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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Pneumonia Adquirida na Comunidade A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) é definida como a infecção que se desenvolveu fora do ambiente hospitalar ou que se manifestou em até 48 a 72 horas após a internação. CASO CLÍNICO 1 Pré-escolar, 3a 6m, foi levado ao PSI pois há 4 dias, iniciou com coriza espessa, porém clara, e tosse produtiva. Há 2 dias, vem apresentando febre (Taxilar= 37,8-39,1◦C), acompanhado de inapetência e hipoatividade. Ao exame físico de admissão, a criança estava em REG, descorado+/4+, hidratado, afebril, taquipneico, acianótico, anictérico. MV+ bilateralmente com estertores grossos difusos e estertores finos (no final da inspiração – sugere comprometimento alveolar) em metade inferior hemitórax direito. Tiragem intercostal e batimento de asa de nariz discreto. FR= 52 SatO2=91% em ar ambiente. TEC 2seg. BRNF a 2T sem sopros FC=120 PA 90X60mmHg. Restante EF: sem alterações. Hipótese: Pneumonia Adquirida na Comunidade, pois anamnese sugere quadro infeccioso e de comprometimento respiratório inferior, além dos achados de exames físico. CASO CLÍNICO 2 Lactente de 1 mês e 20 dias de vida, feminino, branca. História de tosse seca há 10 dias, sem febre. Há 2 dias notou piora da tosse e respiração mais rápida. Antecedente: mãe refere leucorréia no último trimestre da gestação. Nasceu de parto normal, Peso=3200g sem intercorrências. Refere ter tido conjuntivite há 2 semanas e tratada com colírio. Ao Exame físico: REG, corado, hidratado , acianótico, anictérico, hidratado, sem sinais meníngeos. FR=74 (normal até 60); FC=98; T=36,5; TEC 2seg. Saturação: 88%. Oroscopia e otoscopia: sem alterações. Coração: BRNF sem sopros. Pulmões: MV presente bilateralmente sem ruídos adventícios (acometimento é no arcabouço do pulmão/interstício e não nos alvéolos; obs.: o interstício é muito importante para a oxigenação, seu acometimento cursa com aumento da FR). Restante EF : sem alterações. Hipótese: Pneumonia Afebril do Lactente ou Pneumonia Intersticial do Lactente. Principal agente: Clamídia trachomatides (principalmente nos primeiros 6 meses) ou Ureaplasma. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Infiltrado difuso bilateral com dissociação clínico-radiológica (a ausculta pulmonar é normal, mas o RX é muito alterado). CASO CLÍNICO 3 Adolescente de 12 anos e 2 meses , sexo feminino, com história de tosse seca há 8 dias, cefaleia, sem febre ou chiado. Há 3 dias a mãe notou que estava respirando mais rápida e mais hipoativa. Ao Exame físico: BEG/REG, hidratada, corada, acianótica, FR=45 (normal até 20), discreta tiragem intercostal. FC=90 Saturação=88% em ar ambiente. Oroscopia e otoscopia sem alterações. Pulmões: MV presente bilateralmente, sem ruídos adventícios. Restante do Exame físico: sem alterações. Em relação ao caso clínico, uma vez feita hipótese de pneumonia na radiografia de tórax, quais são ao etiologias principais e qual o padrão radiológico provável Chlamydia pneumoniae (a partir dos 5 anos aumenta a prevalência) e Micoplasma pneumoniae; padrão intersticial. DEFINIÇÃO Infecção do trato respiratório baixo. Inflamação do parênquima pulmonar (bronquíolos e/ou alvéolos e/ou interstício): com consolidação e exsudação. Definições orientadas clinicamente: - Alta sensibilidade: febre e tosse. - Alta especificidade: sinais e sintomas clínicos associados a achados radiológicos e confirmação microbiológica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C IMPORTÂNCIA 2-3% das IRA(infecções respiratórias agudas) evoluem para infecção de parênquima pulmonar = 10-20% óbito. 155 milhões de pneumonia/ano em todo mundo. > 2 milhões/ano de óbitos em < 5 anos por pneumonia (> causa de óbito nesta faixa etária-20%). Brasil: pneumopatias agudas =11% das mortes em < 1 ano e 13% entre 1-4 anos. FISIOPATOLOGIA BCP – Broncopneumonia. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C BRONCOPNEUMONIA FATORES DE RISCO VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Comorbidades asma, cardiopatia, broncodisplasia pulmonar, imunodeficiência. ETIOLOGIA Streptococcus pneumoniae: agente mais importante em todas as faixas etárias a partir do período neonatal – dos 29 dias de vida em diante (até 44% dos casos); Haemophilus influenzae tipo b: queda importante após vacinação – dos 29 dias de vida até os 5 anos; Staphylococcus aureus (dos 8 dias de vida aos 2 anos) e enterobactérias: importante em pneumonias de aquisição intra-hospitalar e imunodeprimidos. Agentes “atípicos”(Mycoplasma pneumoniae e Chlamydophila pneumoniae): agentes importantes em > 4-5 anos (até 1/3 das PAC)- Legionella sp é muito rara em crianças. Vírus: importante em lactentes, sobretudo dos 3 meses aos 2 anos (até 80% em < 2anos/até 50% na idade escolar), principalmente vírus respiratório sincicial (VRS), influenza, adenovírus e rinovírus. Co-infecção bacteriana e viral: aproximadamente 20-30% dos casos. QUADRO CLÍNICO, ETIOLOGIA E TRATAMENTO POR FAIXA ETÁRIA VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fora do período neonatal o mais importante é o S. pneumoniae. Staphylococcus áureos é importante até os 2 anos. Haemophilus influenza dos 29 dias de vida até os 5 anos de idade. BEG cobre pneumococo, com amoxicilina. Toxemiada, séptica ou pneumonia extensa amoxicilina + clavulanato ou cefuroxima. Chlamydia trachomatis e Ureaplasma claritromicina. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Sinais clínicos (febre, tosse, taquipneia e dispneia) Aspecto geral (irá determinar o tratamento). Febre, mas nem sempre está presente. Taquipnéia. Dor abdominal, principalmente se houver acometimento de lobos inferiores. Desconforto respiratório. Exame pulmonar: diminuição da expansibilidade, aumento do frêmito tóraco-vocal, estertores finos, diminuição de murmúrio vesicular, respiração soprosa (semelhante a um vento – o som bate na via aérea calibrosa consolidada), pectoliróquia (aumento do som). Por que numa pneumonia podemos encontrar diminuição de murmúrio vesicular e em outra uma respiração soprosa? Respiração soprosa contato de via área calibrosa com uma condensação; se for uma condensação periférica haverá diminuição de murmúrio. EXAMES COMPLEMENTARES O diagnóstico da PAC é eminentemente clínico, dispensando a realização de radiografia de tórax, que só é recomendada nos casos graves que demandam internação. Os demais exames complementares são inespecíficos e de emprego questionável. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Bacteriana: hemograma com leucocitose/neutrofilia/desvio a esquerda; PCR>40-100; Procalcitonina 0,75-2ng/ml. Micoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae: Hemograma normal ou discreta leucocitose. Chlamydia trachomatis: eosinofilia >300 células/mm3. - Quadro clínico compatível é suficiente para formular a hipótese diagnóstica de pneumonia. Entretanto, exames complementares podem auxiliar o processo diagnóstico. Na busca pelo agente etiológico, a hemocultura é recomendada para todos os pacientes hospitalizados por PAC. DIAGNÓSTICO MICROBIOLOGICO O diagnóstico microbiológico só é indicado nos casos de PAC grave, em crianças internadas ou quando a evolução do paciente é desfavorável. Sorologias: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis e Chlamydia pneumoniae - IgM ou elevação de 4X no título (fase aguda e convalescência). Vírus: testes rápidos, imunofluorescência indireta, reação em cadeia de polimerase, cultura viral. PCR-RT: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Legionella pneumophila, S. aureus, vírus respiratório, B. pertussis, M. tuberculosis e Pneumococo. *excepcionalmente: broncoscopia, lavado broncoalveolar e biópsias pulmonares. Como se faz o diagnóstico etiológico de Mycoplasmapneumoniae, Chlamydia trachomatis e Chlamydia pneumoniae? Por meio da SOROLOGIA. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C INDICAÇÃO DE RADIOGRAFIA Sem necessidade de fazer em todos!! 1. Pneumonia grave tosse + dificuldade respiratória + tiragem subdiafragmática ou batimento de asa nasal ou gemência. 2. Necessidade de internação tiragem intercostal/hipoxemia, comorbidades, convulsão, imunodepressão, falha no tratamento ambulatorial. 3. Diagnóstico inconclusivo. 4. História de pneumonia de repetição (3 por ano). 5. Suspeita de pneumonia complicada. 6. Critérios de FSSL (para descartar pneumonia). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Acometimento de lobo médio borra a silhueta cardíaca. Acometimento de lobo inferior borra a face do diafragma. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Lesão de língua bora a silhueta cardíaca esquerda. Broncograma aéreo Os brônquios normalmente não são visíveis porque suas paredes são muito finas, eles contêm ar e são circundados por ar. Quando algo como líquido ou tecido mole substitui o ar que normalmente circunda o brônquio, o ar dentro do brônquio se torna visível como uma série de estruturas tubulares pretas ramificadas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO < 2 meses. Presença de tiragem intercostal/hipoxemia/IRA. Convulsões. Sonolência excessiva. Déficit de ingestão líquida. Presença de comorbidades (anemia, cardiopatia, pneumopatia). Problemas sociais. Falha na terapêutica ambulatorial. Complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar). Suspeita de pneumonia por Staphylococcus aureus ou gram negativos. Pneumonia intra-hospitalar. Sarampo/varicela/coqueluche precedendo a pneumonia. Imunodepressão/ desnutrição grave. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C PREVENÇÃO Vacinação para prevenção de pneumonia bacteriana BCG, DTP, Hib e Pneumococo. Vacinação para prevenção de pneumonia viral Influenza e Covid-19. Pneumonia Complicada CASO CLÍNICO 1 KLM, 2 anos, feminino, branca. História de tosse inicialmente seca há 7 dias tendo evoluído com tosse produtiva há 3 dias com secreção amarelada, acompanhado de febre de até 38,8 graus e inapetência. Hoje refere muita gemência, recusa alimentar e hipoatividade. Ao Exame físico: REG, gemente, afebril, acianótica, anictérica, descorada +/4+, TEC 4 segundos, sem sinais meníngeos. FR=56 T=36,4 FC=110 PA 80/50. Orofaringe e otoscopia: sem alterações. Coração: BRNF sem sopros. Pulmões: MV diminuído em HTD com diminuição da ausculta da voz (algo está interpondo a pleura). Abdome: globoso, flácido, fígado 1 cm RCD, baço percutível, RHA + e normais. Pele: sem alterações. Hipótese diagnóstica: Pneumonia Adquirida na Comunidade com Derrame Pleural, Insuficiência respiratória, sepse, síndrome anêmica. Agente: Pneumococo, H. influenza e straphylococo. Não dá par ver o seio costofrênico acometendo lobo inferior. DLD para o lado afetado. Derrame pleural acima de 1cm é puncionável. PNEUMONIA COMPLICADA Derrame parapneumônico ( + frequente). Abscesso pulmonar. Pneumonia necrosante. Pneumotórax. Pneumatoceles. Atelectasia. Fístula broncopleural. Outros: sepse grave/ choque séptico, Insuficiência respiratória aguda, síndrome da secreção inapropriada de ADH (SSIADH). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Derrame pleural (parapneumônico) Em crianças com derrame parapneumônico os sintomas clássicos de uma pneumonia encontram-se presentes: febre tosse, dispneia, intolerância a exercícios, apetite diminuído, dor abdominal, halitose, letargia e indisposição. Porém, na presença de derrame pleural, o estado geral destes pacientes está geralmente mais acometido. O paciente pode apresentar dor pleurítica e estar deitado sobre o lado acometido para imobilizar o hemitórax envolvido e promover analgesia temporária. Complicação mais frequente de pneumonia (2-12% das pneumonias). 40% das hospitalizações por pneumonia. Agentes: Streptococcus pneumoniae (64%), S. aureus (15%). Se pegar todas as crianças com pneumonia e DP o agente mais encontrado Pneumococo = Somente 5% das PNM por pneumococo evoluem para DP, mas como é muito mais prevalente, a maior parte das PNM que evoluem com DP são por Pneumococo. Qual o agente que dá mais derrame parapneumônico Staphylococcus = é a principal bactéria que causa derrame pleural (por virulência). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fases fisiopatológicas do derrame parapneumônico A- Fase exudativa ( 48 horas ) Líquido pleural livre e estéril (processo inflamatório pleural), e com valores normais de glicose, pH e desidrogenase lática (LDH). Facilmente drenado e com rápida reexpansão pulmonar. Nessa fase não tem indicação de drenagem. B- Fase fibrinopurulenta (2 a 10 dias) líquido pleural espessado, volumoso e turvo com muitos leucócitos polimorfonucleares (PMN) bactérias, restos celulares, além de pus. Há invasão bacteriana. A fibrina é formada e depositada em ambas as pleuras - septação e loculação do derrame. Há ↓ dos valores de glicose ( < 40 mg /dl ) ,e pH ( < 7.2 ) e↑ DHL ( > 1000 UI / l ) – com essas 3 características é um DP complicado. Para ocorrer a re-expansão pulmonar, é necessária ruptura dos septos e remoção de toda fibrina. Nessa fase já pede drenagem. C- Fase organizada (2 a 4 semanas) Presença de fibroblastos em ambas as pleuras formando membrana espessa e inelástica com ↓ expansibilidade pulmonar e encarceramento = tentativa do organismo em limitar o processo inflamatório. ANAMNESE Dor torácica (tipo pleurítica) - dor à inspiração, a tosse. Posição antálgica (vira para o lado afetado). Dor abdominal **** Falha terapêutica. Sinal de Lemos Torres abaulamento do espaço intercostal no local do derrame. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Derrame parapneumônico não complicado: exsudato reacional à infecção pulmonar adjacente; em geral, é reabsorvido com o tratamento antibiótico. É um derrame não purulento, sem bactéria no exame direto (Gram) ou na cultura, com análise bioquímica pH > 7,2; glicose > 40 mg/dl e desidrogenase láctica (DHL) < 1.000 UI/l. Se não tiver complicado mantem o ATB parenteral. Derrame parapneumônico complicado: é purulento, ou com bactéria na cultura/Gram, ou a análise bioquímica pH < 7,2; glicose < 40 mg/dl e DHL > 1.000 UI/l. Se vier complicado, pedir para o cirurgião drenar. Na criança não usar os critérios de Light pois o derrame é SEMPRE um exsudato Todo derrame parapneumônico é um exsudato = Investigar se é complicado (empiema)! Punciona para saber se é complicado ou não complicado e orientar o tratamento. É um método diagnóstico e terapêutico: 5º EIC, punciona na borda superior da costela inferior. RESUMINDO: Quando indicada (DP > 1 cm no RX na incidência de Laurel), a toracocentese deve ser realizada imediatamente e o líquido examinado, devendo a drenagem ser realizada o mais precocemente possível nos casos de derrame complicado (pH < 7,2 + glicose < 40 mg/dl + DHL >1.000 Ul/l). Em casos mais graves, pode haver necessidade de abordagem cirúrgica (toracoscopia). Todos os derrames parapneumônico devem ser tratados com antibiótico. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O objetivo de se instilar fibrinolíticos dentro da cavidade pleural é promover lise das linhas de fibrina, limpar os poros linfáticos e, consequentemente, melhorar a drenagem do derrame. Se ocorrer uma falha no tratamento clínico e não houver resposta à utilização de drenagem simples, de ATB e de fibrinolíticos, ou se o paciente permanecer em sepse por causa de uma coleção mantida, pode ser indicada a realização de cirurgia videoassistidapor toracoscopia para limpeza da cavidade pleural. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Acometimento de lobo superior (pois consigo ver diafragma e área cardíaca), apagamento do seio costofrênico do lado direito. Pneumatocele (área preta sem parede evidente – lesa a via aérea e escapa ar para o interstício pulmonar). Atelectasia (obstrução da via área, “fechando” o lobo). Abscesso (tem parede) muito causada pelo S. aureus. Pneumotórax hipertensivo a esquerda requer punção imediata. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Timo Sinal da vela. Ele é visível até no máximo 3 anos.
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