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Direito Civil - Coisas - POSSE

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POSSE. 
 
Relação de fato entre a pessoa e a coisa. 
Relação que tem aparência jurídica. 
Estado de fato protegido pelo direito. 
 
Objeto da posse. 
Tudo que seja passível de uso, fruição, disposição ou reinvindicação. A 
ideia de posse interessa não só as relações jurídicas referentes patrimoniais, 
bem mais amplo do que o objeto da propriedade. Coisas corpóreas e 
incorpóreas (coisas incorpóreas não são tratadas em direito civil VI). 
 
Teorias da posse. 
1. Teoria Subjetiva: SAVIGNY. 
2. Teoria Objetiva: JHERING. 
3. Teoria Sociológica da Posse: século XX. 
 
Teoria subjetiva: SAVIGNY. 
Corpus + animus. 
Elemento objetivo + elemento subjetivo. 
 
Quer ser dono da coisa! 
Tem a coisa (corpus) e tem a intenção de ser dono (animus). Precisa 
comprovar que realmente tem a coisa e é quer ser dono da coisa. 
Posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma coisa, 
com intenção de tê-la para si e de defende-la contra a intervenção de outrem. 
Para que o estado de fato da pessoa em relação à coisa se constitua em 
posse, que ao elemento físico (corpus) venha juntar-se a vontade de proceder 
em relação à coisa como procede o proprietário (affectio tenendi), mais a 
intenção de tê-la como dono (animus). 
Se faltar esta vontade interior, esta intenção de proprietário (animus 
domini), existirá simples detenção e não posse. 
 
 
Elementos constitutivos da posse. 
Poder físico sob a coisa (corpus – não é a coisa em si, é o poder físico 
da pessoa sobre a coisa) – a mera apreensão, estado de poder sobre a coisa. 
A intenção de tê-la como sua (animus) e exercer sobre ela direito de 
propriedade. 
 
Teoria objetiva: JHERING. 
Não precisa demonstrar a intenção de “dono”. Se alugar a casa, será 
possuidor da casa, tem direitos de possuidor sobre a casa, não tem vontade de 
ser dono, de comprar a casa, só de usar durante o aluguel. 
Teoria objetiva da posse ou teoria simplificada da posse. 
Basta o corpus visto que o ânimus já está implícito pelo simples fato de 
você deter a coisa. 
Para essa teoria, dentro do conceito de corpus está uma intenção, não o 
animus de ser proprietário, mas sim de explorar a coisa com fins econômicos. 
Vontade de proceder como procede habitualmente o proprietário – 
affectio tenendi – independentemente de querer ser dono. 
A posse é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o 
poder de dispor da coisa. * a posse de um possuidor até pode exteriorizar a 
coisa, mas em geral é do proprietário (aluguei a casa e o proprietário não pode 
entrar na propriedade), pode se opor até o final do contrato. 
 
 
Teoria sociológica da posse: século XX. 
 A posse tem uma finalidade que é função social. * 
 Toda vez que se encontrar dentro da posse a função social ela deve ser 
prestigiada. 
 Toda vez que não se encontrar a função social o titular da posse deve 
ser repreendido (ex: IPTU progressivo – área enorme dentro da cidade que não 
dá nenhum destino a esse imóvel). 
 
POSSE, art. 1.196 – CC. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, 
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
 
Art. 1.228 – CC. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha. 
 
 Posse é um estado de poder socioeconômico sobre a coisa, estado de 
poder de fato sobre uma coisa. A posse não é apêndice da propriedade. É um 
instituto tão importante quanto a propriedade e poder prevalecer em detrimento 
da propriedade. 
 Natureza jurídica da posse: FATO ou DIREITO: 
Corrente Eclética: Savigny – FATO E DIREITO. Considerada em si 
mesma é um fato, mas considerando os efeitos que produz é um direito. 
TARTURE – A posse pode ser conceituada como sendo o domínio fático 
que a pessoa exerce sobre a coisa (...) a posse constitui um direito, com 
natureza jurídica especial. 
Para Ihering, a posse é um direito (que tem por causa determinante um 
fato). 
É um interesse juridicamente protegido. 
 
Posse: direito real ou pessoal? 
 Maria Helena entende que a posse é um direito real porque é a 
visibilidade do direito de propriedade. Ela aplica o princípio de que o 
acessório segue o principal – PROPRIEDADE: principal – POSSE: 
acessório. 
 CAIO MÁRIO segue Maria Helena: Sem embargo de opiniões em 
contrário, é um direito real, com todas as suas características; 
 POSSE É UM DIREITO ESPECIAL – TARTUCE (2019): 
Na visão clássica, muitos juristas enfrentaram muito bem a questão, 
como fez José Carlos Moreira Alves (Posse..., 1999, v. II, t. I, p. 69-137). Esse 
doutrinador aponta duas grandes correntes, a que afirma se tratar de um mero 
fato e outra pela qual a posse, realmente, constitui um direito. 
A segunda corrente, que prega o entendimento de que a posse é um 
direito é a que acaba prevalecendo na doutrina. Nessa linha igualmente se 
posiciona este autor. Isso porque a posse pode ser conceituada como sendo o 
domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa. A partir dessa ideia, 
levando-se em conta a teoria tridimensional de Miguel Reale, pode-se afirmar 
que a posse constitui um direito, com natureza jurídica especial. Como 
afirmado no capítulo anterior, a posse é um conceito intermediário, entre os 
direitos pessoais e os direitos reais. 
Mas esse caráter híbrido não tem o condão de gerar a conclusão de que 
não constitui um direito propriamente dito. 
 
 DETENÇÃO X POSSE. 
Art. 1.198, art. 1.208 – CC. 
1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Tem dependência, posse em nome de outrem e tem ordens. O detentor 
depende do possuidor (não possui no nome dele). 
Detentor não tem legitimidade para ajuizar ou contestar ação 
possessória. 
 “Fâmulo da Posse”, art. 1.208 - Não induzem posse os atos de mera 
permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos 
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
 
 Permissão e tolerância. 
O detentor não tem direitos possessórios, o proprietário pode possuir a 
coisa, o detentor não. 
Detentor não tem direito a benfeitorias porque não tem posse. 
Detentor pode virar possuidor se ocorrer o ânimus – cessada a violência 
ou clandestinidade. 
 
Aquisição da pose. 
Art. 1.204 – CC - Adquire-se a posse desde o momento em que se torna 
possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à 
propriedade. 
Art. 1.205 – CC - A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a 
pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo 
de ratificação. 
 
 Classificação da posse. 
 Quanto ao desdobramento – direta ou indireta. 
 Quanto à presença de vícios – justa ou injusta. 
 Quanto a boa-fé – boa-fé ou má-fé. 
 Quanto a presença de título – posse com ou sem título. 
 Quanto ao tempo – posse nova e posse velha. 
 Quanto aos efeitos – posse ad interdicta e ad usucapionem. 
 Quanto a exclusividade – exclusiva, composse e paralelas. 
 
 
 
Quanto à presença de vícios. 
 
Quanto a presença de vícios (momentos da aquisição da posse). 
 Posse violenta. 
 Posse clandestina. 
 Posse precária. 
 
Convalescimento dos vícios. 
"A violência e a clandestinidade podem, porém, cessar. Nesse caso, dá-se, 
segundo expressão usada por alguns doutrinadores, o convalescimento dos 
vícios. Enquanto não findam, existe apenas detenção. Cessados, surge a posse, 
porém injusta, em relação a quem a perdeu. Com efeito, dispõe o retro transcrito 
art. 1.208 do Código Civil que não induzem posse os atos violentos ou 
clandestinos, 'senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade’” 
 
Posse precária não convalida. 
GONÇALVES: O que ocorre,de fato, prossegue o mencionado autor, “é que, por 
algum tempo (enquanto não cessar a violência ou clandestinidade), o esbulhador 
terá mera detenção. Cessadas uma e outra, a situação transmudar-se-á em 
posse. Ao passo que o precarista, sem transição, passará de possuidor justo a 
injusto, em relação ao esbulhado. 
 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o 
mesmo caráter com que foi adquirida. 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do 
possuidor com os mesmos caracteres. 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu 
antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do 
antecessor, para os efeitos legais. 
Posse Continuada – Transmissão da posse – Soma das Posses 
 
Posse de boa-fé e de má-fé. 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo 
que impede a aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-
fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta 
presunção. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o 
momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora 
que possui indevidamente. 
Não se pode considerar de boa-fé a posse de quem, por erro inescusável, 
ou ignorância grosseira, desconhece o vício que mina sua posse. 
EXEMPLO GONÇALVES: Um testamento, pelo qual alguém recebe um 
imóvel, por exemplo, ignorando que o ato é nulo, é hábil, não obstante o vício, 
para transmitir-lhe a crença de que o adquiriu legitimamente. Essa crença, 
embora calcada em título defeituoso, mas aparentemente legal, produz efeito 
igual ao de um título perfeito e autoriza reputar-se de boa-fé quem se encontrar 
em tal situação. 
Posse de boa-fé é posse justa? A posse de boa-fé nem sempre configura 
posse justa, como a de má-fé pode não se caracterizar como injusta. A posse de 
quem adquire uma coisa, ignorando que o transmitente a assumira mediante 
violência, se qualifica como de boa-fé e injusta. (Ver arts. 1.203 a 1.207 do CC) 
 
 Quanto a presença de título. 
POSSE COM TÍTULO: Situação em que há uma causa representativa da 
transmissão da posse, caso de um documento escrito, como ocorre na vigência 
de um contrato de locação ou de comodato, por exemplo. 
POSSE SEM TÍTULO: Situação em que não há uma causa 
representativa, pelo menos aparente, da transmissão do domínio fático. A título 
de exemplo, pode ser citada a situação em que alguém acha um tesouro, 
depósito de coisas preciosas, sem a intenção de fazê-lo. Nesse caso, a posse é 
qualificada como um ato-fato jurídico, pois não há uma vontade juridicamente 
relevante para que exista um ato jurídico. 
 
Quanto ao tempo. 1 ano e 1 dia. 
Posse Nova: Até 1 ano e 1 dia à dá direito a liminar. 
Posse Velha: Após 1 ano e 1 dia. à não dá direito a liminar. 
 
 
Quanto aos efeitos. 
POSSE AD INTERDICTA: Constituindo regra geral, é a posse que pode 
ser defendida pelas ações possessórias diretas ou interditos possessórios. Essa 
posse não conduz à usucapião. 
POSSE AD USUCAPIONEM: Exceção à regra, é a que se prolonga por 
determinado lapso de tempo previsto na lei, admitindo-se a aquisição da 
propriedade pela usucapião, desde que obedecidos os parâmetros legais. Posse 
usucapível pela presença dos seus elementos, que serão estudados 
oportunamente. A posse ad usucapionem deve ser, em geral, mansa, pacífica, 
duradoura por lapso temporal previsto em lei, ininterrupta e com intenção de 
dono (alguns tipos exigem mais requisitos). 
 
Quanto a exclusividade. 
Exclusiva: a posse de um único possuidor. É aquela em que uma única 
pessoa, física ou jurídica, tem, sobre a mesma coisa. (posse plena direta ou 
indireta). 
A posse exclusiva pode ser plena ou não. 
Plena é a posse em que o possuidor exerce de fato os poderes inerentes 
à propriedade, como se sua fosse a coisa. 
 
Composse: art. 1.199 – CC. “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa 
indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que 
não excluam os dos outros compossuidores”.

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