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Aula 18 DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR EAD ESTÁCIO

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Bem-vindo à nossa oitava aula, que traz questões finais sobre os temas da sala de aula
universitária.
Desde as primeiras aulas, temos refletido sobre os elementos teóricos e práticos
necessários e mínimos a ter em conta para a concepção dos conteúdos programáticos, as
escolhas a fazer em termos de métodos (abordagens, planeamento e técnicas também), a
utilização de tecnologias e ferramentas de mediação, além de perspectivas pedagógicas/
andragógicas que podem resultar em experiências frutíferas para professores e alunos. No
entanto, acreditamos que ainda há espaço para explorar, passo a passo, como exemplo, a
lógica de uma experiência da vida real em um curso superior de um Curso de Letras no Rio
de Janeiro, Brasil, como: o desenho, o conjunto de decisões tomadas e os critérios de
avaliação estabelecidos com o propósito de remodelar as características de uma Literatura
Britânica I, cujo conteúdo variou dos estudos de contos populares às peças de Shakespeare
e suas adaptações à Literatura de Cordel brasileira. Este exemplo funciona como um estudo
de caso que pode ser replicado a outros cursos e disciplinas.
Considerando o exposto, a oitava aula se concentrará em delinear os processos envolvidos
na implementação das mudanças necessárias em um curso superior tradicional de
Literatura Britânica, motivos que promoveram a inclusão da literatura oral como elemento
vital para uma melhor compreensão da literatura canônica e da importância do conto
popular como o embrião para o desenvolvimento de diferentes tipos de narrativas ao longo
do tempo. Além disso, as decisões de oferecer uma nova perspectiva sobre os critérios de
avaliação e o desejo de aprimorar as habilidades de leitura dos alunos serviram como
diretrizes para a estrutura em que a disciplina agora se baseia.
Discutir sobre a importância do planejamento do projeto do programa do curso
para inovar os cursos tradicionais de ensino superior.
Compreender a reformulação dos critérios de avaliação com vistas a promover os
resultados de aprendizagem dos alunos.
Refletir sobre uma série de estratégias utilizadas para propiciar a autonomia dos
alunos, bem como seu desenvolvimento acadêmico e profissional.
Didática do Ensino Superior
Aula 8: Otimizando conteúdo, maximizando o
aprendizado – uma experiência de educação
superior da vida real
Introdução
Objetivos
Antes de explorar os tópicos a serem abordados nesta lição, gostaríamos que você
refletisse sobre as seguintes questões:
a) Até que ponto as discussões em classe podem ser usadas para ajudar os alunos em suas
tarefas?
b) Quais são algumas das diretrizes pedagógicas ideais que os professores podem usar para
promover o autodesenvolvimento dos alunos?
c) Quais tipos de critérios de avaliação são mais eficazes para obter evidências concretas
sobre os reais resultados de aprendizagem dos alunos?
Era uma vez, o famoso físico Albert Einstein foi confrontado por uma mulher
excessivamente preocupada que buscou conselhos sobre como criar seu filho
pequeno para se tornar um cientista de sucesso. Em particular, ela queria saber
que tipos de livros deveria ler para o filho. 
 
- Folkales”, respondeu Einstein sem hesitação. 
 
- Tudo bem, mas o que mais devo ler para ele depois disso? perguntou a mãe. 
 
- Mais contos populares, afirmou Einstein. 
 
- E depois disso? 
 
- Ainda mais contos populares, respondeu o grande cientista, e ele agitou seu
cachimbo como um mago pronunciando um final feliz para uma longa aventura. 
 
(Adaptado de: ZIPES, J. K. Breaking the Magic Spell: Radical Theories of Folk and
Fairy Tale. Lexington: The University Press of Kentucky, 2002.).
Figura 8.1 - Narrativas orais
Fonte: 123RF (2021).
Embora a manutenção das disciplinas tradicionais nos currículos dos cursos de ensino
superior seja vital para a preservação dos estudos da literatura clássica/ canônica,
descobertas recentes e a publicação de material recente na forma de livros e trabalhos
acadêmicos podem lançar alguma luz sobre as perspectivas teóricas que têm sido
Refletindo sobre...
A necessidade de atualização das disciplinas tradicionais do ensino
superior
http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula8/img/01.z.jpg
utilizadas como guias para o nosso entendimento sobre os elementos históricos, sociais e
filosóficos que serviram de material fundamental para a criação artística de obras literárias.
Nesse sentido, um novo ponto de vista sobre as obras de arte literárias canônicas pode
oferecer novas abordagens para uma exploração mais adequada dos textos literários.
Em uma reflexão muito interessante sobre literatura oral, em The Folktale, Thompson (1977)
explica que a última metade do século viu um interesse cada vez maior no folclore,
especialmente porque os colecionadores têm estado ocupados em todas as partes do
mundo ouvindo contadores de histórias, com melhores técnicas de gravação e publicação
do que ouvem. Além disso, alguns estudiosos fizeram esclarecimentos e levantamentos
locais para colocar em ordem a enorme massa de material; outros desenvolveram métodos
para o estudo de narrativas orais; e ainda outros usaram esses métodos para traçar o
caminho de muitas das histórias bem conhecidas. Consequentemente, toda essa atividade
serviu para esclarecer alguns pontos, assim como para corrigir teorias antigas ou
prematuras.  
Assim, começamos a ver o conto oral como a mais universal de todas as formas narrativas e
a compreender sua relação com as histórias literárias de nossa própria civilização.
Inevitavelmente, estudiosos e pessoas comuns vêm aprendendo sobre a função do conto
na vida de quem conta e de quem escuta, além da natureza dessa arte em diferentes terras
e épocas.
Nesse sentido, a própria massa dos materiais assim reunidos é tão avassaladora que
permanece amplamente desconhecida, exceto por um pequeno grupo de especialistas. No
entanto, o assunto é grande importância para todos os estudantes sérios de literatura,
antropologia, psicologia e arte em geral.
Foi a descoberta da importância dos contos folclóricos numa miríade de obras de arte
literária que nos motivou no projeto de redesenho do programa de um curso tradicional de
Literatura Britânica I, programa já utilizado várias vezes. Embora pudéssemos contar com a
experiência de ter ensinado e discutido os materiais canônicos já disponíveis nos livros de
referência sobre o assunto (ABRAHAMS et al., 2006; BORGES, 2002; McRAE; CARTER, 1997;
WILHELM et al., 2009), o valor devido à literatura oral sempre foi deixado de lado.
Ao manter a relevância da oralidade1 em segundo plano, os alunos inevitavelmente
perderiam a chance de expandir seus horizontes, além da exposição a um punhado de
motivos e temas que estruturavam a composição literária desses textos. Ademais, as
adaptações das peças de Shakespeare em contos e na Literatura de Cordel também seriam
deixadas de lado se optássemos por manter intactos os estilos e materiais de ensino
tradicionais.
Tendo exposto a importância e os motivos para ajustes no programa do curso em voga
naquela época, as seções a seguir irão delinear os passos dados na reciclagem do material
didático para um design mais atualizado.
O que acontece com as histórias tradicionais quando são recontadas em outro tempo e
contexto cultural e para um público diferente?
1 Este neologismo é uma mala de palavras composta por palavras: oral e literatura. Expressa
a cultura transmitida pela oralidade: contos, mitos, canções, provérbios, enigmas, provérbios
... Foi inventado por Paul Zumthor, especialista em história cultural medieval
(https://www.motsvalise.fr/oraliture/ [https://www.motsvalise.fr/oraliture/] )
Sobre a literatura oral
O conto oral
O valor da literatura oral
Estrutura importante
https://www.motsvalise.fr/oraliture/
O que acontece com as histórias tradicionais quando são recontadas em outro
tempo e contexto cultural e para um público diferente?
STEPHENS, John.; McCALLUM, Robyn. Retelling Stories, Framing Culture. London:
Routledge, 2013.
Nas últimas décadas, houve inúmeras investigações sobre a naturezada narrativa, sua
estrutura, essência e manifestações nas culturas. Diversas ciências têm contribuído de
forma significativa com recursos teóricos, analíticos e instrumentais para que a forma como
articulam elementos e valores culturais possa ser mais bem compreendida na atualidade.
É senso comum que contar histórias é uma atividade constante em todo o mundo. No
entanto, esta atividade não ocorre de forma uniforme e universal e, conforme nos movemos
pelos continentes (houve uma quantidade considerável de material online contendo
coleções de contos populares de vários países do mundo), conseguimos encontrar uma
variabilidade extraordinária dentro da uniformidade da clínica geral. Embora essa variedade
possa parecer meramente caleidoscópica e sem lei a primeira vista, um pouco de estudo
cuidadoso é necessário para mostrar que, como todos os outros elementos da cultura
humana, os contos populares não são meras criaturas do acaso: eles existem no tempo e no
espaço e são afetados pela natureza das terras onde vivem, pelos contatos linguísticos e
sociais de seu povo, pelo decorrer dos anos e as mudanças históricas que os acompanham.
Porque o conto popular é uma forma de narrativa em prosa tradicional, ficcional, que circula
oralmente (HASSE, 2008) . Esses materiais criativos realizados por seres humanos têm
influenciado a elaboração de uma variedade de obras de arte literária: a novela, o romance
e até mesmo peças de Shakespeare, como se pode notar em publicação recente sobre o
assunto.
Shakespeare conhecia uma boa história quando ouvia uma e não tinha medo de
emprestar do que ouvia ou lia, especialmente contos populares tradicionais [...]
Esta antologia única apresenta mais de quarenta versões de contos populares
relacionados a oito peças de Shakespeare: a Megera, A Comédia dos Erros, Tito
Andronicus, O Mercador de Veneza, Tudo está bem quando acaba bem, Rei Lear,
Cymbeline e A Tempestade. Esses contos fascinantes e diversos vêm da Europa,
Oriente Médio, Índia, Caribe e América do Sul [...] (ARTESE, 2019).
Devido à contribuição dos contos populares como embriões para uma variedade de
gêneros literários, houve a necessidade inevitável de incluir esses recursos culturais como
parte do curso de Literatura Britânica I tradicional, especialmente porque o conteúdo do
curso, objetivos e critérios de avaliação foram baseados em um conjunto de práticas que
estavam ficando aquém das tendências inovadoras na pedagogia/ andragogia do ensino
superior, como pode ser visto na breve visão geral do antigo plano de estudos do curso
Literatura Britânica I:
Reflexões sobre a concepção do programa do curso: razões para
atualizar os materiais tradicionais
Enriquecimento do curso
Figura 8.2 – Shakespeare
Fonte: 123RF (2021).
A Literatura Britânica I dialoga com as demais disciplinas de literatura apresentadas no
Curso de Letras e é de fundamental importância para o estudo e compreensão dos
conteúdos presentes nas disciplinas de Literatura Britânica II e Literatura Norte-americana.
Nesse sentido, a Literatura Britânica I desenvolve a escrita do aluno, bem como a sua
competência literária e a capacidade de analisar textos a partir dos prismas formais,
ideológicos e culturais. Consequentemente, o aluno amplia seu conhecimento de mundo e
visão crítica de forma global/ intercultural.
Contextualização
1. Compreender como a formação social e política da Bretanha e as sucessivas invasões
contribuíram para a formação da língua e da literatura inglesas; 2. Entender como os
conceitos de tradição e honra são importantes e estão presentes nas obras da Literatura
Inglesa; 3. Relacionar a tendência entre a relação das religiões pré-cristãs e o Cristianismo; 4.
Apreciar a importância da literatura anglo-saxã e sua influência na literatura contemporânea;
5. Explicar as fontes históricas sobre Arthur e sua lenda; 6. Estudar o teatro elizabetano,
Shakespeare e sua obra.
Objetivos
A formação social e política da Bretanha. A tensão entre as religiões pré-cristãs e o
cristianismo. Os conceitos de honra e tradição na literatura inglesa. Literatura anglo-saxônica
e literatura medieval. As lendas do Rei Arthur. O teatro elisabetano e as contribuições de
William Shakespeare.
Programa de curso
O processo de avaliação consistirá em três etapas: Avaliação 1 (AV1), Avaliação 2 (AV2) e
Avaliação 3 (AV3), podendo ser realizada por meio de testes teóricos, testes práticos e
projetos relacionados às especificidades de cada disciplina.
Critérios de avaliação
http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula8/img/02.z.jpg
A perspectiva anterior da Literatura Britânica I tinha as seguintes desvantagens:
1) O uso de recursos tecnológicos não era visto como vital nos processos de tratamento das
obras literárias, embora houvesse espaço para seus usos se os professores quisessem; 
2) As aulas tinham aulas expositivas como o método mais comum de entrega de conteúdo; 
3) As avaliações foram baseadas principalmente em testes escritos; 
4) Apenas elementos históricos e literários foram vistos como centrais, o que tornou as aulas
exaustivas para a maioria dos alunos e professores; 
5) Como o curso era focado idealmente em materiais tradicionais, os alunos dificilmente
tinham prazer em ler materiais teóricos nos livros que deveriam ler durante o semestre. Em
vez disso, a maioria utilizou recursos online para resenhar livros, o que lhes deu a falsa ideia
de terem lido e compreendido a essência dos elementos culturais, filosóficos, sociais e
literários inerentes aos textos clássicos elementares que os alunos deveriam ler; 
6) Ao não ler os materiais obrigatórios atribuídos à disciplina, a maioria dos alunos perdeu a
oportunidade de desenvolver a sua capacidade de leitura que, inevitavelmente, prejudicou
e atrasou o desenvolvimento da sua escrita e também da retórica; 
7) Uma vez que um número considerável de alunos planejava se tornar professor de Inglês
e Literatura Britânica no futuro, o desenvolvimento de suas habilidades de fala e pedagogia
não estava ocorrendo exponencialmente, uma vez que o foco principal dos alunos
continuava sendo obter notas suficientes nos testes escritos; 
8) A assiduidade não foi explorada como uma oportunidade para verificar/ testar os
resultados de aprendizagem dos alunos, uma vez que as aulas foram baseadas na
suposição de que os alunos tinham lido previamente os textos selecionados e seriam
capazes de discutir e comentar qualquer elemento teórico durante as aulas. No entanto,
devido ao desinteresse dos alunos pelo material de leitura, as aulas não tiveram o resultado
esperado para ambas as partes (professores e alunos). 
9) As reclamações sobre a metodologia e o programa do curso aumentavam
constantemente. 
10) O interesse dos alunos em desenvolver uma investigação mais aprofundada sobre as
questões da literatura britânica foi restrito àqueles que já tinham um vasto repertório de
leitura.
Assim, os elementos anteriores são suficientes e explicam as razões pelas quais o projeto
do programa do curso anterior precisava de modificações urgentes e a seção apresentará
as modificações realizadas para tornar o curso em discussão uma experiência acadêmica
mais prazerosa.
Para aprovação na matéria, os alunos devem: 1. Atingir resultado igual ou superior a 6,0,
calculado a partir da média aritmética entre as notas das avaliações, considerando apenas
as duas notas mais altas obtidas entre as três etapas da avaliação (AV1, AV2 e AV3). A média
Aritmética obtida será a nota final do aluno na disciplina; 2. Obter nota 4,0 ou superior em
pelo menos duas das três avaliações; 3. Assistir a pelo menos 75% das aulas ministradas.
Desvantagens
Remodelando um curso tradicional de literatura britânica: a
importância dos contos populares, recursos digitais e critérios de
avaliação mais flexíveis
Figura 8.3 - Remodelagem
Fonte: 123RF (2021).
O contador de histórias está em toda parte e sempre encontrou ouvintes ansiosos.
Quer seu conto seja o mero relato de um acontecimento recente, uma lenda de
muito tempo atrás ou uma ficção elaborada,homens e mulheres se apegaram a
suas palavras e satisfizeram seus anseios por informação ou diversão, por
incitação a feitos heroicos, por edificação religiosa ou para se libertar da
monotonia avassaladora de suas vidas (THOMPSON, 1977).
Se olharmos mais de perto o texto de THOMPSON (1977), entendemos que a narração de
histórias deve ser vista como um meio de lançar alguma luz sobre o misterioso passado dos
diversos grupos de povos que imprimiram e compartilharam sua herança cultural ao longo
dos séculos. Não só a narração de histórias foi significativa nos tempos antigos, mas
também os registros de historiadores notórios de civilizações passadas. Consequentemente,
quer tenhamos uma visão mais realista do assunto ou mesmo decidamos nos aventurar no
campo das histórias ficcionais-maravilhosas, a arte de usar a linguagem para transmitir uma
mensagem às gerações futuras é algo intrínseco ao ser humano.
A primeira estratégia empregada para despertar a curiosidade e o interesse dos alunos pela
importância das obras de arte clássicas na Literatura Britânica baseou-se na demonstração
da importância da literatura oral como elemento-chave de toda produção literária ao longo
dos séculos: The Seafarer, The Wanderer, The Legend of Beowulf, The Canterbury Tales, Le
Morte D'Arthur de Thomas Mallory e todas as peças de Shakespeare devem seu sucesso ao
conjunto de motivos e temas presentes em uma variedade de contos populares de todo o
mundo. Consequentemente, uma ação central teve a ver com a inclusão dos contos
populares como parte integrante da Literatura Britânica, não apenas como um campo
separado de estudo relacionado a outras disciplinas, como Folclore e Estudos Culturais.
O segundo passo dado para redesenhar nosso currículo de Literatura Britânica I foi
relacionado a mostrar as conexões entre uma literatura de língua estrangeira e o repertório
de literatura nacional dos alunos (THOMPSON, 1977). A publicação no mercado editorial
brasileiro de peças de Shakespeare em diferentes gêneros, mais especificamente na forma
de contos e Literatura de Cordel, abriu caminho para uma diferenciação e valorização da
Literatura Britânica entre os estudantes: a reformulação das peças de Shakespeare em
outro formato e sua publicação na Cordel Literature (uma narrativa estruturada em
conjuntos de estrofes de seis ou sete versos) despertou a curiosidade dos alunos sobre o
assunto. Na verdade, a manipulação de diferentes versões literárias do material textual a ser
lido facilitou a compreensão dos alunos sobre todas as peças de Shakespeare atribuídas
para o semestre, o que inevitavelmente contribuiu para o aumento da motivação dos alunos
e o desenvolvimento de suas habilidades de leitura com o tempo.
A terceira estratégia dizia respeito ao uso de recursos digitais como meio de disponibilizar
aos alunos todo o material didático necessário e como forma de envio antecipado de
orientações de cada aula. Embora o uso de pastas digitais (ou seja, por meio da
Estratégia 1
Estratégia 2
Estratégia 3
http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula8/img/03.z.jpg
computação em nuvem) concedesse aos alunos acesso às versões literárias dos materiais
que eles precisariam explorar semanalmente, preparar diretrizes e compartilhá-las com os
alunos com antecedência deu-lhes um senso de responsabilidade, a oportunidade de
desenvolver seu senso de autonomia e uma compreensão clara dos objetivos de cada aula.
Além disso, como as diretrizes funcionaram como uma estrutura para leitura e reflexão, as
discussões sobre elementos culturais, históricos, filosóficos, sociais e literários tornaram-se
uma prática comum em todas as aulas, o que ajudou e preparou o desempenho dos alunos
para todas as tarefas atribuídas no semestre.
A quarta e última estratégia – atrelada  aos critérios de avaliação, apontou algumas
questões desafiadoras:
a) Como podemos usar as três avaliações obrigatórias para avaliar com eficácia os
resultados de aprendizagem dos alunos (ou seja, como os professores podem ter uma
visualização concreta de quanto os alunos aprenderam)?
b) De que maneiras as discussões frequentes em sala de aula podem ser usadas para
desenvolver a retórica dos alunos ao falar e escrever?
c) Em que medida podemos garantir aos alunos a leitura integral de todo texto canônico,
bem como sua adaptação a um gênero específico?
d) Como podemos desenvolver as habilidades interpessoais dos alunos de tal forma que o
trabalho colaborativo se torne uma prática comum?
A solução para o atendimento satisfatório das quatro questões exigiu uma reformulação do
tipo de avaliação a ser empregada. Nesse sentido, três novos formatos de teste foram
incluídos na disciplina:
1. Ensaios colaborativos
Com base no conjunto de materiais de leitura proposto para o semestre, os alunos teriam
que escrever um ensaio em grupo. Isso significava que cada membro do grupo já teria lido
os materiais e precisaria trabalhar em colaboração com seus pares na preparação de um
texto acadêmico em 10 semanas.
2. Apresentação de seminário
Organizados em grupos, os alunos apresentariam uma seleção de peças de Shakespeare
todas as semanas. No entanto, as orientações sobre como a apresentação deveria ser
organizada, o sistema de notas, bem como os critérios de classificação seriam previamente
compartilhados e exemplificados pelo professor semanas antes da apresentação da
primeira turma.
3. Prova escrita
Sistematizada em questões objetivas e discursivas, esta última avaliação só seria realizada
no final do semestre, o que significava que os alunos já teriam entregado seus ensaios
colaborativos e já teriam apresentado suas visões sobre as peças shakespearianas.
Uma breve visão sobre os novos elementos do plano de estudos reformulado é a que
segue:
Contextualização – a Literatura Britânica I dialoga com produções orais e escritas
no Curso de Letras e é de fundamental importância para o estudo e compreensão
dos conteúdos presentes nas disciplinas de Literatura Britânica II e Literatura Norte-
Estratégia 4
Os novos elementos do plano de estudos
americana. Nesse sentido, a Literatura Britânica desenvolve as habilidades orais,
retóricas, interpessoais e escritas dos alunos, bem como a competência em
letramento e capacidade de refletir e analisar textos a partir dos prismas
interculturais, históricos, filosóficos, sociais, canônicos e literários.
Consequentemente, o aluno amplia seu conhecimento da palavra letramento
contemporâneo e antigo, bem como sua visão crítica de forma global/ intercultural.
Objetivos – Compreender como a formação social e política da Bretanha e as
sucessivas invasões contribuíram para a formação da língua e da literatura inglesas;
2. Explicar a importância da narrativa oral e suas conexões estreitas com a literatura
anglo-saxônica, especialmente quando se trata de seus contos populares - The
Seafarer & The Wanderer, e seu primeiro poema épico: Beowulf; 3. Discutir sobre os
elementos sociais e históricos que deram origem a uma nova versão da Língua
Inglesa – Inglês Arcaico, a partir da qual um conjunto de obras literárias foi baseado,
especialmente os romances de cavalaria de Thomas Malory e os contos de
Cantenbury de Geoffrey Chaucer, que abriram caminho para o surgimento das
produções de William Shakespeares em inglês moderno; 4. Construir os conceitos
básicos do drama inglês, suas adaptações a outros gêneros textuais (conto literário
e literatura de cordel; 5. Discutir o conjunto de eventos históricos, sociais, filosóficos
e culturais que influenciaram todas as fases do desenvolvimento da Literatura
Britânica.
Programa de curso – a formação social e política da Bretanha. A tensão entre as
religiões pré-cristãs e o cristianismo. Os conceitos de honra e tradição na literatura
inglesa. Literatura anglo-saxônica e literatura medieval. As lendas do Rei Arthur. O
teatro elisabetano e as contribuições de William Shakespeare. As influências dos
contos populares na literatura britânica e as adaptações das peças skakespearianas
em contos literários e na literatura decordel brasileira.
Critérios de avaliação: o processo de avaliação consistirá em três etapas –
Avaliação 1 (AV1), Avaliação 2 (AV2) e Avaliação 3 (AV3). As avaliações serão
realizadas da seguinte maneira: AV1. Ensaios colaborativos; AV2. Apresentação do
seminário; AV3. Teste escrito.
Para aprovação na matéria, os alunos devem: 1. Atingir resultado igual ou superior a 6,0,
calculado a partir da média aritmética entre as notas das avaliações, considerando apenas
as duas notas mais altas obtidas entre as três etapas da avaliação (AV1, AV2 e AV3). A média
aritmética obtida será a nota final do aluno na disciplina; 2. Obter nota 4,0 ou superior em
pelo menos duas das três avaliações; 3. Assistir a pelo menos 75% das discussões da classe
ao longo do curso durante o semestre.
Como foi delineado no parágrafo anterior, todas as adaptações foram incluídas na nova
versão do plano de estudos do curso, que foram destacadas em amarelo para que uma
comparação entre os documentos anteriores e os novos seja visível.
Como resultado positivo das mudanças implementadas, o seguinte depoimento comenta
sobre o senso de realização de uma aluna depois de terminar o curso de Literatura Britânica
I:
Minha experiência com nossas aulas de Literatura Britânica foi melhor do que eu
esperava. Isso não significa que foi fácil, mas certamente gratificante. A forma
como as aulas foram ministradas foi direto ao ponto e exigiu que os alunos fossem
preparados antes das aulas, confrontando muitas técnicas de estudo diferentes.
Minha leitura favorita foi The Canterbury Tales, que foi lida durante nossas
palestras sobre o inglês médio. Mas a atividade mais apreciada foi a possibilidade
de comparar diferentes versões da obra de Shakespeare em diferentes contextos
históricos e sociais . Agora me sinto muito mais confiante e preparada para
enfrentar níveis mais elevados de estudo e pesquisa devido ao fato de que
realmente aprendi o que significa estudo eficaz (Isabela de Paula [UNESA – Nova
América Campus, RJ, Brasil]).
As mudanças no plano
Figura 8.4 - Satisfação
Fonte: 123RF (2021).
Exercícios de fixação
I - Leia a lista de itens a seguir:
i. É necessário explicar as razões pelas quais coisas específicas estão sendo ensinadas.
ii. A instrução deve ser orientada para a tarefa em vez de promover a memorização.
iii. A instrução deve levar em consideração a ampla gama de diferentes experiências dos
alunos.
iv. Visto que os adultos são autodirigidos, a instrução deve permitir que os alunos
descubram coisas e conheçam por si próprios, sem depender das pessoas.
Os elementos citados referem-se a uma perspectiva importante da educação. Qual?
a) Pedagogia.
b) Psicologia.
c) Interculturalismo.
d) Teoria da atividade.
e) Andragogia.
II) Leia o texto:
“Alunos desempenhando papéis atribuídos pelo instrutor, improvisando o roteiro, em uma
situação social ou interpessoal realista e problemática”.
O texto define uma técnica de ensino específica. Qual?
a) Palestra.
b) Dramatização.
c) Feedback dos colegas do aluno.
d) Técnica de avaliação em sala de aula.
e) Método de caso.
III) Leia o texto a seguir:
http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula8/img/04.z.jpg
Nesta aula:
“Este é o projeto que a maioria das universidades tem seguido. Os programas de estudo são
divididos em unidades e tópicos baseados em conceitos importantes e cada tópico será
estruturado de uma maneira racional. ”
O texto define uma abordagem específica utilizada nas universidades. Qual?
a) Abordagem de relevância pessoal.
b) Abordagem cognitiva.
c) Abordagem de desempenho.
d) Abordagem tradicional.
e) Abordagem da teoria da atividade.
IV) Leia o texto a seguir:
“A capacidade de se comunicar e se comportar de maneira apropriada com aqueles que
são culturalmente diferentes e de co-criar espaços compartilhados, equipes e organizações
que sejam inclusivas, eficazes, inovadoras e satisfatórias”.
O texto refere-se a uma definição importante. Qual?
a) Competência oral.
b) Competência cognitiva.
c) Competência intercultural.
d) Competência comunicativa.
e) Competência de desempenho.
V) Leia o texto:
“O objetivo desse tipo de avaliação é verificar a aprendizagem do aluno ao final de uma
unidade instrucional, comparando-a com algum padrão ou benchmark. Esses tipos de
avaliações geralmente estão relacionados ao valor de ponto alto. ”
O texto envolve a definição de um importante tipo de avaliação. Qual?
a) Avaliação somativa.
b) Avaliação formativa.
c) Pesquisas online.
d) Feedback construtivo.
e) Correção de pares.
Síntese
Discutir sobre a importância do planejamento do projeto do programa do curso
para inovar os cursos tradicionais de ensino superior.
Compreender a reformulação dos critérios de avaliação com vista a promover os
resultados de aprendizagem dos alunos.
Refletir sobre uma série de estratégias utilizadas para promover a autonomia dos
alunos, bem como seu desenvolvimento acadêmico e profissional.
ARTESE, C. Shakespeare and the Folktale: An Anthology of Stories. Princeton University
Press, 2019.
ABRAHAMS.; et al. The Norton Anthology of English Literature. New York: W.W. Norton,
2006.
BORGES, J. L. A course on English literature. New York: New Direction Books, 2002.
HAASE, D. The Greenwood Encyclopedia of Folktales and fairy tales. Westport:
Greenwood Press, 2008.
LARSEN-FREEMAN, D.; ANDERSON, M. Techniques and principles in language teaching.
Oxford: OUP, 2017.
McRAE, J.; CARTER, R. The routledge history of literature in english: Britain and Ireland.
New York: Routledge, 1997.
NILSON, L. B. Teaching at its best. San Francisco: John Wiley & Sons, 2010.
PIAZZI, P. Aprendendo inteligência: manual de instruções do cérebro para estudantes em
geral. São Paulo: Aleph, 2015.
RICHARDS, J. C.; RODGERS, T. S. Approaches and methods in language teaching.
Cambridge: CUP, 2018.
SERCU.; et ali. Foreign language teachers and intercultural competence: an international
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Referências

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