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Psicologia Processos, Aprendizagem e Inteligência AOL 2

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0 Pergunta 1 +·iiéG 
Piaget tem em sua proposta do desenvolvimento cognitivo infantil quatro etapas que são utilizadas até hoje para estuda r o desenvolvimento das 
crianças na educação. 
Assinale a alternativa correta que apresente essas etapas. 
Ocultar opções de resposta A 
@ Físico, motor, cognitivo, afetivo, social. 
® Adaptação, criatividade, motivação, inteligência. 
@ Hereditariedade, crescimento orgânico, meio, maturação neurofisiológica. 
C!) Sensório-motor, pré-operatório, operações concretas, operações forma is. Respostacoffeta 
@ Zona do desenvolvimento real, zona do desenvolvimento proximal, zona do desenvolvimento potencial, internalização. 
0 Pergunta 2 
Considere as afirmativas a segu ir a respeito da Abordagem da Inteligência: 
l)Alguns nomes ficaram marcados na história da psicologia, pela construção dos testes psicológicos e contribuição à elaboração dos testes e pelo 
conceito de inteligência com o qual t rabalhavam. 
ll)A aplicação dos testes psicológicos permite aos profissionais levantarem as defasagens da inteligência e demais habilidades para a 
aprendizagem formal. A partir de tais informações, é possível criar estratégias para que os professores possam fornecer condições para o 
aprendizado da criança. 
Assinale a alternativa que apresenta os teóricos e a abordagem propostos nas afirmativas anteriores. 
Ocultar opções de resposta A 
@ Piaget, Vygotsky e Abordagem Cognitiva. 
@ Vygotsky, Pr igogine, Galton e Abordagem Cognitiva. 
@ Galton, Piaget, Cattell e Abordagem Psicométrica. 
G) Galton, Cattell, Binet e Abordagem Psicométrica. 
(D Piaget, Binet, Vygotsky e Abordagem Psicométrica. 
Resposta correta 
0 Pergunta 3 
O construto de criatividade pode ser entendido de várias formas, o que leva ao desenvolvimento das abordagens que estudam esse assunto. 
Assinale a alternativa correta que contenha as abordagens da criatividade. 
Ocultar opções de resposta A 
0 Abordagem Sociais, Societárias e Históricas, Abordagens lntegrativas, Abordagem Psicométrica, Abordagem CHC, Abordagem Biológica. 
o Abordagem Psicométrica, Abordagem Cognitivas, Abordagem da Personal idade e Motivacionais. Abordagem Sociais, Societárias e Históricas, Abordagens lntegrativas. 
@ Abordagem Psicométrica, Abordagem Cognitiva, Abordagem lntegrativas, Abordagem Social. 
@ Abordagem Sociais, Societárias e Históricas, Abordagens lntegrativas, Abordagem CHC, Abordagem Biológica. 
@ Abordagem CHC, Abordagem Social. Abordagem Motivacional, Abordagem Biológica. 
Resposta correto 
0 Pergunta 4 
Os estudos atuais a respeito da inteligência acrescentam informações que estão mais completas do que as elaboradas anteriormente e foram 
propostas pelos autores Cattell-Horn-Carroll . 
Dessa maneira, assinale a alternativa que apresenta o modelo de inteligência. 
Ocultar opções de resposta -
O Teoria CHC. 
@ Teoria Psicométrica. 
@ Teoria lntegrativa. 
@ Teoria Construtivista. 
(D Teoria Motivacional. 
Resposta correta 
0 Pergunta 5 
É o pioneiro do enfoque construt ivista à cognição humana. O seu diferencial, com relação aos estudos anteriores, é a compreensão dos erros que 
as crianças cometiam durante a realização das provas de Binet. 
Estamos falando de qual teórico da educação? 
Ocultar opções de resposta -
0 Alfred Binet. 
@ Francis Galton. 
G Jean Piaget. 
(É) James McKeen Cattell. 
@ Lev. 5. Vygotsky. 
Resposta colleta 
0 Pergunta 6 
As Provas de operações m entais é uma avaliação proposta para identificar a etapa no qual a criança está local izada no desenvolvimento cognitivo. 
Assinale a alternativa que apresenta o teórico que desenvolveu tais provas. 
Ocultar opções de resposta A 
@ Teresa Amabile. 
® Alfred Binet. 
G Jean Piaget. 
@ Robert Sternberg. 
@ Lev S. Vygotsky. 
Resposta correta 
0 Pergunta 7 
O conceito de equilibração. na proposta de Piaget, explica como o indivíduo consegue passar de um período de desenvolvimento para outro. 
Assinale a alternativa correta que apresente a afirmativa correta no que d iz respeito à equilibração. 
Ocultar opções de resposta -
0 
0 
o 
A equilibração acontece somente nos primeiros anos de vida da criança. 
O processo de equil ibração não está relacionado com o desenvolvimento cognit ivo infanti l. 
A linguagem torna-se um instrumento de pensamento do indivíduo, com condições de estabelecer relações entre ele e o mundo, 
criando, assim, um mecanismo de equilibração do real, por meio das interações ent re os indivíduos. 
Os processos equilibradores da interiorização e da acomodação são responsáveis por todas as mudanças associadas ao 
desenvolvimento cognitivo. Nessa concepção, é mais provável que o desequilíbrio ocorra durante os períodos de transição entre 
estágios. 
O processo de equil ibração não acontece em apenas um momento, mas durante todo o processo do 
desenvolvimento cognit ivo. 
Resposta coffeto 
0 Pergunta 8 
O modelo CHC é o estudo mais recente a respeito da compreensão da inteligência. 
Ele é compreendido por uma forma de interação entre as áreas amplas do funcionamento cognitivo e os fatores específicos relaciona com os 
fatores amplos. 
Assinale a alternativa correta que apresente a forma estabelecida que representa o modelo CHC. 
Ocultar opções de resposta A 
@ Linear. 
@ Horizontal. 
G Camadas. 
@ Vertical. 
@ Hel icoida l. 
Resposta coffeto 
0 Pergunta 9 
A proposta de Vygotsky tem dois conceitos importantes para compreendermos a representação mental e a aprendizagem. 
Assinale a a lternativa correta que apresenta os dois conceitos. 
Ocultar opções de resposta A 
@ Instrumentos e signos. 
0 Adaptação e equi libração. 
G lnternalização e zona do desenvolvimento proximal. 
@ lnternal ização e equilibração. 
(D Adaptação e signos. 
E·iiéG 
Resposta correta 
0 Pergunta 10 
Dentre as abordagens que estudam o construto da criatividade, há a integrativa. 
Assinale a alternativa que apresente o teórico que a representa significativamente. 
Ocultar opções de resposta -
@ Cattell-Horn-Carroll. 
O Howard Gardner. 
@ Dean Simonton. 
@ Paul Torrance. 
(D Teresa Amabile. 
Resposta correto 
PALAVRADOGRUPOSEREDUCACIONA 
"É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. 
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade. 
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade." 
Janguiê Diniz 
ser 
educacional 
gente criando o futuro 
PSICOLOGIA: 
PROCESSOS, 
APRENDIZAGEM E 
INTELIGÊNCIA 
ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, inclu indo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira 
Gerente de design instruciona l: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes 
Coordenadora educacional: Pamela Marques 
Equipe de apoio educacional: Caroline Gugl ielmi, Dan ise Grimm, Jaqueline Morais, La ís Pessoa 
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes,Sérgio Ramos,Tiago da Rocha 
Ilustradores: Andersen Eloy, Luiz Meneghel, Vinicius Manzi 
Haskel, Anna Cláudia. 
Psicologia: [)recessos, aprendizagem e inteligência/ Anna Cláudia Haskel; Beatriz Machado. -
São Paulo: Cengage- 2020. 
Bibliografia. 
ISBN 9786555582925 
1. Psicologia 2. Machado, Beatriz. 
Grupo Ser Educaciona l 
Rua Treze de Maio, 254 -Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: {81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com 
,, 
Autoria 
Anna Cláudia Haskel 
Graduada em Psicologia e especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Regional de Blumenau 
{Furb). 
Atualmente, é mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de 
Santa Catarina {UFSC). 
Beatriz Machado 
Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina {UEL). 
Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa {UEPG). 
Atualmente, é professora na Fundação Educacional Jandaia do Sul (Fafijan) e na Faculdade Integrada 
lnesul. Atua como psicóloga no Centro de Estudos e Atend imento Fonopsicoeducacional de Londrina 
{CEFEL). 
Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em processos perceptua is e cognitivos, e de 
Desenvolvimento, atuando principalmente nos temas lúdico, de desenvolvimento sustentável, de 
capacitação de recursos humanos, de gestão de pessoas e de gestão de recursos humanos. 
SUMÁRIO 
Prefácio ................................................................................................. . 
UNIDADE l - Psicologia da aprendizagem ...................................................................................... 9 
Introdução..... ..... ..................... . ........................ 10 
1 Introdução ao estudo da aprendizagem ..... . ... 11 
2 Aprend·,zagem em diferentes concepções psicológicas ........... .... 11 
3 A transferênc"la da aprendizagem. . 22 
4 Dificuldades de aprendizagem ............. 22 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 24 
REFERÊNCIAS BIBUOGRÁFICAS ...................................................................................................... 25 
UNIDADE 2 - Inteligência em diferentes abordagens: pressupostos teóricos e suas implicações ..... 27 
Introdução................ .................. . ..... 28 
1 Noções Preliminares 
2. Abordagem psicométrka da inteligência .... 
3 Inteligência na abordagem cognitiva 
......... 29 
. ........ .. 32 
.......................................... .. 36 
4 Novas perspectivas teórk as: inteligência e criatividade .. .. 43 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 47 
REFERÊNCIAS BIBUOGRÁFICAS ...................................................................................................... 48 
UNIDADE 3 - Entendendo a memória humana ............................................................................... 51 
Introdução ............. 52 
1 O que é memória? ... 53 
2 Tipos de memória e suas características ................................ 56 
3 Bases biológicas da memória .................... . . . .... 63 
4 Comprometimento e aperfeiçoamento ...... .. 64 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 67 
REFERÊNCIAS BIBUOGRÁFICAS ...................................................................................................... 68 
,, 
UNIDADE 4 - Motivação: teorias, contribuições e implicações ........................................................ 69 
Introdução ............. 70 
1 Noções Prelim·inares .. .... 71 
2 Teorias da motivação ...... . . ..... 74 
3 Conflitos: eis a questão .. . . ... 81 
4 Tomada de decisão: definir o caminho ..................................................... ................. .... 84 
5 Re lação entre os processos psicológkos estudados: contribuições e ·implicações ........................... 87 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 90 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 91 
PREFÁCIO 
Psicologia: processos, aprendizagem e inteligência apresenta, além de conceitos 
já muito na área, o conteúdo parcialmente descrito a seguir em suas quatro unidades. 
Psicologia da aprendizagem, a primeira unidade, explica os processos de 
aprendizagem, inteligência, memória e motivação em seres humanos. O leitor ampliará 
seu conhecimento a respeito da aprendizagem humana. 
A segunda unidade, Inteligência em diferentes abordagens (pressupostos teóricos 
e suas implicações), apresenta o conceito de inteligência nas abordagens psicométrica 
e cognitiva, os fundamentos teóricos que direcionam o trabalho do profissional da 
educação, as técnicas fundamentais relacionadas à consolidação das aplicações 
teóricas da inteligência, alguns dos principais conceitos que orientam as práticas 
educacionais, e mais. 
Na sequência, a terceira unidade, Entendendo a memória humana, discute, 
entre muitos assuntos, temas relacionados a memória, os processos de codificação, 
armazenamento e recuperação de informações, esquecimento, bases biológicas da 
memória, e muitos outros. 
Fechando a obra, a quarta e última unidade, Motivação: teorias, contribuições 
e implicações, trata da importância de conhecer as teorias humanista, cognitiva, 
psicanalista e cultural. O leitor ainda aprenderá as questões relacionadas à resolução 
de conflitos, tomada de decisão, as contribuições e as implicações da motivação. 
Este é apenas um panorama do conteúdo que o leitor vai estudar. 
Agora é com você! Sucesso! 
UNIDADE 1 
Psicologia da aprendizagem 
Introdução 
Olá, 
Você está na unidade Psicologia da Aprendizagem. Conheça aqui o conceito de 
aprendizagem, de acordo com o Behaviorismo, de Skinner; a Gestalt; a concepção 
genético-cognitiva, de Piaget e a concepção sócio-histórica, de Vygotsky e Paulo Freire. 
Além disso, vamos estudar sobre a transferência de aprendizagem, o que é e como ela é 
aplicada no ambiente organizacional, e sobre as dificuldades de aprendizagem. 
Bons estudos! 
11 
! INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA APRENDIZAGEM 
Imagine a seguinte situação: você está em casa, sozinho(a) e precisa cozinhar alguma coisa 
com ingredientes que vão estragar na geladeira. Já com fome, você busca um vídeo explicativo 
na internet e prepara o prato que é ensinado e, assim, consegue comer e saciar a sua fome. 
Na semana seguinte, você volta à cozinha e não já precisa mais olhar o vídeo na internet para 
cozinhar o prato que fez na semana passada. Isso ocorre, pois você aprendeu a cozinhar aquele 
prato. E esse é exatamente o tópico desta unidade: a aprendizagem. Por que aprendemos? Como 
aprendemos? Essas e outras perguntas é o que vamos explorar a seguir. 
O ato de aprender, de maneira geral, é vinculado com algum objetivo, contido na motivação 
do aprendiz (COELHO JUNIOR; BORGES-ANDRADE, 2008). Por exemplo: quando falamos em 
aprender, sempre precisamos de um complemento: "aprender a escrever, aprender a nadar", 
o aprendizado nunca é finito, por si só, mas sim relacionado a uma habilidade, comportamento, 
atitude etc. 
E por que aprendemos? Aprendemos, basicamente, para resolver tarefas, solucionar 
problemas. A aprendizagem está intimamente relacionada com a nossa sobrevivência, enquanto 
seres humanos, como uma forma de adaptação e, sobretudo, de transformação do meio. Se 
pensarmos em termos evolutivos, chegamos até aqui graças, muito especialmente, à nossa 
capacidade de aprender: aprendemos a fazer fogo, a diferenciar plantas venenosas, a caçar etc. 
A aprendizagem é um processo psicológico complexo, multifatorial - depende de aspectos 
individuais, fisiológicos,sociais - e, portanto, não há uma definição plena e absoluta acerca 
deste constructo. Dessa forma, para nortear os estudos da aprendizagem, vamos nos deparar 
com diferentes teorias e concepções que, por vezes, podem ser complementares ou até mesmo 
antagônicas entre si. 
2 APRENDIZAGEM EM DIFERENTES CONCEPÇÕES 
PSICOLÓGICAS 
As ciências humanas comumente encontram distintos pontos de vista e teorias para expl icar 
fenômenos. Com a psicologia ocorre o mesmo: não há uma única ótica para a compreensão da 
aprendizagem - como dissemos, é um fenômeno complexo, multifatorial e que exige diferentes 
metodologias e teorias para explicá-lo - não havendo, portanto, um consenso universal sobre o 
tema. 
Dentre as diversas possiblidades no estudo da aprendizagem humanos, a estudaremos sob 
quatro óticas distintas e muito aceitas dentro da Psicologia e Pedagogia. São elas: 
12 
• Behaviorista. 
• Genético-cognitiva. 
• Gestalt. 
• Sócio-histórica. 
• Acompanhe cada uma delas a seguir. 
2.1 Aprendizagem na concepção Behaviorista 
O behaviorismo (do inglês, behavior ~ comportamento) é uma linha teórica da Psicologia que 
tem como objeto de estudo o comportamento humano e animal. Os behavioristas radicais se 
atêm a estudar o comportamento por ser um fenômeno observável, desta forma, mensurável, 
aproximando-se de um paradigma positivista de ciência. É importante ressaltar que essa 
linha teórica não busca a compressão de fenômenos como a cognição ou o inconsciente, por 
exemplo. A aprendizagem, nessa perspectiva, pode ser compreendida como "qualquer mudança 
relativamente permanente no comportamento" (CHIESA, 2006 p. 39). Perceba que, neste 
paradigma, a aprendizagem foca no evento observável, que é o comportamento. Ou seja: para 
aprender, é preciso modificar ou adquirir um determinado comportamento. 
Dentre diversos autores dessa correte teórica, podemos citar Ivan Pavlov (1849-1936), John 
Watson (1878-1958), Edward Thorndike (1874-1949), mas, aqui, trabalharemos especificamente 
o teórico Burrhus F. Skinner (1904-1990). 
Skinner foi o responsável por cunhar o termo comportamento operante dentro do 
behaviorismo. Para ele, operante é todo o comportamento que produz modificações no ambiente 
e que também é afetado por estas mudanças (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Antes de iniciarmos 
sobre a aquisição de comportamento (aprendizagem) propriamente dita, vamos reforçar o 
paradigma do comportamento operante, que vai nos ajudar a compreender este conteúdo. 
Um estímulo (S) produz uma resposta (R), que, por sua vez, produz uma resposta ao ambiente, 
a consequência (C). Assim, temos: 
Vale ressaltar que as consequências produzidas por nossos comportamentos tendem a 
influenciar suas ocorrências em um futuro, assim, determinarão, em algum grau, se tornarão 
a ocorrer e com que frequência (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Vamos conferir alguns tipos 
de aprendizagem que são relacionadas pela consequência dos comportamentos, segundo o 
condicionamento operante. 
• Reforço 
13 
É um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de um 
comportamento tornar a acontecer (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Por exemplo: você está 
cozinhando e coloca um tempero novo em sua comida e melhora o sabor dela. O que acontece 
na próxima vez que você tornar a cozinhar? É provável que você continue a utilizar este tempero, 
certo?! Isso ocorre pois a consequência (melhora do sabor) é algo que foi dentro da sua 
expectativa, então, tende a fazer com que você aprenda que o tempero melhora o sabor da sua 
comida, fazendo, assim, como que você o utilize mais vezes. 
• Extinção operante 
É a que ocorre quando um comportamento diminui (ou cessa) sua ocorrência em função de não 
receber mais reforço (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Por exemplo: imagine que você se empenha 
ao máximo para preparar um jantar a alguém que você gosta. Essa pessoa, após o jantar, te elogia 
e agradece muito pela comida preparada (ou seja, está reforçando o seu comportamento). Você 
torna a cozinhar com empenho para essa pessoa, contudo, com o passar do tempo, ela para de 
elogiar e de agradecer pela comida (não há mais reforço). O que tende a acontecer, então? Você, 
possivelmente, com o tempo, tende a parar de preparar o jantar com tanto empenho. 
• Modelagem 
É um procedi menta diferencia Ide reforço por aproximações sucessivas de um comporta menta 
(MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Nesta perspectiva, aprendemos quando recebemos um reforço 
por aproximações sucessivas de um comportamento novo esperado. Por exemplo: quando um 
bebê quer água e começa a fala "aaaa", apontando para a água, o pai lhe fornece água para 
beber (reforço). Contudo, a fim de modelar esse comportamento verbal e fazer com que ele 
pronuncie a palavra "água" corretamente, o pai começa a verbalizar "á-gua", e só dar a bebida ao 
bebê quando ele falar algo mais próximo a esta palavra (como ága, por exemplo), e assim ocorre 
progressivamente, até que a palavra seja pronunciada com perfeição. O mesmo acontece para 
esportes, ou outros comportamentos que são mais complexos e que exigem uma evolução: o 
reforço vai acontecendo quando o comportamento progride com o que é próximo ao ideal. 
É importante que você se lembre que uma característica fundamental da modelagem é o 
tempo que o reforço demora a ocorrer: quanto mais próximo ao comportamento, mais eficaz ele 
será (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). 
2.2 Aprendizagem na concepção genético-cognitiva 
Na perspectiva genético-cognitiva -ou cogn itivista -, a ênfase do aprendizado está no processo 
cognitivo, em que o sujeito atribui significados à realidade ao seu redor. O cognitivismo ocupa-
se em estudar a compreensão, transformação, armazenamento e utilização das informações 
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Há muitos nomes importantes dentro dessa linha teórica, 
14 
como Jerome Bruner (1915-2016), David Ausbel (1918-2008) e Noam Chomsky (1928 - atual). 
Aqui, vamos explorar as principais contribuições de Jean Piaget (1896-1980), diante da grande 
repercussão e aceitação de suas obras. 
Jean W. F. Piaget foi um biólogo e psicólogo e importante pensador na teoria cognitiva, em 
diversos âmbitos: desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e educação. Suas constatações foram 
realizadas, principalmente, por meio de observação e análise de seus próprios filhos e crianças 
próximas a eles. Apesar de muito aplicada no âmbito da aprendizagem, a teoria piagetiana tem 
mais relação com desenvolvimento psíquico como um todo. A seguir, veremos alguns conceitos 
importantes na teoria piagetiana: estrutura; esquema mental; assimilação, acomodação e 
equilíbrio. 
• Estrutura 
Pode ser compreendida como um sistema de transformação, que se enriquece por suas 
próprias mutações, apresentando características de totalidade, autorregulação e transformação 
(GOULART, 2008). Este é um conceito importante, pois Piaget traz discussões acerca das estruturas 
mentais, em que defende que, em distintos momentos do desenvolvimento, o sujeito carrega 
consigo também diferentes estruturas mentais, responsáveis pela forma como se interage e 
responde ao meio em que está inserido (GOULART, 2008). Para simplificar, vamos pensar em uma 
situação: imagine que você vai construir uma casa, com apenas um andar. Para isso, é necessária 
uma estrutura que comporte isso. Se você quiser construir uma piscina, por exemplo, é necessário 
que seu terreno seja preparado para isso: nivelamento do solo, questões relacionadas a umidade 
e formação rochosa, e assim por diante. De uma maneira simplista, o mesmo ocorre com nossas 
funções cognitivas: nesta perspectiva, conseguimos aprender o que nossa estrutura mental atual 
permitir. 
• Esquema mental 
Este é outro conceito importante, que consiste em uma ação que se desenvolve meio a certa 
organização, implicando, assim, em um determinado modo de abordar e explorar a real idade 
(GOULART, 2008). Há esquemas mentais simples, como o reflexo de sucçãode um bebê e outros 
complexos, como operações lógicas (jogar xadrez, por exemplo). Os esquemas vão se organizando 
e compondo esquemas mais complexos (GOULART, 2008). 
Piaget propõe que o crescimento cognitivo do sujeito ocorre por meio da assimilação e 
acomodação. Para abordar a realidade, nós construímos esquemas de assimilação mental. 
Quando nossa mente assimila uma informação, ela incorpora a realidade a seus esquemas de 
ação e se impõe ao meio. Frequentemente, nossos esquemas de ação não se mostram capazes de 
assimilar uma determinada situação, neste caso, a mente desiste ou se modifica. Quando a mente 
se modifica, ocorre a acomodação, que leva à construção de novos esquemas de assimilação, 
15 
resultando no desenvolvimento cognitivo. Para Piaget, a aprendizagem só ocorre quando o 
esquema de assimilação sofre acomodação (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 
Por exemplo, uma criança convive em sua casa com um gato, assim, seu esquema para um 
animal peludo, de quatro patas, dois olhos é de um gato (assimilação). No entanto, essa criança se 
depara, pela primeira vez, com um cachorro. O que possivelmente acontecerá? Ela vai inferir que este 
cão é, na verdade, um gato (porque seu esquema de animal peludo foi constituído como gato, não 
como cachorro). Ao interagir com o cão, ela vai perceber que ele não é, na verdade, um gato (neste 
momento ocorre a acomodação). Um adulto se aproxima e indica que esse é um cão, assim, ela vai 
assimilando a informação, por meio da equilibração, até que seu esquema de cão esteja construído e 
ela compreenda que nem todo o animal peludo de quatro patas é, necessariamente, um gato. 
Nossa mente tende a funcionar em equilíbrio. Quando esse equilíbrio é rompido em função 
das experiências que não são assimiladas, nossa mente sofre acomodação, com a intenção de 
construir novos esquemas de assimilação, atingindo assim um novo equilíbrio. Esse processo de 
retorno ao equilíbrio é o que chamamos de equilibração (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 
O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e termina na idade adulta, 
é comparável ao crescimento orgânico: como este, orienta-se para o equilíbrio. [ ... ] O 
desenvolvimento, portanto, é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um 
estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. (PIAGET, 1999, p. 13) 
Confira a seguir um infográfico com a síntese do processo de equilibração. 
ASSIMILAÇÃO 
~ 
9 ~ 
l::xpenã11c1as 
l 
EQUILIBRAÇÃO 
l::stados de equd1bno cada 
V'it.t. rndis 0!>l.dveis 
ACOMODAÇÃO 
9 ~ 
~ 
Novas exper1€rc1as 
Figura 1 - Processo de equilibração, segundo Piaget 
Fonte: Elaborada pela autora, 2020. 
16 
#ParaCegoVer: explicativo que indica, ao lado esquerdo, o processo de assimilação, em que 
assimilamos a partir da experiência (indicada por um gato) para a mente (indicada pela cabeça 
de uma pessoa com engrenagens dentro). Ao lado direito, a imagem indica o processo de 
acomodação, em que se assimila do sujeito para a nova experiência (indicada, desta vez, por um 
cão). Ao meio e um pouco abaixo é indicado a equilibração. 
Agora que você já aprendeu alguns termos importantes nesta concepção teórica, vamos 
compreender os períodos gerais de desenvolvimento cognitivo, em que partimos do princípio 
de que diferentes períodos proporcionam diferentes estruturas no sujeito. Por exemplo, em 
determinado período, uma criança pode já apresentar estruturas suficientes para lavar as 
mãos sozinha, porém, não para escrever uma carta. Para Piaget, há quatro grandes períodos 
de desenvolvimento nos seres humanos, que vão desde o nascimento até a adolescência, 
relacionados a essas estruturas e ao desenvolvimento do sujeito. São estes: sensório-motor, pré-
operatório (ou pré-operacional), operatório-concreto (ou operacional concreto) e operacional-
formal (ou operacional abstrato) (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 
O primeiro período, conhecido como sensório-motor, é o estágio em que é possível verificar 
uma coordenação sensório-motora de ação, que se baseia na evolução da motricidade e da 
percepção do indivíduo. Este período estende-se desde o nascimento até a aparição da linguagem 
na criança (por volta dos 18 a 24 meses, GOULART, 2008). 
O segundo período é o pré-operatório (também traduzido como pré-operacional), que tem 
duração dos dois aos sete anos, aproximadamente. É neste estágio que a criança se volta a 
realidade exterior e é quando a representação mental (capacidade de produção simbólica) surge 
na criança (GOULART, 2008). Uma diferenciação importante dele para o período anterior é que, 
no sensório-motor, a criança é centrada nela mesma, já no pré-operatório a criança volta-se para 
as descobertas no ambiente. 
O Operatório concreto (também traduzido como operacional-concreto), é o terceiro período 
de desenvolvimento cognitivo, que ocorre por volta dos seis a sete anos de idade até os doze ou 
treze anos. Nesta fase, a criança passa a interagir com o ambiente de maneira diferente. Este é 
um período de transição entre a ação e as estruturas lógicas mais gerais. É no operatório concreto 
que surgem as operações lógico matemáticas e as infralógicas (composição de um objeto total a 
partir de objetos parciais, como montar um quebra-cabeça mais complexo, por exemplo). 
O último período de desenvolvimento cognitivo é o operatório-formal (ou operacional-
formal, ou ainda operatório-abstrato) que se inicia por volta dos onze a quatorze anos de idade. 
Neste estágio, o sujeito já é capaz de distinguir o real e o possível, em que sua capacidade de 
entendimento ultrapassa o imediato (GOULART, 2008). O adolescente já é capaz de compreender 
para além do imediato, planejando e abstraindo conceitos mais complexos. 
17 
O processo de aprendizagem, na concepção piagetiana, depende, portanto, da estrutura do 
sujeito, relacionada ao período de desenvolvimento em que se encontra, buscando, assim, a 
equilibração, dentro de suas possibilidades. 
2.3 Aprendizagem segundo a Gestalt 
A Gestalt (do alemão Gestalt = forma) é a linha teórica da psicologia que busca compreender 
a percepção e a forma, que propõe que o todo é mais importante que a soma de suas partes 
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Esta abordagem foi criada em criada pelos psicólogos Max 
Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kõhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940), na Alemanha, 
ao final do século XIX (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Vale reforçar que a psicologia da Gestalt 
não apresenta relação com a Gestalt-terapia, criada pelo psicanalista Fritz Perls. 
Nesta teoria, em contraponto ao behaviorismo, trabalha-se com o conceito de estruturas 
mentais enquanto sua totalidade (GIUSTA, 2013). Faz um contraponto com dualismo cartesiano, 
apresentando a essência de que o todo é maior que a soma das partes. A interpretação, dentre 
outras coisas, explica a compreensão do todo, como o que ocorre em uma pintura, por exemplo: 
é necessário interpretá-la em sua totalidade e não somente uma parte da obra ou uma camada 
de tinta. Assim, olhar a pintura de maneira isolada não fará com que você compreenda a obra. 
Nesta ótica, pode-se dizer que a aprendizagem, na Gestalt, preocupa-se em compreender e 
resolver problemas partindo do todo para as partes. 
Para nossos estudos, talvez o conceito mais relevância para o estudo da aprendizagem 
seja o insight, que consiste em uma percepção súbita de relações entre elementos dentro de 
um contexto ou situação problema (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011), que ocorre de maneira 
encoberta (ou seja, não observável). Uma característica importante da aprendizagem por meio 
de insight é que determinadas situações e ambientes são mais favoráveis do que outras para 
que os indivíduos obtenham o insight. Em uma situação escolar, por exemplo, a escola pode 
proporcionar metodologias e ambientes que estimulem o insight em crianças. 
Quando tratamos d e percepção na Gestalt, é fundamenta I compreendermos as Leisda Gesta lt, 
que, apesar de não serem direcionadas exclusivamente para o processo de aprendizagem, podem 
apresentar implicâncias importantes, como por exemplo as semelhanças e proximidades de um 
tema devem ser ressaltadas, se considerarmos a Lei da Proximidade na Gestalt (OSTERMANN; 
CAVALCANTI, 2011). Vamos compreender, de maneira sucinta, cada uma destas leis: 
• Unidades 
É um elemento que se encera em si mesmo, ou como parte de um todo. Em outras palavras, 
é o próprio objeto {GOMES FILHO, 2008). 
• Segregação 
18 
É a capacidade que a nossa percepção apresenta em separar, identificar ou notar determinados 
elementos. Isso pode ocorrer por níveis (de pontos principais a mais complexos) ou como um 
todo (GOMES FILHO, 2008), em casos de imagens mais simples (como um círculo dentro de um 
quadrado, por exemplo). 
• Fechamento 
É a tendência que temos em realizar o fechamento de imagens, mesmo quando esse expressa 
de maneira explicita na imagem. 
• Continuidade 
É a impressão visual de como as partes continuam por meio da organização e perceção da 
forma, sem apresentar quebras ou descontinuidades na fuidez visual (GOMES FILHO, 2008). 
• Proximidade 
Elementos próximos uns dos outros tendem a ser percebidos juntos, constituindo uma 
unidade. Essa proximidade pode se dar por forma, cor, tamanho, texto etc. (GOMES FILHO, 2008). 
• Semelhança 
A igualdade de forma e cor também tende a constituir unidades, assim como ocorre com a lei 
da proximidade. (GOMES FILHO, 2008). Assim, os estímulos mais semelhantes entre si tendem a 
ser agrupados, formando unidades. 
• Pregnância 
Está relacionada ao equilíbrio, harmonia, simplicidade e homogeneidade do objeto. Assim, 
uma figura com alta pregnância ela tende a ser simples, harmônica e homogenia. Se pensarmos 
no processo de aprendizagem, tendemos a perceber conteúdos mais simples, homogêneos, que 
tenham uma boa forma, que aqueles que parecem heterogênicos e desarmoniosos, por exemplo. 
2.4 Aprendizagem na concepção Sócio-histórica 
Esta abordagem compreende que o desenvolvimento humano se dá por meio das relações 
sociais do sujeito ao longo de sua trajetória de vida. Essa teoria está intimamente ligada com os 
processos de socialização do sujeito, em que, por meio de sua história, imprime sua própria visão 
sobre o mundo ao seu redor. 
Surgida ao final do século XIX, essa teoria traz consigo uma série de pensadores, neste tópico 
vamos abordar especialmente sobre a teoria de aprendizagem de Lev Semenovitch Vygotsky 
(1896-1934), um renomado teórico da perspectiva sócio-histórica, bem como o brasileiro Paulo 
19 
Freire (1921-1997). 
Lev Vygotsky foi um importante psicólogo, que, dentre diversas contribuições, foi o 
proponente da psicologia cultural-histórica. Nascido em Orsha, no antigo Império Russo (região 
que hoje compreende a Bielorrússia), em 1986, era filho de uma família judia, teve sua formação 
em Direito na Universidade de Moscow. Por ter vivido durante a revolução russa, seus estudos 
tiveram forte influência nas obras de Karl Marx e Friedrick Engels. 
Sob a ótica vygotskiana, a aprendizagem é o processo em que o sujeito adquire informações, 
atitudes, habilidades, valores, que ocorre a partir do contexto em que está inserido, por 
meio de sua relação com o ambiente e outras pessoas. Dessa forma, o aprendizado incluí a 
interdependência dos sujeitos no processo de aprender (OLIVEIRA, 1993). Para Vygotsky, não 
é possível realizar uma separação entre o indivíduo (psicológico), o mundo material e o social: 
todas as esferas estão interligadas e o pensamento tem sua forma moldada pela cultura. 
Assim, o indivíduo é histórica, social e culturalmente datado: o lugar que se ocupa no tempo 
e no espaço contribui para a formação da personalidade e o desenvolvimento. Por exemplo: uma 
pessoa nascida no Amazonas, em 1950, é diferente de alguém nascido em Santa Catarina, no ano 
de 2020, tanto por questões temporais (como era o mundo e as tecnologias em 1950), quanto 
geográficas (são estados com populações culturalmente muito diferentes). Nesse princípio, 
então, não é possível pensarmos em indivíduos universalizados, é preciso pensar em indivíduos 
específicos, respeitando sua história e contexto. 
Seguindo nessa teoria, um conceito importante é o de mediação que, em termos genéricos, 
pode ser compreendida como um processo de intervenção de um elemento em uma relação. 
Na mediação, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento (OLIVEIRA, 
1993). Por exemplo, se uma pessoa segura uma xícara de chá muito quente e o toma diretamente, 
queimando sua boca, essa é uma relação direta de sujeito-objeto; porém, se a pessoa pega um 
chá quente e outra a comunica que ela pode se queimar, fazendo com que a pessoa aguarde 
antes de tomar a bebida, essa é uma situação em que ouve mediação. Vygotsky distinguiu dois 
elementos neste processo de mediação: os instrumentos e os signos (OLIVEIRA, 1993). 
Instrumentos são elementos concretos que se interpõem entre o sujeito e o mundo, 
ampliando a possibilidade de transformação do meio (por exemplo, um lápis, uma roda, um 
celular). Esses elementos mediadores são voltados a ações objetivadas que o indivíduo realiza no 
meio e não são mediadores exclusivamente humanos, outros animais podem fazer uso de objetos 
para transformar o meio (como macacos, por exemplo). 
Outro elemento mediador importante é o signo, que, de maneira sucinta, pode ser 
compreendido como algo que representa alguma coisa, diferente de si mesmo (imagens, palavras, 
sons etc.). Os signos são orientados para o próprio indivíduo e dirigem-se ao controle de ações 
20 
psicológicas, seja da própria pessoa ou de outros. Vale ressaltar que signos são elementos que 
auxiliam nos processos psicológicos e não em ações concretas (OLIVEIRA, 1993), sendo utilizados 
somente por humanos. 
Quando falamos de aprendizagem propriamente dita, há ainda um conceito bastante 
importante a ser compreendido: a zona de desenvolvimento proximal, que se relaciona com a 
nossa capacidade de mediação, por meio de elementos. As tarefas que a criança já consegue 
desempenhar de maneira independente é o que chamamos de nível de desenvolvimento real. Já 
o nível de desenvolvimento potencial se refere a capacidade de a criança desenvolver atividades 
com a ajuda de outras pessoas, sejam adultos ou crianças com mais capacidade relacionada 
à tarefa (OLIVEIRA, 1993). A zona de desenvolvimento proximal, assim, é um caminho que 
o indivíduo percorre entre seu nível de desenvolvimento real e potencial; é um processo de 
amadurecimento, é um domínio psicológico em constante transformação. Assim, se hoje uma 
criança de cinco anos, por exemplo, consegue amarrar um cadarço com a aj uda de um adulto, 
num futuro próximo ela o fará de maneira independente. Essa zona proximal permite que a 
criança, com o auxílio direto ou indireto de um adulto, possa desempenhar atividades que não o 
faria sem esse auxílio (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 
Esse conceito é de grande relevância nas práticas pedagógicas, uma vez que parte do ponto 
atual de desenvolvimento da criança, considerando-se duas relações e potenciais reais, em que, 
um "bom aprendizado" é somente aquele que faz sentido ao desenvolvimento do indivíduo 
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 
Níve de desenvolvimento 
real 
• 
ft 
N íve l de desenvolvimento potencial 
(soluç~o de problemas sob orientação) 
Zona de dcscnvolvirrcnto 
proximal 
Figura 2 - Zona de desenvolvimento proximal 
Fonte: Elaborada pela autora, 2020. 
21 
#ParaCegoVer: figura demonstra, ao centro, um círculo contendo o ícone de uma criança, em 
que se indica "nível de desenvolvimento real". Em outro círculo, contornando o círculo central, 
está escrito ZDP (zona de desenvolvimento proximal). Por fim, é demonstrado uma terceira borda 
que indica o potencial de aprendizagem (a solução de problemas sob orientação, com a indicação 
de umícone de uma pessoa adulta. 
FIQUE DE OLHO 
Aprendizagem experimental 
Neste vídeo, Diana Laufenberg conta sua experiência como docente em busca do despertar 
do interesse de seus alunos no processo de aprendizagem experimental e por meio de erro. 
Ela narra como foi a inclusão de métodos colaborativos e resultados obtidos nessa jornada. 
(TED, 2010b). 
Paulo Freire, nascido em 1921 no Recife, foi um educador e filósofo brasileiro, considerado 
o patrono da educação brasileira, título póstumo, recebido em abril de 2012. As contribuições 
e a repercussão internacional das obras de Freire - em especial o livro Pedagogia do Oprimido 
-fazem dele o autor de ciências humanas mais citado em obras acadêmicas no mundo inteiro. 
Vamos conhecer agora mais sobre as contribuições desse renomado autor brasileiro. Assista 
o vídeo a seguir para saber mais sobre Paulo Freire. 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
22 
3 A TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM 
Como vimos anteriormente, o ato de aprender nunca é suficiente por si só, assim, sempre 
aprendemos algo e nunca apenas aprendemos. Neste sentido, entre a informação obtida e a 
prática do que foi aprendido, há o que chamamos de transferência de aprendizagem. 
Em linhas gerais, a transferência da aprendizagem ocorre, em linhas gerais, quando um sujeito 
é capaz de colocar em prática aquilo que foi aprendido. Por exemplo: imagine que você precisa 
consertar o trinco de uma porta em sua casa. Para isso, você pede ajuda a sua namorada, que lhe 
ensina como fazer isso. Quando você conserta, sozinho, um outro trinco de outra porta, significa 
que você transferiu o aprendizado, ou seja, o colocou em prática aquilo que sua namorada o 
ensinou. 
A transferência de aprendizagem é bastante discutida no âmbito organizacional, justamente 
pelo crescente investimento que as empresas em dedicado à educação corporativa. Então, que 
tal conhecer mais a respeito deste tema? Assista o vídeo a seguir para entender mais sobre a 
transferência de aprendizagem o mundo do trabalho. 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
4 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
Aprender não é igual para todos, como já vimos. Há, ainda, sujeitos que podem apresentar 
dificuldades em aprender. Diversos fatores podem comprometer ou limitar a aprendizagem 
em crianças e adultos, sejam por causas biológicas (formação genética, patologia, distúrbio 
neurológico, limitação psicomotora) de ordem social (violência, abuso, condições de vida 
precárias), ou ainda culturais (viver em uma comunidade não alfabetizada, por exemplo). 
No vídeo a seguir, vamos conhecer um pouco sobre as dificuldades de aprendizagem. 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
FIQUE DE OLHO 
Uma segunda opinião sobre distúrbios de aprendizagem 
Há uma série de disfunções no desenvolvimento infantil que comprometem ou limitam 
a aprendizagem e socialização de crianças (como o autismo, por exemplo). Neste vídeo, a 
neurocientista Aditi Shankardass traz à tona erros comuns em diagnósticos que se baseiam 
exclusivamente em comportamentos. Ela discute a importância de exames neurológicos 
adequados para um diagnóstico mais realista e funcional. (TED, 2010a). 
23 
24 
fJ 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
• compreender diferentes conceitos de aprendizagem; 
• entender, na abordagem behaviorista, como aprendemos por condicionamento 
operantes; 
• conhecer os estágios de desenvolvimento da teoria piagetiana, bem como como 
ocorre a aprendizagem por equilibração; 
• compreender a aprendizagem por insight, na abordagem gestaltista e, bem como as 
leis da percepção; 
• entender a aprendizagem na abordagem sócio-histórica, por meio das teorias de 
Vygostky e Paulo Freire; 
• conhecer sobre o conceito de transferência de aprendizagem e suas aplicações no 
âmbito organizacional; 
• ampliar o entendimento sobre as dificuldades de aprendizagem. 
COELHO JUNIOR, F. A.; BORGES-ANDRADE, J. E. Uso do conceito de aprendizagem em 
estudos relacionados ao trabalho e organizações. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 18, n. 40, p. 
221-234, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0103-863X2008000200002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 mai. 2020. 
CHI ESA, M. Behaviorismo radical: a filosofia e a ciência. Brasília: Celeiro, 2006 
GIUSTA, A. S. Concepções de aprendizagem e práticas pedagógicas. Educ. rev., Belo 
Horizonte, v. 29, n. 1, p. 20-36, mar. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. 
php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982013000100003&Ing=en&nrm=iso. Acesso em: 
23 mai. 2020. 
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 9 . ed. São Paulo: 
Escrituras, 2008. 
GOULART, 1. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. Petrópolis: 
Vozes, 2008. 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. 
Porto Alegre: Artmed Editora, 2007. 
OLIVEIRA, M K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento - um processo sócio-histórico. 
São Paulo: Scipione editora, 1993. 
OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. Teorias de Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf; 
UFRGS, 2011. 
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. 
TED. Aditi Shankardass: A second opinion on learning disorders. 2010a. (9m49s). Disponí-
vel em: https://www.youtube.com/watch ?v=dBxvZwJZgdM. Acesso em: 10 jun. 2020. 
___ . Diana Laufenberg: Howto learn? From mistakes. 2010. (10m37s). Disponível: 
https://www.youtube.com/watch?v=up4hFj-jcTY. Acesso em: 10 jun. 2020. 
UNIDADE 2 
Inteligência em diferentes aborda-
gens: pressupostos teóricos e suas 
implicações 
Introdução 
Olá, 
Você está na unidade Inteligência em Diferentes Abordagens (Pressupostos teóricos e 
suas implicações). Conheça aqui o conceito de inteligência nas abordagens Psicométrica, 
Cognitiva e as novas perspectivas teóricas: inteligência e Criatividade. Entenda ainda os 
fundamentos teóricos que direcionam os trabalhos do profissional da educação, bem 
como a importância de conhecer os princípios da inteligência nas abordagens estudadas 
e direcionar as aplicações na sua prática para ter o pleno exercício da profissão. 
Aprenda, também, técnicas fundamentais relacionadas com a consolidação das 
aplicações teóricas da inteligência, numa visão psicometrista, cognitiva e da inteligência e 
criatividade. Conheça, além disso, alguns dos principais conceitos que orientam as práticas 
educacionais, bem como sugestões de atividades relacionadas com as abordagens aqui 
estudadas. 
Bons estudos! 
29 
1 NOÇÕES PRELIMINARES 
A partir deste momento, estudaremos a respeito do construto inteligência e das abordagens 
psicométricas e cognitivas, que têm em seu entendimento a forma como cada uma é concebida e 
utilizada nos processos educacionais. Dessa forma, educadores e pesquisadores de demais áreas 
do conhecimento podem ter acesso a essas informações tão importantes na atualidade, pois são 
necessárias para produzir novos conhecimentos e criar estratégias que possam ser utilizadas para 
a sua testagem, avaliação e aplicação nos diversos contextos organizacionais, principalmente na 
educação. Cada abordagem tem seus precursores na psicologia e, com eles, torna-se capaz de 
avançar na compreensão da inteligência e sua testagem. 
Além disso, vamos entender que existem instrumentos capazes de avaliar a inteligência nas 
novas propostas e na criatividade. Sabendo desses entendimentos, há a necessidade de rever 
a aplicação e a utilização desses conceitos na escola e em organizações voltadas à resolução de 
problemas, por meio da inteligência e criatividade. 
Figura 1- Inteligência e Criatividade 
Fonte: Uropong, iStock, 2020. 
#ParaCegoVer: na figura, é mostrada uma mão segurando uma lâmpada e, no pano de fundo, 
uma pessoa sentada diante de um laptop digitando, sugerindo, assim, a construção de uma nova 
ideia. Isso representa a inteligência. 
Portanto, estudaremos a inteligência e o seu estudono processo de civilização humana. É 
fundamental que os educadores compreendam a necessidade histórica de promover situações 
que possam estimular a capacidade intelectual dos seus alunos, pois é por meio habilidade que 
eles irão conseguir melhorar o desempenho escolar e posteriormente, obter sucesso na vida. 
30 
1.1 Conceituação de inteligência: duas formas de compreender a 
inteligência 
No dia a dia, ouvimos que "fulano é mais inteligente que ciclano", mas "fulano parecia ser 
mais esperto e foi engando por ciclano". Essas afirmativas colocam uma pessoa em comparação 
com a outra, com relação às suas capacidades de serem inteligentes. Entretanto, do que se 
realmente fala? Para saber disso, é necessário que tenhamos o conceito de inteligência, e, para 
isso, serão utilizados alguns conceitos que são consenso hoje em dia. 
Desde os primórdios da civilização, o homem procurou compreender o que fazia algumas 
pessoas aprenderem mais do que outras. Assim, iniciou-se um longo processo histórico, que deu 
origem a várias compreensões. Na atualidade, podemos encontrar duas linhas que definem o que 
é a inteligência, a primeira linha, segundo lntelligence: Knowns and Unknowns: 
Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia 
ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engajarem nas várias formas de raciocínio, 
de superarem obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser 
substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada 
pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os 
conceitos de 'inteligência' são tentativas de aclarar e organizar esse conjunto complexo de fenômenos. 
{INTELLIGENCE KWNOWNSAND UNKNOWNS apud RODRIGUES, 2018, p. 4) 
Nesse entendimento, a inteligência está relacionada com a capacidade da pessoa em se 
adaptar ao seu meio, o que significa ser capaz de superar as situações-problema do dia a dia e 
responder de forma que consiga dar uma resposta adequada à aquela situação encontrada. Não 
há, portanto, um ponto fixo do que uma pessoa seja inteligente, irá depender da situação na qual 
está inserida. 
A segunda linha, de acordo com Mainstream Science on lntelligence, explica que a inteligência é: 
uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, 
planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender 
rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprend izagem literária, uma habi lidade 
estritamente acadêmica ou um talento para sair se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito 
refere se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta' pegar 
no ar', 'pegar' o sentido das co·1sas ou 'perceber' uma coisa. {MAINSTREAM SCIENCE ON INTELLIGENCE 
apud RODRIGUES, 2018, p. 4) 
Essa definição mostra que a inteligência é uma capacidade profunda de compreender o 
mundo ao seu redor, de "pegar no ar" o sentido das coisas ou "perceber" uma coisa. As duas 
formas distintas de entender a inteligência na atualidade conduzem os demais autores e 
estudiosos sobre esse objeto de estudo seguirem uma das duas linhas de raciocínio. 
Neste material, consideraremos que inteligência é 
31 
[ ... ] a solução de um problema novo para o indivíduo, é a coordenação dos meios para ating·1r 
um certo fim, que não é acessível de maneira imediata; enquanto o pensamento é a inteligência 
ínteríorizada e se apoiando não ma·1s sobre a ação direta, mas sobre um simbolismo, sobre a evocação 
simbólica pela linguagem, pe las imagens mentais etc. (PIAGET 1972 apud BOCK, 1999, p. 179) 
De maneira geral, a inteligência é a conseguir encontrar a solução de um problema novo para 
a pessoa, ou seja, é coordenar os meios para se atingir uma solução de uma coisa ou situação 
num dado momento. 
1.2. Histórico dos estudos da inteligência (da cidade-estado grega até a 
atualidade na psicologia) 
Os estudos da inteligência devem-se aos questionamentos feitos pelos antigos filósofos 
gregos. Desde a ascensão da cidade-estado grega, 
um determinado conjunto de ideias dominou as discussões sobre a condição humana em 
nossa cív"ilização. Esta coletânea de ide·1as enfatiza a existência e a importância de poderes mentais 
- capacidades que foram diferentemente denominadas como racionalidade, íntel igênc"ia ou o 
desenvoIv·1mento da mente. (GARDNER, 1994, p. 4) Então, a partir desse período, o homem vem 
tentando compreender como se processa a íntelígência. Isso se deve à vontade do homem em se 
conhecer, e, portanto, a sua capacidade de conhec"imento. No processo histórico temos a presença da 
preocupação na escrita de Platão, sobre o profeta hebraico. 
Os períodos históricos se sucedem, mas a curiosidade por saber mais sobre a inteligência 
contínua, conforme Gardner (1994, p. 5), "pode-se ver que no milênio das trevas que se estendeu 
entre a época Clássica e a Renascença, a posição dos fatores intelectuais raramente foi desafiada". 
No início do período medieval Santo Agostinho irá falar sobre a inteligência e, logo depois, no 
ápice da Idade Média, Dante se posiciona a respeito da inteligência. 
Na sequência histórica, no Renascimento, Descartes e Francis Bacon irão falar sobre a 
inteligência, sendo que Bacon irá construir uma história na qual um navio se depara com uma ilha 
utópica e a principal instituição é um estabelecimento científico. 
Assim, os filósofos e mais tarde os psicólogos dividiram-se em dois grandes blocos, quanto 
à compreensão desse aspecto do pensamento (cognição) humano: a abordagem da psicologia 
diferencial (Psicométrica) e a abordagem dinâmica (Cognitiva). 
Acreditamos que, até o presente momento, é fundamental conhecermos os conceitos básicos 
da inteligência e o seu histórico, bem como saber as duas abordagens que se mantêm até hoje 
com relação a compreensão da inteligência. É possível avançar, então, para mais conhecimentos 
sobre as abordagens que estudam a inteligência na área da Psicologia e, posteriormente, possam 
fornecer experiência prática e, esclarecer questionamentos. 
32 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
2. ABORDAGEM PSICOMÉTRICA DA INTELIGÊNCIA 
Foi exposto anteriormente a compreensão da inteligência ao longo da histór ia e 
desenvolvimento científico se dividiu em duas grandes abordagens na psicologia: Psicologia 
Diferencial (Psicométrica) e a abordagem dinâmica (Cognitiva). A partir de agora, nos 
aprofundaremos na abordagem psicométrica da inteligência. 
2.1 Histórico da abordagem da psicométrica da inteligência: psicologia 
diferencial e precursores da abordagem psicométrica 
A psicologia diferencial tem como sua base a tradição positivista. Segundo Bock (1999) a 
visão positivista tem como objetivo estudar os fatos observáveis e mensuráveis, ou seja, essa 
visão torna a inteligência mensurável, ou melhor, torna a inteligência visível por meio dos 
comportamentos humanos, que são a manifestação da capacidade cognitiva da pessoa. Portanto, 
nessa abordagem, a inteligência é um conjunto de habilidades e, assim, capaz de ser medida por 
meio dos testes psicológicos de inteligência. 
Sobre a origem da psicometria, há alguns fatores que influenciaram na construção dos 
testes psicológicos. Segundo Anastasi (apud VIANA; NACIMENTO, 1999) os testes, portanto, são 
resultado da necessidade em saber o diagnóstico dos pacientes atendidos tendo como objetivo 
escolher o melhor tratamento para a pessoa atendida. 
Nesse período, os psicólogos buscavam a uniformidade, as descrições generalizadas do 
comportamento humano; contudo, nesse momento os psicólogos experimentais em seus 
laboratórios com os estudos sobre os 
[ ... ] estímulos sensoriais, dentro do rigor do método científico, influenciaram a natureza dos 
33 
primeiros testes psicológicos, que são caracterizados por testes sensoriais.A preocupação com 
condições padronizadas de observação, como a instrução e o ambiente, é mantida pelos testes até 
hoje. (VIANA; NASCIMENTO, 1999, p. 96-97) 
A origem dos testes psicológicos aconteceu no século XIX, no qual os psicólogos se 
preocupavam em obter informações corretas a respeito dos quadros apresentados pelos seus 
pacientes e, consequentemente, escolher o melhor tratamento. No laboratório de psicologia, 
eram feitas pesquisas que culminaram na elaboração dos testes psicológicos sensoriais. 
Nesse período, alguns nomes ficaram marcados na história da psicologia, pela construção dos 
testes psicológicos e contribuição à elaboração dos testes e pelo conceito de inteligência na qual 
tra ba Ih ava m. 
• Francis Galton 
Foi um biólogo inglês, que começou com a aplicação de testes que refletiam sobre a influência 
das pesquisas sensoriais. Esse pesquisador acreditava que havia uma relação de proporcionalidade 
direta entre a capacidade de discriminação sensorial e a capacidade intelectual e, por isso, quanto 
maior fosse uma, maior seria a outra. Portanto, ele acreditava que testes de discriminação 
poderiam avaliar os processos intelectuais de um indivíduo. 
• James McKeen Cattell 
Foi um psicólogo americano que orientou, nos EUA, o uso de métodos experimentais 
objetivos, testes mentais e aplicação de psicologia nas áreas de educação, negócios, indústria 
e publicidade. Ele desenvolveu trabalhos na área da testagem da inteligência e utilizou o termo 
teste mental pela primeira vez; além disso, esse autor defendia a mesma ideia de Galton a 
respeito da inteligência. 
• Alfred Binet 
Em 1904, Binet construiu os primeiros testes de inteligência, que objetivavam analisar os 
progressos de crianças deficientes, do ponto de vista intelectual. Eles realizavam programas 
especiais para auxiliar no desenvolvimento dessas crianças e, por isso, era fundamental que 
realizassem uma testagem para verificar a eficiência dos programas (BOCK, 1999). Ele elaborou, 
também, testes para verificar o desenvolvimento das crianças por idade. Entretanto, a posição 
dele era contrária à de Galton a respeito da inteligência "que critica a natureza sensorial dos 
testes e a sua concentração em habilidades simples e especializadas." (VIANA; NASCIMENTO, 
1999, p. 97). Juntamente, com Henri Simon, Binet construiu a escala para avaliar a inteligência das 
crianças, conhecida como Escala de Binet-Simon. 
34 
2.2 Conceitos de inteligência na abordagem psicométrica 
Segundo Viana e Nascimento (1999) na abordagem psicometrista, o fator de inteligência 
decorre da utilização da análise fatorial, que está relacionada com a estatística. Portanto, os valores 
da variável psicológica correspondem ao fator matemático da análise fatorial, e ele é conhecido 
como fator psicológico. Portanto, na abordagem psicométrica há a inclusão da quantificação 
estatística que é transformada na correspondente na área psicológica. Spearman foi o teórico 
que "utilizou a análise fatorial para determinar os fatores presentes nos testes. Sua intenção era a 
de reduzir os dados encontrados em um número mínimo de fatores mentais significativos. Deste 
modo, isolou dois fatores: um geral g e um específico ou fator e, formulando a teoria bifatoria l da 
inteligência" (VIANA; NASCIMENTO, 1999, p. 98). 
Os fatores g e e possibilitam avaliar os fatores comum a todas as habilidades humanas (g) e 
o (e) os fatores relacionados com as habilidades especificas da atividade. Com base no fator g, 
seria uma variável constante intraindividualmente, o que demonstraria que as pessoas nasceriam 
com um nível predeterminado de inteligência e manteria constante ao longo do desenvolvimento 
(VIANA; NASCIMENTO, 1999). 
Além dessa forma de compreender a inteligência na psicometria, Thurstone: 
Concebe a inteligência como um composto de capacidades mentais primárias. A intel igência seria 
composta das seguintes capacidades: numérica, visual {espacial), de memorização, de compreensão 
verbal, de fluidez verbal, de indução, de rapidez de percepção, de flexibil idade da percepção. Tais 
capaddades mentais variariam tanto inter como intra-individualmente. {ANACONA-LOPES, 1987 apud 
VIANA; NASCIMENTO, 1999, p. 98) 
As duas formas de compreender a inteligência influenciarão na construção dos testes e na 
capacidade de alteração na inteligência. Ambas as formas ainda repercutem na elaboração de 
testes padronizados da inteligência na psicologia. Na atualidade, temos o Teste de Inteligência 
Rl-Forma B e G36 que utilizam o conceito de Spearman; e o conceito de Thurstone é utilizado na 
bateria de Testes de Aptidão Diferencial para Orientação (DAT para orientação). 
A respeito do conceito de inteligência, Ancona-Lopes (1987 apud VIANA; NASCIMENTO, 1999, 
p. 98) "ressalta que o caminho percorrido pela psicometria não foi o de elaborar primeiro um 
conceito de inteligência para depois construir instrumentos para sua mensuração: ao contrário, 
mediu primeiro para depois tentar definir o que seria inteligência". A psicologia de maneira geral, 
constrói a sua base conceituai a partir da prática, e não de forma inversa. De acordo com a autora, 
a psicometria falhou em elaborar um único conceito de inteligência, e, na realidade, a maior 
contribuição da psicometria é o estudo das diferenças individuais e da sua mensuração; dessa 
forma, não se preocupa com a gênese do funcionamento cognitivo como fez Piaget. 
35 
2.3 Aplicação na educação dos testes de inteligência 
A utilização dos testes de inteligência teve sua origem na necessidade dos psicólogos no 
século XIX, em diagnosticar as pessoas com doenças mentais e a partir dos resultados escolher o 
mais indicado para cada caso. 
Os testes de inteligência tiveram e têm forte inserção no processo educacional, por permitirem 
avaliar a capacidade de um aluno em acompanhar ou não os demais estudantes. Portanto, 
esses testes têm uma grande importância na educação inclusiva, antes denominada especial, 
para auxiliar os psicólogos no levantamento da capacidade intelectual das crianças e, somados 
com outros testes psicológicos, irão fornecer subsídios para o aluno participar dos programas da 
escola especial ou do ensino regular nos programas de apoio. 
A aplicação dos testes psicológicos, então, permite aos profissionais levantarem as defasagens 
da inteligência e demais habilidades para a aprendizagem formal, a partir de tais informações é 
possível criar estratégias para que os professores forneçam condições para o aprendizado da 
criança. 
A Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AAIDD), segundo 
Anache (2018) afirma que: 
Embora que as recomendações da Associação Americana de Deficiência Intelectual e 
Desenvo1v·1mento (AAIDD) represente avanço ao reconhecer os múltiplos fatores determinantes da 
deficiênc·,a intelectual, sugerem um conjunto de instrumentos/testes para esta final idade, os quais nem 
sempre podem ser aplicados para este público, em decorrência das suas diversas características. Em 
tempo, esta Associação considera como deficiente um individuo que apresentar déficit de inteligência 
(QI abaixo de 70), déficit em duas ou mais áreas do comportamento adaptativo, e, a depender da 
etiologia, pode se manifestar até os 18 anos de idade. Assim, o processo avaliativo deve ser real izado 
por meio da combinação de instrumentos psicométrkos e outros métodos de natureza qualitativa, 
evitando-se com isso, as inferências dos profissionais na elaboração das análises dos resultados. 
(ANACHE, 2018, p. 69, grifo nosso) 
Mesmo diante de toda a discussão frente à educação inclusiva, e as críticas feitas a respeito 
da utilização dos testes psicométricos de inteligência e outros, eles ainda são defendidos pela 
associação americana de deficiência intelectual e desenvolvimento. 
FIQUE DE OLHO 
A abordagem psicométrica trouxe consideráveis ganhos para o processo de avaliação das 
crianças com problemasde aprendizagem e intelectuais. Foi possível conhecer melhor a 
maneira como as crianças podem ter diferentes ritmos no processo de desenvolvimento 
e aprendizagem. Além disso, ela permitiu aos profissionais da educação melhorarem as 
condições de ensino-aprendizagem e a criarem um ambiente voltado para a aprendizagem 
de acordo com a necessidade de cada aluno. 
3 INTELIGÊNCIA NA ABORDAGEM COGNITIVA 
A partir de agora, estudaremos de que forma a inteligência é compreendida na abordagem 
cognitiva. Essa abordagem surgiu no século XX, trazendo contribuições da psicologia cognitiva, 
que utiliza informações da psicologia radical, do processamento de informações e da linguística. 
Essa integração surge da necessidade em contrapor o modelo paradigmático do condutismo, 
assim criam-se alternativas para explicar o comportamento, pensamento, inteligência etc. 
A proposta da psicologia cognitiva refletirá na compreensão da inteligência, que surgirão 
formas diferenciadas da conceituação e avaliação da inteligência. Agora, estudaremos as bases da 
abordagem cognitiva da inteligência, seus precursores e sua utilização no contexto educacional. 
3.1. Conceito de inteligência na abordagem Cognitiva: história e 
principais autores 
O modelo da abordagem cognitiva segue o processo histórico da evolução da psicologia. 
Entretanto, no século XX, surgiram debates sobre como a psicologia iria compreender 
comportamento, pensamento, inteligência dentre outros conceitos, diante do novo cenário 
científico, tecnológico e social nas primeiras décadas após a segunda guerra mundial. 
Assim, em 1956 foi publicado A Study of Thinking dos autores Bruner, Goodnow e Austin, 
que é considerada obra capital da psicologia do pensamento e da solução de problemas. Essa 
publicação resulta das integrações entre a psicologia radical (Skinner), da linguística (Chomsky) 
e do avanço tecnológico em telecomunicações, " na manipulação de fatores humanos e nos 
computadores digitais levaram a progressos análogos na teoria psicológica, particularmente em 
relação ao processamento da informação" (STERNBERG, 2000, p. 31). Depois disso, em 1967, 
Neisser publicou o livro Cognitive Psychology, 
Foi especialmente decisivo para tornar bem conhecido o cognitivismo, por meio da informação 
a estudantes e professores universitários sobre esse campo de recente desenvolvimento.[ ... ] Neisser 
definiu psicologia cognitiva como o estudo da maneira como as pessoas aprendem, estruturam, 
armazenam e usam o conhecimento. (STERNBERG, 2000, p. 31, grifo nosso) 
37 
Portanto, a origem no século XX da proposta cognitiva tem como objetivo estudar o 
conhecimento nas várias etapas da sua construção: aprender, armazenar e usar o conhecimento. 
Então, nessa abordagem da inteligência, buscamos entender como as habilidades mentais se 
alteram ao longo da vida, considerando, também, como variáveis a maturação e a aprendizagem. 
Os principais autores que teorizam sobre a compreensão cognitiva são Jean Piaget e Lev Vygotsky, 
e ambos falam sobre o processo de aprendizagem, desenvolvimento e inteligência, apesar de 
cada um enfatizar mais um dos aspectos. Porém, ambos são referência no que diz respeito à 
compreensão da inteligência na abordagem cognitiva. 
3.2 Jean Piaget (1896-1980} 
Jean Piaget é o pioneiro do enfoque construtivista à cognição humana. O seu diferencial com 
relação aos estudos de Binet é no que diz respeito à compreensão dos erros que as crianças 
faziam durante a realização das provas de Binet. Assim, a teoria piagetiana parte da observação 
dos erros infantis realizados durante a realização dos testes de inteligência de Binet e considera 
que a lógica do pensamento infantil é diferente do adulto, e, portanto, deve ser compreendida. 
A teoria piagetiana tem como conceitos básicos: assimilação, acomodação e equilibração. De 
acordo com Moreira: 
O crescimento cognitivo se dá por assimi lação, e acomodação. A assimilação designa o fato de 
que a iniciativa na interação do sujeito com o objeto é do organismo. O indivíduo constrói esquemas 
de assimilação mentais para abordar a realidade. Todo esquema de assimilação é construído e toda 
abordagem à realidade supõe um esquema de assimilação. Quando o organismo (a mente) assimila, 
ele incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio. (MOREIRA, 1999, p. 100) 
Assim, podemos dizer que o mecanismo por meio do qual a pessoa conhece a sua realidade 
é o processo de assimilação que acontece pelo contato com a realidade. Quando há modificação 
no organismo, ocorre a acomodação. 
É através das acomodações (que, por sua vez, levam à construção de novos esquemas de 
assimilação) que se dá o desenvolvimento cogn·,tivo. Se o meio não apresenta problemas, dificuldades, 
a atividade da mente é, apenas, de assim.ilação, porém, diante deles, ela se reestrut ura (acomodação) 
e se desenvolve. {MOREIRA, 1999, p. 100) 
Para que exista a aprendizagem, portanto, é necessário que ocorra a assimilação e 
acomodação. O equilíbrio entre assimilação e acomodação é a adaptação à situação. 
Conforme Piaget (1972 apud STERNBERG, 2000) a equilibração ocorre entre uma etapa e 
outra do desenvolvimento cognitivo infantil, porém as crianças aprendem continuamente. O que 
significa que o processo de equilibração não acontece em apenas um momento, mas durante 
todo o processo do desenvolvimento cognitivo. 
38 
As fases propostas por Piaget do desenvolvimento cognitivo, segundo Bock (1999, p. 101-107) 
e Sternberg (2000, p. 375-382): 
• 1º período - Sensório-motor (0-2 anos) 
Esta etapa é marcada por atividades físicas que são dirigidas a objetos e situações externas. As 
atividades iniciais reflexas por meio das atividades físicas vão se transformando gradativamente em 
atos conscientes e intencionais, entretanto, a capacidade de conceituação ainda é limitada. Dessa 
maneira, quando a criança adquire a marcha e a linguagem, as atividades externas ampliam uma 
dimensão interna importante, pois toda a sua experiência vai sendo representada mentalmente. 
A partir da aquisição da linguagem, inicia-se uma socialização efetiva da inteligência. 
• 2º período - Pré-operatório (2 a 7 anos) 
Nesta fase, a criança vai construindo a capacidade de efetuar operações lógico-matemáticas 
(seriação, classificação). Embora a inteligência já tenha condições de empregar símbolos e signos, 
ainda lhe falta a reversibilidade, ou seja, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial 
e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência 
de conservação da quantidade quando se passa o líquido de um copo mais largo para um outro 
recipiente mais estreito). Essa reversibilidade será construída nos períodos operatório concreto 
e formal. 
• 3º período - Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) 
Nessa etapa, a criança começa com a construção lógica, que é a capacidade da criança de 
estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes. Nesse período 
a criança torna-se capaz de cooperar com as demais crianças e adultos, o que possibilita, a sua 
autonomia pessoal. 
• 4º período - Operações formais (11 ou 12 anos em diante) 
Nesta etapa, ocorre a mudança pensamento concreto para o pensamento formal, isto 
é, o adolescente realiza as operações no plano das ideias, sem necessitar de manipulação ou 
referências concretas. É capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça etc. 
O processo de desenvolvimento cognitivo proposto por Piagetexplica o processo de mudanças 
na forma de pensar de todas as pessoas, com a mesma sequência. Entretanto, o início e o término 
de cada uma delas, depende das características biológicas, dos fatores educacionais e sociais dos 
indivíduos (BOCK, 1999). 
Ao longo dos seus estudos do desenvolvimento cognitivo, Piaget elaborou as Provas de 
Operatórias das Operações Mentais, segundo Moraes (2018), 
39 
[ ... ] as provas operatórias são instrumentos"de avaliação intelectual ·individual" que permitem 
investigar se o sujeito já atingiu um estágio cognitivo no qual é capaz de realizar operações mentais. 
Elas dão um bom direcionamento do nível de radocínio lógico, indicando em qual dos estágios 
piagetianos o sujeito avaliado se encontra. {MORAES, 2018. 242) 
As provas piagetiana são importantes para os profissionais da educação localizarem em qual 
período o desenvolvimento cognitivo da criança está. Assim, são capazes de criar condições 
adequadas para a aprendizagem, respeitando o desenvolvimento cognitivo. As provas são um 
exemplo de teste no modelo da abordagem cognitiva 
3.4. Lev S. Vygotsky (1896-1934) 
A obra de Vygotskytambém apresenta grande contribuição para a compreensão dos processos 
de aprendizagem, pois, segundo ele, "é o aprendizado que possibilita o despertar de processos 
internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, 
não ocorreriam" (OLIVEIRA, 1995, p. 56, grifo nosso). 
Assim, o desenvolvimento ocorre a partir do processo de aprendizagem, no qual a aquisição 
do conhecimento se dá no meio social, entre a criança e a sua cultura, e há transformação do 
homem sobre ele mesmo, através dos instrumentos que transformam ativamente a realidade, 
em vez de imitá-la. 
Segundo Botelho (2016), Vygotsky considera que o período da infância apresenta 
características próprias das funções psicológicas e, ao passar do tempo, e as interações vão 
evoluindo de acordo com as suas experiências e marcos neuropsicológicos. 
Além da cultura, meio social e o sujeito o autor considerou a parte biológica do organismo, 
conforme Vygotsky, a proposta engloba a base biológica, que seria estimulada pelo meio ambiente 
(social, cultural e físico), pois o desenvolvimento está relacionado com a junção do ambiente e o 
fisiológico da criança. Essa junção permite o avanço nos processos de maturação neurofisiológica 
e de aprendizagem (estrutura mental) (BOTELHO, 2016). 
A importância do entendimento da lei genética geral do desenvolvimento cultural mostra 
a interação entre o biológico e social, que acontece de maneira organizada, dependendo da 
estrutura pré-programada pela genética, mas irá sofrer influência do meio, seja social, cultural 
e físico. Essa combinação culminará no desenvolvimento das características humanas que estão 
relacionadas com o desenvolvimento psicológico, que passa da categoria interpsíquica para a 
interpsíquica. 
As pesquisas de Vygotsky demonstraram que a origem das funções superiores está nas 
relações estabelecidas entre as pessoas, e que, a partir delas, desenvolvem o processo de 
internalização das formas culturais do comportamento (BOTELHO, 2016). 
39 
[ ... ] as provas operatórias são instrumentos "de avaliação intelectual ·individual" que permitem 
investigar se o sujeito já atingiu um estágio cognitivo no qual é capaz de realizar operações mentais. 
Elas dão um bom direcionamento do nível de radocínio lógico, indicando em qual dos estágios 
piagetianos o sujeito avaliado se encontra. {MORAES, 2018. 242) 
As provas piagetiana são importantes para os profissionais da educação localizarem em qual 
período o desenvolvimento cognitivo da criança está. Assim, são capazes de criar condições 
adequadas para a aprendizagem, respeitando o desenvolvimento cognitivo. As provas são um 
exemplo de teste no modelo da abordagem cognitiva 
3.4. Lev S. Vygotsky (1896-1934) 
A obra de Vygotskytambém apresenta grande contribuição para a compreensão dos processos 
de aprendizagem, pois, segundo ele, "é o aprendizado que possibilita o despertar de processos 
internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, 
não ocorreriam" (OLIVEIRA, 1995, p. 56, grifo nosso). 
Assim, o desenvolvimento ocorre a partir do processo de aprendizagem, no qual a aquisição 
do conhecimento se dá no meio social, entre a criança e a sua cultura, e há transformação do 
homem sobre ele mesmo, através dos instrumentos que transformam ativamente a realidade, 
em vez de imitá-la. 
Segundo Botelho (2016), Vygotsky considera que o período da infância apresenta 
características próprias das funções psicológicas e, ao passar do tempo, e as interações vão 
evoluindo de acordo com as suas experiências e marcos neuropsicológicos. 
Além da cultura, meio social e o sujeito o autor considerou a parte biológica do organismo, 
conforme Vygotsky, a proposta engloba a base biológica, que seria estimulada pelo meio ambiente 
(social, cultural e físico), pois o desenvolvimento está relacionado com a junção do ambiente e o 
fisiológico da criança. Essa junção permite o avanço nos processos de maturação neurofisiológica 
e de aprendizagem (estrutura mental) (BOTELHO, 2016). 
A importância do entendimento da lei genética geral do desenvolvimento cultural mostra 
a interação entre o biológico e social, que acontece de maneira organizada, dependendo da 
estrutura pré-programada pela genética, mas irá sofrer influência do meio, seja social, cultural 
e físico. Essa combinação culminará no desenvolvimento das características humanas que estão 
relacionadas com o desenvolvimento psicológico, que passa da categoria interpsíquica para a 
interpsíquica. 
As pesquisas de Vygotsky demonstraram que a origem das funções superiores está nas 
relações estabelecidas entre as pessoas, e que, a partir delas, desenvolvem o processo de 
internalização das formas culturais do comportamento (BOTELHO, 2016). 
40 
Assim sendo, o homem torna-se social à medida que, agindo entre si, utiliza instrumentos para 
aproximar-se de seus semelhantes e, assim, os instrumentos também adquirem a utilidade no 
contexto social. Um dos instrumentos, os signos, vão possibilitar ao homem ampliar a sua capacidade 
de atuar sobre o mundo. A partir do momento em que armazena as informações do meio, passando 
a internalizá-las, o homem constrói o seu mundo interno, ou seja, as representações mentais. 
Essa capacidade de realizar as operações mentais, nas quais a ação do mundo não se faz 
diretamente, mas através dos signos internalizados que representam os elementos do mundo, 
não necessita da interação concreta do homem com os objetos do seu pensamento. 
Ao longo do processo histórico do homem, as representações da realidade se articulam 
em sistemas simbólicos. Assim, os sistemas de representação da realidade - a linguagem é um 
deles - se dá no contexto social. Portanto, é o grupo "cultural onde o indivíduo se desenvolve 
que lhe fornece formas de perceber e organizar o real, as quais vão constituir os instrumentos 
psicológicos que fazem a mediação entre indivíduo e o mundo" (OLIVEIRA, 1995, p. 36). 
Os sistemas simbólicos, e particularmente a linguagem, permitem ao homem partilhar com os 
membros de seu grupo, através dos significados a interpretação de sua realidade, está constituída 
pelos objetos, eventos e situações do mundo real. 
Na obra de Vygotsky, "é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos do 
indivíduo, liga o desenvolvimento da pessoa à sua relação com o ambiente sociocultural em que 
vive e a sua situação de organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros 
indivíduos de sua espécie" (OLIVEIRA, 1995, p. 18). 
Tal compreensão do processo de aprendizagem por Vygotsky, vai possibilitar a construção 
dos conceitos de zona do desenvolvimento real, zona do desenvolvimento potencial e zona do 
desenvolvimento proximal, nas quais 
o nível real de desenvolvimento define as funções que já estão maduras, quer dizer, os produtos 
tinais do desenvolvimento, a Zona de desenvolvimento próximo define "aquelas funções que ainda 
não tenham amadurecido, porém que se encontram em processo de maturação, função que em 
um amanhã próximo alcançarão seu amadurecimento e que agora se encontram em um estado 
embr"1onário. (MINGUET, 1998, p. 114) 
Assim, o processo de desenvolvimento do indivíduo se faz através

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