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1 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS PROBLEMA 5 – QUEM PEGOU MEU DINHEIRO? Maria, 72 anos, mora sozinha no interior desde que ficou viúva há 2 anos. Ficou 50 anos casada e depois da morte do esposo começou a ficar mais isolada, contudo, mantinha sempre contato com as filhas que moram na capital. Nos últimos meses, suas filhas notaram que a mãe parecia confusa durante as ligações, mas achavam inicialmente que era normal do envelhecimento, pois o idoso pode ter alterações devido ao envelhecimento cerebral. Em uma visita das filhas à casa da mãe, notaram que ela estava apática, com episódios de choro, perda de peso importante e insônia. Preocupadas com o quadro decidiram que a mãe não ficaria mais sozinha, vindo morar com uma delas pois poderia ser tristeza devido a viuvez. Maria trabalhou por 30 anos como empregada doméstica, tinha escolaridade de 4 anos, mas apresenta dificuldade para ler e escrever pois nunca gostou muito de leitura. Fumou por 20 anos cerca de 1 maço/dia e parou há 10 anos. A presenta rotina pobre, praticamente fica dentro de casa apenas realizando as atividades domesticas. Sedentária, hipertensa e obesa com história de infarto cerebral lacunar há 1 ano. As filhas notaram que a mãe repetia várias vezes ao dia o mesmo assunto. No início, achavam que era desatenção, mas o quadro foi progressivamente piorando. Descobriram que a mãe estava com várias contas em atraso e dívidas nas mercearias da região que morava. Com o tempo, ela começou a guardar roupa suja no guarda roupa e apresentar delírios de roubo. Era notável, que sempre ao fim do dia, Maria ficava agitada e gritava querendo voltar para sua casa no interior e a memória recente ficava cada vez pior, mas lembrava com detalhes da época da juventude. Decidiram então que a mãe precisava de um especialista, pois a condição de saúde dela não estava parecendo norma da idade e já estava afetando a todos. Os avanços técnicos possibilitam aumentar o número de anos que vivemos na faixa etária idosa, quando as doenças neurológicas são muito prevalentes. Por isso, o conhecimento do processo biológico do envelhecimento do sistema nervoso é fundamental. A diferença do tamanho do cérebro entre indivíduos adultos e idosos tem pequeno significado funcional. O volume do cérebro diminui em torno de 7 cm3 por ano após os 65 anos de idade, com maior perda nos lobos frontal e temporal e perda maior da substância branca do que da substância cinzenta. O fluxo cerebral diminui heterogeneamente de 5 a 20% com deterioração dos mecanismos que mantêm o fluxo sanguíneo cerebral com a flutuação da pressão arterial. O cérebro do adulto tem aproximadamente 86 bilhões de neurônios e 10 a 15 vezes o número de células gliais. Cada neurônio tem, em média, 10.000 conexões. A perda do volume cerebral é de 2 a 3% por década depois dos 50 anos e o peso diminui 8% comparado ao peso máximo quando adulto. A perda neuronal é mais evidente nos neurônios maiores no cerebelo e no córtex cerebral. Também pode haver perdas como no locus ceruleus – neurônios catecolaminérgicos –, na substância nigra – D O S I S T E M A N E R V O S O : Compreender as principais alterações fisiológicas do Sistema Nervoso Central no idoso Elucidar a fisiopatologia da depressão (conceito, epidemiologia, etiologia, fatores de risco, diagnóstico, quadro clínico - atípico, consequências) Evidenciar as principais características das síndromes demenciais mais prevalentes( vascular, mista, frontotemporal e LEWY) Conhecer a fisiopatologia da doença do Alzheimer (conceito, epidemiologia, etiologia, fatores de risco, critérios diagnósticos, quadro clínico, consequências) 2 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS neurônios dopaminérgicos – e no hipocampo – neurônios colinérgicos. No hipotálamo, na ponte e na medula a perda é mínima. Com o envelhecimento também se observa diminuição das sinapses. Essas modificações estão mais ligadas à apoptose do que a processos inflamatórios ou isquêmicos. Novos neurônios são formados ao longo da vida, entretanto, a perda é maior do que sua formação. Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais, denominado gliose, representa uma resposta compensatória protegendo a função neuronal e a plasticidade. O número de células da micróglia, pertencentes ao sistema imune, permanece sem mudanças. Há perda dos axônios e redução da mielina que cobre esses axônios levando a rarefação da substância branca periventricular denominada no exame de ressonância magnética de leucoaraiose. Estudos de imagem mais especializadas como na tomografia por emissão de pósitron (PET) podem mostrar alterações no metabolismo cerebral, associadas ao envelhecimento, como a diminuição do metabolismo da glicose nos lobos temporais e em outras áreas. Em algumas pessoas, o número de dendritos diminui, perdendo assim as sinapses, alterando a neurotransmissão, piorando a comunicação do sistema nervoso. Entretanto, em decorrência da plasticidade cerebral pode ocorrer aumento da densidade dos dendritos, assim como seu prolongamento, como uma reação de manutenção da função cerebral. Nos quadros demenciais a perda dendrítica é acentuada e progressiva, diminuindo a plasticidade e a dinâmica dos processos cerebrais. Enovelados neurofibrilares e placas senis são encontrados no envelhecimento normal, porém em menor extensão que na doença de Alzheimer. Além das modificações do sistema nervoso central, há também mudanças dos nervos periféricos e da musculatura. As células do corno anterior da medula diminuem. Ocorre redução da mielina nos nervos sensoriais. A consequência dessas mudanças inclui perda da sensação vibratória, do tato e da dor, assim como disfunção autonômica afetando a reatividade pupilar, a regulação da temperatura corporal e o controle vascular cardíaco e periférico. Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória recente. A acetilcolina diminui devido à diminuição dos neurônios colinérgicos e muscarínicos, reduzindo sua síntese e liberação. Também a dopamina e seus receptores no estriato e na substância nigra podem estar diminuídos e a sua administração como L-DOPA, em cérebros normais, pode levar a melhora do desempenho de algumas tarefas cognitivas. Na mesma célula pode coexistir o neurotransmissor e o peptídio que modulará a ação do neurotransmissor. O equilíbrio dessas ações é fundamental para a manutenção da função do sistema nervoso. O comprometimento das funções está ligado mais ao desequilíbrio desse processo do que à alteração de um neurotransmissor isoladamente. Além disso, cada neurotransmissor tem seu tempo de envelhecimento. Por isso, o desequilíbrio dessas substâncias ocorre anos antes da detecção clínica da doença. Além dos neurotransmissores, outras substâncias estão alteradas no sistema nervoso central (SNC). No cérebro há diminuição tanto da água extracelular quanto da intracelular; lentidão da síntese proteica; aumento na oxidação das proteínas e sua glicosilação, com aumento do acúmulo intraneural (emaranhados neurofibrilares); diminuição da síntese lipídica pela variação dos substratos lipídicos; alteração na membrana lipídica e na condução nervosa; alterações circulatórias relacionadas à aterosclerose; diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose. O cérebro, diferente da maioria dos outros órgãos, produz sua energia da oxidação anaeróbica da glicose. O fluxo sanguíneo e o consumo de oxigênio são iguais no adulto jovem e no idoso, na ausência de doenças. Entretanto, na presença de aterosclerose o fluxo sanguíneo é reduzido e o cérebro, para se proteger, extraimais oxigênio do sangue. Isquemia, hipoxia e hipoglicemia ativam os receptores glutamato induzindo toxicidade com consequente morte neuronal. A barreira hematencefálica protege, por meio do endotélio, a entrada de substâncias tóxicas do sangue no cérebro. Com o envelhecimento essa barreira torna-se permeável a muitas substâncias, podendo ser uma das causas de demência. 3 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS As memórias processual e semântica são bem conservadas com o avanço da idade. A habilidade de reconhecer objetos e faces, assim como a percepção visual, permanecem estáveis ao longo da vida. As memórias episódica e laborativa e a função executiva são as mais afetadas no envelhecimento. A velocidade de processamento e a função executiva diminuem com a idade, especialmente após os 70 anos. As capacidades de atenção e concentração diminuem a habilidade para desempenhar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. A capacidade de solucionar problemas e aprender informações novas diminui após os 30 anos. Já a fluência verbal fica comprometida após os 70 anos. Todo esse declínio pode levar a diminuição do desempenho nos testes cognitivos. Apesar de todas as alterações descritas, o sistema nervoso se mantém íntegro graças à sua plasticidade e à sua capacidade de compensar e reparar os danos ocorridos, sendo possível manter-se funcionalmente estável no meio social, no trabalho e em casa. O sistema nervoso participa, praticamente, de todas as funções orgânicas. Uma das mais importantes para a pessoa idosa é o controle da marcha e do equilíbrio. A instabilidade postural representa um dos gigantes da geriatria devido às suas complicações (ver Capítulo 94). Várias são as estruturas centrais e periféricas responsáveis por essa função de independência motora (Quadro 14.6). Com o avanço da idade a marcha se altera. Na maioria das vezes a mulher, tanto adulta jovem quanto idosa, tem um desempenho pior quando comparada ao homem. É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. Ao mudar de direção no caminho faz a volta com o corpo em bloco. A postura típica, mais rígida, como se estivesse em alerta para se defender de alguma queda, caracteriza-se pela base alargada, retificação da coluna cervical, um certo grau de cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos (Figura 14.1). Esse conjunto de fatores indica piora da estabilidade, podendo até nos fazer pensar em parkinsonismo. As alterações da marcha podem ajudar no diagnóstico clínico. A assimetria dos passos faz pensar em artrite ou hemiplegia; a falta de movimentos dos ombros em parkinsonismo; aumento da base em comprometimento do cerebelo; uma flexão mais acentuada do tronco pode revelar dificuldade de visão ou de propriocepção ou algum dano no sistema vestibular. Para vencer essas dificuldades o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande problema nos distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores. Nosso marca-passo circadiano localiza-se no hipotálamo acima do quiasma. O ciclo sono-vigília se modifica com o envelhecimento. Há a tendência de dormir mais cedo e acordar mais cedo. As queixas de insônia, sonolência diurna, despertares durante a noite e sono pouco reparador são frequentes. Isso ocorre porque existem dois tipos de sono: REM (rapid eye movement), quando acontecem os sonhos, e o não REM, que se subdivide em quatro estágios. No idoso, o sono REM praticamente não se altera. Já no sono não REM ocorre aumento dos estágios 1 e 2 (facilidade no despertar) e diminuição dos estágios 3 e 4 que são exatamente os dois períodos de sono mais profundo (Figura 14.2). Os períodos de apneia ocorrem no sono REM. São mais frequentes nos idosos, particularmente, no homem idoso e obeso. Durante uma noite, um homem de 24 anos faz, em média, cinco períodos de apneia, enquanto aos 74 anos chega a 50 vezes. Isso leva a um sono entrecortado, pois a pessoa acorda para restabelecer a respiração. Com a noite mal dormida ocorre sonolência durante o dia, mau humor, diminuição da memória, cefaleia e até depressão. Nesse período podem ser observadas arritmias cardíacas e hipertensão pulmonar. Apesar dos estudos não se tem a conclusão se essas alterações do sono, especialmente a hipoxia noturna, provocam efeitos adversos na função cerebral. Outra consequência da alteração da respiração durante o sono é a ocorrência do ronco. Os estudos estatísticos mostram que 60% dos homens e 45% das mulheres roncam frequentemente após os 60 anos. Outro distúrbio do sono observado é a síndrome das 4 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS pernas inquietas. É um desconforto sentido a cada 30 s durante uma grande parte da noite. Parece que corresponde a uma incoordenação entre a excitação e a inibição motora. A hipófise secreta melatonina, um hormônio derivado do neurotransmissor serotonina. Sua secreção é regulada pelo ritmo circadiano e ajuda na sincronia interna das funções orgânicas. Nos idosos ela está baixa. Não há trabalhos conclusivos quanto à reposição de melatonina para as pessoas idosas e nem seus efeitos colaterais. Admite-se que as partes do cérebro responsáveis pela memória envolvem o hipocampo, o tálamo, os córtex temporal, frontal e pré-frontal e o cerebelo. Não há dúvidas de que neurotransmissores, como a acetilcolina (ACh) e o glutamato, transmissor excitatório que atua no cérebro e na medula espinal, estejam envolvidos nos processos de memória e aprendizado. Tem-se atribuído ao glutamato acúmulo de radicais livres nos neurônios com consequente degeneração neuronal. O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório no cérebro. O equilíbrio entre o glutamato, excitatório, e o GABA, inibitório, é essencial para o funcionamento normal do SNC. Como podemos identificar um objeto, conhecido antes, pela visão, palpação, cheiro etc., estamos certos de que existem diferentes tipos de memória. É importante reconhecer as principais categorias nas quais as habilidades da memória são agrupadas (Quadro 14.7). A memória pode ser dividida, de acordo com o tempo que ela é guardada, em memória a curto prazo, longo prazo, memória prospectiva e memória remota. Também pode ser dividida de acordo com o tipo de material arquivado, memória visual, verbal, para fatos ou eventos ocorridos ou assistidos pela pessoa. Ainda pode ser vista de acordo com o processo envolvido na codificação do arquivamento, o próprio arquivo e a recuperação do arquivo. As memórias reflexa medular, sensorial e implícita pouco se alteram com o envelhecimento. Já a episódica começa a diminuir por volta dos 30 anos e declina, progressivamente, enquanto a semântica responsável pela recordação de nomes, palavras e memória espacial pode ser mantida por toda a vida. envelhecimento O sistema nervoso central (SNC) é o sistema biológico mais comprometido com o processo do envelhecimento, pois é o responsável pela vida de relação (sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros) e pela vida vegetativa (funções biológicas internas). Embora o SNC tenha evoluído filogeneticamente há milhões de anos, apenas recentemente o cérebro humano adquiriu, singularmente, propriedades anatômicas e moleculares altamente especializadas, prérequisitos para a aquisição de cognição. Infelizmente, esse novo atributo é lábil. É transitório no cérebro de cada indivíduo, e a sua perda é fundamental para o desequilíbrio da senescência. O comprometimento do SNC, quando ocorre, é preocupante, pelo fato de ser formado, em sua maioria, por unidades morfofuncionais pós-mitóticas sem possibilidade reprodutora. A expectativa de células nervosas recém-nascidas tem feito parte de pesquisas nos últimos 40 anos, visando à esperança deque os reparos fossem possíveis. Nas décadas de 1960 e 1970 demonstrou-se pela primeira vez que o SNC dos mamíferos conteria algumas propriedades regenerativas inatas, quando foi evidenciado que os axônios dos neurônios do cérebro ou da medula adultos poderiam crescer até certo ponto após sofrerem lesões. As células nervosas, os neurônios, e as células de apoio, as células gliais (astrócitos e oligodendrócitos), estão sujeitas a danos no decorrer do processo do envelhecimento por meio de fatores intrínsecos (genético, gênero, circulatório, metabólico, radicais livres etc.) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas, radiações etc.), que não deixam de exercer uma ação deletéria com o decorrer do tempo. Sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de maneira discreta no decorrer da vida de um indivíduo que envelhece, sem comprometer a sua vida de relação, suas atividades pessoais, gerenciais, executivas etc., e que podem ser considerados como envelhecimento saudável (senescência): apesar de existirem danos, a sua intensidade é muito menor. 5 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS As células nervosas, os neurônios, e as células de apoio, as células gliais (astrócitos e oligodendrócitos), estão sujeitas a danos no decorrer do processo do envelhecimento por meio de fatores intrínsecos (genético, gênero, circulatório, metabólico, radicais livres etc.) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas, radiações etc.), que não deixam de exercer uma ação deletéria com o decorrer do tempo. Sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de maneira discreta no decorrer da vida de um indivíduo que envelhece, sem comprometer a sua vida de relação, suas atividades pessoais, gerenciais, executivas etc., e que podem ser considerados como envelhecimento saudável (senescência): apesar de existirem danos, a sua intensidade é muito menor. O encéfalo pesa, no nascimento, 0,360 a 0,380 kg. De 1,040 a 1,120 kg aos 2 anos. E, dos 3 aos 21 anos, aumenta progressivamente de peso, até cerca de 1,350 kg, atingido na metade da segunda década de vida. A partir dessa etapa, inicia-se um declínio ponderal discreto e lentamente progressivo, em torno de 1,4 a 1,7% por década. Nas mulheres, o declínio é mais precoce que nos homens. Existe uma correlação entre altura – peso do corpo – e peso do cérebro, principalmente nas duas primeiras décadas de vida e, ainda, com pequena alteração positiva de aumento até os 45 anos. Acima desta idade o peso do cérebro diminui em relação ao peso corporal. Por outro lado, o volume cerebral, quando comparado com a caixa craniana, permanece constante até a meia-idade (60 anos), em torno de 93%. Na década dos 60 anos há um decréscimo discreto, que se acentua entre as décadas de 70 e 90 anos, quando pode chegar a 80%. Existem vários estudos, desde há muito tempo, mostrando um fenômeno constante e progressivo da produção calórica do organismo, em relação à sua superfície corporal – dos 70 aos 90 anos e mais, oscila de 18 a 29%, significando, nesta etapa, uma redução do peso corporal, da altura e do peso do encéfalo. A utilização do peso cerebral – obtido em necropsia – para avaliação do volume cerebral encontra limitações. Na fase terminal da vida pode haver congestão e edema cerebral e, também, a fixação em formol pode aumentar o peso em torno de 10%. Portanto, atualmente, as melhores análises seriam aquelas feitas por meio dos métodos complementares de diagnóstico – tomografia computadorizada e ressonância magnética. Alterações morfológicas da substância branca e corpo caloso resultam em perda de grandes e pequenos neurônios e/ou retração dos grandes neurônios corticais que são observados a partir dos 65 anos. Por outro lado, a preservação relativa de algumas partes da substância branca cerebral e do corpo caloso sugere que uma certa proporção de perda e/ou retração dos neurônios corticais está relacionada com os neurônios que não possuem prolongamentos na substância branca (neurônios de associação intracorticais). O RNA citoplasmático se reduz regularmente com a idade nos neurônios do córtex frontal, giro hipocampal, células piramidais do hipocampo e células de Purkinje do cerebelo, entre outros; associado à redução da substância de Nissl, mais o acúmulo de lipofuscina, resulta em atrofia neuronal simples ou pigmentar, observada em maior grau no córtex cerebral, principalmente nas células piramidais. Após diversos estudos, chegou-se à conclusão de que as alterações mais significativas que ocorrem no envelhecimento são: retração do corpo celular (pericário) dos grandes neurônios, aumento relativo da população dos pequenos neurônios e adelgaçamento da espessura cortical, contrapondo-se aos trabalhos das décadas de 1950-1960, que se relacionavam mais à perda celular. Os eventos do desenvolvimento embrionário são acompanhados por morte programada de células neuronais e refletem a transitoriedade premeditada de unidades biológicas dentro do organismo. Portanto, neurônios defeituosos e supérfluos são perdidos mesmo durante esse intervalo inicial de vida. Esse conceito tem validade, pois os neurônios não podem reproduzir- se; células oligodendrogliais não podem remielinizar-se e vasos sanguíneos cerebrais têm capacidade limitada para reparação estrutural. Mas o SNC humano tem um processo de reparação denominado plasticidade, que sugere que os neurônios maduros têm uma capacidade de desenvolver-se e formar novas sinapses. Daí a formação de novos circuitos sinápticos, significando a capacidade de aprender e adquirir novos conhecimentos, de lembrar novos fatos e a flexibilidade de desenvolver novas habilidades. 6 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Cérebro Atrofia Diminuição de peso a partir da 6ª década para as mulheres e 7ª década para os homens Diminuição de volume em até 200 cm Sulcos corticais Alargamento e aprofundamento. Hipotrofia mais acentuada nos lobos frontal e temporal, e menos intensa no occipital Córtex Redução do volume em cerca de 10% entre 40e86anos no córtex para- hipocampal; redução de 21,4 a36,8% entre 35 e 60 anos, no núcleo lentiforme, e 24,6% no núcleo caudado Redução da largura dos giros Substância branca Redução nas partes mais anteriores do corpo caloso(correspondendo ao sistema de fibras inter-hemisféricas frontais e temporais). Leucoaraiose é vista em tomografia cerebral, representando áreas de densidade diminuída na substânciabranca,muitofrequentesapósos70anos,sem uma correlação neuropatológica precisa, podendo estar relacionadas com hipoperfusão Ventrículos, cisternas e fissuras Alargamento e aumento do volume médio dos ventrículos de 16 mℓ, entre 18 e 40 anos, e de 56 mℓ acima de 61 anos Alargamento das cisternas basais e fissura Líquor Aumento Meninges Espessamento meníngeo Cerebelo Diminuição de peso Atrofiadas três camadas corticais e diminuição de células de Purkinje Nucleos da base Redução do número de neurônios do corpo estriado Tálamo Perda de neurônios do núcleo anterior Tronco encefálico Atrofia Nucleo facial Diminuição do número de neurônios do núcleo facial Nucleo coclear Diminuição do volume sem perda neuronal Neuróglia Aumento dos 26 aos 82 anos em vários núcleos e diminuição em outros Medula espinhal Perda de 15 a 20% de neurônios motores em camundongos Raízes dos nervos espinais Perda de fibra entre 20 e 60 anos Vasos cerebrais Ateromatose 7 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS O cérebro tem certas propriedades que podem diminuir essas mudanças adversas. Primeiro, a chamada redundância, isto é, existem muito mais células nervosas do que o necessário (o número de células realmente necessárias para determinadas funções é desconhecido),sendo assim, a extensão da redundância é difícil de ser estimada. Segundo, os mecanismos compensadores, que podem aparecer quando o cérebro for lesado, e são mais eficientes quanto mais altos forem os centros atingidos. Terceiro, a plasticidade, que ocorre quando já havia um reconhecimento prévio (rede de dendritos). Tanto os aspectos positivos quanto os negativos dessas mudanças são afetados por fatores externos, tais como ação de fármacos, por exemplo, à qual os idosos são particularmente sensíveis, principalmente aqueles já com algum dano cerebral. Até os 80 anos, a capacidade intelectual pode ser mantida em pessoas sem dano cerebral; até os 70 anos são mantidas as habilidades verbais, embora algumas alterações sutis possam ocorrer normalmente, incluindo dificuldade de aprendizagem e esquecimento banais. O número de células nervosas decresce com o envelhecimento normal. Em algumas áreas, a perda celular é mínima, enquanto em outras (p. ex., hipocampo), a perda é pronunciada. Em média, o peso do cérebro diminui gradualmente, em cerca de 10%, da segunda e terceira décadas até os 90 anos. As implicações clínicas dessa mudança são difíceis de avaliar, já que a perda de peso cerebral não está bem correlacionada com a inteligência. A demência pode ocorrer em pacientes que apresentem espaços ventriculares normais para sua idade. Outras mudanças que ocorrem no cérebro incluem: depósito de lipofuscina nas células nervosas, depósito amiloide nos vasos sanguíneos e células, aparecimento de placas senis e, menos frequentemente, emaranhados neurofibrilares. Embora as placas e emaranhados sejam característicos da doença de Alzheimer (DA), eles podem aparecer em cérebros de idosos sem evidência de demência. Após os 10 a 15 anos, o declínio do metabolismo da glicose é seguido por uma redução de cerca de 20% do tamanho médio das células nervosas do córtex cerebral. Esse declínio do metabolismo da glicose é, com certeza, o precursor das alterações morfológicas irreversíveis causadas pela perda de dendritos e sinapses. A consequência clínica de um turnover reduzido da glicose é a diminuição da adaptabilidade aos estímulos ambientais (definição de envelhecimento da OMS). O processo de envelhecimento tem demonstrado efeitos maiores da idade sobre a quantidade de variáveis clinicamente relevantes, como a visão, a audição, uma variedade de medidas cognitivas e comportamentais, a atividade do sistema nervoso simpático e, também, a tolerância à glicose, a pressão sanguínea sistólica, a função pulmonar, a função renal, a função imunológica e a densidade óssea. É importante entender esses efeitos do processo de envelhecimento como reflexos não patológicos do mesmo, mas eles servem, também, como substrato fisiológico para a influência da idade sobre a apresentação da doença, da resposta ao tratamento proposto e às complicações que se seguem. O declínio na maioria das variáveis que mudam com a idade é linear na oitava e nona décadas. Embora indivíduos saudáveis, a partir dos 80 anos, tenham acumulado mais alterações secundárias à idade, eles não perderão função a uma taxa mais rápida. A variabilidade no processo de envelhecimento humano de um indivíduo para outro é, também, substancial. O processo de envelhecimento não é uniforme para todas as áreas do organismo – ele pode estar acentuado em uma determinada área, ao contrário de outras, que estariam dentro de um padrão fisiológico. Isso pode acontecer dentro de um único órgão ou sistema. É o que foi denominado por Paget, já há muito tempo, como erros da cronometria da vida. A depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, um problema complexo cujas características principais são, por um lado, um estado de ânimo irritável e, por outro, falta de motivação e diminuição do comportamento instrumental adaptativo. É marcada também, por alterações do apetite, do sono, da atividade motora, cansaço, especialmente matutino, baixo conceito de si mesmo, baixa autoestima, sentimento de culpa, dificuldades para pensar ou se concentrar, indecisão, ideias de morte e/ou de suicídio e tentativas de suicídio. As perturbações depressivas são caracterizadas por tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou de autoestima baixa, perturbações do sono ou do apetite, sensação de cansaço e baixo nível de concentração. A depressão pode ser 8 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS duradoura ou recorrente, prejudicando substancialmente a capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho ou na escola ou lidar com a vida diária. Na sua forma mais grave, a depressão pode levar ao suicídio. Em 2020, a depressão estará atrás apenas das doenças cardiovasculares como causa de incapacidade global, sendo um dos principais problemas de saúde pública em pessoas idosas. A prevalência da depressão maior é estimada em 1 a 2% em idosos na comunidade e 10 a 12% na atenção primária. Porém, mesmo na ausência de depressão maior conforme definida pelos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5 a ed.; DSM-5), até 27% dos idosos experimentam sintomas depressivos substanciais que podem ser aliviados com a intervenção. Em idosos institucionalizados, as taxas de depressão maior são muito mais altas: 12% para idosos hospitalizados e 43% para idosos permanentemente institucionalizados. O World Health Organization Primary Care Study relatou que 60% dos pacientes da atenção primária tratados com medicamentos antidepressivos ainda preenchem critérios para a depressão um ano depois, com taxas de eficácia semelhantes para os antidepressivos em pacientes idosos comparados com aqueles com menos de 60 anos. Porém, a depressão costuma não ser notada ou recebe manejo inadequado em idosos, algumas vezes devido à crença de que a depressão é um processo inevitável do envelhecimento ou porque o tratamento pode ser arriscado ou inefetivo. Na verdade, há várias razões pelas quais o tratamento ideal da depressão na população geriátrica pode ser diferente daquele de pessoas mais jovens. Taxas maiores de comorbidades físicas e cognitivas em idosos, circunstâncias sociais diferentes, maior potencial para a polifarmácia e suscetibilidade farmacodinâmica e farmacocinética relacionada à idade sugerem que essa população deve ser considerada de forma separada. As mulheres têm o dobro de chance de experimentar depressão maior em comparação com os homens. Outros fatores de risco incluem episódios prévios ou história familiar de depressão, falta de apoio social, uso de álcool ou outras substâncias e perda recente de um ente querido. Várias condições clínicas também estão associadas com risco aumentado de depressão, incluindo doença de Parkinson, infarto do miocárdio recente e acidente vascular encefálico (AVE). Essas condições compartilham ameaças comuns à falta de controle do corpo e da mente, aumentando a dependência dos outros e o isolamento social. A depressão está associada com um pior autocuidado e recuperação mais lenta após doenças clínicas agudas. Ela pode acelerar o declínio cognitivo e físico, levando a um maior uso e custo dos serviços de saúde. Entre os idosos com depressão que sofreram AVE, os esforços de reabilitação são menos efetivos e as taxas de mortalidade são significativamente mais altas. As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto amplo de componentes onde atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. A identificação do início e das condições específicas em que surge um quadro depressivo constitui fator de extrema importânciapara o diagnóstico etiológico da depressão e das comorbidades, para o tratamento e prognóstico. Assim, o paciente idoso, cuja depressão tenha tido início em épocas remotas de sua vida e se prolongado na velhice, tende a apresentar componente genético significativo. Por outro lado, naquele cuja depressão tenha iniciado após os 65 anos, a interferência genética tende a ser menos intensa e os fenômenos neurobiológicos tendem a ser mais importantes. Obviamente, não se pode excluir a ação de componentes de natureza psíquica que se acumulam ao longo da vida. Determinados fatores neurobiológicos podem conduzir à depressão de início tardio por aumentarem o risco e a vulnerabilidade do idoso à depressão, tais como alterações neuroendócrinas (redução da resposta ao hormônio estimulador da tireóide), alterações de neurotransmissores (redução da atividade serotoninérgica e noradrenérgica), alterações vasculares e processos de degeneração de circuitos corticais e subcorticais responsáveis pelo processamento e elaboração da vida afetiva e emocional. A produção diminuída de serotonina pelos Núcleos da Rafe e a diminuição dos receptores 9 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS para estes neurotransmissores representam fatores de vulnerabilidade à depressão no idoso. Depressão maior A depressão major no idoso encontra-se geralmente associada a alterações cognitivas e corporais. Estas últimas incluem, hipercortisolemia, aumento da gordura abdominal, diminuição da densidade mineral óssea e aumento do risco de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial. Idosos sem demência e com depressão major, frequentemente evidenciam dificuldade de concentração, de processamento mental e da execução de funções. Estes défices apresentam alguma melhoria após a remissão da depressão mas geralmente, não melhoram por completo. Depressão menor Nos idosos encontra-se associada a alteração funcional e, cerca de 25% dos pacientes desenvolvem depressão major num período de dois anos, podendo também desenvolver ideação suicida [10] . Em pacientes muito idosos poderá surgir um período de três anos antes do surgimento de depressão major Distimia É um quadro depressivo mais leve e mais arrastado. O diagnóstico é firmado na presença de humor depressivo por pelo menos dois anos, associado a 3 ou 4 dos sintomas típicos. Depressão psicótica Trata-se de um dos tipos mais graves de depressão e que ocorre mais frequentemente em idosos. A depressão psicótica apresenta frequentes recaídas, podendo estar presentes delírios somáticos, paranóides e persecutórios. As alucinações são raras e tendem a ser transitórias. Os pacientes afectados apresentam, geralmente, um quadro de início subagudo, história médica prévia e familiar de depressão e disfunção da memória [11] . Alguns pacientes com depressão psicótica têm alterações cognitivas importantes que contribuem para o desenvolvimento de alterações do humor, uma condição a que se deu o nome de pseudodemência [1]. Este termo foi substituído por síndrome demencial da depressão uma vez que os défices cognitivos eram reais. Estes pacientes apresentam um risco mais elevado de conversão irreversível para uma síndrome demencial, como no caso da doença de Alzheimer. Depressão de inicio tardio Quando a depressão se manifesta pela primeira vez após os 60 anos, é denominada “depressão de início tardio”. Este é o subtipo mais comum em idosos e pode apresentar características bastante diferentes. Os estudos desenvolvidos no âmbito da neuropsiquiatria estão a contribuir para um melhor entendimento da depressão. Alterações verificadas ao nível da amígdala, hipocampo e do circuito subcortical frontal, mais especificamente circuitos estriado-pálido-tálamo-corticais, quer devido a neurodegeneração ou a doença cérebrovascular, encontram-se na base de alguns tipos de depressão no idoso. A doença cérebrovascular subclínica também pode condicionar a susceptibilidade prévia para a expressão da depressão. Outros achados como atrofia cerebral, lesões isquémicas periventriculares e da substância branca subcortical estarão também envolvidos nesta patologia. Comprometimento dos Núcleos da Base, particularmente do Núcleo Caudado e do Tálamo, tem sido associado com depressão de início tardio (Greenwald et al., 1996; Greenwald et al., 1998). Hipofrontalidade, constatada por neuroimagem funcional, como o SPECT cerebral (Single Photon Emission Computerized Tomography), demonstrando a redução da atividade cortical pré-frontal, também tem sido correlacionada com depressão de início tardio. Na depressão com sintomas psicóticos (delírios e alucinações), os recursos de neuroimagem estrutural e funcional podem ser aplicados. Kim et al. (1999) desenvolveram estudo comparativo de volumetria de diversas estruturas cerebrais, com a utilização de ressonância magnética, entre dois grupos - 19 idosos com depressão acompanhada de sintomas psicóticos (delírios) e 26 idosos com depressão, porém, sem sintomas psicóticos. Eles constataram volumes significativamente menores nas regiões corticais préfrontais no grupo de pacientes deprimidos com delírios. No idoso, a depressão com sintomas psicóticos, ansiedade, irritabilidade e instabilidade emocional tendem a predizer o surgimento de 10 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS distúrbios de comportamento, principalmente, agressividade e agitação psicomotora. O isolamento, dificuldades nas relações pessoais, problemas de comunicação e conflitos com a família ou com outras pessoas podem contribuir ou desencadear a depressão. As dificuldades econômicas e outros fatores de estresse da vida diária têm igualmente um efeito importante. A quantidade e qualidade do apoio que a pessoa recebe de suas relações pessoais podem dar um maior suporte. Por outro lado, a ausência de uma relação estreita e de confiança, combinada com outros fatores, como a violência intrafamiliar, aumentam o risco de depressão. É importante a investigação do consumo de bebidas alcoólicas na população idosa, apesar do seu impacto ser reduzido se comparado com as pessoas mais jovens. O uso abusivo do álcool pode mascarar os sintomas depressivos, agravando a depressão. Existe ainda o risco de uma interação do álcool com outras substâncias que podem acentuar a depressão ou gerar outros efeitos nocivos. Especial atenção deve ser dada as seguintes situações, que favorecem o desenvolvimento do quadro depressivo: Antecedentes depressivos prévios. Doença incapacitante, sobretudo se há deterioração funcional implicando numa mudança brusca e rápida. Doença dolorosa (neoplasia, doença osteoarticular deformante). Abandono e/ou maus tratos. Institucionalização. Morte de cônjuge, familiar ou amigo próximo. Uso de medicamentos como os benzodiazepínicos, betabloqueadores, metildopa, reserpina, clonidina, cinarizina, flunarizina, digoxina e esteróides. Situações que, quando associadas, sugerem um perfil suicida na pessoa idosa: Sexo masculino. Viver só. Doença depressiva severa. Insônia persistente. Inquietude psicomotora importante. Doença médica severa, dolorosa, incapacitante. Perda recente do cônjuge. Institucionalizado ou dependente de cuidados de longa duração. Etilista. Ter sentimentos de culpa excessiva A equipe da Atenção Básica/Saúde da Família deve dar atenção especial aos idosos, que além do quadro de depressão apresentam as seguintes situações que podem agravar o quadro de depressão: Sintomas psicóticos como alucinações. Uso de álcool. Risco ou tentativa de suicídio. Repercussão grave sobre uma doença somática associada. Não responde às doses habituais de um fármaco no tempo esperado. Transtorno de personalidade. Ausência de apoio social. Efeitos secundários queimpedem a continuação do uso do medicamento. A pessoa não aceita o diagnóstico e por isso não adere às recomendações terapêuticas Presença de pluripatologias psiquiátrica. A depressão maior é definida como humor deprimido ou perda de interesse em quase todas as atividades (anedonia) ou ambos por pelo menos duas semanas, acompanhados por um mínimo de 3 ou 4 dos seguintes sintomas (de um total de pelo menos cinco sintomas): insônia ou hipersonia, sentimentos de desvalia ou de culpa excessiva, fadiga ou falta de energia, capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se, alteração substancial em apetite ou peso, agitação ou retardo psicomotor e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. A intensidade da depressão varia e é importante na determinação do tratamento ideal e do prognóstico. A depressão leve é marcada por nenhum ou por poucos sintomas além do número mínimo necessário para preencher os critérios diagnósticos definidos antes, sendo acompanhada por mínimo prejuízo funcional. A depressão moderada inclui um maior número e intensidade de sintomas 11 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS depressivos com moderado prejuízo funcional. Os pacientes com depressão grave experimentam marcada intensidade e sintomas depressivos difusos com prejuízo funcional significativo. Os pacientes com sintomas depressivos menos intensos que não preenchem critérios para a depressão maior também podem se beneficiar da psicoterapia e da farmacoterapia. Em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser acompanhada por queixas somáticas, hipocondria, baixa auto-estima, sentimentos de inutilidade, humor disfórico, tendência autodepreciativa, alteração do sono e do apetite, ideação paranóide e pensamento recorrente de suicídio. Cabe lembrar que nos pacientes idosos deprimidos o risco de suicídio é duas vezes maior do que nos não deprimido. Os sintomas (Tabela 1), em geral, estão associados à presença de doenças físicas ou ao uso de medicamentos. Os sintomas da depressão podem variar em função dos indivíduos e podem ser causados por várias outras doenças, geralmente, coexistentes. Desta forma, no momento da consulta ou acolhimento da pessoa idosa, o profissional de saúde deve estar atento para alguns sinais e sintomas que sugerem depressão, como: Fadiga matutina. Retardo psicomotor. Redução da afetividade. Intranqüilidade ou nervosismo. Ansiedade. Alteração do ciclo sono-vigília. Alteração do apetite (habitualmente com anorexia). Múltiplas queixas somáticas mal sistematizadas. Falta de interesse nas coisas que antes lhe agradavam. Queixas acentuadas de anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e de distúrbio cognitivo. Distúrbios do comportamento e da conduta. Etilismo de início recente. Os sintomas da depressão podem variar em função dos indivíduos e podem ser causados por várias outras doenças, geralmente, coexistentes. Desta forma, no momento da consulta ou acolhimento da pessoa idosa, o profissional de saúde deve estar atento para alguns sinais e sintomas que sugerem depressão, como: • Fadiga matutina. • Retardo psicomotor. • Redução da afetividade. • Intranqüilidade ou nervosismo. • Ansiedade. • Alteração do ciclo sono-vigília. • Alteração do apetite (habitualmente com anorexia). • Múltiplas queixas somáticas mal sistematizadas. • Falta de interesse nas coisas que antes lhe agradavam. • Queixas acentuadas de anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e de distúrbio cognitivo. • Distúrbios do comportamento e da conduta. • Etilismo de início recente. 12 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS O diagnóstico da depressão passa por várias etapas: anamnese detalhada, com o paciente e com familiares ou cuidadores, exame psiquiátrico minucioso, exame clínico geral, avaliação neurológica, identificação de efeitos adversos de medicamentos, exames laboratoriais e de neuroimagem. Estes são procedimentos preciosos para o diagnóstico da depressão, intervenção psicofarmacológica e prognóstico, especialmente em função da maior prevalência de comorbidades e do maior risco de morte. No diagnóstico de depressão geriátrica é importante ter em conta vários aspectos como a presença de doenças médicas concomitantes e efeitos laterais da medicação, como foi visto anteriormente, mas também o facto de estes pacientes poderem apresentar mais dificuldades de comunicação, apresentarem um maior número de queixas somáticas e niilismo terapêutico [2, 14] . Na colheita da história clínica, os pacientes devem ser questionados sobre história de consumo de drogas ilícitas, álcool, suplementos vitamínicos ou uso de produtos naturais. A dor é uma das queixas mais comuns nos pacientes com depressão, surgindo tipicamente de forma exagerada e envolvendo múltiplos sistemas (gastrointestinal, neurológico, musculo-esquelético). Não poderá ser esquecida a história social do paciente uma vez que poderá ser vital para o diagnóstico, visto que a existência de perdas pessoais (cônjuge, amigos, animais de estimação) podem precipitar um episódio depressivo. Por fim, estudos recentes revelam que dos pacientes idosos que cometeram suicídio, 20% tinham sido consultados no mesmo dia pelo seu médico assistente e 40% tinham falado com o seu médico há uma semana. Deste modo, torna-se importante colocar perguntas do tipo, “Tem tido pensamentos de autodestruição ou para terminar com a sua vida?”, “Tem algum plano para cometer suicídio?”, “Tem acesso a armas ou objectos para cometer suicídio?”, “Tem alguém que lhe dê suporte ou que o acompanhe, neste momento?”, “Tem história familiar de suicídio?”. O exame físico deverá ser o mais completo possível e deverá incluir exame rectal com pesquisa de sangue oculto nas fezes e um exame do estado mental, nomeadamente inferindo a função cognitiva e o humor. Os exames laboratoriais devem incluir pesquisa dos níveis de FSH, estudo bioquímico (electrólitos, glicose em jejum, níveis de vitamina B12 e folatos) e, quando indicados, estudos radiográficos e electrocardiograma [2] . A colheita de uma história clínica e exame físico cuidados são pois, essenciais no diagnóstico da depressão no idoso porque permitem fazer exclusão de causas fisiológicas e farmacológicas dos sintomas depressivos. 9 A utilização de instrumentos de screening aumenta a confiança ao fazer o diagnóstico de depressão [15] . Dado que os sintomas depressivos que ocorrem nos idosos são consideravelmente diferentes daqueles verificados em classes mais jovens, utiliza-se a escala de depressão geriátrica (GDS) (Tabela VI) que é o melhor instrumento validado para uso nesta população. Contudo a sua utilização encontra-se limitada em pacientes com défices cognitivos. Outras escalas utilizadas são a Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) e a Escala de Cornell para a Depressão na Demência (CSDD) [14, 15] . Estes instrumentos não são diagnósticos, apenas sugerem a presença ou ausência de indicadores de suspeição quando comparados com populações consideradas normais. O diagnóstico de depressão em idosos pode ser difícil em razão da presença de múltiplas comorbidades. Muitos pacientes com déficits cognitivos leves podem ter sintomas predominantemente depressivos. Com o tratamento efetivo da depressão, seu desempenho cognitivo muitas vezes melhora; porém, seu risco de desenvolver demência é praticamente o dobro do risco de idosos não deprimidos. O luto costuma se manifestar com humor deprimido, o qual pode ser adequado em razão da perda recente do paciente. Porém, se os sintomas depressivos persistirem, haverá necessidade de avaliação adicional. Os idosos que experimentam delirium causado por uma doença clínica subjacente podem ter alterações de humor. Outras comorbidades psiquiátricas também devem serconsideradas, como transtornos de ansiedade, transtornos de abuso de substâncias ou transtornos de personalidade. Os pacientes com transtorno bipolar ou com transtornos psicóticos podem apresentar humor deprimido; assim, é importante questionar os pacientes sobre episódios maníacos prévios, alucinações ou delírios. A depressão também pode ser confundida com outros problemas clínicos. Fadiga e perda ponderal, por exemplo, podem estar associadas com diabetes melito, doença da tireoide, câncer subjacente ou anemia. Os pacientes com doença de Parkinson podem apresentar primeiramente humor deprimido ou afeto embotado. Os distúrbios do sono resultantes de dor, noctúria ou apneia do sono também podem causar fadiga diurna e humor deprimido. 13 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Uma história clínica e um exame físico completos, incluindo a avaliação do estado cognitivo, são fundamentais na avaliação da depressão em idosos. Como a depressão é um diagnóstico clínico, não estão indicados exames laboratoriais de rotina. Os exames devem ser ajustados a cada paciente com base nas comorbidades subjacentes e sintomas de apresentação. Uma revisão completa dos medicamentos, prescritos e sem prescrição, é fundamental. Medicamentos como benzodiazepínicos, analgésicos opioides, glicocorticoides, interferon e reserpina podem causar sintomas depressivos. Diferentemente de crenças prévias, não foi comprovado que os β-bloqueadores causem depressão. O rastreamento para o uso ou a dependência de álcool e outras substâncias é outra parte importante da história clínica. O uso de substâncias pode interferir com a adesão ao tratamento e contribuir para altas taxas de recaída, embora o abuso ativo de substâncias não deva impedir o tratamento da depressão. Para os pacientes que tentam tratar a dependência, o ideal pode ser a inclusão em programas de “diagnóstico duplo” (dependência de álcool ou outras substâncias e transtornos psiquiátricos). A depressão costuma ser uma doença crônica ou recidivante e remitente. Uma gravidade maior da depressão, a persistência de sintomas e um maior número de episódios prévios são os melhores preditores da recorrência. O risco vitalício de suicídio em pacientes com depressão maior é de 7% em homens e 1% em mulheres. O aparecimento de transtornos depressivos em idosos tem sido considerado um fator de risco para o desenvolvimento posterior de processo demencial. Alguns estudos sugerem que 50% dos pacientes com depressão evoluem para quadro demencial num período de cinco anos (Rasking, 1998). A comorbidade de depressão e demência contribui para o comprometimento de suas capacidades funcionais. A depressão pode conduzir a alterações das funções cognitivas temporariamente, muitas vezes dificultando o diagnóstico diferencial entre este quadro e demência. Por outro lado, em muitos pacientes, o início de um processo demencial do tipo Alzheimer apresenta-se com sintomas depressivos. Além disso, há associação entre sintomas depressivos e comprometimento das funções cognitivas em idosos, com ou sem demência. Queixas de memória são comuns em pacientes deprimidos, sugerindo, tradicionalmente, o aparecimento do termo “pseudodemência depressiva”. De acordo com Stoppe Jr e Louzã Neto (1999), a relação recíproca entre depressão e demência manifesta-se da seguinte maneira: a) Depressão na demência: os sintomas depressivos constituem parte integrante do processo demencial; b) Demência com depressão: coexistência de ambos os fenômenos, sendo que os sintomas depressivos instalam-se em um quadro demencial preexistente; c) Depressão com comprometimento cognitivo: a depressão evolui com dificuldades cognitivas, particularmente, de concentração e de memória recente; d) Demência na depressão: onde o comprometimento cognitivo resulta do processo depressivo (“pseudodemência depressiva”). A demência é uma síndrome clínica decorrente de doença ou disfunção cerebral, de natureza crônica e progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas, incluindo memória, atenção e aprendizado, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, linguagem e julgamento. O comprometimento das funções cognitivas é comumente acompanhado, e ocasionalmente precedido, por deterioração do controle emocional, comportamento social ou motivação. A demência produz um declínio apreciável no funcionamento intelectual que interfere com as atividades diárias, como higiene pessoal, vestimenta, alimentação, atividades fisiológicas e de toalete. Entre as pessoas idosas, a demência faz parte do grupo 14 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS das mais importantes doenças que acarretam declínio funcional progressivo e perda gradual da autonomia e da independência. A incidência e a prevalência das demências aumentam exponencialmente com a idade. DEMÊNCIA Início abrupto, geralmente, após um episódio vascular, com deterioração em degraus (alguma recuperação depois da piora) e flutuação do déficit cognitivo (dias de melhor e pior performance). Apresenta sinais focais, de acordo com a região cerebral acometida. Em geral, o diagnóstico baseia-se na presença de evidências clínicas ou radiográficas de doença cerebrovascular em um paciente com demência. Uma demência com início súbito após um acidente vascular encefálico (AVE), ou um início gradual, mais do que contínuo, apoia o diagnóstico no contexto de AVEs e achados neurológicos focais ao exame. No entanto, como uma porcentagem considerável de pacientes apresenta doença vascular subcortical, a evolução pode parecer ser mais gradual. Além disso, muitos pacientes apresentam demência mista, DA e DV, e subitamente uma doença não vascular, leve e progressiva, pode ser desmascarada em decorrência de um AVE. A fisiopatologia no comprometimento cognitivo vascular (CCV), termo bastante utilizado atualmente, envolve alterações em vasos cerebrais pequenos, acometendo a substância branca cerebral, chamada de leucoaraiose, assim como infartos pequenos estratégicos ou extensos, e lesões subcorticais extensas, com comprometimento de redes neurais. Os sintomas são bastante variáveis, dependendo do território vascular afetado, e a velocidade de progressão também varia entre os acometidos. Nos infartos subcorticais predominam alterações de funções executivas, podendo também estar presentes alterações de memória, linguagem, praxias, entre outros, como alucinações, delírios, alterações da marcha e esfincterianas Os distúrbios de memória na DV costumam ser menos graves do que na DA. Os pacientes com DV têm memória prejudicada, mas tendem a ter um melhor reconhecimento e se beneficiam de sinalização, diferente dos pacientes com DA. No exame neuropsiquiátrico formal podem ser encontrados déficits “desiguais”, muitas vezes com dificuldades em tarefas aceleradas e em testes da função executiva. Assim como na DA, sintomas psicológicos e comportamentais são comuns. A depressão pode ser mais grave em pacientes com DV. DEMÊNCIA Atualmente, o termo demência mista refere-se a uma situação bastante comum na prática clínica: um paciente que apresenta história e exame físico compatíveis com DA, mas que, no entanto, apresenta lesões vasculares significativas em exame de neuroimagem estrutural, que podem estar contribuindo para o quadro cognitivo. Esse indivíduo também não preenche critérios para serem enquadrados no diagnóstico de DV. Estudo mencionado anteriormente (Herrera et al., 2002; Nitrini et al., 2004; Vale; Miranda, 2002; Silva; Damasceno, 2002) mostram que a prevalência desse tipo de demência varia de 1,9 a 14,5%, assumindo taxas mais expressivas em idades mais avançadas, especialmente após os 80 anos. Sua fisiopatologia conta tanto com aspectos relacionados às alterações do metabolismo presentesna DA quanto com déficits que ocorrem na DV, como descrito anteriormente. Em casos individuais, no entanto, é praticamente impossível avaliar a parcela efetiva de contribuição de cada um desses dois processos patológicos para o quadro clínico final. O quadro clínico da demência mista apresenta componentes das duas enfermidades descritas anteriormente. Caracteriza-se frequentemente por história clínica típica da DA, porém com lesões significativas no estudo de neuroimagem estrutural; sendo assim, não preenche critérios clínicos para nenhuma das duas doenças exclusivamente. DEMÊNCIA O termo “DFT” foi introduzido na literatura médica científica em 1994 por um grupo de pesquisadores suecos e ingleses, referindo-se à síndrome clínica caracterizada por alterações progressivas do comportamento associadas à atrofia dos lobos frontais e das porções anteriores dos lobos temporais (The Lund and Manchester Groups, 1994). O termo substitui outras nomenclaturas anteriormente empregadas, como “degeneração do lobo frontal do tipo não Alzheimer” e “demência do tipo frontal”, além de incluir sob sua rubrica o conceito de doença de Pick. Esse último aspecto se deve ao fato de que o fenótipo neuropatológico da doença de Pick – forma de 15 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS demência descrita por Arnold Pick em 1892 – é, na realidade, encontrado em apenas uma minoria dos casos de demência degenerativa, com atrofia de estruturas frontais e temporais anteriores, que são submetidas a exame anatomopatológico. DFT é o termo utilizado para caracterizar a síndrome clínica, e o termo degeneração lobar frontotemporal (DLFT) refere-se à classificação neuropatológica. A DLFT abrange um espectro de fenótipos patológicos (Cairns et al., 2007). As características neuropatológicas da DFTvc são a perda neuronal cortical, mais intensa nos lobos frontais e nas porções anteriores dos lobos temporais. Na APPnf, há envolvimento predominante da região frontoinsular posterior à esquerda, enquanto, na APPvs, há acometimento de regiões temporais anteriores, principalmente à esquerda (Gorno-Tempini et al., 2011). Gliose e microvacuolização superficial, principalmente nas camadas II e III das áreas corticais descritas, lesão axonal e corpos de inclusão também são observados em todos os subtipos. de início é 50 anos). Estima-se que a DFT seja responsável por cerca de 25% das demências pré-senis. Existe uma variante comportamental (antes conhecida como doença de Pick), e uma variante da linguagem, que inclui afasia primária progressiva e demência semântica. A variante comportamental da DFT (vcDFT) é caracterizada por alterações precoces na personalidade e no comportamento, com preservação relativa da memória, sendo com frequência diagnosticada erroneamente como transtorno psiquiátrico. No entanto, alguns sintomas são altamente específicos para vcDFT (p. ex., 97 a 100% apresentam hiperoralidade, alterações precoces na personalidade e no comportamento, perda precoce da consciência social [desinibição], comportamentos compulsivos ou repetitivos, redução progressiva na fala [precocemente], enquanto as habilidades visuoespaciais são poupadas), podendo ser confiavelmente distinguida da DA. A hiperoralidade pode ser manifestada por alterações acentuadas na preferência alimentar (alimentos tipo fast food e carboidratos) ou, simplesmente, excessos alimentares. Outro aspecto interessante é que alguns pacientes com DFT desenvolvem talentos artísticos, sem ter tido qualquer interesse prévio. Testes cognitivos em pacientes com DFT podem revelar pontuações normais no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) no início da doença. Testes neuropsiquiátricos mais formais revelam déficits em tarefas do sistema frontal, como fluência verbal, abstração e funcionamento executivo, e esses déficits são observados mais cedo do que em um paciente típico com DA. Em contraste com os pacientes com DA, os pacientes com DFT tendem a apresentar habilidades visuoespaciais preservadas e memória relativamente conservada, sobretudo a memória de reconhecimento. DEMÊNCIA A DCL é uma síndrome neuropsiquiátrica degenerativa primária, caracterizada clinicamente por sintomas cognitivos, motores, psiquiátricos e autônomos (McKeith et al., 2004). A DCL está incluída no grupo das chamadas sinucleinopatias, do qual fazem parte a doença de Parkinson (DP) idiopática sem e com demência, a atrofia de múltiplos sistemas, a neurodegeneração associada à pantotenatoquinase (previamente denominada síndrome de Hallervorden-Spatz) e a distrofia neuroaxonal. Todas essas doenças têm em comum a agregação anormal de uma proteína sináptica denominada sinucleína. Os achados neuropatológicos na DCL incluem algumas das alterações também encontradas em outras doenças neurodegenerativas, como a DA e a DP. Placas neuríticas são observadas em áreas neocorticais; em alguns casos, a densidade dessas lesões é suficiente para preencher critérios de diagnóstico anatomopatológico de DA. Os emaranhados neurofibrilares, por sua vez, são de ocorrência menos frequente e menos intensa (McKeith et al., 2004). O aspecto patológico mais marcante na DCL é a presença dos corpos de Lewy. Os corpos de Lewy (CL) foram originalmente descritos na DP. Na DCL, estão presentes em núcleos subcorticais e também em regiões corticais, sendo denominados como clássicos e corticais, respectivamente. Em núcleos subcorticais do tronco encefálico, essas lesões apresentam a morfologia clássica, caracterizada pela presença de inclusões neuronais intracitoplasmáticas únicas ou múltiplas, de formato esférico (Perry et al., 1990). Nos neurônios do córtex cerebral, por sua vez, os CLsão menores e com diferentes formatos. A DCL é a segunda forma mais comum de demência depois da DA, afetando 20 a 30% dos pacientes com demência. As principais características da DCL são parkinsonismo, flutuação do déficit cognitivo e alucinações visuais. A presença de uma dessas características sugere possível DCL, e a presença de duas a três características sugere provável DCL. Distúrbio do sono REM 16 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS (movimentos oculares rápidos) e grave sensibilidade a antipsicóticos são sugestivos de DCL, enquanto insuficiência autonômica, síncope e depressão são características adicionais. Esses sintomas devem ocorrer na ausência de outros fatores que possam explicá-los. Em pacientes com DCL, o parkinsonismo costuma se apresentar mais tarde ou simultaneamente com o início da demência. Isso difere da demência relacionada com a doença de Parkinson (DP), que em geral ocorre mais tarde na doença. Na DCL, o parkinsonismo se manifesta primariamente com rigidez e bradicinesia; o tremor é menos comum (< 10 a 25% dos pacientes em grandes séries). O desenvolvimento do parkinsonismo em estágios finais de uma demência não é específico para DCL, porque muitos pacientes com DA avançada também desenvolvem aumento do tônus, bradicinesia e tremor. Assim como a DA, a DCL tem início insidioso e é progressiva, embora classicamente tenha uma qualidade flutuante diuturna. A flutuação pode ser observada no nível de alerta, funcionamento cognitivo e estado funcional. Na fase inicial, os déficits de memória e linguagem são menos proeminentes do que na DA. As habilidades visuoespaciais, a velocidade de resolução de problemas e a velocidade de processamento, por sua vez, estão significativamente mais comprometidas do que na DA no mesmo estágio. Alucinações visuais ocorrem em 60 a 85% dos pacientes com DCL confirmada em necropsia, em comparação com 11 a 28% dos pacientes com DA confirmada por necropsia. As alucinações são classicamente muito vívidas e com frequência envolvem animais, pessoas ou objetos místicos. Ao contrário da psicose verdadeira,muitos dos pacientes com DCL são capazes de distinguir as alucinações da realidade e, inicialmente, não chegam a ser perturbados por elas. Aconselha- se prudência no uso de medicamentos antipsicóticos, pois os pacientes com DCL são especialmente sensíveis a neurolépticos, podendo ocorrer uma piora dramática dos sintomas extrapiramidais. Os neurolépticos não devem ser administrados como um teste diagnóstico, pois foram relatados óbitos em pacientes com DCL. A Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta por deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Diante dessa concepção mais abrangente, a DA passou a ser considerada uma doença neurodegenerativa progressiva, heterogênea nos seus aspectos etiológico, clínico e neuropatológico. A DA faz parte do grupo das mais importantes doenças comuns aos idosos que acarretam declínio funcional progressivo e perda gradual da autonomia, que, por decorrência, ocasionam, nos indivíduos por elas afetados, uma dependência total de outras pessoas. Na DA, esse processo se evidencia a partir da deterioração das funções cognitivas, do comprometimento para desempenhar atividades de vida diária e da ocorrência de uma variedade de distúrbios de comportamento e de sintomas neuropsiquiátricos. Estudos de prevalência sugerem que no ano 2000 o número de pessoas com DA nos Estados Unidos era de 4,5 milhões. A porcentagem de indivíduos com DA duplica aproximadamente em cada 5 anos de idade a partir dos 60 anos, representando 1% aos 60 anos e em torno de 30% aos 85 anos(1). Sem avanços no tratamento, a previsão do número de casos sintomáticos nos EUA é aumentar para 13,2 milhões em 2050(2), sendo estimado um alto custo para o cuidado dos pacientes. As taxas de incidência de DA têm mostrado grande variabilidade, desde 3,2 por 1.000 pessoas-ano na Índia a 25,2 em Indianópolis nos EUA(4, 5). No Brasil, três estudos investigaram as prevalência e incidência desta doença, utilizando amostras de idosos de base comunitária e critérios diagnósticos atuais(6-8). A prevalência de demência na população com mais dos 65 anos foi de 7,1%, sendo que a DA foi responsável por 55% dos casos(6). A taxa de incidência foi 7,7 por 1.000 pessoas-ano no estudo de São Paulo(7) e 14,8 por 1.000 pessoas-ano no estudo do Rio Grande do Sul(8). Considerando a prevalência de demência no Brasil e a população de idosos de aproximadamente 15 milhões de pessoas, a estimativa para demência é de 1,1 milhão. A etiologia de DA permanece indefinida, embora progresso considerável tenha sido alcançado na compreensão de seus mecanismos bioquímicos e genéticos. É sabido que o fragmento 17 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS de 42 aminoácidos da proteína precursora B-amiloide tem alta relevância na patogênese das placas senis e que a maioria das formas familiais da doença é associada à superprodução desta proteína(10, 11). Algumas proteínas que compõem os enovelados neurofibrilares, mais especialmente a proteína tau hiperfosforilada e a ubiquitina, foram identificadas, mas a relação entre a formação das placas, a formação do enovelado neurofibrilar e a lesão celular permanece incerta(10). Sabe-se que o alelo e(4) do gene da apolipoproteína E (ApoE) é cerca de 3 vezes mais frequente nas pessoas com DA do que nos sujeitoscontrole pareados por idade e que pessoas homozigotas para o gene apresentam maior risco para a doença do que as não homozigotas. Entretanto, a especificidade e a sensibilidade do teste da E ApoE(4) são muito baixas para permitir seu uso como teste de rastreamento na população geral(12). O ritmo da investigação nesta área é rápido, e é provável que as direções destas pesquisas levem a tratamentos mais efetivos no futuro. A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de demência da Doença de Alzheimer (DA). Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos. As mulheres parecem ter risco maior para o desenvolvimento da doença, mas talvez isso aconteça pelo fato de elas viverem mais do que os homens. Os familiares de pacientes com DA têm risco maior de desenvolver essa doença no futuro, comparados com indivíduos sem parentes com Alzheimer. No entanto, isso não quer dizer que a doença seja hereditária. Embora a doença não seja considerada hereditária, há casos, principalmente quando a doença tem início antes dos 65 anos, em que a herança genética é importante. Esses casos correspondem a 10% dos pacientes com Doença de Alzheimer. Pessoas com histórico de complexa atividade intelectual e alta escolaridade tendem a desenvolver os sintomas da doença em um estágio mais avançado da atrofia cerebral, pois é necessária uma maior perda de neurônios para que os sintomas de demência comecem a aparecer. Por isso, uma maneira de retardar o processo da doença é a estimulação cognitiva constante e diversificada ao longo da vida. Outros fatores importantes referem-se ao estilo de vida. São considerados fatores de risco: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo. Esses fatores relacionados aos hábitos são considerados modificáveis. Alguns estudos apontam que se eles forem controlados podem retardar o aparecimento da doença. A DA se instala, em geral, de modo insidioso e se desenvolve lenta e continuamente por vários anos. As alterações neuropatológicas e bioquímicas da DA podem ser divididas em duas áreas gerais: mudanças estruturais e alterações nos neurotransmissores ou sistemas neurotransmissores. As mudanças estruturais incluem os enovelados neurofibrilares, as placas neuríticas e as alterações do metabolismo amiloide, bem como as perdas sinápticas e a morte neuronal. As alterações nos sistemas neurotransmissores estão ligadas às mudanças estruturais (patológicas) que ocorrem de forma desordenada na doença. Alguns neurotransmissores são significativamente afetados ou relativamente afetados indicando um padrão de degeneração de sistemas. Porém sistemas neurotransmissores podem estar afetados em algumas áreas cerebrais, mas não em outras, como no caso da perda do sistema colinérgico corticobasal e da ausência de efeito sobre o sistema colinérgico do tronco cerebral. Efeitos similares são observados no sistema noradrenérgico. Os principais aspectos relacionados com a doença de Alzheimer são os emaranhados neurofibrilares (conjunto de neurônios não funcionais), as placas senis (depósitos de proteína β-amilóide) e a perda de neurônios acetilcolinérgicos, que causam distúrbios neurodegenerativos dos neurônios do córtex cerebral (SELMELTZER et al., 2008 e ROYDEN, 2006). Os emaranhados neurofibrilares que se originam nas células, são formados pela proteína tau associada aos microtúbulos (GOLDMAN e AUSIELLO, 2009), sendo que a função dessa proteína é manter a estrutura do citoesqueleto através da estabilização dos microtúbulos (FILHO e NETTO, 2006). No Alzheimer a tau agrega-se pela hiperfosforilação, formando filamentos helicoidais pareados e retorcidos que são os emaranhados neurofibrilares (ROYDEN, 2006 e ROWLAND, 2007). As placas senis se originam pelo acúmulo excessivo de proteína βamilóide no cérebro. O β-amilóide se acumula no extracelular por muitos anos, por esse pequeno 18 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS fragmento de proteína acumulada ser tóxico pode causar a morte celular, formando placas difusas e essas placas difusas formam as placas senis (FILHO e NETTO, 2006; ROYDEN, 2006). As placas senis contêm outras substâncias, um núcleo central de βamilóide com proteínas e restos celulares. As placas senis também são difusas e atinge o hipocampo, a substância cinzenta neocorticale subcortical (Royden, 2006). As células que se comunicam através dos neurotransmissores de acetilcolina são as mais afetadas. Segundo as conclusões bioquímicas, ocorre a redução da enzima ativa que sintetiza acetilcolina. Resultando numa perda de neurônios colinérgicos, nos pacientes de Alzheimer é o receptor colinérgico muscarínico. O diagnóstico da DA é de exclusão. O rastreamento inicial deve incluir avaliação de depressão e exames de laboratório com ênfase especial na função da tireoide e níveis séricos de vitamina B12. O diagnóstico de DA no paciente que apresenta problemas de memória é baseado na identificação das modificações cognitivas específicas, como descrito nos critérios do National Institute of Neurologic and Communicative Disorders and Stroke and the Alzheimer Disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA)(20) (Quadro 1). Exames físico e neurológico cuidadosos acompanhados de avaliação do estado mental para identificar os deficits de memória, de linguagem e visoespaciais devem ser realizados. Outros sintomas cognitivos e não cognitivos são fundamentais na avaliação do paciente com suspeita de demência. 19 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS A tríade clássica dos achados na DA é o comprometimento da memória, manifestado pela dificuldade de aprendizagem e recordação da informação (principalmente de novas informações), problemas visuoespaciais e comprometimento da linguagem que, em combinação, são graves o suficiente para interferir com o funcionamento social ou ocupacional. Classicamente, pacientes com DA têm pouca ou nenhuma noção de seus déficits, o que pode ser o resultado do comprometimento de sua função executiva (planejamento, noção e julgamento). No início da evolução da doença, os pacientes com DA mantêm seu funcionamento social e a capacidade de realizar tarefas familiares aprendidas, mas muitas vezes têm dificuldades com tarefas mais complexas, como administrar um talão de cheques ou tomar decisões complexas. Como os sintomas são insidiosos e os membros da família muitas vezes interpretam a perda da memória de curto prazo como algo normal para a idade, podem se passar muitos anos antes que o paciente receba atendimento médico. A desorientação é comum em pacientes com DA e costuma começar com desorientação em relação ao tempo, espaço e, por fim, em relação à pessoa. Os pacientes desenvolvem um distúrbio de linguagem progressivo, que começa sutilmente como uma afasia anômica e, finalmente, progride para afasia fluente e, então, para o mutismo nos estágios finais da doença. Os pacientes têm dificuldade com tarefas visuoespaciais e podem ter propensão a se perder, mesmo em ambientes familiares. A doença é lentamente progressiva e os pacientes apresentam um declínio contínuo na sua capacidade de permanecer independentes. Alterações comportamentais são comuns na DA, bem como em todos os subtipos de demência, e nenhum sintoma neuropsiquiátrico ou perturbação comportamental é patognomônico. Alterações iniciais podem se manifestar por meio de apatia e irritabilidade (≤ 70% dos pacientes) e depressão (30 a 50% dos pacientes). A agitação se torna mais comum à medida que a doença progride e pode ser notada principalmente em relação a questões de higiene e vestuário. Os sintomas psicóticos, como delírios, alucinações e paranoia, também são comuns, afetando até 50% dos pacientes com estágios moderados a avançados da doença. 00 os sintomas da doença são frequentemente acompanhados por distúrbios comportamentais como agressividade, alucinações, hiperatividade, irritabilidade e depressão. Além desses sintomas, a apatia, a lentificação da marcha ou do discurso, a dificuldade de concentração, perda de peso, a insônia e a agitação também podem ocorrer. Para Abreu, Forlenza e Barros (2005), o óbito acontece após 15 anos de evolução, devido a complicações clínicas ou quadros infecciosos. SegundoD’Alencar, Santos e Pinto (2010), as famílias também se encontram em uma situação difícil. Muitas vezes, por desinformação e ausência de condições materiais, os familiares ficam abalados e confusos, têm dificuldades em cuidar, perdem a paciência e reagem de forma negativa ao diagnóstico. Machado (2006, p. 278) afirma que “a Doença de Alzheimer pode gerar desagregação e desestruturação das relações pessoais, financeiras e emocionais, daí ser considerada uma doença familiar e social”. Diante disso, faz-se necessário, também, o cuidado com a família, visto que a ausência familiar acaba interferindo na qualidade do tratamento dispensado ao portador da doença. Neste contexto está inserida a Doença de Alzheimer como uma forma de demência que afeta o idoso e compromete sua 20 GERIATRIA | TUTORIA | MED UNIT P3 | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS integridade física, mental e social, acarretando uma situação de dependência total com cuidados cada vez mais complexos, quase sempre realizados no próprio domicílio (Valim, Damasceno, Abi-acl, Garcia & Fava, 2010). É uma doença degenerativa e progressiva, geradora de múltiplas demandas e altos custos financeiros, fazendo com que isso represente um novo desafio para o poder público, instituições e profissionais de saúde, tanto em nível nacional, quanto mundial (Luzardo et al., 2006). É uma doença progressiva e variável, podendo ser caracterizada em estágios degenerativos classificados em: leve, moderado e severo, mesmo considerando as diferenças individuais que possam existir (Luzardo et al., 2006; Ximenes, 2014). O estágio leve tem duração de dois a três anos, com sintomas vagos e difusos, em que há perda de memória episódica e grande dificuldade de aprendizagem de novos eventos (Gallucci, Tamelini, & Forlenza, 2005). Nos estágios intermediários, com duração de dois a dez anos, ocorre progressivamente uma afasia fluente (alteração ou perda da capacidade de falar ou de compreender a linguagem falada e/ou escrita), agnosia (dificuldade na nomeação de objetos e na forma de expressar ideias e palavras), apraxia (incapacidade de executar movimentos voluntários coordenados, embora as funções musculares e sensoriais estejam conservadas) e anomia (dificuldade em nomear objetos). Sintomas extrapiramidais podem ocorrer como: alterações na postura, aumento no tônus muscular, comprometimento da marcha e desequilíbrio (Almeida, 1997; Araújo & Nicoli, 2010; Ximenes, 2014). Nos estágios terminais, de oito a doze anos, todas as funções cerebrais estão amplamente afetadas, verificando-se alterações marcantes no ciclo sono-vigília, alterações comportamentais, irritabilidade, agressividade, sintomas psicóticos, incapacidade para deambular, falar, e realizar cuidados pessoais. Com a progressiva deterioração da memória e da execução das atividades de vida diária (AVDs), a DA se insere entre os quadros progressivos irreversíveis, podendo ainda aparecer sinais e sintomas neurológicos grosseiros, como hemiparesia espástica, rigidez importante e a deterioração corporal que é surpreendentemente rápida, ainda que o apetite esteja preservado. Enfim, a DA é caracterizada por prejuízos de funções neuropsiquiátricas e cognitivas superiores com manifestações de alterações de comportamento e de personalidade, interferindo nas habilidades do indivíduo em desempenhar suas atividades normais do dia a dia e, somente nos estágios finais da doença, ele se torna apático, apresentando sua função motora inteiramente prejudicada
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