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Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns Autor: Vanessa Brito Arns Aula 09 05 de Abril de 2021 Sumário Direito Financeiro ................................................................................................................................. 2 1. Controle e fiscalização interna e externa da atividade financeira do Estado. .............................. 2 2. Critérios para o Controle ............................................................................................................... 9 3 . Tipos de Controle ........................................................................................................................ 12 4. A Atuação dos Tribunais de Contas. ............................................................................................ 15 5. O Tribunal de Contas da União ................................................................................................... 17 Legislação e Jurisprudência Destacadas ............................................................................................. 27 Resumo ............................................................................................................................................... 33 Considerações Finais ........................................................................................................................... 41 Lista de Questões Comentadas .......................................................................................................... 42 Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 2 49 DIREITO FINANCEIRO Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Financeiro, com foco nos Tribunais de Contas. Vejamos o tópico específico do edital que será abordado em aula: Controle e fiscalização interna e externa da atividade financeira do Estado. A Atuação dos Tribunais de Contas. Conforme vimos ao longo das nossas aulas, os Tribunais de Contas são parte do Poder Legislativo e são, também, essenciais para a avaliação constante do que está sendo feito com o dinheiro público, como está sendo gasto e se está tudo sendo feito segundo a lei. Vamos explorar os vários tópicos que envolvem esse tema? Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 1. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO INTERNA E EXTERNA DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. Após verificarmos os vários elementos que compõem o nosso direito financeiro, como as leis orçamentárias, receitas e despesas, bem como o nosso crédito e dívidas públicas, estudaremos a partir de agora como se verifica o controle dessa atividade. Isso implica abordar as modalidades de controle possível e, principalmente, o papel do Tribunal de Contas como fiscalizador dos gastos públicos. A fiscalização de todo o ciclo orçamentário ocorre pelas discussões que envolvem a previsão da receita, a consolidação das despesas, os projetos de leis orçamentárias, sua execução, necessidades de empréstimos, bem como se a aplicação de recursos se deu como o previsto em lei. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 3 49 O controle a fiscalização das finanças públicas começa antes e termina depois do exercício financeiro, não ficando adstrito a esse período. Temos, na Seção IX da nossa Constituição Federal, sobre a fiscalização das Contas Públicas: SEÇÃO IX DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. O art. 71 começa a abordar o controle externo, a cargo do Congresso Nacional e com o auxílio do Tribunal de Contas da União, com a seguinte competência (Grifos nossos): Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 4 49 III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. (...) Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 5 49 De acordo com o art. 74 da Constituição Federal, é dever integrado dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manter um controle de interno com as seguintes finalidades: Vejamos: Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentosda União; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 6 49 II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. O § 2ºdo art. 74 consagra uma importante missão quanto ao controle social das finanças públicas. Ele demonstra que todos somos parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades para o Tribunal de Contas da União, como parte de um poder fiscalizatório em comum: § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Veja que já há, inclusive, um delineamento dos tribunais de contas e da fiscalização, também, por parte dos Estados. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 7 49 Além da Constituição Federal, temos, quanto ao controle da Atividade Financeira do Estado, os arts. 43 a 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal e os arts. 75 a 82 da Lei 4.320/64. Conforme ressalta Harrisson Leite, “O controle do orçamento não pode ficar adstrito apenas à legalidade, uma vez que não tem como a lei prever todos os acontecimentos que envolvem a aplicação dos recursos, podendo-se até mesmo dizer que a maioria dos desmandos envolvendo os gastos públicos se dá com observância da imprevisão do gasto em lei. O que torna a fiscalização factível é a possibilidade de o seu alcance ultrapassar a simplicidade do gasto previsto em lei (legalidade) para ir ao campo da moralidade, legitimidade, dentre outros princípios, pois só com essa abertura normativa é possível haver fiscalização mais efetiva dos dispêndios públicos.” (grifos nossos) A fiscalização, ao mesmo tempo que verifica a legalidade e regularidade dos gastos públicos, tem consigo uma possibilidade de repressão. A observância à lei quanto aos gastos públicos e a necessidade de prestações de contas está prevista constitucionalmente nos arts. 34 e 35: CAPÍTULO VI DA INTERVENÇÃO Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 8 49 a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; II - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 9 49 Segundo Kiyoshi Harada, sobre o controle da atividade financeira do Estado: “(...) [C]ontrolar a execução orçamentária significa acompanhar e obter condições para, se for o caso, otimizar os meios de arrecadação da receita pública, de um lado, e adotar medidas de contenção dos gastos, de outro lado, ainda no decorrer do exercício. Trata- se de verificar a compatibilidade entre o planejado e o que está sendo executado. Daí por que as metas anuais de receitas são desdobradas em metas bimestrais de arrecadação, como determina o art. 13 da LRF, exatamente para possibilitar a elaboração da programação financeira com o respectivo cronograma de execução mensal de desembolso. A fiscalização é feita sob vários ângulos. O controle externo cabe sempre ao Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais) com o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas. Nos Municípios onde não houver Tribunal de Contas prestarão auxílio os Tribunais de Contas dos Estados ou os Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios (art. 31, § 1 o , da CF).” Veremos, a seguir, os critérios para o controle. 2. CRITÉRIOS PARA O CONTROLE Conforme vimos, a fiscalização do Estado e de sua atividade financeira vai além da observância da legalidade. O princípio 70 da Constituição, inclusive, adiciona outros princípios e aspectos levados em consideração para a fiscalização: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 10 49 1. A Legalidade De acordo com Kiyoshi Harada, sob a legalidade impõe-se a verificação dos requisitos necessários à realização da despesa, isto é, ao gastar o dinheiro público o administrador deve observar rigorosamente as autorizações e as limitações da lei orçamentária sob execução. Isso significa que o pagamento deve ser feito sempre com a devida previsão orçamentária e não pode ir além doscréditos orçamentários ou adicionais (art. 167, II, da CF), sob pena de caracterização do crime de responsabilidade (art. 85, VI, da CF). A realização de despesa pública impõe, ainda, a observância do procedimento estabelecido na Lei no 4.320/64, arts. 58 e seguintes. 2. A Legitimidade A legitimidade traz à luz a relação entre gasto e valoração diante do necessário atendimento do interesse público. Para Harada: C ri té ri o s p a ra o C o n tr o le Legalidade Legitimidade Economicidade Aplicação de subvenções Renúncia de Receitas Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 11 49 Sob o enfoque da legitimidade, a fiscalização examina o mérito do ato praticado pelo agente público para detectar possível desvio de finalidade. Filosoficamente, a legitimidade precede a legalidade. O ato só será legítimo à medida que não contrariar a natureza do homem. Nem tudo que é legal é legítimo. Dessa forma, despesas excessivas com representação ou com cerimônias oficiais festivas, apesar de regulares do ponto de vista legal, porque financiadas com dotações orçamentárias próprias, podem ser questionadas sob o prisma da legitimidade se estiverem em descompasso com os valores fundamentais da sociedade. 3. A Economicidade A economicidade diz respeito à análise do custo-benefício de determinada despesa. A ideia é que a opção mais eficiente, a melhor dentre as disponíveis ao gestor público deve ser a escolhida. 4. A aplicação de subvenções Segundo Harada, as subvenções são auxílios governamentais concedidos às entidades públicas ou privadas, em geral, instituições sociais e educacionais, sem finalidades lucrativas, com o fito de ajudá-las na consecução de seus objetivos estatutários, destinados a secundar a ação do Estado. O art. 201, § 8o, da CF veda subvenção às entidades de previdência privada com finalidades lucrativas. Há aqui uma verificação se os valores repassados a entes sem fins lucrativos foram devidamente aplicados naquilo que se comprometeram gastar, com aprovação de prestação de contas. 5. A renúncia de receitas. A eventual renúncia de receitas públicas só pode ocorrer em determinadas hipóteses e nas condições da lei. O exercício total da competência tributária não é compulsório, mas, uma vez exercitado e instituído o tributo, somente a lei poderá dispensar sua arrecadação. Por razões de política fiscal, a lei pode conceder incentivos fiscais consistentes em isenções, reduções de alíquotas, reduções da base de cálculo, bem como instituir hipóteses de moratória, de remissão e de anistia. Encontramos, sobre a renúncia de receitas o art. 14 da Lei de Responsabilidade fiscal: Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide Lei nº 10.276, de 2001) Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 12 49 I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. § 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. § 3o O disposto neste artigo não se aplica: I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. 3 . TIPOS DE CONTROLE 1. Controle Interno O controle interno está previsto na parte final do art. 70 da Constituição Federal , prevendo uma fiscalização “pelo sistema de controle interno da cada Poder. A Carta Magna fixa, desde logo, para os três Poderes parâmetros para a efetivação desse controle. Dispõe em seu art. 74: Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 13 49 II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. O controle interno é o controle exercido internamente pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seu alcance está no art. 70, combinado com ao art. 74, ambos da Constituição Federal. Consiste na necessidade de cada poder possuir uma estrutura que tenha por finalidade analisar e conferir processos de pagamento, registros contábeis, relatórios e documentos, bem como o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, o cumprimento de programas estabelecidos, dentre outras funções. É, basicamente, uma fiscalização prévia feita pelo próprio poder legislativo, executivo ou judiciário em relação aos seus próprios agentes, órgãos e instituições. Segundo Harada, o controle interno, apesar de contar com recursos materiais e pessoais próprios, atua de forma integrada e interdependente com o controle externo (inciso IV, do art. 74). Em nível infraconstitucional, o controle da execução orçamentária é disciplinado pela Lei no 4.320/64, recepcionada pela ordem constitucional vigente. A Lei 4.320/64 estabelece, em seu art. 75 três tipos de controle da execução orçamentária: 1. o da legalidade dos atos; 2. o da fidelidade funcional dos agentes públicos; e 3. o do cumprimento do programa de trabalho. O controle da legalidade poderá ser prévio, concomitante ou subsequente (art. 77). Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 14 49 Além da tomada de contas anual, poderá haver , a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bensou valores públicos (art. 78). O controle do cumprimento do programa de trabalho cabe ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação (art. 79). Segundo Hely Lopes Meirelles, o controle interno “objetiva a criação de condições indispensáveis à eficácia do controle externo e visa assegurar a regularidade da realização da receita e da despesa, possibilitando o acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de trabalho e a avaliação dos respectivos resultados. É, na sua plenitude, um controle de legalidade, conveniência, oportunidade e eficiência”. É importante destacar que o controle interno se baseia, também, no critério hierárquico, uma vez que apura irregularidades ou ilegalidades ocorridas dentro da esfera de cada poder. 2. Controle Externo O Controle externo é exercido exclusivamente pelo Poder Legislativo de cada ente, com o auxílio dos tribunais de contas, de acordo com os arts. 70 a 73 da Constituição Federal. Veremos, adiante, uma sessão exclusiva sobre o funcionamento dos tribunais de contas. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União 3. Controle Privado O Controle Popular, privado ou Social (Whistleblowing), segundo a doutrina de Harrison Leite, consiste na participação por parte da sociedade diretamente no controle da atividade estatal, que pode se dar, por meio de representações e denúncias às diversas instâncias do sistema de controle (interno, externo e ministério público) ou mesmo por meio de ações junto ao poder judiciário através, por exemplo, de ação popular. Conforme vimos, ele está previsto expressamente na Constituição Federal: Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 15 49 A denúncia de irregularidades e de organizações do terceiro setor com a finalidade de controle social, bem como o interesse da mídia sobre as contas públicas aumentou vertiginosamente desde a Lei de acesso à informação (Lei 12. 527/11). Esquematizaremos, abaixo, os órgãos ou agentes de controle: 4. A ATUAÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. 1. Conceito e Função Órgãos ou agentes de controle Controle interno Exercido internamente por cada um dos poderes Critério Hierárquico Auxílio do controle externo Controle Externo Exercido pelos Tribunais de Contas (Poder Legislativo) Controle Privado Exercido por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 16 49 Os tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder Legislativo. São colegiados, encarregados de fiscalização e controle do orçamento. Têm função de auxiliar o Legislativo, mas não estão a ele subordinados. Embora o Tribunal de Contas possua competências próprias, a titularidade de função do controle externo segundo CF é: ❖ União – do Congresso Nacional ❖ Estados – da Assembleia Legislativa ❖ Distrito Federal – Câmara Legislativa ❖ Municípios – Câmara de Vereadores. São parte do sistema de controle externo do orçamento o Tribunal de Contas da União (TCU), os Tribunais de Contas dos Estados e os Tribunais de Contas dos Municípios ou Conselho de Contas. A estrutura e o funcionamento desses órgãos são similares e decorrem das normas constitucionais que tratam da matéria. Segundo Marcus Abraham, A existência e o funcionamento desse órgão de fiscalização e controle não é uma exclusividade brasileira. Na Itália existe a Corte dei Conti, para controlar e julgar os gastos e as contas públicas. Na França há a Cours des Comptes, criada por Napoleão I para julgar todos os obrigados a prestar contas. Na Inglaterra existe o Committee of Public Accounts, formado por integrantes da Câmara dos Comuns, para verificar as contas, controlar o orçamento e intervir nos serviços administrativos. Nos Estados Unidos o controle é feito pelo Congresso, através de uma comissão fiscalizadora chamada de General Accounting Office, que dispõe de poderes para se opor à ação administrativa, apreciando o mérito e a legalidade da despesa a ser efetuada. Na definição do autor, cabe ao Tribunal de Contas atuar na fiscalização contábil, financeira orçamentária, operacional e patrimonial do Estado, incluindo os seus Poderes e as respectivas entidades de administração direta ou indireta, alcançando os administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, além das pessoas físicas ou jurídicas, que, mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos, apliquem auxílios, subvenções ou recursos repassados pelo Poder Público. Temos, na Constituição Federal, dispositivos específicos para tratar do Tribunal de Contas da União, ressalvando que essas normas aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios (art. 75), configurando, assim, um parâmetro para a criação e o funcionamento de todos os Tribunais de Contas brasileiros. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 17 49 Importante ressaltar que em face da vedação constitucional à criação de novas Cortes de Contas municipais – somente os Municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo possuem um Tribunal de Contas Municipal próprio. Nos demais Estados, em regra, os seus respectivos TCEs atuam tanto na fiscalização da administração estadual como das administrações municipais. Já os Estados da Bahia, Goiás e Pará possuem dois tribunais estaduais de contas: um Tribunal de Contas Municipais para fiscalizar todos os seus municípios, e um outro Tribunal de Contas do Estado, apenas para fiscalizar as contas do Estado-membro. 5. O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 1. Introdução De acordo com Kiyoshi Harada, o Tribunal de Contas da União tem sua origem no Decreto no 966-A, de 7-9-1890.: Todo Estado de Direito pressupõe a submissão do próprio Estado às leis que ele edita. Daí a necessidade de um órgão controlador da atividade estatal a fim de evitar que se cometam ilegalidades. Assim, a função originária do Tribunal de Contas da União era a de controlar a legalidade dos atos concernentes à execução orçamentária. Hoje, como sabemos, sua missão não se exaure no exame da legalidade. O exercício de uma das atribuições do Tribunal de Contas, consistente em “julgar as contas”, não lhe confere o exercício da atividade jurisdicional, privativo do Poder Judiciário. O Tribunal não julga as pessoas, limitando-se a julgar contas, isto é, restringe se a proferir uma decisão técnica, considerando-as regulares ou irregulares. Sua decisão não opera coisa julgada, pelo que tem natureza meramente administrativa. Tanto é assim que as contas julgadas pelo Tribunal de Contas podem ser reapreciadas pelo Poder Judiciário, como se depreende do art. 5o, incisos XXXV e XXXVII da CF , que introduz o princípio da Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 18 49 inafastabilidade da jurisdição e repele o “juízo ou tribunal de exceção”, respectivamente. O fato de a Súmula no 347 do STF prescrever que “o Tribunal de Contas, no exercício desuas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e atos do Poder Público” em nada socorre o posicionamento de autores que sustentam a natureza jurisdicional das decisões proferidas pelas Cortes de Contas. 2. Composição Tribunal de Contas da União, que tem sua sede no Distrito Federal, com jurisdição em todo o território nacional, é composto de nove Ministros e tem quadro de pessoal próprio (art. 73 da CF). Seus Ministros são nomeados entre os brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta anos de idade, que tenham idoneidade moral e reputação ilibada e que sejam portadores de notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública, comprovados com mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija esses conhecimentos (§ 1o). Os Ministros do TCU são escolhidos da seguinte forma: ❖ um terço pelo Presidente da República, com a aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente entre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; ❖ dois terços pelo Congresso Nacional (§ 2o). Desde o advento da Constituição de 1988 não mais existe a livre indicação de pessoas pelo Presidente da República. Os ministros do TCU têm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça e somente podem aposentar-se com as vantagens do cargo quando o tiverem exercido efetivamente por mais de cinco anos (§ 3o). Verifique o quadro comparativo entre as organizações dos Tribunais de Contas e dos demais Tribunais de Contas: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 19 49 3. Funções Dispõe a Constituição Federal em seu art. 71 que: Organização dos Tribunais de Contas Composição TCU: 9 Ministros TCE/TCM: Conselheiros Requisitos para provimento dos Cargos Brasileiro Idade:Entre 35 e 60 anos Idoneidade moral e reputação ilibada Notório Conhecimento No mínimo dez anos de experiência Competência para indicação dos membros TCU: 1/3 Presidente e 2/3 Congresso Nacional TCE/TCM: 3 Governador e 4 Legislativo Equivalência de Impedimentos e vantagens TCU: Ministros do STJ TCM: Desembargadores do TJ Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1 20 49 Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio, que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 d 21 49 VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Pode-se, de acordo com Marcus Abraham, dizer que o Tribunal de Contas da União detém as seguintes funções: a) função fiscalizadora, relativa à fiscalização de atos de admissão de pessoal e de aposentadorias, de convênios com Estados, Municípios e Distrito Federal, de bens e rendas de autoridades públicas, de subvenções, de renúncias de receitas, de entrega de cotas do FPE, FPM e do IPI-exportações e da Cide, de contas nacionais de empresas supranacionais, da desestatização, de avaliação de programas, de recursos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), das despesas com pessoal, do endividamento público e receita, do alcance de metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, dos limites e condições de operações de crédito, dos recursos de alienação de ativos e dos Relatórios de Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 1 22 49 Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO (CF: art. 71, IV , V , VI e XI); b) função opinativa, ao apresentar parecer prévio sobre as contas do Presidente da República e dos Chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário, e do Ministério Público (CF: art. 71, I); c) função julgadora, ao proceder aos julgamentos sobre as contas dos responsáveis por bens e valores públicos, por prejuízos ao Erário e por infrações decorrentes da não publicação do Relatório de Gestão Fiscal, da elaboração de anteprojeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias sem metas fiscais, da inobservância de limitação de empenho ou da falta de medidas para redução das despesas de pessoal (CF: art. 71, II, III); d) função sancionadora, na aplicação de multas,na declaração de inidoneidade para licitar ou na inabilitação para exercício de função comissionada, na decretação da indisponibilidade de bens etc. (CF: art. 71, VIII); e) função corretiva, na emissão de determinações e recomendações aos órgãos jurisdicionados, na fixação de prazo para adoção de providências, na sustação de atos irregulares e na adoção de medidas cautelares (CF: art. 71, IX e X); f) função consultiva, na emissão de pareceres sobre a regularidade de despesas por solicitação da Comissão Mista do Orçamento ou quando da resposta a consulta sobre assuntos de sua competência (Lei Orgânica do TCU: art. 1º, XVII); g) função informativa, no fornecimento de informações acerca de trabalhos realizados, cálculos e dados consolidados, elementos e documentos a que tenha tido acesso (CF: art. 71, VII); h) função ouvidora, no recebimento e processamento de denúncias feitas por cidadão, partido político, associação civil ou sindicato, ou por representação feita pelo controle interno sobre irregularidades em licitação ou contrato administrativo (CF: art. 74, § 2º); i) função normativa, de expedir atos e instruções normativas (Lei Orgânica do TCU: art. 3º). A função fiscalizadora do TCU é exercida através dos seguintes instrumentos: levantamento, auditoria, inspeção, acompanhamento e monitoramento. A abrangência do controle dos Tribunais de Contas vem prevista no parágrafo único do art. 70 da Constituição, o qual estabelece que qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária, tem o dever de prestar contas ao TCU. Isso significa que são submetidas à fiscalização e controle dos Tribunais de Contas todas as entidades da Administração Direta ou Indireta, fundos constitucionais de investimento ou de gestão, Entidades Fechadas de Previdência Privada – EFPP,Organizações sociais de interesse público (OSCIP), Conselhos de regulamentação profissional (CREA, CRM, CRO etc.), Serviços sociais autônomos (Sebrae, Sesi, Sesc, Senai, Senat etc.), beneficiários de bolsas de estudo e projetos de pesquisa e beneficiários de renúncias de receitas ou de incentivos fiscais. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 e 23 49 Por algum tempo, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o TCU não teria competência para fiscalizar as contas de empresas públicas e as sociedades de economia mista nem para julgar as contas dos seus administradores (vide MS 23.875 e 23.627). Em 2005, no entanto, revendo o seu entendimento anterior, a Suprema Corte indeferiu os Mandados de Segurança 25.092 (impetrado pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF) e 25.181 (impetrado pelo Banco do Nordeste – BNB), declarando expressamente que os precedentes dos MS 23.875 e 23.627 deviam ser revistos e reconhecendo a competência do TCU para a fiscalização das estatais e para o julgamento das contas de seus administradores, inclusive por meio de tomada de contas especiais. No julgamento conjunto dos citados mandados de segurança, o relator, Ministro Carlos Velloso, afirmou que “lesão ao patrimônio de uma sociedade de economia mista atinge, sem dúvida, o capital público e, portanto, o erário, além de atingir também o capital privado”. Quanto aos Conselhos de fiscalização e regulamentação profissional (CREA, CRM, CRO etc.), o entendimento do STF é no sentido de que estes devem se submeter à fiscalização do TCU, uma vez que constituem autarquias federais, cujas cobranças de contribuição possuem natureza tributária, na forma do art. 149 da CF (MS 21.797-RJ). Como de costume, aqui a Ordem dos Advogados do Brasil está em situação sui generis e não se submete ao regime de fiscalização e controle do TCU. Vejamos o esquema abaixo: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 0 24 49 4. Natureza Jurídica das Decisões dos tribunais de Contas O Tribunal de Contas da União, diz o art. 73 da Constituição, é integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional. Ele é vinculado, para efeitos orçamentários e de responsabilidade, ao Poder Legislativo, possuindo, entretanto, total independência em relação ao Congresso e às suas Casas. A dúvida surge a respeito de ser efetivamente ou não o Tribunal de Contas um órgão integrante do Poder Legislativo. Sã o F is ca li za d o s p el o T C U Administração Direta Administração Indireta Entidades de direito privado que manipulem bens ou fundos de governo Pessoas jurídicas que recebem contribuições parafiscais (CREA, CRM, CRA, etc.) ***OBS: A OAB NÃO É FISCALIZADA PELO TCU Qualquer empresa em que haja investimento público Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 a 25 49 Parte da doutrina entende que se trata de órgão integrante daquele Poder legiferante, embora dotado de autonomia administrativa, sem, todavia, haver uma subordinação política. Para Marcus Abraham, “Entende-se que os Tribunais de Contas não possuem uma função jurisdicional propriamente dita, uma vez que suas decisões produzem apenas a coisa julgada administrativa, que pode ser revista pelo Poder Judiciário, o qual detém o monopólio jurisdicional no ordenamento jurídico brasileiro. A posição majoritária da doutrina e jurisprudência é a de que os julgamentos proferidos pelos Tribunais de Contas têm caráter administrativo e não jurisdicional. “ A esse respeito, José Afonso da Silva explica não se tratar propriamente de função jurisdicional, pois os Tribunais de Contas não julgam pessoas, nem dirimem conflitos de interesses, mas somente emanam um julgamento técnico de contas públicas. No mesmo sentido, afirma o Ministro Carlos Ayres Britto que os Tribunais de Contas não exercem a chamada função jurisdicional do Estado. A função jurisdicional do Estado é exclusiva do Poder Judiciário e é por isso que as Cortes de Contas: a) não fazem parte da relação dos órgãos componentes desse Poder (o Judiciário), como se vê da simples leitura do art. 92 da Lex Legum; b) também não se integram no rol das instituições que foram categorizadas como instituições essenciais a tal função (a jurisdicional, a partir do art. 127 do mesmo Código Político de 1988). Para Marcus Abraham, no entanto e mais do que em qualquer outro caso, seria possível aludir, a propósito do Tribunal de Contas, a uma atuação quase jurisdicional. “Se tal expressão puder merecer algum significado próprio, isso reside na forma processual dos atos e na estrutura autônoma e independente para produzir a instrução e o julgamento. A fórmula quase jurisdicional é interessante não para induzir o leitor a imaginar que a atuação do Tribunal de Contas é idêntica à do Judiciário, mas para destacar como se diferencia do restante das atividades administrativas e legislativas. “ Nenhum outro órgão integrante do Poder Executivo e do Poder Legislativo recebeu da Constituição poderes de julgamento equivalentes, inclusive no tocante à relevância e eficácia, aos assegurados ao Tribunal de Contas. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 26 49 Este entendimento, aliás, também aparece no teor da Súmula no 6 do STF, que ressalva a competência revisora do Poder Judiciário sobre as decisões dos Tribunais de Contas. Por outro lado, a Súmula nº 347 doSTF afirma que “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. Entretanto, cabe ressaltar que compete ao Poder Judiciário apenas verificar os aspectos formais do julgamento, vale dizer, se foi observado o devido processo legal e se não houve nenhuma violação de direito individual, vez que o Judiciário não pode adentrar o mérito e revisar as decisões dos Tribunais de Contas, por exemplo, declarando regulares as contas que haviam sido julgadas irregulares, ou vice-versa. Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Exercido seu papel, o TCU poderá confirmar a regularidade dos atos e procedimentos praticados por seus fiscalizados, ou poderá rejeitá-los, emitindo recomendações ou determinações de correção e providências, sustá-los temporária ou definitivamente, ou, ainda, adotar medidas cautelares. Além disso, poderá também, dentro do seu papel sancionador, aplicar penalidades aos infratores (Lei Orgânica do TCU, arts. 57 e 58). Assim, quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal aplicar-lhe multa de até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao Erário. Poderá, também, aplicar multa aos responsáveis por: 1. contas julgadas irregulares de que não resulte débito; 2. ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial; 3. ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano ao Erário; 4. não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência do Relator ou a decisão do Tribunal; V – obstrução ao livre exercício das inspeções e auditorias determinadas; 5. sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou auditorias realizadas pelo Tribunal; 6. reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 27 49 A s decisões do Tribunal de Contas de que resultem imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo (CF: § 3º, art. 71), podendo gerar inscrição em dívida ativa, para posterior cobrança através da respectiva ação de execução fiscal, nos moldes da Lei nº 6.830/1980, a ser proposta pelo ente beneficiário da condenação, vez que os próprios Tribunais de Contas não dispõem de legitimidade para executar suas próprias decisões condenatórias. LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA DESTACADAS Conforme vimos, o controle a fiscalização das finanças públicas começa antes e termina depois do exercício financeiro, não ficando adstrito a esse período. Temos, na Seção IX da nossa Constituição Federal, sobre a fiscalização das Contas Públicas: SEÇÃO IX DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. O art. 71 começa a abordar o controle externo, a cargo do Congresso Nacional e com o auxílio do Tribunal de Contas da União, com a seguinte competência (Grifos nossos): Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 28 49 I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 29 49 IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economiapública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 30 49 Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 31 49 I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. Sobre as funções dos Tribunais de Contas, dispõe a Constituição Federal em seu art. 71 que: Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 32 49 I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio, que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 33 49 IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. RESUMO 1. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO INTERNA E EXTERNA DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. o A fiscalização de todo o ciclo orçamentário ocorre pelas discussões que envolvem a previsão da receita, a consolidação das despesas, os projetos de leis orçamentárias, sua execução, necessidades de empréstimos, bem como se a aplicação de recursos se deu como o previsto em lei. o O controle a fiscalização das finanças públicas começa antes e termina depois do exercício financeiro, não ficando adstrito a esse período. o Temos, na Seção IX da nossa Constituição Federal, sobre a fiscalização das Contas Públicas: ❖ DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof.Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 34 49 administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. ❖ Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. 2. CRITÉRIOS PARA O CONTROLE o Conforme vimos, a fiscalização do Estado e de sua atividade financeira vai além da observância da legalidade. O princípio 70 da Constituição, inclusive, adiciona outros princípios e aspectos levados em consideração para a fiscalização: o A Legalidade • De acordo com Kiyoshi Harada, sob a legalidade impõe-se a verificação dos requisitos necessários à realização da despesa, isto é, ao gastar o dinheiro público o administrador deve observar rigorosamente as autorizações e as limitações da lei orçamentária sob execução. • Isso significa que o pagamento deve ser feito sempre com a devida previsão orçamentária e não pode ir além dos créditos orçamentários ou adicionais (art. 167, II, da CF), sob pena de caracterização do crime de responsabilidade (art. 85, VI, da CF). A realização de despesa pública impõe, ainda, a observância do procedimento estabelecido na Lei no 4.320/64, arts. 58 e seguintes. o A Legitimidade • A legitimidade traz à luz a relação entre gasto e valoração diante do necessário atendimento do interesse público. • Sob o enfoque da legitimidade, a fiscalização examina o mérito do ato praticado pelo agente público para detectar possível desvio de finalidade. Filosoficamente, a legitimidade precede a legalidade. O ato só será legítimo à medida que não contrariar a natureza do homem. Nem tudo que é legal é legítimo. Dessa forma, despesas excessivas com representação ou com cerimônias oficiais festivas, apesar de regulares do ponto de vista legal, porque financiadas com dotações orçamentárias próprias, podem ser questionadas sob o prisma da legitimidade se estiverem em descompasso com os valores fundamentais da sociedade. o A Economicidade • A economicidade diz respeito à análise do custo-benefício de determinada despesa. A ideia é que a opção mais eficiente, a melhor dentre as disponíveis ao gestor público deve ser a escolhida. o A aplicação de subvenções • Segundo Harada, as subvenções são auxílios governamentais concedidos às entidades públicas ou privadas, em geral, instituições sociais e educacionais, sem finalidades lucrativas, com o fito de ajudá-las na consecução de seus objetivos estatutários, destinados a secundar a ação do Estado. O art. 201, § 8o, da CF veda subvenção às Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 35 49 entidades de previdência privada com finalidades lucrativas. Há aqui uma verificação se os valores repassados a entes sem fins lucrativos foram devidamente aplicados naquilo que se comprometeram gastar, com aprovação de prestação de contas. o A renúncia de receitas. • A eventual renúncia de receitas públicas só pode ocorrer em determinadas hipóteses e nas condições da lei. O exercício total da competência tributária não é compulsório, mas, uma vez exercitado e instituído o tributo, somente a lei poderá dispensar sua arrecadação. Por razões de política fiscal, a lei pode conceder incentivos fiscais consistentes em isenções, reduções de alíquotas, reduções da base de cálculo, bem como instituir hipóteses de moratória, de remissão e de anistia. • Encontramos, sobre a renúncia de receitas o art. 14 da Lei de Responsabilidade fiscal. o Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide Lei nº 10.276, de 2001) 3 . TIPOS DE CONTROLE o Controle Interno • O controle interno está previsto na parte final do art. 70 da Constituição Federal , prevendo uma fiscalização “pelo sistema de controle interno da cada Poder. • O controle interno é o controle exercido internamente pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seu alcance está no art. 70, combinado com ao art. 74, ambos da Constituição Federal. Consiste na necessidade de cada poder possuir uma estrutura que tenha por finalidade analisar e conferir processos de pagamento, registros contábeis, relatórios e documentos, bem como o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, o cumprimento de programas estabelecidos, dentre outras funções. É, basicamente, uma fiscalização prévia feita pelo próprio poder legislativo, executivo ou judiciário em relação aos seus próprios agentes, órgãos e instituições. • A Lei 4.320/64 estabelece, em seu art. 75 três tipos de controle da execução orçamentária: • o da legalidade dos atos; • o da fidelidade funcional dos agentes públicos; e • o do cumprimento do programa de trabalho. • O controle da legalidade poderá ser prévio, concomitante ou subsequente (art. 77). Além da tomada de contas anual, poderá haver , a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos (art. 78). O controle do cumprimento do programa de trabalho cabe ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação (art. 79). Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 36 49 o Controle Externo • O Controle externo é exercido exclusivamente pelo Poder Legislativo de cada ente, com o auxílio dos tribunais de contas, de acordo com os arts. 70 a 73 da Constituição Federal. o Controle Privado • O Controle Popular, privado ou Social (Whistleblowing), segundo a doutrina de Harrison Leite, consiste na participação por parte da sociedade diretamente no controle da atividade estatal, que pode se dar, por meio de representações e denúncias às diversas instâncias do sistema de controle (interno, externo e ministério público) ou mesmo por meio de ações junto ao poder judiciário através, por exemplo, de ação popular. Conforme vimos, ele está previsto expressamente na Constituição Federal: • Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: • § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. • A denúncia de irregularidades e de organizações do terceiro setor com a finalidade de controle social, bem como o interesse da mídia sobre as contas públicas aumentou vertiginosamente desde a Lei de acesso à informação (Lei 12. 527/11). • Esquematizaremos, abaixo, os órgãos ou agentes de controle: o 4. A ATUAÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. • Os tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder Legislativo. São colegiados, encarregados de fiscalização e controle do orçamento. Têm função de auxiliar o Legislativo, mas não estão a ele subordinados. • Embora o Tribunal de Contas possua competências próprias, a titularidade de função do controle externo segundo CF é: • União – do Congresso Nacional • Estados – da Assembleia Legislativa • Distrito Federal – Câmara Legislativa • Municípios – Câmara de Vereadores. • Sãoparte do sistema de controle externo do orçamento o Tribunal de Contas da União (TCU), os Tribunais de Contas dos Estados e os Tribunais de Contas dos Municípios ou Conselho de Contas. A estrutura e o funcionamento desses órgãos são similares e decorrem das normas constitucionais que tratam da matéria. • Cabe ao Tribunal de Contas atuar na fiscalização contábil, financeira orçamentária, operacional e patrimonial do Estado, incluindo os seus Poderes e as respectivas entidades de administração direta ou indireta, alcançando os administradores e demais Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 37 49 responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, além das pessoas físicas ou jurídicas, que, mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos, apliquem auxílios, subvenções ou recursos repassados pelo Poder Público. • Temos, na Constituição Federal, dispositivos específicos para tratar do Tribunal de Contas da União, ressalvando que essas normas aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios (art. 75), configurando, assim, um parâmetro para a criação e o funcionamento de todos os Tribunais de Contas brasileiros. • Importante ressaltar que em face da vedação constitucional à criação de novas Cortes de Contas municipais – somente os Municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo possuem um Tribunal de Contas Municipal próprio. • Nos demais Estados, em regra, os seus respectivos TCEs atuam tanto na fiscalização da administração estadual como das administrações municipais. Já os Estados da Bahia, Goiás e Pará possuem dois tribunais estaduais de contas: um Tribunal de Contas Municipais para fiscalizar todos os seus municípios, e um outro Tribunal de Contas do Estado, apenas para fiscalizar as contas do Estado-membro. 5. O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO • Tribunal de Contas da União, que tem sua sede no Distrito Federal, com jurisdição em todo o território nacional, é composto de nove Ministros e tem quadro de pessoal próprio (art. 73 da CF). • Seus Ministros são nomeados entre os brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta anos de idade, que tenham idoneidade moral e reputação ilibada e que sejam portadores de notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública, comprovados com mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija esses conhecimentos (§ 1o). • Os Ministros do TCU são escolhidos da seguinte forma: • um terço pelo Presidente da República, com a aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente entre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; • dois terços pelo Congresso Nacional (§ 2o). • Desde o advento da Constituição de 1988 não mais existe a livre indicação de pessoas pelo Presidente da República. • Os ministros do TCU têm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça e somente podem aposentar-se Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 38 49 com as vantagens do cargo quando o tiverem exercido efetivamente por mais de cinco anos (§ 3o). • Pode-se, de acordo com Marcus Abraham, dizer que o Tribunal de Contas da União detém as seguintes funções: • função fiscalizadora, relativa à fiscalização de atos de admissão de pessoal e de aposentadorias, de convênios com Estados, Municípios e Distrito Federal, de bens e rendas de autoridades públicas, de subvenções, de renúncias de receitas, de entrega de cotas do FPE, FPM e do IPI-exportações e da Cide, de contas nacionais de empresas supranacionais, da desestatização, de avaliação de programas, de recursos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), das despesas com pessoal, do endividamento público e receita, do alcance de metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, dos limites e condições de operações de crédito, dos recursos de alienação de ativos e dos Relatórios de Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO (CF: art. 71, IV , V , VI e XI); • função opinativa, ao apresentar parecer prévio sobre as contas do Presidente da República e dos Chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário, e do Ministério Público (CF: art. 71, I); • função julgadora, ao proceder aos julgamentos sobre as contas dos responsáveis por bens e valores públicos, por prejuízos ao Erário e por infrações decorrentes da não publicação do Relatório de Gestão Fiscal, da elaboração de anteprojeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias sem metas fiscais, da inobservância de limitação de empenho ou da falta de medidas para redução das despesas de pessoal (CF: art. 71, II, III); • função sancionadora, na aplicação de multas, na declaração de inidoneidade para licitar ou na inabilitação para exercício de função comissionada, na decretação da indisponibilidade de bens etc. (CF: art. 71, VIII); • função corretiva, na emissão de determinações e recomendações aos órgãos jurisdicionados, na fixação de prazo para adoção de providências, na sustação de atos irregulares e na adoção de medidas cautelares (CF: art. 71, IX e X); • função consultiva, na emissão de pareceres sobre a regularidade de despesas por solicitação da Comissão Mista do Orçamento ou quando da resposta a consulta sobre assuntos de sua competência (Lei Orgânica do TCU: art. 1º, XVII); • função informativa, no fornecimento de informações acerca de trabalhos realizados, cálculos e dados consolidados, elementos e documentos a que tenha tido acesso (CF: art. 71, VII); • função ouvidora, no recebimento e processamento de denúncias feitas por cidadão, partido político, associação civil ou sindicato, ou por representação feita pelo controle interno sobre irregularidades em licitação ou contrato administrativo (CF: art. 74, § 2º); • função normativa, de expedir atos e instruções normativas (Lei Orgânica do TCU: art. 3). Vanessa Brito Arns Aula 09 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 39 49 • A função fiscalizadora do TCU é exercida através dos seguintes instrumentos: levantamento, auditoria, inspeção, acompanhamento e monitoramento. • A abrangência do controle dos Tribunais de Contas vem prevista no parágrafo único do art. 70 da Constituição, o qual estabelece que qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária, tem o dever de prestar contas ao TCU. • Isso significa que são submetidas à fiscalização e controle dos Tribunais de Contas todas as entidades da Administração Direta ou Indireta, fundos constitucionais de investimento ou de gestão, Entidades Fechadas de Previdência Privada – EFPP,Organizações sociais de interesse público (OSCIP), Conselhos de regulamentação profissional (CREA, CRM, CRO etc.), Serviços sociais autônomos (Sebrae, Sesi, Sesc, Senai, Senat etc.), beneficiários de bolsas de estudo e projetos de pesquisa e beneficiários de renúncias de receitas ou de incentivos fiscais. • Por algum tempo, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o TCU não teria competência para fiscalizar as contas de empresas públicas e as sociedades de economia mista nem para julgar as contas dos seus administradores (vide MS 23.875 e
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