, por acharem que receberão críticas e dessa forma não manifestam suas emoções. Através de uma exposição real, sincera e verdadeira de sentimentos nos humanizamos perante os outros, expomos a nossa vulnerabilidade, estabelecendo uma conexão emocional, que pode ser de grande ajuda na resolução de conflitos (ROSENBERG, 2006, p.39). O aprisionamento em padrões e crenças estabelecidas reduzem a abertura para inovação e diminuem as chances de crescimento das instituições, o assistente social tem como responsabilidade implantar projetos que promovam o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida. 14 Rosenberg (2006) nos alerta para o fato de que julgamentos, críticas, diagnósticos e interpretações dos outros são, na realidade, expressões alienadas das nossas necessidades insatisfeitas. Se não as valorizamos, os outros também não as valorizam. Se outra pessoa nos diz “você não me compreende”, está na realidade buscando se referir à sua própria necessidade (não satisfeita) de ser compreendido. Quando nos propomos a comunicar nossas necessidades de forma clara e direta, conseguimos conectar os nossos sentimentos a elas. São os profissionais do Serviço Social, que notam as carências e orientam a população na busca de seus direitos. Desta maneira facilitamos aos outros atendê-las, pois a nossa comunicação não será recebida como uma crítica ou um julgamento. Consequentemente, não provocará resistência e os outros não se sentirão adversários impelidos a investir sua energia em defesa ou contra-ataque. A cultura é a essência e a identidade de uma instituição, é a forma como ela se relaciona internamente e externamente. O inconsciente, que estrutura e dá base à cultura, é invisível e precisa ser acessado para desconstruir padrões e crenças que atrapalham o crescimento da instituição. Outra função atribuída ao assistente social nas instituições é a promoção da qualidade de vida dos trabalhadores, através de boas relações interpessoais e de trabalho. Rosenberg (2006, p. 83) alerta para alguns padrões comuns de linguagem que tendem a mascarar a nossa responsabilidade no reconhecimento dos próprios sentimentos, atribuindo-os aos outros. Reconhecê-los facilita a nossa tarefa: ⮚ o uso de expressões como “algo” e “isso” além de pronomes impessoais: “algo que realmente me enfurece é ... ” ou “isso me aborrece muito! ”, ⮚ afirmações que mencionam somente a ação do outro: “quando você não me liga ..... “ ou “mamãe fica triste quando você …” ⮚ o uso da expressão “sinto-me .... (uma emoção) porque ... (uma pessoa ou pronome pessoal) ”, p. ex. “sinto-me triste porque você não me liga! ”. Envolve estarmos atentos no sentido de percebermos nossos próprios sentimentos e necessidades e também reconhecer os sentimentos e necessidades nas entrelinhas da mensagem (ROSENBERG, 2006, p. 53). 15 Essa perspectiva de mudança tem papel fundamental na implantação de ferramentas que ajudam o processo de autoconhecimento e podemos substituir padrões por frases nas quais manifestamos de maneira clara as nossas necessidades, assumindo assim a responsabilidade sobre os nossos sentimentos, segundo Rosenberg (2006, p. 83): ⮚ “Sinto-me realmente enfurecido por.... e gostaria que …/ quero que...! ” ⮚ “Gostaria que.../ quero que você ...! ” ⮚ “Sinto-me... porque eu precisava de …, contava com ...! ”. Essas influências, quando são coordenadas pelo inconsciente velado e adoecido da vida institucional, abrem espaço para falhas na comunicação, contaminação do clima e enraizamento, ao longo do tempo - sem diagnóstico e devidas providências -, na cultura da instituição nada mudará e Rosenberg (2006) identifica três estágios pelos quais passa a maioria das pessoas até atingir um “estado de libertação emocional” (ROSENBERG,2006, p.90): ⮚ No primeiro estágio, por ele denominado “escravidão emocional” (ROSENBERG, 2006, p.91), nós acreditamos responsáveis pelos sentimentos dos outros. Nos sentimos aprisionados e escravizados, achando que devemos nos esforçar ininterruptamente para manter todos felizes. Nesse estágio, negamos nossas próprias necessidades, dificultando a sobrevivência e a continuidade saudável de relacionamentos, pois as pessoas mais próximas podem tornar-se um fardo para nós. ⮚ No segundo estágio “ranzinza” (ROSENBERG, 2006, p.92), não queremos mais ser responsáveis pelos sentimentos dos outros. Começamos então a tomar consciência do alto custo de assumirmos a responsabilidade pelos sentimentos dos outros, tentando satisfazê-los em detrimento de nós mesmos. Percebendo o quanto perdemos da nossa própria vida atendendo ao chamado dos outros e deixando de atender aos chamados da nossa própria alma, ficamos com raiva. 16 Diante do sofrimento da outra pessoa tendemos então, a fazer comentários ranzinzas, como p. ex. “O problema é seu! ” ou “Não sou responsável por seus sentimentos! ” (ROSENBERG, 2006, p.92). Nessa fase, já é claro para nós aquilo pelo que não somos responsáveis, mas ainda não entendemos claramente como podemos ser responsáveis com os outros, sem nos escravizarmos emocionalmente. Existem ainda resquícios de medo e culpa por termos nossas próprias necessidades. Isso pode nos levar a expressá-las de maneira aparentemente rígida e inflexível a quem as recebe. Em contrapartida, quando conseguimos aprender a expressar nossas necessidades de uma maneira confortável, estabelecendo empatia e respeitando as necessidades dos outros, nossa própria honestidade pode se tornar um presente precioso para a outra pessoa. É nesse cenário que o estresse e a violência podem ser desencadeados. Importante lembrar que em situações de conflito ou mesmo para garantia de direitos, o assistente social tem seu papel fundamental de atender as necessidades dos funcionários, relacionados ao bem-estar e a saúde. A CNV, refere-se à violência como qualquer forma de comportamento ou comunicação que possam ser sentidos com raiva, desrespeito, discriminação, exclusão etc. ⮚ Ao atingirmos o terceiro estágio, o da “libertação emocional” (ROSENBERG, 2006, p.94), passamos a assumir a responsabilidade por nossas intenções e ações, mas não nos sentimos mais responsáveis pelos seus sentimentos. Aprendemos a expressar nossas necessidades de uma maneira clara e confortável, ao mesmo tempo em que manifestamos empatia para com as necessidades dos outros e a importância da sua satisfação. Especialmente para as mulheres, que ainda são ensinadas socialmente para cuidar dos outros e ignorar as próprias necessidades, pode parecer assustador comunicar e expressar as próprias necessidades (ROSENBERG, 2006). O objetivo da CNV, é estabelecer relacionamentos baseados na honestidade, na sinceridade e na empatia e não mudar as pessoas e o seu comportamento para conseguirmos o que queremos. 17 O Serviço Social é uma prática social e como social, pressupõe sujeito coletivo que por sua vez, só se constrói no exercício político. Sem exercício político não se constrói o coletivo (MARTINELLI, 1994, p.72). Novas condições de trabalho têm sido inseridas nas instituições, gerando diversos sentimentosque não contribuem para um clima organizacional favorável. Os assistentes sociais são responsáveis por dar proteção e garantir os direitos dos funcionários. Eles também oferecem orientação e promovem a conscientização em relação aos direitos e benefícios sociais. A CNV abrange duas partes: expressar-se com honestidade e receber com empatia. “Receber com empatia” (ROSENBERG, 2006, p.133) envolve a aplicação desses mesmos quatro aspectos no processo de prestar atenção ao que os outros estão observando, sentindo, precisando e pedindo (ROSENBERG, 2006). Os quatro componentes fundamentais da CNV, se referem tanto ao que pedimos para enriquecer nossa vida, quanto ao que os outros estão observando, sentindo e pedindo. A qualidade no ambiente profissional e a forma como a comunicação é desenvolvida, é imprescindível para uma instituição que zela por seus funcionários, assim como a sua imagem, na Secretaria da Saúde não é diferente, existem várias ações que promovem o bem-estar dos funcionários da SES. E com o Projeto de Intervenção que trata da Comunicação Não Violenta, será possível mostrar o quanto a transformação acontece, Rosenberg (2006) nos convida a “escutar sentimentos e necessidades” (2006, p.137). Quando estamos acostumados a assumir a responsabilidade pelos sentimentos dos outros (estágio da “escravidão emocional”) dificilmente conseguimos nos concentrar nos seus sentimentos e necessidades. Tendemos a nos concentrar no que os outros estão sentindo e não no que estão precisando. As pessoas tornam-se ameaçadoras para nós. Quando nos libertamos dessa responsabilidade, conseguimos nos concentrar no que as pessoas precisam, nas suas necessidades, oferecendo-lhes empatia. Depois de escutar com atenção os sentimentos e necessidades dos outros, o autor sugere que podemos dar-lhes um retorno, “parafraseando o que compreendemos” (2006, p.139). A Comunicação Não Violenta, sugere que a nossa interpretação seja feita sob a forma de perguntas que revelem nossa compreensão e ao mesmo tempo ofereçam a oportunidade de uma correção por parte dos outros. 18 Além disso, com a nossa interpretação, eles terão um tempo para refletir sobre o que disseram e uma oportunidade de mergulhar mais profundamente em si mesmos. É importante estarmos atentos para que as nossas paráfrases não se tornem uma simples solicitação de informações. Quando efetivamente necessitamos de informações, os nossos pedidos devem ser precedidos de uma revelação dos nossos sentimentos e necessidades que geraram a pergunta. O tom da voz ao interpretarmos exige atenção e sensibilidade e nos remete novamente à importância de estarmos conscientemente escutando os sentimentos e necessidades das outras pessoas. Além de ser bom em lidar com pessoas, o assistente social precisa ter controle emocional. Assim o tom da nossa voz certamente expressará o que estamos procurando confirmar, refletindo empatia e acolhimento (ROSENBERG, 2006). A CNV, é uma ferramenta que auxilia o processo comunicativo e que demanda, sobretudo, observação e percepção dos comportamentos, necessidades e sentimentos - guiados inconscientemente -, e que afetam as instituições públicas é preciso em alguns casos tomar consciência do que falamos, pois corremos o risco de sermos mal interpretados e podemos nos deparar com críticas, ataques e insultos. Estas mensagens intimidadoras revelam simplesmente a existência de uma necessidade de maior compreensão das nossas intenções e necessidades insatisfeitas por parte dos nossos interlocutores. Nestes casos podemos contribuir efetivamente quando temos consciência desses fatos e não nos deixamos desumanizar e nem intimidar pelo que os outros tem a nos dizer. Esta atitude nos harmoniza e permite que recebamos mensagens difíceis como uma oportunidade de enriquecermos a vida de pessoas que estão sofrendo (ROSENBERG, 2006). Alcançamos a empatia quando “conseguimos nos livrar de todas as ideias preconcebidas e julgamentos a respeito dos outros. ” (ROSENBERG, 2006, p.134). Quando conseguimos esvaziar a mente e ouvir com todo o nosso ser, nos concentramos no que está acontecendo dentro dos outros, e damos espaço e tempo para uma escuta verdadeira, uma compreensão direta das mensagens que os outros nos trazem. 19 Com isso, oferecemos-lhes a chance de poderem explorar e expressar o seu eu interior com profundidade, pois quando alguém percebe que existe uma compreensão plena com relação ao que lhe está acontecendo, sente-se aliviado, livre de julgamentos e avaliações. Quando isso acontece, podemos perceber um correspondente alívio da tensão também em nosso corpo (ROSENBERG, 2006). O que fazer quando nos sentimos incapazes de oferecer empatia, apesar dos nossos esforços? Geralmente isso é um sinal de que nós mesmos estamos carentes demais de empatia para poder oferecê-la aos outros. Rosenberg afirma que “precisamos de empatia para podermos dar empatia” (ROSENBERG, 2006, p.149). Dentro de todo o processo da CNV, a regra fundamental é sermos autênticos, verdadeiros e sinceros com relação aos outros e a nós mesmos. Assim sendo, também aqui, nos nossos próprios momentos difíceis, a recomendação é de aplicarmos esta regra reconhecendo abertamente o nosso sofrimento e o fato de estarmos encontrando dificuldade para responder com empatia. Isso pode até levar o outro a nos oferecer a empatia de que tanto necessitamos. Descobri que, se formos capazes de falar de nosso sofrimento sem máscaras e sem culpar ninguém, até outras pessoas que também estão sofrendo às vezes são capazes de escutar nossas necessidades (ROSENBERG, 2006, p.150). Neste contexto, é importante conseguirmos identificar em nós mesmos a nossa incapacidade de oferecer empatia. Esta consciência nos permite tomarmos atitudes para mudarmos essa situação, como por exemplo, parar, respirar e buscarmos sentir empatia por nós mesmos ou então gritar de forma não violenta, isto é, sem culpar ninguém, chamando a atenção para as nossas próprias necessidades desesperadas e nosso sofrimento em momentos cruciais. Concedermos a nós mesmos um tempo para reflexão também pode ter um efeito enriquecedor e revelador (ROSENBERG, 2006). Pensar ações a serem desenvolvidas dentro da Secretaria da Saúde do Estado com foco nas relações interpessoais que busquem amenizar os conflitos e harmonizar a convivência e o trato com o outro se faz necessário. Assegurar os direitos de todos, faz parte do trabalho do Assistente Social e no PROSER/SES estes direitos estão garantidos com a PORTARIA SES n° 20 884/2021 INSTITUI O PLANO DE ENFRENTAMENTO AOS DIVERSOS TIPOS DE VIOLÊNCIA RELACIONADA AO TRABALHO NA SES, 2021 a 2023. Esta portaria foi muito esperada, então é importante falar mais sobre esta conquista, considerando igualmente a Portaria SES nº 1.079/2018, que estabelece o fluxo, no âmbito da Secretaria Estadual da Saúde, em situações de denúncias de diversos tipos de violência no contexto das relações produtivas de trabalho. A Portaria SES n° 79/2020, institui a Comissão Interna para elaboração do Plano de Enfrentamento à Violência nas Relações de Trabalho na Secretaria Estadual da Saúde - SES. RESOLVE: Art. 1º. Instituir o Plano de Enfrentamento aos Diversos Tipos de Violência Relacionada ao Trabalho na SES, com vigência de 2021 a 2023, na forma do anexo I desta Portaria. ⮚ Art. 2º. O Plano de Enfrentamento à Violência nas Relações de Trabalho na SES será reavaliado após 24 meses de vigência pelos membros da Comissão Interna para elaboração do Plano. Art. ⮚ Art.3º. O Plano de Enfrentamento à Violência nas Relações de Trabalho na SES está definido no anexo I desta Portaria. ⮚ Art. 4º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Porto Alegre, 17 de dezembro de 2021. Arita Bergmann, Secretária de Estado da Saúde. ANEXO I PLANO DE ENFRENTAMENTO AOS DIVERSOSTIPOS DE VIOLÊNCIA RELACIONADA AO TRABALHO NA SES 2021 A 2023 APRESENTAÇÃO. No ano de 2017, os setores da Secretaria da Saúde do RS (SES) que eram responsáveis pelo acolhimento de demandas dos servidores, sendo os núcleos do Programa Saúde do Servidor (PROSER) e os núcleos de Ouvidoria do SUS- SES/RS, percebem um crescimento a respeito de solicitações relacionadas a denúncias de assédio moral. Preocupados com essa questão, em parceria com Assessoria Jurídica, inicia-se um Grupo de Trabalho (GT) que iria discutir sobre essa temática. Esse GT contou com a participação de representantes do PROSER/SES, PROSER/SEPLAG, Ouvidoria do SUS e Assessoria Jurídica/SES. Com o propósito de se aproximar da temática e de experiências de outras instituições públicas que estavam discutindo esse assunto, o GT teve encontros com servidores da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) - mais 21 especificamente com os membros da comissão dessa instituição que desenvolvem ações sobre esse tema. Buscando uma qualificação dos membros participantes desse GT, esses participaram de uma formação disponibilizada pelo PROSER/SEPLAG com a professora Dra. Lis Soboll , sobre assédio moral no trabalho. No ano de 2018, o GT confeccionou informativos a respeito da violência relacionada ao trabalho, os quais foram socializados com os servidores da SES no evento alusivo ao Dia Mundial da Saúde. No mesmo ano, o GT redigiu a Portaria SES n° 1.079/2018 (RIO GRANDE DO SUL, 2018), estabelecendo os fluxos de denúncia na SES nos casos de violência relacionada ao trabalho. Essa portaria orienta a necessidade de se constituir uma comissão interna que deverá construir o Plano de Enfrentamento aos Diversos Tipos de Violência Relacionada ao Trabalho. Os profissionais da saúde costumam expressar suas insatisfações para com os outros, alguns insultam verbalmente, “para aparecer”, para humilhar o outro, estes atos geralmente acontecem por ações que denigrem o outro moral ou fisicamente, é difícil trabalhar em um ambiente de hostilidade que vai afetando consideravelmente o psicológico de cada colega que tenha sofrido alguma violência. Na Secretaria da Saúde do Estado, esta situação é conhecida como bullying, o que para nós está sendo o reflexo da ausência da Comunicação Não Violenta, nas instituições públicas e particular, sendo necessária mais agilidade em resolver conflitos, por isso tem sido comum ver ações na SES, empenhadas em dar informações, para que não se justifique atitudes que ponham em risco a saúde dos funcionários. A importância do projeto, deu-se sobre esta nova relação entre os funcionários da Secretaria da Saúde do Estado, insatisfeitos com as demandas a que eram sujeitos a resolver e que muitas vezes não fazendo parte do trabalho era necessário que alguém tomasse a frente sobre questões profissionais para dar andamento aos processos. Um dos maiores desafios das chefias, era fazer com que os profissionais entendessem, que por mais que as demandas não pertencessem a eles no momento, alguém tinha que fazer, e lógico, que a insatisfação e os conflitos eram criados pela falta de comunicação. 22 Mas, ainda existem problemas que são suprimidos no cotidiano, contudo a objetividade do projeto é assegurar o alcance de todos, nesta abertura de transparecer dos funcionários, em poder dialogar mais, sendo esta uma das características da Comunicação Não Violenta. É essencial aprender uma linguagem que nos permita construir uma relação de confiança com o próximo. Uma linguagem que aumente a disposição de cooperar e apoiar um ao outro” (FRANK, OLIVEIRA e MARINI, 2013, p. 4). A instituição deveria criar mais ações, capacitar seus funcionários, para o trabalho em equipe agindo diretamente no comprometimento profissional de cada um em poder olhar mais para o próximo e sentir-se útil. Diante dessa realidade a comunicação não violenta apresenta-se como uma ferramenta onde o praticante desnuda-se através da desconstrução da sua agressividade através da promoção do diálogo caracterizado pela compaixão sem ser submisso (PELIZZOLI, 2012). Caracterizando a CNV como uma forma de intervenção pacificadora desde conflitos da vida privada a acordos políticos, pois a mesma estabelece uma sincera conexão com o outro por envolver a empatia e o acolhimento (VINHA, 2014, p.23). Assim sendo, o Projeto de Intervenção, deverá agregar ensinamentos transformadores. Estamos passando por mudanças as quais não estávamos preparados como a Pandemia de COVID-19. Nos reinventamos e sentimos o quanto a comunicação faz falta na vida de cada um e é por isso que o despertar para o diálogo pode ser a escolha. Este Trabalho de Conclusão de Curso, traz valores do Serviço Social, como a importância da pessoa enquanto capaz de se autodeterminar, de ser livre, ser capaz de mudar e transformar sua realidade. Este crescimento garante sua integridade, mostra a capacidade de progresso e desenvolvimento. Como se pode perceber neste Projeto, a ação do Serviço Social, impulsionou e capacitou pessoas e grupos, a se relacionarem estreitamente com o meio laboral, buscando através destas relações encontrar satisfação de necessidades pessoais e coletivas. Muitas vezes a atuação multidisciplinar se transforma em garantia de intervenção satisfatória, porque a união, junto com as experiências que se agregam 23 em fenômenos psicossociais, econômicos, culturais, estreitam relações de modo a perceber as diferenças e intervir na realidade de uma ação social. No Serviço Social, os métodos que usamos para intervir, segue o princípio de ações, técnicas, habilidades que fazem parte da garantia de direitos. Vislumbrar as atitudes e habilidades que o profissional do Serviço Social, devem centrar-se basicamente no relacionamento empático e criador com os funcionários da Secretaria da Saúde do Estado, exigindo uma sensibilidade para perceber e compreender cada etapa deste processo de aprendizado, foi um crescimento para todos, que participaram do Grupo de Prática, sobre a Comunicação Não Violenta. Assim é possível entender a total necessidade do Serviço Social, para transformar relações em maior igualdade entre as pessoas e também o cooperativismo, a criatividade e criticidade que o assistente social deve ter. Com uma intervenção diferenciada a nível de relações, é possível que os instrumentos usados nas ações feitas tragam satisfação e as necessidades de todos sejam atendidas. Analisar a teoria da CNV e suas técnicas, e quais são suas aproximações com o Serviço Social é uma tentativa de transformar saberes. A aproximação com a área de Serviço Social implica no exame das compatibilidades, divergências e incoerências com os fundamentos teórico- metodológicos da área e seus princípios ético-políticos. Quando Rosenberg discorre sobre a busca da compaixão e da doação pelo outro, se aproxima mais dos primórdios conservadores do Serviço Social brasileiro, do que de sua renovação crítica apoiada em um viés marxista. 24 4 JUSTIFICATIVA O estresse ocupacional vivenciado nas instituições com presença de conflitos na comunicação, má delegação de atribuições e responsabilidades, monotonia ou atividades repetitivas, bem como o estresse de ordem não ocupacional, causado por fatores externos, mas que influenciam diretamente o bem- estar dos funcionários, interfere diretamente no seu desempenho e no estabelecimento de uma Instituição Pública, onde a comunicação é essencial e o favorece. Alcançar o fortalecimento, a independência e a autonomia dos profissionais da saúde são necessárias para o crescimento. Justifica-se pelo modelo utilizado junto à instituição e às estratégias de enfrentamento, criadas na SES, os problemas no ambiente profissional, além de futuras ações de enfrentamento que possam ser aplicadas. A manifestação físicae psicológica dos funcionários sob estresse é terreno fértil para o desenvolvimento de clima institucional hostil. Este Projeto justifica-se por possuir relevância social ao explorar temas que influenciam diretamente a qualidade de vida dentro do ambiente institucional e contribuem para a melhoria da sociedade, bem como por ser um tema pouco explorado, considerando que as instituições têm se preocupado cada vez mais com a saúde e bem-estar do funcionário ao manter um clima favorável. 25 5 OBJETIVOS DA PESQUISA O objetivo deste estudo é compreender como as técnicas da Comunicação Não Violenta (CNV), podem ser utilizadas para o aprimoramento da comunicação interna na Secretaria da Saúde do Estado, mais especificamente no setor PROSER. Além da conceituação da comunicação não violenta, que identificamos como uma ferramenta a ser utilizada para tornar mais eficiente a comunicação do setor estudado. Foi realizado um estudo exploratório, com abordagem qualitativa, dentro do setor do PROSER. A coleta de dados se deu através da elaboração de diários de campo, relatórios e reuniões de equipe. Utilizar a CNV, com as pessoas as quais estamos nos comunicando, sem precisar conhecê-las ou esperar que estejam dispostas a se comunicar conosco de maneira compassiva, é o que Marshall Rosenberg (2006, p.25), traz como um dos métodos eficazes de estabelecer conexão. No entanto, se a motivação for apenas a de dar e a receber com compaixão, tendo por base os princípios da CNV, essas pessoas se unirão a nós no processo comunicativo e conseguiremos nos relacionar de modo compassivo. Em suma, a compaixão surge quando as pessoas se mantêm fiéis aos princípios e ao processo da CNV. 5.1 OBJETIVO GERAL Utilizar as técnicas da Comunicação Não Violenta, como forma de potencializar positivamente as relações sociais e de proporcionar a aprendizagem pelas vivências. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ⮚ Propiciar reflexões acerca do processo de violência invisível. ⮚ Aguçar a capacidade de identificar a violência nas relações intra e interpessoais. ⮚ Apresentar a técnica da CNV como uma escolha em mediações de conflitos. ⮚ Apresentar a técnica da CNV como uma escolha para o aprimoramento dos relacionamentos nas relações intra e interpessoais. ⮚ Gerar aprendizagem por meio de vivências em grupo, utilizando a linguagem da CNV (com dinâmicas e situações-problema). 26 6 O PROCESSO METODOLÓGICO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO MEDIADOR NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA O estudo proposto é de caráter qualitativo, partindo da necessidade em se compreender comportamentos a partir de inter-relações presentes na Secretaria da Saúde do Estado e suas consequências. Nesse sentido, a observação participante será utilizada uma vez que pesquisador e pesquisados estão envolvidos no processo e desenvolvimento da pesquisa. A observação foi um procedimento adotado por “permitir o registro do comportamento em seu contexto temporal espacial” (ALVES-MAZZOTTI, 1999, p.164). Ela foi escolhida por permitir que os comportamentos observados sejam descritos de modo como acontecem objetivando entender o que foi observado. A instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a pro- fissão vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio desta capacidade, adquirida no exercício profissional, que os assistentes sociais modificam, trans - formam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da reali – dade social: no nível do cotidiano (GUERRA, 2007, p.2). A entrevista foi adotada como procedimento por permitir uma maior interação entre os funcionários do PROSER. Alguns dos exercícios usados como contextualização da Comunicação Não Violenta, também foram considerados fundamentais para obter resultados eficientes na busca do entendimento e empatia. Após vários estudos e coletas de informações sobre a CNV, no dia 02/09/2022, as 10h, em uma das reuniões semanais no PROSER, entramos para a apresentação propriamente dita, de como seriam os encontros para apresentação do projeto. Enquanto a Assistente Social Renata, minha tutora, preparava os slides, o pessoal ia chegando, fui instruída primeiramente nas regras de funcionamento para as reuniões, pois é importante este conhecimento. A leitura hoje predominante da "prática profissional" é de que ela não deve ser considerada "isoladamente", "em si mesma", mas em seus "condicionantes" sejam eles "internos"- os que dependem dodesempenho do profissional- ou "externos" - determinados pelas circunstâncias sociais nas quais se realiza a prática do assistente social (IAMAMOTO, 2000, p.93). 27 Após a aprovação da equipe e da tutora, ficou decidido que as apresentações do Projeto de Intervenção, seriam divididas em quatro encontros semanais e mais quatro para elaborar a apresentação, de duração de uma hora, onde iniciariam no aprendizado do Projeto de Intervenção sobre a CNV, as novas servidoras, que fazem parte do grupo de funcionários do PROSER. Importante salientar que estas reuniões no PROSER, onde fiz o estágio, trouxeram um aprendizado do quanto se faz necessária a troca de experiência entre colegas e o quanto isso ajuda no andamento das questões de trabalho, no que diz respeito ao fazer do Assistente Social. Na contribuição para o bem-estar físico, psicológico e social das pessoas em situação de fragilidade, já que neste caso, o Projeto foi criado, devido à falta de comunicação na SES. Para dar início ao Projeto, foram estabelecidos encontros que antecederiam a apresentação do Projeto para alguns ajustes, estes foram feitos tanto por e-mail, como pelo WhatsApp e ainda, nos dias de estágio, foram encontros alternados para sanar algumas dúvidas de como preparar as reuniões e feitos ajustes com a Assistente Social e a Terapeuta Ocupacional. Começar a falar, da preparação foi um momento esclarecedor, pois o propósito de tudo que foi aprendido, começou a aparecer quando foi entendida a responsabilidade de transmitir conhecimento. Foi estipulado que seriam oito encontros, alternados na preparação de como seria a apresentação e o dia para apresentar para equipe. Logo após cada encontro, foi avaliado quais os benefícios que a apresentação da CNV, trouxe aos integrantes e se poderiam aproveitar no dia a dia. A Comunicação Não Violenta, foi aplicada de forma qualitativa, onde foram feitas perguntas com respostas de acordo com a CNV. Então iniciou a apresentação para minha tutora e a Terapeuta ocupacional, a partir daí, expus minhas dúvidas e elas explicavam o porquê de cada posicionamento e foi-se estruturando a apresentação. Um dos primeiros ensinamentos foi a necessidade da lista de presença, este documento faz parte das reuniões, depois criamos um nome para os encontros e foram feitos acordos como a possibilidade de gravar os diálogos e as fotos, pois é através dele que fica estabelecido o início de uma apresentação. 28 Após conseguir uma sala de reuniões, com tudo que era necessário, a tutora ajudou com os slides. Cada um explicando o propósito de cada ação, falando quem era o autor da técnica da CNV, Marshall Rosenberg, que tinha todos os motivos para ser um homem vingativo e violento, devido aos traumas sofridos na infância, quando eclodiu um conflito racial, que deixou 40 mortos, bem no centro de onde ele havia se mudado recentemente. E como não bastasse tamanha violência, ainda na escola, descobriu que o preconceito vai, além da cor da pele, já que na chamada da escola alguns alunos descobriram que ele era judeu, isso bastou para ele ser torturado e espancado na saída da escola. Foi então que com estudo e muita pesquisa ele foi atrás, para saber o que levauma pessoa a ser violenta. Na explicação, de como iniciar o Projeto de Intervenção, começo a falar do primeiro componente da CNV, que é, a observação. Nesta reunião foi estabelecido, que se criaria um Grupo de Prática para a Comunicação Não Violenta e ao longo da apresentação, a Terapeuta Ocupacional e a Assistente Social Renata, me orientaram da possibilidade de passar do tempo estipulado da reunião e que cronometrar as perguntas e respostas, seria importante. No decorrer das apresentações, para poder dar sequência aos exercícios, também aconteceu que algumas respostas eram longas ou curtas demais e nesta hora eu perguntava se alguém mais queria falar, era preciso comunicar a cada resposta, que eu interviria para dar prosseguimento e se alguém mais falaria na apresentação. Por isso definir a metodologia que será usada é fundamental para dar certo, foi pensado em todos os detalhes, como local, aparelhos de tv, para a apresentação dos slides, o tempo e tudo elaborado antecipadamente. Iniciar a reunião foi um momento de muita expectativa, pois está seria minha primeira reunião sozinha, mesmo acompanhada de minha tutora a cada slide que passava ia explicando com exemplos, do que se trata cada componente. Desse modo a CNV, torna-se um instrumento norteador na resolução de conflitos, pois tais problemas estão na forma como nós comunicamos, falamos, ouvimos e somos ouvidos (TRINDADE, 2014). A OBSERVAÇÃO é aquele momento em que a observamos sem julgamento e isso nos aproxima da realidade. Dei exemplos de como passamos todos os dias por observações com julgamentos, como por exemplo a solicitação de 29 uma reunião importante, onde todos os participantes são chamados, os documentos reunidos e de repente o principal interessado chega atrasado. Nossa primeira impressão é julgarmos, que falta de consideração, no momento que mais precisamos de apoio a pessoa chega atrasada, só que este julgamento nos impede de pensarmos, que talvez a pessoa tenha sido avisada de última hora. Outro exemplo é, digamos que nesta mesma reunião a pessoa venha com uma roupa que ao nosso ver seja inadequada para uma reunião, mais uma vez estamos julgando, é possível que nesta mesma empresa, seja comum a vestimenta mais informal. Os julgamentos que fazemos não definem o que são os outros e sim o que queremos que seja. Formalizar este primeiro encontro de uma (1) hora e trinta (30) minutos, destinados a apresentação do Projeto de Intervenção sobre a Comunicação Não Violenta, me fez entender que reconhecendo a autonomia técnica do trabalho do assistente social e o fato de que se trata de uma ação profissional regulada por um código de ética e por conselho profissional e sustentada num projeto de formação profissional, neste momento pensar que a ação profissional requer identificar também as determinações que estruturam o próprio trabalho, entendi o quanto tudo isso nos qualifica como profissionais. Os projetos profissionais apresentam a auto-imagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas (inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais (NETTO, 1999, pág. 4). Elaborar a explicação sobre o que é a CNV, falar das datas que serão feitas as próximas reuniões, promover a empatia no primeiro encontro, falar do autor, são um dos momentos em que o entendimento e a responsabilidade se fazem presente e mostram como lidar com obstáculos e adversidades da própria profissão. Iniciar com um dos primeiros componentes da CNV, a OBSERVAÇÃO, explicar através de um exercício de pergunta e respostas para fixação, foi possível ver resultados de como as integrantes do PROSER, interagem em duplas, vivenciando o aprendizado, foi a primeira etapa de êxito para o andamento do Projeto. 30 Nos quatro encontros estabelecidos, o primeiro decidiu-se chamar de Grupo de Prática, nome dado pela Terapeuta Ocupacional, que achou importante intitular as reuniões, por se tratar de uma técnica e que por tanto é de livre escolha de cada um usar a CNV, nas interações cotidianas. Os métodos de intervenção devem ajustar-se ás finalidades (FALCÃO,MRA.DO CARMO BRANT DE CARVALHO, 1981, pg.13), para que as ações deste projeto façam sentido no orientar e planejar, a maneira como nos comunicamos, tão necessária neste momento de distanciamento por causa da Pandemia do Covid-19, nos fazendo repensar nossas atitudes. Está sendo um momento de reconstrução, onde nossas habilidades precisam de resgates de valores para que nosso trabalho continue a se desenvolver de forma harmoniosa. A técnica como recurso na realização das atividades é de fundamental importância, pois recolhe fatos situações, conceitos e valores que refletem a realidade de seus diversos aspectos e/ou quais interpretações fazemos sobre ela (NASCIMENTO, 1997, p.14). O aprendizado no uso da Comunicação Não Violenta nas reuniões, trouxeram um novo olhar nas questões do dia a dia de cada um, e está expectativa de poder mudar uma cultura de comunicação que já está enraizada na Secretaria da Saúde do Estado, nos deixa com a esperança de dias melhores, pois temos a consciência de que fazer a nossa parte para mudar e melhorar o ambiente para todos, é uma responsabilidade a mais no caminho para transformação. Abaixo o registro do primeiro encontro para falar sobre o Projeto de Intervenção e o componente é a OBSERVAÇÃO: 31 FIGURA 1: - GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA/PROSER/OBSERVAÇÃO Fonte: Autora,2022. Nesta primeira apresentação foi criado um ambiente acolhedor, pois o desafio era avaliar o comportamento de cada um mediante um novo olhar para o jeito de falar e ouvir, achou-se necessário intitular estes encontros de Grupo de Prática, como dito anteriormente. Fui instruída a fazer exercício de perguntas e respostas em que fosse usado o primeiro componente da CNV, a observação. Importante, entender que precisava ser algo que se referisse ao cotidiano, então perguntei o que mais irritava elas no geral do dia a dia? ⮚ Participante 1 - Me sinto incomodada com pessoas que não usam máscaras (Segundo Informações Coletadas-SIC). ⮚ Participante 2 - A falta de organização, quando preciso de apoio (SIC) ⮚ Participante 3 – A falta de diálogo, me deixa irritada (SIC) ⮚ Participante 4 – O falar alto, a linguagem corporal na hora de pedir algo (SIC) 32 Para avaliar as respostas dadas através do que acabaram de conhecer, neste primeiro componente que é a OBSERVAÇÃO, todas responderam conforme a proposta, de não haver julgamentos, pois o objetivo com essa pesquisa é descrever as influências da comunicação não violenta como ferramenta para auxiliar nas relações pessoais e interpessoais. Contribuindo dessa forma com uma nova visão de método possível de melhorar as relações em gerais. Nesta etapa gostaria de saber o que trouxe de experiência para as colegas, conhecer o primeiro componente da CNV? ⮚ Participante 1- Para mim o difícil é entender a linguagem corporal, o aumento de voz faz a diferença, falar alto para ser ouvida, atrapalha minha concentração (SIC); ⮚ Participante 2- Quando o outro começa a falar, é difícil ficar ouvindo, dá vontade de rebater o que a pessoa está falando, pois me identifiquei com o que o outro falava. Me dei conta da importância do silêncio e escutar (SIC); ⮚ Participante 3- Achei bem tranquilo de executar o exercício (SIC); ⮚ Participante 4- Quando ouve a troca de lugar, onde eu deveria falar, achei mais difícil, me sentidesconfortável (SIC). Dando continuidade ao primeiro encontro com o Grupo de Prática, sobre a OBSERVAÇÃO, tratamos dos princípios que a compõem, seu autor e seu propósito, a cada slide eram dados exemplos mostrando o quanto é fácil mudar quando se tem um objetivo em comum. Começamos com as explicações do que se trata e depois com um exercício de perguntas e respostas na qual, o importante, era que todos conseguissem dimensionar a importância de escolher mudar a maneira de falar. Nesta apresentação foi dado como necessário que todos compreendessem que a partir do momento que expressamos o que sentimos o outro se identifica e que esta é a conexão é que nos aproxima. O Grupo de Prática, assim intitulado em primeiro encontro, avaliou que apesar das dificuldades encontradas, era uma novidade perceber o que estava acontecendo, a transformação era vista a cada exercício. 33 Ao término das respostas, pôde-se avaliar que havia entre relação na instrumentalidade do assistente social com a propriedade e/ou capacidade que a profissão. E que isso vai sendo adquirido na medida em que concretizam os objetivos propostos. Esta reunião atingiu um dos objetivos, qual seja, transformar a realidade do momento, caracterizando como um problema estrutural e histórico, em vivência em uma instituição pública. 6.1 ESTRATÉGIAS DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA (CNV) DENTRO DO SERVIÇO SOCIAL O Grupo de Prática, mostrou-se disposto a finalizar a técnica da Comunicação Não Violenta, para ajudar as pessoas a melhorarem a qualidade de seus relacionamentos, baseado nos quatro pilares que Marshall, estruturou que falam de: ⮚ Observação (em vez de Julgamento) - Aprender a observar sem fazer julgamentos (SIC); ⮚ Sentimentos (em vez de Avaliações) - Aprender a identificar e expressar seus sentimentos (SIC); ⮚ Necessidades (em vez de Estratégias) -Aprender a assumir a responsabilidade por seus sentimentos (SIC); ⮚ Pedidos (em vez de Ordens) - Aprender a pedir o que torna sua vida mais plena, é mais provável que você trate as outras pessoas com empatia e se comunique com mais eficácia (SIC). O projeto, utilizou a Comunicação Não Violenta, visando a prevenção e diminuição dos conflitos. O setor do PROSER, onde foi feita a apresentação, tem por objetivo cuidar dos funcionários da Secretaria da Saúde do Estado. Realizar uma apresentação, dentro de uma instituição pública, não é uma tarefa fácil, pois o tempo que as pessoas dispõem, nem sempre coincide com o que é necessário, para uma apresentação. Superando as dificuldades, abaixo mais um registro de encontro, agora sobre o SENTIMENTO: 34 FIGURA 2: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA/PROSER/SENTIMENTO Fonte: Autora,2022. Na apresentação do segundo componente, o SENTIMENTO, conforme a apresentação do componente anterior, foi feita uma lista de presença, foi passada uma folha com a relação de alguns sentimentos para que as colegas, evidenciassem que apesar de usarmos a palavra sinto, nem sempre trata de sentimento, as vezes é só uma expressão de alguma situação. A partir do momento em que fomos estabelecendo uma proposta de escolhas que diferenciam nossa maneira de ser, foram amadurecendo ideias e descobertas através das vivências o que nos deu coragem para mudar. ⮚ Participante 1- No começo precisei usar a folha das relações de sentimentos, não tinha identificado expressão de sentimento (SIC); ⮚ Participante 2- Me identifiquei com os sentimentos e pude me colocar no lugar do outro (SIC); ⮚ Participante 3- É difícil falar de sentimentos no trabalho, mas consegui ver a diferença quando falo com sentimento (SIC); 35 ⮚ Participante 4- Acho necessárias as mudanças, gostaria de que todos sentissem empatia (SIC). O resultado para questões que tratam de sentimento, é difícil de avaliar. Após o exercício de pergunta e resposta igual ao anterior, percebeu-se que a conexão foi maior, todas entenderam o quanto é fundamental ter empatia. Para um futuro profissional do Serviço Social, a Comunicação Não Violenta, traz a igualdade como importante ferramenta, mostra a transformação que acontece quando há o planejamento na execução de Projetos Sociais. No final da apresentação e analisando as respostas de cada participante, o que ficou evidente foi o esforço emocional de cada um, no sentido de identificar o sentimento, quando se reconhecem as responsabilidades pelo sentimento do outro, como fonte de reconhecimento das próprias necessidades humanas e não de umas pessoas em específico, como consequência, tem-se a libertação emocional. É na gestão dos sentimentos que se abre a capacidade de acolher as necessidades do outro assim como as próprias necessidades não atendidas. O segundo componente o SENTIMENTO, tem algumas variantes, por exemplo, ao invés de expressarmos sentimentos verdadeiros, estamos descrevendo o que pensamos, isto é, a nossa opinião ou avaliação a respeito de determinadas situações. Exemplos: “Sinto que você deveria saber isso melhor do que ninguém”, “Sinto que isso é inútil” ou “Sinto como se estivesse vivendo com uma parede. A utilização desses exemplos, foram uteis para esclarecimento de dúvidas, pois fica claro que são somente expressões do que sentimos. A sociedade do tempo presente apresenta-se de forma multifacetada, atravessada pelas diversas expressões da questão social; sendo assim, requer ações conjuntas e bem articuladas para encontrar alguma possibilidade de superação dos limites impostos socialmente (FERNANDES, 2009, p.30). Como foi dito anteriormente é preciso ter consciência de que nem sempre identificamos nossos sentimentos, Rosenberg (2006, págs. 72–75) apresenta um vocabulário que nos permite ampliar a capacidade de articular nossos sentimentos, 36 descrevendo com clareza diversos estados emocionais quando nossas necessidades estão sendo atendidas, abaixo segue relacionados alguns sentimentos: “à vontade, agradecido, animado, bem-humorado, calmo, encantado, extasiado, fascinado, inspirado, motivado, radiante, seguro, etc.. ” e também quando elas não estão sendo atendidas: “aflito, amargurado, ansioso, apreensivo cético, deprimido, desiludido, frustrado, incomodado, magoado, nervoso, preocupado, receoso, surpreso, triste etc.” Foi importante relacionar estes sentimentos, foi distribuída uma lista com sentimentos no que ajudou a identificação de como expressar as respostas de acordo com o que a Comunicação Não Violenta, propõe. O resultado desta pesquisa, assim como o seu objetivo, é descrever as influências da comunicação não violenta como ferramenta para auxiliar nas relações pessoais e interpessoais. Contribuindo dessa forma com uma nova visão de método, possível de melhorar as relações em gerais. Os planejamentos destas reuniões eram sempre feitos em um ambiente de empatia, pois o importante era estabelecer uma manifestação genuína e autêntica de cada uma das participantes. Estabelecer que o propósito da comunicação não violenta, é que é possível ter uma comunicação verdadeira, sem julgamentos onde nossas necessidades venham de encontro aos objetivos de todos e tornar o ambiente onde trabalhamos mais empático. Todos temos contribuições a dar, seja no profissional quanto no pessoal, a CNV traz este resgate de parceria e aprendizado para um bem maior que é proporcionar conhecimento. Abaixo a reunião do Grupo de Prática que fala do terceiro componente a NECESSIDADE: 37 FIGURA 3: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA/PROSER- NECESSIDADE Fonte: Autora, 2022. Neste terceiro encontro com o Grupo de Prática, falamos sobre a NECESSIDADE, foi novamente distribuída a lista de presença e uma lista de necessidades para que todos se sentissem à vontade em falar. Em todas as sequentes reuniões, procurava-se relembrar dos componentes, para dar seguimentoao que cada um lembrava e o quanto ia desenvolvendo o amadurecimento do conhecimento de cada um. Na reunião, sobre o terceiro componente NECESSIDADE, foi pedido para gravar a reunião e assim avaliar melhor no que todos concordaram. Os participantes fizessem uma lista de suas necessidades, e a mais falada, foi o” tempo” e o “aprendizado”, destacando a necessidade imediata dos participantes. Neste momento foi possível avaliar o modo como se relacionam na tentativa de fazer o necessário, para uma mudança de mentalidade e de disponibilidade (FERNANDES, IDILIA. p.29). Nessa perspectiva a pesquisa pode tornar-se também um instrumento estratégico de transformação cultural. 38 ⮚ Participante 1-. Necessidade de tempo em família, casa, família (SIC); ⮚ Participante 2-. Atividade física, bem-estar, ser responsável, dever cumprido (SIC); ⮚ Participante 3-minhas necessidades cumprir com os cursos, sinto que estou produzindo, estudo, aprender, movimento, produção (SIC); ⮚ Participante 4- necessidade de tempo, disposição, organização, bem-estar (SIC). Após as explicações, interagimos nos exemplos das necessidades de cada um, este exercício, foi para identificar uma necessidade, que todos partilhassem naquele momento. Foi importante presenciar a conexão que acontece, quando entendemos que todos temos necessidades em comum. Partindo daí, foi feito novamente o mesmo exercício que tenho feito nos componentes anteriores, que é perguntar como a pessoa está? E responder de acordo com os componentes da CNV, desta vez usando a observação, o sentimento e a necessidade. ⮚ Participante 1-. Achei este exercício mais complexo, e é bom assim, sempre faz a gente refletir, eu sinto que precisava de mais exercícios para chegar lá (SIC); ⮚ Participante 2- Achei mais difícil, mas eu não sei, entendo que isso vai acontecer, porque é o desenvolvimento da conversa, assim né, é uma coisa básica e a resposta é X, no primeiro momento, né, mas se a ideia é justamente poder existir uma comunicação, isso vai ficar mais complexo. Então, também entendo que faz parte do processo e acho interessante, que a Comunicação Não Violenta, abra espaço para isso, para ficar neste momento de há não sei não tenho uma resposta, e o não identificar o sentimento, e poder continuar tentando faz parte da CNV. Acho que é algo genuíno e de uma confiança de quem está te ouvindo, que eu possa falar de fato, o que está sentindo e as vezes sentir é não sei. Achei mais difícil, mas também acho que é uma potência da técnica, que abre espaço para esse momento (SIC); 39 ⮚ Participante 3- É ficou mais complexo, porque tem mais uma demanda, que é identificar a necessidade, é mais simples do que identificar o sentimento, se nem a pessoa talvez não consiga formular exatamente o conceito do sentimento que está tendo. Já a necessidade já é posta, já é dada. O sentimento é algo mais, tem que elaborar (SIC); ⮚ Participante 4- O que eu acho legal é que está autorreflexão, a gente escuta o outro, mas a gente se auto escuta também, e aí fazendo o exercício, que das outras vezes falei como eu, né, estava me sentindo, a mudança assim, estava muito bem outras muito mal, e as vezes nem estava, quando a gente muda, por que o outro também não? Né, porque o outro também vai estar totalmente nesses processos, então é uma autorreflexão e também é uma empatia, né, um ouvir, um não conseguir se colocar no lugar do outro, e sim ao lado, sabe que a vida é isso, né. De tentar, né, abraçar, acolher, se hoje a gente está mal, amanhã está bem. Achei um exercício muito bom, hoje eu trouxe esta autorreflexão (SIC). Neste exercício, ficou claro o quanto nos identificamos com as necessidades dos outros, pois é difícil identificar uma única necessidade, tem várias necessidades em comum, como fome, sede. O que muda são os valores, por isso a CNV, é transformação. A proposta foi de identificar as necessidades e expressar os sentimentos, isso todos conseguiram identificar. A Comunicação Não Violenta, é uma técnica que pode ser usada no fazer do Assistente Social, como no acolher profissional ou a escuta, dando espaço, para se ouvir e para gente devolver o que ouviu sem julgamentos, estar ali junto se propondo a escutar, fazer com que a pessoa se sinta ouvida. O reconhecimento das nossas necessidades nos põe em contato com o reconhecimento da raiz dos nossos sentimentos. A CNV, amplia nossa consciência com relação ao fato de que as atitudes ou palavras dos outros podem ser o estímulo, mas nunca a causa dos nossos sentimentos. Os nossos sentimentos são consequências das nossas escolhas. Cabe a cada um de nós decidir, como vamos receber as palavras e as atitudes dos outros, 40 bem como avaliar as nossas necessidades e expectativas específicas no momento em que se dá a percepção de nossas necessidades. A decisão por uma escolha responsável, envolve não culparmos nem a nós mesmos e nem aos outros pelos nossos sentimentos. Abaixo segue a foto do último encontro do Grupo de Prática: FIGURA 4: GRUPO DE PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA/PROSER- PEDIDO Fonte: Autora,2022. Neste quarto encontro, foi uma despedida, tanto do estágio, como do Grupo de Prática, então foi organizado um café com o setor do PROSER, a figura acima contou com a presença de outros funcionários do PROSER que não participaram do grupo e estiveram presentes para se despedirem da estagiária. Mas antes foi feita a reunião com o grupo de prática, depois que falei sobre o PEDIDO, último componente da CNV, novamente como a apresentação dos componentes anteriores. 41 Nesta reunião, foi feito tudo de novo, pois os encontros eram realizados uma vez por semana e neste espaço de tempo muita coisa se esquece, portanto é importante relembrar tudo que aprendemos nos encontros anteriores. Falar do quanto a elaboração de pedidos, envolve em primeiro lugar expressar o que estamos pedindo e não o que não estamos pedindo e o quanto está ação se confunde quando se houver uma negação e a insistência no pedido, pode virar uma exigência. Na CNV, os pedidos feitos se caracterizam, pelo fato de poder não aceitar o pedido, pois se insistirmos se torna uma exigência e a partir disso, dar continuidade ao trabalho, dando a oportunidade de tentar resolver de outra maneira. Este último componente vem para definir os objetivos que desejamos, e junto com o restante dos componentes, atingir os objetivos E foi feito um exercício, onde a pergunta era quais PEDIDOS, não foram atendidos, hoje? ⮚ Participante 1 -. Sei que peço muitas coisas para o meu marido, então mesmo que alguns não sejam atendidos, tudo bem (SIC); ⮚ Participante 2 -. Quando eu chego em casa, eu chego mega cansada, minha mãe mora comigo, a gente mora junto na verdade e daí eu chego, além de estar atrasada, louca de fome, além de eu preparar meu próprio café, eu tenho que preparar o café dela, sendo que ela fica em casa o dia todo e ela não come (SIC) ⮚ Participante 3 -. Daí por exemplo ontem meu marido chegou de viagem, ela tinha feito até bolo para esperar ele, eu fiquei indignada, me envolvi com qualquer coisa, e ela descansou, dormiu, leu, olhou filme e aí eu chego, quero fazer meu café rápido, e ela me vê e pede para fazer um café para ela, dizendo que não tomou (SIC); ⮚ Participante 4 -. O meu eu faço, o que me incomoda é que ela ainda não tomou o dela e acabou fazendo. Todo dia eu falo para ela, agora mudei de estratégia, agora eu digo, está igual a vó, a vó é a mesma coisa, passa o dia sem comer, até alguém chegar lá e dizer vamos tomar café. Claro ter alguém junto, pois passa o dia sozinha, aí eu falo tu reclamas da vó, quando a vó está lá em casa. Ela faz o que eu faço para ela, mas eu falo e no outro dia a mesma coisa (SIC). 42 Neste exercício as participantes se deram conta que ospedidos quando não são atendidos, causam uma insatisfação muito grande, o que vai acumulando sentimentos que nos incapacitam a seguir a diante. Quando fazemos os pedidos de forma negativa, como por exemplo ‘não vou’ ou ‘não quero’, costumam deixar as pessoas confusas, além de possivelmente provocarem resistência. As pessoas acabam recebendo um pedido de forma negativa, no sentido de defesa e não de acolhimento. Identificamos o que não queremos ao invés de esclarecer e identificar o que queremos. É importante evitar frases vagas, abstratas ou ambíguas e formular solicitações na forma de ações concretas que os outros possam realizar (ROSENBERG, 2006). Ao afirmar que “ficamos deprimidos porque não estamos obtendo o que queremos”, Rosenberg (2006, p.108), associa o não atendimento das solicitações à depressão, definindo-a como uma “recompensa por sermos bons” (p.108). De uma maneira geral, somos criados e educados para nos tornarmos “bons meninos e meninas, bons pais e mães” (2006, p. 109), mas não somos ensinados a pensar e identificar o que realmente queremos. Pelo fato de não termos consciência do que realmente queremos e pedimos, é comum transmitirmos simplesmente nossos sentimentos, expressando nosso desconforto e supondo, erroneamente, que os outros compreendam e identifiquem as nossas necessidades. No entanto, não fica claro para os outros, o que realmente queremos que façam (ROSENBERG, 2006). O autor alerta para a importância de expressarmos os sentimentos e necessidades relacionados aos nossos desejos, utilizando uma linguagem clara, positiva e objetiva, revelando assim aos outros o que realmente queremos. Desta maneira tornamos nossos pedidos mais claros e compreensíveis, e maior será a probabilidade de vermos nossas necessidades atendidas (ROSENBERG, 2006). No trabalho o homem desenvolve capacidades, que passam a mediar sua relação com outros homens. Desenvolve também mediações, tais como a consciência, a linguagem, o intercâmbio, o conhecimento, mediações estas em nível da reprodução do ser social como ser histórico, e, portanto, postas pelas práxis. Isso porque, o desenvolvimento do trabalho exige o desenvolvimento das próprias relações sociais e o processo de reprodução social, como um todo, requer mediações de complexos sociais tais como: a ideologia, a teoria, a filosofia, a política, a arte, o direito, o Estado, a racionalidade, a ciência e a técnica (GUERRA, 2000, p.4). 43 No entanto, a elaboração de um pedido claro e sincero ao outro, buscando o atendimento das nossas necessidades, envolve também reconhecer e respeitar os sentimentos e necessidades da pessoa que recebe o nosso pedido. Nossos pedidos podem tornar-se exigências quando criticamos ou julgamos o outro no caso de não atendimento, fazendo-o sentir-se culpado por não atender a um pedido nosso. Um pedido genuíno, não exige do outro o atendimento, mas lhe oferece empatia e compreensão diante de um impedimento ou uma recusa. Em outras palavras, respeitamos a sua escolha de fazer algo, atender ao nosso pedido de livre vontade e com compaixão (ROSENBERG, 2006). Na atuação como estagiária de Assistente Social, vi o quanto se fez necessário a promoção de atividades e exercícios para o crescimento de cada um, no entendimento do funcionamento da Comunicação Não Violenta, tomar a frente desta responsabilidade, foi gratificante no aprendizado. Por que está função de disseminar informações claras, objetivas e úteis faz parte do Serviço Social. Neste último encontro, resta a expectativa de gerenciar os resultados, administrar o quanto a mudança será validada no dia a dia de cada uma. E para manter o mesmo padrão dos encontros que anteriormente foi feito demos prosseguimento no exercício, foi feito a pergunta de como você está e a resposta deve constar, sentimento, necessidade e pedido, depois trocam-se as duplas. Organizamos as duplas, fizemos um exemplo de como funciona o exercício e perguntamos se todos entenderam, abaixo estão as respostas: ⮚ Participante 1 - Foi bom elaborar pedidos juntos (SIC); ⮚ Participante 2 -. Para mim, nunca é fácil (SIC); ⮚ Participante 3 - Achei bom (SIC); ⮚ Participante 4 - Achei mais difícil, estava conversando com a colega, que as vezes, eu me saboto, fico pensando o que vou dizer, qual vai ser o PEDIDO, Jesus amado, mas acho que na hora flui, vai fluindo e a gente vai com esta escuta, escuta atenta, a pessoa faz você sentir, poxa tá, é um lugar que eu posso falar, é um lugar que eu posso pensar junto aqui, que a pessoa que está me ouvindo, sem julgamento, sem né, da necessidade, o sentimento mais a necessidade e o pedido, é mais difícil mesmo, mas com a pessoa pensando junto com você, eu acho que flui mais, fica mais fácil (SIC). 44 Ao término deste último componente, pude avaliar o crescimento que está vivência proporcionou aos colegas, pois todas concordaram no quanto seria transformador poder criar um ambiente empático e como seria gratificante poder comunicar sem julgamento. As participantes revelam que o trabalho desenvolvido foi de suma importância para potencializar uma relação mais afetuosa, conciliadora entre os colegas, contribuindo assim para uma relação mútua, aberta e com olhar mais voltado para a satisfação de suas necessidades individuais, mas ao mesmo tempo ouvindo o outro. Apresentando sua maneira de sentir com relação ao comportamento do outro em uma posição positiva, não agressiva, não violenta. O Projeto de Intervenção sobre a Comunicação Não Violenta, busca resgatar nosso lado humano, com os encontros, ficou definido que apesar das dificuldades é possível estabelecer uma conexão que traga o fluir de sentimentos no diálogo, tanto no trabalho quanto no dia a dia, e com isso mais empatia. É importante refletir aqui sobre como este resultado remete sobre o que Rosenberg destaca na prática da CNV, “o ouvir o outro”, “o se colocar no lugar do outro”, o de falar o que incomoda a si”, são estas características de ações que efetivam a prática do CNV. Para os funcionários do PROSER, a ação do Grupo de Prática, significou que eles identificaram a importância de ajudar o outro que necessita de apoio, ou seja, da necessidade, do conforto, do ouvir, isto significa que eles se importam com o bem-estar do outro. E sobre a apresentação do Projeto de Intervenção, foi uma oportunidade de manifestar o interesse em mudanças na maneira de comunicar em uma Instituição Pública, criar momentos de diálogo, para conversarem de como se sentem, ter uma escuta qualificada, isto é, um libertar-se do que mais os incomodava. Assim, a CNV, consegue possibilitar no indivíduo a capacidade de expor o que lhe aborrece, de modo a não mostrar o erro do outro, mas, da sua capacidade de expressar o que espera do outro como fator positivo para a relação. Dar-se no modo de como posso enxergar a situação e reverter a mesma sem causar transtorno à relação, mas, ao mesmo tempo fortalecendo a empatia entre ambos. Ao questionar os funcionários se eles acreditam na efetividade da comunicação não violenta, verifica-se que a maioria dos funcionários que participam 45 do Grupo de Prática, compreenderam que a Comunicação Não Violenta é uma ação recíproca, contudo, se faz necessário que primeiro o indivíduo busque sua prática, ou seja, sua compreensão é interna, não externa. Se faz necessário que se inicie a prática para que o outro reaja positivamente. A Prática da Comunicação Não Violenta, traz um novo olhar na maneira como atualmente lidamos com questões de trabalho. Está prática diminuiria o distanciamento imposto por hierarquias que preferem se posicionar como chefes, esquecendo que o liderar é estar junto de sua equipe. Procurar caminhos que tragam benefícios para todos. Não usar sua posição para diminuir ou humilhar ninguém. Vivemos em uma sociedade que não incentiva atividadescoletivas e ainda valoriza o individualismo. Além disso, vivemos numa época de globalização, onde a tecnologia presente tem promovido um aumento da complexidade no que diz respeito às relações e a comunicação. Conflitos estão propensos a acontecer a todo o momento e valores pautados pelo individualismo e a desvalorização do outro tendem a ocorrer. 6.2 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA (CNV) NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Neste cenário, a partir das nossas experiências e vivências no campo de estágio, somos convidados a refletir sobre a necessidade de novas estratégias quando, ainda dentro de uma instituição pública, como a Secretaria da Saúde do Estado, percebemos arbitrariedade e julgamentos presentes dentro de setores e departamentos, quando situações de enfrentamento e conflitos ocorrem. A ideia defendida pelo Projeto de Intervenção, é que a cultura do diálogo dentro da SES, aconteça de modo efetivo, sobretudo de forma não violenta e com empatia, sendo acolhida por todos os funcionários. Desta forma, a utilização da CNV, faz-se presente no Grupo de Prática criada com a equipe do PROSER, que se sensibilizaram para a necessidade de uso deste instrumento, como possibilidade de estreitar as relações com seus colegas. Esta vivência mostrou que é possível, mesmo que a longo prazo estabelecer momentos de aprendizado em nosso ambiente de trabalho. Muitas vezes nos indispomos em situações das quais um bom diálogo resolveria muitos conflitos. 46 Através dos exemplos, foi possível observar que os conflitos ocorrem também, devido a divergências, sejam elas pessoais, profissionais e/ou societárias. A dificuldade de compreensão do que o outro está propondo acontece devido a falhas comunicativas e, também, pela falta de olhar para si mesmo, antes de culpabilizar e julgar o outro. Estes conflitos podem ser reduzidos e até mesmo extintos - a médio/longo prazo - caso as equipes conheçam e usufruam as técnicas da CNV. A Comunicação Não Violenta, é uma técnica simples de se adaptar em qualquer ambiente e claro que é preciso estarmos dispostos a mudança. Na prática, a comunicação não violenta ocorre quando o emissor reformula o que fala e ouve. Ou seja, antes de responder inconsciente e imediatamente, ele ouve com atenção e reflete sobre o sentido e o desejo manifestado por alguém. Assim, ao invés de responder intempestivamente, procura se expressar com clareza, empatia, de forma respeitosa. Nesse sentido, exercitar a CNV permite compreender o mundo ao redor sob a ótica da outra pessoa. Dessa maneira, ele consegue compreender as razões por trás de suas atitudes. O Trabalho de Conclusão de Curso, seria o primeiro passo no sentido de observar, principalmente na área da saúde e em mediação de conflitos que esta técnica pode ter resultados através da experiência e podem ser vistos de maneira simples e com resultados positivos. 47 7 APRESENTAÇÃO DOS DADOS PESQUISA Apresentar o Projeto de Intervenção no estágio III, dentro do setor PROSER, identificando que o local é específico para o uso da técnica da Comunicação Não Violenta, já que ela vai ao encontro da melhor qualidade de vida dos funcionários de uma instituição pública. Entendendo que o setor vai ao encontro dos propósitos da CNV, pois cuida da parte importante da vida que é a comunicação. 7.1 ANÁLISE DOS DADOS O presente trabalho tratou-se de uma pesquisa do tipo qualitativa, com cunho descritivo exploratório e interpretativo. O delineamento qualitativo tornou-se mais adequado, pois dificilmente os fatos podem ser considerados coisas, visto que os objetos de estudo pensam, agem e reagem. Partir do princípio, que para a realização de ações dentro de uma Instituição Pública, depende do comportamento das pessoas que nela trabalham, torna-se de extrema importância conhecer previamente as maneiras de agir, sentir e pensar. Realizar o exercício para identificar as causas de distanciamento foi o primeiro passo para uma comunicação mais eficiente, pois através dele foi possível coletar dados, analisar o tipo de linguagem usada para expressar a necessidade de cada participante. As entrevistas foram usadas para a construção de conhecimento, entender que a CNV, transforma nossas escolhas e nos aproxima. Na escuta qualificada, foi o momento de maior dificuldade, pois escutar sem criar julgamentos, entender que a percepção de cada vem através de valores, crenças, atitudes, componentes estes vistos de diferentes interpretações de como entendem a proposta da CNV, foi desafiador. Já a criação do Grupo de Prática, para contextualizar a técnica, foi necessária sua criação, para que os participantes, soubessem que mesmo após o término do Projeto é possível a prática da mesma, a partir da iniciativa de cada um. 48 8. RESULTADOS Após esta experiência, o Grupo de Prática entendeu e identificou o fazer profissional, seu papel dentro de uma Instituição Pública, a capacidade de gerar aprendizagem, por meio de vivências em grupo, utilizando a linguagem da CNV (com dinâmicas e situações-problema. No quadro abaixo, identifico possíveis ações que capacitarão os profissionais sobre a técnica da Comunicação Não Violenta: Quadro 1 – Ações do Serviço Social AÇÕES PRETENDIDAS MÉTODO DE CONTROLE MÉTODO DE AVALIAÇÃO Propiciar reflexões acerca do processo de violência invisível. Criando ambientes de trabalho efetivo-afetivos Evitar comentários julgadores Aguçar a capacidade de identificar a violência nas relações intra e interpessoais Procure se comunicar sem prejulgamentos sobre o que é “certo” ou “errado” Evitar críticas Apresentar a técnica da CNV como uma escolha em mediações de conflitos. Sempre que possível, se coloque no lugar do outro Ser conciliador Apresentar a técnica da CNV como uma escolha para o aprimoramento relacionamentos nas relações intra e interpessoais. Durante um conflito ou mediação de conflito, busque pelos pontos em comum que você tem com as outras pessoas. A solução começa por eles. Ter empatia Gerar aprendizagem por meio de vivências em grupo, utilizando a linguagem da CNV (com dinâmicas e situações-problema). Expresse seus pontos vulneráveis caso se sinta confortável. Eles vão te aproximar das pessoas, já que todas têm suas vulnerabilidades. Evitar ser exigente Fonte: Autora, 2022. Os resultados têm como objetivo propiciar a Comunicação não-violenta em uma instituição Pública, demonstrando na prática que se comunicar com sentimento, é gratificante e benéfico a saúde no trabalho. Estabelecer relações cooperativas foi uma das principais finalidades nas reuniões que o Projeto sobre a comunicação não violenta proporcionou de ensinamento e que problematizar a questão da não violência verbal com o objetivo de trazer à luz uma questão até então não percebida, é um dos passos mais significativos para a mudança na escolha de uma comunicação sem julgamentos. Através deste Projeto, será possível ampliar a rede de comunicação de forma a reconhecer nas linguagens comunicativas, aquelas que são violentas e 49 reformulá-las. Pois é possível dar continuidade no mesmo, uma vez que se obteve a conscientização, mas será preciso que ações a longo prazo sejam mais fáceis de observar e combater essa prática, no que trará avanço na comunicação e mais saúde no ambiente de trabalho. 8.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O primeiro passo deste “método”, é saber observar, ou seja, saber falar, fazer observações corretas, saber ver a situação de modo mais amplo, não individualista e também as necessidades que estão por trás das nossas falas e dos outros. Importante dizer que esta é a porta de entrada principal dos quatro encontros realizados, pois através do aprendizado, podemos evitar errarmos, porque através da observação, entendemos o quanto todoo resto começa a ficar prejudicado. Neste sentido, diferenciar entre “juízos de fato” (ex. “você chegou mais tarde ontem em casa”); ou ainda “juízos de valor” (ex.: “para mim é importante que haja tal e tal coisa”; “isto vale para mim...” etc.); de juízos moralistas, que catalogam o outro ou sua ação (ex.: “você é egoísta...”). Só é possível chegar a este entendimento se houver empatia. Os juízos moralistas fazem parte de uma estratégia comunicativa trágica e enganada de expressão de necessidades e emoções dos funcionários da SES, que a utilizam, baseado em pontos de vista individuais e como obstáculos neste passo, podemos citar: generalizar um comportamento de alguém; rotular de qualquer modo; ironizar; diminuir e subestimar a posição ou necessidades do outro; ofender e xingar; gritar e ameaçar verbal e fisicamente; fazer medo ao outro; falar de modo grosseiro e com estupidez; não deixar o outro falar; evitar e usar de indiferença recusando a escuta - para citar os principais obstáculos. Julgamentos moralistas são péssimas expressões de necessidades, pois estes bloqueiam os indivíduos de ter consciência das necessidades suas que não estão sendo atendidas no relacionamento com o outro. Através desta cultura de julgamentos, os seres humanos são educados para pensar que necessitam de aprovação. Tanto julgamentos negativos quanto elogiosos levam a um distanciamento entre o que as pessoas são e desejam realmente ( MORAES IN: PELIZZOLI, 2011, p. 8). . Observar ou expressar-se corretamente é não apenas uma questão ética, mas de objetividade e possibilidade de alcançar aquilo que queremos, tanto quanto, ponto de partida para entender os outros, sem o que não temos como estabelecer 50 relações efetivas, o que gera maior incompletude e solidão. Nas reuniões foi percebido que é difícil iniciar um processo sem apoio profissional. “A CNV é um sistema de linguagem que rechaça as generalizações estáticas; em lugar disso, as observações devem basear-se em coisas específicas do momento e contexto” (ROSENBERG, 2003, cap. 3.). Dizer o que pensamos ou quando trazemos coisas do passado, distante ou próximo, para uma discussão, tendemos a piorar as coisas criando mais problemas e reavivando fantasmas, isso foi analisado na reunião sobre o primeiro componente da CNV, e acabamos perdendo o momento pontual. Igualmente, quando começamos a comparar coisas, comportamentos, qualidades e defeitos de pessoas e nossas, trazemos mais obstáculos, diminuímos o outro, ou nos sentimos inferiores com coisas e qualidades que “não temos”. Mas quando encontramos na observação sem julgamento o caminho para a solução dos conflitos, deve-se evitar comparações, evitar voltar a questões passadas, evitar interpretar e catalogar o outro, até porque não somos o seu psicólogo, nem o seu professor. Para a CNV, precisamos riscar de nosso vocabulário o sempre e o nunca, pois generalizam e marcam o outro: “você nunca faz o que eu te peço”; “você sempre chega atrasado”. São em geral afirmações inverídicas, pois em algum momento não é assim; e além do mais, reforçam e criam um pacto de identidade do comportamento de alguém, dando margem para que ele aja assim, pois não é estimulado em seus comportamentos otimizados. Na SES, a maioria do pessoal não é vista em seus esforços para dar continuidade na sua função e isso tem a ver com a falta de comunicação. Ou seja, eu reafirmo que ele não tem capacidade para fazer algo diferente e melhor, e ele assina embaixo e, inclusive, defende-ataca por este modo. O segundo passo proposto pela CNV, é o mais delicado, em vista de que nossa cultura não nos ensinou a ter transparência com nossas emoções e sentimentos, pois cremos em geral que é sinal de fraqueza tê-los ou expressá-los, como o medo e a raiva, o que nesta reunião sobre o sentimento todas concordaram que ao demonstrar sentimentos, o colega pode achar que somos fáceis de enganar. A situação se configura ainda pior para muitas pessoas, pois não chegam a ter consciência da sua vida emocional, aquilo que ocorre com seu corpo, muitos 51 são os sentimentos contido que evitamos para não piorar os problemas no trabalho, emoções e falas. Portanto, quando recebemos uma fala agressiva, ou interpretamos uma situação de modo meramente negativo e que consideramos que não é certa, o fizemos às cegas, ignorando que são os pressupostos que se tem – a própria vida emocional e a geração de preconcepções sobre o outro e sobre o mundo. O mais difícil para alguns, em contato com essa metodologia, é aceitar que o outro não é o responsável pela minha vida emocional, ou seja, ele pode ser o estímulo de meu sofrimento quando ele comete algo grave contra mim ou meus próximos, mas nunca é o responsável pelo modo como reajo emocionalmente às situações de conflitos negativos, perdas e assemelhados. Neste sentido, a CNV estimula os comunicantes a expressarem algo de seus sentimentos envolvidos num conflito, mas alertando que se tome a responsabilidade em termos de vida interna emocional para si em relação ao conflito. Por exemplo, em vez de culpar o outro pela minha vida emocional dizendo “você me faz infeliz, ou “você é o culpado pela minha dor”, ou “eu me sinto frustrado porque você não veio me ver”, precisamos dizer “me dói o que você fez e não consigo lidar bem com isto”, ou “me sinto infeliz porque tenho a expectativa de viver bem com você e isto não tem acontecido”; ou “me sinto frustrado porque esperei você naquela noite e fiquei só”. O que parecem detalhes são na verdade muito importantes, nesta segunda reunião ficou entendido que quanto mais expomos nossos sentimentos, mais fácil fica de haver conexão, pois trazer honestidade, responsabilidade pelos próprios sentimentos, sem, no entanto, deixar de pedir algo a outrem ou confrontá- lo se agiu de modo danoso, faz parte do aprendizado. Se por um lado a expressão dos sentimentos envolvidos num conflito aponta para a exposição e vulnerabilidade humana, de todos nós, por outro lado demonstra um tipo de coragem de expressão e transparência que faltam a muitas pessoas. De fato, é preciso exercer uma boa dose de coragem para iniciar um processo de comunicação por meio da CNV, a vantagem para a pessoa que usa está técnica, é que começa a criar um grau maior de confiança junto a seus próximos ou em seus grupos, e agora não tem mais tanto a necessidade de esconder certas coisas. 52 Podemos ver neste Grupo de Prática que operar com mais transparência, dizendo não quando precisa dizer não, e dizendo sim quando quer de fato dizer sim, com o diferencial de que sabe ouvir os sentimentos seus e do outro nos fortalece. O fato de a CNV ter posto como essencial a questão dos sentimentos envolvidos no conflito, representa um ganho de consciência na questão; as pessoas brigam basicamente motivadas por emoções, negativas em geral, chegando até a escravizar-se pelas mesmas (tendo o medo e a raiva como fundos prementes). Hoje sabemos que somos bastante guiados pelos condicionamentos e “disparos emocionais” de nosso cérebro pequeno com dimensões bastante primitivas e sombrias que são partes de nossa natureza. Lidar bem com elas é apontado como a mais importante das inteligências. O terceiro passo. Para a CNV, os sentimentos estão colados às necessidades. Neste terceiro encontro com o Grupo de Prática, a necessidade de que para alcançarmos nosso objetivo, está não só em nossas necessidades, mas a de entender que os outros também tem as suas, ou seja, temos muitas necessidades básicas, materiais, sociais, e todas elas em maior ou menor grau estão ligadas à possibilidade de satisfação, sendo que o mecanismo principal que as regula são os sentimentos, mais do que a razão. Se nossas necessidades importantes são negadas, podemos facilmente ficar com medo, raiva, tristeza, frustrados, magoados, irritadose tomados por emoções negativas. Sabemos todos de nossas necessidades básicas como alimentação, moradia, vestimenta etc. Devemos lembrar também o quanto outras necessidades imateriais são muito importantes, tais como: escolher nossos próprios ideais, objetivos e valores, comemorar a criação da vida e os ideais alcançados, celebrar as perdas dos queridos, dos ideais, Harmonia, Beleza, Inspiração, Paz Integridade, Autenticidade, Criatividade, Propósito, Valia, Interdependência, Aceitação, Afeto, Amor, Apoio, Apreciação, Comunidade, Compreensão, Confiança, Consideração, Empatia, Proximidade, Respeito, Segurança emocional, Sinceridade, Tranquilidade (ROSENBERG, 2003, P. 5). Quando usamos uma comunicação violenta, não construtiva, estamos ferindo necessidades e sentimentos do outro, e criando problemas para nós mesmos; estamos lhe negando aquilo que desejamos para nós e que é condição básica para o entendimento. Nesta reunião ficou entendido que mesmo que eu não possa satisfazer um desejo ou necessidade do outro, ou por exemplo ele se choque 53 com o meu, não sendo possível fazer um meio termo, ceder, devo ainda mais usar o diálogo pois darei aos outros valores e necessidades importantes, os quais não são propriamente o objeto em jogo, mas contam. E, como vimos, muitas vezes brigamos em torno do sentimento ferido ou a humilhação causada e coisas semelhantes, menos do que pela perda ou negação de algo do mundo material. Na comunicação é preciso entender que as expressões negativas ou ameaçadoras do outro estão coladas às necessidades não satisfeitas, de toda ordem. Precisamos, por conseguinte, contatá-las através da abertura, do diálogo real. Como último passo, temos o pedido, quando finalizamos este encontro, ficamos ciente do quanto é transformador escolher a Comunicação Não Violenta para o que queremos pedir aos demais e o que é importante para nós. E o primeiro ponto aqui é saber diferenciar entre pedido e exigência. A segunda, traz em geral em si elementos de violência, de humilhação, indiferença, de não escuta, de não participação. Exigência é ordem, mandato, pela qual se usa o modo imperativo, como em frases bem conhecidas: “você deve... fazer isto ou aquilo; eu estou mandando; você é obrigado a...”Podemos até conseguir o que queremos desse modo, porém, a CNV avisa que o custo pode ser muito alto; podemos, logo em seguida, ser boicotados, gerar clima de insegurança, receber “o troco”, criar instabilidade emocional, estresse, transparência, cultura do medo e coisas do gênero. Quando alguém exige de imediato conseguir o que quer, à custa do respeito ou consideração aos outros, as possibilidades de conseguir são bem menores, pois ele gera um foco de violações que vão, em tese, ser respondidas de modo semelhante, ou de modo ainda pior. Trata-se de saber pedir o que se quer sem rodeios, sem desvios, mostrando aquilo que é importante na relação ou na comunicação; de igual modo, aclarar por meio de perguntas, confirmações, o que o outro quer. Trata-se de solicitar, antes que mandar; sabemos bem o quando certas palavras são importantes, tais como: por favor, obrigado, eu te agradeço, como você se sente com isto? Você concorda? Como você vê isto? eu gostaria que..., de que você necessita, a CNV, nos faz lembrar deste nosso lado que se importa e que faz a diferença. Neste último encontro, experimentamos o quanto a mudança se faz necessária, quando existe uma cultura de comunicação, que não traz benefícios. 54 Ficou entendido que ações deveriam ser criadas para que a mentalidade das pessoas também mude e com a Comunicação Não Violenta, estaríamos mais perto de alcançar os objetivos de conciliação e paz. Este Trabalho de Conclusão de Curso, trouxe um novo olhar aos enfrentamentos que acontecem na Secretaria da Saúde do Estado. Será preciso que estejamos dispostos a lutar por ambientes que fortaleçam a capacidade dos funcionários da SES, pois ficou entendido a necessidade de se estruturar a comunicação e a CNV, mostrou que é uma técnica capaz de atingir a todos os níveis de entendimento. Por ser uma técnica simples de aprendizado, no qual em apenas alguns momentos se conseguem mudar a maneira como lidar com as pessoas no dia a dia. Serve para qualquer situação em que a comunicação esteja presente, precisando somente de tempo para usufruir o que há de melhor em cada um. A comunicação Não Violenta, precisa estar de acordo com o que as pessoas têm a falar, pois a maneira como nos expressamos na maioria das vezes é inadequada e quando for assim é bom ter um momento, onde somos escutados, e nossos objetivos são atendidos. Refletir sobre as ações dadas, podemos perceber o quanto existe a necessidade de se trabalhar em equipe, construir novos projetos de vida, para que possamos identificar os problemas e preveni-los. Na Secretaria da Saúde do Estado, existem vários projetos que são pensados na saúde dos funcionários, cursos que são feitos para o aperfeiçoamento de cada profissional e essas ações aproximam a todos. O objetivo a atingir e os princípios desta ação é que dão vida e sentido à atividade do assistente social, garantindo suas particularidades. 55 9. CONCLUSÃO A CNV é uma técnica prática, um método, e um modo de ver as relações humanas que tem como veículo principal a boa comunicação, e como inspiração a sociabilidade, a compaixão básica que orienta a vida humana social para sua realização e satisfação. Expandiu-se pelo mundo nestes 40 anos de existência, sendo usada em vários setores e lugares, e se destaca como modelo para as metodologias de resolução de conflitos, mediação e diálogo, como nos círculos restaurativos. Na prática, trata-se de uma mudança difícil pois exige, em muitos casos, reaprender a comunicar-se, mudar a maneira como vemos, ou mudar de paradigma, deixando de ser violento para não-violento. As possibilidades de conseguir o que se quer, além de não fazer inimigos, e de se sair bem usando de maior transparência, conseguir entender o que o outro quer, um pouco mais de seu mundo, perceber a si mesmo no conflito e no diálogo, perceber o outro, enfim, estas possibilidades relacionais-comunicacionais são muito maiores quando se usa um modelo como o da CNV do que quando não se utiliza nenhum. Se assim for, temos uma ferramenta resolutiva muito poderosa para usar em âmbitos de grupo, família, círculos, encontros, resolução de conflitos, reparação de danos, mediação, conciliação, conversações e assemelhados. Cabe dizer ainda que, em termos de trabalho nas Instituições Públicas, esta técnica resolutiva é fundamental e mostra-se promissora; é uma prática bem fundamentada, e um método amplamente testado que vem se expandindo só precisamos estar abertos ao aprendizado. Os participantes e as respostas dos exercícios após quatro encontros permitiram o entendimento de que o compartilhamento de experiências em torno da temática da Comunicação Não Violenta favoreceu: o aumento da flexibilidade mental; o autoconhecimento; o reconhecimento e o acolhimento das suas necessidades internas e as dos outros; além do treino de uma comunicação empática, compassiva e construtiva, sendo esses também essenciais para manutenção da saúde mental de cada participante. Há, no entanto, a necessidade de mais estudos e de práticas sobre a Comunicação Não Violenta, dentro da Secretaria da Saúde do Estado, utilizando 56 recursos e técnicas, como a apresentação on line, já que existem muitos que fazem o seu trabalho em home office, seria oportuno o uso deste recurso que na Pandemia do COVID-19, foi muito produtivo no que diz respeito ao distanciamento. As práticas aqui relacionadas tiveram seu propósito concluído, desde o momento do estágio I até o estágio III, que estabeleceu que para o Trabalho de Conclusão de Curso, seria necessário agregar os resultadose com o mesmo encerrar falando da importância de iniciativas e ações das quais o trabalho do Assistente Social, junto com uma equipe multidisciplinar ou sozinho é capaz de organizar um trabalho que possibilite a autonomia, o crescimento daqueles que procuram e necessitam de amparo, informação e orientação. Nestes momentos de finalização, conclui-se que é possível mesmo que a passos lentos ir de encontro a soluções que beneficiem a todos. Foram anos de muito aprendizado e a certeza que fica é que podemos alcançar nossos objetivos quando lutamos. Nem sempre concluiremos nossas demandas, mas não significa que desistiremos de mudar aquilo que pode ser mudado, as expectativas devem estar alinhadas a nossa força de manter os valores do Serviço Social, que começa na Liberdade, nos Direitos Humanos, na Cidadania, na Democracia, na Equidade e Justiça Social, no Respeito a Diversidade, no Pluralismo, no Projeto Profissional, nos Movimentos Sociais, na Qualidade dos Serviços Prestados e na Indiscriminação. Permanecendo confiante nestes princípios básicos do Código de Ética do Assistente Social, será possível, a prática deste profissional. 57 REFERÊNCIAS ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. 2. ed. 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