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ÉTICA-EMPRESARIAL

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1 
 
 
ÉTICA EMPRESARIAL 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. CONCEITUAÇÃO BÁSICA .................................................................................. 3 
1.1 Reflexão Sobre a Ética .................................................................................. 4 
1.2 Principais Doutrinas Éticas (filosófica) ........................................................... 9 
1.3. Valores organizacionais .................................................................................. 20 
2. DEFINIÇÃO DE ÉTICA EMPRESARIAL ........................................................... 26 
2.1. Ética nas Organizações .................................................................................. 26 
2.2. Perfil Ético das Organizações ......................................................................... 29 
3. CÓDIGO DE ÉTICA DE UMA PROFISSÃO ...................................................... 44 
3.1 Código de Ética ............................................................................................ 44 
4. A ÉTICA NO SETOR PÚBLICO ........................................................................ 47 
4.1 O Código de Ética do Servidor Público ........................................................ 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 49 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à 
crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a 
nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos 
para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade 
brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber 
através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente 
para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, 
conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre 
pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
1. CONCEITUAÇÃO BÁSICA 
 
 
Ética é uma palavra de origem grega com duas interpretações possíveis. 
 A primeira é a palavra grega éthos, com “e” curto, que pode ser traduzida por 
costume. 
 A segunda também se escreve éthos, porém com “e” longo, que significa 
propriedade do caráter. 
A primeira serviu de base na tradução pelos romanos para a palavra latina 
mores e que deu origem à palavra Moral, enquanto que a segunda orienta a utilização 
atual que damos à palavra Ética. Talvez esteja aí a origem da costumeira confusão 
que se faz sobre moral e ética. Embora os dois termos estejam inseridos na área do 
comportamento humano, eles não são termos equivalentes sendo um erro utilizá-los 
como se fossem sinônimos. 
Ética Profissional são normas de conduta que deveriam ser colocadas em 
prática no exercício da profissão. Serve para regulamentar o relacionamento do 
profissional com seus clientes, caracterizando para a melhoria da dignidade das 
pessoas e a construção do bem-estar. 
A ética profissional está em todas as profissões, desde caráter normativo ao 
jurídico, que regulamenta cada profissão através de estatutos e códigos específicos. 
Sendo a ética fundamental à vida humana, na vida profissional não seria 
diferente, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e 
responsabilidades sociais, que envolvem pessoas que dela se beneficiam. O fazer 
profissional diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir 
para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, 
somando as atitudes que deve responder no executar de sua profissão. A ética no 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
cotidiano acaba se refletindo na Ética Profissional. O Estatuto Ético de uma profissão 
é a responsabilidade que dela decorre. 
A ética profissional codificada vem a preencher uma necessidade de se 
transformar em algo claro e prescritivo, para efeitos de controle corporativo, 
institucional e social, o que navega nas incertezas da ética filosófica. A ética coloca 
deveres para com sigo mesmo, para com os colegas, para com a sociedade e com os 
clientes. 
 
1.1 Reflexão Sobre a Ética 
 
 
a) Ética 
 
 
Quando as pessoas respondem intuitivamente à questão “O que é a ética?”, 
existe uma tendência para a identificar com princípios que distinguem o certo do 
errado. O que é correto – numa certa medida. A verdade é que a especificidade das 
situações que exigem uma ação ética motivadas por princípios fortemente éticos exige 
igualmente um tipo de pensamento específico, o qual denominamos de reflexão ética. 
A reflexão ética exige percepção e julgamento. Poderemos ser capazes de 
identificar fatos relevantes num determinado caso e percebermos se os nossos 
princípios orientadores se aplicam a esta ou a outra situação. O que pode ser 
extremamente difícil. 
A capacidade para efetuar distinções e julgamentos desenvolve-se com o 
tempo. Todos nós adquirimos os nossos princípios éticos de base a par de estruturas 
mentais valorativas na mais tenra infância. O que é um fato evidente para a maioria 
das culturas que ensinam às suas crianças a denominada “regra de ouro”, traduzida 
pela pergunta feita pelos educadores aos seus filhos “como te sentirias se alguém te 
tivesse feito isso a ti?”. 
Contudo, a nossa formação ética não termina na infância – é um processo que 
envolve o questionar contínuo e o pensamento crítico ao longo da vida. E esta é a 
verdadeira matéria da reflexão ética: aperfeiçoar a nossa percepção ética e 
5 
 
 
capacidade de julgamento através da experiência da vida real, de um pensamento 
clarificado e de discussões argumentativas. 
Não só os nossos princípios éticos e estruturas mentais são aprendidos, como 
podem igualmente ser aperfeiçoados. E devemos acreditar que todos se beneficiam 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
de uma reflexão ética adequada sobre os assuntos emergentes da vida 
contemporânea, nomeadamente no que diz respeito às obrigações éticas da 
sociedade em torno das questões da pobreza e da impotência face as situações de 
injustiça. 
Todos nós possuímos crenças, ideias e sentimentos no que respeita à ética. E 
é dever da sociedade promover a reflexão crítica e estimular o debate sobre esta 
questão. 
Muitos acreditam que a ética não está, na verdade, enraizada em questões 
racionais, mas sim na forma como cada indivíduo se sente relativamente a 
determinado assunto. Uma razão para esta visão está subjacente ao fato de todos nós 
possuirmos sentimentos fortes no que respeita às questões éticas e, muitas vezes, 
discordarmos com os outros em relação às mesmas. O que pode levar as pessoas a 
pensar que não existe uma resposta certa ou errada para qualquer questão ética e que 
tudo se resume a uma determinada convicção pessoal. O que não é assim tão linear. 
Porque todos parecemos naturalmente talhados para convencer os outros do nosso 
ponto de vista ético através dos nossos argumentos. Parece estranho afirmar que a 
ética está apenas relacionada com formas de sentir e não com estruturas racionais. 
Afinal de contas, os argumentos constituem formas de apresentarmos razões para os 
pontos de vista que defendemos e acontece que as pessoas acabam por mudar as 
suas convicções ao longo dessas discussões argumentativas porque acabam por 
considerar as razões oferecidas pelos outros como convincentes. 
Desta forma, a ética não pode servista apenas como uma mera forma de como 
nos sentimos relativamente a uma questão em específico. O que não quer dizer que 
as emoções não representem um papel importante no nosso pensamento ético. Se 
não confiarmos nas nossas emoções até certo ponto – se não nos importarmos com 
os outros, por exemplo – será difícil explicar por que motivo tomamos a sério quaisquer 
questões éticas. Assim, as emoções podem, certamente, contribuir para os nossos 
julgamentos éticos e motivar-nos a agir com preocupação relativamente aos outros, 
mas não podem traduzir tudo o que está inerente a um julgamento ético. 
O ponto principal nessa discussão é que os bons julgamentos éticos são 
7 
 
 
considerados juízos, ao invés de ideias pré-concebidas ou intuições emocionais. É 
importante possuirmos sentimentos fortes relativamente às nossas convicções éticas, 
mas os sentimentos não são suficientes – temos, sim, que pensar cuidadosamente 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
sobre os nossos julgamentos éticos de forma a assegurar que eles são justificados e 
consistentes. 
 
 
b) Moral (valores) 
 
 
A moral é normativa a partir de um conjunto de regras, valores, proibições e 
tabus que provêm de fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou impostos 
pela política, costumes sociais, religiões ou ideologias. Como as comunidades ou 
grupos sociais são distintos entre si, tanto no espaço (região geográfica) quanto no 
tempo (época), os valores também podem ser distintos dando origem a códigos morais 
diferentes. 
Assim, a moral é mutável e está diretamente relacionada com práticas culturais. 
Exemplo: o homem ter mais de uma esposa é moral em algumas sociedades, mas em 
outras não. Para Cotrim (2002) a ética é um estudo reflexivo das diversas morais, no 
sentido de explicitar os seus pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser 
humano e a existência humana que sustentam uma determinada moral. 
A ética, então, pode ser o regimento, a lei do que seja ato moral, o controle de 
qualidade da moral. Daí os códigos de ética que servem para as diferentes micro- 
sociedades dentro do sistema maior. A ética define-se como o conhecimento, a teoria 
ou a ciência do comportamento moral. É através da ética que compreendemos, 
explicamos, justificamos, analisamos criticamos e, se assim quisermos, aprimoramos 
a moral da sociedade. 
Em última análise, ética é a definidora dos valores e juízos que norteiam a 
moral. Compete à ética, portanto, o estudo da origem da moral, da distinção entre 
 FIQUE ATENTO! 
 
Segundo Cordi (2003, p.62), “ética é uma reflexão sistemática sobre o 
comportamento moral. Ela investiga, analisa e explica a moral de uma 
determinada sociedade”. 
9 
 
 
comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da responsabilidade e 
de questões como a prática do aborto, da eutanásia e da pena de morte. 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme Cordi (2003) a ética não diz o que deve e o que não deve ser feito 
em cada caso concreto, isso é da competência da moral. A partir dos fatos morais a 
ética tira conclusões elaborando princípios sobre o comportamento moral. 
Podemos afirmar que o conceito de Ética é mais amplo e rico do que o de Moral. 
Ética implica em reflexão teórica sobre moral e revisões racionais e críticas sobre a 
validade da conduta humana, sendo o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou 
incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, independentemente das práticas 
culturais. 
 
 
c) Liberdade 
 
 
Segundo Helvetius e outros deterministas, a liberdade seria uma espécie de 
ilusão, pois há um aspecto biológico do qual não se pode escapar e, sobretudo, um 
aspecto jurídico. Veja o que ele diz: 
“Os homens não são maus, mas submissos aos seus interesses... 
Portanto, não é da maldade dos homens que é preciso se queixar, mas da ignorância 
dos legisladores que sempre colocam o interesse particular em oposição ao geral. 
[…] Até hoje, as mais belas máximas morais não conseguem traduzir nenhuma 
mudança nos costumes das nações. Qual é a causa? É que os vícios de um povo 
estão escondidos no fundo de sua legislação.” 
Vamos analisar o que ele diz: 
 Que os homens buscam seus interesses, mas isso não significa que eles sejam 
maus; 
 Não limitar os interesses humanos particulares, ou seja, aqueles que 
 FIQUE ATENTO! 
 
Segundo Cotrim (2002) a Moral é o conjunto de normas, princípios e costumes 
que orientam o comportamento humano, tendo como base os valores próprios a 
uma dada comunidade ou grupo social. 
11 
 
 
beneficiam apenas um grupo pequeno ou muito restrito, é preciso haver leis que 
prefiram os interesses gerais. 
 Se isso não acontecer, não haverá uma mudança nos costumes, pois as leis 
continuarão a permitir que os erros aconteçam. 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem pensadores que defendem que o ser humano é sempre livre. Embora 
existem determinações externas e internas, fatores sociais e subjetivos, a 
liberdade de decidir sobre suas escolhas é superior à força dessas determinações. 
Um exemplo que poderia ser dado para entendermos essa noção seria a de dois 
irmãos que têm a mesma origem social, mas um se torna criminoso e o outro não. 
Vejamos o que o filósofo francês Jean-Paul Sartre disse sobre isso: 
“...Por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é 
liberdade. […]Não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos 
legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós nem diante de nós, 
no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem 
desculpas. 
É, portanto, pensadores que defendem que o homem está condenado a ser 
livre. Condenado porque não criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez 
lançado ao mundo, é responsável por tudo o que fizer.” 
Analisando o que Sartre escreveu, entendemos que, para ele: 
 Não há determinismo, logo o homem é livre para decidir; 
 Se é livre para decidir, não há desculpas ou justificativas para as ações do 
homem. Ele só age de tal modo quando quer agir assim; 
 Por ser livre, o homem é responsável por tudo o que faz. 
Entre os pensadores que defendem a relação entre liberdade e determinismo, 
estão o holandês Espinosa e os alemães Marx e Engels. Segundo eles, não há uma 
exclusão entre as ideias de liberdade e de determinismo. Se há fatores objetivos que 
limitam a liberdade humana, como as leis, as normais, a situação social, é possível 
que, pela ação, esses limites sejam expandidos. Para isso, precisamos conhecer os 
determinismos e, quanto maior for o nosso conhecimento a respeito deles, maior será 
o nosso poder de ação sobre eles. 
Vejamos o que o filósofo Karl Marx disse sobre isso: 
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem 
como circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam 
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.” 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 Principais Doutrinas Éticas (filosófica) 
 
 
As questões éticas ocupam nosso mundo desde o início dos tempos. Costuma- 
se afirmar que, quando o homem passa a viver em sociedade, seus desejos e 
impulsos interiores passam a aflorar com mais intensidade, gerando os 
questionamentos que envolvem a relação com os outros integrantes da sociedade. 
Assim, os contornos éticos do ser humano passaram se desenvolver. 
Antes mesmo do início da Filosofia Antiga, cujo nascedouro foi a Grécia, povos 
mais antigos já tratavam se questões éticas, tais como os chineses e os egípcios, em 
especial no tocante à religião, ao trato com o povo e à forma de fazer as guerras 
 
a) Idade Antiga 
 
 
 Sócrates 
Costuma-se afirmar que a origem da Ética vem dos estudos desenvolvidos por 
Sócrates. Nascido em Atenas, Sócrates é considerado o pai da Filosofia Moral e 
próprio precursor da Filosofia. O pensamento de Sócrates foi desenvolvido com base 
em análises da natureza humana e suas manifestações ético-sociais. Assim,Sócrates 
quebrou paradigmas vigentes à época, uma vez que a Filosofia então desenvolvida 
era baseada na visão do Cosmos e da Natureza. 
Neste contexto, um dos temas mais presentes no pensamento socrático era a 
VERDADE, como um dos principais integrantes da ÉTICA, que forjaria um juízo 
universal, com o potencial de direcionar a vida dos homens, tanto no plano pessoal 
quanto no plano político. 
A Ética de Sócrates tinha como questão principal a FELICIDADE, a quem 
denominava como o “bem supremo da vida”, ou a própria finalidade da vida. Assim, 
Sócrates entendia a natureza humana como fonte de manifestações ético-sociais, 
sendo que a verdade despontava como verdadeiro paradigma que deveria inspirar 
todos os homens de todas as Nações, tendo a felicidade como vetor de 
direcionamento a ser alcançada como própria essência da vida. 
14 
 
 
Segundo Julian Faria: 
 
 
A ética socrática reside no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim 
da ação. Essa ética tem por objetivo preparar o homem para conhecer-se, 
tendo em vista que o conhecimento é a base do agir ético. Ao contrário de 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
fomentar a desordem e o caos, a filosofia de Sócrates prima pela submissão, 
ou seja, pelo primado da ética do coletivo sobre a ética do individual. Neste 
sentido, para esse pensador, a obediência à lei era o limite entre a civilização 
e a barbárie. Segundo ele, onde residem as ideias de ordem e coesão, pode- 
se dizer garantida a existência e manutenção do corpo social. Trata-se da 
ética do respeito às leis e, portanto, à coletividade. 
 
Na construção de seu pensamento, Sócrates jamais teve a pretensão de 
ensinar a quem quer que fosse. Para Sócrates, o conhecimento somente seria obtido 
a partir do reconhecimento da própria ignorância, tendo estabelecido as célebres 
expressões “eu só sei que nada sei” e “O ignorante supõe saber tudo. O sábio sabe 
que nada sabe”. 
Interessante observar que Sócrates não deixou nenhuma obra escrita, sendo 
seu pensamento divulgado posteriormente, em especial nas obras de Platão. 
 
 Platão 
Conforme mencionado, coube a Platão, discípulo de Sócrates, divulgar em 
suas obras o pensamento do mestre. A Ética de Platão está direcionada a alcançar o 
BEM. Segundo Platão, somente com a prática do BEM podemos conhecer a ética e a 
política. Esta é característica bem marcada da Ética Platônica, posto que seu 
pensamento a direciona para a política. 
Platão defendia o desprezo aos prazeres da vida, as riquezas e as honras, 
ensinando que a vida humana deveria estar voltada essencialmente para a prática do 
BEM. No entanto, não descartava totalmente esses prazeres, posto que pregava a 
necessidade de equilíbrio entre elementos diversos que levariam a um mesmo fim. 
Por exemplo, a justa medida entre o prazer e a inteligência, é por meio deste equilíbrio 
que as ações humanas atingem o bem. 
Mas, importante ressaltar que, para Platão, o BEM não se realizava nas coisas 
materiais, mas em tudo que engrandecesse a alma. 
Para Platão, o BEM somente seria encontrado no mundo das ideias 
(conhecimento da verdadeira realidade). O escrito “O Mito da Caverna” retrata muito 
bem esse pensamento de Platão. Para ele, o indivíduo não nasce dotado de Ética, 
16 
 
 
sendo necessário que o Estado venha a intervir, por intermédio da Educação, para 
dotar o homem de Ética. Assim, a Ética seria fundamentada na LIBERDADE, razão 
pela qual o homem não nasceria já determinado a agir de acordo com princípios 
específicos, mas aprenderia a agir de maneira correta. Assim, o agir ético não seria 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
um dom natural do ser humano, mas sim decorrente de um processo educativo 
constante, complexo e, algumas vezes, doloroso. 
A Ética tem por base a liberdade, por isso o indivíduo não nasce determinado 
para agir conforme princípios categóricos, mas aprende-se a agir de maneira correta. 
A Ética de Platão tem por objetivo conduzir o indivíduo a alcançar o SUMO 
BEM, seno que, para tal, deverá ele desprezar os prazeres mundanos e incorporar as 
virtudes essenciais da alma humana. 
 
 Aristóteles 
Aristóteles teve suas ideias fomentadas no pensamento de Platão, muito 
embora a partir daí tenha seguido caminhos opostos ao de seu mestre. Com uma 
ampla produção intelectual, revelando-se um pensador eclético, já que tratou sobre: 
o Física; 
o Ética; 
o Política; 
o Metafísica; 
o Retórica; 
o Poesia. 
Aristóteles formulou toda uma reflexão ética, partindo dos fenômenos que 
emergiam da Ciência Política, base da Ciência Social. A Ética Aristotélica vê o homem 
individual essencialmente como um integrante da sociedade, determinando, assim, o 
seu caráter político, alinhado à Ciência Social. 
Na ética aristotélica possui mais valor um cidadão formado nas virtudes, 
especialmente aquelas relacionadas ao conceito de Justiça, do que as prescrições 
objetivas estabelecidas pela lei. 
A Ética aristotélica realiza uma interpretação das ações humanas 
fundamentadas em análises de meio e de fim, resultando da definição de 
determinadas práticas humanas onde o conteúdo moral estará relacionado à prática 
de ações específicas. Tais ações devem ser implementadas não apenas por 
parecerem corretas aos olhos de quem as pratica, mas porque através dessas ações 
18 
 
 
o homem estará mais próximo do bem. 
Aristóteles, em seu livro “Ética a Nicômaco” (1097 b), afirma que esse bem 
supremo nada mais é do que a felicidade. Através das ações positivas, praticadas 
num contexto ético e moral, o homem materializa o bem, alcançando a felicidade: 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(1097 b) Ora, parece que a felicidade, acima de qualquer outra coisa, é 
considerada como esse sumo bem. Ela é buscada sempre por si mesma e 
nunca no interesse de outra coisa; enquanto que a honra, o prazer, a razão, 
e todas as demais virtudes, ainda que as escolhamos por si mesmas (visto 
que as escolheríamos mesmo que nada dela resultasse), fazemos isso no 
interesse da felicidade, pensando que por meio dela seremos felizes. Mas a 
felicidade, ninguém a escolhe tendo em vista alguma outra virtude, nem, de 
uma forma geral, qualquer coisa além dela própria. 
 
Ressalte-se, no entanto, que estamos nos referindo à verdadeira felicidade, 
aquela que abranda almas e corações, e não à pseudofelicidade, que advém de 
conquistas e atitudes que massacram o semelhante e determinam um mórbido prazer 
ao algoz. 
Para Aristóteles, a VIRTUDE está centrada no JUSTO MEIO, ou seja, os 
extremos de qualquer situação devem ser descartados, buscando-se a chamada 
MEDIANIA. Assim, diante de determinada situação, que exige uma decisão, o 
indivíduo deverá buscar o equilíbrio (que não significa necessariamente exatamente 
o meio das opções), evitando os extremos. Tudo que é extremo não conduz à 
VIRTUDE. 
 
 Epícuro 
Criador do Epicurismo, afirmou que a sabedoria, a honestidade e a justiça eram 
essenciais para uma vida feliz. Neste sentido, o objetivo da vida feliz é o PRAZER. No 
entanto, não devemos confundir o prazer mencionado por Epícuro com o prazer 
mundano. Para Epícuro, o verdadeiro prazer consistiria na tranquilidade do espírito, 
que conduziria ao grande fim da moral. 
Neste contexto, a ÉTICA seria a parte mais importante da Filosofia, uma vez 
que caberia a ela indicar o caminho da Sabedoria, da Honestidade e da Justiça, ou 
seja, o próprio caminho da felicidade. 
 
20 
 
 
 
 
ATENÇÃO. O Prof. João Francisco P. Cabral resume 
com precisão os contornos da Ética proposta por 
Epícuro (disponível 
em http://www.brasilescola.com/filosofia/a-etica- 
epicuro.htm 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Epicuro, a posse de poucos bens materiais e a não obtenção de 
cargos públicos proporcionam uma vida feliz e repleta de tranquilidade interior, visto 
que essas coisas trazem variadas perturbações. Por isso, as condições necessárias 
para a boa saúde da alma estão na humildade. E para alcançar a felicidade,Epicuro 
cria 4 “remédios”: 
 Não se deve temer os deuses; 
 Não se deve temer a morte; 
 O Bem não é difícil de se alcançar; 
 Os males não são difíceis de suportar. 
De acordo com essas recomendações, é possível cultivar pensamentos 
positivos os quais capacitam a pessoa a ter uma vida filosófica baseada em uma ética. 
A felicidade se alcança através de poucas coisas materiais em detrimento da busca 
do prazer voluptuoso. O homem ao buscar o prazer procura a felicidade natural. No 
entanto é necessário saber escolher de modo que se evite os prazeres que causam 
maiores dores; quando o homem não sabe escolher, surge a dor e a infelicidade. 
O sábio deve saber suportar a dor, visto que logo essa acabará ou até mesmo 
as que duram por um tempo maior são suportáveis. A conquista do prazer e a 
supressão da dor se dão pela sabedoria que encontra um estado de satisfação interna. 
A virtude subordinada ao prazer só pode ser alcançada pelos seguintes itens: 
 Inteligência – a prudência, o ponderamento que busca o verdadeiro prazer e 
evita a dor; 
 Raciocínio – reflete sobre os ponderamentos levantados para conhecer qual 
prazer é mais vantajoso, qual deve ser suportado, qual pode atribuir um prazer maior, 
etc. O prazer como forma de suprimir a dor é um bem absoluto, pois não pode ser 
acrescentado a ele nenhum maior ou novo prazer. 
 Autodomínio – evita o que é supérfluo, como bens materiais, cultura 
sofisticada e participação política; 
 Justiça – deve ser buscada pelos frutos que produz, pois foi estipulada para 
que não haja prejuízo entre os homens. 
Enfim, todo empenho de Epicuro tinha como meta a felicidade dos homens. 
22 
 
 
Nos jardins (comunidade dos discípulos de Epicuro) reinava a alegria e a vida simples. 
A amizade era o melhor dos sentimentos, pois proporcionava a correção das faltas 
uns dos outros, permitindo as suas correções. Com isso, a moral epicurista é baseada 
na propagação de suas ações, pois ele não se restringiu apenas ao sentimento e ao 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
prazer como normas de moralidade, mas foi muito além de sua própria teoria, sendo 
o exemplo vivo da doutrina que proferia. 
Se tivéssemos que resumir a ideia da Ética de Epícuro, certamente sua célebre 
frase se encarregaria disso: “Faze tudo como se alguém te contemplasse.” 
 
 Zenão 
Zenão, seguidor do estoicismo, que acreditava ser a VIRTUDE o grande fim da 
vida humana. Segundo essa ética estoicista, a virtude moral é constituída de 
conhecimento racional e força suprema, "no mundo acontece apenas o que Deus quer 
e o sábio deve aceitar o seu destino". O estoicismo é, portanto, uma forma de viver 
conforme a natureza, sendo seu tema fundamental a existência de uma ordem 
universal racional. 
Assim, segundo a enciclopédia virtual Wikipédia, para os Estóicos, “a felicidade 
consiste em viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença 
(apathea) em relação a tudo que é externo. O homem sábio obedece à lei natural 
reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo, devendo 
assim manter a serenidade e indiferença perante as tragédias e alegrias”. 
 
b) Idade Média 
 
 
A Ética na Idade Média é marcada pela influencia e regência da fé católica e 
suas doutrinas. Entre o século IV e o século XV, predomina a moral cristã. Deus é 
identificado com o Bem, a Justiça e a Verdade, e deve ser o modelo a ser seguido. 
Neste contexto dificilmente se concebe a existência de teorias éticas 
autônomas da doutrina da Igreja Cristã, dado que todas elas de uma forma ou outra 
teriam que estar de acordo com os seus princípios. 
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são os principais filósofos da ética na Idade 
Média. 
 O primeiro fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da filosofia 
clássica, dizendo que a ética tinha por objetivo tornar os humanos em seres felizes, e 
24 
 
 
essa felicidade só seria atingida num encontro amoroso do homem com Deus. 
 O segundo concorda com a essência da teoria de Santo Agostinho, mas 
fundamenta-se em questões levantadas por Aristóteles durante a Antiguidade 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clássica. Em toda a ética de S. Tomás de Aquino está presente o direito natural 
(jusnaturalismo). 
Existe uma lei eterna ― uma lei que governa todo o universo e que existe na lógica 
do surgimento desse universo. A lei natural que existe no Homem é um reflexo (ou 
uma “participação”) dessa lei eterna que rege o universo. 
 
c) Idade Moderna 
 
 
Na Idade Moderna, influenciada pelo Renascimento, a Ética passa a se 
distanciar dos preceitos cristãos e aproxima-se mais dos conceitos gregos. As bases 
da Ética passam a se fundamentar na razão, e ficou definida principalmente pelas 
regras, leis e normas impostas pela sociedade. A ascensão da burguesia influenciou 
muito nos fundamentos morais, visto que esta camada social gerou novas ideias e 
conceitos. Os filósofos dessa época pregavam que somente pela Ética era possível 
evitar conflitos entre o indivíduo e a sociedade. 
Nicolau Maquiavel, pensador do Renascimento, afirmou que os valores da Ética 
deveriam se constituir em orientação para os príncipes ou governantes. No entanto, 
afirma ele que, na realidade histórica, os governantes para serem eficientes na 
condução e na administração do Estado, precisam, com frequência, de utilizarem-se 
de meios não-éticos para governar. Por exemplo, precisam usar a violência contra 
seus inimigos e adversários se quiserem defender o Poder político. 
Posteriormente, outros pensadores, baseados em Maquiavel, afirmaram que 
os comportamentos éticos são possíveis nas relações entre os indivíduos. No plano 
das relações sociais e políticas, a Ética apenas seria possível caso não existisse 
desigualdade entre os homens e mulheres. Ou seja, a política apenas seria ética se 
houvesse igualdade de condições entre homens e mulheres. Enquanto as relações 
forem desiguais: 
 Dominantes/dominados; 
 Proprietários/não-proprietários; 
 Ricos/pobres; 
26 
 
 
Os valores da Ética não podem ser inteiramente realizados. Para haver 
relações verdadeiramente éticas seria preciso que não haja interesses e conflitos 
antagônicos na sociedade. Isto não significa que não devamos lutar para que na 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
política as relações devam obedecer aos valores e ideais tradicionais pregados pela 
Ética em todos os tempos. 
 Immanuel Kant – Königsberg – 1724/1804 
“Como muitos outros filósofos, Kant pensava que a moralidade pode resumir- 
se num princípio fundamental, a partir do qual se derivam todos os nossos deveres 
e obrigações. Chamou a este princípio “imperativo categórico”. Na Fundamentação 
da Metafísica dos Costumes (1785) exprimiu-o desta forma: 
“Age apenas segundo aquela máxima que possas ao mesmo tempo desejar 
que se torne lei universal.” 
No entanto, Kant deu igualmente outra formulação do imperativo categórico. 
Mais adiante, na mesma obra, afirmou que se pode considerar que o princípio moral 
essencial afirma o seguinte: 
“Age de tal forma que trates a humanidade, na tua pessoa ou na pessoa de 
outrem, sempre como um fim e nunca apenas como um meio.” 
Quando Kant afirmou que o valor dos seres humanos “está acima de qualquer 
preço” não tinha em mente apenas um efeito retórico, mas sim um juízo objetivo sobre 
o lugar dos seres humanos na ordem das coisas. Há dois fatos importantes sobre as 
pessoas que apoiam, do seu ponto de vista, este juízo. 
 Primeiro, uma vez que as pessoas têm desejos e objetivos, as outras coisas 
têm valor para elas em relação aos seus projetos. As meras “coisas” (e isto inclui os 
animais que não são humanos, considerados por Kant incapazes de desejos e 
objetivos conscientes) têm valor apenas como meios para fins, sendo os fins humanos 
que lhes dão valor. Assim, se quisermos tornar-nos melhores jogadores de xadrez, 
um manual de xadrez terá valor para nós; mas para lá de tais objetivoso livro não tem 
valor. Ou, se quisermos viajar, um carro terá valor para nós; mas além de tal desejo o 
carro não tem valor. 
 Segundo, e ainda mais importante, os seres humanos têm “um valor 
intrínseco, isto é, dignidade”, porque são agentes racionais, ou seja, agentes livres 
com capacidade para tomar as suas próprias decisões, estabelecer os seus próprios 
objetivos e guiar a sua conduta pela razão. Uma vez que a lei moral é a lei da razão, 
28 
 
 
os seres racionais são a encarnação da lei moral em si. 
A única forma de a bondade moral poder existir é as criaturas racionais 
apreenderem o que devem fazer e, agindo a partir de um sentido de dever, fazê-lo. 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isto, pensava Kant, é a única coisa com “valor moral”. Assim, se não existissem seres 
racionais a dimensão moral do mundo simplesmente desapareceria.” 
 
d) Idade Contemporânea 
 
 
“O desenvolvimento tecnológico e as mudanças na sociedade trouxeram à 
Idade Contemporânea novas discussões a respeito da ética. As Revoluções, as 
mudanças, os avanços, que prometiam resolver os problemas de uns, causaram 
problemas a outros. Isso quebra os preceitos da ética. 
Mas surge a questão: até que ponto o indivíduo deve obedecer à ética? Por 
exemplo: Mentir seria antiético. Mas o que faria um general capturado pelo inimigo se 
fosse questionado sobre alguma estratégia de seu exército ou sobre a localização de 
alguma base militar secreta? Seria certo falar a verdade e prejudicar seus soldados e 
seu país. O exemplo pode parecer estúpido, mas é esse tipo de conflito que as 
questões éticas enfrentam hoje em dia. 
 A ética imposta a sociedade vale mais do que o valores pessoais? 
 A ética deve ser padronizada e imposta a todos? 
 Afinal, o que é lícito e o que é ilícito?” 
Na verdade, a questão central da Ética nos tempos atuais está voltada para a 
necessidade de respostas a recentes questionamentos. 
O desenvolvimento tecnológico, em especial, trouxe soluções para diversos 
problemas, mas também trouxe novos problemas. As informações, de forma 
massificada, passaram a transitar em tempo real, com o advento da internet. Além 
disso, o acesso a informações no mundo todo passou a estar disponível em um 
simples clique no mouse do computador. As pessoas passaram a se relacionar 
virtualmente e numa rapidez sem igual. Porém, novas questões éticas são trazidas à 
discussão. 
 Como deve ser o comportamento do indivíduo na rede mundial de 
computadores? 
 Como se dirimir conflitos, ofensas, negociações fraudadas, computadores 
30 
 
 
invadidos, crimes cibernéticos? 
 Da mesma forma, com os avanços das pesquisas, surge a questão da Bioética, 
envolvendo, em especial, o trato com os dados genéticos: é possível utilizar 
informações genéticas para fins de seleção ou eliminação em algum emprego? 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Quem deve ter acesso aos dados genéticos? 
Enfim, as inúmeras possibilidades tecnológicas geram soluções a diversas 
questões, mas também geram novos problemas que precisam ser equacionados à luz 
dos princípios e valores. 
 
e) Escola de Frankfurt 
 
 
“A Escola de Frankfurt nasceu no ano de 1924, em uma quinta etapa 
atravessada pela filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro 
momento; de Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; 
e finalmente, já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do 
existencialismo de Heidegger, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de 
Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no Ocidente, com todo 
vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de enfrentar duas 
Guerras Mundiais. 
Ela reuniu em torno de si um círculo de filósofos e cientistas sociais de 
mentalidade marxista, que se uniram no fim da década de 20. Estes intelectuais 
cultivavam a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus principais integrantes eram: 
 Theodor Adorno; 
 Max Horkheimer; 
 Walter Benjamin; 
 Herbert Marcuse; 
 Leo Löwenthal; 
 Erich Fromm; 
 Jürgen Habermas, entre outros. 
Esta corrente foi a responsável pela disseminação de expressões como 
‘indústria cultural’ e ‘cultura de massa’. 
A Escola de Frankfurt foi praticamente o último expoente, o derradeiro suspiro 
da Filosofia Alemã em seu período áureo. Ela foi criada por Félix Weil, financiador do 
grupo, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, que a princípio a 
32 
 
 
administraram conjuntamente. Ernst Bloch e o psicólogo Erich Fromm acompanhavam 
à distância o despertar desta linha filosófica, que vem à luz justamente em um 
momento de agitação política e econômica vivido pela Alemanha, no auge da famosa 
República de Weimar. Seus membros seriam partícipes e observadores das 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
principais mutações que convulsionariam a Europa durante a Primeira Guerra 
Mundial, seguida por outros movimentos subversivos, dos quais ninguém sairia 
impune. 
Esta Escola tinha: 
 Sede: o Instituto para Pesquisas Sociais; 
 Um mestre, Horkheimer,, substituído depois por Adorno; 
 Uma doutrina que orientava suas atitudes; 
 Um modelo por eles adotado, baseado na união do materialismo marxista com 
a psicanálise, criada por Freud; 
 Uma receptividade constante ao pensamento de outros filósofos, tais como 
Schopenhauer e Nietzsche; 
 Uma revista como porta-voz, publicada periodicamente, na qual eram 
impressos os textos produzidos por seus adeptos e colaboradores. 
O programa por eles adotado passou a ser conhecido como Teoria Crítica. 
Os integrantes da Escola assistiram, surpresos e assustados, a deflagração da 
Revolução Russa, em 1917, o aparecimento do regime fascista, e a ascendente 
implantação do Nazismo na Alemanha, que culminou com um exílio forçado deste 
grupo, composto em grande parte por judeus, a partir de 1933. Esta mudança marcou 
definitivamente cada um deles, principalmente depois do suicídio de Walter Benjamin, 
em 1940, quando provavelmente tentava atravessar os Pireneus, temeroso de ser 
capturado pelos nazistas. 
Eles se tornam nômades, viajando de Genebra para Paris, então para os EUA, 
até se fixarem na Universidade de Columbia, em Nova York. A primeira obra produzida 
pelo grupo foi denominada Estudos sobre Autoridade e Família, gerada na Cidade- 
Luz, na qual eles questionam a real vocação da classe operária para a revolução 
social. Assim, eles naturalmente se distanciam dos trabalhadores, atitude que se 
concretiza com o lançamento do livro Dialética do Esclarecimento, lançado em 1947, 
em Amsterdã, que já praticamente elimina do ideário destes filósofos a expressão 
‘marxismo’. 
Erich Fromm e Marcuse dão uma guinada teórica ao juntar os conceitos da 
34 
 
 
Teoria Crítica aos ideais psicanalíticos. Marcuse, que optou por ficar nos Estados 
Unidos depois da volta do Instituto para o solo alemão, em 1948, foi um dos 
integrantes da Escola que mais receptividade encontrou para sua produção 
intelectual, uma vez que inspirou os movimentos pacifistas e as insurreições 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
estudantis, fundamentais em 1968 e 1969, os quais alcançaram o auge no chamado 
Maio de 68. 
Por outro lado, Adorno, até hoje tido como um dos filósofos mais importantes 
da Escola de Frankfurt, prosseguiu sua missão de transformação dialética da 
racionalidade do Ocidente, na sua obra Dialética Negativa. Sua morte marca a 
passagem para o que alguns estudiosos consideram a segunda etapa da Escola, que 
encontra seu principal líder em Jürgen Habermas, ex-assessor de Adorno e, 
posteriormente, seu crítico mais ardoroso.” 
 
1.3. Valores organizacionais 
 
 
a) Reflexão sobre o conceito de razão 
 
 
De facto, todo o ato de conhecimento inclui duas funções, percepção sensível 
e pensamento. Com isto não se devem querer distinguir duas faculdades humanas 
claramente definíveis. Os psicólogos estão cada vez mais convencidos de que 
percepção e pensamentonão se podem separar entre si Todavia, é claro que algumas 
das nossas experiências são predominantemente de natureza sensível; outras, pelo 
contrário, de natureza racional. É igualmente claro que os sentidos nos possibilitam 
um conhecimento de factos isolados, isto é, de dados determinados os quais, grosso 
modo, se encontram não-organizados e desconectados, enquanto a nossa razão 
tende para conceitos gerais e leis. (...). 
A Natureza consiste em elementos individualizados como seres, sons, 
sensações de paladar, objetos individuais, etc.; contudo, não hesitamos em a 
submeter a leis gerais; é o que acontece quando afirmamos possuírem todos os 
objetos massa ou todos os corpos próximos da terra estarem submetidos à atração 
universal. A experiência sensível não nos permite que façamos afirmações sobre 
«todos», enquanto a razão não se encontra disposta a captar os factos singulares no 
seu contexto concreto e temporal. (...) 
Mesmo uma reflexão sobre os objetos da vida quotidiana contém elementos 
36 
 
 
construtivos. Se penso numa árvore, não reproduzo apenas todas as qualidades 
preceptivas a ela ligadas; faço mais: a árvore percebida era um grupo de cores vistas, 
formas e, talvez, impressões tácteis e cinestésicas. À sua imagem da memória 
acrescento os caracteres da sua «exterioridade», da sua forma tridimensional e sua 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
existência durável. Especialmente a última é um componente construtivo das 
impressões visuais pois a árvore vista não continua a existir se eu desviar dela o meu 
olhar atento. O trânsito, operado na consciência, dos diferentes aspetos passageiros 
da árvore vista «em privado» para a vista «publicamente», isto é, para o objeto 
reconhecido por todos, realiza-se tão automaticamente que a diferença entre as duas 
árvores, a «privada» e a «pública» não é habitualmente considerada. 
(...) A experiência realiza-se de maneira a que seja completada e integrada, 
pela passagem do sensível e espontâneo para o racional e refletido. Mediante esta 
passagem, os elementos do dado recebem aspetos metódicos característicos e 
permitem ao pensamento dominá-los. Às propriedades dos simples dados dos 
sentidos é inerente uma certa imprecisão lógica e um entrelaçamento complicado que 
torna impossível uma classificação pura e simples dos dados na sua especificidade 
individual. (...) 
A via conducente ao saber metódico exige a introdução de construções. Estas 
são o elemento racional a que deve corresponder a experiência de facto. Um objeto 
exterior é a construção mais simples que utilizamos para a maioria dos conteúdos da 
percepção sensível. Outras são as formas geométricas, os números e a maioria dos 
conceitos específico-genéricos da física moderna. 
Sendo, à primeira vista, a razão tal como o bom senso, a coisa do mundo mais 
bem partilhada – ainda que nem todos a usem da mesma maneira – nada existe de 
mais imediato que o significado de razoável e de racional. Mas, olhando mais de perto 
a questão cai-se na conta de que a noção de razão é difícil de captar. Evoca 
simultaneamente um ideal, uma atitude e um método. Fala-se de razão como um 
sistema de princípios, que o século XVIII com Robespierre, diviniza; ou de um 
determinado processo de julgar os acontecimentos que nos dizem respeito; ou de uma 
regra de conhecimento. Vejamos apenas, a título de exemplo, alguns dos vários usos 
da palavra razão nos textos. 
A guerra interior da razão contra as paixões», diz Pascal, «fez com que aqueles 
que quiseram a paz se tivessem dividido em dois grupos. Uns quiseram renunciar às 
paixões e transformaram-se em deuses; outros quiseram renunciar à razão e 
38 
 
 
transformaram-se em brutos animais... Mas, uns e outros não o conseguiram, e a 
razão não deixa de estar presente tanto a acusar a baixeza e injustiça das paixões 
como a perturbar o descanso dos que a elas se entregam; as paixões permanecem 
vivas até naqueles que preferem renunciar-lhes» (Pascal, Pensées). 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A razão de que fala Pascal é uma espécie de consciência que o Homem tem 
da própria dignidade e dos fins para que nasceu e continuamente lhe vai mostrando 
como que um modelo ideal daquilo que deve ser e fazer(...). 
Mas quando o mesmo autor afirma que a geometria nos mostra «o verdadeiro 
método de conduzir a razão»; que significar outra coisa; que é a faculdade de 
conhecer o verdadeiro. (...) 
Condorcet escreve (...): 
 
 
O rápido triunfo da razão e da liberdade vingou o género humano» 
(Condorcet, L’esprit géometrique). A razão, aqui, é a luz da inteligência 
descobrindo os princípios naturais do conhecimento certo e da ação justa. É 
o ideal para que se voltam os homens do século XVIII, contrastando-o com 
as perversões que denunciam na sociedade do seu tempo. 
 
Finalmente Renan, na sua Priére sur Acrópole, ao falar muito justamente da 
arquitetura efémera das catedrais, diz: 
São fantasias de bárbaros que pensam fazer algum bem fora das regras que 
traçaste, Razão, aos teus seguidores». (Renan, IX. Époque) 
Esta razão é simultaneamente um ideal w e um método, nome que Renam dá 
ao pensamento crítico bem elaborado, reconduzindo às dimensões do Homem as 
miragens que a fantasia se atreve a criar. 
Sem dúvida, podemos dizer que todos estes usos da palavra razão se 
interrelacionam, exprimindo talvez, para uma dada época, num determinado sector da 
civilização, uma maneira comum de pensar a situação do Homem perante os 
acontecimentos da própria história e das coisas de que deseja apropriar-se, pela 
especulação ou pela ação. É que a razão só pode definir-se utilmente num contexto; 
não é uma noção simples e imediatamente dada, mas um dos complexos culturais 
mais ricos de sentido como tema de observação e de reflexão. 
 
b) Racionalidade e ética 
 
 
A racionalidade será ética. A racionalidade ética será comunicacional. Perante 
40 
 
 
a heterogeneidade das formas de experiência, dos modos de compreensão do mundo, 
dos modelos de relacionamento social, enfim perante a diversidade na atribuição de 
sentido ao que nos rodeia e ao que inventamos como possível, impõe-se uma margem 
incompatível com definições prévias e rigorosas de valores, de sentidos, de verdades. 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não há leituras literais da realidade, não há fidelidade na apreensão do real. 
Percepcionamos o mundo como se, significamos como se, imaginamos como se. A 
estrutura da nossa relação com as coisas é sempre figurativa, resulta sempre de um 
trabalho criador do entendimento e da imaginação. 
No processo inevitável de figuração do mundo, atribuímos-lhe contornos, 
construímos metáforas, impregnamo-lo de linguagem - na forma como o percebemos 
e na forma como agimos sobre ele. Essa construção de figuras é acompanhada (filtra 
e é filtrada) por juízos éticos que ou nos conduzem no respeito pelas diferenças e na 
tolerância por outras formas de figuração do mundo ou nos bloqueiam num quadro de 
certezas de curtas dimensões e moldura demasiado apertada. A figuração é 
transfiguração quando abre ao outro, quando solicita para lá do imediato mediatizado 
pelo próprio, ou desfiguração quando rejeita as figurações alheias e empobrece, 
assim, as possibilidades de criação de sentido. 
A questão do outro é de tal modo instituinte da identidade subjetiva que marca 
decisivamente qualquer dos atos humanos. A inteligência é competência criadora na 
apreensão, na significação, na imaginação do mundo, ela apreende transformando, 
significa transformando, imagina transformando - porque atribui sentido, porque 
avalia, porque se transforma transformando. Todo este trabalho de criação é tributário 
do lugar reservado ao outro, ao “outro outro” e ao “outro no próprio”. 
Ensinar às crianças a diversidade nas línguas (há muitas formas de designar 
um coelho), nos comportamentos (há muitas formas de vestir e comer), nas visões do 
mundo (há muitas paisagens a descobrir),. . . é fazercom elas um exercício (semiótico, 
pragmático e ético) de compreensão e tolerância. A racionalidade será ética. 
A racionalidade ética será comunicacional. Comunicacional quer dizer 
tensional, atravessada por conflitos, por diferentes interpretações. Comunicar quer 
dizer gerir diferenças, pôr em comum pontos de vista, construindo um tempo e um 
espaço lógicos de troca, suportados, é certo, pelos tempos e espaços empíricos de 
cada interlocutor, mas de nível operatório mais complexo. Comunicar, nesse espaço 
e tempo lógicos, passa por um trabalho de bi codificação e bi-contextualização que 
permita justamente pôr em comum alguma coisa: referenciar e investir de sentido, 
42 
 
 
coreferenciar e cosignificar. 
A comunicação é alimentada por um estado de tensão entre os homens e entre 
os homens e as coisas. Estado de tensão que a comunicação tende ela própria a 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
alimentar num processo de diferimentos sucessivos e nunca resolvidos. A natureza 
tensional da comunicação é a sua condição de possibilidade. 
Mas é também a sua condição dramática. Pensar a racionalidade ética sem 
escamotear a sua dimensão comunicacional é inevitavelmente pôr em relevo a 
natureza conflitual dos procedimentos comunicacionais. Os consensos absolutos, por 
um lado, e as transgressões extremas, por outro, impossibilitam a comunicação, são 
condições mesmo de incomunicabilidade total. 
A racionalidade ética é, pois, incompatível com valores e limites definidos 
rigorosamente a priori, é incompatível com uma lógica do consenso disciplinadora das 
diferenças e singularidades, assim como é incompatível com a ausência de critérios 
orientadores da intercompreensão e convivência entre os homens. 
1. Que lugar então para os juízos éticos? 
2. Como conceber uma moral que preserve a lucidez perante a heterogeneidade? 
3. Como definir referentes de acção no labirinto das diferenças? 
4. Como definir valores que não ambicionem a hegemonia? 
5. Como instituir direitos sem atropelar outros direitos? 
Estamos perigosamente no reino das aporias, dos paradoxos. Ponto final, 
abandonemos o problema? Declaremos a esterilidade da questão ou procuremos 
ainda pensá-la? 
De facto, tanto as exigências teóricas como as exigências práticas da vida 
impõem que se insista. 
Podemos estudar os procedimentos de validação e legitimação dos consensos; 
podemos tentar articular uma moral universalista (a da Europa?) - enquanto 
macroética - que não ameace a incomensurável pluralidade de formas de vida antes 
a proteja; podemos propor a solidariedade como valor fundamental; podemos instituir 
a resolução caso a caso dos conflitos... 
A reflexão contemporânea sobre a razão e sobre a ética é modelada pela 
incontornável importância atribuída à dimensão do fenómeno comunicacional. O logos 
não é uma entidade imutável, deve dar conta das contradições e mudanças que o 
atravessam quando atravessa a relação que estabelecemos com o mundo. 
44 
 
 
Os logos tradicional, tal como foi sistematizado pelos Gregos e confirmado pelo 
pensamento escolástico, seria essencialmente composto por três figuras (o trabalho 
de figuração atinge também a forma como o pensamento se pensa): a necessidade, 
a evidência e a proposição. 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ser é como é, as coisas são como o seu ser é (na versão ontológica) ou as 
categorias do conhecimento são universais (na versão epistemológica kantiana). 
Necessidade e universalidade. Necessidade e imutabilidade. 
As ideias primeiras e intuitivas são evidentes, elas definem o encadeamento 
lógico das outras ideias. Evidência e método. Evidência e verdade. 
A proposição é a forma inequívoca de expressão das verdades necessárias. 
Proposição e princípio da identidade. Proposição e princípio da não contradição. 
E, deste modo sistémico, organizado, estariam definidos as possibilidades e os 
limites do pensamento. A comunicação processar-se-ia entre consciências, a 
linguagem seria o instrumento que permitiria tornar público o pensamento: concepção 
pobre e elementar da comunicação que, de facto, postula mais a incomunicabilidade 
do que o seu oposto. 
Pensar hoje o pensamento e pensar hoje a ética implica abandonar essas três 
figuras. O ser e o não ser baralham-se, as evidências tornam-se insustentáveis, a 
proposição é substituída pelo jogo dos argumentos - e a dimensão comunicacional 
transforma-se assim no núcleo fundador de uma analítica do social. A figura da 
“relação”, na sua complexidade lógica e na sua abertura ao novo, é hoje a mais 
apropriada para pensar a racionalidade. Ela é a única capaz de impedir a afirmação 
de qualquer absoluto (ontológico ou ético). 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Definição de Ética Empresarial 
2.1. Ética nas Organizações 
 
 
a) Conceituação 
 
 
Segundo Joaquim Magalhães Moreira (Ética Empresarial no Brasil. São Paulo: 
Pioneira, 1999, p. 28), a Ética Empresarial ou Ética nas Organizações pode ser 
conceituado como o comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela 
age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas 
pela sociedade (regras éticas). 
Já vai longe o tempo em que as empresas resumiam suas ações à busca do 
lucro. Atualmente, para que tenha viabilidade, uma empresa deve primar pela 
chamada Ética Empresarial, professando condutas que ultrapassam as barreiras do 
mero interesse interno. Assim, as empresas devem primar pelo relacionamento 
saudável entre seus colaboradores; respeitar os direitos dos clientes; agir de forma 
honesta e proba em relação ao Estado; observar a responsabilidade social e 
ambiental. É todo este conjunto de boas práticas que vão formatar o conceito de Ética 
Empresarial. 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Formação ética nas empresas 
 
 
Figura 1: Formação ética nas empresas 
Fonte: (SUNG, 2011). 
 
 
Para que uma empresa observe os procedimentos éticos em suas atividades, 
não basta a mera existência de recomendações a este respeito. Tampouco é 
suficiente a criação de um Código de Ética. A formação ética em uma empresa 
reveste-se de complexidade e deve ser buscada em todos os momentos. 
A máxima de que o exemplo vem de cima é o ponto de partida para a formação 
ética nas empresas. Não é possível exigir dos colaboradores que observem a ética e 
os bons procedimentos se a cúpula da empresa faz exatamente ao contrário. Uma 
empresa cuja cúpula não respeita os consumidores praticamente gera uma linha 
mestra de atuar de seus colaboradores, neste mesmo sentido. Assim, pouco importa 
se no papel a empresa se apresenta como gerenciadora de boas práticas, se na 
realidade despreza tais valores. 
Outro ponto importante é a contínua orientação e treinamento dos 
colaboradores, que devem ser treinados para observarem as boas práticas, em todos 
os sentidos, quer seja no relacionamento interno, quer seja no relacionamento com 
clientes, com outras Empresas, com a comunidade e com o próprio Estado. 
A busca pela excelência de comportamento deve ser um dos vetores 
primordiais da empresa, como base de uma formação ética. 
48 
 
 
 
O website “Significados” (www.significados.com.br) observa de forma 
bastante pertinente a relação de importância na formação Ética das 
Empresas. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"A ética empresarial fortalece uma empresa, melhorando a sua 
reputação e tendo também um impacto positivo nos seus resultados. 
Uma empresa que cumpra determinados padrões éticos vai crescer, e 
vai favorecer a sociedade, os seus fornecedores, clientes, funcionários, 
sócios e até mesmo o governo. A ética empresarial é uma prática 
essencial de uma empresa, assim como a responsabilidade social e 
responsabilidade sócio-ambiental. 
 
Um dos grandes benefícios da ética empresarial é que ela é reconhecida e 
valorizada pelo cliente, sendo estabelecida uma relação de confiança. Essa relação, 
baseada na satisfação do cliente, vai originarlucro para a empresa, ajudando a que 
ela cumpra os seus objetivos. No entanto, a confiança com o cliente é uma coisa que 
demora algum tempo a conseguir, e pode ser perdida com algum erro cometido a nível 
empresarial. 
A ética empresarial é a razão de ser de uma empresa, e as empresas que não 
funcionam de forma ética, por exemplo, tentando ganhar dinheiro fácil enganando os 
clientes, estão condenadas ao fracasso." 
 
Figura 2: Fundamentos de Ética Organizacional 
49 
 
 
 
Fonte: (SUNG, 2011). 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. Perfil Ético das Organizações 
 
 
a) Características organizacionais 
 
 
Figura 3: Características organizacionais 
Fonte: (SUNG, 2011). 
 
 
No admirável mundo em que vivemos, pode-se constatar, sem dificuldade, que 
as organizações representam a invenção mais sofisticada e complexa de toda a 
história da humanidade. Elas são a base fundamental da invenção e reinvenção de 
todas as demais criações do ser humano. Ficamos encantados com as maravilhas 
criadas pelo conhecimento humano – máquinas e artefatos, como o computador, a 
nave espacial, o avião a jato, o telefone celular e outras tecnologias avançadas –, mas 
nos esquecemos de que todas essas invenções são criadas, desenvolvidas e 
produzidas dentro das organizações. Na verdade, todas as invenções modernas são 
produtos das organizações. 
Saco as organizações que projetam, criam, aperfeiçoam, desenvolvem, 
produzem, distribuem e entregam tudo o que precisamos para viver. Produtos, 
serviços, facilidades, entretenimento, informação, educação, inovações – tudo isso é 
continuamente gerado, desenvolvido, produzido e entregue por organizações. Na 
realidade, vivemos em uma sociedade de organizações. Tudo, ou quase tudo, é 
inventado, projetado, feito e produzido por organizações. Além disso, nascemos em 
organizações, aprendemos nelas, trabalhamos nelas, dependemos delas e até́ 
morremos nelas. Vivemos a maior parte de nosso tempo e de nossas vidas dentro 
51 
 
 
delas. 
É incrível a quantidade e a heterogeneidade de organizações: empresas, 
bancos, financeiras, escolas e universidades, hospitais, lojas e comércio, shopping 
centers, supermercados, postos de gasolina, restaurantes, estacionamentos, 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
organizações não governamentais (ONG), igrejas, repartições públicas, exército, 
fábricas, rádio e televisão, além de uma interminável lista de exemplos. 
As organizações produzem bens, serviços, energia e comunicação das mais 
diversas naturezas e características. Produzem entretenimento e conveniências, 
proporcionam informação, geram e distribuem conhecimento, cuidam da saúde e da 
educação e, acima de tudo, impulsionam a inovação e facilitam o desenvolvimento 
tecnológico e social. Mais ainda, elas agregam valor e criam riqueza. O 
desenvolvimento de uma nação baseia-se primariamente no desenvolvimento e na 
atuação de suas organizações. 
São as organizações que criam o desenvolvimento humano, econômico e 
social; são elas que tocam a economia de cada país para a frente. Não existem duas 
organizações iguais. Todas são profundamente diferentes entre si. Há organizações 
de todos os tamanhos possíveis, desde as micro-organizações – como 
microempresas ou peque- nas e simples empresas individuais – até enormes e 
complexas organizações multinacionais e globais que estendem sua influência pelo 
mundo todo e ultrapassam as fronteiras dos países. 
Existem organizações compostas de um invejável patrimônio físico e recursos 
tangíveis, mas também organizações virtuais que não requerem os tradicionais 
conceitos de espaço e tempo para funcionar. A diversidade e heterogeneidade das 
organizações é uma realidade simplesmente impressionante. 
Um belo exercício mental seria tentar listar todos os tipos de organizações que 
conhecemos. Contudo, as organizações fazem parte de um mundo maior, que é a 
sociedade em que vivemos. Elas não existem isoladas, ou insuladas, nem são 
autossuficientes. Elas não vivem sozinhas. Na verdade, elas são sistemas atuando 
dentro de sistemas maiores e estão inseridas em um meio ambiente constituído por 
uma enorme variedade de outras organizações. De modo geral, as organizações 
dependem umas das outras para poderem sobreviver e competir em um complexo 
mundo de organizações. Elas fornecem insumos e recursos para que outras 
organizações possam funcionar e trabalhar. 
Há, portanto, um incrível universo de organizações. O dinâmico intercâmbio 
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entre elas ultrapassa as fronteiras dos países e se projeta em escala global. A 
interdependência organizacional é cada vez maior graças às alianças estratégicas 
entre organizações que se relacionam em redes integradas e complexas. Afinal, a 
União faz a forca. E isso se aplica principalmente às organizações. Na verdade, elas 
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tanto colaboram entre si com relação a recursos e investimentos, como também 
competem na disputa de clientes e mercados. Um complicado jogo de interesses para 
alcançar seus objetivos, que podem ser comuns ou antagônicos. 
O comportamento organizacional volta-se para o estudo da dinâmica e do 
funcionamento das organizações. Seu foco central está em compreender como a 
organização funciona e como ela se comporta. Como as organizações são 
basicamente diferentes entre si, o comportamento organizacional se preocupa em 
definir as A bases e as características. 
A ética é um assunto polêmico, que gera uma série de conflitos no âmbito 
organizacional principalmente quando relacionado às rotinas internas das empresas 
onde ocorre grande parte das atividades, então o que fazer para driblar este assunto 
e interagir de forma positiva com a equipe, sendo que as opiniões são divergentes e 
interferem diretamente sobre a imagem das organizações? Sendo o ambiente de uma 
empresa um local onde existem diversas personalidades distintas, e ocorrem 
diferentes situações de trabalho no qual a ética profissional é colocada em prova, a 
empresa precisar ter um gestor que saiba identificar as habilidades de cada 
colaborador e, ainda assim ser cauteloso para estabilizar e controlar o comportamento 
da equipe para extrair seus talentos empreendedores de forma a beneficiar a 
empresa. 
A competitividade e a busca pelo crescimento para atingir um alto posto 
provoca comportamentos duvidosos quanto à índole do indivíduo. Desenvolver a 
equipe e conhecer seus componentes é fundamental para poder traçar um perfil ético 
do seu funcionário, para compará-lo com o da empresa, mas no momento da 
contratação é impossível dizer se o "colaborador" é bom ou não, então o gestor deve 
acompanhar sua trajetória e suas atitudes no ambiente de trabalho para visualizar os 
valores éticos de cada pessoa da equipe, desta forma mantendo o equilíbrio ético e a 
harmonia na empresa. 
Para ser um gestor é preciso ter capacidade e a habilidade de interpretar fatos 
e reverter situações de conflito tendo sensibilidade de compreender o comportamento 
individual de cada pessoa, para descobrir e o caráter e, analisar as responsabilidades 
55 
 
 
e se comprometimento ético como profissional. Para poder exercer essa posição de 
destaque e dirigir uma equipe o gestor deve ser ético com seus princípios e com os 
valores que a empresa apresenta para manter e cultivar os valores éticos da 
organização perante os novos colaboradores. 
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Como, por exemplo, são muito comuns nas empresas do ramo de vendas no 
setor comercial, situações em que um colega usa de artimanhas pra ficar com a venda 
do outro, assim aumentando sua comissão, essa atitude provoca a desunião na 
equipe e prejudica o objetivo maior do setor que é alcançar a meta prevista. Esse tipo 
de situação desvirtua e provoca a insatisfação para com a empresa por permitir que 
isto ocorra, sendo assim, é inadmissível que o gestor fique neutro, ele deve se 
posicionar de forma ética eliminando esses comportamentosnegativos, e estimulando 
positivamente o espírito de equipe, assim trabalhando em conjunto para obterem os 
resultados programados pela organização. 
Em uma organização quando surge uma vaga e há possibilidade de qualquer 
colaborador ocupar esta posição, pode-se analisar e perceber o caráter de cada 
indivíduo e saber se ele é ético ou não ao investigar suas competências e atitudes 
para conseguir o cargo em questão. Se ele é objetivo, prático e sabe resolver questões 
de imediato sem comprometer seus princípios éticos e nem passar por cima de seus 
colegas por ambição. Ter o discernimento para expressar suas reais habilidades sem 
comprometer sua ética pessoal é fundamental na conquista de uma oportunidade de 
crescimento. 
A ética depende dos valores que cada ser humano cultiva ao longo de sua vida, 
sendo assim é difícil dizer o que é teoricamente correto no ambiente organizacional 
.Para tanto é preciso extrair o melhor de cada situação para edificar e solidificar os 
princípios de uma empresa, o que é essencial no seu crescimento, assim sendo ético 
com sigo mesmo e com a sociedade. 
 
b) Ética X lucratividade 
 
 
Os economistas do século XVIII, acreditavam que, a ação de cada indivíduo 
era dirigida por uma “mão invisível”, a fim de contribuir para o bem-estar geral e o bom 
funcionamento do sistema econômico. 
Considerando que o lucro é um produto da atividade da empresa que cabe a 
seus investidores, seja por serem distribuídos, seja por representarem recurso a ser 
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reinvestido na sociedade, há, também sob esse aspecto, grande interesse nessa 
informação. Ao tecer comentários sobre o conceito de formação do resultado do 
exercício, os estudiosos do assunto, Iudícibus, Martins e Gelbeck explicam: “A lei veio 
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definir com clareza, através da Demonstração do Resultado do Exercício, o conceito 
de lucro líquido, estabelecendo critérios de classificação de certas despesas”. 
Assim é feita a distribuição do lucro entre os sócios de uma empresa, 
normalmente, o lucro líquido será distribuído aos sócios da empresa de forma 
proporcional ao capital social de cada um deles. 
Szuster (1985, p.1) assim se expressa sobre a relação entre capital e lucros: “A 
manutenção de uma estrutura que permita a obtenção de lucros futuros é considerada 
necessária”. 
Entende-se que o capital a ser mantido é aquele que permita a realização 
completa das operações a que ela se destina, dentro das condições do mercado em 
que ela atua, e que assegure os rendimentos líquidos mínimos esperados pelos 
acionistas e investidores, ao final de cada período. Assim, a importância do lucro 
distribuível pode ser resumida nos seguintes aspectos principais: 
 
 É uma necessidade da empresa, para manter nela mesma os investimentos 
já efetuados pelos seus acionistas, sócios e investidores; 
 É ponto fundamental de planos estratégicos e operacionais. Objetivando a 
continuidade da empresa e necessidade de novas expansões; 
 É a informação mais importante para os sócios, acionistas e investidores, 
para comparação com seus custos de oportunidade. 
 
Pode-se notar que os problemas básicos da economia estão no pêndulo da 
relação entre consumidor e produtor: a um, o benefício do produto; a dois, o lucro do 
produto. Os bens a serem produzidos nascem pela procura dos consumidores no 
mercado e o investimento do produtor visa à lucratividade daquela produtividade. Com 
efeito, o lucro é parte do sistema mercantilista e existe para fomentar a produção de 
produtos necessários ao consumo humano e por ele desenvolvido. 
O lucro é o resultado de todo investimento da empresa em determinado produto 
ou produtos. Nesta relação, a ética na distribuição de lucratividade é também 
pressupostos de devolução aos consumidores da preferência do produto 
comercializado e pela empresa produtora. 
O lucro ético seria o reinvestimento de parte do resultado do lucro em ações 
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sociais visando prospecção da imagem da empresa como empresa do bem, 
praticando e não só discursando sobre ética empresarial. O lucro ético não se resume 
só no resultado final da empresa deve ser aplicado também nas fases de captação, 
produção e beneficiamento do produto da empresa bem como, na relação entre 
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empregado-empresa, na distribuição do produto e objetivamente na relação com o 
consumidor, praticando atos e ações positivas tendo como princípios fundamentais 
não só o crescimento e obtenção voraz do lucro mas, principalmente, a devolução ao 
consumidor de toda credibilidade depositada em seu produto, com práticas do bem. 
 
Figura 4: Aplicabilidade da Ética em Relação aos Lucros da Empresa – Lucro Ético 
Fonte: (SUNG, 2011). 
 
 
Segundo o prof. Ercílio A. Denny: a necessidade é de sobrevivência. Quanto 
mais demonstrar ética em seus procedimentos mais lucratividade. Atualmente 
empresa “ética” é sinônima de empresa aceita pelo mercado, desaguando na 
aceitação mercadológica e consequentemente em mais vendas e lucratividade. 
O tema busca trazer a lume, um dilema nas últimas décadas. O lucro com ética 
ou o lucro ético. O lucro é, sem dúvida o objetivo principal da empresa, mas, 
dicotomizar responsabilidade social à este lucro, configura a imagem de empresa 
como empresa do bem e é isso que o consumidor busca em dias atuais, uma empresa 
que pratica políticas responsáveis e com fundamento sustentável. 
Neste mister, buscaremos abordar não a ética científica em lato sensu mas 
mergulharemos na ética intrínseca e extrínseca da empresa, partindo da moral 
pessoal e social visando à efetividade do necessário e salutar lucro ético. 
Sendo a ética, a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. 
A moral positiva, por ser uma coletânea de regras e comportamentos incutidos na 
racionalidade do ser humano, voltadas a prática do bem comum, o seu reflexo na 
empresa dá-se de forma natural quando se pratica medidas protetivas, valorativas e 
empíricas da atividade humanística, sobretudo quando se persegue o lucro. 
61 
 
 
Vários filósofos já debulharam ética em seus diversos seguimentos, mas cabe 
destacar a classificação do categórico filósofo contemporâneo, prof. Eduardo Garcia 
Máynez onde dividiu a ética em: ética empírica, ética dos bens, ética formal e ética 
valorativa. Abordaremos aqui a ética empírica ou subjetivista que assim classifica-se 
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como sendo o comportamento pessoal do agente, ou seja, a ética se formando a partir 
da vontade pessoal buscando apenas satisfazer a vontade de um líder e não abranger 
a necessidade dos liderados. Grotescamente é nesse diapasão que os tempos atuais 
pairam, em vontades quase que pessoais na formação da ética da empresa. Deflagra- 
se em alguns momentos até um código de ética empresarial, mas a vontade pessoal 
do gestor continua a prevalecer diante da necessidade de uma ação mais democrática 
na conduta da empresa. 
A ética é sobretudo, a exteriorização da moral positiva intrínseca do gestor e, 
se a empresas não atua com ética em relação as suas atividades empresariais e em 
seus diversos seguimentos, é fruto de uma formação amoral ou imoral ou tão-somente 
um aculturamento social incutido por diversos seguimentos de educação e 
conhecimento no último século, fazendo com que, o foco da prosperidade pessoal e 
empresarial com fincas apenas em resultados únicos da empresa, e não da 
coletividade a qual está envolvida, criou a guerra superavitária aonde, empresa boa 
era que tinha bons lucros e crescimento na bolsa de valores, independentemente de 
sua política de atuação, método este, incutido pela política capitalista aonde o 
resultado é sinônimo apenas de lucro ético. 
Em dias atuais, propor lucro ético está se apartando da utopia mais, ainda é 
uma meta pouco aplicada pois, a cultura mercadológica ainda olha com desconfiança 
e, quiçá, medo de ter investimentos em medidas anômalas a capitação de lucrode 
capital face a rigidez e instabilidade do Estado em relação as políticas econômicas 
nacionais. Vejo que o Estado ao praticar políticas econômicas com segurança e 
responsabilidade tributária com incentivos fiscais quando a empresa atua com a 
subsunção de atividades que a princípio eram de competência do Estado, faz com 
que seja mais uma das barreiras á prática do providente lucro ético. 
A implementação da lucratividade ética passaria a contribuir não só apenas 
para o desenvolvimento da empresa, mas também para o Estado com a diminuição 
de ações estatais ostensivas tais como: segurança saúde, educação, meio ambiente 
e demais outras. 
Em síntese, a necessidade de abordagem do tema é de fundamental 
63 
 
 
importância para os dias atuais visto que, o lucro, visto de forma ampla, não pode ser 
só resultado positivo financeiro mas sim, toda ação positiva praticada pela empresa 
voltada ao desenvolvimento e crescimento mercadológico como também a evolução 
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de seus agregados físico, financeiros e institucionais, visando o crescimento coletivo 
da sociedade. 
Tal aplicabilidade reveste-se dos pilares muito bem demonstrados pelo ilustre 
prof. Pablo Jiménez Serrano que são: 
 Convivência; 
 Respeito; 
 Responsabilidade social. 
Estes visam sobretudo a valorização do ser humano partindo da convivência 
coletiva para pessoalidade. 
Adam Smith, já declarava em sua obra Riqueza das Nações que a empresa 
deve produzir também lucro ético não só lucro econômico, deve atuar em ações de 
responsabilidade social visando vida longa no mercado em virtude da reciprocidade 
benéfica dos consumidores em relação as políticas aplicadas pela empresa que, 
preocupada não só com o lucro financeiro, mas também com o bem estar e satisfação 
de seus consumidores. De forma direta buscar-se-ia o bem interno de seus 
funcionários, fornecedores e consumidores e, de forma indireta, com a vida em relação 
aos investimentos sociais assim como, do resgate do meio ambiente da cultura e da 
distribuição democrática dos lucros obtidos pelo faturamento. 
 
 
c) Perfil de uma empresa ética 
 
 
A relevância do comportamento ético no meio empresarial. No universo 
 
 
A ação de responsabilidade social com 
aplicação de políticas sociais em diversos 
seguimentos é a devolução social do 
investimento do consumidor no produto 
produzido pela empresa. 
65 
 
 
empresarial, sempre que uma decisão é tomada, esta imediatamente influência e 
impacta o ambiente negocial, bem como afeta os que estão ligados a organização. As 
ações refletem sob os resultados obtidos e são fator preponderante para definir se a 
empresa terá um desenvolvimento positivo ou negativo, além de interferir na 
66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
representatividade ou no papel desempenhado por tal empreendimento, perante os 
que estão ligados a ela, bem como diante da sociedade. 
 
As decisões empresariais não são inócuas, anódinas ou isentas de 
consequências: carregam um enorme poder de irradiação pelos efeitos que 
provocam. Em termos práticos, afetam stakebolders, os agentes que mantem 
vínculos com dada organização, isto é, os participes ou as partes 
interessadas (SROUR, p.50, 2003). 
 
As ações de uma organização empresarial, são capazes de impactar em um 
plano interno os seus funcionários, gestores, cotistas ou acionistas, e pessoas que 
possuem ligação direta com a empresa. Em um plano externo, essas ações podem 
impactar os clientes, fornecedores, concorrentes e outros grupos da sociedade. Desse 
modo, é imprescindível que as empresas busquem agir de forma ética, nas 
negociações cotidianas, no relacionamento com seus trabalhadores, clientes e 
fornecedores, pois como explicitado anteriormente, há uma responsabilidade 
proporcional ao papel desempenhado pelo empreendimento. 
Ao entrar no mercado competitivo, uma empresa coloca a disposição do público 
sua marca, seu nome e uma imagem que necessita ser preservada e transmitir 
confiança. Esses são fatores que contribuem para a evolução e crescimento de um 
empreendimento, bem como, a ausência dos mesmos, pode trazer sérios problemas 
de incredibilidade. 
Confrontando-se com uma situação complexa, é necessário que a corporação 
empresarial solucione o problema apresentado de maneira que não desabone seu 
perfil ético perante os seus clientes e a sociedade, caso contrario estará sentenciada 
ao declínio. 
 
Por intermédio de um laboratório de sua propriedade (Veafarm), foram 
produzidos em 1998 1 milhão de comprimidos inócuos de um remédio 
indicado para o tratamento de câncer de próstata (Androcur da Schering do 
Brasil). Dez pacientes que faleceram na época podem ter tido a morte 
acelerada por terem ingerido o placebo. Revelado o fato, a denúncia da 
falsificação foi repercutida pela mídia e teve efeitos devastadores sobre a 
empresa. Desde logo, 19 pessoas foram indiciadas pela justiça no processo 
de falsificação. Seis meses depois, as lojas mantidas em importantes 
67 
 
 
shoppings paulistanos (Ibirapuera, Morumbi e Iguatemi) tiveram suas portas 
fechadas; metade dos andares da própria loja matriz, no centro de São Paulo, 
foi desocupada; o faturamento caiu 80%; dos 200 funcionários que a empresa 
tinha antes do evento restaram pouco menos de 50; os fornecedores 
deixaram de receber em dia (SROUR, p.54, 2003). 
68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sociedade tem desempenhado um papel importante na avaliação dos 
produtos que consome ou serviços de que usufrui, o que tem exigido das empresas 
cada vez mais, atenção para as ações e decisões que toma e que podem influir na 
forma como é enxergada socialmente. Pautar pela ética tem sido uma necessidade e 
não apenas uma escolha, levando em consideração que o consumidor tem deixado 
de lado, empreendimentos que tenham perfil ético duvidoso. 
 
A bem da verdade, em ambiente competitivo, as empresas têm uma imagem 
a resguardar, uma reputação, uma marca, e em países que desfruta, de 
Estados de Direito, a sociedade civil reúne condições para mobilizar-se e 
retaliar as empresas socialmente irresponsáveis ou inidôneas. Os clientes, 
em particular, ao exercitar seu direito de escolha e ao migrar simplesmente 
para os concorrentes, dispõem de uma indiscutível capacidade de dissuasão, 
uma espécie de arsenal nuclear. A cidadania organizada pode levar os 
dirigentes empresariais a agir de forma responsável, em detrimento, até, de 
suas convicções íntimas (SROUR, p.52, 2003). 
 
Destarte, compreende-se que nos tempos atuais a sociedade civil tem de certo 
modo, influenciado e outras vezes até pressionado, empresas a agir ou a optar por 
posturas éticas, para não correr o risco de ter sua imagem prejudicada frente aos que 
consomem o produto ou serviço oferecido pelas mesmas. 
 
Aprendemos que a empresa é um conceito legal, definida como uma entidade 
legal, mas, na prática, ela é também uma entidade social. Ela é uma 
organização de pessoas onde as ações de uns têm efeito sobre o bem-estar 
e os direitos dos outros (NASH, p.25, 1993). 
 
É inegável que os empreendimentos necessitam dispor de responsabilidade e 
respeito, para com todos os que direta ou indiretamente estão a eles vinculados, 
partindo deste ponto, é por tanto compreensível que haja a devida cobrança pelo 
cumprimento de uma postura ética e adequada. 
Um outro ponto a ser levado em consideração e destacado, é que assim como 
a ausência de atitudes éticas podem desestabilizar e prejudicar uma empresa, a soma 
continua de ações éticas, pode elevar sua reputação e favorecer grandemente o seu 
crescimento no mercado. No meio empresarial, atitudes que resultem em uma 
69 
 
 
reputação respeitável, influem também para a solidificação e perpetuação de um 
empreendimento. 
Vejamos a seguir um exemplo real da influência de ações e comportamentos 
éticos no crescimento de uma corporação: 
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A Johnson & Johnson possuía 35% do mercado de analgésicos nos

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