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CONTABILIDADE BÁSICA Aline Alves dos Santos Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os princípios contábeis. Analisar as técnicas contábeis. Utilizar as técnicas contábeis. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados às técnicas contábeis e suas aplicações dentro das empresas, observando que elas devem ser elaboradas obedecendo aos princípios de contabilidade. Este capítulo apresentará conhecimentos sobre os princípios contá- beis, as técnicas contábeis e como utilizá-las. Princípios contábeis O profi ssional contábil deve observar, no exercício da sua profi ssão, a aplicação dos princípios contábeis impostos no Brasil por leis e normas e pelo órgão competente, nesse caso ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Os prin- cípios de contabilidade são a base da atividade, constituindo-se de atributos e veracidade, mantendo a validade, independentemente das circunstâncias. Os princípios da contabilidade devem ser considerados para todos os patrimônios e todas as entidades, defi nindo critérios, procedimentos e técnicas sobre “como fazer”, nos aspectos substantivos e formais. É possível afi rmar, com base no CFC (2008), em relação aos princípios contábeis: brendo.silva Realce Os princípios simplesmente são e, portanto, preexistem às normas, fundamen- tando e justificando a ação, enquanto aquelas a dirigem na prática. No caso brasileiro, os princípios estão obrigatoriamente presentes na for- mulação das Normas Brasileiras de Contabilidade, verdadeiros pilares do sistema de normas, que estabelecerá regras sobre a apreensão, o registro, relato, demonstração e análise das variações sofridas pelo patrimônio, bus- cando descobrir suas causas, de forma a possibilitar a feitura de prospecções sobre a Entidade e não podem sofrer qualquer restrição na sua observância (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008, p. 20). A Resolução CFC nº. 1.282/10 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABI- LIDADE, 2010) atualizou e consolidou a Resolução CFC nº. 750/93 que trata dos princípios de contabilidade, a seguir citados: entidade; continuidade; oportunidade; registro pelo valor original; competência; prudência. É necessário destacar que as resoluções que tratavam dos princípios citados anteriormente (nº. 750/93 e 1.282/10) foram revogadas a fim de evitar discor- dâncias na aplicação das práticas contábeis pelos profissionais da área. Os princípios contábeis foram consolidados pela NBC TSP – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público que passou a vigorar em 1º de janeiro de 2017. De acordo com Girotto, referente à revogação da Resolução CFC nº. 750/93: Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das Estruturas Conceituais dos setores privado e público, passaram a ser comportados dentro das normas específicas, respectivamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (Re- solução nº. 1.374/2011) e NBC TSP EC (GIROTTO, 2016, documento on-line). A NBC TSP passa a apresentar os princípios que são aplicáveis à seleção da informação. As decisões sobre qual informação deve ser apresentada e demonstrada deve considerar: Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade2 [...] os objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil; a) as características qualitativas e as restrições das informações contidas nos RCPG; e b) os fenômenos econômicos relevantes e outros fenômenos sobre os quais a informação seja necessária (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDA- DE, 2016, p. 55). Seleção da informação As decisões referentes à apresentação da informação são aplicáveis tanto às demonstrações contábeis, quanto aos demais RCPG (Relatório Contábil de Pro- pósito Geral das Entidades do Setor Público). Os objetivos do desenvolvimento e da divulgação da informação contábil procuram nortear a identifi cação da informação para a apresentação. A identifi cação da informação para eviden- ciação e disposição em RCPG em particular pode contemplar a elaboração de: princípios de classificação; lista de tipos gerais referente a informações que são evidenciadas e de lista similares de espécies diversas de informações que são apresentadas; listas de informações exclusivas, em que os que geram a informação necessitam apresentar. Disposição da informação em diferentes relatórios Os elementos importantes para a tomada de decisão relativa à destinação da informação entre as demonstrações contábeis e outros RCPGs contemplam: natureza, quanto à origem da informação; especificidade de jurisdição, quanto aos dispositivos legais e válidos; conexão, considerando que a informação extra pode ou não estar vin- culada ou inserida no relatório existente. Localização dos dados dentro do relatório Por meio da localização é possível encontrar informações que estão utilizando técnicas de apresentação apropriadas. “A localização da informação nas de- monstrações contábeis contribui para representar um panorama financeiro mais abrangente da entidade. NBC TSP EC” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016, p. 57). 3Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce Classificação da informação A organização da informação busca auxiliar visando o alcance dos objetivos da elaboração e da publicação da informação contábil. O intuito é garantir que as mensagens-chave sejam entendidas de forma clara, reconhecendo as relações importantes e enfatizando adequadamente a informação que transmite mensagens-chave, facilitando a comparabilidade das informações. Ordenação da informação nas demonstrações contábeis A informação apresentada nas notas explicativas das demonstrações contábeis é estruturada de maneira que as relações com os elementos apresentados nas demonstrações contábeis sejam transparentes. As notas explicativas repre- sentam parte integrante das demonstrações contábeis. A organização da informação nas demonstrações contábeis inclui decisões sobre: (a) o tipo e o número de demonstrações; (b) o detalhamento dos totais em subcategorias significativas; (c) o ordenamento e o agrupamento de itens expostos em cada demonstração; (d) a identificação de agregados (aditivos ou subtrativos); e (e) a identificação de outra informação para inclusão na demonstração (CON- SELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016, p. 60). Classificação dos dados em outros RCPGs A classifi cação da informação favorece o confronto ao esclarecer quando determinados elementos são semelhantes ou não. O confronto intertemporal é possível ao prevenir mutações na maneira em que a informação é classifi cada para a mesma empresa, ano após ano, a menos que essas alterações melhorem a relevância e a compreensibilidade. Apresentação das técnicas contábeis De acordo com Santos (2014), a contabilidade tem objetivos específi cos que são alcançados por meio das técnicas contábeis. São tipos de técnicas contábeis: Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade4 brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce escrituração; demonstrações contábeis; auditoria; análise de balanço. Escrituração A escrituração é o registro contábil de todas as movimentações patrimoniais que ocorrem na empresa e que devem ser realizadas em conformidade com os princípios de contabilidade e normas contábeis vigentes. O registro contábil deve ser realizado de modo cronológico, ou seja, de acordo com o período em que aconteceram, sendo registrados pelo idioma do país de localização da empresa e na moeda corrente do país. Os registros contábeis devem ser efetuados de forma legível e não podem existir espaços vazios, entrelinhas, erros ou rasuras, emendas ou borrões. Para que os registros contábeis sejam realizados, os mesmos devem ser fundamen- tados na documentaçãoque comprovem os fatos contábeis. Sendo necessária a correção de algum registro realizado de modo indevido, o mesmo deve ocorrer mediante o estorno do lançamento. O estorno é usado na ocorrência de lançamentos feitos em duplicidade ou quando são realizados de forma errada, ou seja, lançados indevidamente no débito ou no crédito. Sempre que algum lançamento for realizado de modo indevido deve ser feito o estorno por outro lançamento que tem por objetivo regularizar o lançamento da conta debitada ou creditada indevidamente, mediante a alteração para a conta apropriada (SANTOS, 2014). Os fatos contábeis são movimentações que geram reflexos no patrimônio. Podemos citar, entre elas, a venda de produtos, o pagamento de despesas, a compra de matéria- -prima, entre outros (PAVIANI, 2008). Conforme Paviani (2008), a documentação utilizada para o registro contábil é composta por notas fiscais, faturas, comprovantes de pagamento e de recebi- mento, entre outros. Toda a documentação disponível para o registro deve ser idônea. Todas essas transações modificam o valor do patrimônio da empresa. 5Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce A escrituração contábil é realizada nos livros Diário e Razão, sendo estes considerados como os mais importantes dentro da empresa. Com eles é pos- sível reconhecer todas as transações realizadas, o tipo de transação, a data da ocorrência, o valor, com quem foi realizada a transação e de que forma ela impacta na empresa. Livro Diário: registra todas as operações ocorridas em uma data específica, em ordem cronológica, de forma individualizada, de modo claro e com identificação do documento utilizado para o registro. Livro Razão: método individualizado para demonstrar o Livro Diário, considerando que este último apresenta a movimentação diária da empresa. O Livro Razão apre- senta as contas de forma isolada, ou seja, ele evidencia o que foi registrado em cada conta, facilitando a conciliação de saldos e a busca por determinados valores. Os registros são realizados uma única vez no sistema, sendo posteriormente gerados os livros de acordo com os critérios definidos por cada empresa (MARION, 2015). De acordo com Santos (2014), a obrigatoriedade da escrituração está com- preendida também no projeto Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) que foi instituído pelo Decreto nº. 6022/07, que contempla o SPED Contábil, ou Escrituração Contábil Digital (ECD), e o SPED Fiscal, ou Escrituração Fiscal Digital (EFD). O projeto SPED busca a substituição da escrituração em papel pela escri- turação digital de toda a movimentação da empresa, devendo tais arquivos ser transmitidos de modo digital aos órgãos competentes. A escrituração digital é uma obrigatoriedade às empresas tributadas pelo lucro real e lucro presumido nos seguintes livros: I. Livro Diário e seus auxiliares, se houver; II. Livro Razão e seus auxiliares, se houver; III. Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos (BRASIL, [2018], documento on-line). Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade6 brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Sublinhado brendo.silva Sublinhado brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce Demonstrações contábeis Conforme Santos (2014), as demonstrações contábeis, também denominadas de demonstrações fi nanceiras correspondem à representação gráfi ca relativa aos fatos ocorridos em um período específi co na empresa. As demonstra- ções contábeis são analisadas por diversos usuários da contabilidade, como acionistas, clientes, fornecedores, entre outros, e por esse motivo devem ser apresentadas de modo claro, ou seja, precisam ser escrituradas de maneira que possam ser compreendidas por qualquer pessoa. São características das demonstrações contábeis: característica de qualidade; característica de melhoria. Sobre as características de qualidade e melhoria das demonstrações con- tábeis, conforme NBC TG – Estrutura Conceitual: Divisão das características qualitativas da informação contábil-financeira em: (a) características qualitativas fundamentais (fundamental qualitative charac- teristics – relevância e representação fidedigna), as mais críticas; e (b) características qualitativas de melhoria (enhancing qualitative characte- ristics – comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibi- lidade), menos críticas, mas ainda assim altamente desejáveis CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2011, p. 7). As demonstrações contábeis devem obedecer aos princípios da contabili- dade e possuir características qualitativas e possuir relevância e apresentar de forma fidedigna a finalidade ao qual se propõem. Uma informação é relevante quando afeta de alguma forma a tomada de decisão de um usuário. Veja a seguir os tipos de demonstrações contábeis. Balanço Patrimonial (BP): demonstra a posição fi nanceira e patrimonial da empresa, onde são apresentados os bens, direitos e obrigações que a mesma possui, durante o exercício social. Por meio dessa demonstração contábil são apresentadas de forma padrão os saldos de todas as contas representativas do patrimônio empresarial, além de indicar a intenção da empresa referente aos prazos de realização dos bens e direitos, do mesmo modo o cumprimento das suas obrigações. 7Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): demonstra a composição do resultado econômico da empresa de acordo com um exercício social específi co. A composição pode ser evidenciada relativa a outro período, como mensal, semestral, entre outros. Nesta demonstração contábil são apresentadas as receitas, as despesas, os ganhos e perdas, lucro ou prejuízo líquido da empresa. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA): essa de- monstração contábil apresenta a conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” que está inserida no Patrimônio Líquido. A função dessa demonstração contábil é complementar as informações da DRE e do BP. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL): acompanha o fl uxo ocorrido durante o exercício social conforme as contas que contemplam o Patrimônio Líquido. Essa demonstração contábil aponta os motivos dessa movimentação, ou seja, refl ete a causa do aumento ou da diminuição de cada uma das contas. Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC): representa um relatório contábil que apresenta o fl uxo monetário de um período em comparação ao período imediatamente anterior, demonstrando a mutação da conta caixa e equivalentes de caixa. Essa demonstração contábil apresenta todas as entradas e saídas de dinheiro ocorridas na empresa, indicando as variações do período, no saldo da conta caixa e equivalentes, abordando as transações, os investimentos e os fi nanciamentos. A DFC passou a ser obrigatória a partir da vigência da Lei nº. 11.638/07 para todas as empresas de capital aberto ou que apresentem na data do balanço patrimônio líquido acima de R$ 2 milhões. Demonstrações do Valor Adicionado (DVA), se companhia aberta: obri- gatória somente para companhias abertas, buscando evidenciar a origem e a riqueza gerada pela empresa, demonstrando a distribuição da riqueza e os valores que foram inseridos nos meios de produção. A DVA utiliza informações das contas de resultado. Notas explicativas: apresentam informações complementares a fi m de facilitar o entendimentodas informações aos seus usuários. As notas explicativas podem contemplar demonstrações contábeis, gráfi cos e tabelas. Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade8 brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce Todas as demonstrações contábeis são impostas, exceto a DMPL, pois essa não está definida na Lei nº. 6.404/76 art. 176 (BRASIL, 1976) e na Lei nº. 11.638/07 (BRASIL, 2007), buscando padronizar a contabilidade visando atender à economia de forma global, especialmente ao mercado de capitais, uniformizando as informações inseridas no BP e na DRE (SANTOS, 2014). Auditoria De acordo com Ribeiro e Coelho (2013), a auditoria é uma das técnicas con- tábeis que busca executar procedimentos selecionados buscando adquirir evidência referente aos valores e divulgações que foram apresentados nas demonstrações contábeis. A auditoria pode ser interna ou externa. Ribeiro e Coelho (2013, p. 2) defi nem a auditoria interna: A auditoria interna ou operacional é aquela executada por auditores que in- tegram o quadro de empregados da própria entidade. Consiste no exame, na avaliaç ã o e no monitoramento da adequação e efetividade do controle interno, com o objetivo de adicionar valor e melhorar as operaç õ es de uma organização. Com relação à auditoria externa, Ribeiro e Coelho (2013, p. 2) afirmam que a “auditoria externa ou independente é aquela executada por auditores independentes, ou seja, por contadores devidamente habilitados a exercer atividades de auditoria nas organizações que os contratam para esse fim”. O processo de auditoria é utilizado buscando elevar o grau de confiabilidade dos usuários em relação a seu objeto. Acerca do objeto da auditoria, esse poderá variar conforme seu propósito, ou seja, se a finalidade for examinar a veracidade das informações apresentadas nas demonstrações contábeis o objeto será a própria demonstração contábil. Se o objeto for verificar a confiabilidade dos controles internos da empresa, o objeto será nos controles internos. Existem tipos diferentes de auditoria, que podem variar conforme a sua finalidade, como: auditoria das demonstrações contábeis; auditoria de gestão; auditoria de sistemas; auditoria fiscal e tributária. 9Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce Análise de balanço Conforme Santos (2014), a análise de balanço visa a interpretação das de- monstrações contábeis. A técnica inicia a partir da contabilização dos eventos econômico-fi nanceiros que ocorreram na empresa. Posteriormente, eles são compilados em relatórios uniformes e então analisados. A partir desse pro- cesso, as informações econômico-fi nanceiras são convertidas para a tomada de decisão. A análise de balanço tem por objetivo especifi car: a situação econômico-financeira atual; os motivos que definem a evolução ou o declínio da empresa; as tendências ou projeções futuras; a eficiência ou a ineficiência com relação ao uso dos recursos; a demonstração de falhas e acertos da administração; a adequação ou a inadequação das origens, ou seja, do capital próprio e de terceiros, às aplicações de recursos, desse modo, de que forma esses recursos foram utilizados e a que foram destinados. A análise de balanço pode ser interna e externa. Se a análise for interna, o exame realizado interessa aos sócios e acionistas, objetivando analisar a posição atual e as perspectivas futuras da empresa. Se a análise for externa é realizada para acesso do público externo à empresa, como credores, investidores, entre outros. Assim, os usuários externos podem avaliar o equilíbrio empresarial. A análise de balanço é de extrema relevância. Os analistas, tanto interno, quanto externo, realizam a análise de balanço buscando atender a objetivos distintos e específicos, como por exemplo: avaliação da capacidade de cumprimento das obrigações da empresa em curto e longo prazo; avaliação de investimentos em ações que são negociadas na bolsa de valores; análise das demonstrações objetivando a alienação, fusão, cisão, in- corporação ou associação de empresa; análise de rentabilidade; análise da posição patrimonial econômica e financeira. Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade10 brendo.silva Realce Aplicação das técnicas contábeis De acordo com Santos (2014), a escrituração precisa ser realizada e devem ser envolvidas todas as movimentações que a empresa teve no período, devendo essas serem lançadas cronologicamente. O registro contábil envolve o lança- mento de contas patrimoniais, dos grupos ativo e passivo, assim como contas de resultado, como as receitas e as despesas. A receita é a movimentação de elementos para o ativo, sem que ocorra aumento no passivo. A receita pode ser oriunda não somente de dinheiro, mas também por meio de títulos a receber ou por investimentos, ou seja, mediante juros bancários, por exemplo. As receitas correspondem aos valores que uma empresa recebe ou tem perspectivas de receber em decorrência das suas operações, que podem ser vendas ou serviços. Além das receitas, a empresa possui também despesas que se referem a gastos em virtude do uso de bens ou serviços realizados buscando adquirir uma receita. Desse modo, a despesa também deve ser registrada (SANTOS, 2014). Técnica de escrituração O exemplo a seguir demonstra como escriturar as movimentações da empresa, destacando que os registros seguem a exata ordem em que ocorreram e que todos contêm informações relevantes, como a numeração da nota fi scal, marca ou modelo, entre outros. Observe a movimentação realizada pela empresa Athena Ltda. no mês de setembro de 2017 e como devem ser escriturados os registros. 01/09: ocorreu a integralização de capital social no valor de R$ 60.000 pelo sócio Júlio, em dinheiro, cujo depósito foi realizado no banco onde a empresa possui conta corrente. 02/09: compra à vista, por intermédio do banco e com cheque nº. 001, de um veículo modelo WB 3000 no valor de R$ 10.000. O veículo foi adquirido do fornecedor Carro Veloz Ltda., mediante Nota Fiscal 01900. 04/09: compra à vista, por intermédio do banco, com cheque nº. 002, um computador modelo Windows 10 no valor de R$ 2.000. O computador foi adquirido do fornecedor Digitel Ltda., mediante Nota Fiscal 04100. Veja no Quadro 1 a escrituração contábil dos lançamentos no Livro Diário. 11Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade Data Conta Histórico Débito Crédito 01/09 Capital Integralização do capital em dinheiro pelo sócio Júlio na conta corrente da empresa. 60.000 01/09 Banco conta Movimento Integralização do capital em dinheiro pelo sócio Júlio na conta corrente da empresa. 60.000 02/09 Veículo Aquisição de 01 veículo modelo WB 3000, do fornecedor Carro Veloz Ltda., nota fiscal nº. 01900. 10.000 02/09 Banco conta Movimento Aquisição de 01 veículo modelo WB 3000, do fornecedor Carro Veloz Ltda., nota fiscal nº. 01900. 10.000 04/09 Máquinas e equipamentos Aquisição de 01 computador modelo Windows 10, fornecedor Digitel Ltda., nota fiscal nº. 04100. 2.000 04/09 Banco conta Movimento Aquisição de 01 computador modelo Windows 10, fornecedor Digitel Ltda., nota fiscal nº. 04100. 2.000 Quadro 1. Exemplo de técnica de escrituração Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade12 Técnica de demonstrações contábeis As demonstrações contábeis permitem ao usuário da informação contábil visualizar e tomar decisões, como, por exemplo, de investimentos em deter- minada empresa. Por meio das demonstrações contábeis, é possível saber o lucro alcançado pela empresa em determinado período. Utilizando a técnica de demonstrações contábeis, fornecedores poderão adquirir informações sobre uma determinada empresa e decidir se é viável vender grandes quantidades de materiais ou produtos para a mesma, por exemplo.A partir do relatório de DRE é possível identificar a média de venda da empresa, sobre suas despesas, verificando se a receita normalmente é maior que a despesa. Desse modo a empresa que está realizando a venda pode mensurar o risco em relação à empresa. O Quadro 2 apresenta um DRE, identificando se a empresa possui no período lucro ou prejuízo. Com base nesse exemplo, é visível que a empresa Frangos Ltda. possui um lucro de R$ 21.100 no período analisado. Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 25). Empresa Frangos Ltda. Exercícios findos em 31 de dezembro de 2017. RECEITA OPERACIONAL BRUTA (−) deduções R$ 28.900,00 R$ 1.700,00 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (−) CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA R$ 27.200,00 R$ 1.300,00 LUCRO OPERACIONAL BRUTO (−) DESPESAS OPERACIONAIS Vendas Administrativas Financeiras (−) receitas financeiras Outras despesas/receitas R$25.900,00 R$ 3.900,00 R$ 900,00 R$ 3.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO R$ 22.000,00 LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (−) IR/CSLL R$ 22.000,00 R$ 900,00 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 21.100,00 Quadro 2. Demonstração do resultado do exercício 13Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce brendo.silva Realce Técnica de análise de balanço A seguir, no Quadro 3, temos um exemplo de BP que demonstra a situação econômico-fi nanceira e patrimonial da empresa, permitindo assim que o usuário tenha a possibilidade de observar o patrimônio da empresa no aspecto qualitativo e quantitativo. Fonte: Adaptado de Marion (2015, p. 48). Quadro 3. Balanço patrimonial O Quadro 3 também permite que os usuários verifiquem informações im- portantes sobre a empresa para um período específico e realizem uma análise de balanço buscando entender se a empresa possui solvência, ou seja, é possível identificar a capacidade que a empresa possui com relação ao cumprimento das suas obrigações, a partir dos valores que contemplam o patrimônio. O BP possibilita entender qual a capacidade da empresa em saldar as dívidas que possui no curto prazo com terceiros. Técnica de auditoria Com relação à técnica contábil de auditoria, dentre as práticas aplicadas está o exame realizado sobre as contas que constituem o passivo circulante. Para esse Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade14 tipo de auditoria são investigadas as contas do passivo circulante, os valores apresentados nas demonstrações contábeis e a documentação que representa todos os registros contábeis que deram origem aos saldos constantes no BP (MARION, 2015). Conforme Attie (2011), o método de auditoria praticado com base nas contas de fornecedores e contas a pagar, por exemplo, tem como objetivo defi nir: se as contas a pagar representam a realidade da empresa referente às obrigações correntes; se os valores vinculados às contas a pagar estão classificados de modo adequado e se estão em conformidade com os princípios contábeis; se as contas a pagar contemplam todas as obrigações vigentes na empresa conforme o período analisado. Quando o auditor faz o exame das demonstrações contábeis, ele deverá aplicar os testes precisos a fim de coletar evidências suficientes que embasem sua opinião no relatório independente de auditoria. Considerando as demonstra- ções contábeis, os principais grupos de contas que devem ser examinados são: BP nas contas do ativo; BP nas contas do passivo; DRE nas contas de resultado. A análise das contas é de extrema relevância, pois é a partir desse exame que o profissional consegue afirmar a veracidade da documentação e dos registros realizados pela empresa. 15Técnicas contábeis e princípios fundamentais de contabilidade brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce brendo.silva Realce ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BLATT, A. Análise de balanços: estrutura e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001. BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 5 nov. 2018. BRASIL. Lei nº. 11.638/07, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1>. Acesso em: 5 nov. 2018. BRASIL. Receita Federal. SPED – sistema público de escrituração digital. [2018]. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/499>. Acesso em: 5 nov. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Norma brasileira de contabilidade: NBC TSP estrutura conceitual, de 23 de setembro de 2016. Disponível em: <http://www1. cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSPEC.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Normas brasileiras de contabilidade: NBC TG: geral - normas completas, NBC TG: estrutura conceitual e NBC TG 01 a 40 (exceto 34 e 42). Brasília: CFC, 2011. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- -content/uploads/2013/04/NBC_TG_COMPLETAS03.2013.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Princípios fundamentais e normas bra- sileiras de contabilidade. 3. ed. Brasília: CFC, 2008. Disponível em: <http://www1.cfc.org. br/uparq/Livro_Principios%20e%20NBCs.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2018. GIROTTO, M. Revogação da resolução nº. 750/1993: contexto e considerações. nov. 2016. Disponível em: <http://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993- -contexto-e-consideracoes/>. Acesso em: 5 nov. 2018. MARION, J. C. Contabilidade básica. São Paulo: Atlas, 2015. PAVIANI, N. M. S. Fundamentos de contabilidade e escrituração. Caxias do Sul: Educs, 2008. RIBEIRO, O. M; COELHO, R. J. M. Auditoria fácil. São Paulo: Saraiva, 2013. SANTOS, A. S. Contabilidade. 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