Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tomografia Computadorizada Introdução - A tomografia computadorizada (TC) é uma modalidade de imagem especializada que foi inserida na área da saúde no final da década de 60, início da década de 70; - A TC sofreu uma rápida evolução, sendo hoje uma ferramenta importante para diagnóstico, planejamento e até acompanhamento durante o tratamento; - Na odontologia, a TC não era muito utilizada assim que surgiu, apenas em casos de lesões, colocação de vários implantes e politraumatismo, mas de forma tímida; - Com o surgimento de um tomógrafo computadorizado, no final da década de 90, início dos anos 2000, dedicado a odontologia, houve um aumento da utilização dessa modalidade de imagem na área, sendo ela atualmente muito utilizada em praticamente todas as áreas da odontologia; OBS.: É importante ressaltar que qualquer exame de imagem é um meio auxiliar, que não se deve solicitar sem antes examinar o paciente. → Princípio da TC - Os raios X quando atravessam os tecidos são atenuados – cada tecido vai absorver de uma maneira diferente, uma quantidade diferente, permitindo que a radiação passe de forma diferente – e emanam com uma quantidade de energia que caracteriza a densidade de cada tecido irradiado; - Tomografia: Tomo – Grafia, registros de secções (fatias) do corpo, a aquisição é feita de forma sequencial e as imagens geradas fornecem cortes consecutivos – esses cortes geralmente são axiais – sem sobreposição das estruturas localizadas abaixo do corte; - Baseado nas informações desses cortes pode-se obter cortes em outras direções, em outros planos: Corte sagital – paralelos ao plano sagital mediano – corte axial – perpendicular ao longo eixo do paciente ou da estrutura que está sendo avaliada – e corte coronal – paralelos ao plano coronal; - Além disso, ainda é possível realizar outras reconstruções, como as reconstruções em 3D – usadas na avaliação da adaptação das placas colocadas em uma cirurgia ortognática ou avaliação dos vasos sanguíneos do paciente, por exemplo; → Classificação - De acordo com a geometria, a TC é classificada em TC de feixe em leque ou fan beam e TC de feixe cônico ou cone beam; - Em relação a trajetória do feixe, a TC de feixe em leque é dividida em TC convencional e TC espiral ou helicoidal. Essa última, por sua vez é classificada em TC single slice e TC multislice, de acordo com a quantidade de detectores; → Conceitos Básicos em TC - Pixel: Menor unidade de formação da imagem; OBS.: Quanto maior a quantidade de pixels, menor o tamanho e melhor/maior a resolução da imagem. - Matriz: Conjunto de linhas e colunas de pixels. É a matriz que determina a quantidade de pixels; - Voxel: Unidade formadora das imagens tomográficas, sendo a menor unidade de volume da imagem tomográfica, sendo super importante para a resolução da imagem; OBS.: Atualmente, os tomógrafos utilizam um voxel isométrico – com paredes iguais, um cubo perfeito. OBS.: Quanto menor o tamanho do voxel, maior é a quantidade de voxels na imagem e maior a resolução. - Field of View – FOV: Uma forma de minimizar a exposição à radiação é reduzir o tamanho da área irradiada – FOV – pela colimação do feixe primário para a área de interesse; OBS.: O FOV e o tipo de tomógrafo que vai se utilizar são coisas importantes para se avaliar ao solicitar um exame. !!! Pode-se adquirir a imagem com campo de visão reduzido ou amplo – large. Existem tomógrafos que permitem apenas a aquisição de campos de visão pequenos, sendo melhores para avaliação de estruturas menores – dentes para a avaliação de fraturas, por exemplo – mas, geralmente, os tomógrafos permitem a aquisição de um ou mais FOV’s, sendo que os tomógrafos que tem o FOV amplo, geralmente, permitem que se faça um ajuste para menos, se necessário; OBS.: Quanto maior o FOV, maior a exposição do paciente. TC de Feixe em Leque !!! O tomógrafo é composto por: - Gantry: Tubo de raios X – tem um ânodo rotatório e produz a radiação com altos valores quilovoltagem e miliamperagem – e detectores – ficam do lado oposto ao tubo de raios X – ele fica na sala de exames e é a partir dele que se tem a aquisição dos cortes, nele possui vários comandos para movimentação da mesa onde fica o paciente, movimentação horizontal e vertical, inclinação do gantry e um feixe de luz; - Mesa: Composta por um tampo deslizante e apoio para a cabeça, nos exames solicitados na odontologia, o apoio fica voltado para a abertura do gantry; - Sala de Comando ou Workstation: Onde fica o responsável por fazer toda seleção de protocolos e parâmetros, existe nessa sala um sistema de comunicação e computadores, a medida em que os cortes são realizados, de modo instantâneo, a imagem vai aparecendo no monitor; OBS.: Existem workstation remotas, onde o radiologista avalia os dados obtidos. - Os exames podem ser impressos ou colocados na nuvem; → Histórico - As quatro primeiras gerações da TC feixe em leque são agrupadas no grupo da TC convencional – 1972-1981 – enquanto a 5° e 6° geração estão no grupo da TC espiral – 1988- atual; - De uma geração para a outra houve aumento no número de detectores e redução do tempo de aquisição; !!! 1° Geração: Feixe em forma de lápis – quase pontual – um ou dois detectores, o conjunto raio X e detectores realizava movimento de translação e um pequeno movimento de rotação até alcançar 180° – até 4-6min para a obtenção de um corte, o exame durava mais de 1h e, por isso, tinham-se artefatos de movimento – era quase impossível o paciente ficar 1h parado; !!! 2° Geração: Feixe em forma de leque, mais sensores – cerca de 20/30 – o conjunto raio X e detectores realizava movimento de translação e um pequeno movimento de rotação até alcançar 180°, menor tempo de aquisição dos cortes, gastava-se 20s por corte, sem diferenças na resolução, a qualidade da imagem não melhorou muito, mas reduziu-se a quantidade de artefatos de movimento; !!! 3° Geração: Feixe em leque, maior quantidade de detectores – 200-100 – rotação do conjunto tubo e detector em 360 graus, com isso, gastava-se entre 1 e 2 segundos por corte, e tinha- se maior resolução espacial e menor quantidade de artefatos de movimento; !!! 4° Geração: Não veio substituir a 3° geração, simplesmente surgiu um tomógrafo com configuração diferente. Nessa geração, os detectores encontram-se postos ao redor do gantry, e o tubo de raio X se movimenta por dentro do anel fixo externo formado por detectores – rotação de 360° - tempo de varredura menor, até 1min para um exame completo, aquisição da imagem por corte durando cerca de 2-5s por corte, maior resolução espacial, menor quantidade de artefatos de movimento. Uma desvantagem estava ligada ao alto custo dos detectores; - Antes da introdução do tomógrafo helicoidal, a aquisição dos dados era feita de forma interrompida: Com a mesa parada, o tubo e os detectores – ou só o tubo, 4° geração – se moviam ao redor do paciente, obtendo-se o 1° corte o tubo parava, a mesa fazia um pequeno movimento para frente – incremento – e parava novamente, o tubo se movimentava e todo ciclo se repetia. Esse movimento de corte era em formato circular, e esse incremento que a mesa fazia gerava um problema, pois essa área transformava-se numa área com informação perdida, influenciando na qualidade da reconstrução; - Em 1989, com a introdução da tomografia helicoidal passou-se a ter uma aquisição de dados de forma contínua – movimento da mesa e do tomógrafo contínuo. O movimento que o tubo faz é semelhante a uma espiral; - Em 1998, houve a introdução do tomógrafo multislice – feixe ainda em leque, como o anterior singleslice, mas com mais de uma fileira de detectores – tomógrafos com 16, 32, 64, 128, 256 fileiras de detectores, recentemente foi lançado o tomógrafo da Toshiba com 320 fileiras de detectores. Nesses tomógrafos um giro dura cerca de 0,33s-0,5se a aquisição de dados é realizada com o voxel isométrico; !!! TC DUAL SOURCE: Dois conjuntos de fonte de raios X em ângulo de 90°– uma delas pode ser desativada e utilizar o tomógrafo como um SINGLE SOURCE (tomógrafo multislice comum) um FOV amplo e um central. Esse tipo de tomógrafo é indicado para avaliação do sistema cardiovascular, de pacientes obesos, em atendimento de emergência e em casos – aquisição de dados rápidos – de lesões – melhor diagnóstico; → Aquisição - Inicialmente se faz o topograma ou scout: O paciente é posicionado com a mandíbula paralela ao portal (gantry) – exame da mandíbula – ou com o plano de Frankfurt paralelo a abertura do gantry – exame de maxila; - A partir daí a mesa é movimentada e é feita uma imagem lateral do paciente; - Inicialmente são obtidos cortes axiais, que vão aparecendo no monitor a medida em que o exame ocorre, o paciente então é liberado e na workstation remota, de acordo com a indicação, são obtidos/podem ser obtidos – reconstrução ou reformatação multiplanar – cortes coronais, cortes sagitais, cortes parassagitais, cortes coronais panorâmicos e reconstruções 3D; - Na tomografia computadorizada multislice tem- se ainda a possibilidade de adquirir reconstruções em vários tipos de tecido; → Escala de Hounsfield - Escala que varia de +3095 – esmalte dentário – até -1000 – ar – a água é 0 e os tecidos moles variam entre +100 e -100; - Embora exista esse grande leque de densidades, o olho humano não tem capacidade para distinguir tantas tonalidades de cinza, por isso, na TC trabalha-se com o janelamento da imagem, ou seja, a seleção de dois parâmetros para restringir a quantidade de densidade que será examinada em um determinado momento; - Define-se então a largura da janela (W), ou seja, a quantidade de densidades que vão aparecer na imagem – a extensão da escala de cinza – e o centro da janela (C), que vai corresponder a tonalidade de cinza médio; - Acima da janela tudo irá aparecer branco, e abaixo dela tudo aparecerá preto. Tanto um quanto o outro não tem detalhes, apenas o que está dentro da janela; - Hipodensa: Imagens escuras; - Hiperdensa: Imagens claras; - Isodensa: Imagens em tom de cinza. TC de Feixe Cônico - Muito utilizada na odontologia, sendo um método mais barato para o paciente e que apresenta uma alta resolução nas imagens de tecidos mineralizados; - Inicialmente era utilizada na área médica, em 1997 é que foi desenvolvido o primeiro aparelho dedicado à odontologia – Ortho-CT. Após ele, foi criado o Newtom-9000, o primeiro tomógrafo a chegar no Brasil, ele simulava o formato de um gantry – mas menor – o paciente era deitado com a cabeça voltada para a abertura, mas a aquisição era feita totalmente diferente da TC multislice; → Aquisição - O conjunto tubo de raio X com feixe cônico + detector – sensor digital, os do tipo CCD vem sendo substituídos pelos CMOS, e os sensores de silício amorfo, que possuem uma qualidade melhor – posicionados em lados opostos, movimentam-se ao redor da cabeça do paciente – pode ser um movimento de 360°, de 270°, rotação parcial de 180°, duas rotações de 360°, dependendo do aparelho e do tipo de aquisição – durante essa rotação o aparelho vai adquirindo imagens base – em diferentes ângulos – por meio dos algoritmos de reconstrução, o software do tomógrafo fornece o volume – reconstruções diretas ou preliminares, geralmente axiais, sagitais e coronais. Por meio desse software podem ser feitas novas reconstruções, tanto em 2D quanto em 3D; → Posicionamento do Paciente - Existem aparelhos nos quais o paciente fica deitado, mas também há aparelhos nos quais o paciente fica sentado ou deitado; OBS.: Existem aparelhos exclusivos para TC e aparelhos que permitem a aquisição de TC, mas também de panorâmicas e extrabucais – híbridos. → Protocolos de Aquisição - Fatores de Exposição: kVp – varia entre 90-110 – mAs – geralmente não varia muito, todos os aparelhos utilizam baixa miliamperagem – FOV; - Parâmetros de Aquisição: Resolução – quanto menor o voxel, melhor a resolução – ângulo de rotação – quanto maior o ângulo de rotação, maior o tempo de aquisição, maior o número de imagens base, mas maior a exposição – número de imagens base – quanto menor o número de imagens base melhor a qualidade da imagem, mas maior é a dose de radiação e o tempo de aquisição (maior exposição); → Indicações da TC de Feixe Cônico - A TC de feixe cônico é usada para diagnóstico, mas para isso é preciso conhecer a anatomia tomográfica, para não estar solicitando um exame que não se sabe ler; - Pode ser usada também no planejamento cirúrgico, avaliação de alterações ósseas na ATM, para colocação de implantes, no tratamento de canal, na periodontia; - E no tratamento, sendo usada no planejamento virtual e confecção de guia cirúrgico. Vantagens e Desvantagens da TC → Vantagens - Imagens do objeto com proporção de 1:1; - Imagem sem ampliação nem sobreposição de estruturas anatômicas; - Maior velocidade e versatilidade aos exames de imagem; - Maior sensibilidade e especificidade – tem-se como avaliar com mais segurança a presença ou ausência de alterações; - Boa resolução devido ao grande poder de contraste; - Pós-processamento das imagens: Filtros, Reformatações, brilho/contraste, zoom, filtros, mensurações; → Desvantagens - Dose: Mesmo a técnica com menor dose, ainda tem uma dose considerada alta. Além disso, não dá para generalizar a dose, pois ela varia de acordo com o aparelho e o protocolo utilizado; - TCFC: 64-540 μSv; - Panorâmica: 14.2-24.3 μSv; - Telerradiografia: 4.5-10.4 μSv; - Periapical Completa: 34.9-170 μSv; - Alto custo; - Formação de artefatos – toda imagem formada que não é a própria do objeto, sendo produto de limitações inerentes à técnica. Ex.: Cupping artifacts, streaking artifacts (objetos com alta densidade, próteses, restaurações, implantes), artefatos em anel, artefatos de movimento, ruído da imagem; - Não visualização de tecido mole – no caso da TCFC – por causa da baixa amperagem, sendo necessária a solicitação de uma ressonância magnética; !!! Atualmente, os avanços tecnológicos permitem um planejamento virtual e confecção de impressões 3D, baseados em tomografias, sendo muito usados já, para planejamento cirúrgico e ortodôntico. Além disso, pode destacar-se o uso da inteligência artificial e da realidade virtual, que vem surgindo nos últimos anos.
Compartilhar