Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2º MÓDULO – A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA A alimentação adequada na infância é fundamental para manter uma boa qualidade de vida da criança, pois este pilar auxilia diretamente no crescimento e desenvolvimento infantil. Pensando nisso, hoje vamos falar um pouco sobre a nutrição e o transtorno do espectro autista, esse assunto que é tão importante e que deve ter um olhar mais amplo na nutrição. Para isso, chamamos a Nutricionista Elisa de Espíndola especialista em Nutrição Clínica para abordar esse assunto junto com a gente. Foto: reprodução O fato é que crianças com o diagnóstico de autismo possuem uma maior seletividade, pois tendem a preferir alimento com cor e consistências específicos, o que limita a variedade de alimentos no momento da refeição podendo haver carência nutricional principalmente de ferro e zinco. Algo também bem comum, é a alteração da função intestinal ou disbiose, ocorrendo um desequilíbrio na microbiota intestinal e isso afeta cerca de 46 a 75% das crianças com disgnóstico de autismo. Nesse sentido, o melhor é ter acompanhamento nutricional que pode auxiliar a melhorar e diminuir os sintomas diários e trazer mais qualidade de vida para a criança e sua família. Algumas crianças com autismo também são diagnosticadas com transtorno déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), cujos sintomas podem piorar com uma dieta rica em açúcares, corantes e conservantes, sendo importante nestes casos 2 específicos fazer a exclusão desses itens da dieta, por isso nós pais precisamos estar sempre atentos. A seletividade alimentar como já abordado em coluna anterior é uma condição comum do autista. Essa seletividade ou recusa pelos alimentos muitas vezes se inicia quando a criança começa a ter maior autonomia em suas escolhas. Isso normalmente acaba trazendo uma angústia nos pais. Existem algumas estratégias práticas e fáceis de aplicar na rotina diária e que podem ajudar a facilitar o processo de aceitação e concentração no momento da alimentação: Primeiro, é importante também analisar se há algum desconforto gástrico quando a criança se alimenta, pois isto poderá ser um sinal de alguma alergia ou intolerância alimentar. Lembramos que o trabalho em equipe multidisciplinar é bastante interessante para entendermos as necessidades e dificuldades da criança com autismo, já que possuem uma percepção sensorial dos alimentos diferenciada e isto deverá ser avaliado por outros profissionais para ajudar no tratamento , e assim melhorar e poder estimular introduzindo os novos alimentos. Mesmo assim, estas dicas irão te ajudar bastante: 1 - No momento da refeição, crie um clima positivo e prazeroso. Sem pressão, distrações ou subornos, pois, isto só faz com que a criança crie mais força sobre a situação e muitas vezes, perde a confiança nos pais. 2 - Rotina alimentar! Tenha horários e refeições definidas, nos finais de semana, tente seguir os horários da escola. Evite beliscos ou mamadas entre as principais refeições, isto fará com a fome no momento ideal não seja suficiente. 3 - Não apele ou ofereça outras opções no momento da refeição. Nada de comida “especial” para a criança, a alimentação deve ser a mesma para toda a família. Isto só a faz entender que tem direito a exigências e que se negar o alimento, sempre terá algo “melhor” para comer. Evite principalmente alimentos açucarados e farináceos industrializados. 4 - Para o nutricionista indique quais os alimentos aceitos pela criança e juntos, decidirão quais os que serão cuidadosamente adicionados na rotina alimentar. E por último, fique tranquilo se a criança não comer bem em uma refeição, chorar e negar faz parte do processo. Foque no processo e não em um único momento do dia. 3 Fonte: Por Carol Bandeira e Silvia Ozcariz. https://www.revistaversar.com.br/a-importancia-da-nutricao-para-criancas-com-transtorno-do- espectro-autista/ COMO DRIBLAR A SELETIVIDADE ALIMENTAR O momento da alimentação para uma criança com autismo pode ser um período de estresse para ela e para os pais. Uma pesquisa realizada pela University of Massachusetts Medical School, de 2010, mostrou que 67% das crianças autistas têm seletividade alimentar. Foto: reprodução Dessa forma, um dos maiores problemas na seletividade alimentar identificados pelos pais de crianças autistas é a relutância dessas crianças em experimentar novos alimentos. Isso acontece porque as pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) recebem uma interferência de estímulos sensoriais durante a alimentação. Outra razão está atrelada aos comportamentos repetitivos e restritivos comuns ao TEA. 4 A sensibilidade sensorial é uma reação exagerada da criança ao toque. Normalmente, quando em contato com novos gostos, cheiros e texturas, a criança autista tende a apresentar uma resposta comportamental negativa. A pesquisa da Universidade de Massachusetts mostrou que entre os fatores de seletividade alimentar mais relatados estão a textura, a aparência, o sabor, o cheiro e a temperatura dos alimentos, fazendo que as crianças rejeitem alguns alimentos durante a alimentação. Há crianças autistas, por exemplo, que têm esse tipo de comportamento relacionado às cores dos alimentos. Ou seja, elas no momento da alimentação comem apenas alimentos amarelos, ou evitam alimentos da cor verde, por exemplo. Por isso que as crianças que possuem dificuldades no processamento sensorial tendem a selecionar alimentos que façam parte da sua zona de conforto. Atrelado a isso está o fato de que uma das características do autismo são os comportamentos repetitivos e restritivos. Esses hábitos impactam diretamente na alimentação da criança com autismo que, muitas vezes, acaba perdendo o interesse em se alimentar. Acompanhamento necessário Há outros fatores que potencializam a seletividade alimentar em crianças autistas. O atraso de habilidades motoras é uma delas. Entretanto, ainda que existam dificuldades, é possível driblar esses comportamentos durante a alimentação. Neste sentindo, o acompanhamento com profissionais especializados é fundamental. Terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, especialistas em alimentação e integração sensorial são capazes de ajudar os pais e crianças nessa jornada. Os pais devem ajudar durante alimentação Neste contexto, o papel da família também pode ser de grande ajuda. Os pais devem criar ambientes adequados para as experiências alimentares. Um dos erros mais comuns dos pais é manter a rotina da criança e não estimulá-la a experimentar outros alimentos. Assim, a maneira como o alimento é ofertado para criança é uma forma de fazer com que ela fique mais interessada naquilo. A introdução de novos alimentos na rotina de uma criança autista deve ser feita com cautela. Os pais precisam respeitar os limites da criança, fazendo cada mudança aos poucos. 5 Dessa forma, o adulto não deve forçá-la a comer, mas sim oferecer alimentos variados para que ela mesma tenha o interesse em se servir. Outra maneira é colocar pedaços pequenos de alimentos diferentes junto com alimentos que as crianças já estão habituadas a comer. Fonte: https://jadeautism.com/seletividade-alimentar-e-autismo/ SELETIVIDADE ALIMENTAR É AGRAVADA EM PESSOAS COM AUTISMO - Meu filho não come alimentos verdes! - Minha filha não come nada que seja crocante! - Meu sobrinho não come nada além de lanches e sucos! Frases como essas são comuns entre familiares de pessoas com autismo, já que pessoas do espectro frequentemente possuem uma elevada seletividade alimentar. De acordo com a nutricionista especialista em nutrição e gastronomia funcional e autismo Adriana Siqueira, a seletividade é comum entre crianças, principalmente após os dois anos de idade, onde começam as escolhas alimentares.“Na seletividade alimentar, há uma diminuição da variedade ou quantidade de alimentos. Entre crianças típicas, 30% delas se enquadram em um dos casos de seletividade alimentar, porém entre neuropatias (autismo entra nesta categoria) esse número pode chegar a 80% dessas crianças”, explica Adriana, que tem capacitação em seletividade alimentar. Nesses casos, quando alguém lhe oferece um alimento, a criança recusa, vira a cabeça, deixa tudo no prato ou apresenta outros comportamentos similares. Veja no infográfico como identificar a seletividade alimentar: Passo a passo para lidar com a seletividade alimentar Muitos pais interpretam a recusa a um determinado alimento como birra, acreditam que será uma fase ou então deixam a criança sem comer “até que tenha 6 fome”. Antes de partir para essas conclusões e atitudes, que tal buscar a causa da seletividade? “Deve-se primeiro de tudo investigar possíveis causas orgânicas que influenciam este comportamento, como alergias alimentares, doenças intestinais inflamatórias, prematuridade, doença celíaca, doença de refluxo gastresofágico, problemas cardiorrespiratórios e digestivos”,’ explica Adriana. Se, descartadas essas condições, outra sugestão é buscar se a criança não tem algum problema muscular orofacial e se ela tem um desenvolvimento adequado de mastigação e deglutição. “Além destes, a disfunção sensorial e comportamental é muito comum nas crianças com TEA e descartadas todas as possibilidades de causas orgânicas (até 90% de casos de seletividade extrema) serão estas últimas as questões a serem trabalhadas em terapia”, orienta. Crianças que possuem dificuldade no processamento sensorial podem, por exemplo, selecionar alimentos que sentem mais conforto e dificilmente aceitam mudanças. “Comem geralmente alimentos crocantes ou fáceis de mastigar e na presença de purês ou alimentos mais molhados podem engasgar ou até vomitar”, exemplifica a nutricionista. Foto: reprodução Identificar precocemente os sinais de uma possível alteração no processamento sensorial pode colaborar e garantir o aprendizado alimentar positivo para a criança, diminuindo situações de trauma e recusa. 7 Mas como intervir? Algumas das atitudes possíveis são até mesmo desconectadas, à primeira vista, da própria alimentação. “Em alguns casos, mudando estrutura e organizando a `casa` muitas crianças seletivas melhoram do quadro, geralmente é aquela criança que não apresenta seletividade extrema”, explica. Se abordado adequadamente, o processo de seletividade se reverte, na grande maioria dos casos. “Encontrar o problema, tratar com equipe multidisciplinar com nutricionista, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e em alguns casos psicólogo, é fundamental, mas infelizmente ainda temos poucos profissionais que tratam a seletividade como um problema”, comenta. Meu filho não come quase nada: devo me desesperar? “É comum, como pais, tentarmos alimentá-los diversas vezes e nos sentirmos frustrados. Procurarmos profissionais que não nos ajudam e ainda dizem para deixar sem comer que com fome eles comerão. E comum preparar pratos e mais pratos e acabar indo tudo para o lixo. Certo dia, deixamos de lado e desde que ele coma o que aceita no momento, é suficiente para nós. É compreensível porque não sabemos como proceder, depois de tantas tentativas, pressão, obrigação e estresse familiar”, diz Adriana. A primeira coisa a ser feita, na visão da nutricionista, é adequar o plano alimentar de forma a estruturar uma mudança gradativa que a criança não sinta e que incorpore macronutrientes, suplementos e quantidades diárias do alimento. “Isso pode ser rápido ou demorar de acordo com a seletividade e quantidade de alimentos que essa criança consome”, pontua. Enquanto o plano está em desenvolvimento, o segundo passo é estruturar a casa e a família, em um ambiente adequado, calmo e prazeroso junto com o alimento. “Recomeçar! Assim o estresse e ansiedade dão lugar a esperança e vontade de mudar e ajudar. Uma equipe de avaliação multiprofissional seria o ideal no tratamento de seletividade, porém muita coisa pode ser feita em casa” De acordo com a nutricionista Adriana Siqueira, fazer refeições em família, com participação ativa da criança no preparo dos alimentos, estimulando sua curiosidade pelos aromas, texturas, cores, sabores dos alimentos, é um exemplo de ação muito bem sucedida. “Gerar autonomia para se alimentar sozinha (self-feeding), sem a coerção do adulto; atividades que podem ser aplicadas para ajudar na seletividade alimentar são atividades que trazem a exploração dos alimentos como brincar, plantar, ler, informar, comprar, educar (jogos e aplicativos), cozinhar e quem sabe.....comer juntos”. 8 E, acima de tudo, ter paciência e dar o tempo necessário para a criança se ajustar às novidades. “O processo geralmente é lento, requer paciência e determinação dos profissionais e família, porém se não trabalhado dificilmente essa criança terá uma alimentação sem dificuldades no futuro”, completa. Bibliografia: Junqueira, P.; (2017) Relações Cognitivas com o Alimento na Infância: abordagem ampliada e integrada. Volume V. São Paulo ILSI, BRASIL Morris, S., & Klein, M. D. (2000). Pre-feeding skills: a comprehensive resource for mealtime development (2nd ed.). USA: Vital & Marts. PENSI, (2017) Simpósio de Dificuldades Alimentares. Instituto Pensi Fonte: https://superspectro.com.br/noticia/seletividade-alimentar-e-agravada-em-pessoas-com-autismo-mas- e-possivel-dribla-la ALIMENTAÇÃO INADEQUADA IMPULSIONA SINTOMAS DO AUTISMO, DIZ ESPECIALISTA Segundo Paula Ribeiro, alguns sintomas, como falta de concentração e irritabilidade, podem estar ligados à alimentação. Especialistas afirmam que a nutrição adequada é base para o tratamento de qualquer doença, como o Transtorno do Espectro Autista. Sintomas do autismo, como falta de concentração, irritabilidade e disfunção imunológica, podem ser aparecer devido a uma alimentação inadequada. A nutricionista Paula Ribeiro explica que o autismo é uma disfunção neurobiológica em que uma série de condições afeta o desenvolvimento da criança. “Uma mudança nos critérios diagnósticos definiu que diferentes síndromes relacionadas com perturbações ou alterações do desenvolvimento neurológico são entendidas como variações do autismo, e passou-se então a utilizar o termo Transtornos do Espectro Autista (TEA)”, conta. Questionada sobre o papel da alimentação no tratamento para os portadores da síndrome, Paula é enfática e conta que estudos recentes mostraram que o 9 planejamento alimentar levou a melhoras nos sintomas de forma geral, assim como no isolamento social e até nas habilidades de comunicação e interação. “Os alimentos são nutrientes e cada um tem um papel fundamental à nossa saúde física e mental para o desenvolvimento neurológico e expressão genética, ou seja, os nutrientes compõem todo o nosso organismo e, nesse caso, a alimentação se torna um eixo essencial para resultados positivos em todo o tratamento. Foto: reprodução Os objetivos da programação alimentar são reduzir a inflamação, otimizar as vias metabólicas, trazer o corpo para o funcionamento ótimo. Uma criança autista - assim como qualquer pessoa - que se alimenta corretamente, responde melhor a todas as atividades, dorme melhor e, consequentemente, terá qualidade de vida”, detalha a nutricionista. De acordo com Paula Ribeiro, existem aproximadamente 1.069 genes relacionados ao TEA. Além da genética, existem fatores ambientais que acometem o indivíduo de diversas formas e combinações de manifestações. Um diagnóstico adequado quando surgem os primeiros sintomas (gastrointestinais, metabólicos ou comportamentais) permite uma intervenção eficaz para que não haja o agravamento do TEA. “Alguns estudos mostram que a microbiotaintestinal de um autista é diferente da de uma criança neurotípica, com cepas e quantidades diferenciadas. Além disso, os metabólitos produzidos por algumas bactérias que existem somente no intestino de autistas interferem na biossíntese de neurotransmissores. Por isso eles apresentam algumas intolerâncias”, aponta Paula Ribeiro. 10 Ainda segundo a nutricionista, os alimentos estão mais pobres (nutrientes menos ativos) e mais tóxicos, temos uma infinidade de alimentos disponíveis, de longa durabilidade, mas que têm trazido efeitos desastrosos, agredindo o intestino, causando inflamação sistêmica e disfunção imunológica. “Portanto, uma parte importante do tratamento é melhorar o estado nutricional e impedir o aparecimento ou agravamento dos sintomas que podem estar relacionados à qualidade alimentar ingerida”, enfatiza. Ela conclui dizendo que substituir alimentos não é uma tarefa fácil, mas é possível. “Retirar alimentos e incluir outros, dentro de uma sociedade onde temos de tudo o tempo todo, não é para os fracos. Dentre as dificuldades estão a seletividade e as novas receitas, que demoram um tempo para pegarmos o jeito de fazer até acertar a mão! É preciso persistência e um trabalho em equipe. A família deve se unir! O melhor é saber que o resultado de todo o esforço é proporcionar qualidade de vida ao portador de TEA”, conclui. Fonte: Por Michelle Rosa. https://jmonline.com.br/novo/?noticias,7,SA%C3%9ADE,189568
Compartilhar