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Adaptação ao meio líquido uma proposta de avaliação para a natação

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Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 10, n. 15, jul/dez 2009– ISSN 1679-8678 
 
223 
ARTIGO 
________________________________________________________________________________ 
Adaptação ao meio líquido: uma proposta de avaliação para a natação 
Orival Andries Junior, Laboratório de Atividades Aquáticas – Grupo de Pesquisa 
NATação/CNPq - Universidade Estadual de Campinas 
Larissa Zink Bolonhini, Laboratório de Atividades Aquáticas - Grupo de Pesquisa 
NATação/CNPq - Universidade Estadual de Campinas 
 
 
 
Resumo 
A adaptação ao meio líquido é o momento da pedagogia da natação que 
antecipa o aprendizado dos nados. O objetivo principal desse trabalho é o de 
propor uma forma de avaliação (teste) para a adaptação ao meio líquido, uma 
vez que é um momento importante e não é freqüente o encontro de 
avaliações desse tipo. No total, noventa e três voluntários divididos nos 
grupos Iniciação (n=32), Aprimoramento (n=31) e Treinamento (n=30) foram 
submetidos ao teste. Eles também participaram de uma entrevista semi-
estruturada antes e após a execução da avaliação, e repetiram o teste três 
vezes consecutivas, com intervalo livre. Na análise estatística, utilizaram-se 
testes não paramétricos, como o de Spearman, o teste de Igualdade de 
Medianas e o teste de Wilcoxon. Os resultados evidenciaram que o teste 
proposto é capaz de avaliar o nível de adaptabilidade do aluno ao meio 
líquido, e, portanto, é um instrumento apropriado para professores de 
natação. 
 
Palavras-chaves: Natação. Aprendizagem. Adaptação. Avaliação. 
 
 
Abstract 
The adaptation to the water is a moment of the swimming learning that 
comes before the learning of the styles. The main objective of this research is 
to propose a way to evaluate (a test) the adaptation to the water, once it is 
an important moment and it isn’t frequent to find evaluation of this type. In 
total, ninety-tree volunteers cheered in the groups Beginners (n=32), 
Aprimorament (n=31) and Advanced (n=30) were submitted to the test. They 
also participated of two interviews, one before and one after the evaluation, 
and repeated the test three times in a role, with a free arrest. In the statistics 
analysis, it was used non-parametric tests, like Spearman’s, the test of 
equality of medians and the Wilcoxon’s test. The results shown that the test is 
capable to evaluate the adaptation level of the student to the water and, 
therefore, is an appropriated instrument to swimming teachers. 
 
Key-words: Swimming. Learning. Adaptation. Evaluation. 
 
 
 
 
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 11, n. 15, jul/dez. 2009– ISSN 1679-8678 
 
224 
 
Introdução 
 
A Adaptação ao meio líquido. 
A adaptação é o momento pedagógico pelo qual o mundo aquático é introduzido 
aos alunos. Santana et alll. (2003 p. 64), a descreve como um momento de 
“alfabetização aquática” cujo objetivo é “proporcionar vivências s motoras que tenham 
como conseqüência a técnica de sobrevivência total em meio liquido”. 
No contexto escolar, o momento da alfabetização é o mais importante, uma vez 
que dá o suporte para todas as outras disciplinas a serem estudadas. Se Santana et 
all. (2003) descreve a adaptação ao meio líquido com um momento de “alfabetização 
aquática”, é porque vê nela a suma importância de dar a base para todos os outros 
elementos da natação. Esse autor ainda discute acerca das técnicas de sobrevivência 
no meio líquido. Para garantir essa técnica, é importante focalizar as diferenças a 
serem suplantadas quando se sai do ambiente terrestre e se vai para o aquático. 
Dentro da água, surgem limitações visuais; como a locomoção se faz com a 
ajuda da visão, há uma perda de orientação espacial; a audição é praticamente 
anulada; as vias nasais e orais ficam obstruídas e o corpo precisa se ajustar a uma 
nova situação de equilíbrio (DAMASCENO, 1992). 
Portanto, os alunos iniciantes em natação precisam, antes de qualquer outro 
passo, aprender a superar essas dificuldades, adquirindo um comportamento 
específico para esse meio. Tal comportamento é adquirido através do processo de 
adaptação, cujo objetivo é trabalhar os seguintes itens: os primeiros contatos com a 
água, a respiração, a flutuação, a propulsão, a sustentação e o mergulho. 
O primeiro contato com a água é o momento no qual o aluno relaciona-se 
intimamente com a piscina, sentindo as diferenças entre o meio liquido e o seu meio 
usual: trata-se do reconhecimento do novo ambiente. 
A respiração na piscina difere da automática devido à imersão das vias 
respiratórias. Castro (1979) considera que uma das grandes dificuldades a serem 
enfrentadas na natação reside na mudança da forma de respirar. Essa mudança deve 
ser trabalhada porque a respiração, além de proporcionar as trocas gasosas, também 
exerce uma interferência direta na flutuabilidade e descontração corporal (ANDRIES 
JUNIOR, 2002). 
 Flutuar, “é a capacidade de manter o corpo, parcialmente, na superfície da 
água” (BONACHELA, 1992, p. 5 e 6). A capacidade de flutuação é de fundamental 
importância para a natação. Para que essa capacidade seja desenvolvida, há 
necessidade de existir um relaxamento muscular. 
 
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A sustentação é a capacidade do corpo se manter flutuando com o auxílio do 
movimento dos membros. É um componente importante da natação porque está 
muito relacionado ao fator de sobrevivência na água. Afinal, se o aluno for capaz de 
sustentar-se, ele com certeza não afundará. 
Propulsão é o deslocamento no meio líquido, isto é, “é impulsionar ou empurrar para 
frente” (PALMER, 1990, p. 47). Na natação, a propulsão ocorre sem o apoio plantar 
nas paredes da piscina. Ela deve ser trabalhada quando o aluno já possui certo 
domínio respiratório e de flutuação. Sua importância deve-se ao fato de que todos os 
nados e os elementos da natação (saída e virada) são propulsivos. 
O mergulho é o ato de entrar na água de diversas formas (GALDI et all, 2004). É um 
componente importante da natação. No momento de adaptação ao meio líquido, 
quando o aluno é capaz de efetuar o mergulho, é uma evidência de que já se sente 
mais seguro na água; na natação competitiva, o tempo de saída representa de 5% a 
25% do tempo total consumido em provas curtas (MAGLISHO, 1999). 
Após a análise de todos os elementos do processo de adaptação ao meio líquido, 
pode-se afirmar que esse momento é de extrema importância, pois assegura que o 
aluno desenvolva um comportamento específico para o meio líquido que permite, 
primeiramente, a sobrevivência, e, futuramente, o desenvolvimento dos nados da 
natação. 
 
Metodologias de avaliação: a adaptação ao meio líquido em foco. 
 
Há inúmeras propostas de avaliação na literatura esportiva para a aquisição de 
dados referentes ao treinamento da natação. Para a pedagogia da natação, há a 
“Metodologia Gustavo Borges”, que possui avaliações que verificam o progresso dos 
alunos e os qualificam em diferentes níveis (KAIBER, 2004). 
Corazza (1993) in Corazza et all (2005) descreve uma proposta de avaliação 
dos elementos: introdução do rosto na água, que se enquadra no momento de 
primeiros contatos com o meio líquido, deslocamento submerso, que se refere à 
propulsão, flutuação em decúbito ventral e flutuação em decúbito dorsal, que se 
referem à flutuação no momento de adaptação ao meio líquido. 
Essa avaliação visa verificar a familiaridade que o sujeito tem com o meio 
líquido, o que, seguramente, é proporcional à adaptação do sujeito ao meio líquido. A 
proporcionalidade referida deve-se ao fato de que os elementos avaliados no teste de 
Corazza (1993)pertencem ao momento de adaptação. 
 
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Contudo, a natação não é efetuada com movimentos dissociados, isto é, não se 
executam os movimentos dos braços dissociados dos movimentos das pernas 
dissociados da respiração e assim sucessivamente. A natação é um conjunto de 
capacidades executadas simultaneamente. 
Dessa maneira, acredita-se que um teste que vise avaliar se o aluno está ou 
não familiarizado/adaptado ao meio líquido deve englobar capacidades simultâneas e 
não dissociadas. Sendo assim, embora no teste de Corazza (1993) haja uma certa 
conexão entre alguns elementos, como, por exemplo, a introdução do rosto na água e 
o deslocamento submerso, acredita-se que um teste ideal para o momento de 
adaptação ao meio líquido seja aquele que englobe todos os elementos 
sequencialmente, sem pausas ou interrupções. 
Vale a pena ressaltar que testes com esse padrão defendido são pouco 
freqüentes na literatura. 
 
Métodos 
População da pesquisa 
 
Os sujeitos que participaram da pesquisa são do Programa de Extensão da 
Faculdade de Educação Física da Unicamp do “Projeto Treinando Natação” ou são 
membros da “Equipe de Natação da Unicamp”. Foram selecionados noventa e três 
voluntários divididos nos grupos “Iniciação”, “Aprimoramento”, ou “Treinamento” 
(n=32, 31 e 30 respectivamente). 
 
As entrevistas semi-estruturadas 
 
 A divisão dos voluntários nesses grupos se deu a partir da entrevista semi-
estruturada anterior à execução do teste. Ela visava verificar o histórico do 
relacionamento do aluno com o meio líquido e com a natação. 
Em uma das questões, o voluntário deveria se auto classificar em um dos três 
grupos (Iniciação, Aprimoramento ou Treinamento), de acordo com as seguintes 
definições: Iniciação: de acordo com Freitas (1999), a Iniciação é composta por dois 
níveis, a adaptação ao meio líquido e a iniciação dos nados Crawl e Costas; 
Aprimoramento: segundo Galdi et all. (2004, p. 114), “é a fase intermediária entre a 
iniciação e o treinamento esportivo (...) é o nível do aprendizado em que passam a 
ser introduzidas, de forma mais específica e aplicada, as técnicas da natação esportiva 
dos seus quatro nados”; e Treinamento: processo Pedagógico de preparação física, 
 
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técnica, tática, teórica e psicológica do nadador, tendo como objetivo o alto 
rendimento. 
Nas outras questões buscaram-se informações de há quanto tempo fazia 
natação, quais os estilos que o voluntário sabia nadar, qual a maior metragem 
percorrida no nado crawl sem intervalos e se o voluntário era capaz de entrar na água 
sem auxílio. As respostas à essas questões possibilitava a classificação do voluntário 
em um dos três níveis, utilizando como critério de classificação a anamnese proposta 
por Barros e Ferreira (2006). 
A entrevista semi-estruturada posterior à execução do teste tinha como 
objetivo detectar as percepções subjetivas do voluntário acerca da avaliação proposta, 
através da classificação da dificuldade da avaliação e através da descrição de um 
possível momento em que o voluntário sentiu algum tipo de desconforto. 
 
A Avaliação proposta 
 
O exercício proposto inicia-se com uma inspiração profunda, seguida de uma 
propulsão com os pés, a partir da parede. Segue-se com um deslize em decúbito 
ventral. Em seguida, efetua-se um rolamento para frente e um para trás. Terminados 
esses rolamentos, deve-se efetuar a abdução do ombro até aproximadamente 90º, a 
abdução do quadril em decúbito ventral (efetuando o exercício conhecido como 
“estrela”) e flutuar nessa posição. Depois, deve-se soltar o ar restante do pulmão pela 
cavidade nasal até que o aluno tenha seu corpo imerso. Para finalizar, deve-se 
emergir na posição bípede. 
Essa seqüência deve ser efetuada com apenas uma respiração (inspiração antes 
da propulsão e expiração após a emersão). Caso o aluno não consiga efetuá-la com 
apenas uma respiração, o exercício dever ser interrompido. 
Outro detalhe importante é que o aluno deverá efetuar essa seqüência sem 
óculos de natação e sem qualquer material que auxilie ou atrapalhe a propulsão. Os 
únicos materiais permitidos são a toca e trajes apropriados (maiôs, sungas ou 
sunkines). 
Essa seqüência foi proposta porque engloba todos os itens trabalhados por 
profissionais em uma adaptação: os primeiros contatos com a água, a propulsão, a 
flutuação, a respiração, o mergulho e a sustentação. 
Os voluntários se apresentaram no dia da coleta de dados mantendo um 
intervalo de 24h de sua última sessão de treino ou aula, de forma a minimizar efeitos 
 
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da fadiga nos resultados do teste. Um intervalo de 3h da última refeição foi mantido 
para que não ocorressem problemas de mal-estar. 
Para a realização do teste só foram dadas instruções verbais. 
 
 
A filmagem da avaliação 
 
Os voluntários, após a primeira entrevista semi-estruturada executaram o teste 
três vezes no mesmo dia, com intervalo recuperativo entre as execuções. Como o 
teste não exige esforço, o intervalo de recuperação foi mínimo. A terceira execução de 
cada indivíduo foi registrada através de uma câmera Sony DVD-DCR 92. 
 
A ficha de interpretação da avaliação 
 
Ainda propôs-se uma ficha que permitia a interpretação do teste. Nela, 
consistem os elementos a serem executados durante o teste e cabe apenas ao 
avaliador preencher se o voluntário executou ou não os elementos. São, no total, dez 
elementos. Se o voluntário efetuar todos os movimentos, recebe uma pontuação (uma 
nota) equivalente a dez pontos no teste. 
 
O conteúdo analisado 
 
Para verificar se o teste é capaz de avaliar o nível de adaptabilidade do sujeito 
ao meio líquido, buscou-se analisar: a validade do teste; a influência do aprendizado 
em sua execução; a compatibilidade do resultado no teste com o nível do voluntário; 
e a diferença entre a análise em tempo real e a análise em vídeo. 
 Ainda será discutida a coerência da ficha proposta em interpretar o teste e 
também a elaboração de uma escala de diferentes níveis de adaptabilidade ao meio 
líquido. 
 
A análise estatística 
 
A análise estatística utilizada no teste foi uma análise não paramétrica baseada 
em Conover (1999), através do teste de Spearman, do teste de igualdade de 
medianas e do teste de Wilcoxon. Análises não paramétricas são destinadas a 
populações heterogêneas, que é o caso da população dessa pesquisa. 
 
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O teste de Spearman é apropriado para verificar a intensidade da relação entre 
variáveis ordinais (no nosso caso, a pontuação no teste) e nominais. Em sua medida 
de correlação, dada por uma fórmula que não convém apresentarmos, encontramos 
um coeficiente de correlação ρ. Se esse coeficiente assumir valor próximo de 1 ou -1, 
a relação entre as variáveis é perfeita; caso o coeficiente ρ assumir valor zero, as 
variáveis não estão relacionadas. 
 O teste de igualdades de medianas é designado para examinar se amostras de 
populações diferem em relação às suas tendências centrais, ou seja, em relação às 
suas medianas. Entende-se por mediana um valor central de uma seqüência 
numérica, dado que metade dos valores dessa seqüência seja superior que a mediana 
e metade dos valores seja inferior à mediana. 
Esse teste é efetuado da seguinte maneira:primeiramente, calcula-se mediana 
de cada população e verificam-se quantas observações se encontram acima ou abaixo 
das medianas encontradas. 
 Com esses valores, testam-se duas hipóteses: a hipótese zero ou nula que 
indica que as populações têm a mesma mediana; e a hipótese alternativa que diz que 
as populações têm medianas diferentes. 
 A análise dos resultados do teste de igualdade de mediana tem como parâmetro 
valores encontrados em uma tabela qui-quadrado. Caso o resultado do teste seja 
superior ao valor da tabela, a hipótese nula é rejeitada. O valor da tabela baseia-se no 
nível de significância que o pesquisador escolhe e no número de populações 
envolvidas na pesquisa. 
 No teste de Wilcoxon são comparados sempre dois grupos relacionados de 
variáveis. O critério de análise dos dados no teste de Wilcoxon é similar ao teste de 
igualdade de medianas, porém, o parâmetro utilizado é o da tabela de Wilcoxon. 
 
Resultados 
A Validade da avaliação 
 
Como validade de um teste entende-se a capacidade de mensurar o 
componente que se pretende observar com a maior precisão possível. Para se verificar 
a validade do teste, geralmente comparam-se os resultados obtidos através de um 
teste direto com os obtidos através do teste proposto. Ou então, caso não haja um 
teste de medidas diretas, os resultados obtidos através do teste proposto devem ser 
comparados a outro instrumento. 
 
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O instrumento de comparação que escolhemos para essa pesquisa é a 
anamnese de Barros e Ferreira (2006). O teste proposto foi aplicado em 
aproximadamente trinta voluntários de cada grupo (iniciação, aprimoramento e 
treinamento). A intenção nesse momento é verificar se os voluntários de fato 
pertencem ao grupo no qual estão classificados. 
Para tanto, utilizaremos como parâmetro a comparação entre a anamnese de 
Barros e Ferreira (2006) e as respostas da entrevista semi-estruturada anterior à 
execução do teste. 
No grupo iniciação, dos trinta e dois voluntários pesquisados, apenas um 
poderia ser classificado como do nível aprimoramento; dos trinta e um voluntários 
pertencentes ao grupo aprimoramento, quatorze se configuram melhor no grupo 
treinamento; e, finalmente, todos os voluntários pesquisados do nível treinamento 
pertencem de fato a esse grupo. 
Portanto, aproximadamente 89% dos voluntários pesquisados de fato 
pertencem ao grupo nos quais foram classificados pelo Projeto de Extensão e pela 
anamnese proposta por Barros e Ferreira (2006), o que garante a validade da 
pesquisa. 
 
A influência do aprendizado na execução do teste 
 
Com o objetivo de verificar se a pontuação obtida na terceira execução do teste 
se dá devido ao seu aprendizado, aplicou-se um teste de igualdade de medianas entre 
as pontuações finais das três execuções de cada voluntário. Duas hipóteses foram 
elaboradas: (0) as três execuções possuem a mesma pontuação versus (1) pelo 
menos uma das repetições tem mediana diferente das demais repetições. 
 Com o teste obteve-se o valor de 0,603 a nível de significância α = 0,01 
(inferior a uma variável da tabela qui-quadrado), o que significa que a mediana das 
pontuações obtidas nas três execuções é a mesma, e, dessa forma, podemos afirmar 
que não há a influência do aprendizado. 
 Ou seja, a pontuação obtida na terceira execução do teste condiz com o nível 
do aluno e não com o fato do aluno ter aprendido a seqüência. 
 Além disso, apenas dois voluntários, um equivalente a aproximadamente 2,2% 
relataram na entrevista semi-estruturada posterior à execução do teste que a 
dificuldade dele está na sua memorização. 
Os dados obtidos traduzam que há uma coerência entre o resultado quantitativo 
(da análise estatística) e entre o resultado qualitativo (as respostas da entrevista 
 
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semi-estruturada), e, sendo assim, a hipótese de que não há a influência do 
aprendizado na execução do teste pode ser afirmada. 
 
Compatibilidade entre o resultado no teste e o nível do voluntário 
 
Para verificar se a pontuação adquirida no teste é coerente com o nível no qual 
o voluntário pertence, utilizou-se o coeficiente de correlação de Spearman. A 
correlação estimada entre o nível do aluno e a pontuação no teste foi de 0,673, 
caracterizada como uma correlação alta, o que indica que a pontuação no teste está 
relacionada ao nível do aluno. Neste estudo, a correlação positiva indica que, à 
medida que o nível do aluno aumenta, sua nota no teste também aumenta. 
O gráfico 1 esclarece que, à medida que o nível do aluno aumenta de iniciação 
(1) para aprimoramento (2) e treinamento (3), a pontuação no teste também 
aumenta. No entanto, o aumento da pontuação entre os níveis iniciação e 
aprimoramento é bem maior do que entre os níveis aprimoramento e treinamento. 
3
8
9
0
2
4
6
8
10
Ini
cia
ção
Ap
rim
or
am
en
to
Tre
ina
m
en
to
Grupos
M
ed
ia
n
a
Mediana
 
Gráfico 1: a mediana da nota final por nível 
 
A correlação de Spearman permite verificar se existe uma relação entre o nível 
do aluno e seu desempenho no teste. No entanto, esta análise não mede se as 
pontuações dos alunos nos diferentes níveis são estatisticamente iguais. 
 Para satisfazer essa dúvida foram testadas duas hipóteses: (0) a mediana da 
pontuação é igual entre os níveis versus (1) a mediana da nota final é diferente em 
pelo menos um dos níveis. 
 Se rejeitarmos a primeira hipótese, conclui-se que as notas diferem entre os 
níveis, fato relevante à pesquisa, pois confirma a expectativa de que as pontuações 
diferem entre os grupos iniciação, aprimoramento e treinamento. 
O valor calculado através do teste foi de 28,486 (superior a 9,210 da tabela 
qui-quadrado), com nível de significância α = 0,01. Isso indica que devemos rejeitar a 
 
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hipótese nula de que a mediana da nota final é igual para as três populações. Ou seja, 
a nota dos alunos difere entre os níveis. 
 Além disso, confontou-se também, através do teste de comparação de 
medianas, a pontuação obtida entre o grupo Iniciação (I) versus o grupo 
Aprimoramento (A), do grupo Aprimoramento versus o grupo Treinamento, e do 
grupo Iniciação versus o grupo Treinamento, através de duas hipóteses: (0) a 
mediana das pontuações dos voluntários no nível I/A/I é igual à mediana das 
pontuações dos voluntários no nível A/T/T respectivamente versus (1) a mediana das 
pontuações dos alunos do nível I/A/I é diferente à mediana das pontuações dos níveis 
A/T/T respectivamente. 
 Comparando, inicialmente o grupo iniciação ao grupo aprimoramento, obteve-
se, no teste, o valor de 10,093 (superior a 6,635 da tabela qui-quadrado), com nível 
de significância α = 0,01. Esse resultado demonstra que a mediana das notas dos 
alunos no nível Iniciação é diferente da mediana das notas dos alunos no nível 
aprimoramento. 
 Já entre os níveis aprimoramento e treinamento, não há evidência para rejeitar 
a hipótese de que as medianas das pontuações são diferentes, isto é, a mediana das 
pontuações entre os níveis aprimoramento e treinamento são estatisticamente iguais. 
 Finalmente, ao analisarmos o resultado 34,104 do teste de igualdade de 
medianas entre os grupos iniciação e treinamento (superior a 6,635 da tabela qui-
quadrado, com nível de significância α = 0,01), chegamos a uma conclusão de que a 
mediana das pontuações dos níveis iniciaçãoe treinamento são estatisticamente 
diferentes. 
 Como os voluntários do nível iniciação apresentaram três pontos no teste como 
mediana, os voluntários do nível aprimoramento apresentaram oito pontos como 
mediana e, por fim, os voluntários do nível treinamento apresentaram nove pontos 
como mediana, a expectativa de que a pontuação diferisse entre os três grupos e, 
ainda fosse superior no nível treinamento e aprimoramento foi efetivada. 
 Isto quer dizer que o teste proposto é capaz de verificar o nível (iniciação, 
aprimoramento ou treinamento) em que o aluno se encontra. Como o objetivo do 
teste é verificar o nível de adaptabilidade do aluno ao meio líquido, acredita-se que, 
com apenas as análises acima, o teste se demonstrou eficiente. 
Enfocando, nesse momento, nossas atenções às respostas da entrevista semi-
estruturada posterior à execução do teste, em especial nas respostas que se referem 
à sua dificuldade, obtivemos os seguintes resultados: 
 
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• No grupo iniciação, 34,4% dos voluntários considerou o teste fácil; 
18,7% consideraram o teste de média dificuldade; e, finalmente 46,9% dos 
voluntários relataram que o teste é difícil. 
• No grupo aprimoramento, 48,4% dos voluntários respondeu que o 
teste é fácil; 22,6% responderam que o teste possui média dificuldade; e, por fim, 
aproximadamente 29% dos voluntários classificaram o teste como difícil. 
• Já no grupo treinamento, 93,4% dos voluntários relatou que o teste 
possui dificuldade baixa e 6,6% dos voluntários classificaram-no como de média 
dificuldade. 
 
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ini
cia
çã
o
Ap
rim
or
am
en
to
Tre
ina
m
en
to
Difícil
Médio
Fácil
 
Gráfico 2: Percepção de dificuldade no teste 
 
Ao verificarmos as respostas temos que a maioria dos voluntários do grupo 
iniciação sentiu dificuldade na execução do teste; já no grupo aprimoramento e 
treinamento, um menor número de voluntários sentiu dificuldade na execução do 
teste. 
Isso confirma a premissa anterior de que a avaliação proposta é capaz de 
verificar o nível de adaptabilidade no qual o voluntário se encontra, uma vez que o 
grupo de nível de adaptabilidade mais baixo sentiu maior dificuldade no teste. 
 
Análise em tempo real x análise em vídeo 
 
Essa análise procede, pois primeiramente verifica se a avaliação em tempo real 
é correta (ou seja, se é possível analisar todos os elementos da seqüência em tempo 
real) ou, se é necessário um aparelho de filmagem como material de auxílio ao 
avaliador. 
 Para saber se a contagem dos pontos em tempo real é efetiva, filmou-se a 
terceira execução do teste de cada um dos voluntários. A terceira execução foi 
 
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escolhida para eliminar fatores como nervosismo, falta de compreensão do teste, etc. 
Essa execução do teste obteve uma nota em tempo real e uma nota após a revisão de 
sua filmagem. 
 Foram elaboradas duas hipóteses: (0) a média da diferença entre as 
pontuações obtidas em tempo real e através do vídeo é nula versus (1) a média da 
diferença entre as pontuações obtidas em tempo real e através do vídeo não é nula. 
 Para a verificação de ambas as hipóteses utilizou-se o teste não paramétrico de 
Wilcoxon. O valor obtido (-0,863) indica que não se tem evidência para rejeitar a 
hipótese nula e que, por isso, não é necessária uma máquina filmadora como 
instrumento de auxílio do profissional e que o avaliador é capaz de avaliar todos os 
itens existentes no teste. 
 
Discussão 
 
Como o objetivo geral do trabalho é o de propor uma forma de avaliação do 
nível de adaptabilidade ao meio líquido, o dado analisado que melhor representa se 
esse objetivo foi atingido ou não é a validade da pesquisa. Os outros itens que 
comporam a pesquisa esclareceram algumas possíveis dúvidas e acrescentaram para 
a verossimilhança da pesquisa. Contudo, o essencial para nós é o de confirmar que a 
validade da pesquisa foi atingida. 
Tendo isso em vista, quanto à validade da avaliação, o fato de que 89% dos 
voluntários entrevistados pertencem ao grupo em que se dispunham, demonstra a 
coerência entre a classificação de níveis presente na anamnese proposta por Barros e 
Ferreira (2006) e a classificação do Projeto de Extensão. 
 Porém, o que torna a avaliação proposta um instrumento coerente de uso é o 
cruzamento desse dado com o resultado obtido no item “Compatibilidade entre o 
resultado no teste e o nível do voluntário”. 
 Ora, se temos 89% dos voluntários classificados corretamente, uma correlação 
alta entre a pontuação no teste e nível do aluno, notas diferentes entre os níveis, e 
medianas de pontuações que aumentam proporcionalmente a medida que o nível 
aumenta, podemos dizer que a validade do teste está mais que comprovada. 
 Propomos ainda, discutir mais dois aspectos relevantes para a conclusão do 
artigo: a coerência da ficha proposta e a escala de diferentes níveis de adaptabilidade 
ao meio líquido. 
 
A coerência da ficha proposta 
 
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Nas respostas da entrevista semi-estruturada posterior à execução do teste, 
diversos voluntários dos níveis iniciação e aprimoramento responderam que se 
sentiram desconfortáveis no momento dos rolamentos. Por mais que isso tenha 
ocorrido, acreditamos que o rolamento deve ser trabalhado na adaptação ao meio 
líquido por diversos motivos: é o exercício que mais exige controle respiratório, e que, 
portanto, melhor o avalia; é um exercício que exige calma na sua execução (essencial 
para que o aluno se relacione ao meio líquido); e é um exercício que pertence à 
natação, uma vez que são efetuados nas viradas olímpicas. 
Portanto, ao invés de retirar os rolamentos do teste, sugerimos que eles 
passem a ser ensinados no momento da adaptação ao meio líquido, uma vez que 
devemos também priorizar a educação global do aluno, abrindo possibilidade para 
todos os tipos de vivência. 
 Acreditamos que a ficha de avaliação do teste capta seus principais momentos e 
que, desta maneira, não devemos modificá-la. 
 
Escala de diferentes níveis de Adaptabilidade ao meio líquido 
 
Como o objetivo central da pesquisa é o de propor um teste que avalie o nível 
de adaptabilidade do aluno ao meio líquido, nesse momento estaremos propondo uma 
escala que defina em que nível o aluno se encontra segundo a sua pontuação no 
teste. 
 Inicialmente propomos uma escala que continha cinco níveis diferentes. No 
primeiro se enquadravam as pessoas que pontuassem apenas um ponto no teste; no 
segundo se enquadravam pessoas que fizessem de dois a três pontos. No primeiro e 
no segundo nível acreditamos que estariam os alunos que não estivessem adaptados 
ao meio líquido. No terceiro nível, estariam os alunos que pontuassem quatro ou 
cinco. No quarto nível estariam aqueles que efetuassem de seis a sete pontos. Os 
alunos do terceiro e do quarto nível estariam quase totalmente adaptados ao meio 
líquido. E, finalmente, no quinto nível estariam os alunos adaptados ao meio líquido, 
pontuando de oito a dez. 
 Com os resultados obtidos no item “Compatibilidade entre o resultado no teste 
e o nível do voluntário”, achamos necessária a reelaboração da escala de diferentes 
níveis de adaptabilidade ao meio líquido. 
 
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 Conforme dito anteriormente,a mediana do grupo iniciação é três; a do nível 
aprimoramento é oito e a do nível treinamento é nove. Contudo, as medianas dos 
níveis aprimoramento e treinamento são consideradas estatisticamente iguais. 
 Dessa maneira, propõe-se uma escala com apenas três níveis: o primeiro, no 
qual se encontram os alunos que pontuam de zero a três pontos; o segundo nível, que 
engloba aqueles que fazem de quatro a sete pontos; e, por fim, o terceiro nível, para 
aqueles que efetuam de oito a dez pontos no teste. 
 Se o aluno se encontrar no primeiro nível, devemos considerá-lo não adaptado 
ao meio líquido. No total, foram vinte e sete voluntários que se enquadraram nesse 
grupo, sendo vinte e um deles do grupo Iniciação e os demais do grupo 
Aprimoramento. 
 Para melhor auxiliar o profissional que utilizará o teste proposto, buscaremos 
explicitar os elementos da adaptação que estão mais pendentes em cada nível. Para 
isso, levaremos em conta as respostas obtidas na entrevista semi-estruturada 
posterior à execução do teste, em especial a resposta da pergunta: “Em algum 
instante você se sentiu desconfortável?”. 
 Dos voluntários que se enquadrariam no nível um, 22,2% relataram que 
sentiram desconforto devido à entrada de água no nariz; 18,5% responderam que 
sentiram dificuldade devido ao “fôlego”; 11,1% disseram que desconheciam os 
elementos da seqüência; 3,7% se sentiram desconfortáveis porque perderam a noção 
espacial; e, por fim, 3,7% se sentiram desconfortáveis no deslize. Os voluntários 
restantes responderam que não se sentiram desconfortáveis. 
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ini
cia
ção
Ap
rim
or
am
en
to
Tre
ina
m
en
to
Difícil
Médio
Fácil
 
Gráfico 3: Elementos de desconforto do nível um 
Notamos que a grande maioria das respostas (mais que 30%) se refere à falta 
de controle respiratório, um dos elementos mais importantes da adaptação ao meio 
líquido e que mais interfere no aprendizado dos nados. Devemos salientar que o 
 
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número de voluntários que desconheciam todos os elementos envolvidos na seqüência 
também é alto. 
 Enfocando, nesse momento, o segundo nível (de quatro a sete pontos), oito 
voluntários se enquadrariam nesse nível: cinco do grupo iniciação e os demais do 
grupo aprimoramento. 
 Desses voluntários em questão, 7,4% relataram que sentiram desconforto 
devido à entrada de água no nariz; outros 7,4% responderam que sentiram 
dificuldade no momento dos rolamentos. E, por fim, 3,2% dos voluntários disseram 
que perderam a noção espacial no momento do rolamento. Os outros voluntários 
desse nível não se sentiram desconfortáveis. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1
po
rc
en
ta
ge
m Água no nariz
Rolamento
Noção Espacial
Sem desconforto
 
Gráfico 4: Elementos de desconforto do nível dois 
 
Ao colocar em categorias os elementos que causam desconforto, verificamos 
que a maioria se enquadra na falta de controle respiratório e também na categoria 
“rolamento”. 
Voltando nossas atenções aos voluntários que se enquadram no nível três, 
verificamos que são, no total, cinqüenta e cinco pessoas. Dessas cinqüenta e cinco, 
três pertencem ao grupo iniciação, vinte e dois ao grupo aprimoramento e trinta ao 
grupo treinamento. 
 Enfocando os elementos que geraram desconforto a esse grupo, temos que 
1,8% se sentiram desconfortáveis por não aprenderem alguns elementos; mais 1,8% 
devido à entrada de água no ouvido; outros 1,8% por ser um exercício diferente do 
que está acostumado a fazer cotidianamente; 1,8% responderam que se sentiram 
desconfortáveis no momento da flutuação; e mais 1,8% por estarem sem os óculos. 
Também 3,6% se sentiram desconfortáveis devido à entrada de água pelo nariz e 
outros 3,6% devido ao fato de ter que decorar a seqüência. Ainda 5,4% dos 
voluntários disseram que perderam a noção espacial. No total, 7,2% relataram que a 
falta de fôlego lhes causou desconforto e mais 7,2% disseram que o motivo foi o 
 
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rolamento de costas. E, por fim, 14,5% responderam que se sentiram desconfortáveis 
no momento da transição entre o rolamento para frente e o rolamento de costas. 
0
10
20
30
40
50
60
1
Po
rc
en
ta
ge
m
Não cotidiano
Agua no nariz
Decorar
Noção Espacial
Fôlego
Rolamento
Transição
Sem desconforto
Flutuação
Ausência de
óculos
 
Gráfico 5: Elementos de desconforto do nível três 
 
Ao colocar os elementos de desconforto em categorias, podemos considerar: 
(1) A transição entre os rolamentos, o fato de não ser cotidiano e o fato de ter 
que decorar a seqüência de exercícios elementos muito próximos, pertencentes, 
portanto, à mesma categoria denominada “Cotidiano”, com a porcentagem de 21,7% 
das respostas. 
(2) O desconforto na flutuação, na ausência de óculos, no controle respiratório 
(entrada de água no nariz e “fôlego”) podem se enquadrar na categoria “Itens da 
Adaptação”, resultante em um total de 12,6% das respostas. 
Resumindo as categorias mais freqüentes em cada um dos níveis, temos que no 
Nível 1 as categorias mais freqüentes são: a falta de controle respiratório e o 
desconhecimento dos elementos da seqüência; no Nível 2 temos as categorias: falta 
de controle respiratório e aprendizado dos rolamentos; e no Nível 3 temos as 
categorias: “Cotidiano” e “Itens da Adaptação”. 
Portanto, chegamos à seguinte conclusão: 
Nível 1: de 0 a 3 pontos: O aluno NÃO está adaptado. 
É essencial o aprendizado de todos os itens da adaptação ao meio líquido, em 
especial a respiração devido a sua importância e a sua dificuldade. 
Nível 2: de 4 a 7 pontos: O aluno está parcialmente adaptado. 
É essencial verificar se a respiração do aluno no meio líquido já está dominada. 
Nível 3: de 8 a 10 pontos: O aluno está adaptado. 
Os elementos da adaptação já devem ser conhecidos e dominados pelos alunos. Eles 
estão prontos para iniciar a aprendizagem dos nados da natação. 
 Tabela 1: Diferentes níveis de adaptabilidade ao meio líquido. 
 
 
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Conclusão 
 
Concluímos que o objetivo central da pesquisa, o de propor uma forma de 
avaliação do nível de adaptabilidade do aluno ao meio líquido foi atingido, uma vez 
que a preocupação central (a validade da pesquisa) foi comprovada. 
 É importante ainda, para a aplicação prática do teste, sabermos que não existe 
uma influência do aprendizado em sua execução e que não é necessária uma máquina 
registradora como material de auxílio ao pesquisador. 
 Ainda ressaltamos que a ficha de interpretação do teste proposta é coerente, 
desde que o profissional trabalhe a adaptação ao meio líquido em um sentido de 
proporcionar todos os tipos de vivências aos alunos, contribuindo para a sua formação 
global. 
 Além disso, propôs-se três níveis de adaptabilidade ao meio líquido como forma 
de auxílio ao professor de natação na classificação de seus alunos e no norteamento 
de seu trabalho. Esses níveis estão de acordo com a pontuação obtida na avaliação e 
os itens a serem aprimorados em cada nível estão de acordo com os relatos dos 
voluntários. 
 
 
 
 
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ANEXO 1 
Entrevista Semi-estruturada anterior e posterior à execução da seqüência de exercícios 
Pesquisa Semi-estruturada anterior à execução da seqüência: 
 
1. Faz quanto tempo que nada? 
2. Em qual desses três grupos você se classificaria? 
( ) Iniciação: estou adaptado ao meio líquido e a iniciação dos nados Crawl e Costas. 
( ) Aprimoramento: é a fase intermediária entre a iniciação e o treinamento esportivo é o nível 
do aprendizado em que passam a ser introduzidas, de forma mais específica e aplicada, as 
técnicas da natação esportiva dos seus quatro nados”. 
( ) Treinamento: Processo Pedagógico de preparação física, técnica, tática, teórica e psicológica 
do nadador, tendo como objetivo o alto rendimento. 
3. Quais os estilos que você sabe nadar? 
4. Qual a maior distância que é capaz de nadar no nado crawl sem intervalos? 
5. Você entra na água sem auxílio? 
 
Pesquisa Semi-estruturada posterior à execução da seqüência: 
 
1. O que você achou da seqüência de exercícios? 
2. Em algum instante se sentiu desconfortável? Por quê? 
 
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ANEXO 2: 
 
Proposta inicial de ficha de avaliação e de escalas de níveis de adaptabilidade ao meio líquido. 
1. Propulsão com os pés 
 Sim Não 
Impulso com as duas pernas 
 
2. Rolamento para frente 
 Sim Não 
Efetua Rotação 
Utiliza as mãos como sustentação durante o movimento 
 
3. Rolamento para trás 
 Sim Não 
Efetua Rotação 
Utiliza as mãos como sustentação durante o movimento 
 
4. Flutuação em estrela 
 Sim Não 
Permanece em flutuação sem auxílio 
Pernas e braços estendidos e relaxados 
 
5. Soltar o ar pela cavidade nasal 
 Sim Não 
Solta o ar pela cavidade nasal 
 
6. Imersão em estrela 
 Sim Não 
Permanece na posição de estrela 
 
7. Emersão na posição bípede 
 Sim Não 
Emerge na posição bípede 
 
 
 
Data de recebimento: 19 /5/09 
Data de aceite: 29/07/09 
 
 
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