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Brasília-DF. Gestão de Projetos de tI Elaboração Cláudio José Carvajal Jr Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7 UNIDADE I CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI ........................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 CONCEITO DE PROJETOS, DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A ECONOMIA DE SERVIÇOS ... 9 CAPÍTULO 2 PROJETOS DE TECNOLOGIA E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL......................................................... 22 UNIDADE II GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI ................................................................................................. 27 CAPÍTULO 1 O USO EFETIVO DA TI NAS EMPRESAS ..................................................................................... 27 CAPÍTULO 2 A GESTÃO DE PROJETOS EM TI ............................................................................................... 32 PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 58 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Quando falamos de projetos, pensamos logo em grandes empreendimentos. Essa ideia está equivocada, pois um projeto pode estar relacionado com pequenas atividades do dia a dia. Podemos citar alguns exemplos na resolução de problemas internos, negociação com fornecedores, entrega de produtos, implantação de sistemas e implantação de estratégias. A gestão correta dos projetos em qualquer área, inclusive na área da Tecnologia da Informação (TI), traz benefícios para empresas, podendo ser utilizada em resoluções de problemas e ajudar efetivamente na tomadas de decisões das empresas, melhorando seu resultado. Inicialmente, é necessário que o corpo diretivo da empresa possa desenvolver colaborativamente uma visão de futuro para empresa, estabelecendo objetivos e estratégias e como resultado motivando e inspirando os esforços da equipe. Não podemos esquecer que os desafios tornam maiores e posteriormente traz aquele gostinho de vitória. Os gestores devem ficar atentos aos fatores que demonstram a necessidade de uma boa gestão de projetos, iniciada pela analise da competitividade, verificando as margens de lucros– se está dentro do patamar das estratégias– analisando as exigências dos clientes, os avanços tecnológicos e outros fatores que trazem a possibilidade de implantar e gerenciar um projeto para trazer os benefícios para o crescimento da empresa. Nesse contexto, os gestores de projetos na área de TI precisam pensar estrategicamente, alinhando os objetivos dos projetos de TI com os objetivos estratégicos da empresa como um todo. Conclui-se que, gerenciar de forma adequada os projetos dentro da empresa, traz benefícios financeiros e de crescimento em pouco prazo e principalmente na questão de sobrevivência da organização no mercado competitivo, trazendo um diferencial na forma de gerenciá-la. Objetivos » Apresentar os conceitos de Projetos. 8 » Analisar o contexto econômico atual, a sociedade de serviços, e os fatores a serem considerados no gerenciamento de projetos de TI. » Refletir sobre a importância do gerenciamento de projetos para o sucesso da área de TI e da organização como um todo. » Apresentar aos alunos a metodologia de gerenciamento de projetos, segundo o Project Management Institute – PMI. 9 UNIDADE I CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI CAPÍTULO 1 Conceito de projetos, da tecnologia da informação e a economia de serviços O que são projetos? Inicialmente, precisamos entender o conceito básico de projetos, para compreendermos como líder com projetos no contexto empresarial. O termo projeto surge numa forma regular no decorrer do século XV. Tanto nas ciências exatas como nas ciências humanas, múltiplas atividades de pesquisa– orientadas para a produção de conhecimento–são balizadas graças à criação de projetos prévios.A elaboração do projeto constitui a etapa fundamental de toda pesquisa que pode, então, ser conduzida graças a um conjunto de interrogações, quer sobre si mesma, quer sobre o mundo à sua volta. Um Projeto é um esforço temporário empreendido para alcançar um objetivo específico. Eles são semelhantes às operações– em virtude de serem executados por pessoas–por terem, geralmente,limitações de recursos e serem planejados, executados e controlados. As empresas executam algumas atividades para alcançar um conjunto de objetivos. Normalmente, o trabalho pode ser classificado como projeto ou operação, embora os dois, às vezes, possuam características comuns, como: executados por pessoas, terem recursos limitados, há um certo planejamento, uma execução e um controle. Projetos e operações diferem, principalmente, na questão do modo e do tempo em que são realizados. As operações são contínuas e repetitivas, enquanto projetos são temporários e únicos. Os objetivos também diferem, enquanto o propósito de um projeto é atingir seu objetivo e então terminar, o objetivo de uma operação contínua é sustentar o negócio. Projetos são diferentes porque são concluídos quando seus 10 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI objetivos específicos foram atingidos, enquanto operações adotam um novo conjunto de objetivos e o trabalho continua. Os projetos são trabalhos temporários empreendidos para criar um produto, serviço ou resultado único. Eles estão em todos os níveis da organização e podem envolver uma única pessoa ou milhares. A duração também varia de algumas semanas para vários anos. Projetos podem envolver uma ou muitas unidades organizacionais, como empreendimentos conjunto ou parcerias. Exemplos de projetos: » desenvolver um novo produto ou serviço; » efetuar uma mudança na estrutura, nas pessoas ou no estilo da organização; » projetar um novo veículo de transporte; » desenvolver ou adquirir um novo ou modificar um sistema de informação; » construir um edifício; » construir um sistema de água para uma comunidade; » implementar um novo procedimento empresarial ou processo. Todo e qualquer projeto deve ser elaborado por meio de metodologia estruturada, moderna, inteligente e que ofereça uma documentação completa. Seja qual for o tamanho e o tipo da organização, deve ter uma metodologia objetivando a efetividade, continuidade, perenidade, segurança e transparência (DENNIS, 2003). A Sociedade de serviços cria novos paradigmas para a criação de projetos na atualidade Podemos afirmar que estamos vivendo na “Era do Conhecimento”, da Tecnologia da Informação e, sem dúvida, na “Era dos Serviços”. Assim, a criação de projetos deve sair do paradigma industrial e ser transportada para o momento atual, de uma sociedade e de uma economia que cada vez mais é voltada ao setor de serviços. Historicamente, podemos dizer que a economia tratou o setor de serviços de forma pouco positiva desde os economistas clássicos. Baumol (1967), por exemplo, contribuiu para a visão de que o crescimento desse setor levaria a uma redução da produtividade econômica. A literatura sobre inovação, igualmente, apresentava uma visão de que as atividades desse setor seriam incapazes de apresentar inovação. 11 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I Assim, o setor de serviços foi definido economicamente em termos residuais, ou seja, tudo que não corresponde aos setores primário e secundário da economia. Entretanto, é importante lembrar que grande parte do setor de serviços é dedicada a produzir insumos para a indústria, contribuindo de maneira decisiva para a maior ou menor produtividade desse setor. No século XX, a evolução da Tecnologia da Informação e das Comunicações - TICs, em grande parte, desenvolvidas em setores classificados como de serviços, contribuíram para quebra de paradigmas que tratavam o setor de serviços como menos importante para economia, para um setor que contribui como vetor de inovação para outras atividades da economia. Segundo Baumol, Blackman e Wolff (1985), o setor de serviços contém algumas das atividades mais dinâmicas da economia. Além da emergente questão tecnológica, o setor de serviços tem uma importância fundamental para o emprego em todo o mundo. Segundo Drejer (2004), 75% da força de trabalho dos Estados Unidos estão classificadas nos setores de serviços. No Brasil, apenas os setores contemplados pela Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compreendem 945 mil empresas, ocupando 6,85 milhões de trabalhadores. A título de comparação, a indústria compreende 135 mil empresas e emprega 5,68 milhões de pessoas, conforme a Pesquisa Industrial Anual – Empresa, ano-base 2002. A importância do setor de serviços para o emprego e a presença de setores dinâmicos e produtores de insumos para a indústria justifica o grande interesse em desenvolverem- se estudos que possam contribuir para a elaboração de políticas públicas. A visão negativa sobre o setor de serviços tem suas origens delineadas desde os economistas clássicos. Conforme aponta Meirelles (2006), Adam Smith não considerava as atividades de serviços como produtivas. Para Karl Marx, apenas as atividades de comunicação, de transporte e de armazenamento de mercadorias eram consideradas relevantes no setor de serviços. Para os utilitaristas, por sua vez, todos os serviços– visto que criadores de utilidade– são considerados produtivos. De acordo com Kon (2004), as definições mais recentes de serviços podem ser resumidas em quatro linhas principais: » indústria de serviços, como aquela que produz serviços no lugar de bens. Wx.: transportes, comércio, seguros; 12 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI » serviços são bens de consumo ou intermediários intangíveis, em geral, são intensivos em trabalho,e produção e consumo são concomitantes; » serviços são o componente do Produto Nacional Bruto (PNB) que mede o produto de itens intangíveis; » os serviços referem-se a bens intangíveis, sendo uma de suas características o fato de serem consumidos, na maioria das vezes, no momento de sua produção. Existem inúmeras tipologias para a classificação de serviços. Segundo Kon (2004), a maior parte das estatísticas dos países utiliza a classificação da Standard Industrial Classification (ISIC), formulada por um grupo de especialistas reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para esse fim. Essa classificação categoriza os serviços em: distributivos, sem fins lucrativos às empresas e ao consumidor. A Pesquisa Anual de Serviços, do IBGE, que investiga empresas com fins lucrativos, classifica os serviços em: prestados às famílias; prestados às empresas; de informação; transportes, serviços auxiliares e correios; atividades imobiliárias e aluguel de veículos, máquinas, equipamentos e outros serviços. Ao longo das duas últimas décadas, uma série de preocupações tem motivado a investigação a respeito das particularidades da produtividade do setor de serviços e seu impacto no crescimento econômico. Entre essas motivações, pode-se destacar o chamado “Paradoxo de Solow”, Solow (1987), segundo o qual, apesar das grandes somas de investimentos em Tecnologia da Informação (TI) realizados nos Estados Unidos, ao longo das décadas de 1970 e 1980, o crescimento da produtividade desse país vinha mostrando uma contínua desaceleração desde 1973, para só mostrar então uma significativa recuperação a partir de 1995 Esse fato foi, por diversas vezes, identificado com o aumento da participação do setor de serviços – supostamente menos dinâmico do que o industrial – no Produto Interno Bruto (PIB) desse país. As indagações que surgem dessa questão são evidentes: seria realmente o setor de serviços menos propenso a incrementos de produtividade do que a indústria? Seria essa uma característica reversível?Ou poderia ser apenas um problema de mal mensuração dos produtos e insumos dessesetor? Uma segunda preocupação diz respeito à tendência de o setor industrial adquirir cada vez mais receita a partir de serviços complementares a seus produtos. Esse fenômeno acabaria por criar incentivos para o deslocamento de recursos em direção a atividades prestadoras de serviço, em detrimento das atividades tradicionais, supostamente mais produtivas. 13 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I Há, ainda, a constatação de uma crescente contraposição ao caráter não comercializável do setor, muito em razão do fato de as novas tecnologias terem viabilizado o comércio internacional de certos serviços em que a distância geográfica, antes, se constituía em uma barreira intransponível. Assim, a produtividade desse setor passaria também a ter um papel importante no balanço de pagamentos das economias modernas e, consequentemente, no equilíbrio macroeconômico dessas. Apesar dessas motivações, a maior parte da literatura empírica no campo da produtividade tem tido o seu foco no setor industrial, fato ainda acentuado na gama de estudos que abordam o nível da firma, uma vez que os microdados necessários para tal são raramente disponíveis para o setor de serviços. Grande parte daquela visão tradicional que caracteriza o setor de serviços como de baixa produtividade e de pobre performance tecnológica, porém, tem sido contraposta pelo crescimento de certos setores de alta performance tecnológica, tal como serviços de TIC, ou de grande agregação de valor, como aqueles envolvidos em consultoria técnica e transferência de know-how. No final do século XX, as revoluções na área tecnológica, social e cultural possibilitarão uma quebra de paradigma, colocando o setor de serviços em evidencia com uma visão bem mais otimista sobre sua importância para o desenvolvimento econômico. A importância das atividades de serviços na nossa sociedade pode ser demonstrada, por um lado, pela posição que ocupam na economia– seja por meio da participação no Produto Interno Bruto (PIB), seja na geração de empregos– e pela análise das tendências e transformações que a economia mundial está experimentando. Alguns fatores que propiciam o aumento da demanda por serviços são: » desejo de uma melhor qualidade de vida e mais tempo de lazer; » a urbanização, tornando necessários alguns serviços (como segurança, por exemplo); » mudanças demográficas que aumentam a quantidade de crianças e/ou idosos, os quais consomem maior variedade de serviços; » mudanças sócioeconômicas como o aumento da participação da mulher no trabalho remunerado e pressões sobre o tempo pessoal; » aumento da sofisticação dos consumidores, levando a necessidades mais amplas de serviços; 14 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI » mudanças tecnológicas (como o avanço dos computadores e das telecomunicações) que têm aumentado a qualidade dos serviços, ou ainda criado serviços completamente novos. Paralelamente, as atividades de serviços exercem um papel importante no desempenho de outros setores da economia, principalmente o industrial. Este papel pode ser sumarizado em três categorias: » como diferencial competitivo - as atividades de serviços prestados ao cliente (como projeto, crédito, distribuição e assistência técnica), pelas empresas de manufatura, têm atuado no sentido de diferenciar o pacote produto/serviço que a empresa oferece ao mercado, gerando um diferencial competitivo em relação aos concorrentes; » como suporte às atividades de manufatura - muitas funções dentro das empresas de manufatura são, na verdade, operações de serviços (como recursos humanos, manutenção, processamento de dados, entre outros), as quais são fundamentais para o desempenho competitivo da empresa; » como geradores de lucro - muitas atividades de serviços de empresas de manufatura podem desenvolver-se a um ponto tal que ultrapassem a mera função de apoio, passando a constituir “centros de lucro” dentro das empresas. A globalização dos mercados mundiais tem sido, em grande parte, impulsionada pelo rápido crescimento do setor de serviços. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os serviços colaboram aproximadamente com dois terços da atividade econômica mundial e contribuem com mais de 60% para o PIB brasileiro. O aumento da exportação de serviços, sobretudo aqueles de maior valor agregado – software, projetos, construção, telecomunicações – reflete a capacidade do País em enfrentar com êxito desafios tecnológicos. Contribui para uma maior penetração de produtos brasileiros nos mercados exteriores e, consequentemente, alavanca a imagem do Brasil nos mercados mundiais. Além disso, quando os serviços são resultados do esforço humano (físico e mental) atribuem aos seus promotores, estatuto de competência diferenciado. Essas exportações incluem atividades de serviços de engenharia, comunicação, construção, consultoria, transportes etc. Em 2006, elas representavam 23% do total geral das exportações mundiais e movimentaram mais de US$ 2,7 trilhões de dólares. Anteriormente, entre 2000 e 2005 cresceram, consideravelmente, a uma taxa média anual de 9%. Nesse período, as exportações de serviços brasileiros atingiram 12,6%, em 2005. 15 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I Segundo Kotler (2005), “um serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte pode oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulta na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico.” Como podemos ver pela definição apresentada acima, toda empresa, de alguma forma, oferece serviços. Mesmo que seja uma empresa predominantemente industrial, na hora em que estiver vendendo seus produtos ao consumidor ou ao revendedor, ela estará prestando um serviço, portanto, essa interação na hora de concretizar a venda, será percebida pelo cliente ou revendedor, como um serviço de boa ou má qualidade. Um serviço normalmente é percebido de forma subjetiva. Existem formas abstratas para dizer o que é um serviço, geralmente, para descreve-los, os clientes utilizam expressões como experiência, confiança, tato e segurança. Portanto, pode-se dizer que os serviços são classificados como produtos intangíveis. Entretanto, muitos serviços incluem elementos bem tangíveis como, por exemplo, a comida de um restaurante e as peças de reposição utilizadas em uma oficina de automóveis. As teorias de administração e a sociedade de serviços Como observado no item anterior deste Capítulo, vivemos em uma economia de serviços e que mesmo quando o que está à venda é um produto, são os serviços que atraem o cliente e definem a decisão de compra. Como serviços são intangíveis e vender intangíveis é muito mais difícil do que vender algo concreto, vamos agora discutir como as Teorias da Administração podem nos ajudar nesta difícil tarefa. Embora ainda predomine uma visão mais técnica, quando se pensa nas Teorias da Administração e não se enxergua, logo de início, a relação mais próxima e até mesmo a aplicação dessas teorias aos serviços– sendo pouco lembradas na literatura e nos cursos voltados a serviços– é importante refletir sobre algumas questões. Por exemplo, a influência das pessoas que prestam o serviço na qualidade final do serviço pode ser bem explicada pela Teoria das Relações Humanas e pela Comportamental. A necessidade de organizar e padronizar processos para que o desempenho nos serviços seja mais homogêneo pode obter grande contribuição da Administração Científica, da Teoria Burocrática, (calma, nem tudo na burocracia é ruim, veremos isto) e da Teoria Clássica. Desta forma, precisamos entender como as Teorias da Administração podem ser úteis a todas as pessoas envolvidas com serviços e não apenas àquelas diretamente relacionadas à formulação das estratégias de marketing em empresas de serviços, o público mais tradicional a se interessar por discussões acerca de serviços. 16 UNIDADE I │ CONCEITOSE DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI Vamos demonstrar como as tradicionais Teorias da Administração podem ser utilizadas como ferramentas para alavancar resultados para seus negócios, integrando os conceitos de marketing, processos e pessoas, para a busca de melhor desempenho na prestação de serviços. O desenvolvimento das teorias da administração Se você atua no setor de serviços, como a maioria dos profissionais de hoje, ou apenas está interessado em conhecer mais sobre este assunto, provavelmente já percebeu que entender esse novo mercado e aplicar os conceitos tradicionais do marketing de serviços para alcançar o sucesso de seu negócio ou da sua organização é talvez um dos maiores desafios profissionais que encontramos neste século. A tecnologia da informação e a globalização recrudesceram a concorrência como nunca ocorreu antes e o crescimento do setor de serviços tornou o cliente superexigente para obter a prestação mais adequada às suas necessidades. Por ser intangível a prestação de serviços é totalmente dependente da percepção, portanto, da subjetividade do cliente, e da competência das pessoas que os atende, apoiados pelo pessoal de suporte e pelos processos adequados. O desafio proposto é superar as expectativas desse cliente e conseguir obter sua satisfação máxima e de forma permanente, para manter o relacionamento por muito tempo. Vamos juntos neste capítulo, estudar de forma bem direta e objetiva, embora superficial (pois seria impossível nos aprofundarmos) como integrar os conhecimentos tradicionais das Teorias da Administração aos conceitos de marketing de serviços, às características dos clientes (mais importantes do que nunca) para obter o desempenho desejado, começando por entender como a Administração se tornou a ciência que hoje é tão fundamental para a gestão das organizações. Assim, começamos esclarecendo que a Ciência Administrativa é o resultado de todo um processo histórico de desenvolvimento da humanidade, não surgiu de uma hora para outra. De fato, só nos últimos 120 anos é que tomou impulso e começou a estabelecer um campo próprio. Não obstante, ao longo de todo o tempo em que o ser humano habita este planeta, pode-se afirmar ter havido, em menor ou maior grau, atividades administrativas diversas: mesmo o homem das cavernas precisava de atividades mínimas de logística e suprimentos para prover sua própria subsistência, “administrava” seus parcos e difíceis recursos visando obter o máximo possível. A definição de localização de uma tribo indígena, por exemplo, pode ser considerada como tipicamente uma decisão estratégica. 17 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I Assim a administração entendida como gestão, mesmo não sendo uma atividade sistematizada e estruturada, sempre existiu; a Administração como Ciência é que só começou a desenvolver-se a partir do final do século dezenove. Pensemos, por exemplo, na construção das famosas pirâmides do Egito, talvez as primeiras grandes obras realizadas pela humanidade que demandaram efetivamente um esforço administrativo muito bem elaborado. Podem até ter havido outras obras dignas de nota, mas nenhuma outra conseguiu tamanha longevidade, portanto sucesso. Tentemos explicar como foi possível construir obra tão monumental, em tempos tão antigos, com tantas dificuldades e tamanha escassez de recursos, inclusive tecnológicos. Já se chegou até a considerar participação de extraterrestres na empreitada. Para quem lida no seu dia a dia com a ciência, no entanto, a explicação é simples: gestão, e só. Em outras palavras, a prática administrativa e especialmente da gestão sempre estiveram presentes na história da humanidade. Mas foi somente com a Revolução Industrial – RI e a preocupação capitalista pelo aumento da produtividade que as raízes da ciência Administrativa começaram, efetivamente, a surgir. A Revolução Industrial teve como origem a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) em 1776 e sua posterior aplicação à produção. Costuma-se dividir a RI em primeira Revolução Industrial (1780 a 1860) caracterizada pelo uso do carvão e do ferro, quando máquinas grandes e pesadas substituíram o trabalho humano, e em segunda Revolução Industrial (1860 a 1914), quando predominou a utilização do aço e da eletricidade. De fato, a Revolução Industrial - RI mudou completamente a organização da indústria manufatureira inglesa e transformou sua economia de rural em urbana a partir do século XVIII, expandindo-se posteriormente para outros países. A RI deveu-se a uma combinação de fatores econômicos, políticos e sociais, incluindo a estabilidade política e a abundância de recursos e capital. Esta nova organização do trabalho ficou conhecida como sistema industrial e aumentou a divisão e especialização da mão de obra, assim como a produtividade. O setor têxtil foi a primeira manufatura a passar pelo processo de industrialização, que criou uma demanda por máquinas e ferramentas nunca antes vista e estimulou a mecanização que se disseminou para outros setores. Como decorrência desse processo, surgiu a necessidade de construção de uma extensa malha de transportes, com canais, estradas e ferrovias. Em pouco tempo, esse modelo inglês foi exportado para o resto do mundo ocidental. 18 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI A RI tornou a Inglaterra o país mais rico e poderoso do mundo já em meados do século IXX. Claro que essa revolução trouxe profundas mudanças sociais, alterando radicalmente a sociedade britânica, o que levou ao crescimento de grandes cidades industriais devido ao êxodo da população campesina. Como resultado, houve a proliferação indiscriminada de baixos salários, habitações precárias, exploração do trabalho feminino e da mão de obra infantil, além de uma série de diversos outros problemas econômicos e sociais que explodiram. Esta conjunção de fatores propiciou que após a década de 1850 a maioria das empresas que até então eram negócios familiares passassem a ser grandes empreendimentos não só do setor industrial e comercial, mas também de construção de grandes obras de engenharia, estradas de ferro, comunicações e transporte. Tudo isto confluiu para que as empresas adotassem estratégias de Integração vertical e combinação horizontal, surgimento de federações, holdings, fusões e oligopólios. Tinha sido dado mais um passo importante também no processo que hoje convencionamos chamar de globalização, que levou ao aprofundamento e disseminação do conhecimento tecnológico, o qual proporcionou um número ainda mais crescente de novas e grandes empresas e de nações concorrentes nos mercados mundiais. Como decorrência, houve um aumento generalizado da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de ponto de equilíbrio, devido também à rapidez do ritmo de mudança tecnológica que tornava rapidamente obsoleto um produto ou reduzia drasticamente os seus custos de produção. Todos esses fatores completaram as condições propícias para a procura de bases científicas para a melhoria da prática empresarial e para o surgimento da Ciência Administrativa. Com tudo isto acontecendo, os empreendedores, que não eram organizadores, perceberam a premente necessidade de adotarem a gerência profissional em suas empresas, pois organizar passou a ser uma tarefa tão difícil quanto à criação de uma empresa e, por vezes, muito mais complexa. Afinal, uma coisa é empreender, dar o pontapé inicial e outra bem diferente é gerir bem para obter os resultados qualitativos e quantitativos previstos e ainda garantir e crescimento e a sustentabilidade do empreendimento. Neste cenário, desenvolveu-se a Administração, que por ser muito nova, pôde apropriar- se do conhecimento de várias outras ciências mais antigas e tradicionais e absorver a contribuição de inúmeros filósofos, matemáticos, físicos, economistas, políticos, empresários, engenheiros, empreendedores, historiadores, psicólogos, instituições e organizações diversas,tornando-se talvez, uma das mais ecléticas ciências modernas. Convém destacar a importante contribuição das Ciências Sociais, especialmente da 19 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I Sociologia, da Filosofia, da Psicologia, da Economia, da Antropologia e da Ciência Política, tanto que a Administração, como área de conhecimento, é classificada como uma Ciência Social Aplicada. A gestão– por sua vez, para ser eficaz–recorre ao conhecimento científico gerado pela Administração e pode ser compreendida como a administração na prática, dessa forma, ela não só está fundamentada na Ciência Administrativa, como ainda pode recorrer a inúmeros outros campos do conhecimento de forma acessória. A Administração e a Gestão abrangem todos os processos organizacionais e de negócios, bem como as especificidades das estratégias, decisões e ações de gestores e profissionais. Desta forma, Marketing de Serviços, Administração de Serviços, Agregação de Valor em Serviços, Estratégias de Marketing em Serviços, Gestão Integrada de Administração de Serviços, e Operações de Serviços e Recursos Humanos em Serviços são campos que podem e devem se beneficiar dos conhecimentos disponíveis nas Teorias da Administração. A ciência na prática Vamos explorar mais alguns conceitos, talvez ainda novos para o leitor, por isso, não hesite em recorrer à bibliografia do capítulo, caso sinta necessidade de se aprofundar em um tópico ou outro que lhe desperte maior interesse. O setor de serviços possui características bem diferentes de produtos, por isso, as estratégias de marketing em para um e outro também devem ser distintas. Embora o marketing de produtos tenha começado a se desenvolver ainda no século XIX, em meio à Revolução Industrial, na mesma época da Administração, como vimos, o de serviços é um caso bem mais recente. É por isso que muitas empresas e seus líderes já dominam bem tanto as teorias quanto as ações de marketing relativas a produtos, mas sentem ainda certas dificuldades para estabelecer estratégias para o setor de serviços. Apesar disso, a Administração é uma ciência eminentemente prática, portanto, o conhecimento gerado por ela não tem sentido se não estiver voltado para a ação administrativa tanto na área de produtos, mais tradicional, quanto na de serviços, mais recente. De fato, a maioria das pessoas que procura um curso de Administração ou um livro sobre gestão não quer ser pesquisadora ou cientista, mas tão somente aprender a se tornar um bom gestor. Ora, não há nada errado nisso, porém, não podemos deixar de ter em vista que o progresso e o desenvolvimento chegam a nós unicamente pelos meios da ciência, assim, 20 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI mesmo que estejamos interessados unicamente na prática, não podemos nos dissociar totalmente da teoria. Como dizia o planejador Pawel Sulmicki: “Não há nada mais prático que uma boa teoria”. Assim é a Administração, uma ciência que não tem sentido quando se divorcia da prática. Neste sentido, é importante entender que a Ciência da Administração se transpõe para a prática administrativa por meio de métodos, técnicas e ferramentas de gestão. Por isso, quer o foco seja a pesquisa ou o dia a dia organizacional, Ciência e gestão terão destacada relevância. Método é um termo usado tanto nas Ciências como na prática, pois designa um procedimento, uma técnica ou ainda um meio de se fazer alguma coisa, de acordo com um processo organizado, lógico e sistemático de execução. Trata-se, de modo simplificado, de um conjunto de regras e normas que regulam a prática de uma arte ou ciência. Métodos de gestão são também normalmente chamados de processos ou práticas de gestão, pois na rotina das organizações, nada mais são que as atividades executadas regularmente consoantes padrões, regras e diretrizes de gestão. Poderíamos entender técnica como um conjunto de procedimentos, que se trata de algo extremamente prático, assim, a técnica é como a ciência posta em prática, é a parte material e objetiva da Administração. Por isso, quando alguém demonstra grande habilidade administrativa, diz-se que temos um bom técnico. Muitas vezes para executarmos um procedimento, além do método, fazem-se também necessárias ferramentas ou instrumentos, que nos permitirão, por fim, realizar alguma coisa. Frequentemente todos esses conceitos são confundidos, algumas vezes com consequências danosas para a gestão, mas na maioria das vezes trará apenas divergência conceitual. Por exemplo, é comum vermos pessoas se referindo à Qualidade Total, também conhecida como Total Quality Management (TQM) como uma teoria, quando na verdade se trata de um sistema de gestão focado nas pessoas e que visa melhoria contínua, redução de custos e satisfação dos clientes. Por ser um sistema de gestão, encontraremos vários métodos, técnicas e ferramentas, todas elas baseadas em teorias (frequentemente mais de uma). Talvez um exemplo seja útil: para se atingir a Qualidade Total podemos usar o método de Deming que prevê técnicas de gestão de pessoas e de processos além de várias ferramentas, tais como diagrama de Pareto, diagrama de causa e efeito, estratificação, folha de verificação, histograma, diagrama de dispersão e gráfico de controle. Assim, enquanto a Ciência produz teorias, a prática impõe que se produzam também métodos, técnicas e ferramentas que tornem o conhecimento teórico útil e aplicável, 21 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I pois do contrário estaríamos muito distantes da prática e, como já visto, a Administração não pode se dissociar do dia a dia organizacional. Embora pareça um pouco complicado, na verdade estamos falando de muitas coisas que o administrador profissional ou o gestor mais especializado acaba fazendo sem se dar muito conta de que está sendo científico. Um exemplo bem simples é quando utilizamos o princípio da precedência temporal, de que a causa deve ocorrer antes do efeito. Dificilmente veremos alguém desobedecendo esta lei (embora ocorra), porém quando precisamos verificar se a causa e o efeito estão relacionados (chamamos isto de covariância), são frequentes erros crassos de não observação e certificação que quando ocorre o fenômeno A, também ocorre uma mudança em B. Neste caso, é preciso fazer testes simples como o das diferenças médias ou de coeficientes de correlação para determinar se existe realmente uma relação. É neste momento que o gestor precisa ceder lugar ao administrador profissional ou exercer seu lado mais científico em detrimento do homem prático que só executa e faz acontecer. Como a tecnologia da informação e das comunicações pode contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade baseada cada vez mais no consumo de Serviços? Com base na leitura do Capítulo 1, descreva com suas palavras o que são projetos? Qual é a importância do setor de serviços para sociedade atual? Como podemos utilizar as terorias da Administração para melhorar o gerenciamento de projetos? 22 CAPÍTULO 2 Projetos de tecnologia e estratégia empresarial A Tecnologia da Informação tem transformado a vida cotidiana de empresas e pessoas de forma irreversível. Serviços, inimagináveis há décadas, e, hoje, disponibilizados pela tecnologia são fatores de transformação e melhoria constante na qualidade de vida. Marcos Alberto Bussab A tecnologia da informação e a gestão empresarial Segundo Meirelles (1994), inicialmente, o uso de sistemas de informação nos negócios foi motivado pela busca de soluções de problemas organizacionais junto ao departamento contábil-financeiro. Posteriormente, outros departamentos perceberam o potencial dos sistemas e se tornaram clientes de soluções de informática daquele departamento. Com o passar do tempo e com o aumento da demanda, houve a necessidade de desvincular os serviços de informática do departamento financeiro transformando-o em staff. Na época, os computadores automatizaram funções repetitivas,como o processamento de ordens e lançamentos. Finalmente, a Tecnologia de Informação e as aplicações de Comércio Eletrônico se tornaram uma ótima opção estratégica e passaram a desempenhar o papel de arma competitiva nas empresas passando a ser considerada na definição das estratégias empresarias. O executivo de TI passou a ser chamado de CIO (Chief Information Officer) e ocupou lugar junto à alta administração em muitas empresas que hoje figuram entre as que mais faturam e são ranqueadas pelas revistas de negócios. Stair (2002) cita os seguintes episódios como marcos históricos no uso de computadores em proveito dos negócios.Vejamos: » início da década de 50: foco na automação de rotinas e folhas de pagamento; » final da década de 50: necessidade de processamento de transações de forma a apoiar os negócios, exemplo, aplicações no setor financeiro; » década de 60: sistemas de informação gerenciais são desenvolvidos a fim de gerar relatórios de controle e acompanhamento de desempenho; 23 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I » anos 70 e 80: desenvolvimento dos sistemas de apoio à decisão. » anos 80 e 90: maior atenção ao sistemas especialistas, que utilizando inteligência artificial além de apontar soluções, oferece deduções e pareceres. » final dos anos 90: o data warehousing desponta como sistema capaz de apoiar a tomada de decisão sob todos os aspectos e em níveis hierárquicos diferenciados, por meio de geração de base de dados integrada e orientada a assuntos de interesse da organização como um todo, estabelecendo base de conhecimento que permite diferentes associações e derivações. Como exemplo tem-se o monitoramento do comportamento de clientes no uso de cartões de crédito que as operadoras praticam sistematicamente. Stair (2002) aponta, ainda, a melhora do desempenho das ferramentas de recuperação de informação, mineração de dados (data mining), tratamento automático, chegando ao mercado ferramentas de BI (business inteligence), cluster analysis e de inteligência competitiva, objetivando rapidez de respostas, ampliação da capacidade analítica e facilidade no entendimento de fatores complexos e suas inter-relações. Da mesma forma, os recursos da internet– com o desenvolvimento de intranets e extranets– têm colaborado de sobremaneira em termos de intercâmbios, colaborações e transações, destacando- se na direção do fortalecimento da sociedade em rede. Em meados da década de 1990, muitos empreendimentos foram iniciados com o objetivo de aproveitar os benefícios da internet, as chamadas empresas pontocom. Essas empresas brotaram por toda parte e isso mudou drasticamente a maneira de fazer negócios e de se relacionar com os clientes, fornecedores, funcionários, governo e com a comunidade. A internet possibilitou ao usuário ligar o computador e trocar, vender ou comprar o que quisesse. Após a virada do milênio, o uso da internet se intensificou e os modelos de negócios passaram a incorporar cada vez mais o componente de TI em sua formulação. Mesmo as empresas tradicionais e já estabelecidas no mercado passaram desenvolver estratégias de comércio eletrônico para complementar o comércio convencional. Oportunidades do uso da TI A convergência das novas tecnologias de informação e comunicação criou uma maneira de fazer negócios, chamada comércio eletrônico (CE). De acordo com Albertin (2002), o comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos de negócio, em que os processos podem 24 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI ser realizados de forma completa ou parcial, incluindo transações negócio a negócio, negócio a consumidor e intraorganizacional, numa infraestrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso. A TI passou a ser um importante componente para a definição da estratégia, na qual oferece a possibilidade tanto para atuar como coadjuvante quanto para desempenhar o papel principal na definição do posicionamento competitivo da empresa. A percepção de uso da TI como arma competitiva não é exclusividade das empresas pontocom, as tradicionais também passaram a dar mais atenção ao componente tecnológico na definição de suas estratégias. Um estudo realizado por Bueno e Zwicker (2005) sobre os benefícios do uso da TI em empresas tradicionais e pontocom, identificou os seguintes ganhos: » melhoria do desempenho da cadeia de valor; » eliminação de fronteiras e barreiras físicas existentes; » aproximação da organização com seus fornecedores, parceiros e clientes; » desenvolvimento de novas oportunidades de negócios; » estabelecimento de parcerias transparentes; » utilização da TI como uma verdadeira arma estratégica para a obtenção de vantagem competitiva; » novos arranjos de negócios; » realização das operações onde fosse mais vantajoso; » centralização x Descentralização do controle gerencial; » padronização de processos em toda a cadeia de valor. Motivadas pelos benefícios oferecidos muitas empresas passaram a considerar o uso da TI para compor suas estratégias e incorporá-la aos processos de negócios. Diante de tantas possibilidade de uso da TI, Albertin (2000) propôs a seguinte classificação de processos e exemplos de composição para a análise da assimilação do CE pelas organizações: Desenvolvimento de Produtos e Serviços: » projeto e desenvolvimento de produto ou serviço; » engenharia de produto e serviço; 25 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI │ UNIDADE I » desenvolvimento de fornecedor; » desenvolvimento de linha de produção. Cadeia de Suprimentos: » administração de estoques de matéria prima; » solicitação de suprimentos; » recebimento de suprimentos; » Rrealização de pagamento. Produção: » planejamento de produção; » logística interna/recurso interno e externo; » controle de produção; » logística externa/produto acabado; » expedição. Atendimento a cliente: » divulgação de informação sobre produtos e serviços; » seleção de produtos e serviços; » negociação sobre preços e condições; » obtenção de informações sobre necessidades, preferências, perfil etc.; » recebimento de pedido; » processamento de pedido; » aceitação de pagamento; » distribuição de produtos e serviços; » suporte para utilização de produtos e serviços. Conforme pode ser observado, a TI permite a otimização de vários tipos processos, o que possibilita ganhos de produtividade e a melhoria do desempenho gerencial do negócio. O espectro de possibilidades de uso pode ser visualizado desde a aplicação em 26 UNIDADE I │ CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PROJETOS E TI processos específicos da empresa, integrando áreas funcionais, até a integração externa com fornecedores, clientes e parceiros, por meio do uso da internet e redes privadas de fluxo de dados, o que possibilita uma gama enorme de opções para a realização de negócios em ambiente digital. Vale lembrar que os benefícios oferecidos pela tecnologia de informação aos negócios, para terem de fato valor, devem contribuir para o desempenho empresarial. Logo sua adoção não deve ser acidental, mas proposital, ou seja, deve ser parte da estratégia empresarial e tratada como um recurso essencial para o planejamento estratégico uma vez que ao tomar a decisão pelo uso de recursos de TI as empresas esperam obter diversos benefícios. Para lograr êxito no uso da tecnologia da informação, é fundamental que sua adoção e uso façam parte das decisões tomadas durante o planejamento estratégico e é indiscutível a relevância da participação dos gestores de TI nessas atividades, com postura ativa e competente. Quando tais atitudes e comportamentos estão presentes pode-se dizer que se está diante da Gestão Estratégica de Tecnologia da Informação (GETI). A GETI é a atividade realizada pela alta administração da empresa, por meioda adoção de técnicas de planejamento e controle, com o propósito de maximizar o uso dos recursos tecnológicos para o alcance de objetivos estratégicos organizacionais”. Como os projetos de tecnologia da informação podem tornar as empresas mais competitivas na atualidade? Na empresa em que você atua ou já atuou, poderia ser implantado algum projeto de tecnologia da informação para torná-la mais eficiente? Seria possível você propor a implantação desse projeto? 27 UNIDADE IIGERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI CAPÍTULO 1 O uso efetivo da TI nas empresas O emprego dos recursos de TI nas organizações deixou de ser assunto da área técnica e passou a ser pauta da alta administração na condução dos negócios. As decisões de investimento em TI devem atender às necessidades estratégicas da empresa de se manter no mercado, no qual buscará adotar o padrão tecnológico, e àquelas que visam obter vantagens competitivas, adotando uma postura de investimentos mais agressiva, na qual ser o primeiro é mais importante. Considerando os efeitos decorrentes da transformação ocasionada pela informatização e o fato da grande dificuldade em mensurar o retorno sobre o investimento em TI, a gestão da implementação de recursos de TI deve visar aos benefícios e não à diminuição de custos decorrentes. O primeiro passo para uma decisão acertada é ter consciência de que os benefícios advindos do investimento em TI não estão diretamente ligados ao próprio investimento, mas ao uso que é feito dela. Graeml (2000) A adoção de qualquer TI para compor um SI não irá assegurar a obtenção dos benefícios potenciais de seu uso sem a adoção de práticas de gestão e padrões de trabalho que privilegiem o gerenciamento da informação e, por consequência, a busca pelo aprimoramento dos processos de negócios com o uso da tecnologia. As possibilidades de uso podem ser classificadas desde a aplicação das tecnologias em processos específicos da empresa, integrando áreas funcionais, até integração externa com fornecedores, clientes, parceiros e utilização de infraestrutura pública de informação e comunicação para realizar seus negócios no ambiente digital. 28 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI Albertin e Moura (2002) citam que os benefícios oferecidos pela tecnologia de informação estão ligados aos possíveis ganhos que a sua utilização pode trazer aos processos e estratégias de negócio, podendo incluir redução de custo, ganho de produtividade e flexibilidade futura, entre outros. Essa oferta está intimamente ligada aos aspectos de administração de tecnologia de informação, tanto para identificar e garantir os benefícios, como para elaborar, entregar e manter os serviços e produtos, além do gerenciamento da própria infraestrutura. Para identificar a postura estratégica de uso efetivo da TI e analisar o impacto das aplicações presentes e futuras no negócio McFarlan, McKenney e Pyburn (1983) propuseram um quadro comparativo de postura de uso da TI de quatro situações: suporte, reviravolta, fábrica e estratégico. » Situação 1 – Denominada como ambiente de Suporte, nesse quadrante a empresa apresenta baixo nível de aplicações presentes e futuras, ou seja, os recursos de TI existentes influenciam pouco as atividades atuais da organização e não há previsão de aplicações futuras. » Situação 2 – Aqui, a empresa apresenta baixo nível de aplicações presentes, porém observa-se que aplicações em desenvolvimento influenciarão as atividades da organização no futuro, esse ambiente é denominado como Fábrica. » Situação 3 – No ambiente de Reviravolta ou Transição, a empresa possui importantes recursos de TI para o desempenho de suas atividades, porém não é observado o desenvolvimento de aplicações futuras. » Situação 4 – O ambiente Estratégico supõe que a empresa possui recursos importantes para o desempenho de suas atividades atuais e percebe a necessidade de pensar em aplicações futuras de TI, afetando diretamente o negócio da empresa. Um exemplo de evolução do uso dos recursos de TI nas empresas é inicialmente de postura de suporte, em que a organização apresenta baixo nível de utilização dos recursos existentes e não visualiza novas aplicações. Quando a organização verifica a necessidade de investir em novas aplicações de recursos tecnológicos, ela evolui para um ambiente de Reviravolta. Caso a organização dependa de maneira importante dos recursos existentes, mas não identifica a necessidade de desenvolver novas aplicações, ela encontra-se na situação de ambiente de Fábrica. A organização que dependente dos recursos em uso e busca continuamente desenvolver novas aplicações, encontra- se no ambiente estratégico de uso dos recursos de TI. Portanto, a linha natural de 29 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II evolução seria: Suporte, Reviravolta, Fábrica e, finalmente, o ambiente Estratégico de uso da TI. Albertin e Moura (2002) realizaram um levantamento junto aos executivos presentes no encontro do Business Forum 2002 e verificaram que, apesar da percepção benéfica do uso de TI, o seu aproveitamento efetivo, em benefício dos negócios, estava centralizado em aspectos como produtividade e diminuição de custos e que o uso da tecnologia da informação se mostrava insipiente em comparação com o seu potencial. Essas observações reforçam a importância de aprimorar o conhecimento das possibilidades de emprego e suas implicações estratégicas para que se possa tomar melhores decisões sobre o uso da tecnologia de informação. Onde a TI pode criar vantagem competitiva? Para se estabelecer um modelo de negócios que relacione o uso da tecnologia da informação com a estratégia competitiva se faz necessário a realização da análise para a identificação de oportunidades de inovação e melhoria dos serviços oferecidos de maneira que orientem a definição do pacote de serviços e a modelagem dos processos de negócios. Para tal, são utilizadas duas abordagens principais: a da cadeia de valor agregado das operações da empresa e a de sistemas de valor de Porter (1985), em que a primeira trata da integração de processos internos e a outra de processos de relacionamento com clientes e fornecedores e são conhecidas como aplicações B2C e B2B. Com a finalidade de facilitar a análise do ambiente interno da empresa– com base nas diversas atividades por ela realizadas, visando melhorar sua competitividade pela redução de custos e aumento de valor– a equipe de planejamento da empresa de serviços pode utilizar o modelo de Cadeia de Valor desenvolvido por Porter (1985). A cadeia de valores é um instrumento que propicia uma forma sistemática para examinar todas as atividades executadas por uma empresa e o modo como elas interagem de tal forma a possibilitar a análise das fontes da vantagem competitiva. O modelo consiste na discriminação das atividades específicas das empresas. Cada tarefa realizada na empresa deve agregar valor ao bem produzido ou ao serviço prestado. O desdobramento das atividades da empresa em atividades primárias (logística interna, operações, logística externa, marketing e vendas e atendimento ao cliente) e atividades de suporte (infraestrutura, recursos humanos, desenvolvimento tecnológico, obtenção de recursos) permitem uma visualização dos processos existentes. Com essa visão é 30 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI possível atuar sobre os problemas detectados, eliminando atividades que não agreguem valor e desenvolvendo aquelas que possam aumentar o valor percebido pelos clientes. Porter e Millar (1985) realizaram um trabalho sobre como a informação pode dar vantagem competitiva para uma organização, em que concluíram que o gerenciamento cuidadoso das ligações na cadeia de valor é frequentemente uma poderosa fonte de vantagem competitiva, por causa da dificuldade dos concorrentes em percebê-la. A cadeia de valor para uma empresa em uma indústria particular está encaixada em uma corrente maior de atividades que os autores chamamde “sistema de valor”. As ligações não só conectam atividades de valor dentro de uma empresa, mas também criam interdependências e sinergia entre sua cadeia de valor e a de seus de seus fornecedores e canais. Uma empresa pode criar vantagem competitiva por meio da otimização ou coordenação destas ligações ao exterior e a melhor maneira de se obter isso é por meio do uso da TI para compor SI que integram esses processos de relacionamento. Ge e Helfert (2008) citam que os SI incluem uma cadeia de informação que distribui e compartilha dados entre as suas entidades ou subprocessos. Os dados compartilhados são usados por operações de negócios internalizadas em cada uma das entidades, para a tomada de decisão e para o gerenciamento da estratégia organizacional. Para a visualização de um Sistema de Manufatura de Informação, Haas e Lee (2002) sugerem a adoção do Mapa SIPOC (Supplier–Input–Process–Output–Custumer), que geralmente é empregado como uma ferramenta de análise e melhoria de processos. A figura 4 descreve um processo, sob a ótica de um mapa SIPOC. Ainda, de acordo com os autores, o mapa de um processo pode ser desdobrado em subprocessos (Figura 5) ligados entre si, nos quais o cliente de um subprocesso assume o papel de fornecedor do próximo subprocesso, formando uma Cadeia de Manufatura de Informação (CMI) com “n” subprocessos. Verifica-se– por meio do entendimento dos conceitos de cadeia e sistema de valor e das possibilidades de integração e otimização de processos decorrentes do livre fluxo de informação– que existe um amplo espectro de possibilidades de aplicações de comércio eletrônico e do uso dos recursos de TI por parte das empresas para configurar seus modelos de negócio. A análise da intensidade com que o CE tem permeado as organizações deve ser realizada por meio do estudo da absorção da TI e de CE nos seus processos de negócio, de forma aderente e coerente com a própria definição de CE. 31 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II O professor Nicholas G. Carr, da Universidade de Harvard, publicou um artigo interessante com o título Does IT matter? ou “A tecnologia da informação é importante?. Nesse artigo, o professor nos convida a refletir com ele como as tecnologias causam grande impacto nas sociedades num primeiro momento, mas depois se tornam algo trivial, incorporado na sociedade, mas deixa de fazer a diferença. Você concorda com o Prof. Nicholas, ou acredita que a TI continuará fazendo a diferença? Visite o site, leia o artigo e tire suas próprias conclusões. <http://www.nicholasgcarr.com/articles/matter.html> 32 CAPÍTULO 2 A Gestão de projetos em TI Neste capítulo, nos basearemos nas metodologias de gerenciamento de projetos do Project Management Body of Knowledge, também conhecido como PMBOK®, que é um conjunto de práticas em gerência de projetos levantado pelo Project Management Institute (PMI). Essas ferramentas de gestão de projetos constituem a base da metodologia de gerência de projetos mais utilizada no mercado corporativo na atualidade. Estas práticas são compiladas na forma de um guia, chamado de Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos, ou Guia PMBOK. Figura 1. Gerenciamento de Projetos. Fonte: <www.cursomultiplus.com.br> O PMI (Project Management Institute), em português Instituto de Gerenciamento de Projetos, é uma organização profissional internacional sem fins lucrativos, que fornece métodos para gerenciamento de projetos. Com sede na Filadélfia, Pensilvânia (EUA), esta entidade tem mais de 200.000 membros distribuídos em 171 países, por isso é considerada atualmente a maior instituição do mundo na área de gerenciamento de projetos. Fundado em 1969 por cinco voluntários, o PMI publica as normas relacionadas ao gerenciamento de projetos e é responsável pela certificação dos processos de gerenciamento de projetos. Seus principais objetivos são definir padrões de qualidade, 33 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II gerar conhecimento por meio da pesquisa e promover o gerenciamento de projetos como profissão por meio de programas de certificação. O Instituto de Gerenciamento de Projetos oferece vários tipos de certificação para profissionais com diferentes níveis de experiência. A primeira certificação foi lançada em 1984, o Project Management Professional (PMP ). Só recebe esta certificação a pessoa que passou por um curso de especialização, tenha experiência profissional em gerenciamento de projeto, que concordou em aderir a um código de conduta profissional e passou por um exame destinado a identificar e medir objetivamente o conhecimento em gerenciamento de projetos. Porém, um profissional PMP deve satisfazer os requisitos de certificação continuada, caso contrário, perderá a certificação. Geralmente profissionais PMP são responsáveis por todos os aspectos do ciclo de vida de um projeto, pois precisam demonstrar conhecimento e experiências suficientes para aplicar uma metodologia para administrar um projeto de forma eficaz. Para pessoas com pouca experiência em gerenciamento de projetos, que seja iniciantes na área e até mesmo estudantes de graduação ou pós-graduação que tenha interesse na área, podem adquirir a certificação CAPM (Certified Associate in Project Management), que beneficia profissionais de todos os ramos e ajuda estes profissionais a liderarem em suas organizações. Outras certificações que o PMI oferece são PgMP (Program Management Professional), PMI-SP (Scheduling Professional) e PMI-RMP (Risk Management Professional). A metodologia PMBOK - PMI Pode existir um projeto sem objetivos? Acredito que todos concordam que não. Um projeto deve ter objetivos bem definidos, associados a produtos claramente especificados. E, mais do que isso, um projeto deve possuir mecanismos que permitam verificar se os objetivos estão sendo alcançados,quanto já foi conseguido e quanto falta para chegar ao final. Isso tudo parece óbvio. No entanto, é surpreendentemente elevado o número de projetos que chegam à metade, ou mesmo ao final do prazo estabelecido sem qualquer medida quantitativa de sucesso. Na área de melhoria do processo de software, ou Software Process Improvement (SPI), bem como na implantação do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK, ainda é comum a ocorrência de casos desta natureza, em que a falta de definição dos objetivos e a ausência de um mecanismo para a medição dos resultados impede a quantificação do sucesso do projeto. Nesses casos, torna-se difícil justificar os valores gastos com as iniciativas, devido à dificuldade de identificar e quantificar os resultados obtidos. 34 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI Como exemplo, consideremos um projeto de implantação de um processo de Planejamento do Projeto de Software, em uma unidade de desenvolvimento de sistemas. Este projeto poderia estar sendo conduzido como parte das ações destinadas a levar a unidade de desenvolvimento ao Nível 2 do CMM, no qual uma das KPAs (Key Process Areas) é exatamente essa. Um dos prováveis produtos de tal projeto seria a definição e disseminação de um Processo de Estimativa de Custo e Prazo, o qual é essencial para a elaboração dos orçamentos dos projetos. Como medir o sucesso na implantação do processo mencionado? Definindo um objetivo e comparando o resultado com a meta fixada. O objetivo poderia ser: implantar o processo em 10% dos projetos de desenvolvimento no primeiro mês, em 15% no segundo, em 15% no terceiro e assim por diante, até concluir a implantação. Nesse caso, uma medida simples do resultado seria o percentual de projetos no qual o processo estivesse efetivamente implantado, medido a cada mês. E para medir a eficácia do processo, uma vez implantado? Novamente, uma medida simples poderia ser obtida por meio da comparação do prazo e custo previstos, com aqueles efetivamente realizados. A manutenção de um histórico dessas medidas seria útil para monitorar o desempenho do processo de estimativa.Infelizmente, é difícil encontramos projetos desse tipo em que os mecanismos acima sejam utilizados desde o início. É claro que tais falhas são muito mais frequentes quando os processos são conduzidos sem a presença de especialistas, em iniciativas entusiásticas, levadas a efeito por desenvolvedores bem intencionados, porém desconhecedores das armadilhas do gerenciamento de projetos. Para evitar a maioria dos problemas aqui apontados, algumas medidas simples podem ser tomadas logo no início dos projetos, conforme demonstramos a seguir: Estabelecimento da Linha de Base - A linha de base de um projeto é um retrato da situação atual, que servirá de referência na avaliação dos resultados obtidos. Por exemplo, na implantação de um novo processo de gerenciamento de projetos, será necessário levantar o número de projetos em andamento, as formas de controle utilizadas e outros fatores que servirão de base a comparações futuras. A linha de base pode abordar vários aspectos do projeto, tais como escopo, prazo e custo. Um importante subproduto da atividade de levantamento da linha de base em um projeto do tipo aqui considerado é o contato com os desenvolvedores e com as práticas de desenvolvimento utilizadas. Nessa oportunidade, poderão ser estabelecidos relacionamentos profissionais que, se bem administrados, irão facilitar a implantação dos mecanismos destinados à medição e avaliação dos resultados. Formulação dos Objetivos do Projeto - Os objetivos do projeto devem contemplar as necessidades e expectativas de todos os envolvidos (stakeholders). Além disso, devem 35 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II ser claramente formulados. Um checklist conhecido pelos especialistas nas disciplinas comportamentais e que pode ajudar bastante é a “Meta ESPERTA” (SMART Goal). Na especificação de um objetivo, deve-se buscar que ele seja formulado observando-se os seguintes aspectos: Específico - O objetivo deve ser suficientemente específico para que seja possível avaliar, quantitativamente, se ele está sendo alcançado. Evitar objetivos genéricos demais, tais como “Melhorar o processo de desenvolvimento”. Sua Ação - Idealmente, todas as ações definidas para alcançar o objetivo devem estar sob o controle do gerente do projeto. Devem ser elaborados planos de contingência, a fim de que os objetivos possam ser alcançados independentemente de fatores fora do controle do projeto. Os riscos devem ser avaliados e controlados. Positivo - Estudos comportamentais indicam que, para maior motivação dos envolvidos, o objetivo do projeto deve ser definido em termos positivos, em função do que se pretende alcançar. Por exemplo, “Reduzir o número de defeitos para 10% ou menos” é melhor do que “Não ter mais do que 10% de defeitos”. Os objetivos expressos por meio de frases negativas devem ser evitados. Evidência - Devem ser especificadas, em termos quantitativos, as medidas que irão indicar o sucesso do projeto. Como saber se o objetivo foi alcançado? As medidas e os respectivos valores almejados deverão ser definidos logo no início, na fase de planejamento do projeto. Recursos - Devem ser determinados e relacionados os recursos necessários ao alcance do objetivo. Considerar tanto os recursos materiais quanto os intangíveis, tais como situação política favorável e momento histórico da organização. Tamanho - O objetivo deve ser subdividido em partes suficientemente pequenas para facilitar a correspondente especificação. Ao mesmo tempo, as partes definidas devem ter importância e visibilidade suficientes para motivar a equipe, dando ensejo a um sentimento de resultado alcançado. Ambiente - Deve-se avaliar o objetivo do ponto de vista sistêmico, garantindo que o mesmo seja positivo para o ambiente como um todo. Do contrário, efeitos colaterais indesejáveis poderão ocorrer, tais como a resistência de grupos cujos interesses tenham sido negligenciados na avaliação inicial. Implantação de um Processo de Medição - Deve ser implantado um processo de medição que permita avaliar os resultados alcançados. Trata-se de uma sistemática para a coleta e análise dos dados que irão fornecer um retrato do projeto. Os dados 36 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI coletados deverão ser tais que permitam efetuar comparações com a linha de base – a situação existente imediatamente antes do início do projeto – e com os objetivos pretendidos, isto é, a situação que se almeja alcançar. É importante que o processo de medição seja uma parte integrante das atividades do projeto e não algo externo a ele. Para tanto, as medidas deverão ser obtidas como parte do trabalho normalmente executado pelos desenvolvedores. Deve ser evitada, ao máximo, a criação de trabalho adicional por conta do processo de medição. Manutenção de Controle ao Longo da Execução - Cumpridas as etapas anteriores, o gerente do projeto deverá exercer controle sobre o andamento do projeto, analisando as medidas coletadas, tomando ações corretivas e atualizando o plano do projeto com as mudanças necessárias. Nesta fase, é indispensável o estabelecimento de uma reunião periódica de acompanhamento, na qual seja revisto e discutido o estado de cada uma das atividades em andamento, com a presença de representantes dos principais envolvidos. A reunião periódica é um importante instrumento na instituição de uma disciplina de acompanhamento do projeto. Avaliação após a Conclusão - Há projetos que são encerrados sem que haja uma avaliação formal dos resultados alcançados. Em certos casos não ocorre sequer a conclusão formal do projeto; ele vai tendo suas atividades lentamente paralisadas, só se percebendo o encerramento muito tempo depois de ocorrido. De fato, compreende-se que seja difícil encerrar um projeto sem ter como avaliá-lo. E é impossível avaliá-lo se não tivermos um objetivo (onde queríamos chegar), uma situação anterior que permita comparação (onde estávamos), nem medidas do que foi realizado (até onde chegamos). No entanto, a teoria ensina que deve existir uma avaliação formal de um projeto concluído (às vezes denominada post-mortem), a fim de que se possa determinar o que se obteve, as práticas que funcionaram, as que não funcionaram e as respectivas causas. Em outras palavras, a avaliação permite que sejam aprendidas as lições oferecidas pelo projeto. Revendo as considerações acima, percebe-se que não é difícil conceber um processo disciplinado que permita avaliar a performance de um projeto de SPI, ou de implantação do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK. A maior dificuldade é devida ao início das atividades relativas à avaliação ser postergada, ou serrelegada ao segundo plano. Os mecanismos de medição devem ser projetados como parte dos processos e implantados juntamente com eles, logo no começo. É muito mais fácil registrar os fatos à medida que acontecem, do que procurar resgatar o passado, meses depois ( o que chamo “arqueologia de projetos”). Na maioria dos casos, as medidas que não são coletadas simplesmente se perdem. É fundamental que os projetos comecem tendo os objetivos bem definidos, uma linha de base registrada e um processo de medição estabelecido. 37 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II Com isso, não só é mais fácil alcançar o sucesso, mas principalmente saber que ele foi alcançado. Como gerenciar projetos de tecnologia da informação? Escopo – O gerenciamento do escopo do projeto inclui os processos necessários para garantir que o projeto inclua todo o trabalho necessário para terminar o projeto com sucesso. O gerenciamento do escopo do projeto trata principalmente da definição e controle do que está e do que não está incluído no projeto. Segundo o PMI, um escopo bem definido é essencial para a realização satisfatória do projeto. Um estudo recente, realizado pelo Standish Group International, apresentou números preocupantes com relação à quantidade de projetos que não cumprem seus objetivos: somente 32% dos projetos iniciados sãoentregues no prazo estipulado, dentro do orçamento previsto e com recursos e funções planejadas; 44% apresentam atrasos, orçamento estourado e poucas funcionalidades requeridas inicialmente e que cerca de 20% são cancelados antes de sua conclusão ou quando entregues não são implementados pelas empresas. Percebemos então, a importância de conhecer e implementar o processo de definição do escopo com base no guia PMBOK, fazendo um levantamento sobre as principais entregas, premissas e restrições inerentes ao projeto que será desenvolvido. Tempo – O Gerenciamento do Tempo ou Prazo em Projetos, que o PMBOK define como sendo “os processos necessários para realizar o término do projeto no prazo estimado”, cuja importância procura tratar este artigo, normalmente tem destacada influência para o êxito dos projetos e, portanto, na grande maioria deles, demanda cuidados constantes de gestão, desde o planejamento até a entrega final. Os atrasos na conclusão dos projetos são normalmente danosos a eles, pois, além de quase sempre comprometer o custo, retardam a entrega dos seus produtos e, consequentemente, a disponibilidade de iniciar a utilização deles e/ou de entrarem em operação. Por isso pode-se afirmar, genericamente, que o custo de um equipamento parado, sem produzir, é muito maior que o custo do gerenciamento do projeto para viabilizar a sua entrada em operação. A pergunta chave, inerente ao tempo de execução dos projetos, que é normalmente feita é: “Por que nenhum projeto consegue terminar no prazo previsto?”. Embora essa questão, conforme colocada acima, seja apenas um paradigma da execução de projetos, o que se observa na prática é que não deixa de ser uma verdade que um número significativo de projetos realmente é concluído com atraso. Num estudo feito 38 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI pelo Standish Group Internacional, avaliando projetos de TI, foi levantado que 88% dos projetos apresentam atrasos no cronograma, sendo que, a média do atraso em relação ao cronograma inicial é de 222% (PMnetwork, abril/2002). O problema com o prazo de execução é que ele está essencialmente ligado a uma “previsão” feita, que pode ser “prazo previsto”, “prazo estimado”, “prazo planejado” etc. Estas previsões são feitas durante a fase de planejamento do projeto, ou seja, antes da execução efetiva do projeto. Sabemos que as “previsões”, como o próprio nome indica, estão sujeitas a não ocorrerem 100% da forma esperada e que, mesmo para os mais experientes planejadores, o acerto total é pouco provável de ocorrer. Não obstante, para elaborarem-se os planejamentos, será sempre imprescindível estimar-se os prazos das atividades. Portanto, devemos procurar fazer previsões com altas probabilidades de ocorrer, visando obter os maiores índices de acertos possíveis. Uma situação é estimar 15 dias para execução de uma atividade e esta vir a ser realizada em um, dois ou três dias a mais; bem diferente seria levar, por exemplo, 25 a 30 dias ou mais para executá-la. A utilização de metodologias eficientes e boas práticas são imprescindíveis para se atingir um índice satisfatório no cumprimento de prazos nos projetos. Estimando o Tempo das Atividades na Elaboração de Cronogramas Quanto maior for o tempo gasto com planejamento em todas as fases do ciclo de vida do projeto, maiores as chances de sucesso deste (CLELAND, 1999). Assim, elaborar a programação do projeto ou o cronograma do projeto, como é mais conhecido, é uma atividade que deve demandar tempo e esforço condizentes com sua importância para os projetos. O cronograma deve ser elaborado com criterioso cuidado e a partir de previsões que sejam as mais fundamentadas possíveis; o que nem sempre ocorre, pois, muitas vezes, os cronogramas são elaborados considerando marcos contratuais de faturamento ou de entrega, pré-acordados, sem que seja feita uma análise adequada para verificar a viabilidade real da sua execução. Nestes casos, os planejamentos esboçam muito mais um desejo ou uma meta a ser perseguida, ou até mesmo imposta, não sendo necessariamente uma estimativa consciente e viável de ser alcançada e o seu cumprimento pode tender a ser um insucesso. Quanto mais audaciosos forem os prazos estimados em um projeto, tanto maior será a possibilidade de haverem atrasos. Portanto, deve-se evitar considerar no planejamento prazos excessivamente justos e/ou arrojados. 39 GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI │ UNIDADE II Um equívoco bastante comum quando se elabora um cronograma é quanto à disponibilidade considerada para os recursos do projeto. Na prática, verifica-se que o tempo real de produção, em um dia normal de trabalho, é em torno de 60% a 75%. Diversas atividades pessoais, fisiológicas e profissionais (reuniões, treinamentos, participação em eventos etc.), dentre outras, impedem uma dedicação integral das pessoas nos projetos. A seguir, resumimos algumas considerações e ações importantes, que podem ser úteis para auxiliar nos planejamentos e estimativas dos projetos. » Examinar e consolidar bem o escopo antes de estimar os prazos do projeto. » Não tentar enganar a si mesmo e nem a outros, fazendo planejamentos inviáveis que sabe que não podem ser realizados. » Não aceitar o impulso de estimar os prazos do projeto com base no prazo desejado. » Verificar informações históricas de outros projetos anteriores e similares, para ter como base ao estimar os prazos de um novo projeto. » Os recursos considerados no projeto devem possuir disponibilidade real. » A elaboração do cronograma deve envolver preferencialmente toda a equipe e representar um consenso geral; depois de concluído, deve ser bem divulgado para se tornar do conhecimento de todos os envolvidos e contar com o comprometimento deles. » Procurar envolver ao máximo também os clientes, não só no planejamento, como também na execução do projeto. » Obter o máximo de informações inerentes às condições para a execução do projeto (cultura de trabalho do cliente, suas normas de segurança, de projeto, de obra e outras praticadas; acordos sindicais vigentes no local da execução do projeto; calendário religioso/festivo e outros costumes, regionalidades ou leis locais que possam afetar o desenvolvimento do projeto). » Analisar e considerar no planejamento os riscos do projeto. » Monitorar a execução do projeto e adequar o cronograma sempre que for preciso. 40 UNIDADE II │ GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE TI » Promover ações efetivas, envolver e incentivar a equipe para recuperar o cronograma, quando forem identificados atrasos. A duração “desejada” do projeto não deve determinar as previsões de duração individuais das atividades. As soluções e formas estratégicas de redução do prazo do projeto para atender ao requerido pelo sponsor ou pelo cliente, por exemplo, poderão vir a ser trabalhadas, se necessário, após serem concluídas as estimativas dos tempos de durações das atividades do projeto e ficar bem conhecido(s) seu(s) caminho(s) crítico(s). Não é uma novidade para os profissionais de planejamento a afirmação de que as durações planejadas, normalmente, apresentam distorções com relação às durações reais realizadas durante o projeto. Alguns fatores contribuem para isto, tais como: » trabalhos executados com informação equivocada ou mesmo de forma errada, que precisam ser refeitos, implicando tempo adicional para concluir as atividades; » considerar um recurso sendo utilizado durante um determinado tempo ou período e, na prática, o tempo de utilização real ou eficaz ser inferior ao esperado; » estimar-se um tipo de recurso e na hora utilizar outro (ex.: quando um profissional experiente que estava previsto para executar uma determinada atividade é substituído, seja por qual for o motivo, por outro menos experiente ou que possui um perfil menos adequado); » contingências não previstas no planejamento (greves; atrasos na entrega de materiais, equipamentos ou ferramentas; chuvas, geadas e outros
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