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Aula 1 - O FENÔMENO E A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

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21/03/2021 T001
https://sites.google.com/ulbra.br/G000001GS002/t001 1/19
O FENÔMENO E A 
EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
Prof. Thomas Heimann
 
https://sites.google.com/ulbra.br/g000001gs002/t001?authuser=0
21/03/2021 T001
https://sites.google.com/ulbra.br/G000001GS002/t001 2/19
Nesta unidade temática, você vai aprender
A compreender o fenômeno religioso, reconhecendo sua presença nas mais diversas áreas da
cultura humana, em uma perspectiva da integralidade do ser;
A analisar os principais elementos constitutivos de religiões e manifestações religiosas do
mundo e da realidade brasileira;
A avaliar a influência das diferentes religiões no estabelecimento de relações sociais, políticas,
econômicas e culturais.
 
https://sites.google.com/ulbra.br/g000001gs002/t001?authuser=0
21/03/2021 T001
https://sites.google.com/ulbra.br/G000001GS002/t001 3/19
 
https://sites.google.com/ulbra.br/g000001gs002/t001?authuser=0
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https://sites.google.com/ulbra.br/G000001GS002/t001 4/19
Introdução
O estudo de uma disciplina com o nome de Cultura Religiosa pode causar certa estranheza a alguns
universitários. A pergunta que surge é: afinal, a religião, um assunto de foro tão íntimo e pessoal,
pode ser objeto de estudo científico e acadêmico? Qual a relevância ou aplicabilidade disso para
uma formação acadêmica e profissional, em um mundo cada vez mais tecnicista, racional e
agnóstico, que se torna, a cada dia, mais indiferente ao campo religioso?
Do ponto de vista científico, não importa se todos os alunos da disciplina sejam completos ateus,
agnósticos ou até mesmo críticos da religião, vendo-a como um pensamento primitivo, uma
prática supersticiosa ou até um entrave ao avanço da ciência. O fato é que, independentemente da
nossa atitude pessoal frente às crenças religiosas, o fenômeno religioso é um dos principais
fundamentos da sociedade, estando presente em diferentes representações culturais dos
diferentes povos e civilizações, desde os tempos mais remotos da humanidade.
A estrutura deste capítulo passa pela definição de conceitos básicos no campo da religião, pela
demonstração concreta de sua presença nas diferentes representações culturais, pela
dialogicidade com outros campos do conhecimento humano e também por algumas reflexões
acerca da experiência religiosa.
Portanto, reconhecer que o fenômeno religioso se inscreve e demarca o processo civilizatório
humano é um dos grandes desafios a que se propõe este capítulo introdutório.
Como afirma um dos grandes pesquisadores das ciências da religião, se “Deus não é objeto de
investigação estritamente científica, porém, toda vivência religiosa envolve um ser humano e,
como experiência humana, pode ser objeto de investigação científica” (BENKÖ, 1981, p. 14).
 
https://sites.google.com/ulbra.br/g000001gs002/t001?authuser=0
21/03/2021 T001
https://sites.google.com/ulbra.br/G000001GS002/t001 5/19
O “homo religiosus”: a universalidade da 
religião
O ser humano é um ser multidimensional, composto por elementos físicos, intelectivos, afetivos,
volitivos, lúdicos, sociorrelacionais e, também, por elementos religiosos. O “homo religiosus”, como
afirma a antropologia, “desenvolveu uma atividade religiosa desde a sua primeira aparição na cena
da história [...] todas as tribos e todas as populações de qualquer nível cultural cultivaram alguma
forma de religião” (MONDIN, 1980, p. 218).
A universalidade religiosa precisa ser compreendida em toda a sua diversidade. Há muitas formas
e expressões religiosas, como o monoteísmo (crença em um só deus), politeísmo (crença em
vários deuses), panteísmo (Deus e o universo são idênticos), dualismo (duas forças opostas que
regem o universo), deísmo (há um ser supremo, mas que não interage com a criação), teísmo (um
ser divino e pessoal que interage com a natureza e com as pessoas), esoterismo (a busca de
conhecimentos ocultos através do espiritual, místico ou sobrenatural – feng shui, astrologia,
numerologia etc.) entre outras, podendo haver pequenas variações conceituais em cada uma
delas.
Em uma abordagem histórica, além das já conhecidas tradições religiosas, como as mitologias
grega e romana, as religiões clássicas como Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo,
Hinduísmo, as religiões antigas dos egípcios, incas, maias e astecas, há também formas mais
primitivas de expressões religiosas. Uma das principais é o animismo. Nessas antigas crenças, o
ser humano atribuía aos animais, às plantas, aos rios, às montanhas, às estrelas etc., uma
conotação espiritual. Ou seja, nos fenômenos e elementos da natureza habitavam e se
expressavam espíritos e forças divinas, que deveriam ser venerados e apaziguados, especialmente
diante de fenômenos climáticos, celestes e geofísicos, como secas, terremotos, furacões, erupções
de vulcões, eclipses entre outros. Muitas oferendas e sacrifícios, inclusive de humanos, foram
realizados ao longo dos séculos na busca de agradar aos deuses ou de aplacar a sua suposta fúria
contra algo ou alguém.
Do animismo, derivou-se outra prática religiosa, o fetichismo, que consistia em atribuir a objetos,
animados ou inanimados, um poder mágico ou sobrenatural. Esses objetos poderiam ser tanto
produzidos pelos indivíduos como encontrados na natureza, tais como pedras, dentes, ossos,
bonecos, estatuetas, correntes e pingentes, passando a servir como amuletos protetores
individuais. Podemos relacionar o rico mundo das superstições, ainda tão presente na sociedade
de hoje, como um exemplo atual de crença fetichista.
 
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Em suma, mesmo que estejamos hoje vivendo um processo crescente de secularização, marcado
pelo enfraquecimento do sagrado, pela perda de interesse na vivência religiosa comunitária, a
religiosidade tem permanecido como uma constante do ser humano, mesmo que não seja mais
cultivada por todos os indivíduos da espécie (MONDIN, 1980, p. 218).
 
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Definindo conceitos: religião, fé e 
espiritualidade
Religiosidade é um conceito complexo, subjetivo e multifacetado. Ele pode significar desde um
conjunto de crenças, regras e ritos compartilhados por uma comunidade, até um sentimento
misterioso de interioridade, envolvendo algo místico e pessoal.
No sentido etimológico, o termo latino religio pode advir de dois verbos. O primeiro seria religere,
cujo sentido denota a atitude de estar atento, refletir e observar, dando a ideia de que a religião
está ligada a um fenômeno que exige cuidado, zelo e dedicação por parte daqueles que a
praticam. O segundo verbo seria religare, ou seja, religar, unir novamente, sinalizando para o
retorno ou reparação de uma situação que foi rompida, na tentativa de se ligar novamente a Deus.
(ROOS, 2008, p. 859-861). Ambas fazem sentido analisando-se o que acontece na vivência religiosa
dos crentes. A título de exemplo, citamos o relato judaico-cristão que descreve a queda do ser
humano em pecado. Ali se rompia a relação perfeita entre Deus e o ser humano, que justifica o
conceito de reparação através da criação da religião, ou seja, uma mediação concreta para religar-
se novamente com o Criador.
Avançando no conceito, “qualquer definição de ‘religião’ que não inclua como uma variável-chave a
crença em seres (...) sobre-humanos que possuem poder de auxiliar ou causar dano ao ser
humano é contraintuitiva” (SPIRO, In: WIEBE, 1998, p. 19). Já outras definições dizem que “a religião
é um sentimento ou sensação de absoluta dependência” ou que “significa a relação entre o
homem e o podersobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente. Essa
relação se expressa em emoções especiais (confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e
ética)” (GAARDER, 2000, p. 17).
Essa última definição se aproxima de critérios mais objetivos ao caracterizar a religião como: a) um
conjunto de crenças ou doutrinas; b) um conjunto de ritos ou cerimônias; c) um código de
comportamento ético e moral a ser seguido; d) uma experiência relacional com um ser
transcendente vivenciada em dimensão comunitária.
 
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Infográfico
 
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Reforça-se que religião implica uma relação em pelo menos dois sentidos: vertical, em direção ao
ser transcendente; e horizontal, em direção a outras pessoas, que compartilham das mesmas
crenças. Não há, portanto, religião de um indivíduo só. Daí surge a diferenciação entre o conceito
de religião e espiritualidade. A espiritualidade diz respeito a uma característica humana que
designa toda vivência que pode produzir mudança no interior do ser humano e redimensiona a
sua forma de se relacionar consigo, com os outros e com o cosmos. Está relacionada com valores,
significados e busca de sentido, que podem ser encontrados em diferentes lugares, inclusive em si
mesmo (GIOVANETTI, 2005, p. 136).
A forma mais usual de manifestação da espiritualidade é através da religiosidade, ou seja, ela se
concretiza quando um indivíduo encontra em uma religião um conjunto de elementos que dão
sentido para sua existência. Nesse caminho, surge o conceito de fé religiosa, entendido pela
experiência de se sentir chamado e confiar em algo ou alguém de cunho sagrado, se relacionando
com esse ser em uma postura de reverência, confiança, dependência e reciprocidade.
A religião também ocupa funções importantes. Ela procura dar respostas para as grandes
questões existenciais, elaborando explicações para a origem, sentido e destino de todos os seres
vivos. A religião também oferece consolo em momentos de sofrimento e alimenta a esperança de
uma vida além morte, aplacando a angústia humana diante da incômoda consciência de sua
finitude. Além de também ser um meio de preencher o vazio existencial, a religião auxilia na
construção de uma identidade pessoal e coletiva, dando ao ser humano um sentimento de
pertença a um grupo, fator importante para a coesão social e saúde mental.
O fenômeno religioso e suas representações 
na cultura
Retomando o que já afirmamos neste capítulo, mesmo que não tenhamos qualquer crença
religiosa, o fato é de que ela está fortemente presente em diferentes dimensões da cultura e
sociedade.
Quem gosta de olhar filmes e seriados, independentemente do gênero, irá se deparar com
enredos permeados de religiosidade. Muitos clássicos do cinema trazem a marca do religioso, do
sobrenatural e do místico. Filmes épicos como Tróia, Cruzadas, Ben-Hur, A Paixão de Cristo, Maria
Madalena; filmes de ação e aventura como a trilogia de Indiana Jones, Senhor dos Anéis, Crônicas
de Nárnia, A Múmia, Harry Potter, 2012, Thor, etc.; filmes policiais, de terror e de suspense como O
Exorcista, O Chamado, Ouija - O Jogo dos Espíritos, Seven - Os Sete Pecados Capitais; dramas como
Ghost, Amor Além da Vida, Cidade dos Anjos, até mesmo grandes comédias como Mudança de
Hábito O Todo Poderoso Ghostbusters; a lista é enorme Das séries podemos citar Supernatural
 
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Hábito, O Todo Poderoso, Ghostbusters; a lista é enorme. Das séries, podemos citar Supernatural,
Lúcifer, Ghost Hunters etc. Também muitas telenovelas abordaram temas religiosos, como Roque
Santeiro, A Padroeira, Porto dos Milagres, Almas Gêmeas, Babel, Eterna Magia entre outras.
Já quem gosta da literatura, além da Bíblia ser o maior best-seller mundial, vamos encontrar
clássicos como Código da Vinci, Anjos e Demônios e Inferno, de Dan Brown, O Monge e o
Executivo, A Cabana, ‘Comer, Rezar, Amar’, além de muitos livros esotéricos e de linha
espiritualista, um dos poucos segmentos que ainda crescem no mundo editorial. Já no campo das
artes, nomes como Leonardo Da Vinci, Rafael, Michelângelo e Aleijadinho são reconhecidos por
suas obras com temática religiosa. Na própria música, desde autores sacros como Bach, Mozart e
Beethoven, como inúmeras bandas de rock, passando por cantores e compositores nacionais,
além de todo movimento de música Gospel, trazem conteúdos religiosos em suas letras e
composições.
O campo do turismo é outro elemento importante que se relaciona com a religião. Países e
cidades têm como fonte de renda o elemento da fé e religiosidade. A Capela Sistina no Vaticano, as
pirâmides do Egito e de Cuzco no Peru, o Monte Olimpo na Grécia e a cidade suspensa de Machu
Picchu, o monumento de Stonehenge na Inglaterra, a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro,
as peregrinações a cidades santas como Jerusalém e Meca, os santuários de Aparecida do Norte,
os templos budistas espalhados pelo mundo são apenas alguns dos exemplos de lugares
turísticos. Já no contexto econômico e financeiro, além do turismo, a religião movimenta a
economia em diversos setores. Festas como o Natal, Páscoa, São João, Sírio de Nazaré,
Navegantes, além de promoverem feriados em nosso calendário, também movimentam a
economia, gerando empregos e renda. A venda de produtos religiosos e esotéricos, contratos
comerciais em que questões religiosas precisam ser observadas (ex.: abate de animais para
exportação a países islâmicos) e até mesmo frases religiosas nas notas de dólar e real mostram
essa íntima relação entre religião e a economia. A própria indústria alimentar tem se preocupado
com questões religiosas, visto que muitas religiões possuem regras e restrições alimentares que
são impostas a seus fiéis.
No esporte, talvez até muitos dos leitores possam dar-se conta de que praticam ritos religiosos:
surfistas fazem o sinal da cruz antes de entrar no mar, jogadores entram em campo com o pé
direito, atletas apontam para o alto e agradecem a Deus diante de conquistas, treinadores usam a
mesma roupa com que obtiveram um título etc. Crenças, superstições e trabalhos religiosos são
comuns no meio esportivo.
O campo educacional também sofreu e ainda sofre influência das religiões. Muitas instituições de
ensino privadas estão ligadas a grupos religiosos tradicionais como católicos, metodistas,
presbiterianos, luteranos, batistas e adventistas. Entre as dez mais importantes universidades do
mundo, seis delas tiveram mantenedoras religiosas em sua origem, tais como Harvard, Cambridge,
Oxford, Princeton, Yale e Columbia. No Brasil, os grupos religiosos também estão vinculados a
universidades como ULBRA, UMESP, Mackenzie, UNISINOS, PUC etc.
No campo da linguagem, o uso de expressões religiosas é comum, mesmo por quem não é
li i t i “D li ” “ d ” “ D d é ” “ D ” A li
 
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religioso, tais como: “Deus me livre”, “cruz-credo”, “meu Deus do céu”, “graças a Deus”. A linguagem
religiosa também é expressa em nomes próprios como: João, José, Maria, Ângelo etc. Estados
brasileiros como Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina além de centenas de municípiospelo
mundo possuem nomes religiosos: São Francisco, San Diego, Los Angeles, San Petersburgo,
Salvador, Bom Jesus, Santa Maria, Aparecida do Norte, Santa Cruz, Santa Rosa etc.
Por último, dentro dessa perspectiva da relação da religião com elementos culturais, o campo
político não pode ficar de fora, com ambos, por vezes, fundindo-se em um poder unificado. Nos
antigos impérios egípcio, romano, maia, japonês, só a título de exemplo, os governantes eram
quase todos divinizados, o que legitimava o seu poder absoluto sobre o povo. Por toda a Idade
Média, a religião cristã esteve muito atrelada às questões políticas, sendo o papado romano um
importante centro de poder, assim como foram – e continuam sendo – os Estados Islâmicos no
Oriente Médio. Até mesmo guerras foram travadas sob um suposto pretexto religioso, tais como
as inúmeras Cruzadas em prol da conquista da Terra Santa ou as guerras entre hindus e
muçulmanos na região da Kashemira (conflitos entre Índia e Paquistão). Nos dias atuais, é comum
vermos grupos religiosos buscando espaços e fazendo lobby em decisões políticas que envolvem a
sociedade civil, além de continuarem as tensões político-religiosas em diversas partes do mundo,
incluindo perseguições a determinados grupos minoritários.
Esses e outros exemplos demonstram o quanto o fenômeno religioso é parte constitutiva da
sociedade e está profundamente imbricado em diferentes dimensões da cultura humana. Tal
como afirmam Reblin e Sinner, “não é possível entender a experiência religiosa distante da vida
social, como se esta independesse daquela, assim como não é possível conceber uma sociedade
sem uma vida religiosa. Religião e sociedade se interconectam, se emaranham e, por vezes, se
fundem e se confundem na própria amálgama que é a vida humana” (2012, Prefácio).
O fenômeno religioso e suas inter-relações 
com as ciências
Um outro importante elemento no estudo do fenômeno religioso é a sua interrelação com as
diferentes ciências. Talvez por perceberem a relevância histórica e cultural da religião e sua
enorme influência no comportamento individual e social da humanidade, diversos campos do
conhecimento foram reunidos em uma área chamada de Ciências da Religião. Fazem parte dela a
Filosofia da Religião, Psicologia da Religião, Sociologia da Religião, Antropologia da Religião, Direito
Religioso e História das Religiões, para citarmos apenas algumas, além do crescente interesse pelo
campo da Espiritualidade e Saúde.
Temas de cunho existencial, como a origem do mal ou do sofrimento, o sentido da vida e da
morte, a metafísica, a autotranscendência e espiritualidade humana, o campo da moralidade e da
ética, a discussão entre fé e razão são alguns dos eixos da Filosofia da Religião, auxiliando os
indivíduos a promoverem uma reflexão crítica sobre o campo religioso Já a Antropologia da
 
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indivíduos a promoverem uma reflexão crítica sobre o campo religioso. Já a Antropologia da
Religião procura demonstrar que as diferentes expressões religiosas são criação do próprio ser
humano. Busca estudar e analisar as estruturas sociais, enfocando temas como mitos, ritos, tabus,
xamanismo e outras formas de representações religiosas inscritas nos diferentes povos.
A Psicologia da Religião, por sua vez, vai analisar os fenômenos religiosos a partir das funções
psíquicas e afetivo-emocionais dos indivíduos e grupos. Sigmund Freud, pai da Psicanálise,
debruçou-se sobre as estruturas e crenças religiosas, considerando a religião como uma grande
produtora de neuroses, em uma tensão constante entre os conceitos de desejo e culpa. Já Carl
Gustav Jung, outro importante teórico da Psicologia, é autor de livros como Psicologia e Religião,
Resposta a Jó, Psicologia e Religião Oriental entre outros, vendo a religião como uma dimensão
importante para obtenção do equilíbrio mental. Pelo viés da psicologia da religião, fenômenos
religiosos como visões, incorporações, obsessões ou até possessões são interpretados como
sintomas de possíveis transtornos mentais, tais como alucinações e dissociações de
personalidade. Também o fanatismo religioso é objeto de estudo da psicologia da religião, na
busca de compreender que processos mentais atuam quando fiéis comportam-se de forma
irracional, a exemplo do suicídio coletivo incitado pelo Reverendo Jim Jones nas Guianas, em 1978,
ou dos seguidores de David Koresh, em Waco, Texas, no ano de 1993.
A Sociologia da Religião é outra área que cresce em interesse acadêmico. Émile Durkheim, a partir
da clássica obra As formas elementares de vida religiosa (1912), cria um modelo interpretativo que
divide o mundo em duas categorias, denominadas de sagrado e profano. Para Durkheim, a religião
é eminentemente coletiva e possui a função precípua de manter a coesão social. Já Max Weber
procurou explicar a origem da racionalidade ocidental, escrevendo a obra A ética protestante e o
espírito do capitalismo (1904-05), um dos maiores clássicos da sociologia até hoje. Por fim, o
sociólogo contemporâneo Peter Berger procura demonstrar que a “religião representa o ponto
máximo no processo coletivo de elaboração de um sentido para a vida no mundo”, além de
identificar as raízes do processo de secularização e desencantamento do mundo, no qual mostra o
porquê as religiões tradicionais vêm perdendo seu poder e monopólio na sociedade. (FERREIRA,
2008, p. 859-861).
Um outro campo de crescente interesse na relação entre ciência e religião é a área da
espiritualidade e saúde. É fato histórico a íntima associação existente entre medicina e religião nas
origens da maioria dos povos e culturas. Deuses ou o mundo sagrado atuando em curas é um
elemento presente desde a antiguidade. Esculápio era o deus da cura na mitologia grega.
Imhotept o deus médico egípcio. Nas escrituras judaicas e cristãs lemos: “Eu sou o Deus que te
cura” (Êxodo 16.26). Jesus Cristo também ganhou notoriedade histórica por curar muitos doentes,
conforme relatos dos evangelhos bíblicos.
Para o médico Alex Botsaris, a medicina, antes de ser ciência, é um produto da cultura humana.
Como a arte de curar, ela está presente desde as civilizações mais rudimentares, no momento em
que surgiu a necessidade de alguém assumir a tarefa de curar as pessoas, auxiliando-as a lidar
com a dor, com a incapacidade física, bem como frente à angústia, suscitadas pela doença e
morte. Dessa forma, criaram-se os primeiros “sistemas médicos” que, nas culturas mais antigas,
 
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p q g
estavam ligados aos sacerdotes e líderes religiosos, como xamãs, pajés, druidas, feiticeiros e
curandeiros, que exerciam tanto as funções de religiosos como as de médico/curandeiro.
(BOTSARIS, 2001, p. 57). Os fenômenos da doença e da cura, portanto, foram monopólio, por
muitos séculos, de religiosos e sacerdotes. Isso é chamado de Teurgia, literalmente traduzido
como “trabalho de Deus”. A Teurgia envolvia cânticos, ritos, preces e outras formas de ligação com
as forças divinas, sagradas e sobrenaturais, que operariam diretamente por esses meios na cura
dos indivíduos.
Em uma correlação com a contemporaneidade, para Landmann, o carisma e o poder quase
divinizado dos médicos na atualidade têm seu nascedouro justamente em uma concepção
religiosa ou mágica (LANDMANN, 1984, p. 14-15). Porém, a descoberta de técnicas experimentais
de pesquisa no século XVII encaminhou uma aproximação aos fenômenos do mundo físico e
biológico, distinguindo as novas práticas médicas da visão religiosa e teológica (PAIVA, 2000, p. 13).
Aos poucos, as novas descobertas levaram à desapropriação da religião como lugar de cura e
cuidado físico, passando a ser quase uma exclusividade da ciência médica.
Gadamer afirma que o médico faz questão de se afastar da figura de curandeiro de tantas
culturas, revestido pelo segredo das forças mágicas,arrogando ser um homem da ciência, isto é,
que conhece o motivo pelo qual uma determinada técnica de cura tem êxito, bem como
entendendo a relação de causa e efeito. Porém, isso não significa que os seus pacientes se
satisfaçam com essa explicação, ou seja, a esperança de cura quase mágica associada ao poder do
conhecimento que o médico detém é uma fantasia constante a circular na relação médico-
paciente, mesmo que os médicos procurem evitá-la a qualquer custo (GADAMER, 2006, p. 40).
Na perspectiva dos benefícios da espiritualidade para a saúde integral do ser humano, Dal Farra
refere-se a um conjunto de estudos que têm demonstrado o impacto da espiritualidade sobre
diversos parâmetros de saúde que podem ser, inclusive, mensurados de forma
metodologicamente eficiente. Diversas publicações científicas têm mostrado evidências “de que o
envolvimento religioso está favoravelmente associado a indicadores de bem-estar psicológico,
incluindo a satisfação na vida, a felicidade, menor frequência de depressão e de utilização de
drogas de abuso” etc. (DAL FARRA, 2010, p. 589).
Elementos da fé e espiritualidade representam um ponto importante a ser considerado nas
questões de saúde coletiva, como podemos observar nos dados analisados por Jeff Levin, do
National Institute for Healthcare Research, dos Estados Unidos, que resumem os resultados
obtidos nas pesquisas sobre espiritualidade e fé em relação à saúde em um amplo conjunto de
aspectos, conforme descreve Dal Farra (2010, p. 591-2):
 
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Princípio 1 — A afiliação religiosa e a participação como membro de uma congregação religiosa
beneficiam a saúde ao promover comportamentos e estilos de vida saudáveis. Princípio 2 — A
frequência regular a uma congregação religiosa beneficia a saúde ao oferecer um apoio que
ameniza os efeitos do estresse e do isolamento. Princípio 3 — A participação no culto e na prece
beneficia a saúde graças aos efeitos fisiológicos das emoções positivas. Princípio 4 — As crenças
religiosas beneficiam a saúde pela sua semelhança com as crenças e com estilos de personalidade
que promovem a saúde. Princípio 5 — A fé, pura e simples, beneficia a saúde ao inspirar
pensamentos de esperança e de otimismo e expectativas positivas. [...] Pesquisa realizada com
pacientes terminais demonstrou que o conforto espiritual não apenas aumenta a esperança de
vida dos pacientes como diminui os índices de depressão, de ideias suicidas e de desejo de morte
breve. (DAL FARRA, 2010, p. 591-2)
Posto esses elementos que colocam a religião como um objeto da ciência, passível de ser descrito
e analisado sob a perspectiva acadêmico-científico, passamos agora a analisar o conceito de
experiência religiosa.
A experiência religiosa
Você já teve alguma experiência religiosa? Curiosamente, muitos alunos respondem
negativamente a esse questionamento. Talvez porque a ideia implícita seja de que uma
experiência religiosa precise ser um evento, algo grandioso, tais como revelações proféticas,
aparições de seres divinos ou angelicais, falar em línguas, sonhos premonitórios, presenciar
espíritos atuando em sessões mediúnicas, ver demônios sendo expulsos em cultos de libertação,
ter recebido uma cura espiritual ou ter vivido uma experiência miraculosa.
Dentro da subjetividade que caracteriza as experiências religiosas, podemos afirmar que elas
podem ser muito mais simples do que as listadas acima. Meditar ou fazer uma prece em
momentos de angústia e em seguida entrar em um estado de paz e tranquilidade, sentindo a
presença de Deus, ou ainda experiências de conversão, onde o fiel acredita que Deus o chamou
para viver uma nova vida, em uma mudança visível de sua forma de pensar, sentir e agir, também
são experiências espirituais/religiosas.
Tais experiências são interpretadas como mediações da esfera do sagrado ou do mundo
sobrenatural somente a partir da fé, pois a ciência procura sempre encontrar razões lógicas,
humanas e científicas para todas elas. Portanto, a interpretação das experiências religiosas
sempre varia de sentido, dependendo das ideologias, convicções, argumentos e crenças pessoais
de quem as vivencia, estuda e analisa.
Vamos dar um exemplo dessa variação interpretativa: para algumas religiões neopentecostais,
demônios podem possuir pessoas; para os cultos afro-brasileiros entidades espirituais “ocupam”
 
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demônios podem possuir pessoas; para os cultos afro brasileiros, entidades espirituais ocupam
ou “incorporam” nos fiéis; para religiões espiritualistas, espíritos desencarnados podem orientar,
obsediar ou subjugar indivíduos; para a psiquiatria, tais fenômenos podem ser transtornos
dissociativos; para a psicologia, podem advir de um elemento de indução e sugestionabilidade de
líderes religiosos. O fato é que não há como negar a existência da experiência ou do fenômeno,
mesmo que suas interpretações sejam tão distintas.
Por essa pluralidade de sentidos, precisamos desenvolver uma atitude de respeito para com as
diferentes experiências religiosas. Para quem as vivencia, elas são reais, modificando, muitas
vezes, sua maneira de enxergar o mundo, de se relacionar consigo mesmo, com Deus e com as
outras pessoas.
Nas experiências religiosas, portanto, as dimensões intelectuais, emocionais, espirituais, sócio-
relacionais e até físicas se inter-relacionam. Elas se mostram no cumprimento de regras morais, na
realização de ritos tradicionais como batismos, casamentos, crismas, funerais, preces e rezas, nas
expressões cúlticas como músicas, cantos e danças, no uso de símbolos ou gestos religiosos. O
certo é que todas as experiências podem variar em intensidade, indo de um mero formalismo
religioso motivado pela tradição, até uma experiência interior profunda, autêntica e mística, onde
se sente a presença do sagrado e do divino na própria vida.
Finalizando esse capítulo, o estudo da Antropologia parece confirmar, sem negar as reconhecidas
diferenças entre as religiões, que há uma tendência na busca do ser humano pelo sagrado e
transcendente, ou seja, a ideia de Deus parece estar presente no inconsciente coletivo da
humanidade. Podem mudar as formas de expressão, a linguagem utilizada, os relatos dos mitos,
os tipos de ritos, mas o que não vai se alterar é que por trás de todas essas diferenças existe o
estabelecimento de uma estrutura religiosa comum com a qual a humanidade se relaciona.
A verdade é que, independentemente do que cremos, em que ou quem cremos ou como cremos,
nós humanos efetivamente cremos em algo. Nem mesmo ateus e agnósticos escapam disso, pois
como diz o filósofo Max Scheler, os que não são religiosos podem substituir os deuses por outras
formas de ídolos, seja a ciência ou diferentes formas de ideologias.
 
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Referências
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DICIONÁRIO BRASILEIRO DE TEOLOGIA. BORTOLLETO FILHO, Fernando (Org.). São Paulo: ASTE,
2008. FERREIRA, Valdinei Aparecido. Verbete Sociologia da Religião. p. 859-861; ROOS, Jonas.
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GAARDER, Jostein. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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LANDMANN, Jayme. A outra face da medicina. Rio de Janeiro: Salamandra, 1984.
MONDIN, Battista. O homem, quem é ele?: elementos de antropologia filosófica. São Paulo:
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PAIVA, Geraldo José de. A religião dos cientistas: uma leitura psicológica. São Paulo: Edições
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WIEBE, Donald. Religião e Verdade: rumo a um paradigma alternativo para o estudo da religião.
São Leopoldo: Sinodal, 1998.
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