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Patologia Especial I Gabriela Monari t6 Aula 03 Doenças do Estômago Introdução Anatomicamente, o estômago é dividido em quatro partes: ✓ Cárdia: corresponde a transição entre esôfago e estômago ✓ Fundo: dilatação superior do estomago ✓ Corpo: corresponde a maior parte do estomago ✓ Piloro/Antro: representa a saída do estomago O piloro é dividido em duas áreas: ✓ Antro pilórico: conectado ao estômago ✓ Canal pilórico: conectado ao duodeno, o conteúdo do canal pilórico entra no duodeno via orifício pilórico Esfíncter pilórico/piloro: separa o estomago do duodeno e controla o conteúdo do canal pilórico Curvaturas do estomago: o estomago é formado por pregas/rugas gástricas longitudinais que partem da região da cárdia até a região do antro, essas pregas possuem a capacidade de se distender. Em condições normais as pregas possuem superfície lisa, coloração rosada homogênea e é brilhante devido ao muco ✓ Curvatura maior: curvatura mais longa e convexa, localizada do lado esquerdo do estomago, ela começa na incisura cardíaca – entre a borda do esôfago e o fundo ✓ Curvatura menor: curvatura mais curta encontrada do lado direito, contém a incisura angular – marca a linha de interseção entre o corpo e a parte pilórica do estomago Há três tipos de glândulas no estomago: todos os três tipos de glândulas são estruturas tubulares longas e ramificadas que se estendem por toda a espessura da lâmina própria ✓ Cárdicas: encontradas na cárdia – produzem muco ✓ Gástricas: encontradas no corpo e fundo – produzem suco digestivo – ricas em células parietais (principais produtoras de enzimas digestivas) ✓ Pilóricas: encontradas no piloro – produzem muco O muco protege o revestimento do estomago formando uma barreira física contra o HCl Células do estomago: Estômago saudável: as pregas possuem superfície lisa, coloração rosada homogênea e brilhante devido ao muco Patologia Especial I Gabriela Monari t6 ✓ Células epiteliais faveolares: contém células G que secretam gastrina – a gastrina estimula as células parietais a produzir HCl. Encontradas no piloro/antro do estomago . ✓ Células parietais: produzem ácido clorídrico e fator intrínseco – necessário para absorção da vitamina B12. Encontradas no corpo e fundo do estomago ✓ Células principais: produzem pepsinogênio e lipase – sendo a pepsina para a digestão de proteína e a lipase a digestão de lipídeos. Localizadas no corpo do estômago Fatores de proteção da mucosa gástrica: ✓ Células epiteliais: barreira física – contra o quimo e contra o ácido presente no estomago ✓ Muco: bicarbonato – neutralização para manter o pH do estomago ✓ Regeneração gástrica: 3 a 7 dias ✓ Rico suprimento vascular: oxigênio, nutrientes e bicarbonato removem o ácido da lâmina própria ✓ Prostaglandinas: influencia todas as ações acima, além de favorecer o processo de regeneração epitelial e podem diminuir a secreção de HCl pelas células parietais Células faveolares produzem mucina → forma uma camada fina de muco que impede que as partículas de alimentos toquem diretamente o epitélio Fatores de agressão da mucosa gástrica: ✓ H. pylory ✓ AINEs – inibem prostaglandinas ✓ Tabagismo ✓ Álcool ✓ Hiperacidez gástrica ✓ Refluxo duodenal gástrico Atrofia da mucosa: perda significativa das células parietais → diminuição de H+ e Cl → crescimento de bactérias produtoras de nitrosaminas carcinogênicas → lesão no DNA Metaplasia intestinal → aumenta risco de adenocarcinoma gástrico → desaparece com a retirada do agente agressor Lesões ulceradas: ✓ Benigna: borda bem definida, mesmo nível da mucosa adjacente e pregas convergentes ✓ Maligna: borda não está bem definida e não segue o mesmo padrão da pregas Antro/piloro: células epiteliais foveolares – Células G → gastrina → estimula células parietais → HCl Corpo e fundo : células parietais e fator intrínseco Corpo: células principais Patologia Especial I Gabriela Monari t6 Histologia O estomago apresenta quatro camadas, da camada interna para a externa são: ✓ Mucosa: epitélio colunar simples ✓ Submucosa: tecido conjuntivo frouxo + vasos sanguíneos e nervos ✓ Muscular externa: contém três camadas de músculo liso - Oblíqua interna - Circular média - Longitudinal média ✓ Serosa: peritônio visceral Mucosa: ✓ É formada por uma camada de epitélio superficial e uma lâmina própria e muscular da mucosa subjacente ✓ Fóveolas gástricas: invaginações do epitélio superficial, conectam-se as glândulas gástricas e permitem que os produtos glandulares sejam secretados no lúmen do estomago. ✓ Lâmina própria: camada de tecido conjuntivo localizada abaixo do epitélio de superfície, contém vasos sanguíneos e linfáticos, tecido linfoide e envolve as glândulas gástricas ✓ Muscular da mucosa: duas camadas finas de musculo liso, separa a lâmina própria da submucosa subjacente. Sua função é ajudar a expulsar as secreções das glândulas gástricas para o lúmen do estomago - Camada interna: fibras circulares - Camada externa: fibras dispostas longitudinalmente Submucosa: ✓ Espessa camada de tecido conjuntivo, contém o plexo submucoso – Meissner Muscular Externa: ✓ Musculo liso localizado profundamente a submucosa composto por 3 camadas: obliqua interna, circular média e longitudinal externa ✓ Contém o plexo miontérico – de Aurbach Serosa: ✓ Epitélio pavimentoso escamoso simples e uma fina camada de tecido conjuntivo subjacente ✓ A camada serosa é continua com o peritônio Histologia das Glândulas Gástricas: ✓ Cada glândula reveste minhas pregas e cada prega vai ser revestida por um epitélio glandular que sofre invaginações ✓ Fossetas: invaginações das glândulas gástricas que o epitélio colunar simples sofreu Patologia Especial I Gabriela Monari t6 Definição: é um processo inflamatório transitório da mucosa que pode ser assintomático ou provocar graus variáveis de dor epigástrica, náuseas e vomito. Em casos mais graves pode ocorrer erosão da mucosa, ulceração, hemorragia, hematêmese, melena ou raramente perda maciça de sangue A gastrite aguda desaparece se você tirar o agente agressor Patogenia da gastrite: ✓ A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura dos mecanismo de proteção do estomago ✓ ↓ mucina ✓ Fármacos anti-inflamatórios (AINEs) – inibem COX → inibe prostaglandina ✓ ↓ a secreção de bicarbonato – aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões ✓ Ingestão de álcool – o álcool pode causar a desunião das células epiteliais degradando o muco ✓ Tabagismo – as substâncias tóxicas do cigarro acabam gerando isquemia → vasoconstrição → necrose ✓ Hiperacidez gástrica ✓ Refluxo duodenal gástrico Morfologia: ✓ A lâmina própria exibe apenas edema moderado e congestão vascular discreta ✓ Presença de neutrófilos dispersos Os sinais e sintomas associados a gastrite crônica geralmente são menos graves, mas mais persistentes do que da gastrite aguda. Principal causa da gastrite crônica: H. pylory Erosão: perda de epitélio superficial, LIMITADO A LÂMINA própria Ulceração: é mais profunda, e ultrapassa a lâmina própria Patologia Especial I Gabriela Monari t6 Possíveis complicações da gastrite crônica: ✓ Úlcera péptica ✓ Doença proliferativa ✓ Gastrite atrófica crônica → adenocarcinoma gástrico ✓ Gastrite crônica superficial Alterações morfológicas microscopicamente na gastrite crônica: ✓ Intenso infiltrado linfoplasmocitário mononuclear – linfócitos + plasmócitos ✓ Inflamação ativa – neutrófilos por entre minhas células epiteliais ✓ Agregados linfoides – linfócitos que se organizam em uma estrutura arredondada Fatores do hospedeiro: alguns pacientes estãosujeitos a desenvolverem uma gastrite crônica pois apresentam: ✓ ↑ Citocina pró-inflamatória e ↓ das anti-inflamatórias – favorecem a inflamação ✓ Polimorfismo genético Gastrite por H. pylory Patogenia: gastrite predominantemente antral com alta produção de ácido. Gastrite está limitado ao antro , ↑ risco de úlcera duodenal Fatores de virulência : ✓ Urease: ureia endógena → amônia → amônia aumenta pH → aumenta sobrevivência do vírus ✓ Flagelo: movimentação pelo muco ✓ Proteases e lipases: degradam o muco e conseguem se aproximar das células endoteliais favorecendo a ativação da resposta inflamatória ✓ Adesinas: aderência das bactérias ao epitélio ✓ Toxinas: algumas cepas do H. pylory principalmente a CagA está associada ao maior número de casos de úlceras gástricas devido a intensa resposta inflamatória que favorece o surgimento de câncer gástrico (adenocarcinoma gástrico) que pode levar a uma atrofia da mucosa gástrica ao surgimento de uma metaplasia intestinal (metaplasia + displasia) Pangastrite: inflamação localizada em TODA mucosa do estomago Gastrite Autoimune É caracterizada por: Patologia Especial I Gabriela Monari t6 ✓ Anticorpos para as células parietais e fator intrínseco que podem ser detectados no soro e secreções gástricas ✓ Redução dos níveis séricos de pepsinogênio I ✓ Hiperplasia das células endócrinas antrais ✓ Vitamina B12 deficiente ✓ ↓ de ácido gástrico ✓ Produção de anticorpos específicos contra as células parietais (cai a produção de ácido) Patogenia: está associada a perda das células parietais – secretam HCl e fator intrínseco. ✓ ↓ de ácido → estimula gastrina → estimula células G – Hiperplasia das células g e hipergastrinemia ✓ Ausência de fator intrínseco → desativa a absorção de vitamina B12 → deficiência de B12 → anemia megaloblástica (perniciosa) ✓ Concentração reduzida de pepsinogênio I → perda de células principais Morfologia: ✓ Danos difusos da mucosa oxínticas – produtora de ácido dentro do corpo e fundo do estomago ✓ Não há lesões ao antro e cárdia ou elas são muito leves ✓ Com atrofia difusa a mucosa oxínticas do corpo e fundo fica adelgaçada e as pregas/rugas são perdidas ✓ Pode haver presença de neutrófilos, mas o infiltrado inflamatório é mais comumente composto de linfócitos, macrófagos e células plasmáticas ✓ A perda de células parietais e células principais pode levar → metaplasia intestinal Diagnóstico: ✓ Dosagem sérica de auto-Acs anti-células parietais ✓ Imuno-histoquímica/Imunofluorescência em biopsia Comumente associada a H. pylory, pode ocorrer em qualquer parte do TGI exposto a sucos gástricos ácidos, mas é mais comum no antro gástrico e na primeira porção do duodeno. Também pode ocorrer no duodeno → DRGE e no intestino delgado devido → divertículo de Merckel Patogenia: ✓ Principal causa: H.pylory e uso constante de AINEs ✓ Os desequilíbrios de defesas das mucosas e as forças prejudiciais que causam gastrite crônica também são responsáveis pela úlcera péptica assim a úlcera péptica geralmente se desenvolve em um fundo de gastrite crônica ✓ Cofatores: tabagismo – prejudica o fluxo sanguíneo da mucosa e a cicatrização, alta dose de corticoides – suprimem a síntese de prostaglandinas e prejudicam a cicatrização Patologia Especial I Gabriela Monari t6 ✓ São mais frequentes em pessoas com cirrose, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica e hiperparatireoidismo – na insuficiência renal crônica e o no hiperparatireoidismo → hipercalcemia → estimula gastrina → aumenta secreção de ácido ✓ Estresse psicológico pode aumentar a produção de ácido gástrico e exacerbar a úlcera péptica Morfologia: ✓ Lesão isolada única ✓ 80% dos casos ocorrem na primeira porção do duodeno logo após o esfíncter pilórico e 20% dos casos ocorre na região do corpo do estomago na curvatura menor ✓ Úlceras gástricas x Úlceras pépticas: - Úlceras gástricas são múltiplas e pequenas já as úlceras pépticas possuem tamanhos variáveis - Superficiais: menor que 0,3 cm são superficiais, restrita na mucosa até a muscular da mucosa - Profundas: maior que 0,6 cm podem chegar até a serosa ✓ A base das úlceras pépticas é lisa e limpa composta por tecido de granulação ricamente vascularizado Possíveis complicações da úlcera péptica: ✓ Hemorragia ✓ Perfuração ✓ Estenose – diminuição da luz do órgão
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