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ALVES, Rubem. O que é Religião? São Paulo: Edições Loyola, 2006. 136 p. Resenhado por: Ana Júlia Prudente Barbosa1 Rubem Azevedo Alves é um psicanalista, doutor em filosofia, bacharel em teologia, cronista, educador, teólogo, escritor e pastor presbiteriano nascido em 15 de setembro de 1933, na cidade mineira de Dores da Boa Esperança. O escritor tem desde contos infantis até livros teológicos, “Variações sobre a vida e a morte” (teologia); “O patinho que não aprendeu a voar” (infantil); e “Transparências da Eternidade” que recebeu o prêmio Eric Hoffer Awards são apenas algumas de suas obras. Falecido em 2014 por causas naturais, foi cremado e suas cinzas espalhadas sob um ipê-amarelo. Enriquecida com o pensamento de Marx, Durkheim, Feuërbach e Freud, a presente obra “O que é Religião?” está dividida em oito capítulo que falam sobre o sagrado, cultura, natureza e homem, faz uma análise entre fatos sociológicos e o fenômeno religioso que partem desde a antiguidade até os dias atuais. Rubem Alves aborda também a religião do ponto de vista filosófico e psicológico, e como ela age na vida das pessoas. O livro começa falando sobre como a descrença em Deus e na religião era tratada como uma doença nos séculos passados, os próprios descrentes viam-se como defeituosos, muitos eram torturados e mortos cruelmente para que não contaminassem os puros e crentes com suas heresias. Com o avançar da ciência e da tecnológica o mundo passou a ser construído longe de Deus e do sagrado, antes venerado. O autor compara o animal ser humano e os demais animais. Diferente dos outros animais, ao nascer o corpo do humano não determina quem ele será, seus ideais, valores e gostos serão construídos com o passar dos anos sem qualquer determinação corpórea. Rubem relata como a cultura mexe com a vida das pessoas. Questiona-se de onde vem e como essa tal cultura colabora no aspecto religioso, afinal de contas as simbologias, altares, amuletos, capelas, canções, celebrações, comidas e até mesmo perfumes são peças culturais e de certo modo religiosas também. “Não existe religião alguma a que seja falsa. Todas elas respondem, de formas diferentes a condições dadas da existência humana. ” (DURKHEIM, 1894 apud ALVES, 1 Acadêmica de Direito 2°C da Faculdade Católica Dom Orione 2006, p. 15). Essa fala de Durkheim é muito sábia, a religião é um fato, e é por isso que não se deve julgá-la como falsa ou verdadeira. Já no capítulo “As flores sobre as correntes” têm-se os saudosos Durkheim e Marx. Nesse cenário de pensamentos Marx destaca uma visão materialista, onde o homem se desprende dos símbolos do sagrado, passa a construir uma sociedade utópica que valoriza mais o material do que o espiritual. Por sua vez, Durkheim investigava a religião, em especial a religião em sociedade, afinal, ela era o centro da mesma. Em “A voz do desejo” terá principalmente o embate entre os pensamentos de Freud e Feuërbach, um diz que a religião nasce no inconsciente como um desejo, sendo que esse desejo deve ser reprimido, o outro alega que a religião faz com que a vida seja mais suave e esperançosa, como um sonho que nasce no coração humano. Por mais que na Idade Média a devoção ao sagrado fosse mais presente não quer dizer que hoje ela não exista. A religião está mais viva que nunca, a diferença é que agora Deus tem vários nomes, doutrinas e fiéis. E como indicação e meio de conhecer diferentes religiões e deuses, “A História de Deus com Morgan Freeman”, é uma obra encontrada num dos maiores serviços midiáticos de transmissão do mundo, a norte-americana Netflix, os que gostaram do livro de Rubem Alves, “O que é Religião?”, provavelmente se agradarão desta indicação estrelada pelo ilustre Morgan Freeman. A presente obra de Rubem Alves é clara, concisa e pertinente. De real importância para todos, em especial os que querem entender um pouco mais sobre as muitas religiões no mundo atual, bem como aqueles que estudem quaisquer disciplinas escolares ou de ensino superior, como no curso de Direito, Ciências Sociais ou Filosofia, por exemplo, ou demais que lidem com a ciência da religião, sociedade, tolerância e afins. Em relação à estrutura física da obra, nota-se alguns erros, como repetições de palavras, mas nada que afete o entendimento de seu conteúdo. Alves foi muito cuidadoso em todas as temáticas, e com falas de outros pensadores enriqueceu seu livro ainda mais. Referências ALVES, Rubem. O que é Religião? São Paulo: Edições Loyola, 2006.
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