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Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns Autor: Vanessa Brito Arns Aula 08 29 de Março de 2021 Sumário Direito Financeiro ................................................................................................................................. 2 1. O empréstimo como processo financeiro ...................................................................................... 2 2. Conceito de Crédito Público ........................................................................................................... 3 3. Crédito Público como política de intervenção na economia ......................................................... 6 4. Classificações do Crédito Público .................................................................................................. 8 5. Crédito forçado ............................................................................................................................ 11 6. Crédito voluntário ........................................................................................................................ 14 7. A Atuação do Banco Central ....................................................................................................... 17 Resumo ............................................................................................................................................... 20 Considerações Finais ........................................................................................................................... 33 Lista de Questões Comentadas .......................................................................................................... 34 Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 2 48 DIREITO FINANCEIRO Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Financeiro, e continuaremos com foco nos Créditos Públicos. Vejamos o tópico específico do edital que será abordado em aula: Crédito público. Conceito e classificação de crédito público. A Atuação do Banco Central. Sistema Financeiro Nacional. Vamos explorar os vários tópicos que envolvem esses temas? Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 1. O EMPRÉSTIMO COMO PROCESSO FINANCEIRO Conforme vimos ao longo do nosso curso os Estados, bem como os particulares, têm o seu funcionamento com base em suas próprias rendas, não só por parte de rendas tributárias, mas também oriundas da exploração de seu patrimônio. (receitas derivadas e originárias). No entanto, com muita frequência, os Estados gastam mais do que costumam arrecadar e precisam de recursos de terceiros, e vemos com frequência que os Estados costumam estar endividados. Na aula passada tratamos sobre o endividamento público como um todo, mas veremos que o crédito público é importante, também, em outras áreas das finanças públicas. O Estado pode tanto tomar empréstimos quanto realizá-los, e em ambos os casos chamamos de crédito público. Quando credor, o Estado fornece pecúnia, com objetivos específicos. No papel de credor, o Estado oferece recursos financeiros, normalmente através de agências oficiais de fomento, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, com juros competitivos e geralmente menores do que os normais do mercado. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 3 48 Como devedor, conforme vimos na aula passada, o Estado utiliza o crédito como fonte de receitas para a realização das suas atividades, valendo-se geralmente da emissão de títulos públicos ou da efetivação de contratos de empréstimo específicos. Tal receita também é chamada pela doutrina de receita creditícia. 2. CONCEITO DE CRÉDITO PÚBLICO Segundo Kyoshi Harada, a maioria dos autores costuma utilizar as expressões empréstimo público, crédito público e dívida pública como sinônimas, apesar de a palavra crédito ser antônima da palavra débito. A palavra crédito pode, também, significar confiança. Ter “crédito com certa pessoa” quer dizer “gozar de confiança junto daquela pessoa. Para alguns autores, entretanto, a noção de crédito público é mais ampla que a de empréstimo público: “O crédito público teria um sentido duplo, envolvendo tanto as operações em que o Estado toma dinheiro como aquelas em que fornece pecúnia. Já o empréstimo público seria aquele ato pelo qual o Estado se beneficia de uma transferência de liquidez com a obrigação de devolvê-lo no futuro, normalmente acrescido de juros. “ Por isso, não obstante um e outro se situarem nos extremos da relação jurídica, os estudiosos, ao cuidarem da matéria, referem-se indistintamente a crédito público, empréstimo público ou dívida pública. O empréstimo público não se confunde com a receita pública, que pressupõe o ingresso de dinheiro aos cofres públicos, sem qualquer contrapartida, ou seja, corresponde a uma entrada de dinheiro que acresce o patrimônio do Estado. O empréstimo público não aumenta o patrimônio estatal, por representar mera entrada de caixa com a correspondência no passivo. A cada soma de dinheiro que o Estado recebe, a título de empréstimo, corresponde uma contrapartida no passivo, traduzida pela obrigação de restituir dentro de determinado prazo. Segundo Harada, “a definição da natureza jurídica do crédito público não tem sido pacífica na doutrina. Existem, na verdade, três posições acerca da matéria: a que considera o empréstimo público um simples ato de soberania, a que vê no crédito público o resultado de um ato legislativo e aquela que o considera como um contrato. “ Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 4 48 I. Segundo a tese do ato de soberania, o empréstimo público seria resultante do poder de autodeterminação e de auto-obrigação do Estado, insuscetível de controle, mesmo o jurisdicional, que pudesse compelir o Poder Público devedor ao seu cumprimento. Daí o direito de o Estado, unilateralmente, modificar as condições do empréstimo público. Essa tese seria insustentável nos dias atuais. A formulação dessa teoria, em sua origem, tem componente político, uma vez que a soberania é invocada para repelir qualquer tentativa de cobrança armada contra países em situação de inadimplência quanto ao crédito público. Temos, em Luis Maria Drago, a formação da chamada “doutrina Drago”, o seu maior defensor. Drago, Ministro do Exterior da Argentina, por ocasião da forçada cobrança por parte da Inglaterra, Alemanha e Itália, no porto de São Carlos, contra a Venezuela, diante de reclamações de credores estrangeiros por via diplomática. Para Drago, considerando o risco do empréstimo, era inadmissível a cobrança à força , de acordo com os teóricos do direito internacional, banindo a possibilidade de agressão militar ou ocupação do solo. II. Pela teoria do ato legislativo, o crédito público seria simplesmente o resultado de um ato legislativo, no qual tudo já estaria disciplinado, inclusive seu regime jurídico, restando ao mutuante, tão só, a faculdade de aderir àquilo que legalmente estiver estabelecido. Aqui, ao contrário da tese do ato de soberania, admite-se a submissão do Estado à lei que ele próprio elaborou, pelo que se vislumbra uma relação jurídica entre credor e devedor do crédito público. A maior parte da doutrina considera o crédito público como um contrato. No Natureza Jurídica do Crédito Público Simples ato de Soberania Ato Legislativo Mero Contrato Direito Privado (mútuo) Direito Administrativo (prevalescente) Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br5 48 fundo, a tese do ato legislativo, também, reconhece a natureza contratual, ainda que conduzindo o mutuante a uma situação estatutária. III. Para boa parte dos autores, no entanto, o crédito público é um contrato que objetiva a transferência de certo valor em dinheiro de uma pessoa, física ou jurídica, a uma entidade pública para ser restituído, acrescido de juros, dentro de determinado prazo ajustado. Corresponde, portanto, na teoria geral dos contratos, ao mútuo, espécie do gênero empréstimo, ou seja, empréstimo de consumo, em contraposição ao comodato, que configura um empréstimo de uso. Conforme Geraldo Ataliba, a tese contratualista é francamente dominante na doutrina, havendo, no entanto, discussão quanto à natureza pública ou privada do direito que rege esse tipo de contrato. Geraldo Ataliba, que prestigia a corrente contratualista, mais precisamente as definições que põem em relevo o aspecto da confiabilidade do devedor , conceitua o “empréstimo público – gerador do débito público – como contrato pelo qual alguém transfere a uma pessoa pública – seja ela política ou meramente administrativa – certa quantia de dinheiro, com a obrigação desta de entregar igual quantia de dinheiro, com ou sem vantagens pecuniárias, no prazo convencionado”. Mais adiante acrescenta: “Se, porventura, se configurar situação em que a autonomia da vontade sofra detrimento de tal ordem que se desfigure, descaracteriza-se a relação jurídica de modo a configurar outra feição, obrigando a inteligência de que de empréstimo não mais se trata, mas de outra figura”. Para Kyoshi Harada, o crédito público, embora se assemelhe ao crédito privado, com este não se confunde, quer por comportar modalidades não encontráveis no empréstimo privado, quer em razão da presença do interesse público, que obriga a entidade pública, tomadora do crédito, a atuar sob a égide do regime administrativo. Segundo o autor: Como consequência do estado de perenidade da entidade pública, não sujeita à falência, e como titular de privilégios próprios, o Estado consegue tomar empréstimos de dinheiro em condições inacessíveis ao setor privado. Além do mais, mediante implementação do princípio de autoridade, o Estado pode compelir seus súditos a emprestar dinheiro, dando nascimento aos chamados créditos públicos forçados, discutíveis quanto à sua natureza jurídica. Por tais razões, embora, em sua forma original e preponderante, o crédito público tenha seu fundamento em acordo de vontades, é importante relembrar o mestre Aliomar Baleeiro que, quando esse devedor sui generis, que é o Estado, por ato de autoridade, passar a compelir ao empréstimo os seus súditos, o “crédito público acaba por degenerar numa forma híbrida de tributação, ou imposto-empréstimo”; sendo, portanto, único e com suas próprias condições. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 6 48 3. CRÉDITO PÚBLICO COMO POLÍTICA DE INTERVENÇÃO NA ECONOMIA A visão do Estado credor encontra razão, principalmente, quando falamos da atuação do Estado no meio econômico, seja por meio de assistência ao trabalhador (seguro-desemprego, salário mínimo, programas de integração social ou, no sentido monetário, favorecendo empréstimos com redução de juros, promovendo aumento de investimentos com o fim maior de promover geração de renda e emprego, bem como de fomentar indústrias específicas nacionalmente. É importante relembrar que, segundo os princípios da ordem econômica na Constituição Federal, o papel interventivo do Estado brasileiro na economia é excepcional. O setor privado deve ser o responsável por gerar a maior parte da riqueza e o Estado só deve participar ativamente da atividade econômica em situações de relevante interesse público: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Considerando a atuação excepcional do Estado, a ele cabe estabelecer o planejamento e as condições sob as quais são tomadas as decisões de favorecer a política macroeconômica, a estrutura tributária, leis e tribunais, todo o aparato regulatório, bem como a regulamentação de setores fundamentais da economia, que podem inclusive levar a um risco sistêmico. Como exemplo, temos o setor bancário, o setor do petróleo, da energia elétrica e setores com economia de escala. O Estado pode agir diretamente no campo econômico por meio das empresas públicas, sociedades de economia mista ou subsidiária. O Estado atua, principalmente, por meio de duas formas: em paralelo com entidades privadas ou em regime de monopólio. Há, ainda, a intervenção indireta, em que o Estado atua como agente normativo e regulador da atividade econômica: Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 7 48 Nesse sentido, o Estado fiscaliza, incentiva ou planeja. São dois os termos aqui que nos interessam como atividade do Estado e o crédito público: “planejamento” e “incentivo:. É com base nessas duas funções precisamente que o Estado atua como credor público. De acordo com Harrison Leite1, “Há fomento da atividade econômica quando o Estado promove o desenvolvimento ou o progresso de algo. Pelo artigo 174, esse fomento se dá de dois modos: com o planejamento ou com o incentivo da economia. A distinção entre ambos está basicamente no tipo de normas jurídicas utilizadas: no planejamento, veiculam-se diretrizes para o desenvolvimento de determinado setor da economia, por meio de lei ordinária ou complementar. No incentivo, a atuação estatal é feita por uma pessoa jurídica ou fundo de recursos, criados especialmente para este fim.” De acordo com o autor, no caso da fiscalização, o Estado disciplina o exercício de direitos no domínio econômico, coincidindo com o exercício do poder de polícia, previsto no CTN (art. 78), que enseja a cobrança de taxa. Toda vez que o Estado restringe o exercício de um direito do cidadão para o bem da coletividade, está exercendo o seu poder de policiar condutas. No caso, pode haver uma restrição ao exercício de direitos econômicos, se for o caso. O Estado também traça normas que garantem o direito à livre concorrência também pelo poder de polícia. A intervenção na economia por parte do Estado, estudado precipuamente pelo direito econômico, pode ser bastante custosa: se o Estado explorar diretamente atividade econômica como empresário, praticando preços políticos, com remuneração menor se comparado ao seu custo, levando em consideração serviços públicos essenciais, tais custos surgem da arrecadação tributária para subsídio de tal atividade, como é o exemplo dos programas “Restaurante Popular”, que oferta refeições a preço menor do que o seu custo. Considerando-se diversos programas sociais para o país, como: I. Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior (FIES), operado pela Caixa Econômica Federal; II. Programa minha casa minha vida, subsidiado por recursos financeiros federais III. O programa de Sustentação de Investimento, criado para o financiamento de máquinas e equipamentos, entre outros. 1 Leite, Harrison. Manual de Direito Financeiro. Ed. Juspodivm, 2019 Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 8 48 Bem como a intervenção na economia ao incentivaralgum setor específico, por meio de atuação indireta na economia, com custos próprios para tal incentivo. O exemplo aqui são os empréstimos aos bancos de fomento (BNDES, CEF, BB) por um custo menor que a sua captação no mercado, que é dado pela taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), tal empréstimo consiste em atuação do Estado como ente credor, sendo esta também uma forma de crédito público. Embora criticada por favorecer alguns grupos econômicos com interesses políticos, o fomento estatal faz parte da agenda de planejamento econômico do país e das escolhas políticas dos eleitos. É importante ressaltar, portanto, que o fomento é feito com dinheiro público e deve atender aos interesses da coletividade e planejamento econômico a longo prazo do país, favorecendo o mercado brasileiro independente de interesses escusos. 4. CLASSIFICAÇÕES DO CRÉDITO PÚBLICO Assim como vimos nas despesas e receitas públicas, são muitas as classificações existentes na doutrina quanto aos créditos públicos. Veremos aqui os principais, que costumam cair em provas de carreiras jurídicas. 1. Empréstimo perpétuo e empréstimo temporário Considerando a temporalidade, o empréstimo público pode ser perpétuo ou temporário. O perpétuo, segundo a doutrina, será remível ou irremível, conforme haja ou não a faculdade de o Estado efetuar a restituição do capital quando quiser. Segundo a doutrina, empréstimo público sem a possibilidade de exigir a restituição do capital perde a característica de receita creditícia. 2. Dívida pública flutuante e dívida pública fundada Existem os empréstimos públicos a curto e a longo prazo, e verificamos tais prazos de acordo com o pagamento no mesmo ou no exercício financeiro subsequente ao que foram contraídos. Corresponde, de certa forma, à classificação que distingue a dívida pública em flutuante e fundada. A chamada dívida flutuante é a “contraída a curtos prazos para satisfazer necessidades momentâneas do Tesouro, provenientes de despesas imprevistas e da falta de receitas ainda não cobradas”. Não existe unanimidade na doutrina quanto à sua conceituação, mas se pode dizer que o critério de tempo se constitui no elemento caracterizador desta espécie de dívida. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 9 48 Aliomar Baleeiro, afirma que tal dívida, baseada em seu prazo de duração, acaba por prestigiá-la à medida que sustenta que se caracteriza a dívida flutuante quando é levantada para cobertura de déficit e para antecipação de receita. Ambas as hipóteses estão ligadas à questão da necessidade momentânea do Tesouro. A dívida fundada, de acordo com Aliomar Baleeiro, é aquela contraída a longo prazo, ou até sem prazo certo e sem obrigação de resgate com pagamento de prestação e juros. Tal motivo é dividível em amortizável e perpétua. Tem caráter estável e não varia de acordo com o fluxo de receitas e despesas como ocorre com a dívida flutuante, destinando-se, em geral, a financiar investimentos rentáveis e duráveis. A conhecida dívida perpétua é aquela contraída por período indefinido, obrigando-se o Estado apenas a pagar os juros, como ocorre geralmente com a nossa dívida fundada, no âmbito federal. Amortizável é a dívida fundada contraída com prazo certo de resgate, como ocorre no âmbito estadual. De acordo com Kyoshi Harada, alguns autores consideram essa subdivisão como uma classificação do empréstimo público. No nosso sistema jurídico-constitucional, o não pagamento, pelos Estados e Municípios, da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, sem motivo de força maior , enseja, respectivamente, a intervenção da União e do Estado, nos termos dos arts. 34, V, a, e 35, I, da CF. 3. Empréstimos internos e empréstimos externos Outra classificação colocada pela maioria dos autores é a que distingue os empréstimos públicos em internos e externos. Crédito interno é aquele que o Estado obtém internamente, no seu território nacional. Já o chamado crédito externo é proveniente de contrato de mútuo, em moeda estrangeira, com pessoa estrangeira. Segundo Kyoshi Harada, “quando o empréstimo advém do governo de outro país ou de instituição sediada em outro território, denomina-se crédito estrangeiro. Quando os recursos são fornecidos por instituições multinacionais, plurinacionais ou internacionais, que são aquelas não vinculadas a nenhum país determinado, estamos diante do chamado crédito internacional.” Em ambas as hipóteses caracteriza-se o empréstimo externo, regido por normas de Direito Internacional Público. 4. Créditos compulsórios e créditos voluntários Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 10 48 Existe também uma classificação a que divide os empréstimos públicos em compulsórios e voluntários. O chamado pela doutrina de crédito forçado é aquele obtido sem anuência, apenas por ato de autoridade, ou no poder de império do Estado, por meio dos tributos. Conforme Kyoshi Harada, “Apesar de seu caráter híbrido e anômalo, reconhecido pela maioria dos autores, e por isso mesmo bastante combatido, esse tipo de crédito compulsório é disciplinado em vários países, servindo, geralmente, como instrumento de captação de recursos financeiros para atender às despesas extraordinárias decorrentes de situações conjunturais excepcionais, ou de instrumento de absorção temporária do poder aquisitivo.” É, portanto, uma espécie de crédito para casos extremos, extraordinários, como é a figura do empréstimo compulsório.É importante destacar, no entanto, sua natureza tributária. De acordo com Harada, devido à imprecisão doutrinária quanto a sua natureza jurídica muitos autores classificam o empréstimo compulsório como crédito público impróprio. Na verdade, como é tributo, o empréstimo compulsório não pode ser incluído no rol de créditos públicos, pelo menos em termos de Ciência Jurídica: A ausência de qualquer uma dessas notas tipificadoras desfaz a característica de mútuo. Outrossim, empréstimo compulsório seria uma contradictio in terminis: se se tratar de empréstimo não poderá ser compulsório, da mesma forma que, se for compulsório, não poderá ser empréstimo. Enquanto o empréstimo compulsório possa ser considerado como crédito público em termos de Ciência das Finanças, enquanto objeto de estudo do Direito Financeiro não pode ser classificado como crédito público, mas como tributo. O empréstimo voluntário ou crédito público próprio é aquele contraído sob a égide do princípio da autonomia da vontade. Resulta sempre de um contrato de mútuo ou da aquisição de títulos representativos da dívida pública. O elemento de vontade e espontaneidade é essencial. Conforme Harada, “o mutuante, invariavelmente, objetiva uma contraprestação do Estado: além da devolução do dinheiro no prazo estipulado, o pagamento de juros e, no caso brasileiro, a atualização monetária do capital mutuado.” 5. Classificação constitucional Na classificação constitucional, ressalta Regis Fernandes de Oliveira, temos: Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 11 48 a) operações de crédito por antecipação de receita; b) operações de crédito em geral. As operações de crédito por antecipação de receita, conforme vimos, são uma modalidade de empréstimo que o Estado promove com o objetivo de suprir o déficit de caixa. São empréstimos de curto prazo a serem devolvidos no mesmo exercício financeiro. Para tanto a Constituição até abre exceção ao princípio da vedação da vinculação do produto da arrecadação de impostos a órgãos, fundos ou despesas, permitindo a utilização de receitas futuras como instrumento de garantia nas “operaçõesde crédito por antecipação de receitas” (art. 167, IV). As operações de curto prazo, conhecidas pela sigla AROs (antecipação de receitas orçamentárias), hoje, são disciplinadas pela Resolução do Conselho Monetário Nacional (Resolução no 2.008/93), que prescreve a liquidação dessas operações até o 30o dia do exercício seguinte ao da celebração do contrato que Estados e Municípios, mediante negociações políticas, vêm conseguindo dilatar esse prazo máximo transformando as dívidas de curto prazo em empréstimos de longo prazo, em geral, com o aval da União. Com isso desvirtuam-se as finalidades das AROs, que passam a se constituir em instrumentos de elevado potencial corrosivo sobre o déficit público. As chamadas operações de crédito em geral são aquelas que, por exclusão, não se acham compreendidas nas operações de crédito por antecipação de receitas, correspondendo aos empréstimos de longo prazo que objetivam atender, em geral, despesas de capital (Investimentos, Inversões Financeiras e Transferências de Capital). Essa classificação, de certa forma, assemelha-se àquela que divide o empréstimo público em dívidas flutuantes e dívidas fundadas. Veremos adiante as possibilidades de Crédito Forçado e Crédito Voluntário. 5. CRÉDITO FORÇADO Alguns autores negam a existência de crédito forçado como modalidade de crédito público, já que não está presente a autonomia da vontade entre as partes. No entanto, o crédito público comporta modalidades peculiares não encontráveis no privado. Por isso, a doutrina costuma traçar considerações acerca das técnicas do crédito forçado. 1. Técnicas do crédito involuntário Como esclarece Aliomar Baleeiro, o legislador costuma lançar mão de três principais técnicas para obtenção do crédito involuntário: a) retenção dos depósitos de dinheiro que as pessoas fizeram nas instituições bancárias ou financeiras; b) assenta o empréstimo em um fato gerador de tributo, dando ao particular a opção entre pagar o tributo ou emprestar um múltiplo do valor deste; Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 12 48 c) usa do poder de imprimir curso forçado a bilhetes bancários ou cédulas do Tesouro. 2. Utilização de fundos de estabelecimentos É prática comum a canalização de recursos financeiros, por diferentes governos, por meio das Caixas Econômicas, empresas bancárias destinadas a recolher e movimentar a poupança popular, mediante pagamento de juros razoáveis. No Brasil, as Caixas Econômicas são constituídas em forma de empresas públicas. Hoje em dia quase todos os países dispõem de um Banco Central que, com a autoridade exercida sobre a rede de instituições financeiras e bancárias, acabam canalizando recursos ao Tesouro. De acordo com Harada, “Os bancos centrais funcionam como depositários das reservas a que os bancos comerciais estão obrigados na proporção dos depósitos à vista recebidos diariamente. O Banco Central, como órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional, geralmente exerce suas atribuições mediante resoluções, instruções e circulares. “ A Lei 4.595 de 1964, a chamada lei bancária, atribui ao Conselho Monetário Nacional a finalidade de formular a política de moeda e de crédito, podendo para tal tomar deliberações sobre toda a matéria financeira, com base nas quais o Banco Central baixa resoluções, com efeito cogente, em relação às instituições financeiras em geral e aos bancos em particular. Conforme ensina Kyoshi Harada, o Banco Central, mediante resoluções, instruções e circulares, preenche as lacunas da lei com a rapidez exigida pela dinâmica do fenômeno econômico, regulando a matéria financeira que envolve o interesse público. Não são simples normas regulamentares de caráter administrativo, mas normas com força de lei. Graças a esses instrumentos normativos, o Banco Central intervém no mercado financeiro com manobras, exercendo um controle sobre o meio circulante e o crédito. Assim, pelo mecanismo de aumento ou diminuição das reservas obrigatórias, o Banco Central injeta dinheiro na circulação ou dela retira à medida que força a contratação de créditos nos bancos comerciais, por meio de compra e venda de títulos de dívida pública. “Quando o Banco Central intervém de sua própria iniciativa no mercado, para comprar títulos, ele aumenta as disponibilidades de reserva dos bancos particulares e favorece a expansão do crédito. Quando, ao contrário, vende títulos no mercado e recolhe dinheiro, ele diminui as reservas dos bancos e contrai o volume de crédito.” Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 13 48 Dessa forma, o Estado, por meio de seu Banco Central, acaba por transformar o sistema bancário do país em órgão auxiliar do Tesouro, suprindo as insuficiências das receitas tributárias por meio de absorção de títulos da dívida pública, ainda que objetivando, direta ou indiretamente, a disciplina do meio circulante. O crédito público assim obtido pelo Poder Público contrasta, a toda evidência, com a técnica de obtenção de empréstimo de dinheiro na visão proporcionada pela teoria dos contratos. 3. Papel-moeda Antigamente, para a emissão de moeda, tínhamos como regra o padrão ouro e o portador poderia trocar a moeda ou cédula pelo ouro correspondente nos bancos. O ouro não mais representa aquela característica de instrumento monetário por excelência, substituído que se encontra pela emissão de papel-moeda, que tem curso forçado em caráter definitivo. Esse fato propicia o agravamento do processo inflacionário sempre que houver emissões exageradas para utilização irracional, causando as possíveis hiperinflações, que são sempre drásticas em países cujo governo comete tal irresponsabilidade. 4. Inflação sistemática Detendo o Estado o poder de emitir papel-moeda, em tese poderia fabricar quanto dinheiro quisesse, transformando as emissões em processo habitual e regular de financiamento dos gastos públicos. Assim, o exercício do poder tributário não objetivaria a arrecadação de dinheiro, mas teria por escopo deixar menos valor em poder dos particulares para que estes reduzissem suas despesas. No Brasil, a emissão de moeda compete privativamente à União por meio do Banco Central (arts. 21, VII, e 164 da CF e art. 10 da Lei no 4.595/64), bem como a legislação sobre o sistema monetário e garantias dos metais (art. 22, VI, da CF). Segundo a doutrina, governos despóticos normalmente abusam tanto do uso do instrumento tributário saturando a capacidade econômica dos contribuintes, como também do instrumento monetário, realizando emissões em massa para o financiamento de obras públicas. Há aqui um agravamento sistemático da pressão inflacionária a impor maiores sacrifícios aos indivíduos. Conforme ensina o Professor Kyoshi Harada, entre os adeptos da inflação destacou-se o professor honorário da Universidade de Bruxelas, o engenheiro belga Victor Brien, que chegou a pregar a substituição de impostos pela “inflação dirigida” ou “inflação sistemática”, que evitaria os inconvenientes da inflação ordinária, conjugando-se a inflação com escala móvel de salários e preços. A inflação sistemática, em tese, tem o poder de provocar o aumento das forças produtivas do país na medida em que pode gerar grandes lucros incentivando os investimentos. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 14 48 6. CRÉDITO VOLUNTÁRIO Conforme vimos, o chamado crédito público próprio é aquele que resulta da livre manifestação de vontade do credor (mutuante) e do devedor (mutuário), necessariamente uma entidade pública ou órgão da Administração. Comporta várias divisões que citamos: dívida flutuante edívida fundada, esta última subdividida em perpétua e amortizável; dívida interna e dívida externa. Efetivamente, o Estado pode contrair empréstimos como um particular qualquer, utilizando-se dos instrumentos dos mais variados, como o contrato de mútuo, contrato de abertura de crédito, contrato de confissão de dívida com ou sem oferecimento de garantia, crédito documentário etc., além de contar com meios peculiares de atração do crédito. Vamos aprender sobre alguns desses instrumentos de captação do crédito público, que se diferenciam das modalidades utilizadas por particulares. 1. Prêmios de reembolso O governo pode emitir títulos públicos aos seus pares ou abaixo. Conforme ensina Kyoshi Harada, uma apólice ou um bônus do valor nominal de R$ 1,00, por exemplo, pode ser lançado ao mercado por esse valor ou por R$ 0,90, ou por qualquer outro valor abaixo do valor nominal. Denomina-se de prêmio de reembolso a diferença entre o valor nominal do título e o real nas emissões abaixo do par. Por exemplo: Uma apólice do valor nominal de R$ 1,00, rendendo juros de 5% a.a., se for lançada por R$ 0,80, assegurará a seu titular um juro real e efetivo de 6,25% a.a. O título público, apesar de certos privilégios que lhe são conferidos, como a possibilidade de sua utilização como caução, depósito em repartição pública etc., pode não ser o suficiente para atrair possíveis interessados. Os chamados prêmios de reembolso funcionam então como uma “prévia e aleatória indenização do prejuízo que sofrem os titulares da dívida pública em função da perda de poder aquisitivo da moeda, conforme ensina Aliomar Baleeiro. Hoje, esses títulos sofrem a incidência da atualização monetária por meio de índices próprios. 2. Juros progressivos Historicamente, como consequência Segunda Guerra Mundial e a necessidade de recursos financeiros, vários países passaram a adotar nova técnica de obtenção do crédito público, Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 15 48 combinando o método do prêmio de reembolso com a cumulação de juros compostos. Com o emprego dessa técnica a taxa de juros irá aumentando na proporção do aumento do prazo de resgate do título público, como forma de estimular o credor a não reclamar o reembolso do capital à curto prazo. 3. Moeda e empréstimos indexados Com a chegada nas inflações aos países, também a partir do final da Segunda Grande Guerra, os credores passaram a exigir cláusulas contratuais que assegurassem o reajustamento das prestações ao ouro ou alinhamento a moedas fortes como o dólar, a libra esterlina ou o franco suíço. Esse sistema logo cedeu à técnica de empréstimos indexados Tal técnica foi, de acordo com a doutrina, largamente adotada na França. O index era, de início, o da cotação das moedas metálicas no câmbio livre da Bolsa de Paris, assegurando, desta forma, que o resgate do título na mesma paridade da cotação do ouro à época de sua subscrição. Com o tempo surgiram outros “indexadores”baseados na cotação dos produtos e serviços das empresas públicas, como o preço do kWh, do carvão, das passagens de trem, de terceira classe etc. O crédito público indexado, que funciona em virtude da inflação, pode ser também a causa de sua precipitação, ou seja, a indexação poderia criar um círculo vicioso da inflação. No Brasil, a introdução da correção monetária ocorreu em 1964, com a criação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, sucessivamente substituídas por OTNs, BTNs e TRs por diversos “planos econômicos”. Talvez aí esteja a raiz da inflação brasileira que, para evitar que se chegue ao estágio de hiperinflação, vem sendo, periodicamente, reprimida e controlada. 4. Títulos da dívida pública Outra forma bastante comum de captação de crédito público tem sido o lançamento de títulos da dívida pública das mais variadas espécies. Tais títulos podem ser criados nominativos ou ao portador ou, ainda, transmissíveis por endosso; podem ser de grande importância ou de médio ou pequeno valor para atender a todos os segmentos da sociedade; as apólices podem conter cupons destacáveis para facilitar o pagamento de juros. No Brasil, as três entidades políticas promovem o lançamento de títulos públicos, sob forma nominativa e ao portador, por meio de banqueiros, que colocam sua rede de agências a serviço do Estado, mediante percepção de comissões. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 16 48 A União encarrega o Banco Central para a compra e venda de seus títulos públicos. Por isso, utiliza- se comumente de títulos públicos, para favorecer a sua dívida interna, ou mesmo para o financiamento de projetos, obras e serviços considerados prioritários, suprindo as deficiências de suas receitas tributárias, Estados e Municípios também começaram a realizar operações de crédito com emissão de títulos públicos, sob as mais variadas denominações: apólices, bônus, certificados etc. É importante destacar que Estados e Municípios são livres para estipular sobre a emissão de títulos da dívida pública, prescrevendo a forma de reembolso, as vantagens e privilégios concedidos aos subscritores dos títulos, não se submetendo às prescrições da Lei de Mercados e Capitais, Lei no 4.728, de 1965. Temos ainda, com extrema importância para o lançamento de títulos públicos a intervenção das Bolsas de Valores. As Bolsas são órgãos auxiliares dos poderes públicos na fiscalização dos lançamentos de emissões de títulos por subscrição pública, nos termos do art. 1o da Lei no 2.146, de 1953. Entretanto, pelo nosso sistema constitucional, a fiscalização dos poderes públicos limita- se, geralmente, às atividades privadas. Logo, a intermediação de corretor oficial só se faz necessária em se tratando de lançamento de títulos particulares por subscrição pública. 5. Lotos As Lotos foram criadas para a distribuição de prêmios em dinheiro mediante sorteio periódico, anual ou semestral. Era a técnica usual no passado, nos países da Europa, onde o crédito era escasso e por isso mesmo os subscritores de títulos públicos eram atraídos pela loto. Hoje, tem sido abandonada pela maioria dos países essa técnica, reputada imoral. Entre nós, os Estados-membros têm recorrido a essa técnica de distribuição de prêmios promovendo o resgate antecipado de títulos sorteados. Já a União tem demonstrado total repúdio à utilização de lotos ou sorteios, como método de atrair a subscrição de seus títulos públicos. É importante lembrar que a União mantém a loteria como atividade econômica a ser explorada por concessionários. As loterias são reguladas pelo Decreto-lei no 204 de 1967, cabendo a concessão ao governo federal, sendo toleradas as loterias estaduais. Quando a loto passa a ser explorada de forma autônoma, do ponto de vista financeiro, passa a ter natureza de receita originária do Estado. 6. Conversão A doutrina aponta a conversão como forma de extinção do crédito público. Para Kyoshi Harada, Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 17 48 “A conversão é uma técnica pela qual, quando os títulos públicos se cotam no mercado financeiro bem acima do par, o Tesouro afronta seus subscritores, oferecendo-lhes a opção entre a troca por outro de menor juro ou o resgate imediato. “ 7. A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é uma autarquia federal, vinculada - mas não subordinada - ao Ministério da Economia, e foi criado pela Lei nº 4.595/1964. O Banco Central do Brasil é responsável por diversas tarefas no sistema financeiro nacional, que listamos abaixo:2 Inflação baixa e estável Mantera inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo fundamental do BC. A estabilidade dos preços preserva o valor do dinheiro, mantendo o poder de compra da moeda . Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política monetária, política que se refere às ações do BC que visam afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e a quantidade de dinheiro (condições de liquidez) na economia. 2 Disponível em https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/institucional Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 18 48 Sistema financeiro seguro e eficiente Faz parte da missão do BC assegurar que o sistema financeiro seja sólido (tenha capital suficiente para arcar com seus compromissos) e eficiente. Banco do governo O BC detém as contas mais importantes do governo e é o depositório das reservas internacionais do país. Banco dos bancos As instituições financeiras precisam manter contas no BC. Essas contas são monitoradas para que as transações financeiras aconteçam com fluidez e para que as próprias contas não fechem o dia com saldo negativo. Emissor do dinheiro O BC gerencia o meio circulante, que nada mais é do que garantir, para a população, o fornecimento adequado de dinheiro em espécie. Com a nova redação dada ao art. 192 da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003 desapareceu a expressa previsão de lei complementar para a organização, o funcionamento e a fixação de atribuições do Banco Central. Entretanto, desde logo, a Constituição Federal cometeu ao Banco Central algumas das atribuições, assim como prescreveu de antemão a forma de investidura de seus diretores. O presidente e diretores serão nomeados pelo Presidente da República (art. 84, XIV, da CF) depois de aprovados os nomes respectivos pelo Senado Federal, por voto secreto, após arguição pública (art. 52, III, d, da CF). Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; Nos termos do art. 164 da Magna Carta, cabe exclusivamente ao Banco Central exercer a competência da União para emitir moeda. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 19 48 Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central. § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Tal autarquia federal detém, então, o monopólio no que se refere à emissão de papel-moeda, expressão que compreende a cunhagem de moeda metálica. Hoje em dia, diferente do que foi historicamente, o papel-moeda não guarda proporção com o lastro ouro, pois passou a ter curso forçado em caráter definitivo, servindo como meio regular de pagamento pelo valor nele expresso. Uma emissão exagerada de papel moeda poderia desencadear um processo inflacionário, por isso cabe ao Congresso Nacional dispor sobre moeda e limites de sua emissão. Outrossim, exatamente para não inflacionar a moeda, fica vedada a seu órgão emissor a concessão, direta ou indireta, de empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão que não seja instituição financeira, conforme vimos acima (§ 1o do art. 164 da CF). O Banco Central tem, ainda, o papel de comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros (§ 2o do art. 164 da CF). Isto quer dizer que, quando há excesso de dinheiro em circulação, o Banco Central promove a absorção temporária do poder aquisitivo, com a venda de títulos públicos enxugando o mercado; quando ocorre fenômeno inverso, o Banco Central passa a comprar títulos públicos colocando mais dinheiro no mercado. De acordo com Ives Gandra da Silva Martins “O que me parece ter o dispositivo determinado é que se a oferta da moeda lato sensu (quantidade de moeda e velocidade de sua circulação) decorrer da atuação do setor privado, sendo, portanto, causa e não efeito, ou se o mesmo acontecer com o nível da taxa de juros, por força de especulação, poderá o Banco Central emprestar recursos ao Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1 20 48 Tesouro Nacional vinculados a tal atuação exclusiva para que este regularize o fenômeno conjuntural. E apenas nesta hipótese, portanto não permanente, mas circunstancial, abre o constituinte uma possibilidade ao financiamento.” Cabe ao Banco Central o papel de depositário das disponibilidades de caixa da União: “As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei” (§ 3o do art. 164 da CF). O papel do Banco Central nas finanças públicas é, portanto, essencial, tanto no papel de “banco dos bancos” no Sistema Financeiro Nacional, quanto em seu papel como emissor de moeda e depositário das disponibilidades de caixa da União. RESUMO ❑ O EMPRÉSTIMO COMO PROCESSO FINANCEIRO o O Estado pode tanto tomar empréstimos quanto realizá-los, e em ambos os casos chamamos de crédito público. Quando credor, o Estado fornece pecúnia, com objetivos específicos. o No papel de credor, o Estado oferece recursos financeiros, normalmente através de agências oficiais de fomento, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, com juros competitivos e geralmente menores do que os normais do mercado. o O Estado utiliza o crédito como fonte de receitas para a realização das suas atividades, valendo-se geralmente da emissão de títulos públicos ou da efetivação de contratos de empréstimo específicos. Tal receita também é chamada pela doutrina de receita creditícia. ❑ CONCEITO DE CRÉDITO PÚBLICO Para alguns autores, entretanto, a noção de crédito público é mais ampla que a de empréstimo público: “O crédito público teria um sentido duplo, envolvendo tanto as operações em que o Estado toma dinheiro como aquelas em que fornece pecúnia. Já o empréstimo público seria aquele ato pelo qual o Estado se beneficia de uma transferência de liquidez com a obrigação de devolvê-lo no futuro, normalmente acrescido de juros. “ Por isso, não obstante um e outro se situarem nos extremos da relação jurídica, os estudiosos, ao cuidarem da matéria, referem-se indistintamente a crédito público, empréstimo público ou dívida pública. O empréstimo público não se confunde com a receita pública, que pressupõe o ingresso de Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 d 21 48 dinheiro aos cofres públicos, sem qualquer contrapartida, ou seja, corresponde a uma entrada de dinheiro que acresce o patrimônio do Estado. O empréstimo público não aumenta o patrimônio estatal, por representar meraentrada de caixa com a correspondência no passivo. A cada soma de dinheiro que o Estado recebe, a título de empréstimo, corresponde uma contrapartida no passivo, traduzida pela obrigação de restituir dentro de determinado prazo. Segundo a tese do ato de soberania, o empréstimo público seria resultante do poder de autodeterminação e de auto-obrigação do Estado, insuscetível de controle, mesmo o jurisdicional, que pudesse compelir o Poder Público devedor ao seu cumprimento. Daí o direito de o Estado, unilateralmente, modificar as condições do empréstimo público. Essa tese seria insustentável nos dias atuais. A formulação dessa teoria, em sua origem, tem componente político, uma vez que a soberania é invocada para repelir qualquer tentativa de cobrança armada contra países em situação de inadimplência quanto ao crédito público. Temos, em Luis Maria Drago, a formação da chamada “doutrina Drago”, o seu maior defensor. Drago, Ministro do Exterior da Argentina, por ocasião da forçada cobrança por parte da Inglaterra, Alemanha e Itália, no porto de São Carlos, contra a Venezuela, diante de reclamações de credores estrangeiros por via diplomática. Para Drago, considerando o risco do empréstimo, era inadmissível a cobrança à força , de acordo com os teóricos do direito internacional, banindo a possibilidade de agressão militar ou ocupação do solo. Pela teoria do ato legislativo, o crédito público seria simplesmente o resultado de um ato legislativo, no qual tudo já estaria disciplinado, inclusive seu regime jurídico, restando ao mutuante, tão só, a faculdade de aderir àquilo que legalmente estiver estabelecido. Aqui, ao contrário da tese do ato de soberania, admite-se a submissão do Estado à lei que ele próprio elaborou, pelo que se vislumbra uma relação jurídica entre credor e devedor do crédito público. A maior parte da doutrina considera o crédito público como um contrato. No fundo, a tese do ato legislativo, também, reconhece a natureza contratual, ainda que conduzindo o mutuante a uma situação estatutária. Para boa parte dos autores, no entanto, o crédito público é um contrato que objetiva a transferência de certo valor em dinheiro de uma pessoa, física ou jurídica, a uma entidade pública para ser restituído, acrescido de juros, dentro de determinado prazo ajustado. Corresponde, portanto, na teoria geral dos contratos, ao mútuo, espécie do gênero empréstimo, ou seja, empréstimo de consumo, em contraposição ao comodato, que configura um empréstimo de uso. Conforme Geraldo Ataliba, a tese contratualista é francamente dominante na doutrina, havendo, no entanto, discussão quanto à natureza pública ou privada do direito que rege esse tipo de contrato. Geraldo Ataliba, que prestigia a corrente contratualista, mais precisamente as definições que põem em relevo o aspecto da confiabilidade do devedor , conceitua o “empréstimo público – gerador do débito público – como contrato pelo qual alguém transfere a uma pessoa pública – seja ela política ou meramente administrativa – certa quantia de dinheiro, com a obrigação desta de entregar igual quantia de dinheiro, com ou sem vantagens pecuniárias, no prazo convencionado”. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 1 22 48 ❑ CRÉDITO PÚBLICO COMO POLÍTICA DE INTERVENÇÃO NA ECONOMIA A visão do Estado credor encontra razão, principalmente, quando falamos da atuação do Estado no meio econômico, seja por meio de assistência ao trabalhador (seguro-desemprego, salário mínimo, programas de integração social ou, no sentido monetário, favorecendo empréstimos com redução de juros, promovendo aumento de investimentos com o fim maior de promover geração de renda e emprego, bem como de fomentar indústrias específicas nacionalmente. É importante relembrar que, segundo os princípios da ordem econômica na Constituição Federal, o papel interventivo do Estado brasileiro na economia é excepcional. O setor privado deve ser o responsável por gerar a maior parte da riqueza e o Estado só deve participar ativamente da atividade econômica em situações de relevante interesse público: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Considerando a atuação excepcional do Estado, a ele cabe estabelecer o planejamento e as condições sob as quais são tomadas as decisões de favorecer a política macroeconômica, a estrutura tributária, leis e tribunais, todo o aparato regulatório, bem como a regulamentação de setores fundamentais da economia, que podem inclusive levar a um risco sistêmico. Como exemplo, temos o setor bancário, o setor do petróleo, da energia elétrica e setores com economia de escala. O Estado pode agir diretamente no campo econômico por meio das empresas públicas, sociedades de economia mista ou subsidiária. O Estado atua, principalmente, por meio de duas formas: em paralelo com entidades privadas ou em regime de monopólio. Há, ainda, a intervenção indireta, em que o Estado atua como agente normativo e regulador da atividade econômica: Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Nesse sentido, o Estado fiscaliza, incentiva ou planeja. São dois os termos aqui que nos interessam como atividade do Estado e o crédito público: “planejamento” e “incentivo:. É com base nessas duas funções precisamente que o Estado atua como credor público. O Estado disciplina o exercício de direitos no domínio econômico, coincidindo com o exercício do poder de polícia, previsto no CTN (art. 78), que enseja a cobrança de taxa. Toda vez que o Estado restringe o exercício de um direito do cidadão para o bem da coletividade, está exercendo o seu poder de policiar condutas. No caso, pode haver uma restrição ao exercício de direitos econômicos, Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 e 23 48 se for o caso. O Estado também traça normas que garantem o direito à livre concorrência também pelo poder de polícia. A intervenção na economia por parte do Estado, estudado precipuamente pelo direito econômico, pode ser bastante custosa: se o Estado explorar diretamente atividade econômica como empresário, praticando preços políticos, com remuneração menor se comparado ao seu custo, levando em consideração serviços públicos essenciais, tais custos surgem da arrecadação tributária para subsídio de tal atividade, como é o exemplo dos programas “Restaurante Popular”, que oferta refeições a preço menor do que o seu custo. Considerando-se diversos programas sociais para o país, como: Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior (FIES), operado pela Caixa Econômica Federal; Programa minha casa minha vida, subsidiado por recursos financeiros federais O programa de Sustentação de Investimento, criado para o financiamento de máquinas e equipamentos, entre outros. Bem como a intervenção na economia ao incentivar algum setor específico, por meio de atuação indireta na economia, com custos próprios para tal incentivo. O exemplo aqui são os empréstimos aos bancos de fomento (BNDES, CEF, BB) por um custo menor que a sua captação no mercado, que é dado pela taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), tal empréstimo consiste em atuação do Estado como ente credor, sendo esta também uma forma de crédito público. Embora criticada por favorecer alguns grupos econômicos com interesses políticos, o fomento estatal faz parte da agendade planejamento econômico do país e das escolhas políticas dos eleitos. É importante ressaltar, portanto, que o fomento é feito com dinheiro público e deve atender aos interesses da coletividade e planejamento econômico a longo prazo do país, favorecendo o mercado brasileiro independente de interesses escusos. ❑ CLASSIFICAÇÕES DO CRÉDITO PÚBLICO Assim como vimos nas despesas e receitas públicas, são muitas as classificações existentes na doutrina quanto aos créditos públicos. Veremos aqui os principais, que costumam cair em provas de carreiras jurídicas. Empréstimo perpétuo e empréstimo temporário Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 0 24 48 Considerando a temporalidade, o empréstimo público pode ser perpétuo ou temporário. O perpétuo, segundo a doutrina, será remível ou irremível, conforme haja ou não a faculdade de o Estado efetuar a restituição do capital quando quiser. Segundo a doutrina, empréstimo público sem a possibilidade de exigir a restituição do capital perde a característica de receita creditícia. Dívida pública flutuante e dívida pública fundada Existem os empréstimos públicos a curto e a longo prazo, e verificamos tais prazos de acordo com o pagamento no mesmo ou no exercício financeiro subsequente ao que foram contraídos. Corresponde, de certa forma, à classificação que distingue a dívida pública em flutuante e fundada. A chamada dívida flutuante é a “contraída a curtos prazos para satisfazer necessidades momentâneas do Tesouro, provenientes de despesas imprevistas e da falta de receitas ainda não cobradas”. Não existe unanimidade na doutrina quanto à sua conceituação, mas se pode dizer que o critério de tempo se constitui no elemento caracterizador desta espécie de dívida. Aliomar Baleeiro, afirma que tal dívida, baseada em seu prazo de duração, acaba por prestigiá-la à medida que sustenta que caracteriza-se a dívida flutuante quando é levantada para cobertura de déficit e para antecipação de receita.A mbas as duas hipóteses estão ligadas à questão da necessidade momentânea do Tesouro. A dívida fundada, de acordo com Aliomar Baleeiro, é aquela contraída a longo prazo, ou até sem prazo certo e sem obrigação de resgate com pagamento de prestação e juros. Tal motivo é dividível em amortizável e perpétua. Tem caráter estável e não varia de acordo com o fluxo de receitas e despesas como ocorre com a dívida flutuante, destinando-se, em geral, a financiar investimentos rentáveis e duráveis. A conhecida dívida perpétua é aquela contraída por período indefinido, obrigando-se o Estado apenas a pagar os juros, como ocorre geralmente com a nossa dívida fundada, no âmbito federal. Amortizável é a dívida fundada contraída com prazo certo de resgate, como ocorre no âmbito estadual. De acordo com Kyoshi Harada, alguns autores consideram essa subdivisão como uma classificação do empréstimo público, como retromencionado. No nosso sistema jurídico-constitucional, o não pagamento, pelos Estados e Municípios, da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, sem motivo de força maior , enseja, respectivamente, a intervenção da União e do Estado, nos termos dos arts. 34, V, a, e 35, I, da CF. Empréstimos internos e empréstimos externos Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 a 25 48 Outra classificação colocada pela maioria dos autores é a que distingue os empréstimos públicos em internos e externos. Crédito interno é aquele que o Estado obtém internamente, no seu território nacional. Já o chamado crédito externo é proveniente de contrato de mútuo, em moeda estrangeira, com pessoa estrangeira. Segundo Kyoshi Harada, “quando o empréstimo advém do governo de outro país ou de instituição sediada em outro território, denomina-se crédito estrangeiro. Quando os recursos são fornecidos por instituições multinacionais, plurinacionais ou internacionais, que são aquelas não vinculadas a nenhum país determinado, estamos diante do chamado crédito internacional.” Em ambas as hipóteses caracteriza-se o empréstimo externo, regido por normas de Direito Internacional Público. Créditos compulsórios e créditos voluntários Existe também uma classificação a que divide os empréstimos públicos em compulsórios e voluntários. O chamado pela doutrina de crédito forçado é aquele obtido sem anuência, apenas por ato de autoridade, ou no poder de império do Estado, por meio dos tributos. Conforme Kyoshi Harada, “Apesar de seu caráter híbrido e anômalo, reconhecido pela maioria dos autores, e por isso mesmo bastante combatido, esse tipo de crédito compulsório é disciplinado em vários países, servindo, geralmente, como instrumento de captação de recursos financeiros para atender às despesas extraordinárias decorrentes de situações conjunturais excepcionais, ou de instrumento de absorção temporária do poder aquisitivo.” É, portanto, uma espécie de crédito para casos extremos, extraordinários, como é a figura do empréstimo compulsório.É importante destacar, no entanto, sua natureza tributária. De acordo com Harada, devido à imprecisão doutrinária quanto a sua natureza jurídica muitos autores classificam o empréstimo compulsório como crédito público impróprio. Na verdade, como é tributo, o empréstimo compulsório não pode ser incluído no rol de créditos públicos, pelo menos em termos de Ciência Jurídica: A ausência de qualquer uma dessas notas tipificadoras desfaz a característica de mútuo. Outrossim, empréstimo compulsório seria uma contradictio in terminis: se se tratar de empréstimo não poderá ser compulsório, da mesma forma que, se for compulsório, não poderá ser empréstimo. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 26 48 Enquanto o empréstimo compulsório possa ser considerado como crédito público em termos de Ciência das Finanças, enquanto objeto de estudo do Direito Financeiro não pode ser classificado como crédito público, mas como tributo. O empréstimo voluntário ou crédito público próprio é aquele contraído sob a égide do princípio da autonomia da vontade. Resulta sempre de um contrato de mútuo ou da aquisição de títulos representativos da dívida pública. O elemento de vontade e espontaneidade é essencial. Conforme Harada, “o mutuante, invariavelmente, objetiva uma contraprestação do Estado: além da devolução do dinheiro no prazo estipulado, o pagamento de juros e, no caso brasileiro, a atualização monetária do capital mutuado.” ❑ Classificação constitucional Na classificação constitucional, ressalta Regis Fernandes de Oliveira, temos: operações de crédito por antecipação de receita; operações de crédito em geral. As operações de crédito por antecipação de receita, conforme vimos, são uma modalidade de empréstimo que o Estado promove com o objetivo de suprir o déficit de caixa. São empréstimos de curto prazo a serem devolvidos no mesmo exercício financeiro. Para tanto a Constituição até abre exceção ao princípio da vedação da vinculação do produto da arrecadação de impostos a órgãos, fundos ou despesas, permitindo a utilização de receitas futuras como instrumento de garantia nas “operações de crédito por antecipação de receitas” (art. 167, IV). As operações de curto prazo, conhecidas pela sigla AROs (antecipação de receitas orçamentárias), hoje, são disciplinadas pela Resolução do Conselho Monetário Nacional (Resolução no 2.008/93), que prescreve a liquidação dessas operações até o 30o dia do exercício seguinte ao da celebração do contrato. que Estados e Municípios, mediante negociações políticas, vêm conseguindo dilatar esse prazo máximo transformando as dívidasde curto prazo em empréstimos de longo prazo, em geral, com o aval da União. Com isso desvirtuam-se as finalidades das AROs, que passam a se constituir em instrumentos de elevado potencial corrosivo sobre o déficit público. As chamadas operações de crédito em geral são aquelas que, por exclusão, não se acham compreendidas nas operações de crédito por antecipação de receitas, correspondendo aos empréstimos de longo prazo que objetivam atender, em geral, despesas de capital (Investimentos, Inversões Financeiras e Transferências de Capital). Essa classificação, de certa forma, assemelha-se àquela que divide o empréstimo público em dívidas flutuantes e dívidas fundadas. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 27 48 Veremos adiante as possibilidades de Crédito Forçado e Crédito Voluntário. CRÉDITO FORÇADO Alguns autores negam a existência de crédito forçado como modalidade de crédito público, já que não está presente a autonomia da vontade entre as partes. No entanto, o crédito público comporta modalidades peculiares não encontráveis no privado. Por isso, a doutrina costuma traçar considerações acerca das técnicas do crédito forçado. Técnicas do crédito involuntário Como esclarece Aliomar Baleeiro, o legislador costuma lançar mão de três principais técnicas para obtenção do crédito involuntário: retenção dos depósitos de dinheiro que as pessoas fizeram nas instituições bancárias ou financeiras; assenta o empréstimo em um fato gerador de tributo, dando ao particular a opção entre pagar o tributo ou emprestar um múltiplo do valor deste; usa do poder de imprimir curso forçado a bilhetes bancários ou cédulas do Tesouro. Utilização de fundos de estabelecimentos É prática comum a canalização de recursos financeiros, por diferentes governos, por meio das Caixas Econômicas, empresas bancárias destinadas a recolher e movimentar a poupança popular, mediante pagamento de juros razoáveis. No Brasil, as Caixas Econômicas são constituídas em forma de empresas públicas. Hoje em dia quase todos os países dispõem de um Banco Central que, com a autoridade exercida sobre a rede de instituições financeiras e bancárias, acabam canalizando recursos ao Tesouro. A Lei 4.595 de 1964, a chamada lei bancária, atribui ao Conselho Monetário Nacional a finalidade de formular a política de moeda e de crédito, podendo para tal tomar deliberações sobre toda a matéria financeira, com base nas quais o Banco Central baixa resoluções, com efeito cogente, em relação às instituições financeiras em geral e aos bancos em particular. Conforme ensina Kyoshi Harada, o Banco Central, mediante resoluções, instruções e circulares, preenche as lacunas da lei com a rapidez exigida pela dinâmica do fenômeno econômico, regulando a matéria financeira que envolve o interesse público. Não são simples normas regulamentares de caráter administrativo, mas normas com força de lei. Graças a esses instrumentos normativos, o Banco Central intervém no mercado financeiro com manobras, exercendo um controle sobre o meio Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 28 48 circulante e o crédito. Assim, pelo mecanismo de aumento ou diminuição das reservas obrigatórias, o Banco Central injeta dinheiro na circulação ou dela retira à medida que força a contratação de créditos nos bancos comerciais, por meio de compra e venda de títulos de dívida pública. “Quando o Banco Central intervém de sua própria iniciativa no mercado, para comprar títulos, ele aumenta as disponibilidades de reserva dos bancos particulares e favorece a expansão do crédito. Quando, ao contrário, vende títulos no mercado e recolhe dinheiro, ele diminui as reservas dos bancos e contrai o volume de crédito.” Dessa forma, o Estado, por meio de seu Banco Central, acaba por transformar o sistema bancário do país em órgão auxiliar do Tesouro, suprindo as insuficiências das receitas tributárias por meio de absorção de títulos da dívida pública, ainda que objetivando, direta ou indiretamente, a disciplina do meio circulante. O crédito público assim obtido pelo Poder Público contrasta, a toda evidência, com a técnica de obtenção de empréstimo de dinheiro na visão proporcionada pela teoria dos contratos. Papel-moeda Antigamente, para a emissão de moeda, tínhamos como regra o padrão ouro e o portador poderia trocar a moeda ou cédula pelo ouro correspondente nos bancos. O ouro não mais representa aquela característica de instrumento monetário por excelência, substituído que se encontra pela emissão de papel-moeda, que tem curso forçado em caráter definitivo. Esse fato propicia o agravamento do processo inflacionário sempre que houver emissões exageradas para utilização irracional, causando as possíveis hiperinflações, que são sempre drásticas em países cujo governo comete tal irresponsabilidade. Inflação sistemática Detendo o Estado o poder de emitir papel-moeda, em tese poderia fabricar quanto dinheiro quisesse, transformando as emissões em processo habitual e regular de financiamento dos gastos públicos. Assim, o exercício do poder tributário não objetivaria a arrecadação de dinheiro, mas teria por escopo deixar menos valor em poder dos particulares para que estes reduzissem suas despesas. No Brasil, a emissão de moeda compete privativamente à União por meio do Banco Central (arts. 21, VII, e 164 da CF e art. 10 da Lei no 4.595/64), bem como a legislação sobre o sistema monetário e garantias dos metais (art. 22, VI, da CF). Segundo a doutrina, governos despóticos normalmente abusam tanto do uso do instrumento tributário saturando a capacidade econômica dos contribuintes, como também do instrumento monetário, realizando emissões em massa para o financiamento de obras públicas. Há aqui um agravamento sistemático da pressão inflacionária a impor maiores sacrifícios aos indivíduos. Conforme ensina o Professor Kyoshi Harada, entre os adeptos da inflação destacou-se o professor honorário da Universidade de Bruxelas, o engenheiro belga Victor Brien, que chegou a pregar a Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 29 48 substituição de impostos pela “inflação dirigida” ou “inflação sistemática”, que evitaria os inconvenientes da inflação ordinária, conjugando-se a inflação com escala móvel de salários e preços. A inflação sistemática, em tese, tem o poder de provocar o aumento das forças produtivas do país na medida em que pode gerar grandes lucros incentivando os investimentos. CRÉDITO VOLUNTÁRIO Conforme vimos, o chamado crédito público próprio é aquele que resulta da livre manifestação de vontade do credor (mutuante) e do devedor (mutuário), necessariamente uma entidade pública ou órgão da Administração. Comporta várias divisões que citamos: dívida flutuante e dívida fundada, esta última subdividida em perpétua e amortizável; dívida interna e dívida externa. Efetivamente, o Estado pode contrair empréstimos como um particular qualquer, utilizando-se dos instrumentos dos mais variados, como o contrato de mútuo, contrato de abertura de crédito, contrato de confissão de dívida com ou sem oferecimento de garantia, crédito documentário etc., além de contar com meios peculiares de atração do crédito. Vamos aprender sobre alguns desses instrumentos de captação do crédito público, que se diferenciam das modalidades utilizadas por particulares. Prêmios de reembolso O governo pode emitir títulos públicos aos seus pares ou abaixo. Conforme ensina Kyoshi Harada, uma apólice ou um bônus do valor nominal de R$ 1,00, por exemplo, pode ser lançado ao mercado por esse valor ou por R$ 0,90,ou por qualquer outro valor abaixo do valor nominal. Denomina-se de prêmio de reembolso a diferença entre o valor nominal do título e o real nas emissões abaixo do par. Por exemplo: Uma apólice do valor nominal de R$ 1,00, rendendo juros de 5% a.a., se for lançada por R$ 0,80, assegurará a seu titular um juro real e efetivo de 6,25% a.a. O título público, apesar de certos privilégios que lhe são conferidos, como a possibilidade de sua utilização como caução, depósito em repartição pública etc., pode não ser o suficiente para atrair possíveis interessados. Os chamados prêmios de reembolso funcionam então como uma “prévia e aleatória indenização do prejuízo que sofrem os titulares da dívida pública em função da perda de poder aquisitivo da moeda, conforme ensina Aliomar Baleeiro. Hoje, esses títulos sofrem a incidência da atualização monetária por meio de índices próprios. Juros progressivos Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 30 48 Historicamente, como consequência Segunda Guerra Mundial e a necessidade de recursos financeiros, vários países passaram a adotar nova técnica de obtenção do crédito público, combinando o método do prêmio de reembolso com a cumulação de juros compostos. Com o emprego dessa técnica a taxa de juros irá aumentando na proporção do aumento do prazo de resgate do título público, como forma de estimular o credor a não reclamar o reembolso do capital à curto prazo. Moeda e empréstimos indexados Com a chegada nas inflações aos países, também a partir do final da Segunda Grande Guerra, os credores passaram a exigir cláusulas contratuais que assegurassem o reajustamento das prestações ao ouro ou alinhamento a moedas fortes como o dólar, a libra esterlina ou o franco suíço. Esse sistema logo cedeu à técnica de empréstimos indexados Tal técnica foi, de acordo com a doutrina, largamente adotada na França. O index era, de início, o da cotação das moedas metálicas no câmbio livre da Bolsa de Paris, assegurando, desta forma, que o resgate do título na mesma paridade da cotação do ouro à época de sua subscrição. Com o tempo surgiram outros “indexadores”baseados na cotação dos produtos e serviços das empresas públicas, como o preço do kWh, do carvão, das passagens de trem, de terceira classe etc. E O crédito público indexado, que funciona em virtude da inflação, pode ser também a causa de sua precipitação, ou seja, a indexação poderia criar um círculo vicioso da inflação. No Brasil, a introdução da correção monetária ocorreu em 1964, com a criação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, sucessivamente substituídas por OTNs, BTNs e TRs por diversos “planos econômicos”. Talvez aí esteja a raiz da inflação brasileira que, para evitar que se chegue ao estágio de hiperinflação, vem sendo, periodicamente, reprimida e controlada. Títulos da dívida pública Outra forma bastante comum de captação de crédito público tem sido o lançamento de títulos da dívida pública das mais variadas espécies. Tais títulos podem ser criados nominativos ou ao portador ou, ainda, transmissíveis por endosso; podem ser de grande importância ou de médio ou pequeno valor para atender a todos os segmentos da sociedade; as apólices podem conter cupons destacáveis para facilitar o pagamento de juros. No Brasil, as três entidades políticas promovem o lançamento de títulos públicos, sob forma nominativa e ao portador, por meio de banqueiros, que colocam sua rede de agências a serviço do Estado, mediante percepção de comissões. Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 31 48 A União encarrega o Banco Central para a compra e venda de seus títulos públicos. Por isso, utiliza- se comumente de títulos públicos, para favorecer a sua dívida interna, ou mesmo para o financiamento de projetos, obras e serviços considerados prioritários, suprindo as deficiências de suas receitas tributárias, Estados e Municípios também começaram a realizar operações de crédito com emissão de títulos públicos, sob as mais variadas denominações: apólices, bônus, certificados etc. É importante destacar que Estados e Municípios são livres para estipular sobre a emissão de títulos da dívida pública, prescrevendo a forma de reembolso, as vantagens e privilégios concedidos aos subscritores dos títulos, não se submetendo às prescrições da Lei de Mercados e Capitais, Lei no 4.728, de 1965. Temos ainda, com extrema importância para o lançamento de títulos públicos a intervenção das Bolsas de Valores. As Bolsas são órgãos auxiliares dos poderes públicos na fiscalização dos lançamentos de emissões de títulos por subscrição pública, nos termos do art. 1o da Lei no 2.146, de 1953. Entretanto, pelo nosso sistema constitucional, a fiscalização dos poderes públicos limita- se, geralmente, às atividades privadas. Logo, a intermediação de corretor oficial só se faz necessária em se tratando de lançamento de títulos particulares por subscrição pública. Lotos As Lotos foram criadas para a distribuição de prêmios em dinheiro mediante sorteio periódico, anual ou semestral. Era a técnica usual no passado, nos países da Europa, onde o crédito era escasso e por isso mesmo os subscritores de títulos públicos eram atraídos pela loto. Hoje, tem sido abandonada pela maioria dos países essa técnica, reputada imoral. Entre nós, os Estados-membros têm recorrido a essa técnica de distribuição de prêmios promovendo o resgate antecipado de títulos sorteados. Já a União tem demonstrado total repúdio à utilização de lotos ou sorteios, como método de atrair a subscrição de seus títulos públicos. É importante lembrar que a União mantém a loteria como atividade econômica a ser explorada por concessionários. As loterias são reguladas pelo Decreto-lei no 204 de 1967, cabendo a concessão ao governo federal, sendo toleradas as loterias estaduais. Quando a loto passa a ser explorada de forma autônoma, do ponto de vista financeiro, passa a ter natureza de receita originária do Estado. Conversão A doutrina aponta a conversão como forma de extinção do crédito público. Para Kyoshi Harada, Vanessa Brito Arns Aula 08 Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa Arns www.estrategiaconcursos.com.br 1908234 32 48 “A conversão é uma técnica pela qual, quando os títulos públicos se cotam no mercado financeiro bem acima do par, o Tesouro afronta seus subscritores, oferecendo-lhes a opção entre a troca por outro de menor juro ou o resgate imediato. “ ❑ A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é uma autarquia federal, vinculada - mas não subordinada - ao Ministério da Economia, e foi criado pela Lei nº 4.595/1964. O Banco Central do Brasil é responsável por diversas tarefas no sistema financeiro nacional O presidente e diretores serão nomeados pelo Presidente da República (art. 84, XIV, da CF) depois de aprovados os nomes respectivos pelo Senado Federal, por voto secreto, após arguição pública (art. 52, III, d, da CF). Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; Nos termos do art. 164 da Magna Carta, cabe exclusivamente ao Banco Central exercer a competência da União para emitir moeda. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central. § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
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