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www.cruzeirodosulvirtual.com.br DIDÁTICA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Educação a Distância ► Didática para Pessoas com Necessidades Especiais Graduação Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução ou transmissão total ou parcial por qualquer forma ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem permissão do Núcleo de Educação a Distância – Unifran. 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Dr. Armando Salles Oliveira, 201 – Parque Universitário – 14.404-600 Franca – SP – PABX: (16) 3711-8888 – FAX (16) 3711-8886 – 0800 34 12 12 – www.unifran.edu.br Editora Unifran – (16) 3711-8736/8842 – editora@unifran.br Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à disciplina Didática para Pessoas com Necessidades Especiais. Apresentamos a você o nosso material de estudo, que tem como objetivo auxiliá-lo na busca, desenvolvimento e aprimoramento de seu conhecimento. Os temas foram organizados em capítulos/atividades, e os conteúdos amplamente abordados por meio de textos básicos e de leituras complementares sugeridas pelos autores. Ao longo de cada capítulo/atividade você encontrará questões para reflexão e indicações de fontes de pesquisa e leitura para aprofundar seus estudos. Em um curso de educação a distância, você é o principal protagonista, criando, juntamente com os tutores e colegas de sua rede educacional, possibilidades de ser investigador do seu próprio conhecimento e aprendizagem. Por isso, todo o material foi elaborado com o intuito de contribuir para a construção, ampliação e aplicação de seu conhecimento. Assim, faça um planejamento de seus estudos, organize seu tempo e fique atento à data-limite de cada atividade que você deve cumprir. Recorra, sempre, ao seu professor tutor e participe das atividades propostas, interagindo com seus colegas. Desejamos que, ao final da disciplina, você tenha aproveitado ao máximo cada item abordado e que seus estudos possam refletir diretamente na busca de novos mercados e desenvolvimento pessoal. Tenha um ótimo estudo! SUMÁRIO DIDÁTICA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ......................... DIDM 07 ASPECTOS LEGAIS E JURÍDICOS .......................................... DIDM 11 SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO .......................................... DIDM 15 DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DE DEFICIÊNCIA MENTAL ......................................................... DIDM 17 CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL - EVOLUÇÃO DO CONCEITO NA HISTÓRIA ............................ DIDM 23 SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO ........................................... DIDM 27 ENFOQUE MULTIFATORIAL ..................................................... DIDM 29 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL ....................................... DIDM 35 SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO ........................................... DIDM 39 DESVIO E ESTIGMA ................................................................... DIDM 41 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO .......... DIDM 43 SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO ........................................... DIDM 47 OUTRAS SÍNDROMES .............................................................. DIDM 49 CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ................................................. DIDM 53 SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO ........................................... DIDM 57 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. APOSTILA INTERNET CAPÍTULO ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO 1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 1 Videoaula 1 2 ASPECTOS LEGAIS E JURÍDICOS 2 Videoaula 2 3 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 3 Autoavaliação 4 DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DE DEFICIÊNCIA MENTAL 4 Videoaula 3 5 CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL - EVOLUÇÃO DO CONCEITO NA HISTÓRIA 5 Videoaula 4 6 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 6 Autoavaliação 7 ENFOQUE MUTIFATORIAL 7 Videoaula 5 8 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL 8 Videoaula 6 9 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 9 Autoavaliação 10 DESVIO E ESTIGMA 10 Videoaula 7 11 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO 11 Videoaula 8 12 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 12 Autoavaliação 13 OUTRAS SÍNDROMES 13 Videoaula 9 14 CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA 14 Videoaula 10 15 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 15 Autoavaliação REFERÊNCIA CRUZADA Didática para Pessoas com Necessidades Especiais DIDM – 7 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 1FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL OBJETIVO Tratar dos fundamentos da educação especial. TEXTO A história da educação especial começou ser tratada no século XVI (MENDES, 2002), quando colocam médicos pedagogos buscando nas possibilidades educacionais de pessoas consideradas ineducáveis. A educação especial nasce de um modelo individual e com ênfase no ensino especial e em uma sociedade que a educação formal era para poucos. Com avanço das sociedades e da visão do homem, lentamente a educação foi modificando e ampliando. No final do século XIX, ocorre a mudança do modelo custódia para o institucional, o qual se fundamentava no fato de que a pessoa diferente seria mais bem protegida e assistida se fosse confinada em ambientes segregados. Segundo Mendes (2002), no início do século XX, com a evolução dos asilos, a institucionalização da escolaridade obrigatória passou a retirar e encaminhar crianças que não conseguia avançar no ensino regular para as classes espaciais nas escolas públicas e aumentaram as escolas especializadas após as duas grandes guerras mundiais. Na década de 50 surge o movimento, normalização e integração, iniciado pelos pais de crianças às quais era negado o ingresso nas classes comum. Surgem as classes especiais paralelamente à educação comum. Na década de 70 mudanças para as ideias de educação integrada, aceitação de alunos que conseguiam se adaptar à escola, sem modificações do sistema escolar. Atualmente observam-se duas correntes da educação inclusiva: o da inclusão e da inclusão total. Vejamos como ela está expressa, destacando a penas o artigo 58. Esse artigo assim como os seus respectivos parágrafos estão citados em Minto (2002, p.12-13). “Art.58. Entende se por educação especial, para os efeitos dessa lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos de necessidades especiais.” A nossa Constituição Federal garante a todos o direito á educação e ao acesso a escola, porém sabemos que a realidade é outra: a escola ainda não é para todos. Existem interpretações errôneas sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no sentido que o atendimento educacional especializado passa a ser compreendido como uma possibilidade de substituir o ensino regular. Essa interpretação DIDM – 8 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 1 é inconstitucional. Persistindo confusões e duvidas sobre as diferenças entre atendimento educacional especializado e educaçãoespecial. A educação especial, anterior e até 1988, respaldada e regulamentada pela constituição era um apêndice da educação regular e tratada no âmbito da assistência. (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 28). A LDBEN (Lei 9.394/96), juntamente com a constituição, vem garantir o direito ao atendimento educacional especializado e não substituir o direito à escolarização oferecida nas escolas comuns da rede regular de ensino. A forma correta de interpretar a educação especial é entendê-la como uma garantia para que todos alunos portadores de alguma deficiência tenham acesso à escola comum. Ela serve como instrumento de romper barreiras para os alunos ingressarem e permanecerem na escola comum, como também de oferecer condições para os alunos se desenvolverem dentro das salas comuns do ensino regular. A educação especial passa como uma modalidade de ensino que deve disponibilizar recursos e estratégias de apoio aos alunos com deficiência, proporcionando diferentes alternativas de atendimento de intervenções, de acordo com a necessidade de cada um. Já o atendimento educacional especializado, segundo (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN; 2007, p. 29), é uma estratégia de reconhecer e acolher cada aluno com deficiência com a sua especificidade. São consideradas matérias do atendimento educacional especializado: • Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); • Interpretação de LIBRAS; • Ensino de Língua Portuguesa para Surdos; • Código Braille; • Orientação e mobilidade; • Utilização do soroban; • Ajuda técnicas, incluindo informática adaptada; • Mobilidade e comunicação alternativa /aumentativa; • Tecnologias assistidas; • Informática educativa; • Educação física adaptada; • Enriquecimento e aprofundamento do repertório de conhecimentos de cada aluno; e • Atividades da vida autônoma e social, entre outras. Posterior a LDBEN (Lei 9.394/96), surge uma nova lei que fortalece a educação especial, resultado da convenção interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a pessoa portadora de deficiência, celebrada em Guatemala. CAPÍTULO 1 DIDM – 9 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais O Brasil é signatário desse documento que foi aprovado pelo Congresso Nacional, Decreto n. 3.956/2001, que trata fundamentalmente de uma reinterpretação da LDBEN. A convenção de Guatemala, assim chamada essa nova lei, deixa claro os impositivos para estabelecer uma educação especial. A educação especial passa a ter um entendimento mais amplo, não segregador, que deve ser entendido como um atendimento educacional especializado. Assim, enfatizando na compreensão, toda pessoa com alguma deficiência ou necessidade especial até 14 anos deve ser matriculada no ensino fundamental, em escolas comum da rede regular. Nada impede que, em período contrario à escola, os alunos frequentam uma instituição ou serviços de atendimento educacional especializado, muitas vezes é necessário utilizar esta estratégia. O momento educacional atual é um período que está exigindo muitas dificuldades e adaptações. Sabemos que o desafio é enorme, pois a tarefa de sair do papel e ir para a prática não é tão simples. Mudanças são necessárias desde o romper com preconceitos, dar condições de atuações reais para os professores como a formação continuada, especializações e supervisões. O espaço físico da escola tem que ser adaptado para receber a todos, assim com tem que ter materiais e moveis adequados. Os critérios de avaliação e promoção têm que ser alterados, o acesso a cursos profissionalizantes para jovens tem que ser mais fácil. O apoio dos serviços especializados, realizados pelo atendimento educacional especializado deve ser permanente. Não basta receber o aluno, é necessário incluí-lo, dar condições plenas para que ele consiga aprender e se socializar. É necessária uma educação inclusiva e não somente uma educação integrativa. Na educação integrativa, o aluno é o único responsável pelas suas dificuldades na escola, ele só consegue ser integrado se tiver condições de manter as adaptações necessárias à sala de aula e em outros setores da escola. O aluno e seus pais têm que se adaptar ao que está estabelecido. Ocorrendo da mesma forma a exclusão e segregação. Para incluir é necessário muito mais preparo e discernimento. O foco de mudanças não pode cair somente sobre os professores, sobre sua formação, sobre os especialistas, sobre a sala de aula e sobre a escola. A melhora do ensino como um todo, depende muito mais de “um conjunto articulado de mudanças, as quais devem ser sustentadas pelo poder publico... as mudanças educacionais dependem muito mais do sistema de ensino e da vontade política de seus gestores.” (PIETRO, 2002, p. 58). Segundo esse autor, para que ocorram as mudanças, deve haver um planejamento político educacional e articulado entre municípios e Estados e órgãos federativos. Propõe alguns indicadores que podem contribuir para uma inclusão social e escolar: DIDM – 10 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 1 é necessário conhecer a demanda escolar (realizar um censo – quem são esses alunos, onde estão); conhecer os equipamentos, os recursos educacionais especiais da rede pública de ensino; conhecer o conjunto de profissionais da rede pública de ensino; organizar programas de intervenção visando assegurar educação para todos; implantar, desenvolver e manter recursos educacionais especiais; • acompanhar e avaliar as intervenções. São possibilidades para chegar a uma ação integrada e sustentada. A educação especial, com o atendimento educacional especializado, já conquistou espaço, foi fortalecido pelas leis, agora é conosco. Cabe a nós professores, educadores e especialistas incluirmos em nossas ações. REFERÊNCIAS FÁVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientações pedagógicas. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento educacional especializado. MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, S. M. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. PIETRO, R. G. A construção de políticas públicas de educação para todos. In: SIMONE, S. M. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. ANOTAÇÕES DIDM – 11 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 2ASPECTOS LEGAIS E JURÍDICOS OBJETIVO Tratar dos aspectos legais e jurídicos da educação especial. TEXTO “Temos o direito de sermos iguais quanto à diferença nos inferioriza, temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos desca- racteriza.” (BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS apud FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 25). A Constituição Federal garante o direito à igualdade (Art. 5º), a promoção do bem a todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outra discriminação existente (Art. 3º, inc. IV). Garante também o direito a toda a educação, garantida assim o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, art. 205) As mesmas autoras descrevem em seu artigo um dos princípios constitucionais para o ensino: ”permitir a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (Art. 206, inc. I) sendo que é dever do estado também, “garantir o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (Art. 208, V). Desta forma está reservado a todos cidadãos o direito de pertencer e freqüentar uma escola, ao ensino de boa qualidade e funcional. Todas escolas reconhecidas pelo governo e aparada pelas leis devem atender a todos e passa a ferir a constituição se utilizar a exclusão em qualquer momento. Mesmo com o amparo legal, sabemos das dificuldades existentes, das realidades encontradas nas escolas, dos argumentos utilizados por todos,professores, políticos, pais e alunos. Fávero, Pantoja e Mantoan (2007) nos questionam se de fato “existe viabilidade pratica em se receber TODOS os alunos?”; em outras, a escola é realmente para todos? As autoras afirmam que sim, pois é garantido pela Constituição Federal, e que tem que ser em um mesmo ambiente, devendo esse ser o mais diversificado possível, condição necessária e importante para um pleno desenvolvimento humano e excelente prepara para a cidadania (Art. 205, C.F.). DIDM – 12 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 2 Lei de diretrizes e bases da educação nacional (ldben) e o atendimento educacional especializado Essa lei nos artigo 58 e demais dispõe sobre o atendimento educacional especializado: “O Atendimento Educacional Especializado será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular” (Art. 59, § 2º). (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 27). Encontramos muitas confusões, interpretações errôneas e equivocadas sobre essa proposta, importante destacarmos algumas características e funções: esse atendimento é diferente do ensino regular e deve estar disponível tanto para o ensino básico como fundamental; é indicado para suprir as necessidades do aluno, voltadas para a especificidade da deficiência do aluno, promovendo o desenvolvimento como um todo, nos aspectos: cognitivo, motor e afetivo; não substitui a escola comum, e é garantido a todos os matriculados no ensino fundamental dos 7 aos 14 anos; a Constituição Federal admite que este atendimento seja oferecido em outros estabelecimentos, pois é um complemento, não um ensino substituto; para a Constituição Federal: educação especial e atendimento educacional especializado, não são sinônimos; educação especial era o tipo de atendimento que vinha sendo realizado com as pessoas com deficiências antes de 1996, prevista em nossa constituição anterior; Portanto, o atendimento educacional especializado é uma forma de garantir que seja reconhecida e valorizada a necessidade de cada aluno com deficiência com programas diferenciados. Declaração deSalamanca Alguns princípios: 1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso compromisso para com a educação para todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossamos a estrutura de ação em educação especial, em que, pelo DIDM – 13 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 2 espírito de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados. 2. Acreditamos e proclamamos que: • toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; • sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; • aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; • escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando- se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles: • atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais. REFERÊNCIAS FÁVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientações pedagógicas. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento educacional especializado. MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. PIETRO, R. G. A construção de Políticas Públicas de Educação para Todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. DIDM – 14 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 2 ANOTAÇÕES DIDM – 15 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 3SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO OBJETIVO Enfocar os fundamentos da educação especial assim como os aspectos legais e jurídicos da educação especial. Texto A história da educação especial começou ser tratada no século XVI, e nasce de um modelo individual e com ênfase no ensino especial, e em uma sociedade que a educação formal era para poucos. A forma correta de interpretar a educação especial é entendê-la como uma garantia para que todos alunos portadores de alguma deficiência tenham acesso à escola comum. Ela serve como instrumento de romper barreiras para os alunos ingressarem e permanecerem na escola comum, como também de oferecer condições para os alunos se desenvolverem dentro das salas comuns do ensino regular. A educação especial passa como uma modalidade de ensino que deve disponibilizar recursos e estratégias de apoio aos alunos com deficiência, proporcionando diferentes alternativas de atendimento de intervenções, de acordo com a necessidade de cada um. A Constituição Federal garante o direito à igualdade (art. 5º), à promoção do bem a todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outra discriminação existente (art. 3º, inc. IV). Dessa forma, está reservado a todos cidadãos o direito de pertencer e frequentar uma escola, ao ensino de boa qualidade e funcional. A lei de diretrizes e bases da educação nacional- LDBEN e o atendi- mento educacional especializado, nos artigos 58 e demais demais, dispõe sobre o atendimento educacional especializado: “O Atendimen- to Educacional Especializado será feito em classes, escolas ou servi- ços especializados, sempre que, em função das condições especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular” (Art. 59, § 2º) (FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 27). DIDM – 16 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 3 ANOTAÇÕES DIDM – 17 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DE DEFICIÊNCIA MENTAL OBJETIVO Tratar de algumas definições e de algumas classificações de deficiência mental. TEXTO A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1980, propõe três terminologias para esclarecer e definir todas as deficiências: • deficiências; • incapacidades; e • desvantagem social. Essas três terminologias sofreram alterações e evoluções na terminologia e, em 2000, a terminologia foi alterada para “pessoa em situação de deficiência” (ASSANTE, 2000). A Convenção de Guatemala foi internalizada à Constituição Brasileira pelo Decreto n. 3.956/2001 e segundo e traz a definição sobre deficiência fica desta forma: [...] “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social” (MANTOAN; BATISTA, MEC, 2007, p. 14). A mesma autora colocaque pela própria dificuldade de diagnosticar a deficiência mental, os conceitos têm sofrido várias mudanças, revisões e atualizações. Não existe, portanto, um consenso. Definições Segundo a descrição do DSM. IV, a característica essencial do retardo mental é quando a pessoa tem um “funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos comunitários, auto-suficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança”. Já para a A.A.M.D. (Associação Americana de Deficiência Mental), a deficiência mental refere-se: “ao funcionamento intelectual geral signitivamente abaixo da média, que coexiste com falhas no comportamento adaptador e se manifesta durante o período de desenvolvimento” (KIRK; GALLAGHER, 2000, p. 121). Devemos entender a deficiência mental como uma condição mental relativa. Deve-se relativizar o contexto social e cultural do indivíduo. DIDM – 18 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4 Academicamente é possível diagnosticar o retardo mental em indivíduos com QIs entre 70 e 75, porém, que exibam déficits significativos no comportamento adaptativo. Cautelosamente o DSM. IV recomenda que o retardo mental não deve ser diagnosticado em um indivíduo com um QI inferior a 70, se não existirem déficits ou prejuízos significativos no funcionamento adaptativo. Classificação da OMS (Organização Mundial de Saúde) Coeficiente intelectual Denominação Nível cognitivo segundo Piaget Idade mental correspondente Menor de 20 Profundo Período Sensório-Motriz 0-2 anos Entre 20 e 35 Agudo grave Período Sensório-Motriz 0-2 anos Entre 36 e 51 Moderado Período Pré-Operativo 2-7 anos Entre 52 e 67 Leve Período das Operações Concretas 7-12 anos Em síntese, a referência para avaliar o grau de deficiência está mais voltada para os prejuízos no funcionamento adaptativo do que a medida do QI. Por funcionamento adaptativo entende-se o modo como a pessoa enfrenta efetivamente as exigências comuns da vida e o grau em que experimenta uma certa independência pessoal compatível com sua faixa etária, bem como o grau de bagagem sociocultural do contexto comunitário no qual se insere. O funcionamento adaptativo da pessoa pode ser influenciado por vários fatores, incluindo educação, treinamento, motivação, características de personalidade, oportunidades sociais e vocacionais, necessidades práticas e condições médicas gerais. Em termos de cuidados e condutas, os problemas na adaptação habitualmente melhoram com esforços terapêuticos do que o QI cognitivo. Para o diagnóstico, é imprescindível que a deficiência mental se manifeste antes dos 18 anos. São necessárias avaliações neurológicas, psiquiátricas e sociais para determinar áreas de necessidades dos deficientes. Classificações Nas classificações da deficiência mental estão incluídos vários sintomas e manifestações tais como a dificuldade de aprendizagem e alguns comprometimentos do comportamento. Encontramos várias abordagens e teorias que esclarecem e apresentam sua compreensão sobre as classificações, sobre o diagnóstico da deficiência mental, desde teorias desenvolvimentistas, cognitivista, sociológica, assim como a antropológica. Segundo Mantoan e Batista (2007, p.15), estas referem que existe dificuldade em chegar a um consenso, principalmente sobre o diagnóstico diferencial entre “doença mental”, que englobaria diagnósticos sobre psicose, e psicose precoce e “deficiência mental”. Diante da complexidade sobre o entendimento da deficiência mental, faz-se DIDM – 19 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4 necessário unir vários saberes de várias áreas do conhecimento. Não se esgota no saber orgânico nem tampouco as considerações do funcionamento do intelecto. Uma das classificações para a deficiência mental é baseada nos tipos de apoio que a pessoa necessita. Esses apoios podem ser: Intermitente, limitado, extenso e generalizado. Intermitente: o apoio se efetua apenas quando necessário. Caracteriza- se por sua natureza episódica, ou seja, a pessoa nem sempre está precisando de apoio continuadamente, mas durante momentos em determinados ciclos da vida, como por exemplo, na perda do emprego ou fase aguda de uma doença. Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa intensidade. Limitado: apoios intensivos caracterizados por sua alguma duração contínua, por tempo limitado, mas não intermitente. Nesse caso incluem-se deficientes que podem requerer um nível de apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, o treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios durante o período entre a escola, a instituição e a vida adulta. Extenso: trata-se de um apoio caracterizado pela regularidade, normalmente diário em pelo menos em alguma área de atuação, tais como na vida familiar, social ou profissional. Nesse caso não existe uma limitação temporal para o apoio, que normalmente se dá em longo prazo. Generalizado: é o apoio constante e intenso, além de necessário em diferentes áreas de atividade da vida. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado. Descreveremos uma classificação voltada com significados e implicações educacionais, que Kirk e Gallagher (2000, p.123-124) propõem. Deficientes mentais educáveis: estes durante os primeiros anos de vida não são reconhecidos como tal. Ao entrar na escola que as dificuldades começam a despontar, a criança não consegue acompanhar suficientemente do programa escolar regular, mas consegue desenvolver habilidades tanto sociais como cognitivas mesmo que estacione a nível primário. Consegue certa independência social se a família estimular e motivar. Pode conseguir uma adequação ocupacional a ponto de poder se sustentar parcial ou totalmente durante a vida adulta. Corresponde a deficiência mental leve. Deficientes mentais treináveis: essa definição é atribuída às crianças que têm dificuldades em aprender mesmo no nível mais simples, não conseguem desenvolver independência quando chegam na fase adulta e possuem muitas dificuldades em conseguir se manter financeiramente. São capazes de desenvolver o autocuidado e atividades de vida diária (vestir-se, banhar-se, usar o banheiro e se alimentar), conseguem se defender de perigos comuns no lar, na escola, no bairro, aprendem a compartilhar, respeitar leis e DIDM – 20 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4 autoridades. Sob supervisão e orientação podem conseguir um trabalho, uma ocupação que possa gerar renda. Podem auxiliar se orientados e ensinados serviços simples, domésticos. São crianças que são identificadas durante seus primeiros anos de vida. Geralmente apresentam atraso no desenvolvimento motor e da aquisição da linguagem. Corresponde à deficiência mental moderada. Deficientes mentais graves e profundos: essa definição é atribuída às crianças que possuem deficiências múltiplas associadas, que interferem numa aprendizagem comum. São crianças que além da deficiência mental poder ter outros quadros comprometedores associados, tais como: paralisia cerebral, perda auditiva ou visual ou alguma deficiência física atribuindo limitações motoras. São as crianças com deficiências múltiplas ou severas. O objetivo do trabalho com essas crianças, chamado de treinamento, é estabelecer algum nível de adaptação social e estimulação de todas as áreas. Precisam de um grupo de profissionais diversificados e especializados para o tratamento e acompanhamento. Além de realizar um trabalho específico para os pais, pois eles são os cuidadores e que necessitam de apoio e suporte. Podem ser desenvolvidos trabalhos favorecendo e estimulando a área motora, os cuidados pessoais, alinguagem e a adaptação social. O quadro abaixo elaborado por Kirk e Gallanger (2000, p. 124) traz as etiologias, prevalência e expectativas tanto educacionais como para a vida adulta das três denominações sobre deficiência mental. Educável Treinável Grave/Profundo Etiologia Predominantemente con- siderada uma combinação do fator genético, com más condições econômicas e sociais. Grande variedade de problemas ou distúrbios neurológi- cos glandulares ou metabólicos, que podem resultar em retardo grave ou moderado. Prevalência Aproximadamente 10 em cada 1000 pessoas. Aproximadamente 2 a 3 em cada 1000 pessoas. Aproximadamente 1 em casa 1000 pessoas. Expectativas Educacionais Terá dificuldades no progra- ma escolar normal para uma educação adequada. Necessita maiores adapta- ções nos programas educa- cionais; foco em cuidar de simesmo ou nas habilidades sociais; esforço limitado nas matérias tradicionais. Necessitará treinamento para cuidar de si mesmo (alimentação, vestuário, toalete). Expectativas para a vida adulta Com treinamento, pode ser adaptar produtivamente a nível qualificado ou não- qualificado. Pode se adaptar social e economicamente em ofici- nas especiais ou, em alguns casos, em tarefas rotineiras, sem supervisão. Sempre precisará de assistência. DIDM – 21 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4 REFERÊNCIAS GOMES, A. L. L.; FERNANDES, A. C.; BATISTA, C. A. M.; SALUSTIANO, D. A. MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Deficiência mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento educacional especializado. KIRK, S. A; GALLAGHER, J. J. Educação da criança excepcional. Tradução de Maria Zanella Sanvincente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ANOTAÇÕES DIDM – 22 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 4 ANOTAÇÕES DIDM – 23 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 5CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL - EVOLUÇÃO DO CONCEITO NA HISTÓRIA OBJETIVO Tratar de algumas classificações de deficiência mental e da evolução do conceito na história. TEXTO Classificação de Deficiência Mental (1976) 1. Variação normal da inteligência (vni) • QI entre 71e 84; • geralmente sem atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, apresenta mais dificuldade mais na idade escolar, conseguem concluir o ensino fundamental; • vida adulta independente; e • funções simples em mercado de trabalho. 2. Deficiência Mental Leve • QI entre 50 e 70; • atraso no desenvolvimento neuropsicomotor discreto dificuldades no aprendizado precocemente percebidas; • necessita ensino especializado – alfabetizáveis; e • independência quanto autocuidados e atividades de vida diária. 3. Deficiência Mental Moderado • QI entre 33 e 49; • atraso no desenvolvimento neuropsicomotor precoce; • necessitam ensino especializado com equipe multidisciplinar; • dificilmente alfabetizáveis; • certo grau de dependência nas atividades de vida diária; • não conseguem trabalho a nível competitivo; e • podem ser bastante produtivos em oficinas abrigadas. DIDM – 24 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 5 4. Deficiência Mental Severo QI entre 20 e 34; • escolas especializadas visando o desenvolvimento da independência quanto autocuidados e atividades de vida diária; e • são semidependentes necessitando supervisão frequente. 5. Deficiência Mental Profundo • QI inferior a 19; • atraso muito acentuado no desenvolvimento neuropsicomotor, alguns nem adquirem marcha independente; • vida adulta dependente quanto autocuidados e atividades de vida diária; • necessita receber um trabalho individualizado. Definições Deficiência Mental Conforme DSM IV 1994; Retardo Mental – caracteriza-se por funcionamento intelectual significativamente abaixo da média (QI< 70), com início antes dos 18 anos e déficits ou prejuízos concomitantes no funcionamento adaptativo. “A característica essencial do retardo mental é um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média (critério A), acompa- nhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais interpessoais, uso de recursos comunitários, auto-suficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer saúde e segurança (critério B). Início antes dos 18 anos (critério C). O retardo mental possui muitas etiologias diferentes e pode ser visto como uma via final comum de vários processos patológicos que afetam o SNC. Funcionamento intelectual geral definido pelo QI, obtido pela realização de testes de inteligência padronizados.” Funcionamento Adaptativo “Funcionamento adaptativo refere-se ao modo como os indivíduos enfrentam efetivamente as exigências comuns da vida e o grau em que satisfazem os critérios de independência pessoal esperado de alguém de seu grupo etário, bagagem sócio-cultural e complexos comunitários específicos.” DIDM – 25 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 5 Deficiência Mental Leve - QI: 50/55 > aprox. 70 Deficiência Mental Moderado - QI 35/40 > 50/55 Deficiência Mental Severo - QI 20/25 > 35/40 Deficiência Mental Profundo - QI< 20/25 Inteligência “... uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, inclui a capacidade para raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar abstratamente, compreender idéias complexas, aprender rapidamente com a experiência. Não é o simples aprendizado dos livros, uma habilidade acadêmica no sentido restrito ou para realizar testes. Melhor, reflete uma capacidade mais ampla e profunda para compreender nosso entorno, o que se passa ao redor, captar o sentido das coisas e saber o que fazer” (ARVEY; BOUCHARD; CARROL et al., 1994). Anastasi (1986) sugere que a “conduta inteligente” é essencialmente adaptativa. Encontramos muitas teorias sobre inteligência. Abaixo segue uma síntese de conceitos sobre três inteligências, visto que existem descrição e estudos de 12 tipos de inteligência. Inteligência conceitual: é a acadêmica, a formal. É a capacidade de resolver problemas “intelectuais” abstratos e utilizar processos simbólicos, incluindo a linguagem. Inclui a noção tradicional de QI e competências e habilidades escolares. Inteligência prática: supõe a capacidade de manejar aspectos físicos e mecânicos da vida: as atividades de vida diária, os autocuidados. Inclui a capacidade de adaptação. Inteligência social: supõe a capacidade de entender e lidar de forma adequada em situações e eventos sociais. Por exemplo: ser empático, auto-reflexivo e obter resultados interpessoais desejados. Conseguir desenvolver laços afetivos e sociais, pertencer a algum grupo. REFERÊNCIAS FÁVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.;MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientações pedagógicas. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento educacional especializado. MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. PIETRO, R. G. A construção de políticas públicas de educação para todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. DIDM – 26 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 5 ANOTAÇÕES DIDM – 27 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 6SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO OBJETIVO Tratar de algumas definições e de algumas classificações de deficiência mental. TEXTO A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1980, propõe três terminologias para esclarecer e definir todas as deficiências: • deficiências; • incapacidades; e • desvantagem social. Segundo a descrição do DSM. IV, a característica essencial do retardo mental é quando a pessoa tem um “funcionamentointelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos comunitários, auto-suficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança”. Nas classificações da deficiência mental estão incluídos vários sintomas e manifestações tais como a dificuldade de aprendizagem e alguns comprometimentos do comportamento. Encontramos várias abordagens e teorias que esclarecem e apresentam sua compreensão sobre as classificações, sobre o diagnóstico da deficiência mental, desde teorias desenvolvimentistas, cognitivistas, sociológicas, assim como antropológicas. Classificações Deficiência Mental Leve - QI: 50/55 > aprox. 70 Deficiência Mental Moderado - QI 35/40 > 50/55 Deficiência Mental Severo - QI 20/25 > 35/40 Deficiência Mental Profundo - QI< 20/25 DIDM – 28 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 6 ANOTAÇÕES DIDM – 29 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7ENFOQUE MULTIFATORIAL OBJETIVO Tratar do enfoque multifatorial da deficiência mental. TEXTO O enfoque multifatorial auxilia na compreensão e medida da inteligência. As limitações nas habilidades adaptativas normalmente coexistem com pontos fortes em outras áreas adaptativas de competência pessoal que o sujeito possui. Sistema 1992 Aspectos principais: a deficiência mental necessita definir-se em um contexto social, geralmente, com apoio apropriado durante um período controlado e o funcionamento da pessoa com deficiência experimentará melhoras, pois a prática dos serviços de reabilitação se baseiam nas capacidades, limitações e necessidades de apoio da pessoa. Contexto social de Deficiência Mental A deficiência mental não é mais estatística. Deixa de ser absoluta em si mesma. Não constitui mais um traço absoluto manifestado pela pessoa e sim uma expressão do impacto funcional da interação entre a pessoa com limitações intelectual e de habilidades adaptativas e o meio ambiente em que essa pessoa vive. A função dos apoios: “O deficiente melhorará se lhe oferecerem apoios apropriados pôr um período de tempo controlado. O conceito de apoio não é novo! A novidade é a crença de que uma aplicação criteriosa dos apoios oportunos pode melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Constituem um meio mais natural, eficiente e continuado para incrementar a independência/ interdependência, produtividade, integração na comunidade e satisfação dessas pessoas”. O sistema 1992 é basicamente um modelo funcional • As categorias utilizadas para classificar deficiência mental, que se restringem exclusivamente ao grau, não são suficientemente descritivas ou preditivas para caracterizar os indivíduos com deficiência mental. • A ênfase no funcionamento atual requer descrever com maior clareza as habilidades e limitações adaptativas que influem na vida diária, originando assim a necessidade de identificar áreas chave de atuação. DIDM – 30 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7 • O diagnóstico deve ser realizado com o objetivo de se planejar a intervenção e de proporcionar uma determinada condição. Apoios: Fonte, Funções e Intensidade • A principal função do apoio é oferecer proteção e desenvolvimento de habilidades das pessoas com necessidades especiais; • Em casa, pode-se utilizar o apoio intermitente, o profissional desloca-se para a casa da pessoa, algumas vezes para desenvolver atividades e orientar a família; • Pode-se solicitar o apoio para o planejamento econômico limitado, o apoio tecnológico, a ajuda ao emprego generalizado e a assistência médica. Resultados os apoios • incrementar o nível de habilidades adaptativas e capacidades funcionais da pessoa; • fomentar a aquisição dos objetivos de habilitação, relacionados com o bem-estar físico, psicológico e com o bom “funcionamento” da pessoa; • potenciar as características do meio no qual a pessoa vive, integrando com recursos oferecidos na comunidade. Definição e exemplos das intensidades de apoio Intermitentes: são aqueles que se apresentam “quando se fizerem necessários”. Caracterizam-se por sua natureza episódica e esporádica. A pessoa nem sempre necessita esse apoio (s). Consistem em apoios necessários por um breve espaço de tempo, em transições no ciclo vital. Os apoios necessários podem ser de alta ou baixa intensidade. Limitados: caracterizam-se por sua consistência no tempo. Não são intermitentes mesmo, que sua duração seja limitada. Podem solicitar um menor número de profissionais e menos custos que níveis de apoio mais intensos. Extensos: supõe uma implicação ou intervenção regular (por exemplo: diariamente) em pelo menos alguns ambientes (ex: lugar de trabalho, sala de aula, em casa) e não tem limitação de tempo. Generalizados: caracterizam-se por sua consistência e elevada intensidade. São proporcionados em diferentes ambientes e podem durar por toda a vida. Geralmente implica um maior número de profissionais. DIDM – 31 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7 Definição de Deficiência Mental pelo Sistema 1992 “Limitações substanciais no funcionamento atual. Caracteriza-se por um funcionamento intelectual significativamente inferior a média, que coexiste com limitações associadas em duas ou mais das seguintes áreas de habilidade adaptativa: comunicação, autocuidado, vida no lar, habilidades sociais, utilização da comunidade, autodireção, saúde e segurança, habilidades acadêmicas funcionais, lazer e trabalho. O retardo mental deve manifestar-se antes dos dezoito anos de idade”. Processo de três passos para o diagnóstico final 1. Diagnóstico do retardo mental. 2. Descrição das capacidades e limitações do indivíduo. 3. Identificação dos apoios necessários. O sistema 1992 considera que o objetivo fundamental do diagnostico é planejar a intervenção. Exemplo, ao invés de dizermos “uma pessoa com DM severa” diremos “uma pessoa deficiente mental com necessidades de apoio extensas nas áreas de comunicação e com necessidades de apoio limitadas na área de utilização da comunidade”. O processo de três passos e suas implicações 1. Maior precisão na descrição dos indivíduos. 2. Despreza-se o acento inicialmente posto no indivíduo como variável independente. 3. Amplia-se para as necessidades desse indivíduo na sociedade para que possa desenvolver-se o mais adequadamente possível. Além dessas duas (2) implicações gerais, o sistema 1992 gerou também quatro (4) implicações especificas: 1. Ampliação do conceito de inteligência: não implica o abandono do QI e sim sua flexibilização e contextualização. 2. Validação das dimensões gerais que compõem o comportamento adaptativo: os principais objetivos da avaliação do comportamento adaptativo são: diagnóstico e planejamento da intervenção; avaliação e supervisão do programa e descrição e avaliação da população. 3. Definição operativa de um paradigma de apoios: necessário para DIDM – 32 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7 aumentar a independência, produtividade e integração na comunidade e a ajuda que se presta a pessoas descapacitadas. 4. Análise do meio: estudos recentes têm demonstrado que um ajuste adequado de pessoas deficientes ao seu meio está relacionado, tanto com as capacidades de conduta específicas do indivíduo, como os requisitos de execução específicos desse conceito. Um ajuste eficaz ao meio depende, não tanto das características individuais, mas principalmente do ajuste entre a pessoa e as características do meio. Métodos possíveis para se realizar a análise entre o ajuste individual e o meio A - Identificar as habilidades necessárias ao funcionamento adequado do ambiente específico. B - Determinar se o ambiente requer habilidades e o nível necessário. C - Avaliar o nívelde funcionamento da pessoa em cada habilidade requisitada. Verificar se a pessoa: 1. manifesta essa habilidade independente, sem ajuda; 2. manifesta essa habilidade com alguma ajuda; 3. não tem tal habilidade, seja por falta de interesse, de capacidade ou por necessitar ajuda física. Fatores inibidores e facilitadores: fatores ambientais, elementos que podem facilitar ou inibir o crescimento, bem-estar e satisfação pessoal das pessoas com deficiência mental. Inclusão: em todos os ambientes como na família, na escola e na sociedade. Oportunidade de desenvolvimento de competências: oportunidade de desenvolver habilidades e aprender novas atividades. Respeito: desenvolvimento e conquista da auto-estima, ocupar lugar próprio, colocar suas opiniões sobre experiências da própria vida, ter escolhas. Existência de apoios: proporcionar ajuda e assistência para fomentar a independência, produtividade e integração da pessoa com deficiência mental na comunidade. REFERÊNCIAS FÁVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientações pedagógicas. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento DIDM – 33 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7 educacional especializado. MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. PIETRO, R. G. A construção de políticas públicas de educação para todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. São Carlos: Ed. UFSCar, 2002. ANOTAÇÕES DIDM – 34 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 7 ANOTAÇÕES DIDM – 35 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 8CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL OBJETIVO Tratar das causas da deficiência mental. TEXTO Podemos dividir as causas da deficiência mental em três períodos do desenvolvimento humano. 1. Período Pré-Natal (estar atento): • desajustamentos e dificuldades emocionais da mãe e conflitos familiares; • idade da mãe; • fator RH negativo; • exposição ao raio X, durante a gravidez; • desnutrição da mãe; • uso de tabaco, álcool e tóxicos pela mãe; • sarampo; • rubéola; • parotidite (caxumba); • acidentes da mãe que ocasionam acidentes; • alterações cromossômicas (alterações genéticas); 2. Período Neonatal ou Perinatal (estar atento): • anóxia ou hipóxia; • anestesia em excesso; • partos prolongados, levando ao sofrimento da criança, podem ocorrer anóxia; • partos realizados em locais sem condições de higiene; • fórceps; • condições cefálicas; • baixo peso da criança; • não apresentar choro; • falta de reflexos primários (exame realizado logo após o nascimento); • outros incidentes que podem ocorrer no momento do nascimento. DIDM – 36 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 8 3. Período Pós-Natal (estar atento): • encefalites; • subnutrição da criança; • meningite; • vítimas de traumas físicos ou acidentes; • doenças adquiridas; • implicações e influências sociais e psicológicas; Atendimento Educacional Especializado para a Deficiencia Mental – Conceitos e Cuidados. Pensar em atendimento educacional especializado para alunos com deficiência é superar e avançar nos conceitos preconcebidos sobre educação especial. Decorre de uma nova concepção de educação especial, onde o foco é fazer com que esses alunos aprendam. Muitas vezes serão conteúdos diferenciados do ensino comum, porém necessários para que consigam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. A deficiência mental propõe que se tenha um novo olhar sobre o que é aprender. É necessário haver reflexões sobre aprendizagem, como se processa, quais condições necessárias e o mais importante: saber, conhecer quem é o APRENDIZ. Para essa deficiência o aprender assume características diferenciadas, o déficit está nos processos cognitivos, no pensamento formal, nas abstrações, no processamento da memória, muitas vezes na elaboração da linguagem. Assim não bastam apenas adaptações curriculares voltadas para o treinamento de habilidades e adaptações. O atendimento educacional especializado deve propiciar aos alunos, segundo Mantoan e Batista (2007), condições para que passam das regulações automáticas, saiam do automatismo e adquirem as regulações ativas, que consigam encontrar formas que julguem mais conveniente e ajustadas a sua condição e que favoreça o desenvolvimento do pensar, do agir intelectualmente. Deve permitir que o aluno saia do lugar do não aprender, ou da recusa em aprender, para a aquisição de um saber próprio, de um saber que tenha significado, que tenha compreensão. Deve ser um programa que desenvolva e ajude as crianças a superarem suas limitações intelectuais. O aluno com deficiência mental tem que ter oportunidades para desenvolver sua inteligência, utilizando todos os seus recursos internos. Por isso a denominação atendimento educacional especializado, pois deve permitir de maneira especial e especializada a valorização e possibilidade da criança expressar seus sentimentos e ideias, de pesquisar e inventar, despertar a curiosidade e a vontade, elementos fundamentais da aprendizagem. Porém, a escola comum e o atendimento educacional especializado devem ocorrer concomitantemente, pois um se beneficia do outro. É necessário para o atendimento educacional especializado um espaço físico DIDM – 37 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 8 reservado e preservado, o tempo para cada aluno será definido conforme necessidades individuais e deve ocorrer sempre em horário oposto ao das aulas do ensino comum. Sabemos que estamos muito longe da realização desses modelos, falta ainda conscientização, vontade política, preparo, capacitação e valorização de professores e muito significado para quem ensina. Muitas conquistas no campo da educação especial foram realizadas, porém muito há para fazer e acontecer. REFERÊNCIAS GOMES, A. L. L.; FERNANDES, A. C.; BATISTA, C. A. M.; SALUSTIANO, D. A.; MANTOAN, M. T.E.; FIGUEIREDO, R. V. Deficiência mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formação continuada a distância para professores para o atendimento educacional especializado. KIRK, S. A.; GALLAGHER, J. J. Educação da criança excepcional. Tradução de Maria Zanella Sanvincente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ANOTAÇÕES DIDM – 38 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 8 ANOTAÇÕES DIDM – 39 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 9SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO OBJETIVO Analisar o enfoque multifatorial da deficiência mental assim como suas causas e uma introdução sobre o atendimento educacional especializado para a deficiência mental – conceitos e cuidados. TEXTO O enfoque multifatorial auxilia na compreensão e medida da inteligência. As limitações nas habilidades adaptativas normalmente coexistem com pontos fortes em outras áreas adaptativas de competência pessoal que o sujeito possui. O sistema descrito no ano de 1992 é basicamente um modelo funcional, egue a descrição do mesmo: • as categorias utilizadas para classificar deficiência mental, que se restringem exclusivamente ao grau, não são suficientemente descritivas ou preditivas para caracterizar os indivíduos com deficiência mental; • a ênfase no funcionamento atual requer descrever com maior clareza as habilidades e limitações adaptativas que influem na vida diária, originando assim a necessidade de identificar áreas chave de atuação; • o diagnóstico deve ser realizado com o objetivo de se planejar a intervenção e de proporcionar uma determinada condição. Podemos dividir as causas da deficiência mental em três períodos do desenvolvimento humano: pré-natal, neonatal e pós-natal. Pensar em atendimento educacional especializado para alunos com deficiência é superar e avançar nos conceitospré-concebidos sobre educação especial. Decorre de uma nova concepção de educação especial, onde o foco é fazer com que esses alunos aprendam. Muitas vezes serão conteúdos diferenciados do ensino comum, porém necessários para que consigam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. DIDM – 40 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 9 ANOTAÇÕES DIDM – 41 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 10DESVIO E ESTIGMA OBJETIVO Tratar de desvio e estigma na educação especial. TEXTO Desvio: ”anomalia,... desvirtuamento: distúrbio...” (Dicionário UNESP, 2004, p. 432). Estigma: ”rotulo,... marca sinal de vergonha ou infâmia...” (Dicionário UNESP, 2004, p. 557). O objetivo desse texto é oferecer algumas ideias e conceitos sobre dois termos muito utilizados no contexto da educação especial, que resultam em muitas controvérsias e discussões. Para Amaral (1992, p. 24), “(...) do ponto de vista biológico, o desvio está presente no corpo quando há falta ou excesso de alguma coisa”. A referida autora também afirma que: “(...) o fato é que seja da ótica de quem a vive, seja da ótica de quem a vê a deficiência, do ponto de vista psicológico, jamais passa em brancas nuvens.” (p. 60) Sobre a deficiência e desvio a autora nos coloca: “muito pelo contrário: ameaça, desorganiza, mobiliza. Representa aquilo que foge ao esperado, ao simétrico, ao belo, ao eficiente, ao perfeito... e, assim como quase tudo que se refere à diferença, provoca a hegemonia do emocional sobre o racional.” (p. 60). Encontramos o conceito de estigma atrelando ao indivíduo, uma condição de inabilitado para a aceitação social, promovendo assim um sentimento de desumanização do portador de algum tipo de diferença significativa. O preconceito em relação à questão da deficiência, segundo Amaral (1995, p. 120), “(...) pode estar lastreado na aversão ao diferente, ao mutilado, ao deficiente – os estereótipos daí advindos serão: o deficiente é mau, é vilão, é asqueroso... Ou o preconceito pode ser baseado em atitude de caráter comiserativo, de pena, de piedade: o deficiente é vítima, é sofredor, é prisioneiro... e assim por diante”. A condição de ser diferente implica estigmatização e preconceitos sociais, culturais e até mesmo familiares que, talvez por excesso de zelo, impede o deficiente de participar como sujeito político da sociedade. Num contexto que rotula, estigmatiza e exclui, a luta por direitos sociais torna-se árdua, particularmente a de grupos sociais considerados à margem do sistema, pois, por preconceito, são considerados improdutivos. Nos seus escritos, Goffman (1993, p. 11) refere-se ao uso da palavra estigma, expressão utilizada na Grécia antiga que significava: DIDM – 42 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 10 “Signos corporales, sobre los cuales se intentaba exhibir algo malo y poco habitual en el status moral de quien los presentaba.” O estigma era, portanto, marca representada por um corte ou uma queimadura no corpo e significava algo de mal para a convivência social, representativa de um registro de escravatura ou de criminalidade, algo que simbolizava um rito de desonra, um mito da tradição da época. Essa marca significava uma advertência, um sinal para se evitar contatos nas relações sociais, tanto no contexto particular, isto é, privado, como, principalmente, nas relações institucionais de caráter público. Na atualidade, a palavra estigma remete um pouco a alguns registros dos antigos gregos, um mito de desonra, uma tradição passada de uma geração a outra, cuja representação é algo de negativo, e desconforto nos contatos e que devem ser evitados, pois representa uma ameaça à convivência sadia do sujeito dentro do grupo ao qual pertence. O sujeito denominado como portador de um estigma não pode pertencer à mesma categoria de sujeitos. Para Goffman (1993, p. 11): “A sociedade estabelece um modelo e espera que todos, ou quase todos, respondam a critérios, comportamentos, posturas, linguagens predeterminadas pelo sistema de controle social.” REFERÊNCIAS AMARAL, L. A. Espelho convexo: O corpo desviante no imaginário coletivo, pela voz da literatura infanto-juvenil. 1992. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo. p. 60-75. . Conhecendo a deficiência, em companhia de Hércules. São Paulo: Robe, 1995. p. 205. (Série Encontros com a Psicologia). GOFFMAN, E. Estigmas: la identidad deteriorada. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu Editors, 1993. p. 172. DIDM – 43 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 11TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO OBJETIVO Tratar dos transtornos globais do desenvolvimento e superdotação e altas habilidades. TEXTO O pedagogo necessita para a sua prática de um breve conhecimento de alguns transtornos do desenvolvimento e algumas características de síndromes, não para uma atuação interventiva terapêutica, mas sim para realizar encaminhamentos, solicitar avaliações e desenvolver um trabalho pedagógico de acordo com as potencialidades da criança, segue algumas definições. Transtornos globais do desenvolvimento, segundo CID 10, são caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Exemplos e definições segundo o CID 10 e National Society for Autisc Children e pela Organização Mundial de Saúde (OMS): • autismo infantil: transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo, fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade). • autismo atípico: transtornos globais do desenvolvimento, ocorrendo após a idade de três anos ou que não responde a todos os três grupos de critérios diagnósticos do autismo infantil. Esta categoria deve ser utilizada para classificar um desenvolvimento anormal ou alterado, aparecendo após a idade de três anos, e não apresentando manifestações patológicas suficientes em um ou dois dos três domínios psicopatológicos (interações sociais recíprocas, comunicação, comportamentos limitados, estereotipados ou repetitivos) implicados no autismo infantil; existem sempre anomalias características em um ou em vários destes domínios. O autismo atípico ocorre habitualmente em crianças que apresentam um retardo mental DIDM – 44 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 11 profundo ou um transtorno específico grave do desenvolvimento de linguagem do tipo receptivo. A definição aceita pela National Society for Autisc Children e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que: “o autismo é uma síndrome presente desde o nascimento e se manifesta invariavelmente antes dos trinta meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais a estímulos auditivos ou visuais e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada.” A fala custa a aparecer, e, quando isto acontece, nota-se ecolalia, o uso inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos. Há também, em geral, uma incapacidade na utilização social, tanto da linguagem verbal como da corpórea. Ocorrem problemas muito graves de relacionamento social antes dos cinco anos de idade, com incapacidade de desenvolver contato olho a olho, ligação social e jogos em grupos. O comportamento é usualmente ritualístico e podem incluir rotinas de vida anormais, resistência a mudanças, ligação a objetos estranhos, e um padrãoNational Society for Autisc Children e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de brincar estereotipados. A capacidade para pensamento abstrato-simbólico ou para jogos imaginativos fica diminuída. Conforme o National Society for Autistic Children (NSAC) e a American Psychiatric Association, os sintomas incluem: anormalidade no ritmo de desenvolvimento e na aquisição de habilidades físicas, sociais e de linguagem; respostas anormais dos sentidos. O autista pode ter uma combinação qualquer dos sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio, dor e paladar); ausência, atraso ou falta de linguagem; modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos. É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém, a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para a sua idade. Comportamentos do indivíduo com Autismo (Segundo a ASA – Autism Society of American,) Usa as pessoas como ferramentas Resiste a mudanças de rotina Não se mistura com outras crianças Apego não apropriado a objetos Não mantém contato visual DIDM – 45 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 11 Age como se fosse surdo Resiste a algumas aprendizagens Não demonstra medo de perigo Resiste ao contato físico Comportamento diferente e arredio Quadro: condições que podem estar associadas ao autismo: • cessos de raiva; • agitação; • agressividade; • auto-agressão, auto-lesão (bater a cabeça, morder os dedos, as mãos ou os pulsos); • ausência de medo em resposta a perigos reais; • catatonia; • complicações pré, peri e pós-natais; • comportamentos autodestrutivos; • déficits de atenção; • déficits auditivos; • déficits na percepção e controle motor; • déficits visuais; • epilepsia (Síndrome de West); • esquizofrenia; • hidrocefalia; • hiperatividade; • impulsividade; • irritabilidade; • macrocefalia; • microcefalia; • mutismo seletivo; • paralisia cerebral; • respostas alteradas a estímulos sensoriais • (alto limiar doloroso, hipersensibilidade aos sons ou ao toque, reações exageradas à luz ou a odores, fascinação com certos estímulos); • retardo mental; • temor excessivo em resposta a objetos inofensivos; • transtornos de alimentação (limitação a comer poucos alimentos); DIDM – 46 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 11 • transtornos de ansiedade; • transtornos de linguagem; • transtorno de movimento estereotipado; • transtornos de tique; • transtornos do humor/ afetivos: (risadinhas ou choro imotivados, uma aparente ausência de reação emocional); e • transtornos do sono (despertares noturnos com balanço do corpo). REFERÊNCIAS CID 10-Manual... Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111 &Itemid=86. Acesso em: 1 jun. 2009. Disponível em: http://www.fau.com.br/cid/webhelp/f84.htm. Acesso em: 1 jun. 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab2.pdf#page=41. Acesso em: 1 jun. 2009. REVISTA Educação Especial, Santa Maria, n. 32, 2008, p. 273-284. Disponível em: http:// www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial. Acesso em: 1 jun. 2009. ANOTAÇÕES DIDM – 47 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 12SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO OBJETIVOS Enfocar noções sobre conceitos de desvio e estigma na educação especial, assim como tratar dos transtornos globais do desenvolvimento e da superdotação de altas habilidades. TEXTO Para Amaral (1992, p. 24, http://www.bengalalegal.com/trabalho.doc, 11 nov. 08): “(...) do ponto de vista biológico, o desvio está presente no corpo quando há falta ou excesso de alguma coisa”. Encontramos o conceito de estigma atrelando ao indivíduo, uma condição de inabilitado para a aceitação social, promovendo assim um sentimento de desumanização do portador de algum tipo de diferença significativa. Nos seus escritos, Goffman (1993, p. 11), refere-se ao uso da palavra estigma, expressão utilizada na Grécia antiga que significava: “Signos corporales, sobre los cuales se intentaba exhibir algo malo y poco habitual en el status moral de quien los presentaba.” Na atualidade, a palavra estigma remete um pouco a alguns registros dos antigos gregos, um mito de desonra, uma tradição passada de uma geração a outra, cuja representação é algo de negativo, e desconforto nos contatos e que devem ser evitados, pois representa uma ameaça à convivência sadia do sujeito dentro do grupo ao qual pertence. Transtornos globais do desenvolvimento, segundo CID 10, são caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Citamos como exemplos de transtorno global de desenvolvimento o autismo e ao autismo atípico para que o pedagogo tenha critérios melhores para necessários encaminhamentos. DIDM – 48 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 12 ANOTAÇÕES DIDM – 49 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 13OUTRAS SÍNDROMES OBJETIVO Tratar de algumas síndromes importantes na educação especial. TEXTO Síndrome de Rett Transtorno descrito até o momento unicamente em meninas, caracterizado por um desenvolvimento iniciais aparentemente normais, seguidos de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das mãos, associado a um retardo do desenvolvimento craniano e ocorrendo habitualmente entre 7 e 24 meses. A perda dos movimentos propositais das mãos, a torsão estereotipada das mãos e a hiperventilação são características deste transtorno. O desenvolvimento social e o desenvolvimento lúdico estão detidos enquanto o interesse social continua em geral conservado. A partir da idade de quatro anos manifesta-se uma ataxia do tronco e uma apraxia, seguidas frequentemente por movimentos coreoatetósicos. O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave. Transtorno com Hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados Transtorno mal definido cuja validade nosológica permanece incerta. Esta categoria se relaciona a crianças com retardo mental grave (QI abaixo de 34) associado à hiperatividade importante, grande perturbação da atenção e comportamentos estereotipados. Os medicamentos estimulantes são habitualmente ineficazes (diferentemente daquelas com QI dentro dos limites normais) e podem provocar uma reação disfórica grave (acompanhada por vezes de um retardo psicomotor). Na adolescência, a hiperatividade dá lugar em geral a uma hipoatividade (o que não é habitualmente o caso de crianças hipercinéticas de inteligência normal). Esta síndrome vem acompanhada, além disto, com frequência, de diversos retardos do desenvolvimento, específicos ou globais. Não se sabe em que medida a síndrome comportamental é a consequência do retardo mental ou de uma lesão cerebral orgânica. Síndrome de Asperger Transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, semelhante à observada no autismo, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que não se acompanha de um retardo ou de uma DIDM – 50 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 13 deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Os sujeitos que apresentam este transtorno são em geral muito desajeitados. As anomalias persistem frequentemente na adolescência e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episódios psicóticos no início da idade adulta. Psicopatia autística Transtorno esquizoide da infância.Psicose A classificação encontra dificuldades devido às divergências de pensamento sobre seu conceito segundo CID - 10 e DSM - III, a definição é puramente descritiva. Os autores da DSM – III (1980) classificam as psicoses da criança sob a denominação “distúrbios difusos do desenvolvimento”, e preferem não utilizar o termo “psicose”, fundamentados nas diferenças semiológicas importantes entre as psicoses do adulto e da criança. Na classificação francesa encontramos a diferenciação segundo a idade, que se divide em: psicoses precoces, onde os sintomas apresentam-se antes dos quatro anos de idade, não oferecendo à criança a possibilidade de adaptação ao meio extrafamiliar; psicose do período de latência ou psicose infantil de exteriorização tardia se manifesta entre os cinco primeiros anos e a puberdade; psicose da puberdade e da adolescência. Apesar dos esforços de psiquiatras infantis e psicanalistas da criança, não há ainda acordo completo entre os especialistas sobre uma classificação única. Tipos de Psicose Infantil Esquizofrenia Infantil De acordo com os critérios diagnósticos da CID – 10, a esquizofrenia está classificada no bloco entre F 20 e F 29, com múltiplos quadros clínicos. A DSM III define-a como um distúrbio mental com uma forte tendência à cronicidade, de início na juventude, quase sempre levando a uma deterioração do funcionamento psíquico pré-mórbido e clinicamente manifestado por uma síndrome psicopatológica que se expressa por distúrbios do pensamento, afetividade e comportamento, na ausência de doença cerebral demonstrável ou retardamento mental. Moreira (1986) considera a esquizofrenia uma só, seja afecção na criança ou no adulto, resguardando as características peculiares quanto à faixa etária de maior incidência sobre a doença. O termo psicose é usado ocasionalmente, como eufemismo para loucura alguma vezes sinônimo de esquizofrenia (uma das entidades dessa categoria) e em outras ocasiões como depressão psicótica e neurótica. O termo não qualificado pode receber qualificativos pela diferenciação entre psicoses orgânicas e funcionais. DIDM – 51 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 13 • psicoses orgânicas: delírio, demência e síndrome de Korsakoff; • psicoses funcionais: esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva. A esquizofrenia é, entre as doenças mentais, a que acarreta mais prejuízos. É um distúrbio do psiquismo e da personalidade, que se manifesta com a consciência lúcida, caracterizada por diversas alterações nas experiências psíquicas nos padrões de pensamento e humor. A hereditariedade é um fator etiológico importante, pois se sabe que a sua frequência é aumentada nos familiares de pacientes. Sendo as chances de desenvolver esquizofrenias maiores, quanto mais próximo for o grau de parentesco com o paciente. Quadro Clínico As características iniciais da esquizofrenia são delírios, alucinações, linguagem e comportamentos desorganizados, como sintomas positivos. Apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais e retraimento social com falta de iniciativa. A sintomatologia é muito parecida à do adulto sendo o início infantil mais grave do que no início adulto. Abordam-se a seguir os sintomas essenciais da esquizofrenia infantil. Distúrbios do conteúdo do pensamento: as alucinações e delírios são os primeiros aspectos percebidos. São ego sintônicas, ou seja, crianças esquizofrênicas nem sempre vêm como invasivas e estranhas. Lidam bem com os sintomas que lhe parecem naturais porque se iniciam precocemente e de forma insidiosa. O desenvolvimento das alucinações e delírios se torna de maior complexidade com o tempo. Distúrbios da afetividade: observam-se rigidez das disposições afetivas, fixação de certos interesses e ausência ou diminuição da atenção espontânea, inadaptação ao real e a fuga à realidade, acentuada violência nas reações de angústia ou defesa, estereotipias no comportamento, nas ocupações, na linguagem, bem como fenômenos de perseveração e ecolalia. Todos esses fenômenos ocorrem de forma particular à personalidade de cada indivíduo. Características clínicas Incapacidade qualitativa na interação social: ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de pessoas e comportamento invasivo); não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto ocorre se dá de modo estereotipado; imitação ausente ou comprometida e ausência ou deficiência no contato olho a olho. Incapacidade qualitativa na comunicação verbal e não verbal e na atividade imaginativa: ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo, DIDM – 52 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 13 expressão facial, mímica ou linguagem falada; ausência de contato visual, retraimento ao contato físico, ausência de antecipação; deficiência na atividade imaginativa, como representação de papéis de adultos, personagens de fantasias ou animais; falta de interesse em estórias sobre acontecimentos imaginários; alterações na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos pronomes pessoais até a ecolalia ou até a ausência absoluta da fala; incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma conversa com outros e também age como se fosse surdo e opõe-se ao aprendizado. Repertório restrito de atividades e interesses: estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão, ausência da noção de perigo); interesses restritos (interesses por objetos rotatórios, interesse em empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato); resistência a mudanças no ambiente e insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira). Através de pesquisas detectou-se que 30% dos autistas têm QI normal ou acima da média; por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes, como por exemplo: saem-se muito bem em atividades esportivas, em desenhos, pinturas, músicas, e podem até apresentar uma memória invejável, capaz de armazenar a mais remotas reminiscência (memória mecânica). REFERÊNCIAS CID 10-Manual... Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111 &Itemid=86. Acesso em: 1 jun. 2009. Disponível em: http://www.fau.com.br/cid/webhelp/f84.htm. Acesso em: 1 jun. 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab2.pdf#page=41. Acesso em: 1 jun. 2009. REVISTA Educação Especial, Santa Maria, n. 32, 2008, p. 273-284. Disponível em: http:// www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial. Acesso em: 1 jun. 2009. DIDM – 53 DiDática para pessoas com NecessiDaDes especiais CAPÍTULO 14CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA OBJETIVO Tratar da consciência fonológica na educação especial. TEXTO “Consciência fonológica é a habilidade de se refletir sobre a estrutura sonora das palavras faladas, percebendo-as como uma seqüência de fonemas” (SANTOS et. al, 1997, Cap. 9, p. 85). Está comprovado que existe uma correlação positiva entre a capacidade que a criança possui em discriminar os elementos que compõe a fala com o êxito na leitura e escrita (CONDEMARIN et. al, 1995, p.70). A consciência fonológica é a tomada de consciência da sequência de fonemas dentro de uma palavra, possibilita a criança distinguir as diferentes funções das palavras, das rimas e aliterações das silabas e fonemas. O processo e aquisição da consciência fonológica facilitam a compreensão da leitura. A criança passa aprender a discriminar os sons iniciais das palavras e a seqüência sonora. Todas as atividades são desenvolvidas de forma lúdica e interativa. Inicialmente, as atividades ou treinamentos para muitos autores devem enfocar níveis mais globais, para em seguida focar os mais específicos. Condemarin et. al. (1995, p. 70-77) descreve várias atividades que desenvolvem a consciência fonológica. Descreverei algumas atividades de maneira resumida, apresentando alguns exemplos: Atividades que favorecem a consciência fonológica • Diferenciação de palavras: