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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS – CAMPUS POUSO ALEGRE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ALEXANDRE SIQUEIRA FERNANDES THALLES ROBERTO CAIXETA RODRIGUES ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ENSAIOS LABORATORIAIS E EXPERIMENTAIS PARA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ESTRUTURAS EM CONCRETO POUSO ALEGRE 2018 ALEXANDRE SIQUEIRA FERNANDES THALLES ROBERTO CAIXETA RODRIGUES ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ENSAIOS LABORATORIAIS E EXPERIMENTAIS PARA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ESTRUTURAS EM CONCRETO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil do IFSULDEMINAS – Campus Pouso Alegre, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Me. Regis Marciano de Souza POUSO ALEGRE 2018 A Deus, a todos os professores, aos nossos pais e familiares. AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus por ter nos dado energia e benefícios para concluir esse trabalho. Ao Prof. Me. Regis Marciano de Souza, pelo suporte, correções e incentivos. Ao IFSULDEMINAS por toda infraestrutura, equipamentos e materiais disponibilizados para elaboração deste estudo. Ao Técnico Gilmar, pelo suporte e auxílio nas atividades desenvolvidas e ao nosso amigo Irineu P. P. Júnior pelo auxílio no dia da concretagem. Aos nossos pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos, que de forma direta ou indireta, contribuíram para a consumação desse trabalho, o nosso muito obrigado. “Daqui a vinte anos, você não vai se arrepender das coisas que fez, mas das que deixou de fazer. Por isso, veleje longe do seu porto seguro. Pegue os ventos. Explore. Sonhe. Descubra” Mark Twain RESUMO Este trabalho analisa as resistências de estruturas em concreto armado por meio de análises quantitativas e comparativas entre ensaios laboratoriais e experimentais na avaliação de estruturas de concreto armado. Tal abordagem se justifica pelo fato que a segurança e o desempenho de uma estrutura são aspectos relevantes para o comportamento estrutural. As resistências e a durabilidade necessitam de técnicas validadas e confiáveis para a tomada de decisão em projetos de engenharia. A finalidade desta pesquisa é comparar os resultados de resistência característica do concreto por diferentes métodos (experimentais e laboratoriais). Esse intento foi conseguido mediante uma revisão bibliográfica dos principais métodos de determinação de resistência a compressão em concreto e um estudo de caso realizado nos laboratórios de Recuperação Estrutural e Tecnologia do Concreto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas – Campus Pouso Alegre - MG. A análise experimental da resistência a compressão (fck) foi realizada mediante aplicação de ensaios não destrutivos, sendo utilizado a ultrassonografia e esclerometria, conforme prescreve as normas ABNT NBR 8802 e ABNT NBR 7584, respectivamente. A análise laboratorial foi efetuada por meio do ensaio de compressão axial de corpos de prova, de acordo com o que preconiza a norma ABNT NBR 5739. O trabalho ratificou a eficiência de técnicas experimentais para avaliação da resistência de estruturas em concreto armado, estabelecendo uma correlação entre os resultados dos ensaios não destrutivos e destrutivos, apresentando desta forma uma alternativa na avalição de estruturas. Palavras Chave: Resistência à compressão 1. Ensaios não destrutivos 2. Esclerometria 3. Ultrassonografia 4. ABSTRACT This work analyzes the structures resistance in reinforced concrete by the quantitative and comparative analyze between laboratory and experimental tests in the evaluation of reinforced concrete structures. Such an approach is justified by the fact that the safety and performance of a structure are relevant aspects to structural behavior. Resistances and durability require validated and reliable techniques for the decision making process in engineering projects. This research aims to compare the results of concrete resistance by testings different methods (experimental and laboratory). This goal was achieved through a bibliographical research of the main methods of determination of compression strength and a case study performed in the Structural Recovery and Concrete Technology laboratories of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Southern Minas - Campus Pouso Alegre - MG. The experimental analysis of the compression resistance (fck) was performed using non- destructive tests, by using ultrasound and sclerometer, according to the standards ABNT NBR 8802 and ABNT NBR 7584, respectively. The laboratory analysis was made by the axial compression test of specimens, according to what ABNT NBR 5739 recommends. The work ratified the efficiency of experimental techniques to evaluate the resistance of structures in reinforced concrete, establishing a correlation between the results of the non destructive and destructive tests, therefore presenting an alternative in the evaluation of structures. Keywords: Compression resistance 1. Non-destructive tests 2. Sclerometer 3. Ultras- sonogram 4. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 15 1.1 Objetivos........................................................................................... 16 1.1.1 Objetivo geral................................................................................... 16 1.1.2 Objetivo específicos........................................................................ 16 1.2 Escopo ............................................................................................. 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................ 18 2.1 Concreto armado.............................................................................. 18 2.1.1 Segurança das estruturas............................................................... 19 2.1.2 Resistência a compressão.............................................................. 19 2.1.3 Módulo de elasticidade.................................................................... 22 2.1.4 Durabilidade e desempenho........................................................... 23 2.1.5 Controle tecnológico do concreto.................................................. 24 2.1.5.1 Estado fresco..................................................................................... 25 2.1.5.2 Estado endurecido............................................................................. 25 2.2 Ensaio não destrutivos.................................................................... 26 2.2.1 Conceituação inicial......................................................................... 27 2.2.2 Evolução histórica........................................................................... 28 2.2.3 Ultrassonografia............................................................................... 29 2.2.4 Esclerometria.................................................................................... 30 3 METODOLOGIA................................................................................ 32 3.1 Introdução......................................................................................... 32 3.2 Caracterização dos materiais.......................................................... 32 3.2.1 Cimento.............................................................................................32 3.2.2 Agregado miúdo............................................................................... 33 3.2.3 Agregado graúdo............................................................................. 34 3.2.4 Água................................................................................................... 35 3.3 Produção e dosagem do concreto cimento................................... 35 3.4 Caracterização das estruturas........................................................ 36 3.4.1 Moldagem e fabricação do bloco de concreto armado................ 36 3.4.2 Moldagem dos corpos de prova..................................................... 37 3.5 Análise experimental por ensaio de resistência à compressão. 38 3.6 Análise experimental por ultrassonografia.................................... 40 3.7 Análise experimental por esclerometria........................................ 43 3.8 Análise comparativa dos resultados.............................................. 46 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................... 50 4.1 Análise experimental por ensaio de resistência à compressão.. 50 4.2 Análise experimental por ultrassonografia.................................... 51 4.3 Análise experimental por esclerometria........................................ 53 4.4 Análise comparativa dos estudos realizados................................ 54 5 CONCLUSÕES.................................................................................. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS................................................. 59 APÊNDICE A – ANÁLISE GRANULOMETRICA DOS MATERIAIS. 64 APÊNDICE B – FORMA E ARMADURA DO BLOCO ESTRUTURAL MODELO................................................................................. 64 APÊNDICE C – SEPARAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DO CONCRETO...................................................................... 65 APÊNDICE D – REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE SLUMP................. 65 APÊNDICE E – BLOCO ESTRUTURAL MODELO EM CONCRETAGEM............................................................................................. 66 APÊNDICE F – PROCESSO DE CURA DO BLOCO ESTRUTURAL MODELO................................................................................ 66 APÊNDICE G – PROCESSO DE CURA DOS C.P............................ 67 APÊNDICE H – ENSAIO DE COMPRESSÃO AXIAL ...................... 67 APÊNDICE I – ENSAIO DE ESCLEROMETRIA DO BLOCO........... 68 APÊNDICE J – MALHA DESENHADA NO BLOCO ESTRUTURAL MODELO.......................................................................................................... 68 APÊNDICE K – RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO (B1) .................................................................................................................. 69 APÊNDICE L – RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO (B3) ................................................................................................................. 70 APÊNDICE M – RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO (B4) ................................................................................................................. 71 APÊNDICE N – RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO (B5) ................................................................................................................. 72 APÊNDICE O – EQUIPE FORMADA PARA CONFECÇÃO DO CONCRETO 73 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a/c relação água/cimento END Ensaio não destrutivo fck Resistência à compressão característica fck,proj Resistência à compressão característica de projeto fck, est Resistência à compressão característica estimada por ensaios fcd Resistência de cálculo do concreto de projeto fc Resistência à compressão específica fcm Resistência média de compressão IE Índice esclerométrico ACI Instituto Americano do Concreto ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland ASTM Sociedade Americana para Testes e Materiais ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR Norma Brasileira Regulamentadora LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Diagrama tensão deformação idealizado do concreto ........................... 22 Figura 3.1 - Bloco estrutural modelo ......................................................................... 37 Figura 3.2 - Moldagem dos corpos de prova ............................................................. 38 Figura 3.3 - Máquina Universal Contenco. ................................................................ 39 Figura 3.4 - Ensaio de Ultrassonografia .................................................................... 40 Figura 3.5 - Pontos de ensaio para ultrassonografia ................................................. 41 Figura 3.6 - Pacometro Profoscope (+) ..................................................................... 42 Figura 3.7 - Esclerômetro Digi Schimidt, (Tipo N) ..................................................... 43 Figura 3.8 - Estrutura modelo com as malhas para esclerometria ............................ 44 Figura 3.9 - Modelo da malha lateral para esclerometria .......................................... 44 Figura 3.10 - Modelo da malha superior para esclerometria ..................................... 45 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Classes de Consistencia de Concretos frescos .................................... 25 Tabela 3.1 - Características químicas e físicas do cimento ..................................... 33 Tabela 3.2 - Caracterização do agregado miúdo ...................................................... 33 Tabela 3.3 - Caracterização do agragado graúdo ..................................................... 34 Tabela 3.4 - Traço do concreto para Um m³.............................................................. 36 Tabela 3.5 - Número de camadas para moldagem dos corpos de prova .................. 38 Tabela 3.6 - Especificações do ensaio de Esclerometria - NBR 7584 ...................... 43 Tabela 3.7 - Critério de avaliação da qualidade do concreto .................................... 49 Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de resistencia à compressão axial ................. 50 Tabela 4.2 - Resultados de ensaio de ultrassonografia ............................................ 52 Tabela 4.3 - Resultados dos ensaios de esclerometria e calculo do fck .................... 53 Tabela 4.4 - Comparação entre os resultados de esclerometria e fck de projeto ....... 54 Tabela 4.5 - Comparação entre os resultados de ultrassonografia e fck de projeto ... 55 Tabela 4.6 - Comparação entre os resultados do ensaio à compressão e fck de projeto ....................................................................................................................... 55 Tabela 4.7 - Comparação entre os resultados de esclerometria e ultrassonografia .. 55 Tabela 4.8 - Comparação entre os resultados de esclerometria e ensaio à compressão ............................................................................................................... 56 Tabela 4.9 - Comparação entre os resultados de ultrassonografia e ensaio a compressão ............................................................................................................... 56 Tabela 4.10 - Resultados de fck obtidos .................................................................... 57 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 3.1 - Curva granulométrica do agregado miúdo ................................... 34 Gráfico 3.2 - Curva granulométrica do agregado graúdo ................................. 35 Gráfico 4.1 - Comparativo entre as resistências (fck) ........................................57 15 1. INTRODUÇÃO O concreto quando utilizado pelos romanos possuía como matéria-prima cascalho, areia grossa, cal de elevada temperatura e água, e por meio destes elementos eles obtinham um material com características semelhantes ao concreto atual, como resistência e durabilidade. Assim, desde o período da Roma antiga, a utilização do concreto nas construções desenvolveu-se, ampliando a sua utilização. A aplicação em grande escala do concreto surge como uma necessidade de combinar a resistência à compressão e durabilidade das rochas com as características do aço, por resultado se obtêm um material de fácil execução em elementos com diversas formas e tamanhos, além da disponibilidade dos materiais constituintes, de forma veloz e inteligível. O desempenho das estruturas de concreto, sujeita a múltiplos carregamentos, têm sido objetos de estudos desde que se implantou o concreto como um dos principais materiais da construção civil. O controle de qualidade do concreto possui grande importância, pois avaliar se o que está sendo produzido corresponde ao que foi adotado previamente para o dimensionamento da estrutura, faz parte da concepção do processo construtivo. A constatação de que o concreto usado na execução de uma determinada estrutura segue as exigências estabelecidas em projeto, é obtida por meio de ensaio de resistência a compressão em corpos de prova, sendo este realizado com as normas técnicas vigentes. Embora válido e muito utilizado, esses ensaios apresentam a desvantagem de os corpos de prova não retratarem legitimamente o concreto existente na estrutura, em consequência de as dessemelhanças de lançamento, compactação e cura. A resistência do concreto e alguns outros fatores influenciam diretamente em outro princípio importante deste material, o módulo de elasticidade. O módulo de elasticidade está relacionado com a tensão e a deformação das estruturas, onde ele se caracteriza em função da qualidade e da quantidade de agregado graúdo e da resistência do cimento, definida pela relação água-cimento. Devido a relevância do concreto na construção civil, surge como necessidade e importância a realização da avaliação das condições e também das características 16 do concreto, como a resistência dos materiais. Esta avaliação das estruturas de concreto pode ser realizada “in situ”, sendo caracterizada por ser uma análise interessante e fundamental para averiguar a real situação da estrutura de uma determinada obra. Assim, a utilização de instrumentos como pacômetro, esclerômetro e ultrassom, caracterizados por serem ensaios não destrutivos (END) tornam-se eficazes para serem empregados na obtenção de algumas características e propriedades do concreto. Tal abordagem justifica-se devido ao fato que a segurança e o desempenho de uma estrutura serem aspectos relevantes em uma construção, para garantir o correto funcionamento das estruturas de concreto se faz necessário averiguar suas condições de resistência e durabilidade, com um elevado nível de precisão e detalhe. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral Analisar por meio de estudos comparativos entre os resultados de resistência do concreto obtidos por intermédio de análises experimental e laboratorial. A realização de diferentes comparações entre os resultados obtidos por meio de ensaios destrutivos e não destrutivos possui como intuito avaliar a resistência de estruturas em concreto armado. 1.1.2 Objetivos específicos Demonstrar a aplicação de métodos de ensaios não destrutivos, a fim de caracterizar o concreto, conhecer suas propriedades mecânicas e avaliar a qualidade do concreto utilizado; Analisar os resultados da resistência característica do concreto por meio de diferentes métodos, utilizando instrumentos como: Esclerômetro, Pacômetro e Ultrassom; Verificar a discrepância entre as resistências características esperada da dosagem (fck) e o (fck, est) por meio do rompimento dos corpos de provas dosados; 17 Apresentar o uso de métodos de ensaio como uma alternativa de avaliação das estruturas de concreto. 1.2 Escopo Este trabalho está disposto em 6 capítulos: Introdução, Referencial Teórico, Metodologia, Resultados e Discussões, Conclusões e, por fim, Referências Bibliográficas. No capítulo 1 são apresentados a introdução, o objetivo geral e os objetivos específicos do trabalho. No capítulo 2 disserta-se a respeito do concreto armado e suas propriedades mecânicas, acerca dos ensaios de medição de resistência mecânica, No capítulo 3 aborda-se a metodologia do trabalho, descreve-se os equipamentos utilizados e as características da estrutura em estudo, caracteriza-se a amostragem utilizada e são expostas as análises experimentais e laboratoriais. No capítulo 4 apresenta-se e discute-se os resultados obtidos pelas análises experimentais e laboratoriais. No capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas pelo comparativo entre as medições da resistência característica do concreto realizadas mediante os ensaios não destrutivos e destrutivo. No capítulo 6 estão descritas as literaturas utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso. 18 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Concreto Armado O material mais empregado na construção civil é o concreto, comumente composto da mistura de cimento Portland com areia, brita e água. Estima-se que o consumo atual de concreto no mundo seja da ordem de 19 bilhões de toneladas métricas ao ano, sendo assim, o material mais consumido pelo homem em tamanha quantidade, com exceção da água (MEHTA e MONTEIRO, 2014). Para melhorar a resistência do concreto, procurou-se adicionar ao mesmo, materiais mais resistentes à tração. A utilização de barras de aço somada ao concreto, só é possível devido a alguns fatores como, trabalho em conjunto do concreto e aço, assegurado pela aderência dos materiais, coeficientes de dilatação térmica serem praticamente iguais e o concreto protege de oxidação o aço, garantindo a durabilidade da estrutura (ANDRADE, 1997). Em média, o concreto resiste à compressão dez vezes mais que à tração, onde que desta maneira uma ideia surgiu: por que não usar em uma estrutura uma mistura de material bom para compressão na parte comprimida e um bom para tração na parte tracionada, e assim estabeleceu-se a ideia do concreto armado (BOTELHO; MARCHETTI, 2015). O concreto armado é amplamente empregado há mais de um século na construção civil, onde a utilização de armaduras de aço nas zonas tracionadas, em razão da baixa resistência à tração do concreto, permite a concepção de estruturas para os mais variados empregos, sendo um dos papéis do concreto o de fornecer á armadura um ambiente protetor (CASCUDO; CARASEK, 2014). O concreto armado, é um material de construção resultante da união do concreto simples e de barras de aço, envolvidas pelo concreto, com perfeita aderência entre os dois materiais, de tal maneira que resistam ambos aos esforços a que forem submetidos. 19 2.1.1 Segurança das estruturas A segurança das estruturas atualmente possui grande relevância no dimensionamento e na construção de obras civis, este fator está associado em desenvolver-se uma estrutura que atenda a requisitos mínimos de segurança, aspecto esse relacionado ao desempenho e durabilidade. Segundo Oliveira e Moreno Júnior (2007), uma estrutura deve cumprir os requisitos mínimos de segurança, funcionalidade e aspecto estético que lhe sejam exigidos em função das ações e influências ambientais que venham a atuar sobre a mesma durante sua vida útil. Para Valin Junior et al. (2017), a segurança de uma obra, geralmente associa- se a estrutura, que comumente no Brasil está relacionado a sistemas construtivos que utilizam o concreto armado, onde a resistênciaà compressão axial do concreto é uma das principais propriedades quando o assunto é estruturas de concreto. Uma dificuldade encontrada por engenheiros na área de estruturas de concreto armado é garantir que todas as especificações de projeto sejam asseguradas na execução da obra. Como o concreto é o elemento estrutural mais utilizado no mundo, esse fato conduz à inevitabilidade de utilizar ferramentas de controle e análise de seu estado de conservação, algo que ocasiona uma preocupação crescente sobre o estado de deterioração e segurança das estruturas (MEHTA e MONTEIRO, 2014). O acompanhamento constante das estruturas é um procedimento necessário, uma que a percepção preventiva de problemas nos elementos estruturais permite a utilização de métodos simples e econômicos para avaliação e reparo, aumentando, portanto, a vida útil e segurança da estrutura. Para tais fins, os métodos de ensaios não destrutivos (END) tornam-se uma estratégia de investigação bastante atraente e viável (LORENZI et al., 2016). 2.1.2 Resistência a Compressão A resistência característica à compressão do concreto (fck) é um dos parâmetros de maior relevância no dimensionamento de estruturas em concreto armado, pois seu valor influência no desempenho, bem como no custo da estrutura, assim a resistência 20 é geralmente considerada a propriedade fundamental do concreto, pois por meio desta característica obtém-se uma indicação geral da qualidade do mesmo. Segundo Carvalho e Figueiredo Filho (2013), a resistência característica do concreto à compressão define-se por ser um valor que apresenta grau de confiança de 95%, ou seja, fck é o valor da resistência de modo que 95% dos resultados dos ensaios estejam acima dele ou 5% abaixo. Conforme Mehta e Monteiro (2014), a resistência de um material pode ser definida como sua capacidade de resistir a um determinado esforço de tensão sem se romper, sendo a resistência do concreto a propriedade mais valorizada por projetistas e engenheiros de controle de qualidade. Para Andolfato (2002), a resistência a compressão simples é a propriedade mecânica mais importante do concreto, não só porque o concreto trabalha predominantemente à compressão, como também porque fornece outros parâmetros físicos. Segundo Alhadas (2008), as características físicas como, tamanho, forma, textura e granulometria, que também estão associadas à modificação do valor da relação água/cimento (a/c), afetam o comportamento elástico e mecânico do concreto. De acordo com Giaccio et al. (1992), as propriedades do concreto dependem das características de seus componentes (matriz da pasta e agregados e das interações entre eles), a diferença de dureza entre os agregados e a matriz da pasta produz concentração de tensões nas interfaces que podem diferir das tensões do material, com a possibilidade de ocorrer formações de fissuras no concreto, nas argamassas e nas partículas dos agregados, sendo esses efeitos intensificados com o aumento do tamanho dos agregados, especialmente quando esse valor for maior do que 5 mm (agregado graúdo). Para Zhou et al. (1995), o efeito de diferentes tipos de agregados graúdos no módulo de elasticidade e na resistência à compressão do concreto de alto desempenho, concluíram que o tipo do agregado influencia tanto no módulo como na resistência do concreto; eles observaram, também, que quanto mais poroso o agregado maior a redução na resistência do concreto. 21 Segundo Aitcin e Metha (1990), estudaram a influência de quatro diferentes tipos de agregados graúdos na resistência à compressão e no comportamento elástico de misturas de concreto de alta resistência (a/c = 0, 275), e concluíram que as características mineralógicas do agregado graúdo influem significativamente na resistência e no módulo de elasticidade do concreto. Para Neville (1997), na prática da engenharia, considera-se que a resistência de um concreto a uma certa idade, curado em água a uma temperatura estabelecida, depende de apenas dois fatores: a relação água/cimento (a/c) e o grau de adensamento. E ressalta ainda que a relação a/c determina a porosidade da pasta de cimento endurecida em qualquer estágio da hidratação. Atualmente sabe-se que a relação a/c é um dos principais fatores que influenciam na durabilidade e resistência do concreto. O estabelecimento de relações a/c adequadas a determinadas condições de exposição é um fator fundamental para a garantia tanto de durabilidade quanto de resistência de uma estrutura, pois observa- se um substancial ganho de resistência com a redução de tal relação (SCHIESSL, 1988). Para Dallabrida e Veigas (2014), no controle de qualidade do concreto, a resistência é uma propriedade normalmente especificada, onde a maior parte do concreto esteja simultaneamente à combinação de tensões de compressão, de cisalhamento e de tração. Mas, o ensaio da resistência à compressão simples do concreto que utilizam corpos de provas cilíndricos padronizados com idade de 28 dias é aceito universalmente como um índice geral da resistência do concreto. A resistência do concreto aumenta com o tempo, propriedade esta que o distingue dos demais materiais de construção. O ganho de resistência com relação ao tempo, se deve ao fato que o cimento e a água formam uma pasta que preenche a maior parte dos vazios entre os agregados, com isso, ao passar do tempo a pasta endurece, formando um material sólido e seco (DALLABRIDA; VEIGAS, 2014). 22 2.1.3 Módulo de Elasticidade De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), o módulo de elasticidade (Eci) deve ser obtido conforme o método de ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522/2017. Para a NBR 8522 (ABNT, 2017), o módulo de elasticidade é considerado como sendo o módulo de deformação para materiais em regime elástico. Para determinação do módulo de elasticidade e principalmente da tensão limite do concreto, é utilizado o diagrama tensão-deformação à compressão, mostrado na Figura 2.1, onde o trecho curvo corresponde a uma parábola do segundo grau, a tensão limite do concreto é fixada em 0,85 fcd e o limite de encurtamento do concreto é definido como sendo 3,5‰ , conforme norma NBR 6118 (ABNT, 2014). Figura 2.1: Diagrama tensão-deformação idealizado do concreto Fonte: NBR 6118 (2014) As propriedades mecânicas do concreto são a base para que seja dimensionado uma estrutura de concreto armado. Para a realização do cálculo estrutural ser efetuado de maneira correta, é de grande importância o conhecimento das propriedades da deformação do material utilizado, não só a resistência a compressão, tem-se que conhecer com precisão o modulo de elasticidade, a retração e outros parâmetros importantes relacionados a estruturas de concreto (MELO NETO; HELENE, 2002). O módulo de elasticidade do concreto está associado às deformações estruturais que em excesso podem causar fissuras em alvenarias e gerar outras manifestações patológicas. A estimativa do módulo de elasticidade dos materiais de 23 uma estrutura é importante, pois afeta etapas que influenciam sua vida útil, haja vista sua influência na fissuração do concreto (PEDROSO, 2007). Para Souza et al. (2015), o conhecimento do módulo de elasticidade é de enorme importância para o cumprimento correto do projeto realizado, pois o seu valor contribui na previsão de deformações, no conhecimento das tensões entre o concreto e o aço das estruturas de concreto armado e protendido, além de auxiliar no cálculo das tensões resultantes de retração e recalque. 2.1.4 Durabilidade e Desempenho Por definição, conforme o ACI 201.1R (ACI, 2008), a durabilidade do concreto a partir do cimento Portland se faz por sua predisposição de resistir ao ambiente, como intempéries e abrasão, desta forma é a interação entre a estrutura, as condições de uso, de operação e de manutenção e o meioexterno. De acordo com a NBR-6118 (ABNT,2014), a durabilidade consiste na capacidade da estrutura resistir às diversas influências previstas no desenvolvimento do cálculo estrutural no início da elaboração dos projetos. Para Mehta e Monteiro (2014), é necessário a incorporação do responsável pelo projeto, em avaliar a durabilidade do material empregado tanto como sua resistência ou outra propriedade. Para Ollivier e Vichot (2014), as edificações são dimensionadas de acordo com uma vida útil específica, onde se leva em consideração o ambiente à que estão submetidas. Para isso o projetista deve adotar regras de dimensionamento em cima do conhecimento dos mecanismos de degradação do concreto, e o engenheiro deve dispor de soluções que permitam que a edificação resista as imposições do ambiente, aos métodos de lançamento e de cura, e as fórmulas de projeto levando em conta as possíveis degradações, mantendo a segurança. Segundo Levy (2001), vêm se aumentando o campo de estudo a respeito da durabilidade do concreto, isto se dá pelo aumento evidente de problemas de deterioração precoce em construções, pelas necessidades competitivas do mercado e por um vínculo da área com a ecologia, ou seja, a conservação de recursos naturais por meio de materiais construtivos longevos. Não tem como falar de durabilidade e não falar da água como agente de deterioração, pois os estudos nesse campo se evoluem à medida que se aumenta os 24 conhecimentos a respeito do transporte de líquidos e gases nos meios porosos. A maioria dos problemas relacionado ao desgaste do concreto se deve à ação da água, ocorrendo fenômenos físico-químicos em decorrência do transporte de íons agressivos ocorrendo a degradação do material, sendo controlado apenas pela permeabilidade do concreto (LEVY, 2001). 2.1.5 Controle Tecnológico do Concreto Para Fortes (2015), o Controle Tecnológico engloba uma série de amostragens de materiais e serviços ocorrentes na obra, desde a seleção dos materiais utilizados, a preparação, utilização dos mesmo e assim em diante. Além disso, deve ser feito continuamente durante a execução, a averiguação das etapas realizadas, a fim de encontrar possíveis erros que possivelmente ocorra, certificando seu desempenho. Segundo a NBR-12655 (ABNT, 2006), o Controle Tecnológico é caracterizado pela realização de procedimentos com o concreto em busca de desempenho e segurança em uma construção, onde se têm uma gestão em todas etapas da obra, e no Brasil esse controle se afunila unicamente ao material de construção civil, concreto armado. Essa norma determina as condições perfeitas para fabricação e utilização de concretos feitos in loco, ou pré-moldados, e estabelece suas caraterísticas tanto em seu estado fresco quanto endurecido; quando utilizado para fins estruturais, deve se ter definido todas as propriedades e características desejadas antes mesmo do início do processo. Para Fortes (2015), as rotinas desses ensaios devem ser exatas e dirigidas por normalização, exigindo um corpo técnico especializado, com experiência comprovada, e atualização constante. Sendo atribuído a confiabilidade do mesmo pela estruturação de seu laboratório, possuindo instalações e equipamentos adequados. Para Geyer e Resende (2006), o controle de qualidade se dá unicamente ao ensaio a compressão simples, muitas vezes de forma equivocada, como se pudesse isoladamente, garantir a qualidade do material analisado. Portanto, se utilizado da maneira correta, o Controle Tecnológico inibe futuros problemas patológicos, assim evitando a anulação prematura de serventia de obras em geral (FORTES, 2015). 25 2.1.5.1 Estado fresco Para Castro (2007), todas as propriedades do concreto no estado fresco são resumidas, de forma tradicional, em uma única palavra: trabalhabilidade, que não é diretamente uma característica do material. Segundo a NBR NM67 (ABNT, 1998), o ensaio de abatimento do cone mede a consistência e a fluidez do material. A sua função é fornecer um sistema simples e convincente para uniformizar a produção do concreto em diferentes lotes. Se, na dosagem, foi obtido um concreto trabalhável, a continuidade do abatimento indicará a uniformidade da trabalhabilidade. Conforme a NBR 7212 (ABNT, 2012), os concretos devem ser especificados conforme a classe de consistência, de acordo com a Tabela 2.1: Tabela 2.1. Classes de Consistência de Concretos Frescos Classe Abatimento A (mm) S10 10 < A < 50 S50 50 < A < 100 S100 100 < A < 160 S160 160 < A < 220 S220 A < 220 Fonte: NBR 7212 (ABNT, 2012) 2.1.5.2 Estado endurecido Segundo Andolfato (2002), na maioria das obras, não se adota de uma quantidade suficientes de ensaios para determinar uma resistência característica com precisão do concreto que foi executado, pela análise estatística. A resistência à compressão simples do concreto é determinada em corpos de prova cilíndricos com idade de 28 dias. Com a mesma dosagem de concreto, constata considerável flutuação de dados, os quais seguem sensivelmente a curva normal de distribuição (ANDOLFATO, 2002). 26 2.2 Ensaios não destrutivos Comumente são feitos ensaios de resistência à compressão aos 28 dias em cilindros (ou cubos) para verificar se o concreto está de acordo com o exigido pelo projeto. No entanto, os corpos de prova não são verdadeiramente representativos do concreto existente na estrutura, devido às diferentes condições de lançamento, compactação e condições de cura (EVANGELISTA, 2002). Segundo Malhotra (1984), nos últimos 40 anos têm sido feitas várias tentativas quanto ao desenvolvimento de métodos de ensaio em sito não destrutivos, para assegurar a qualidade do concreto na estrutura. Com relação à Evangelista (2002), os ensaios considerados não destrutivos são aqueles que não causam nenhum dano no elemento ensaiado ou deixam pequenos danos para serem reparados após o ensaio. Eles não provocam perda na capacidade resistente do elemento. Para Silva Filho, Lorenzi e Campagnolo (2011), com a crescente preocupação sobre o estado de deterioração e segurança das estruturas, surge no atual cenário exigências de qualidade, onde é de vital importância o desenvolvimento de alternativas que permitam, de forma eficaz, avaliar a qualidade das estruturas de concreto. A aplicação de Ensaios Não Destrutivos (END) se constitui em uma estratégia interessante para monitorar o estado das mesmas, no qual a propriedade de controle mais utilizada como indicativa da qualidade do concreto ainda é a resistência à compressão (ADAMATI et al., 2017). De acordo com Medeiros (2010), na construção civil as aplicações destes ensaios não destrutivos são para verificar as resistências à compressão, localizar e detectar corrosão em armaduras do concreto armado e encontrar defeitos localizados como rachaduras e vazios, dentre outros. Os END oferecem vantagens significativas no que diz respeito à velocidade de execução, custo e ausência de danos à estrutura em relação aos ensaios que requerem a remoção de amostras para um posterior exame. Eles permitem a realização de uma maior quantidade de ensaios, possibilitando, assim, uma investigação mais abrangente da estrutura em estudo. Outra vantagem que merece 27 destaque é a imediata disponibilidade de resultados que eles propiciam (CÂMARA, 2006). Beutel et al. (2006) enfatizam que o uso de END para engenharia civil depende da confiabilidade da aplicação dos métodos, do conhecimento sobre a aplicação e de seu aspecto econômico. Para Câmara (2006), dentre os END, os mais difundidos são a esclerometria e o ultrassom. Diversos métodos não destrutivos para avaliação da resistência à compressão têm sido propostos, mas somente a esclerometria, penetração de pinos, ultrassom, extração de testemunhos são padronizados pela American Society for Testing and Materials (ASTM)onde a ultrassonografia e esclerometria seguem a ASTM C597 (ASTM,2009) e ASTM C805/C805M (ASTM,2013), respectivamente. No Brasil, os métodos de ultrassom e esclerometria são padronizados pelas normas NBR 8802 (ABNT, 2013) e NBR 7584 (ABNT,2012), respectivamente. 2.2.1 Conceituação inicial Segundo Schiavon (2015), os END’s visam avaliar um elemento sem gerar danos a ele com a técnica empregada. Um tipo de ensaio não destrutivo utilizado em concreto é o método da velocidade do pulso de ondas ultrassônicas. O uso de métodos de END é uma maneira de viabilizar a inspeção e a avaliação do estado de conservação de construções civis, de forma econômica e eficiente. Dada sua natureza predominantemente não invasiva, os ensaios tipo END(s) se constituem em uma das principais ferramentas de controle da qualidade de materiais e produtos, e já são amplamente utilizados em diversas atividades, tais como na indústria aeroespacial, no ramo automobilístico, no ramo elétrico e na construção naval (CHO, 2003). Silva Filho, Lorenzi e Campagnolo (2011), a aplicação de END se constitui em uma estratégia interessante para monitorar o estado de estruturas de concreto armado. A propriedade de controle mais utilizada como indicativa da qualidade do concreto ainda é a resistência à compressão. Considerando que a resistência está fortemente correlacionada com a densidade do material, podem-se utilizar ensaios de ultrassom, de radar e de esclerometria para produzir, de diferentes formas, estimativas de resistência, sem que seja necessário retirar amostras do material. 28 2.2.2 Evolução histórica Na construção civil, a inspeção e o diagnóstico de desempenho das estruturas de concreto armado estão relacionados com ensaios de resistência e compressão em testemunhos extraídos da própria estrutura, ou seja, ensaios caracterizados por danificarem ou comprometer o desempenho das estruturas. A utilização de ensaios não destrutivos passa a ser uma alternativa mais interessante, uma vez que os métodos se modernizaram, facilitando a análise e interpretação dos resultados. As vantagens dos END são: proporcionar pouco ou nenhum dano à estrutura, serem aplicados com a estrutura em uso e permitir que problemas possam ser detectados em estágio ainda inicial (CHIES, 2014). Para Malhotra (1984), aliado as necessidades de uma análise rápida, eficaz e sem danos a estrutura, desde a década de 60 aumentou-se consideravelmente o interesse na avaliação in loco do concreto endurecido, pois um grande número de estruturas começou a apresentar sinais de deterioração, e as condições laboratoriais dos corpos de prova não representavam precisamente as condições de obra. Nas últimas décadas, a aplicação de ensaios não destrutivos na engenharia civil vem se tornando um tema de interesse em diversos países. No caso da indústria da construção civil, porém, que utiliza vários tipos de materiais (metais, madeira, concreto, alvenaria estrutural e outros compósitos), a utilização dos END pode se tornar mais complexa, devido à necessidade de maior conhecimento acerca das propriedades e comportamento dos materiais (LORENZI et al., 2016). O lento desenvolvimento das técnicas para ensaios não destrutivos ocorre porque, ao contrário do aço, o concreto é um material altamente não homogêneo, que possui composições variadas e diferentes matérias primas. Apesar dos inconvenientes acima, tem havido progresso no desenvolvimento de métodos de ensaios não destrutivos de concreto e a padronização destes métodos (MALHOTRA e CARINO, 2004). Segundo Lorenzi et al. (2016), no Brasil acompanhando a tendência mundial, a aplicação de ensaios não destrutivos vem crescendo em vários setores. A engenharia civil ainda é um campo no qual a utilização dos END(s) pode se desenvolver bastante, 29 vindo a se constituir em uma importante ferramenta para auxiliar os profissionais envolvidos no controle de suas obras. 2.2.3 Ultrassonografia Segundo Lorenzi et al. (2016), o ensaio de velocidade de propagação do pulso ultrassônico (Ultrassonografia), uma onda de som ultrassônica é projetada sobre o material, com isso se mede a velocidade em que a mesma se propaga, que vai depender da característica do material, sendo elas a sua porosidade, a origem, a presença de vazios ou de água no sistema de poros, entre outros fatores. O ensaio em questão pode ser considerado como um dos mais promissores para a avaliação de estruturas de concreto. Particularmente, o ultrassom é um teste verdadeiramente não-destrutivo, pois a sua técnica envolve a propagação de ondas ultrassônicas que não resultam em dano algum ao elemento que é testado. Segundo Naik e Malhotra (1991, apud Meneghetti, 1999), em estruturas de concreto, o método pode ter as seguintes aplicações: • Estimar a resistência à compressão do concreto, devido a grandes diferenças de densidade que ocorrem logo nas primeiras idades, oriundas do processo de hidratação do cimento, as quais provocam mudanças significativas na velocidade de propagação das ondas ultrassônicas; • Determinar o módulo de elasticidade dinâmico do material; • Avaliar a homogeneidade do concreto; • Detectar a presença de fissuras e trincas. De acordo com Cánovas (1988, apud Figueiredo, 2005), a vantagem deste ensaio em relação ao ensaio de esclerometria é que a onda ultrassônica não se limita somente a superfície do concreto e, portanto, avalia a qualidade do concreto estendendo-se a toda massa. Carvalho et al. (2017), estudando os ensaios não destrutivos como métodos de verificação da resistência e qualidade do concreto, evidenciou que o monitoramento in situ da qualidade de produção e resistência mecânica do concreto é viável por meio dos ensaios não destrutivos de pacometria e ultrassonografia, pois os mesmos possibilitam a coleta de informações qualitativas satisfatórias ao controle da qualidade dos concretos estruturais. Salientou-se também a interessante 30 portabilidade do uso dos END(s) nos canteiros de obras, pois consistem em métodos de ensaios rápidos, práticos. Segundo et al. (2012), a ultrassonografia pode ser adotada como controle de qualidade, medição de espessuras, constatação de falhas ou caracterização dos materiais empregos no concreto. O tempo de propagação das ondas ultrassónicas pode ser relacionado com a densidade do material, por isso, a presença de vazios causa retardo na onda, em função da baixa velocidade do som no ar. Ele concluiu que por ser rápido e não destrutivo, esse ensaio oferece a oportunidade de fazer a total avaliação dos elementos constituintes de uma estrutura, ao longo do tempo. 2.2.4 Esclerometria Segundo Bungey (1989, apud Evangelista, 2002), as primeiras tentativas de medir a dureza superficial do concreto ocorreram em 1930, sendo que inicialmente foram utilizados métodos envolvendo medições do retorno de uma bola de aço fixa num pêndulo, ou atirada de uma pistola. O princípio do ricochete, segundo o qual o retorno de uma massa elástica depende da dureza da superfície onde ela se choca, foi o mais aceito mundialmente. O ensaio de dureza superficial do concreto pelo esclerômetro de reflexão foi idealizado por Ernst Schmitd, em 1948, por isto conhecido como esclerômetro Schmitd, sendo um dos mais antigos métodos não destrutivos empregados e ainda utilizado (NEVILLE, 1997). O ensaio não destrutivo mais usado na atualidade é a determinação do índice esclerométrico. O método baseia-se na medição da dureza superficial do concreto e possui como variável de resposta um índice de reflexão que pode ser usado para a estimativa da resistência a partir da construção de curvas de correlação. O esclerômetro é um aparelho portátil, simples, de baixo custo e que pode viabilizar uma grande quantidade de dados rapidamente (PEREIRA; MEDEIROS, 2012). Para Castro (2009), a realização do ensaio de esclerometriarequer uma certa habilidade do operador ao manuseio do equipamento e escolha do dos pontos onde serão realizados os impactos, devido a sensibilidade do aparelho e as variações do concreto, fatores que podem influenciar diretamente nos resultados. 31 De acordo com Evangelista (2002), o esclerômetro é um equipamento leve e simples de operar, por meio deste instrumento é possível avaliar a uniformidade da resistência mecânica do concreto "in loco", com danos praticamente nulos à superfície do material. Contudo, para Mehta e Monteiro (2008), os valores obtidos como resultados das análises não são precisos já que dependem da uniformidade da superfície, da condição de umidade, da carbonatação superficial e da rigidez do elemento estrutural. Para Coutinho (1973, apud Teodoru, 1988), a principal limitação do método é o fato dos resultados serem representativos somente de uma zona superficial do concreto, cerca de 30 mm a 50 mm de profundidade, para que o ensaio represente o concreto como um todo, é necessário que o interior do mesmo esteja nas mesmas condições da camada superficial, o que dificilmente ocorre. Contudo, Lecheta e Conto (2012), realizaram um estudo comparativo de ensaios destrutivos e não destrutivos para o concreto, observaram que de uma maneira geral os resultados de ensaio de resistência a compressão dos corpos de prova moldados 10x20cm com o ensaio de esclerometria, teve uma diferença de até 35,8% aos 63 dias, para as outras idades também foram observadas diferenças nos resultados, sendo assim a comparação entre estes ensaios também é marcada pela maior resistência dos corpos de prova moldados. 32 3. METODOLOGIA 3.1 Introdução O planejamento experimental deste presente estudo foi baseado na infraestrutura disponível nos Laboratórios de Recuperação Estrutural e no Laboratório de Tecnologia do Concreto do IFSULDEMINAS – Campus Pouso Alegre - MG. Com o intuito de atingir os objetivos propostos, foram realizados ensaios de resistência mecânica do concreto, por meio de diferentes métodos, destrutivos (ruptura de corpos de prova) e não destrutivos (esclerometria e ultrassonografia), todos os resultados obtidos foram correlacionados. O estudo realizado foi dividido em duas etapas: • 1° Etapa (Análise laboratorial): realizada por meio do ensaio de resistência a compressão em corpos de prova. • 2° Etapa (Análise experimental): realizada mediante os ensaios não destrutivos no bloco estrutural modelo, a fim de obter-se a resistência característica da estrutura. 3.2 Caracterização dos Materiais Para a definição adequada dos parâmetros dos concretos desta pesquisa, foi realizada a caracterização dos materiais empregados. Quanto ao cimento, foi utilizado cimento do tipo III, onde a caracterização é apresentada no item 3.2.1 Os agregados empregados, tanto o graúdo como o miúdo (brita e areia), foram descritos quanto ao diâmetro máximo, conforme descrição apresentada nos itens 3.2.2 e 3.2.3. 3.2.1 Cimento O cimento utilizado foi o CP III-40 RS (Cimento Portland de Alto Forno), fabricado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), com características físicas e químicas conforme a Tabela 3.1. 33 Tabela 3.1. Características químicas e físicas do cimento Parâmetros CPII F 32 Tempo de início de pega > 1 hora Expansibilidade < 5 mm Perda ao fogo < 12,5 % Resíduo insolúvel < 8,0 % Resistência a compressão 28 dias > 40,0 MPa Adições permitidas (%) Escória 35 a 70 Clínquer e gesso 25 a 5 Material carbonático 0 a 5 Fonte: Companhia Siderúrgica Nacional (2018) 3.2.2 Agregado Miúdo O agregado miúdo foi classificado segundo a NBR 7211 (ABNT, 2009), como sendo agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de 4,75 mm. Utilizou-se como agregado miúdo uma areia natural, proveniente da cidade de Pouso Alegre - MG, caracterizada conforme procedimento recomendado pela NBR 7217 (ABNT, 2016), segundo Tabela 3.2. Tabela 3.2. Caracterização do agregado miúdo Peneiras (#mm) Peso (g) % Retida % Acumulada 4,8 18,26 1,95 1,95 2,4 1,2 0,6 0,42 11,33 27,42 106,5 144,82 1,21 2,93 11,37 15,47 3,16 6,09 17,46 32,93 0,3 231,44 24,72 57,65 0,15 Passante ult. peneira 314,97 81,5 33,64 8,71 91,29 100 Total 936,24 100 - Diâmetro Máximo (mm) 4,8 Fonte: Autores Baseado nos dados da Tabela 3.2, foi elaborado a curva granulométrica do agregado miúdo, conforme Gráfico 3.1. 34 Gráfico 3.1. - Curva granulométrica do agregado miúdo Fonte: Autores A areia utilizada neste estudo não apresentava materiais nocivos ao concreto, como torrões de argila, materiais pulverulentos ou impurezas orgânicas. 3.2.3 Agregado Graúdo O agregado graúdo foi classificado segundo a NBR 7211 (ABNT, 2009), como brita 1, com grãos que passam pela peneira com abertura de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de 4,75 mm. Utilizou-se como agregado graúdo brita 1, proveniente da cidade de Pouso Alegre - MG, caracterizada conforme procedimento recomendado pela NBR 7217 (ABNT, 2016), segundo Tabela 3.3. Tabela 3.3. Caracterização do agregado graúdo Peneiras (#mm) Peso (g) % Retida % Acumulada 19,0 50,07 2,00 2,00 12,7 9,5 4,8 Passante ult. peneira 1545,09 563,32 313,85 25,25 61,86 22,55 12,56 1,03 63,86 66,41 98,97 100 Total 2497,58 100 - Fonte: Autores 0 20 40 60 80 100 120 4,8 2,4 1,2 0,6 0,42 0,3 0,15 Fundo P o rc e n ta g e m Abertura de Peneira / mm % Retida % Acumulada 35 Baseado nos dados da Tabela 3.3, foi elaborado a curva granulométrica do agregado miúdo, conforme Gráfico 3.2. Gráfico 3.2. - Curva granulométrica do agregado graúdo Fonte: Autores 3.2.4 Água A água utilizada foi proveniente da rede pública de abastecimento de água do município de Pouso Alegre – MG, da Companhia de Saneamento de Minas Gerias, COPASA. 3.3 Produção e dosagem do Concreto Foram adotados para a fabricação do concreto procedimentos estabelecidos pela NBR 12655 (ABNT, 2015), para reparo, controle e aceitação do concreto. O traço do concreto moldado para 1 metro cúbico, foi dimensionado seguindo o método de dosagem da ABCP, segundo Gonzalez (1978), conforme Tabela 3.4. ,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 19 12,7 9,5 4,8 Fundo P o rc e n ta g e m Abertura de peneira / mm % Retida % Acumulada 36 Tabela 3.4. Traço do concreto para um m³ Materiais Quantidade Cimento (Kg) 408,16 Areia Média (Kg) 1033,04 Brita 1 (Kg) 711,16 Água (l) 200 Fonte: Autores Foi adotado um fck de projeto igual a 30 MPa, para determinação do traço do concreto a ser fabricado. Assim, com a finalidade de produção concreto para a execução das estruturas a serem ensaiadas, foi utilizada uma betoneira da marca GMEG, modelo MB-265P (1,0 HP – 4 polos), com frequência de 60 Hz e com tempo de mistura médio de 12 min. O concreto foi produzido conforme as seguintes etapas: imprimação e limpeza da betoneira; Adição dos agregados miúdos e graúdos, e mistura por 1 min; Adição do cimento e da metade da quantidade de água, mistura por 1 min; Acréscimo do restante da água e mistura por 5 minutos. 3.4 Caracterização das estruturas Para a inspeção e análise dos resultados foi considerada uma estrutura modelo e a fabricação de corpos de prova, no qual ambas as estruturas foram fabricadas com concretos de fck de 30 MPa. Os ensaios não destrutivos foram realizados em um bloco de concreto armado modelo e o ensaio destrutivo de análise da resistência a compressão foi realizado a partir dos corpos de prova, no qual ambos os materiais ensaiados foram confeccionados no laboratório de Tecnologia do Concreto. Assim, para a definição adequada dos parâmetros das estruturas ensaiadas, resistência característica (fck) e qualidadedo concreto, foi realizada a caracterização do bloco e dos corpos de prova. 3.4.1 Moldagem e fabricação do Bloco de Concreto Armado Para a confecção da estrutura foi utilizado o concreto fabricado no Laboratório de Tecnologia do Concreto, e para os ensaios de esclerometria e ultrassonografia foi empregado o bloco de concreto armado modelo de dimensões 100x40x30 cm, conforme Figura 3.1, moldado com a utilização de formas de madeira. 37 Figura 3.1 – Bloco estrutural modelo Fonte: Autores Todas as formas foram conferidas nas questões relacionadas a estanqueidade, dimensão e posição, no qual como material desmoldante foi utilizado óleo vegetal, sendo todos estes aspectos relacionados com a NBR 14931 (ABNT, 2004). Foi utilizada na confecção do bloco armaduras longitudinais de bitola igual a φ8,0 mm, com comprimento de 94 cm. Já as armaduras transversais, comumente denominado de estribos possuem uma bitola de φ5,0 mm, com comprimento de 136 cm e espaçados em 15 cm. Foi adotado um cobrimento de 2,5 cm, considerando uma agressividade ambiental moderada e pequeno risco de deterioração, classe II, conforme NBR 6118 (ABNT, 2014). Para evitar a evaporação da água necessária no processo de hidratação do cimento, o bloco estrutural foi submetido a um processo de cura por aspersão de água por um período de 7 dias, conforme NBR 14931 (ABNT, 2004). 3.4.2 Moldagem dos Corpos de Prova Para o ensaio de resistência a compressão foram moldados um total de 30 corpos de prova, caracterizando assim 15 exemplares, com dimensões de 10x20cm, com um tempo de espera de 28 dias, seguindo as especificações da NBR 5738 (ABNT,2008), Figura 3.2. 38 Figura 3.2 – Corpos de prova Fonte: Autores Para fabricação destes corpos de prova foram adotadas 3 camadas para a realização do adensamento, no qual foram efetuados 12 golpes para o adensamento manual do concreto, conforme os procedimentos recomendados pela NBR 5738 (ABNT, 2008) na Tabela 3.5. Tabela 3.5. – Número de camadas para moldagem dos corpos de prova Tipo de corpo de prova Dimensão básica (d) mm Número de camadas em função do tipo de adensamento Número de golpes para adensamento manual Mecânico Manual Cilíndrico 100 1 2 12 150 2 3 25 200 2 4 50 250 3 5 75 300 3 6 100 450 5 - - Prismático 100 1 1 75 150 1 2 75 250 2 3 200 450 3 - - Fonte: NBR 5738 (ABNT,2004) Os moldes de aço utilizados para confecção dos corpos de prova foram todos limpos e revestidos internamente com óleo vegetal. Após a moldagem dos corpos de prova cilíndricos, os mesmos foram armazenados em local livre de intempéries, onde a desmoldagem foi efetuada após o período de 24 horas. 39 Os 30 corpos de prova confeccionados passaram por um processo de cura, onde os mesmos foram imersos em um recipiente com água durante 28 dias, conforme NBR 5738 (ABNT, 2008). 3.5 Análise experimental por ensaio de resistência à compressão Os ensaios de resistência à compressão nos corpos de prova cilíndricos de 10x20 cm foram executados na Máquina Universal Contenco do Departamento de Engenharia Civil do IFSULDEMINAS – Campus Pouso Alegre - MG, com capacidade de carga de 100 toneladas e velocidade de ensaio de 4,0 mm/min, e realizados de acordo com a NBR 5739 (ABNT, 2003), Figura 3.3. Figura 3.3 – Máquina Universal Contenco Fonte: Autores Para determinação da resistência a compressão do exemplar, foram adotados os maiores valores entre os corpos de provas de cada um dos exemplares, onde os exemplares foram definidos de acordo com a ordem de retirada da betoneira, conforme recomendado pela NBR 12655 (ABNT, 2006). Para a realização do controle tecnológico do concreto, foram adotadas um número de amostras igual à 30, constituindo 15 exemplares. Assim, conforme estabelece a NBR 12655 (ABNT, 2006), para o lote com 15 exemplares, foi 40 determinado o valor estimado da resistência característica à compressão (fck, est), com idade de 28 dias, exemplares 6 ≤ n < 20, utilizando a Equação (1). 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡 = ( 2𝑥(𝑓1 + 𝑓2 + ⋯ + 𝑓𝑚 − 1) 𝑚 − 1 ) − 𝑓𝑚 (1) onde: 𝑛 = número de exemplares (despreza-se o valor mais alto, se for ímpar); 𝑚 = n/2; 𝑓1 + 𝑓2 + ⋯ + 𝑓𝑚 = os valores das resistências dos exemplares (em ordem crescente). 3.6 Análise experimental por ultrassonografia Para a elaboração deste ensaio, utilizou-se o equipamento da marca Proceq, modelo Pundit Lab+, com transdutores de 54kHz, diâmetro de 50mm. O ensaio foi realizado por meio de transmissão direta (posição dos transdutores), segundo recomendado pela NBR 8802 (ABNT, 2013), Figura 3.4. Figura 3.4 – Ensaio de Ultrassonografia Fonte: Autores 41 A calibração do equipamento foi realizada no local para cada série de leituras, o equipamento deve ser zerado regularmente usando o bloco de calibração, no qual o valor de calibração esperado 25,4 µs. Para realizar o ensaio, inicialmente foi feito o preparo dos transdutores e da superfície do bloco de concreto, fazendo-se assim a leitura em diferentes pontos do bloco de concreto armado, sempre utilizando a transmissão direta entre os transdutores. Foram realizadas leituras nos pontos demarcados para o ensaio, quando a estrutura completou 28 dias após a fabricação, e por meio deste ensaio, foram coletadas as velocidades do pulso ultrassônico nas regiões pré-determinadas, descartando os valores com discrepância de 10% da média aritmética inicial, sendo considerada a distância entre os dois transdutores igual a 30cm, Figura 3.5. Figura 3.5 – Pontos de ensaio para Ultrassonografia Fonte: Autores A pacometria foi utilizada para confirmação das regiões ideias para posicionamento dos transdutores da ultrassonografia (mínima influência das armaduras), para realização deste processo foi utilizado o pacômetro da marca Proceq, modelo Profoscope (+), Figura 3.6. 42 Figura 3.6 – Pacômetro Profoscope (+) Fonte: Autores Foi utilizada a Equação (2), para determinação do módulo de elasticidade dinâmico, conforme proposto por (CÁNOVAS, 1988). 𝐸𝑑 = 𝜌 ∗ 𝑉2 ∗ (1 + 𝑣𝑑) ∗ (1 − 2𝑣𝑑) 1 − 𝑣𝑑 (2) onde: 𝐸𝑑 = Módulo de elasticidade dinâmico (MPa); 𝑣𝑑 = Coeficiente dinâmico de Poisson; 𝜌 = Densidade (Kg/m³); 𝑉 = Velocidade de ultrassom (m/s). Segundo Cánovas (1988), por meio do módulo de elasticidade dinâmico é possível calcular a resistência do concreto, normais com módulo de deformação compreendidos entre 20 e 47 GPa, de acordo com a Equação (3). E a fim de determinar a resistência característica do concreto (fck), foi utilizada a Equação (1), conforme a NBR 12655 (ABNT, 2006). 𝑓𝑐 = 3,5 ∗ 10−9 ∗ 𝐸𝑑2 − 10−3 ∗ 𝐸𝑑 + 200 (3) 43 onde: 𝐸𝑑 = Módulo de elasticidade dinâmico (Kgf/cm²); 𝑓𝑐 = Resistencia compressão (Kgf/cm²). 3.7 Análise experimental por esclerometria Para realização da análise experimental por esclerometria, utilizou-se o esclerômetro Digi Schimidt, do tipo N, da marca Proceq, conforme Figura 3.7. Este esclerômetro possui energia de impacto igual a 2,207 J, de acordo com o fabricante e para a realização do ensaio seguiu-se as recomendações especificadas por meio da NBR 7584 (ABNT,2012). Figura 3.7 – Esclerômetro Digi Schimidt (Tipo N) Fonte: Autores Para realização do ensaio de esclerometria foi necessário efetuar a delimitação da região de ensaio, no qual para a demarcação da malha foram seguidos os limites e especificações conforme a norma NBR 7584 (ABNT, 2012), Tabela 3.6. Tabela 3.6. Especificações do ensaio de Esclerometria Elementos estruturais Pilas, viga e parede Superfície Seca, limpa e plana Área de ensaio 8.000 a 40.000 mm² Distância entre pontos Maior que 30 mm Número de medições 9 a 16 Distância entre pontos de medições e cantos e arestas da peça Maior que 50mm Fonte: NBR 7584 (ABNT, 2012) 44 A fim de iniciar o ensaio de esclerometria, foi realizada a preparação da área a ser ensaiada, onde a mesma foi polida e limpa, para permitir uma superfície plana e regular possível. Seguindo-se assim, as especificações da NBR 7584, foi determinada a região de ensaio, conforme Figura 3.8. Figura 3.8 - Estrutura modelo com as malhas para esclerometria Fonte: Autores A calibração do equipamento foi realizada de acordo com o procedimento indicado pelo fabricante. É importante ressaltar que foram demarcados 10 locais de impacto com um espaçamento mínimo de 30 mm de um local para o outro, construindo assim uma malha de ensaio, conforme a Figura 3.9 e 3.10. Figura 3.9 Modelo da malha lateral para esclerometria Fonte: Autores 45 Figura 3.10 - Modelo da malha superior para esclerometria Fonte: Autores Foram realizados 10 impactos para cada área de ensaio, e com os 10 valores do índice esclerométrico, foram descartados os valores com discrepância de 10% da média aritmética inicial, conforme a NBR 7584 (ABNT,2012). Com isso, calculou-se a média aritmética novamente e adotou-se o valor mediano como o índice esclerométrico (IE) que corresponde a uma única área de ensaio. As medições com esclerômetro foram realizadas após 28 dias da fabricação do bloco estrutural modelo. A pacometria foi utilizada para identificação das regiões ideias (mínima influência das armaduras). Para a realização do ensaio de pacometria, foi utilizado o pacômetro Profoscope (+), da marca Proceq. Para obtenção da resistência específica do concreto, o fabricante do equipamento fornece curvas e tabelas que correlacionam o índice esclerométrico com a resistência a compressão. A fim de determinar a resistência característica do concreto, seguindo a Equação (1), conforme a NBR 12655 (ABNT, 2006), foi utilizada a Equação (4), para determinar a resistência especifica a partir do índice esclerométrico, proposta por Sahuinco (2011). 𝑓𝑐 = 1,3577 ∗ 𝐼𝐸 − 26,465 (4) onde: 𝑓𝑐 = Resistência à compressão específica do concreto (MPa); 𝐼𝐸 = Índice esclerométrico. 46 3.8 Análise comparativa dos resultados A análise dos dados foi realizada mediante a comparação dos resultados obtidos para resistência a compressão pelos diferentes métodos avaliativos. A análise deu-se por meio de diversas etapas comparativas. Foram comparadas a resistência a compressão (fck) obtida mediante ao ensaio de esclerometria com a resistência característica do concreto dimensionada para a estrutura modelo (fck,proj). Também foram observados o erro absoluto e o erro relativo desta análise, obtidos por meio das Equações (5) e (6). 𝐸𝑎𝑏𝑠.𝑒 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑒| (5) 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑒 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑒| 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 (6) onde: 𝐸𝑎𝑏𝑠𝑒 𝑝 = Erro absoluto entre a resistência obtida pelo ensaio de esclerometria e o fck de projeto; 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑒 𝑝 = Erro relativo entre a resistência obtida pelo ensaio de esclerometria e o fck de projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗= Resistencia a compressão característica adotada em projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑒= Resistencia a compressão característica estimada por esclerometria. A resistência a compressão (fck) obtidas por meio do ensaio de ultrassonografia foi comparada com a resistência característica do concreto dimensionada para a estrutura modelo. Também foram observados o erro absoluto e o erro relativo desta análise, obtidos mediante as Equações (7) e (8). 𝐸𝑎𝑏𝑠.𝑢 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑢| (7) 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑢 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑢| 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 (8) 47 onde: 𝐸𝑎𝑏𝑠𝑢 𝑝 = Erro absoluto entre a resistência obtida pelo o ensaio de ultrassonografia e o fck de projeto; 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑢 𝑝 = Erro relativo entre a resistência obtida pelo ensaio de ultrassonografia e o fck de projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗= Resistencia a compressão característica adotada em projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑢= Resistencia a compressão característica estimada por ultrassonografia. Os resultados da resistência à compressão característica do concreto obtidos por meio do ensaio de compressão axial dos corpos de prova foram confrontados com o fck de projeto. Também foram observados o erro absoluto e o erro relativo desta análise, obtidos por meio das Equações (9) e (10). 𝐸𝑎𝑏𝑠.𝑐 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑐| (9) 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑐 𝑝 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑐| 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗 (10) onde: 𝐸𝑎𝑏𝑠𝑐 𝑝 = Erro absoluto entre a resistência obtida pelo o ensaio de compressão axial e o fck de projeto; 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑐 𝑝 = Erro relativo entre a resistência obtida pelo ensaio de compressão axial e o fck de projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑝𝑟𝑜𝑗= Resistencia a compressão característica adotada em projeto; 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑐= Resistencia a compressão característica estimada por rompimento axial dos corpos de prova. Também foi realizada a comparação entre os resultados obtidos para a resistência característica do concreto (fck) por meio dos ensaios não destrutivos e do ensaio de resistência à compressão axial, no qual foram verificados o erro absoluto e o erro relativo destas análises de acordo com as Equações (11) e (12). 48 𝐸𝑎𝑏𝑠.𝑗 𝑖 = |𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑖 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑗| (11) 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑗 𝑖 . = |𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑖 − 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑗| 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑖 (12) onde: 𝐸𝑎𝑏𝑠𝑗 𝑖= Erro absoluto entre a resistência obtida por ensaios não destrutivos e ensaio de compressão axial; 𝐸𝑟𝑒𝑙.𝑗 𝑖= Erro relativo entre a resistência obtida por ensaios não destrutivos e ensaio de compressão axial; 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑖= Resistencia a compressão característica por ensaio não destrutivo; 𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡𝑗= Resistencia a compressão característica estimada por rompimento axial de corpos de prova. Por meio destas etapas comparativas, também foram calculados o desvio padrão e o coeficiente de variação, conforme as Equações (13) e (14). 𝑆 = √∑ (𝑓𝑐𝑖 − 𝑓𝑐𝑚)2 𝑛 − 1 (13) onde: 𝑆 = Desvio padrão; 𝑓𝑐𝑖 = Resistência à compressão específica; 𝑓𝑐𝑚 = Resistência à compressão média; 𝑛 = Número de exemplares. 𝐶𝑉 = 𝑆 𝑓𝑐𝑚 (14) onde: 𝐶𝑉 = Coeficiente de variação; 49 𝑆 = Desvio padrão; 𝑓𝑐𝑚 = Resistência à compressão média. A validação dos dados comparativos entre a resistência mecânica e demais características observadas nas estruturas de concreto armado em estudo, foram expressas com auxílio de gráficos e tabelas confrontantes entre os resultados obtidos na análise laboratorial e experimental. A qualidade do concreto foi avaliada conforme critérios apresentados na Tabela 3.7, no qual pode-se obter a qualificação do concreto utilizado a partir da velocidade da propagação do pulso ultrassônico. Tabela 3.7. Critério de avaliação da qualidade do concreto Velocidade de propagação linear (m/s) Qualidade do concreto V > 4500 Excelente 3500 < V < 4500 Ótimo 3000 < V < 3500 Bom 2000 < V < 3000 Regular V < 2000 Ruim Fonte: Cánovas (1988) 50 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES São apresentados os resultados alcançados com cada tipo de ensaio, em seguida será realizado um estudo comparativo entre eles demonstrando as semelhanças ou dessemelhanças entre as resistências encontradas nos ensaios. 4.1 Análise experimental por ensaio de resistência à compressão Estão apresentados na Tabela 4.1, os resultados da resistência característica do concreto conseguidos por meio do ensaio de compressão axial dos corpos de prova. Tabela 4.1. Resultado dos ensaios à compressão axial Grupo Corpos de prova Amostras Resistência à compressão específica fc (MPa) Média (MPa) G1 CP1 27,2 27,5 27,375 G1 CP2 27,5 G1 CP3 28,3 28,3 G1 CP4 27,2 G1 CP5 19,7 26,9 G1 CP6 26,9 G1 CP7 22,2 26,8 G1 CP8 26,8G2 CP9 27,7 27,7 26,625 G2 CP10 25,9 G2 CP11 20,7 24,8 G2 CP12 24,8 G2 CP13 24,5 24,8 G2 CP14 24,8 G2 CP15 29,2 29,2 G2 CP16 26,5 G3 CP17 27,9 27,9 28,575 G3 CP18 27,3 G3 CP19 26,2 29,2 G3 CP20 29,2 G3 CP21 27,8 27,8 G3 CP22 24,1 G3 CP23 29,4 29,4 G3 CP24 27,3 G4 CP25 29,7 29,7 28,233 G4 CP26 26,9 G4 CP27 25,9 27,5 G4 CP28 27,5 G4 CP29 27,5 27,5 G4 CP30 26,9 Média 27,667 - Resistência à compressão caracteristica fck (MPa) 25,267 - Desvio padrão 1,468 - Coeficiente de variação 0,053 - Fonte: Autores 51 Considerando os corpos de prova ensaiados, pode-se concluir que a resistência a compressão característica dos 15 exemplares foi de 25,27 MPa. 4.2 Análise experimental por ultrassonografia Na Tabela 4.2 estão expressos os resultados alcançados mediante a análise da resistência a compressão característica do concreto (fck) por meio do ensaio de ultrassonografia. Os resultados do ensaio, mostrados na Tabela 4.2 indicam um coeficiente de variação de 1,6 % para obtenção da velocidade de ultrassom, Bungey e Millard (2006), admitem que o coeficiente de variação possa ser de até 2,5%. Analisando o ensaio como um todo, pode-se dizer que, na estimativa da resistência a compressão do concreto, se tem um coeficiente de variação de 6,14 %, onde Bungey e Millard (2006), admitem que possa ser determinada a resistência a compressão com um erro de até 20%. Considerando a análise do ensaio de ultrassonografia realizado, pode-se concluir que a resistência a compressão característica do bloco estrutural modelo foi de 27,06 MPa. Analisada a qualidade do concreto segundo critério de avaliação adotado, mostrado na Tabela 3.7, verifica-se que o concreto do bloco estrutural modelo pode ser considerado de ótima qualidade. 52 Tabela 4.2. Resultados do ensaio de ultrassom para cálculo do módulo de elasticidades e resistência à compressão do concreto Amostra Dist. entre E e R Velocidade de ultrassom Módulo de elasticidade calculada Resistência à compressão específica (cm) V (m/s) V (m/s) - Maj. V (km/s) Ed (MPa) Ed (kg/cm²) fc (kg/cm²) fc (MPa) A1 30 4005 4005,00 4,005 36090,06 368017,52 306,0116 30,01 A2 30 4038 4038,00 4,038 36687,25 374107,22 315,7395 30,96 A4 30 4065 4065,00 4,065 37179,51 379126,86 323,9533 31,77 A5 30 3927 3927,00 3,927 34697,99 353822,35 284,3435 27,88 A6 30 4127 4127,00 4,127 38322,29 390780,06 343,7016 33,71 A7 30 4054 4054,00 4,054 36978,56 377077,78 320,5790 31,44 A8 30 3937 3937,00 3,937 34874,93 355626,64 287,0194 28,15 A9 30 4127 4127,00 4,127 38322,29 390780,06 343,7016 33,71 A10 30 4005 4005,00 4,005 36090,06 368017,52 306,0116 30,01 A11 30 4071 4071,00 4,071 37289,34 380246,88 325,8100 31,95 A12 30 4049 4049,00 4,049 36887,40 376148,22 319,0580 31,29 Média - 4036,82 4036,82 4,04 36674,52 373977,37 315,99 30,99 Resistência à compressão característica fck (MPa) - - - - - - - 27,065 Desvio padrão - - 65,362 - 1184,467 - - 1,9031 Coeficiente de variação - - 0,016 - 0,032 - - 0,0614 Fonte: Autores 53 4.3 Análise experimental por esclerometria Na análise foram consideradas as zonas de estudo do bloco estrutural modelo conhecidas como 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Na Tabela 4.3 estão expressos os resultados alcançados mediante a análise da resistência a compressão característica do concreto (fck) por meio do ensaio de esclerometria. Tabela 4.3. Resultado dos ensaios esclerométricos Grupo Amostra Indice Esclerométrico Resistência à Compressão Esp. IE MPa G1 A1 35,00 21,05 G1 A2 33,00 18,34 G1 A3 32,50 17,66 G1 A4 31,00 15,62 G1 A5 32,50 17,66 G1 A6 32,00 16,98 G1 A7 35,00 21,05 G1 A8 35,00 21,05 G1 A10 34,00 19,70 G2 A11 34,50 20,38 G2 A12 33,00 18,34 G2 A13 33,00 18,34 G2 A17 32,50 17,66 G2 A20 34,00 19,70 G3 A21 38,00 25,13 G3 A25 33,50 19,02 G3 A27 34,00 19,70 G3 A29 35,00 21,05 G4 A31 33,50 19,02 G4 A33 33,00 18,34 G4 A35 37,00 23,77 G4 A37 34,00 19,70 G4 A38 37,00 23,77 G4 A40 38,00 25,13 G5 A41 34,50 20,38 G5 A43 36,00 22,41 G5 A46 33,00 18,34 G5 A48 32,50 17,66 Média 34,14 19,89 Resistência à compressão caracteristica - fck (MPa) - 16,15 Desvio padrão 1,7788 2,4150 Coeficiente de variação 0,0521 0,1214 Fonte: Autores 54 Avaliando-se o concreto da estrutura como um todo, a norma ASTM C805 (ASTM,2013) indica que se pode ter um desvio padrão de 2,5 na avaliação dos resultados para a obtenção da resistência a compressão do concreto, e neste ensaio obteve-se um desvio padrão de 2,41. A norma britânica BS 1881-202 (BSI,1986), indica que um concreto homogêneo e de boa qualidade deve apresentar coeficiente de variação no intervalo de 2,0% a 15%, e neste ensaio para a estimativa da resistência a compressão, o coeficiente de variação foi de 12,14 %, conforme Tabela 4.3. Considerando a análise do ensaio de esclerometria realizado, pode-se concluir que a resistência a compressão característica do bloco estrutural modelo foi de 16,15 MPa, Tabela 4.3. 4.4 Análise comparativa dos estudos realizados Na Tabela 4.4 são apresentadas as médias das grandezas obtidas dos ensaios de ultrassonografia e ensaio de compressão axial. Comparando os resultados entre os ensaios, tem-se que o valor da resistência a compressão dos ensaios de ultrassonografia 7,1% maior do que o ensaio de compressão axial, apresentando assim, uma discrepância de 1,8 MPa, conforme Tabela 4.4. Na Tabela 4.5 são apresentadas as médias das grandezas obtidas dos ensaios de ultrassonografia com os apresentados em projeto. Ultrassonografia (MPa) Ensaio Axial (MPa) 27,065 25,26666667 1,798333333 0,071174142 Fonte: Autores Resistência à Compressão (fck ) Erro Absoluto (MPa) Erro relativo (%) Tabela 4.4. Comparação entre os resultados de ultrassonografia com ensaio à compressão 55 Comparando os resultados entre obtidos, tem-se que o valor da resistência a compressão adotado em projeto é 9,7 % maior do que o obtido por ensaio de ultrassonografia, demonstrando uma diferença de 2,93 MPa, conforme Tabela 4.5. Na Tabela 4.6 são apresentadas as médias das grandezas obtidas dos ensaios de compressão axial com os apresentados em projeto. Comparando os resultados mostrados na Tabela 4.6, tem-se que o valor da resistência a compressão adotados em projeto é 15,7% maior do que o ensaio de compressão axial, apresentando assim, uma discrepância de 4,73 MPa, conforme Tabela 4.6. Na Tabela 4.7 são apresentadas as médias das grandezas obtidas dos ensaios de esclerometria e ultrassonografia. Comparando os resultados entre os ensaios, tem-se que o valor da resistência a compressão dos ensaios de ultrassonografia 40,3% maior do que o ensaio de esclerometria, apresentando assim, uma diferença de 10,91 MPa, conforme Tabela 4.7. Ultrassonografia (MPa) Fck Projeto (MPa) 27,065 30 2,935 0,097833333 Tabela 4.5. Comparação entre os resultados de Ultrassonografia com fck de projeto Resistência à Compressão (fck ) Erro Absoluto (MPa) Erro relativo (%) Fonte: Autores Ensaio Axial (MPa) Fck Projeto (MPa) 25,26666667 30 4,733333333 0,157777778 Fonte: Autores Tabela 4.6. Comparação entre os resultados de ensaio à compressão com fck de projeto Resistência à Compressão (fck ) Erro Absoluto (MPa) Erro relativo (%) Esclerometria (MPa) Ultrassonografia (MPa) 16,15 27,065 10,91386923 0,4032466 Resistência à Compressão (fck ) Erro Absoluto (MPa) Erro relativo (%) Fonte: Autores Tabela 4.7. Comparação entre os resultados de esclerometria com ultrassonografia 56 Na Tabela 4.8 são apresentadas as médias das grandezas obtidas dos ensaios de esclerometria e de compressão axial. Comparando os resultados entre os ensaios, tem-se que o valor da resistência a compressão dos ensaios de compressão
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