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@Kalinesousabrito Aula 01 Profa. Dra. Kaline Sousa Profa. Dra. Kaline Sousa Graduação em Biomedicina Especialização em Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família Mestrado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde Doutorado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde CERTIFICADO TOXICOLOGIA FORENSE OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Toxicologia é a ciência que tem a função de identificar e quantificar os efeitos adversos relacionados com a exposição à certos agentes, denominados tóxicos, que podem ser substâncias químicas orgânicas ou inorgânicas. A toxicologia moderna é composta por quatro disciplinas: clínica, reguladora, de investigação e forense. RANGEL, 2003/2004 TOXICOLOGIA FORENSE Desde a antiguidade, a elucidação de mortes associadas a substâncias químicas, era uma preocupação, porém, o toxicologista Mateu Josep Bonaventura Orfila i Rotger (1787-1853), foi o primeiro a relacionar material de autópsia com análise química, para revelar casos de envenenamento que tinham cunho legal. Ele adotou métodos novos de análises, adaptando-os à atividade forense. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE A Toxicologia Forense tem a finalidade de auxiliar a investigação médica ou legal de morte, envenenamento e uso de drogas, onde profissionais de diversas formações, atuem em uma vasta área do conhecimento: Química Toxicológica, Toxicologia Farmacológica, Clínica, Forense, Ocupacional, Veterinária, Ambiental (Ecotoxicologia), Aplicada a Alimentos, Genética, Analítica, Experimental e outras áreas. Busca analisar os efeitos prejudiciais de substâncias químicas no organismo humano em casos de investigação de violência, homicídios, suicídios, acidentes, abuso de drogas, alcoolemia, golpes conhecidos como boa noite Cinderela. TOXICOLOGIA FORENSE Esta ciência determina o agente químico causador da morte, e possibilita quantificá-lo, dando a sociedade uma resposta sobre o fato. Em casos de crimes, o exame toxicológico é feito em materiais coletados tanto em pessoas vivas quanto em cadáveres, além de outras amostras retiradas do local. No indivíduo vivo, para rastrear drogas de abuso e caracterizar um estado de toxicodependência e no cadáver para detectar overdose ou reação anafilática á drogas (quando a morte está associada ao consumo de drogas). RANGEL, 2003/2004 TOXICOLOGIA FORENSE Há uma vasta gama de amostras que podem ser utilizadas em toxicologia forense, como por exemplo: órgãos colhidos na autópsia, fluidos biológicos (tanto do indivíduo vivo, quanto do cadáver) etc. As amostras são selecionadas e colhidas de acordo com a especificidade do caso e o tipo de análise que se pretende realizar. RANGEL, 2003/2004 Uma autópsia, necropsia ou exame cadavérico é um procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte TOXICOLOGIA FORENSE RANGEL, 2003/2004 No caso dos mortos, os testes são realizados pela Medicina Legal para atestar a causa de mortes: - Suspeitas de ingestão de tóxicos - Suspeitas de Envenenamento - Suspeitas de Overdose TOXICOLOGIA FORENSE INVESTIGAÇÃO MÉDICO-LEGAL As análises toxicológicas são de suma importância no auxílio à medicina legal para a realização dos diagnósticos relacionados com intoxicações violentas, ou seja, que levam a morte por sua letalidade. Na análise toxicológica post mortem, muitas podem ser as amostras coletadas em caso de uma necropsia, sendo que o analista deve ter um certo zelo ao selecionar às amostras a serem coletadas a partir do histórico do caso e as circunstâncias que levaram o indivíduo ao óbito. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE A equipe de investigação médico – legal geralmente consiste: 1- Investigador policial 2- Médico legista 3- Patologista forense 4-Toxicologista forense MARTINS, 2013 TOXICOLOGIA FORENSE O investigador policial confecciona laudos de análises toxicológicos post mortem, que sendo realizados pela Polícia Técnica consistem em fortes ferramentas indiciárias, onde o policial englobado necessita conhecer o protocolo de produção das provas. Sendo de extrema importância investigar as mortes com suspeita de toxicantes envolvidos, pois através da análise toxicológica do corpo é possível esclarecer o caso. FERRARI JÚNIOR, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE O médico legista é responsável por realizar o exame de corpo e delito em indivíduos mortos ou vivos. Este profissional relaciona vários campos do direito e elabora laudos que analisam os fatos que ocorreram no crime. O médico legista pode atuar em outras áreas, como a criminologia e asfixiologista, sendo de grande importância tal profissional ter um certo conhecimento a respeito jurídico, para no entanto, entender o quanto é importante entender uma prova durante a análise. SOARES, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE Já, o patologista forense busca encontrar a causa da morte da pessoa através da análise do cadáver, contudo, este processo é chamado de autópsia. Além disso, quando os familiares não reconhecem o corpo, o patologista forense realiza a identificação do cadáver. E por fim, o toxicologista forense está relacionado com questões judiciais, onde busca reconhecer, identificar e quantificar os riscos de exposição de tais toxicantes. RANGEL, 2003/2004 TOXICOLOGIA FORENSE Deve-se ter uma interação entre a toxicologia e a medicina legal, pois ambas se complementam e são de extrema importância para esclarecer as dúvidas sobre as circunstancias que levaram a vítima ao óbito TOXICOLOGIA FORENSE Por meio da toxicologia forense, muito relevante no campo do Direito, pode-se acusar ou inocentar um réu, em caso de homicídios com suspeitas de envenenamento, por exemplo. Mas para que a toxicologia forense seja aplicada para identificar e quantificar o agente tóxico, faz-se necessário que haja a cadeia de custódia, procedimento que antecede a análise. TOXICOLOGIA FORENSE A cadeia de custódia, consiste em uma ação documentada de todo o processo executado, desde a visualização da amostra, seguido da coleta, manuseio, recipiente utilizado, até o descarte final da mesma. A confiabilidade de todo o processo, concentra-se em uma cadeia de custódia bem executada, que levará à uma análise mais segura e precisa da amostra, e consequentemente, do caso como um todo. MARTINI, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE As principais áreas de aplicação da toxicologia forense são: 1) toxicologia da investigação da morte ou post mortem 2) a toxicologia ante mortem 3) a dopagem no esporte 4) teste de drogas em ambiente de trabalho e no trânsito TOXICOLOGIA FORENSE 1) Na toxicologia post mortem, as análises são aplicadas em investigação de crimes com vítimas fatais, onde há suspeita de que substâncias tóxicas possam ter contribuído com a causa da morte do indivíduo. Muitas vezes, também, é importante realizar pesquisa de drogas de abuso ou de medicamentos em vítimas de homicídio e morte acidental, pois pode haver correlação entre o consumo de drogas e as circunstâncias que causaram a morte. TOXICOLOGIA FORENSE 2) A toxicologia ante mortem é responsável pela análise de amostras biológicas de indivíduos vivos, cujo consumo de substâncias tóxicas pode estar relacionado a fatos de interesse forense. Exemplo desta aplicação da toxicologia é o uso de “droga facilitadora de crime” (DFC), onde substâncias psicoativas são administradas à vítima, sem seu consentimento, com o objetivo de incapacitá-la de suas ações cognitivas para a decisão de realizar ou não um crime, sendo os mais comuns o roubo, homicídio, sequestro e estupro. TOXICOLOGIA FORENSE O controle de dopagem no esporte (Doping) também é uma área de interesse forense, já que muitas vezes os atletas fazem uso de substâncias ilícitas, além do fato de que a detecçãode substâncias, ou métodos proibidos, têm implicações legais ao atleta. As substâncias mais frequentemente utilizadas para melhora no desempenho nos esportes (saúde e bem-estar dos atletas) são anabolizantes, estimulantes, narcóticas e diuréticas. TOXICOLOGIA FORENSE Com relação ao controle do uso de drogas no ambiente de trabalho, o objetivo é monitorar a autoadministração de substâncias que possam ter efeitos negativos na saúde dos indivíduos expostos podendo reduzir sua produtividade, como, também, causar acidentes no local de trabalho. TOXICOLOGIA FORENSE O monitoramento de indivíduos condutores de veículo automotor tem se destacado também, pois o número de vítimas de acidente sob influência de drogas de abuso, ou de medicamentos, é crescente, sendo o álcool o mais prevalente, embora também seja necessário monitorar o consumo de medicamentos e drogas ilícitas. TOXICOLOGIA FORENSE Foi instituído o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre drogas através da Lei Federal 11.343/2006, pelo qual, utiliza medidas para a prevenção do uso inapropriado de drogas, atenção e inserir novamente na sociedade usuários e dependentes de drogas. Além disso, foram estabelecidas regras que repreendem a uma produção sem autorização de tais substâncias e ao tráfico de drogas ilícitas, que são crimes. COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DO DELITO TOXICOLOGIA FORENSE Os crimes da Lei de Tóxicos 11.342/2006 são denominados “crimes de vestígios”, realizados através da perícia, sendo que o laudo pericial é feito pelo órgão policial. As principais substâncias que causam dependência analisadas são a maconha, cocaína, heroína, morfina e solventes (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014). TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE A toxicologia forense realiza análise de substâncias trazidas pela Polícia ou pelos peritos de locais de crimes e constata se estas amostras são drogas, outras substâncias ilegais, medicamentos psicotrópicos ou se possuem conteúdo nocivo. TOXICOLOGIA FORENSE INSTITUTO DE CIÊNCIA FORENSE CANINA TOXICOLOGIA FORENSE Nos últimos anos as drogas sintéticas estão cada vez mais sofrendo alterações químicas e exigindo mais estudos e pesquisas para sua identificação. Estas são chamadas de “Novas Substâncias Psicoativas” que se referem a drogas sintéticas. Todos os testes, tanto em amostras brutas, como em amostras biológicas passam por exames de identificação para saber qual tipo de sustâncias elas são, qual teor, se são drogas puras ou diluídas, qual material é utilizado para diluir, entre outras caraterísticas. TOXICOLOGIA FORENSE Os criminosos modificam quimicamente as moléculas das substâncias, a molécula da cocaína, por exemplo, e a partir disso se cria uma nova droga. Mas o trabalho minucioso da toxicologia forense é extrair e identificar as moléculas que compõe a “nova substância”. NaHCO3 Extração da planta Erythroxylon, o cloridrato da cocaína é a forma mais estável dessa substância, que pode ser deslocada por meio de bases fracas, como o bicarbonato de sódio. TOXICOLOGIA FORENSE “Com a toxicologia forense a capacidade resolutiva dos casos aumentou. Anos atrás não existiam ainda determinados exames que detectassem, por exemplo, presença de cocaína no sangue de alguém que morreu por overdose. Hoje é possível atestar, quantificar e fechar um caso de forma eficaz e com agilidade”. TOXICOLOGIA FORENSE O laudo considera resultados do exame toxicológico número 5054/2013 do Instituto Médico-Legal (IML) feito no corpo de Chorão. O exame toxicológico apontou que o corpo apresentava 4,714 microgramas da droga por mililitro de sangue. Segundo os peritos, foi possível concluir, a partir dos testes, que a causa da morte foi "intoxicação exógena devido à cocainemia". De acordo com especialistas, o excesso da droga pode ter causado um infarto ou um acidente vascular cerebral. “[A cocaína gera] muita adrenalina, gera aumento da pressão, aumento da frequência cardíaca e respiratória, sobrecarga cardíaca e, com isso, tem menos sangue chegando no coração e no cérebro”. TOXICOLOGIA FORENSE “O toxicologista forense pode atuar na cena de crime, como perito. Ele faz todo o processamento do local, desde o registro dessas amostras até a coleta e envio para o laboratório. Então ele pode trabalhar tanto in loco, coletando e garantindo a manutenção dessas amostras; no laboratório, já com as análises; e posteriormente, fazendo a emissão do laudo”. OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TOXICOLOGIA FORENSE WAGNER, J.R. Introduction to forensic toxicology. In: An Introduction to Interdisciplinary Toxicology. Academic Press, p. 445–59, 2020. DORTA, D.J.; YONAMINE, M.; COSTA, J.L.; MARTINIS, B.S. Toxicologia Forense. 1.Ed. São Paulo: Blucher, 2018. BORDIN, D.M.; ALVES, M.; MARTINIS, B.S.; EXTRACTION, D.P. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse forense. Scientia Chromatographica, v.7, n.2, p.125–43, 2015. OGA, Seizi; CAMARGO, Márcia Maria de A.; BATISTUZZO, José Antonio de O. Fundamentos de Toxicologia. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2014. RANGEL, Rui. Noções Gerais sobre outras Ciências Forenses. Medicina Legal, 2003/2004. AIELLO, T.B; PEÇANHA, M.P. Análise toxicológica forense: da ficção científica à realidade. Revista Eletrônica de Biologia, v.4, n.3, 2011. ALVES, Sergio Rabello. Toxicologia Forense e Saúde Pública: desenvolvimento e avaliação de um sistema de informações como ferramenta para a vigilância de agravos decorrentes da utilização de substâncias químicas. 2005. Muito Obrigada!!! Kaline.britosousa@gmail.com @Kalinesousabrito Aula 02 Profa. Dra. Kaline Sousa Profa. Dra. Kaline Sousa Graduação em Biomedicina Especialização em Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família Mestrado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde Doutorado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde CERTIFICADO TOXICOLOGIA FORENSE OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Além de buscar a verdade acerca de um fato perante a lei, a toxicologia forense também consiste, em uma ciência multidisciplinar que se volta em identificar e quantificar substâncias tóxicas, que possam levar à algum dano ou alteração ao organismo. TOXICOLOGIA FORENSE Logo, é de suma importância compreender as formas de exposição, toxicocinética e toxicodinâmica dos xenobióticos (substâncias químicas exógenas) para a interpretação dos achados para a perícia criminal. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE TOXICIDADE Capacidade inerente do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. AGENTE TÓXICO/ AGENTE TOXICANTE: Entidade química com poder de causar dano a um sistema biológico por provocar alteração de função. -Potencial causador de morte -Dependente da forma e tempo de exposição -Dependente da concentração Manifestação do efeito tóxico e corresponde ao conjunto de sinais e sintomas que demonstram o desequilíbrio produzido pela interação do agente tóxico com o organismo. INTOXICAÇÃO TOXICOLOGIA FORENSE A toxicologia constitui no estudo dos tóxicos e das intoxicações. TOXICOLOGIA FORENSE A fase de toxicocinética estuda a movimentação do agente tóxico no organismo, desde a sua entrada até a sua eliminação, envolve a transposição de membranas celulares. Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade(Biodisponibilidade) química e a concentração nos diferente tecidos do organismo. TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Toxicodinâmica Estudaa interação dos agentes tóxicos e os sítios de ação dos receptores TOXICOLOGIA FORENSE Toxicodinâmica COMO QUE OS XENOBIÓTICOS PODEM SER CONSIDERADOS DROGAS??? TOXICOLOGIA FORENSE O que é Droga? Qualquer substância que ocasiona uma alteração no funcionamento biológico por suas ações químicas. TOXICOLOGIA FORENSE O que a Droga? ➢ A Droga, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde – OMS é qualquer substância não produzida pelo organismo, mas que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento. ➢O uso continuado de drogas causa dano ao indivíduo, pois modifica, aumenta, inibe ou reforça as funções fisiológicas, psicológicas ou imunológicas do organismo de maneira transitória ou permanente. Droga! TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE O termo abuso aplica-se especificamente a substâncias não-prescritas de utilização intencional, excessiva, persistente ou esporádica desvinculada com a prática médica aceitável. DROGAS DE ABUSO De acordo com os efeitos produzidos no sistema nervoso , as drogas podem ser classificadas em três categorias: 1. DEPRESSORAS (PSICOLÉPTICOS) 2. ESTIMULANTES (PSICOANALÉPTICOS) 3. PERTURBADORES (PSICODISLÉPTICOS) CATEGORIA DAS DROGAS DE ABUSO TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Depressores do SNC As drogas de abuso que são depressores do SNC (álcool) produzem depressão geral do SNC semelhante aos agentes anestésicos voláteis, produzindo os efeitos familiares de intoxicação aguda. A depressão leve do SNC é caracterizada por ausência de interesse no ambiente e incapacidade de concentrar-se em um tópico (pequeno tempo de concentração). À medida que a depressão progride, há letargia ou sono, diminuição do tônus muscular, diminuição da capacidade de se movimentar e diminuição da percepção de sensações como dor, calor e frio. A depressão acentuada do SNC produz inconsciência ou coma, perda de reflexos, insuficiência respiratória e morte. TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Depressores do SNC Drogas que diminuem a atividade CEREBRAL (alteração quantitativa). As reações do usuário são: Lentidão Sonolência Apatia Falta de coordenação motora Dificuldade de concentração Perda de memória TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Depressores do SNC Álcool (etanol e outros); Calmantes (barbitúricos, benzodiazepínicos); Inalantes (éter, clorofórmio, acetona, cola de sapateiro, lança-perfume); Ópio e seus derivados (heroína, morfina, codeína, xaropes antitussígenos); Anestésicos gerais: cetamina (Special K) (Boa noite cinderela). TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Estimulantes do SNC As drogas de abuso que são estimulantes do SNC (como a cocaína), produzem vários efeitos. O estímulo leve é caracterizado por vigília, alerta mental e diminuição da fadiga. O aumento da estimulação produz hiperatividade, nervosismo e insônia. A estimulação excessiva pode causar convulsões, arritmias cardíacas e morte. - Cocaína (Pó, Crack e Merla); - Anfetaminas (bolinhas, rebites, moderadores de apetite); - Cafeína (Café, Chá-Mate, pó de guaraná); - Nicotina (tabaco). TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Estimulantes do SNC TOXICOLOGIA FORENSE • Via oral: Absorção é lenta e Apenas 25% da droga ingerida alcança o cérebro, e isso requer um longo período de tempo. • Aspirada: A absorção acontece pelas membranas nasofaríngeas, mas por se tratar de uma substância vasoconstritora, limita sua própria absorção. • Injetada (endovenosa): A cocaína cruza todas as barreiras de absorção e alcança a corrente sanguínea imediatamente. Produz um rápido, poderoso e breve efeito (grande potencial de abuso) . • Fumada: Absorção rápida e quase completa, porém, uma porção significante é perdida quando a cocaína é aquecida nesta preparação (fumada). TOXICOLOGIA FORENSE METABOLIZAÇÃO DA COCAÍNA TOXICOLOGIA FORENSE MECANISMO DE AÇÃO DA COCAÍNA TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Drogas de Abuso Os Perturbadores do SNC São drogas que agem modificando qualitativamente a atividade cerebral, levando o usuário à alteração de sua percepção, podendo ocorrer: Confusão mental (delírios e alucinações) Despersonalização Distorção do tempo e do espaço TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Perda da capacidade de calcular tempo e espaço e prejuízo da memória e da atenção Os olhos do usuário ficam avermelhados A boca fica seca e o coração dispara O uso continuado leva a problemas respiratórios (bronquites) e pode causar infertilidade no homem Câncer USO EXCESSIVO DE MACONHA Intoxicação por até 12 a 24 horas, devido à liberação lenta dos canabinoides a partir do tecido adiposo. Aproximadamente 80-90% da droga é eliminada em 5 dias. TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE A Dietilamida de Ácido Lisérgico, ou LSD como é conhecido, é uma substância alucinógena - também chamada de psicodélica ou psicotomimética - perturbadora do sistema nervoso central, capaz de causar alteração do estado de consciência, provocar distorções do senso e da percepção. Pico em 2 a 4 horas e dura de 8 a 12 horas. TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE As principais drogas sintetizadas e encontradas nas análises periciais são skunk (droga produzida em laboratório feita através de vários cruzamentos de tipos de maconha e seus efeitos podem ser cerca de sete vezes mais fortes do que os da maconha comum), além do haxixe e as sintéticas como pontos de LSD, ecstasy, cristais de MDMA e DMT (Dimetiltriptamina). TOXICOLOGIA FORENSE OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TOXICOLOGIA FORENSE WAGNER, J.R. Introduction to forensic toxicology. In: An Introduction to Interdisciplinary Toxicology. Academic Press, p. 445–59, 2020. DORTA, D.J.; YONAMINE, M.; COSTA, J.L.; MARTINIS, B.S. Toxicologia Forense. 1.Ed. São Paulo: Blucher, 2018. BORDIN, D.M.; ALVES, M.; MARTINIS, B.S.; EXTRACTION, D.P. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse forense. Scientia Chromatographica, v.7, n.2, p.125–43, 2015. OGA, Seizi; CAMARGO, Márcia Maria de A.; BATISTUZZO, José Antonio de O. Fundamentos de Toxicologia. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2014. RANGEL, Rui. Noções Gerais sobre outras Ciências Forenses. Medicina Legal, 2003/2004. AIELLO, T.B; PEÇANHA, M.P. Análise toxicológica forense: da ficção científica à realidade. Revista Eletrônica de Biologia, v.4, n.3, 2011. ALVES, Sergio Rabello. Toxicologia Forense e Saúde Pública: desenvolvimento e avaliação de um sistema de informações como ferramenta para a vigilância de agravos decorrentes da utilização de substâncias químicas. 2005. Muito Obrigada!!! Kaline.britosousa@gmail.com @Kalinesousabrito Aula 03 Profa. Dra. Kaline Sousa Profa. Dra. Kaline Sousa Graduação em Biomedicina Especialização em Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família Mestrado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde Doutorado em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde CERTIFICADO TOXICOLOGIA FORENSE OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE SISTEMA DE QUALIDADE DOS LABORATÓRIOS A toxicologia forense desempenha um papel fundamental para estabelecer a causa e o efeito de determinado evento como, por exemplo, crimes e abuso de drogas que podem ou não levar a uma overdose. Para que setenha um resultado satisfatório necessita-se de um rigoroso controle de qualidade que se estende desde a coleta do material/amostra, sua identificação e posterior processamento. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE SISTEMA DE QUALIDADE DOS LABORATÓRIOS Os laboratórios de análises forenses possuem um sistema de qualidade que é classificado em dois tipos: Controle de qualidade e segurança de qualidade, ambas têm por finalidade a capacitação do analista, as condições laboratoriais, integridade dos equipamentos utilizados para analises forenses, cuidados com a documentação dos procedimentos e resultados, além, da validação deste resultado obtido bem como a metodologia utilizada. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 TOXICOLOGIA FORENSE A validação de métodos é um dos quesitos fundamentais dentro do sistema de qualidade desses laboratórios, pois, eles irão conferir credibilidade ao resultado. Esses métodos consistem na linearidade, na curva de calibração, precisão, estabilidade, especificidade dentre outros. Pode-se citar ainda outro requisito importante dentro deste sistema de qualidade, que consiste na “cadeia de custódia”, é um termo que se refere as documentações que os laboratórios realizam para rastrear todo o processo de análise do material biológico, e como já foi descrito, desde sua coleta, transporte, analise, descarte ou estocagem para evitar possíveis erros na identificação do material do doador ou da vítima. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014 SISTEMA DE QUALIDADE DOS LABORATÓRIOS TOXICOLOGIA FORENSE A cadeia de custódia deve conter algumas informações como: quem manuseou a amostra? Onde ela foi obtida? Quando foi realizada o manuseio? Ela está dividida em dois tipos de cadeia de custódia, a cadeia de custódia externa e interna. SISTEMA DE QUALIDADE DOS LABORATÓRIOS A cadeia de custodia externa compreende o momento da coleta do material, transporte até o laboratório e a cadeia de custódia interna corresponde ao momento em que ela chega ao laboratório, o registro do mesmo, os exames e testes realizados, armazenamento, descarte ou devolução. TOXICOLOGIA FORENSE Os laboratórios de análises forenses devem seguir normas e diretrizes que englobam a coleta, cadeia custódia, processamento da amostra, testes confirmatórios entre outros. SISTEMA DE QUALIDADE DOS LABORATÓRIOS OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 Assim, para que haja excelência nos resultados é necessário um rigoroso controle de qualidade, seja ela externo ou interno, revelando com precisão a causa determinado evento ocorrido. TOXICOLOGIA FORENSE As quantidades de amostras biológicas solicitadas para as análises, depende do que está sendo estudado, por exemplo, as mortes que envolvem a ingestão de determinadas substâncias, requerem a coleta de grande quantidade de material durante a autópsia. O FTLG (Guia para os Laboratórios de Toxicologia Forense) recomenda a coleta, em quantidade suficiente, das amostras para diversas análises e sua repetição, quando necessária. AMOSTRAS BIOLÓGICAS Diversas amostras podem ser utilizadas: sangue, urina, encéfalo, coração, bile, conteúdo gástrico e, em situações de extrema decomposição, podem ser coletados ainda, cabelo, osso e tecido muscular. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 AMOSTRAS BIOLÓGICAS Sangue - O sangue escolhido nas análises toxicológicas é o sangue periférico, obtido por punção das veias subclávia e femural, devido ao fato de que a possibilidade de contaminação desses locais, por difusão de outras regiões, é pequena. Devido ao colabamento das veias em caso de hemorragias por exemplo, essa coleta não é possível, sendo coletado então, o sangue da cavidade cardíaca (que é passível de concentrar mais os analitos, devido à redistribuição pós- mortal) ou o sangue da cavidade torácica, sendo que este, pode estar contaminado por fluidos de outros órgãos. Substâncias facilmente detectadas no sangue: cianeto, álcool e monóxido de carbono. TOXICOLOGIA FORENSE AMOSTRAS BIOLÓGICAS Humor vítreo - Constitui um fluido transparente que se localiza na cavidade posterior do olho e preenche o espaço entre o cristalino e a retina. É mantido ligado por uma rede de fibrilas e a viscosidade deve-se à presença de ácido hialurônico. É uma amostra de fácil coleta e por estar relativamente protegido de contaminações em um compartimento, representa uma amostra privilegiada. Sua análise requer um treinamento baseado em centrifugação, filtração, emprego de hialuronidase etc. Seu uso é indicado em análises de cadáveres carbonizados, em decomposição ou politraumatizados. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE AMOSTRAS BIOLÓGICAS Conteúdo estomacal - Amostra importante para as análises, principalmente quando o histórico se refere a intoxicação por via oral, pois prevalece no estômago a forma inalterada dos xenobióticos. O estômago ligado às suas extremidades (cárdia e piloro) deve ser enviado, fechado, ao laboratório. Os achados observados na abertura, podem direcionar às análises, como por exemplo, restos de toxicantes não absorvidos, como os comprimidos. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE AMOSTRAS BIOLÓGICAS Fígado - É um dos mais importantes tecidos coletados para análises toxicológicas post mortem. É um órgão que apresenta elevada capacidade de ligação a xenobióticos e constitui o principal órgão envolvido na biotransformação dos toxicantes. Possui uma importante vascularização e é passagem obrigatória dos xenobióticos absorvidos no intestino para a circulação sistêmica. Rins - É o principal órgão de eliminação para a maioria das drogas. É um órgão com importante vascularização e rico em metalotioneínas, apresentando particular relevância nos casos de intoxicação por metais tóxicos. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE Encéfalo - É um tecido muito vascularizado. Devido sua característica lipídica, permite que os compostos lipossolúveis atravessem a barreira hematoencefálica e atinjam elevada concentração nessa. Essa matriz acaba sendo pouco utilizada nas análises toxicológicas, por causa dos poucos estudos sobre a distribuição dos toxicantes e a falta de técnicas e purificações para obtenção dos dados. OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE AMOSTRAS BIOLÓGICAS OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 Urina - É um fluido biológico extensamente utilizado em análises toxicológicas, apresentando valor inestimável nas análises de triagem, sendo a matriz de eleição para a maioria dos testes de triagem imunoenzimáticos, apresentando maior concentração de metabólitos. É uma das matrizes com menor número de interferentes endógenos, por ser constituída por água e apresenta-se com níveis significativos de lipídeos e proteínas em estados patológicos. Contudo, devido ao relaxamento dos esfíncteres, traumas com rompimento da bexiga ou o fato de ter havido uma micção no momento que precedeu a morte, a bexiga poderá estar vazia no momento da necropsia, sendo assim, muitas vezes acaba sendo inviável o exame desse fluído. TOXICOLOGIA FORENSE COLETA E ARMAZENAMENTO OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 As amostras são coletadas de acordo com as normas e procedimentos do laboratório de toxicologia analítica, de maneira geral, não são adicionados conservantes a elas. Porém, quando há suspeita de intoxicação por cocaína é recomendada a coleta em frasco com fluoreto de sódio, que garante a estabilidade dessa substância. Na análise de metais tóxicos, uma amostra de sangue adicional deve ser coletada em um tubo contendo um quelante, à exemplo do EDTA. TOXICOLOGIA FORENSE OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014; CASTELARI ET AL. 2018 O estômago deve ser coletado com suas extremidades amarradas para evitar qualquer extravasamento; o humor vítreo deve ser coletado dos dois olhos, como uso de seringa e agulha e pode ser armazenado sem conservantes. O encéfalo, coletado após a abertura da calota craniana, e acondicionado em recipiente apropriado sem adição de conservantes, assim como o fígado, rim e pulmão. A urina é coletada por meio da punção da bexiga, com o uso de seringa e agulha. As amostras coletadas devem ser armazenadas à 4ºC, até serem enviadas ao laboratório, onde após os procedimentos analíticos, são armazenadas à -20ºC COLETA E ARMAZENAMENTO TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Os quadros de intoxicação causados pela exposição aos agentes xenobióticos, na maioria das vezes, apresentam sintomas e lesões inespecíficos, o que requer a utilização de métodos analíticos que possibilitem o isolamento, a identificação e a quantificação dessas substâncias nas amostras biológicas. As substâncias são diversas e podem apresentar grande quantidade de interferentes, o que aumenta o grau de dificuldade de análise. Entretanto, técnicas de preparo de amostras podem ser aplicadas previamente ao emprego de técnicas de detecção com a finalidade de isolar o analito de interesse, visando à perda mínima deste com remoção eficaz de interferentes, alta recuperação do analito, baixo tempo de análise e custo. ANÁLISE TOXICOLÓGICA TOXICOLOGIA FORENSE Segundo a classificação toxicológica da Lei Estadual no 7.747/1982, as substâncias químicas são classificadas em: Classe I – altamente tóxicas para o homem, causam lesões sistêmicas, possuem propriedades carcinogênicas, teratogênicas, mutagênicas e prejudica o processo reprodutivo. Classe II – medianamente tóxica, causa irritação severa na pele. Classe III – pouco tóxica, causa irritação moderada na pele. Classe IV – praticamente não tóxica, provocam irritação leve na pele. Conforme Tocchetto e Passagli et al. (2011) o mais graves problemas na sociedade moderna são as drogas de uso abusivo, pois as elevadas taxas de homicídios registradas se devem ao consumo abusivo de álcool e à presença das drogas ilícitas, estas são denominadas psicoativas ou psicotrópicas porque atuam no Sistema Nervoso Central (SNC), modificando o humor, a consciência, os pensamentos e os sentimentos. TOXICOLOGIA FORENSE A busca direcionada pode ser aplicada quando a presença de uma substância ou grupo de substâncias é suspeita ou quando o analista está interessado em um número limitado de substâncias, tal como no controle de dopagem e no controle de drogas em local de trabalho. A busca não direcionada, também conhecida como análise de desconhecidos totais, é aplicada quando não existem informações que possam direcionar os procedimentos analíticos, com um número praticamente ilimitado de substâncias potencialmente presente na amostra. Esse tipo de análise requer uma abordagem concisa e planejada, denominada análise toxicológica sistemática (ATS). 2018 DANIEL JUNQUEIRA DORTA Estratégias de busca direcionada ou não direcionada de compostos de relevância toxicológica: TOXICOLOGIA FORENSE ANÁLISE TOXICOLÓGICA A ATS é definida como a busca químico-analítica lógica, em uma dada amostra de teste, por uma substância potencialmente tóxica cuja presença não é suspeitada e cuja identidade é desconhecida. Os objetivos finais da ATS são: detectar a presença de todas as substâncias de relevância toxicológica presentes na amostra e identificá-las com o maior grau possível de certeza e excluir a presença de todas as demais substâncias relevantes. Assim, para atingir seu objetivo precípuo de detectar e identificar corretamente todas as substâncias relevantes presentes em uma determinada amostra, uma sequência de procedimentos claramente sistematizados deve ser seguida. 2018 DANIEL JUNQUEIRA DORTA TOXICOLOGIA FORENSE A primeira etapa da análise toxicológica sistemática é a preparação da amostra, com isolamento e concentração dos compostos de interesse, que usualmente é realizada empregando extração em fase sólida ou extração líquido- líquido. A segunda etapa consiste na diferenciação e detecção dos compostos presentes na amostra, a qual é normalmente realizada por métodos cromatográficos, tais como cromatografia em camada delgada (thin layer chromatography, TLC), cromatografia a gás (gas chromatography, GC) e cromatografia líquida de alta eficiência (high performance liquid chromatography, HPLC), com diferentes modos de detecção. ANÁLISE TOXICOLÓGICA 2018 DANIEL JUNQUEIRA DORTA TOXICOLOGIA FORENSE De forma geral, são preferidos os métodos instrumentais associados a detectores multidimensionais, tais como os seletivos de massas em GC e os de arranjo de diodos e seletivos de massas sequenciais em HPLC. A última etapa da análise é a identificação das substâncias detectadas, que se baseia na comparação dos resultados analíticos com bancos de dados de referência, com ganhos significativos na capacidade de identificação de substâncias em análises toxicológicas observados quando dados analíticos de sistemas de baixa correlação são combinados. ANÁLISE TOXICOLÓGICA 2018 DANIEL JUNQUEIRA DORTA TOXICOLOGIA FORENSE ANÁLISE TOXICOLÓGICA Após a identificação da substância, uma etapa de quantificação é necessária a fim de permitir a adequada interpretação toxicológica. 2018 DANIEL JUNQUEIRA DORTA TOXICOLOGIA FORENSE ENTÃO....... A análise toxicológica inicia-se com testes de triagem ou screening, seguido por teste confirmatório. A triagem geralmente é realizada através de técnicas de imunoensaio que, dependendo do teste, pode conter anticorpos para a detecção de uma droga específica, de um metabólito ou de uma classe de substâncias. Apresentam alta sensibilidade, mas costumam ser pouco específicos, podendo haver a possibilidade de resultados falsos, tanto positivos quanto negativos. Dessa forma, deve-se proceder à análise confirmatória para todos os testes de screening com resultado positivo, e de 5% dos resultados negativos. TOXICOLOGIA FORENSE Os métodos analíticos mais utilizados na toxicologia forense para a determinação e quantificação de xenobióticos são técnicas que apresentam maior sensibilidade e compatibilidade com as concentrações dos compostos de interesse presentes nas amostras biológicas. Logo, as técnicas consideradas “padrão -ouro” nas análises toxicológicas forenses são as cromatografias em fase gasosa ou em fase líquida, acopladas à espectrometria de massas (CG-EM ou CL-EM), também conhecidas pelas siglas em inglês GC-MS e LC-MS, respectivamente. ENTÃO....... TOXICOLOGIA FORENSE ESPECTOFOTOMETRIA IMUNOENSAIOS CROMATOGRAFIA ESPECTOMETRIA DE MASSAS ESPECTROSCOPIA -SENSIBILIDADE -ESPECIFICIDADE PRINCIPAIS TÉCNICAS EMPREGADAS TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE Fase Móvel Princípio da técnica: Método físico-químico que se baseia na migração de componentes de uma mistura entre duas fases: a fase estacionária que retém elementos e a fase móvel que conduz a mistura por meio de um soluto através da fase estacionária. É uma técnica que pode ser utilizada para purificação , detecção ou auxiliar a separação de substâncias. TOXICOLOGIA FORENSE A espectrometria de massas é uma técnica analítica física para detectar e identificar moléculas de interesse por meio da medição da sua massa e da caracterização de sua estrutura química. A espectrometria em massa é um método analítico usado para identificar os compostos diferentes baseados na constituição atômica da amostra das moléculas e de seu estado da carga. TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE LAUDO PERICIAL TOXICOLÓGICO O Laudo de Análise Toxicológica, deve conter os dados a seguir: Identificação do processo ou inquérito e da entidade requisitante; Método analítico utilizado e referências à técnica de isolamento empregada; Data da recepção das amostras e da conclusão dos exames; Amostras analisadas; Especialista responsável pela execução das análises; Níveis de detecção e quantificação; Estado das amostras analisadas, dentre outros dados pertinentes à elucidação das conclusões. ALVES,2005; CASTELARI ET AL. 2018 TOXICOLOGIA FORENSE LAUDO PERICIAL TOXICOLÓGICO ALVES, 2005; CASTELARI ET AL. 2018 No geral, o Laudo de Perícia Toxicológica é enviado ao Perito-Legista que solicitou a perícia e depois é enviado, isolado ou junto com o Laudo de Autópsia ou de Clínica Médico-Legal, à entidade requisitante. As informações provenientes dos Laudos Toxicológicos Forenses, são de suma importância para estudar a utilização de diversas substâncias químicas, bem como, os efeitos deletérios oriundos de seu uso para diversos fins. TOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TOXICOLOGIA FORENSE WAGNER, J.R. Introduction to forensic toxicology. In: An Introduction to Interdisciplinary Toxicology. Academic Press, p. 445–59, 2020. DORTA, D.J.; YONAMINE, M.; COSTA, J.L.; MARTINIS, B.S. Toxicologia Forense. 1.Ed. São Paulo: Blucher, 2018. BORDIN, D.M.; ALVES, M.; MARTINIS, B.S.; EXTRACTION, D.P. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse forense. Scientia Chromatographica, v.7, n.2, p.125–43, 2015. OGA, Seizi; CAMARGO, Márcia Maria de A.; BATISTUZZO, José Antonio de O. Fundamentos de Toxicologia. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2014. RANGEL, Rui. Noções Gerais sobre outras Ciências Forenses. Medicina Legal, 2003/2004. AIELLO, T.B; PEÇANHA, M.P. Análise toxicológica forense: da ficção científica à realidade. Revista Eletrônica de Biologia, v.4, n.3, 2011. ALVES, Sergio Rabello. Toxicologia Forense e Saúde Pública: desenvolvimento e avaliação de um sistema de informações como ferramenta para a vigilância de agravos decorrentes da utilização de substâncias químicas. 2005. OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE Muito Obrigada!!! Kaline.britosousa@gmail.com @Kalinesousabrito Aula 04 Profa. Dra. Kaline Sousa OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE TOXICOLOGIA FORENSE As drogas facilitadoras de crime (DFC) são uma série de substâncias químicas que permitem o ato sexual e/ou roubo com pouca ou nenhuma resistência da vítima. No Brasil, a utilização de recursos químicos para cometer algum delito é conhecida popularmente como o golpe “Boa Noite, Cinderela”. TOXICOLOGIA FORENSE UNODC, 2012; SHBAIR & LHERMITTE, 2010 Além de estupro ou roubo, outros crimes são cometidos com o uso dessas drogas como, extorsão de dinheiro, maus tratos a crianças ou idosos ou qualquer outro delito com pouca ou nenhuma resistência e sem o consentimento do indivíduo. TOXICOLOGIA FORENSE A utilização de substâncias psicoativas para obtenção de algum bem e/ou benefício de natureza humana sem consentimento e/ou resistência da vítima é descrito desde tempos antigos. Elas já foram conhecidas como date rape drugs ou drogas facilitadoras de abuso sexual, mas recentemente a nomenclatura droga facilitadora de crime (DFC) tem sido mais utilizada. AGGRAWAL, 2009; SHBAIR & LHERMITTE, 2010; UNODC, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE Com o uso das drogas facilitadoras de estupro, a vítima é sujeita a atos sexuais não consensuais enquanto está incapacitada ou inconsciente devido ao efeito de álcool e/ou drogas. Quando um indivíduo é vítima de roubo sob ação de algum agente químico, a nomenclatura geralmente utilizada nestas situações é droga facilitadora de roubo (drug-facilitated robbery). LEBEAU & MOZAYANI, 2001; SENOL et al., 2009 TOXICOLOGIA FORENSE Estas substâncias são capazes de causar uma série de sintomas como sedação, relaxamento muscular, confusão, tonturas, problemas de julgamento, amnésia anterógrada, perda da consciência, inibição reduzida, náuseas, hipotensão e bradicardia. Em altas doses, consumida isoladamente ou misturada com outros compostos com propriedades depressivas, podem acarretar em depressão respiratória e até a morte. MARC, 2008; HALL & MOORE, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b; LEBEAU & MOZAYANI, 2001; MARC, 2008 Não há uma legislação específica no Código Penal Brasileiro para situações que envolvem o uso de DFC, mas este crime pode ser enquadrado como roubo pelo artigo 157 e/ou estupro pelo artigo 213 conforme o caso. Em relação à vítima, as lesões causadas pelas DFC são consideradas graves, podendo ser de origem psicológica e física, como traumas e até intoxicações. Isto se deve a dose e droga administrada, pois a gama de substâncias que podem promover a submissão química de um individuo é imensa com diferentes classes de compostos que podem levar a sedação. TOXICOLOGIA FORENSE Entre as drogas consideradas DFC, as principais são: Os benzodiazepínicos (sedativo-hipnótico) A cetamina (anestésico) O gama-hidroxibutirato (GHB) - sedativo O etanol (potencializador de drogas) BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b; LEBEAU & MOZAYANI, 2001; MARC, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE Os benzodiazepínicos são medicamentos ansiolíticos utilizados como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares e apresentam atividade anticonvulsivante e estão entre os mais consumidos do mundo. Nesta classe de fármaco, destaca-se o flunitrazepam (Rohypnol®), considerado uma clássica DFC devido ao seu rápido início de ação e longo tempo de sedação. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; PAPADODIMA et al., 2007; ALMEIDA & LIMA, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE Apesar de esta substância estar enquadrada na lista de controle especial no Brasil (ANVISA, 2011), é possível obter ilicitamente esta droga, o que garantiria a perpetuação do golpe “Boa noite Cinderela” com este composto. No fim dos anos 90, a cetamina foi considerada uma tradicional DFC. Trata-se de um analgésico e anestésico dissociativo que pode ser administrado via intramuscular, intravenosa, intranasal, oral e retal. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; PAPADODIMA et al., 2007; ALMEIDA & LIMA, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE As mesmas características da cetamina também estão associadas ao GHB e entre seus principais aspectos estão à rapidez de seus efeitos farmacológicos após ingestão oral e sua alta velocidade de excreção em compostos endógenos. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; SARKOLA et al., 2003; HALLER et al., 2006; ANDRESEN et al., 2008 TOXICOLOGIA FORENSE A rápida eliminação também é peculiar ao etanol, considerada uma DFC quando ingerida isoladamente. Ele potencializa os efeitos sedativos das demais drogas. Durante sua biotransformação, uma pequena fração desta substância sofre reação de fase II formando etilglicuronídeo, um típico biomarcador do consumo de etanol com uma janela maior de detecção. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; SARKOLA et al., 2003; HALLER et al., 2006; ANDRESEN et al., 2008 TOXICOLOGIA FORENSE A urina é a uma amostra biológica não invasiva e de fácil coleta, considerada a matriz biológica de escolha para análises em vítimas de estupro e/ou roubo com suspeita do uso de DFC, mas também usa-se sangue, cabelo, saliva, vômitos, resíduos da cena do crime e roupas, etc. A maioria dos fármacos e produtos de biotransformação é excretada em altas concentrações na urina se comparado ao sangue, além de ser possível detectar a presença de xenobióticos por um período relativamente longo de tempo. Recomenda-se a coleta de 50 mL de urina sem a necessidade de adicionar conservantes, apenas mantendo-a sob refrigeração o mais rápido possível. Quanto mais cedo a amostra é obtida após o alegado evento, maior a chance de detectar a(s) substância(s) que são rapidamente eliminadas do corpo. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; UNODC, 2012 MATRIZ BIOLÓGICA TOXICOLOGIA FORENSE As matrizes biológicas devem ser recolhidas idealmente antes que qualquer medicação seja administrada à vítima, mas se isso nãofor possível, todos esses medicamentos devem ser documentados. O material coletado deve ser devidamente rotulado com a data e hora da coleta e as iniciais do coletor, selados e armazenados de forma segura. Embora cada caso tenha sua própria história e peculiaridades que podem justificar o uso de uma matriz em relação à outra, a urina é geralmente o espécime de escolha para um exame toxicológico para a investigação de DFC. MATRIZ BIOLÓGICA JUHASCIK et al., 2004; JUHASCIK et al., 2004; UNODC, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE A identificação positiva na urina é normalmente prova suficiente de que a vítima foi exposta a uma droga dentro de um período de um a cinco dias anteriores a coleta da amostra. Tem sido sugerido que 96 horas (pós- ingestão) seria o tempo máximo hábil para detecção de uma DFC e/ou produto de biotransformação. Entretanto, etanol e GHB apresentam uma curta janela de detecção para esta matriz. A determinação destas DFC deve ser realizada antes do prazo limite sugerido. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; UNODC, 2012; SARKOLA et al., 2003; HALLER et al., 2006 MATRIZ BIOLÓGICA TOXICOLOGIA FORENSE Em relação às técnicas analíticas utilizadas na determinação de DFC, a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) e a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS) são as ferramentas de análise utilizadas pelos laboratórios forenses como referência para confirmação de DFC devido à seletividade e sensibilidade. LEBEAU & MOZAYANI, 2001; BETCHEL & HOLSTEGE, 2007; ADAMOWICZ & KALA, 2010; UNODC, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE A sensibilidade da técnica CL-EM/ EM (Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de Massas triplo quadrupolo ou tandem) é capaz de revelar a presença de benzodiazepínicos alguns dias após a administração da droga. Kintz et al., detectaram a presença de Zolpidem no sangue, urina e cabelo seis dias após evento ocorrido (CL-EM/EM e CG-EM). Swanson et al. também relataram o uso de CL-EM/EM e CG-EM na identificação de carfentanil e furanil fentanil em amostras biológicas envolvidas com a causa da morte em dois relatos de casos. TOXICOLOGIA FORENSE Apesar da capacidade de detecção do GC-MS e LC-MS, resultados negativos não eliminam a possibilidade da administração de uma DFC em um caso suspeito. HEINSE et al., 1994; DREZZETT et al., 1999; CAMPBELL et al., 2004 TOXICOLOGIA FORENSE Fatores dificultam as investigações que envolvem DFC como: Atraso na notificação do incidente e da coleta de evidências; Ampla gama de substâncias que podem ser utilizadas para cometer o delito; Rápida eliminação de algumas drogas e seus respectivos produtos de biotransformação; Erros de protocolo Laboratorial LEBEAU & MOZAYANY, 2001; PAPADODIMA et al., 2007; UNODC, 2012 TOXICOLOGIA FORENSE Drogas utilizadas como facilitadoras de crime podem ser difíceis de serem detectadas, pois a substância ativa frequentemente está presente em baixas concentrações (administradas em doses baixas), podendo, também, apresentar instabilidade química e tempo de meia- vida curto, sendo rapidamente eliminadas do organismo. TOXICOLOGIA FORENSE ESTUDO DE CASO Novo método de análise vem sendo utilizado: Em um trabalho realizado junto com o Hospital de Clínicas da Unicamp, o pesquisador André Valle de Bairros, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP recebeu uma amostra de urina retirada de uma mulher salva por boias-frias, após ser encontrada sozinha em um canavial com sinais de queimaduras. Nas análises toxicológicas realizadas no hospital, nenhuma droga foi detectada. Porém, os toxicologistas ainda desconfiavam que a paciente estivesse sob influência de alguma substância. TOXICOLOGIA FORENSE ESTUDO DE CASO A amostra foi analisada pelo método de microextração em fase líquida. Por ele, foi possível identificar a presença de cetamina. “Chegou para mim a amostra de urina dessa mulher. Fiz a análise toxicológica e descobri que, realmente, ela teve contato. Só que em valores muito baixos, que a metodologia que eles usavam lá [no hospital] não identificava", constatou o pesquisador. Etapas da extração dos benzodiazepínicos e produtos de biotransformação por LPME - Imagem: André Valle de Bairros/Tese de doutorado TOXICOLOGIA FORENSE Quando uma droga é ingerida, o corpo, por meio de seu metabolismo, a transforma em outras moléculas com características físico-químicas diferentes de suas precursoras. Isso dificulta bastante a análise toxicológica, pois se faz necessário saber em que tipo de composto aquela droga será transformada pelo organismo para que se possa identificá-la. A microextração em fase líquida consegue identificar e quantificar tanto a droga ingerida como as moléculas formadas a partir da metabolização, conhecidas como produtos de biotransformação. AS DIFICULDADES DE SE IDENTIFICAR UMA DFC TOXICOLOGIA FORENSE Um exemplo é o Diazepam [um sedativo- hipnótico], quando ingerido, dificilmente são encontrados valores significativos de Diazepam na urina da vítima. Neste caso, serão encontrados concentrações bem maiores de um produto de biotransformação chamado Oxazepam. Essas noções de biotransformação de drogas é necessário nas análises de toxicologia forense durante as investigações de uso de drogas facilitadoras. AS DIFICULDADES DE SE IDENTIFICAR UMA DFC TOXICOLOGIA FORENSE O processo baseado na LPME (microextração em fase líquida, do inglês lyquid-phase microextraction) utiliza membranas finas, aproximadamente da grossura de um grafite de lapiseira de 1mm. É uma fibra oca por dentro, onde se insere um líquido que pode ser um solvente ou uma solução aquosa de característica ácida ou básica. Posteriormente, a fibra é fechada com um alicate e colocada diretamente na urina ou sangue a serem analisados, chamados de matrizes biológicas. TOXICOLOGIA FORENSE Na microextração, toda a extração é feita em uma escala muito pequena, onde você tem uma diminuição de custo, reagente, solvente e tempo. Isso maximiza a análise toxicológica. Além disso, ela proporciona um benefício ecológico, devido ao uso de solventes pouco tóxicos e em baixas quantidades. Também possibilita a utilização de compostos naturais como o óleo de eucalipto e pode ser considerada ‘Green Chemistry Technique’, ou Técnica de Química Verde. TOXICOLOGIA FORENSE PERFIL COMPORTAMENTAL DA VÍTIMA DE DFC O comportamento de uma vítima de DFC é descrito de duas diferentes maneiras conforme os efeitos da substância psicoativa. Alguns indivíduos perdem completamente a consciência e não se lembram de nada sobre o ocorrido (mind rape), enquanto outros apresentam inconsciência intermitente, como se fosse flashbacks, o que os possibilita descrever o delito e até o suposto agressor. TOXICOLOGIA FORENSE Nas situações em que ocorre amnésia anterógrada, a vítima pode desabilitar a memória do trauma sofrido devido à ação da DFC. Entretanto, o fato de não recordar do abuso sexual é assustador e de difícil aceitação para a vítima, o que dificulta a reconstrução psicológica após esse trauma. PERFIL COMPORTAMENTAL DA VÍTIMA DE DFC LEBEAU & MOZAYANI, 2001; MARC, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE PERFIL COMPORTAMENTAL DA VÍTIMA DE DFC As mulheres são as maiores vítimas do abuso sexual e estão expostas a diferentes riscos que podem comprometer sua saúde física e mental. Os traumas físicos podem variar de pequenos hematomas até lesões graves que podem resultar na morte da vítima, além da possibilidade de desenvolver doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e uma gravidez indesejada. CHOEN & MATSUDA, 1991; GOSTIN et al., 1994; CAMPOS & SCHOR, 2008 TOXICOLOGIA FORENSE PERFIL COMPORTAMENTAL DA VÍTIMA DE DFC O impacto que essas substâncias provocam no sistema nervoso central afeta a memória e/ou consciência e assim diminui o número de casos reportados para as autoridades se comparado a um crime sem a submissão química. LEBEAU & MOZAYANY, 2001; PAPADODIMA et al., 2007; UNODC, 2012 Além disso, as vítimas de DFC sofrem danos físicos e psicológicos que podem ser irreparáveis na vida desteindivíduo. Devido à alta incidência e consequências biopsicossociais deste crime, este delito adquiriu as proporções de um problema de saúde pública. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TOXICOLOGIA FORENSE WAGNER, J.R. Introduction to forensic toxicology. In: An Introduction to Interdisciplinary Toxicology. Academic Press, p. 445–59, 2020. DORTA, D.J.; YONAMINE, M.; COSTA, J.L.; MARTINIS, B.S. Toxicologia Forense. 1.Ed. São Paulo: Blucher, 2018. BORDIN, D.M.; ALVES, M.; MARTINIS, B.S.; EXTRACTION, D.P. Técnicas de preparo de amostras biológicas com interesse forense. Scientia Chromatographica, v.7, n.2, p.125–43, 2015. OGA, Seizi; CAMARGO, Márcia Maria de A.; BATISTUZZO, José Antonio de O. Fundamentos de Toxicologia. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2014. RANGEL, Rui. Noções Gerais sobre outras Ciências Forenses. Medicina Legal, 2003/2004. AIELLO, T.B; PEÇANHA, M.P. Análise toxicológica forense: da ficção científica à realidade. Revista Eletrônica de Biologia, v.4, n.3, 2011. ALVES, Sergio Rabello. Toxicologia Forense e Saúde Pública: desenvolvimento e avaliação de um sistema de informações como ferramenta para a vigilância de agravos decorrentes da utilização de substâncias químicas. 2005. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA TOXICOLOGIA FORENSE OBJETIVO DO CURSO Aula 01: Introdução à Toxicologia Forense Aula 02: Agentes Tóxicos Sociais e Seus Efeitos na Saúde Humana Aula 03: Técnicas de Análise Toxicológica e Laudo Pericial Aula 04: Drogas Facilitadoras de Crimes (Estupro) Aula 05: Perguntas e RespostasTOXICOLOGIA FORENSE Muito Obrigada!!! Kaline.britosousa@gmail.com
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