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Copyright © 2005, Editora Cristã Evangélica Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica (lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fontes As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br http://www.editoracristaevangelica.com.br/ A igreja hoje está cheia de inovações na área de culto. Em algumas igrejas é óbvio que o dirigente do louvor está mais preocupado com uma reação da parte do povo (batendo palmas, levantando mãos, dançando e qualquer outra coisa!) do que com a integridade do coração dos que ofertam adoração a Deus. É triste ver tanto “culto-show” que deseja agradar ou satisfazer às pessoas em detrimento da vontade de Deus. Nesses “cultos” não há adoradores, há “artistas” e “plateia”. O que falta em conteúdo nessas reuniões sobra em assovios, gritos, pulos e aeróbica. Se queremos agradar ao Senhor por meio do culto somente a Ele devido, devemos procurar saber, pela Sua Palavra, como Ele deseja ser cultuado. Adorar é expressar nossa alegria e gratidão na presença de Deus. Cultuar é valorizar o mais importante. Ninguém é mais digno da nossa adoração e louvor do que o próprio Deus. Quanto mais O contemplamos, mais ficamos fascinados com Ele. Quando clamamos da profundeza do nosso ser: “Tu és digno, Senhor”, chegamos perto do coração da verdadeira adoração… o coração de Deus. William Temple escreveu que culto é: • despertar a consciência pela santidade de Deus; • alimentar a mente com a verdade de Deus; • purificar a imaginação pela beleza de Deus; • dedicar a vontade ao propósito de Deus. Esta série de dezessete lições é uma tentativa de nos levar a uma verdadeira adoração – não algo monótono, sem vida – mas algo que surge de uma apresentação do nosso “corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Para Paulo este é o nosso “culto racional” – uma adoração verdadeira! John D. Barnett 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 – Sumário – Que é um culto cristão? O culto no Antigo Testamento O culto no Novo Testamento A teologia do culto A organização do culto Os participantes do culto Os dirigentes do culto A pregação no culto A música no culto A oração no culto A comunhão no culto A evangelização no culto As apresentações no culto O batismo e a ceia no culto Cultos especiais Cultos nos lares - Grupos pequenos O culto doméstico 1 Que é um culto cristão? Pr. Luiz César Nunes de Araújo texto básico 1Coríntios 12.1-11 versículo-chave 1Coríntios 12.6 “E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você conhecerá que elementos devem estar presentes em um genuíno culto cristão. leia a Bíblia diariamente seg Sl 103.1-22 ter Sl 119.1-6 qua Lc 11.1-13 qui 1Co 12.1-11 sex 1Co 11.23-32 sáb Hb 10.19-25 dom Ap 7.9-17 “Eu vou ao culto”. Essa é uma expressão muito comum para nós. Significa ir à igreja e participar da programação. Num sentido genuíno, participar de um culto significa cantar, orar, ouvir a mensagem bíblica, contribuir e manter comunhão com os irmãos. No entanto, às vezes, precisamos parar e pensar no significado mais profundo do culto cristão. Será que qualquer programação da igreja pode ser chamada de culto? Existe algum parâmetro bíblico para que determinada reunião possa ser considerada como um verdadeiro culto cristão? Precisamos, então, definir que elementos devem compor uma reunião cristã para que ela possa ser considerada um culto verdadeiro. Vejamos. I. A palavra de Deus A palavra de Deus é o elemento essencial e indispensável ao culto cristão. Sem ela o culto é apenas uma reunião, um encontro qualquer. Sem a leitura e a meditação bíblica o nosso culto se esvazia de conteúdo e essência, assemelha-se a um culto não cristão. A palavra de Deus deve ocupar o lugar central do culto, pois é por meio dela que Ele nos fala. Todo o culto deve ser motivado pela palavra de Deus. 1. Ela atribui autoridade à liturgia. 2. Ela ilumina os cânticos. 3. Ela leva-nos a orar. 4. Ela proporciona comunhão. 5. Ela orienta cerimônias (ceia e batismo). De maneira prática podemos dizer que, quando uma pessoa prepara ou dirige um culto cristão, ela precisa observar se todas as partes do culto estão afinadas com a palavra de Deus. 6. Ela é o conteúdo da pregação. Dentre as formas em que a palavra de Deus é apresentada no culto, a mais importante é a pregação. Para o pregador do País de Gales, Martyn Lloyd-Jones, a tarefa primordial da igreja e do ministério cristão é a pregação da palavra de Deus. Essa é a razão pela qual a pregação bíblica jamais poderá ser substituída por qualquer outro elemento. Que prejuízo espiritual tem uma pessoa que vai a um culto evangélico e não recebe orientação pela palavra de Deus! Algumas dessas reuniões mais parecem encontros de auto-ajuda ou reuniões de negócios do que um verdadeiro culto cristão. Só a verdadeira pregação bíblica poderá causar impacto positivo e efeito duradouro na vida de quem participa do culto. É bom que prestemos muita atenção ao apóstolo Paulo quando diz que devemos pregar a palavra (2Tm 4.2). II. A oração Como você se sentiria se passasse uma hora em um culto sem que se fizesse uma só oração? Se na leitura e meditação das Escrituras Deus fala conosco, na oração nós falamos com Ele. Ela é a nossa resposta ao que o Senhor tem falado. Parece que na igreja primitiva era impossível se reunir sem que houvesse orações (At 4.23-31). A oração sempre teve primazia na liturgia das igrejas cristãs. Sobre as formas de oração do cristão, pensamos em dois níveis: a oração privada e a comunitária. 1. Na oração privada ou solitária, o homem, em seu desejo de aproximar-se de Deus, só tendo em conta sua própria pessoa, adora e glorifica. Uma só pessoa ora e o faz por sua própria conta. 2. Na oração comunitária, irmão se junta a irmão. Nela o sujeito é “nós”. Todos os presentes oram uns pelos outros, além de interceder pelos ausentes. A intenção da oração com a comunidade não é pelo “eu”, mas pelo “nós” e por toda a igreja, por todo o corpo de Cristo. As formas de oração têm sustentação na própria Bíblia. Boa parte do ensino do Novo Testamento lida diretamente com esse aspecto da adoração e da devoção cristã (Mt 6.5-8; Lc 11.5-13; 18.1-14; 2Co 1.11). Além do relato da oração particular, há o registro da oração coletiva da igreja, quando a congregação unida dá expressão vocal ao louvor e súplica (Mt 18.1-20). A oração tem hoje a mesma importância que em tempos passados. A igreja se utiliza dela como parte essencial do culto que presta a Deus. A lição nº 10 (A oração no culto) nos ajudará a entender melhor a prática da oração no culto cristão. III. O cântico Outro elemento básico no culto cristão é a adoração, quase sempre prestada a Deus por meio da música. Não nos esqueçamos de que todo o culto deve ser em adoração a Deus. Neste ponto trataremos do louvor cantado. A igreja cristã sempre cantou. A prova disso é a sua rica hinologia. 1. Agradecimento (Sl 103.1) Pela música, agradecemos a Deus Seus benefícios. A adoração ao Senhor é um ato de obediência e de realização cristã. Paulo fala da diversidade de nossa adoração quando nos ensina a louvar com salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19). É importante observar esse aspecto do culto. 2. Conteúdo O conteúdo do que cantamos é tão importante quanto a forma do canto. Por conteúdo entende-se a essênciado culto, aquela parte que o homem não vê, mas que agrada profundamente a Deus. É a adoração sincera, rendida, fruto de uma vida que confessa o nome de Deus no seu dia a dia (Hb 13.15). 3. Forma de adoração Devemos tomar cuidado com a forma com que adoramos ao Senhor. Paulo fala de ordem e decência no culto cristão (1Co 14.40). IV. A comunhão Outro objetivo de um grupo de pessoas estar reunido para prestar culto a Deus é a comunhão. É uma prática que agrada a Deus e favorece os participantes. 1. O valor do culto coletivo para Deus Podemos prestar culto a Deus estando sozinhos (Mt 6.5). Grandes experiências com Deus foram adquiridas num encontro pessoal com Ele. No entanto, Deus tem muito prazer também no culto coletivo(Sl 133). Paulo fala da riqueza da diversidade de dons no culto da igreja de Corinto. Diz ele: “... há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1Co 12.5-6). Adiante ele escreve que um participante do culto tem a palavra de sabedoria, outro tem a palavra de conhecimento, outro tem a fé, outro dons de cura, discernimento (v.8-11). Deus Se agrada da unidade da igreja e da riqueza de sua liturgia. 2. O valor do culto coletivo para as pessoas Também devemos nos lembrar de que o culto cristão supre algumas necessidades sociais e emocionais das pessoas: necessidade de se sentir apoiado, corrigido e orientado por outros. Quantas pessoas testemunham de bênçãos que experimentaram ao serem cumprimentadas e abençoadas por alguém no culto! Como é bom pertencer a uma igreja que se importa conosco! As igrejas mais aconchegantes têm experimentado um crescimento extraordinário, principalmente quando lá fora os relacionamentos são frios e quase sempre movidos por interesses. V. Os cerimoniais O culto cristão só reconhece dois cerimoniais: a ceia e o batismo nas águas. Eles foram praticados por Jesus (Mt 3.13-17; 26.26-29) e ordenados por Ele (Mt 28.19; 1Co 11.24). Devemos tomar todo o cuidado para não dar o mesmo valor litúrgico a qualquer outro cerimonial. As únicas duas cerimônias aceitas e recomendadas são: a ceia e o batismo nas águas. Conclusão Existem outros elementos que compõem o culto cristão. No entanto, estes: a palavra de Deus, a oração, o cântico, comunhão e os cerimoniais, são essenciais. São elementos que fazem com que o nosso culto seja “bíblico”. Há teologia na liturgia, por isso não devemos descuidar das partes essenciais aqui citadas. Não nos esqueçamos do equilíbrio entre as partes. Algumas igrejas enfatizam a oração, outras o cântico, outras a pregação e algumas parecem mais um clube do que uma igreja ao priorizarem a comunhão. aplicação Somente quando houver equilíbrio nestas partes essenciais é que o culto poderá ser edificante para aquele que dele participa. O verdadeiro culto cristão tanto agrada a Deus como edifica a quem o presta, fazendo de cada reunião um momento especial para glorificar a Deus, assim como para edificar a igreja. Nas próximas lições, entraremos em mais detalhes sobre os elementos essenciais num culto verdadeiramente bíblico. 2 O culto no Antigo Testamento Pr. Silas Arbolato da Cunha texto básico Salmo 96.7-9 versículo-chave Romanos 12.1-2 “Portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, peço que ofereçam o seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Este é o culto racional de vocês. E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você conhecerá os princípios do culto no Antigo Testamento. leia a Bíblia diariamente seg Sl 84.1-12 ter Sl 149.1-9 qua Sl 67.1-7 qui Sl 19.1-14 sex Sl 66.1-20 sáb Sl 96.1-13 dom Sl 100.1-5 O mundo vive numa constante renovação. O indivíduo busca novos padrões e entendimento para o que acontece ao seu redor, busca novas formas de realizar obras e sonhos, obtém outros pontos de vista a respeito de assuntos e temas já conhecidos. O nosso foco recai sobre a renovação teológica e litúrgica. Questionamos quanto das mudanças na teologia e na liturgia do culto vêm das Escrituras e quanto vêm do desejo das pessoas. Há diversidade quanto à compreensão de como deve ser o culto prestado a Deus. A Bíblia, ao descrever o que denominamos de culto, não usou termos similares aos que se referiam ao culto em outras religiões. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento, essencialmente, o culto é descrito como serviço. Em qualquer língua, etimologicamente, liturgia significa “o trabalho que pessoas realizam”, não pessoas se divertindo, alegrando-se, fazendo o que acham ser bom. No Antigo Testamento, a adoração era prescrita e controlada, era litúrgica. Como posso adorar a Deus segundo os princípios do Antigo Testamento? Será que o Antigo Testamento oferece direção para uma adoração no culto contemporâneo? Vamos estudar cinco épocas nas quais o culto era prestado a Deus, no Antigo Testamento. I. Da criação ao êxodo A recusa do homem em obedecer a Deus incondicionalmente foi a recusa a uma adoração ao Senhor com base em Sua verdade revelada (Gn 3.1-6). Podemos entender, pelos textos bíblicos, que o culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar. Ali, Deus e a família se encontravam e havia: 1. sacrifícios de gratidão (Gn 4.1-6; 8.20); 2. sacrifícios de expiação de pecados (Jó 1.5). A fé possibilitou a Abel ter sua oferta aceita pelo Senhor (Hb 11.4). Caim não obedeceu às instruções que estão subentendidas em Gênesis 4.7, daí ter tido sua oferta rejeitada por Deus. Examinar as intenções e avaliar as ações devem ser exercícios constantes na vida dos que cultuam a Deus (Sl 66.18; 131.1-3). Deus só aprova o culto sincero. II. Do êxodo à monarquia Este foi o período do tabernáculo, a habitação simbólica de Deus. Embora portátil, era um palácio. Todo o tabernáculo e seus utensílios expressavam a pessoa de Deus, Seus atributos, Sua presença, Seu relacionamento com o povo, e como o povo respondia a Deus. As prescrições para aproximação e purificação eram rigorosas e foram dadas pelo próprio Deus a Moisés. Podemos associar alguns utensílios do tabernáculo com alguns elementos imprescindíveis do culto. 1. A arca e a mesa dos pães – retratam Deus como Rei, Senhor e Provedor do Seu povo – a leitura bíblica (especialmente os Salmos), os hinos e cânticos de louvor. 2. As lâmpadas – a direção de Deus – a pregação da Palavra. 3. O incenso – o local das intercessões pelo povo - as orações. 4. O altar – o lugar do derramamento de sangue – a confissão de pecados. Notemos ainda a posição do tabernáculo no centro do acampamento (Nm 1.52-53; 2.1-2) como referência à centralidade do culto para a nação. Notemos que cerca de 40 capítulos foram dedicados à descrição, construção, dedicação e uso. Deus não somente quer nosso culto, mas Ele diz como quer ser cultuado. Nem toda adoração agrada a Deus. Há o perigo de trazermos “fogo estranho” diante do altar e do trono do Senhor (Lv 10.1-2). Esse “fogo estranho” consistia em contrariar os mandamentos divinos quanto à adoração. Não apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada (Ml 1.7-10; Os 6.4-6; Am 5.21). III. Da monarquia ao exílio Foi o período de maiores mudanças e de centralidade do culto. O povo ia reunido para a adoração ao Senhor. A orientação para o serviço sacerdotal permanecia válida. As prescrições foram dadas por Deus, por meio de Davi, a respeito de grupos corais e grupos instrumentais. O culto em Israel era participativo. Os dias de festa, as procissões e os sacrifícios exigiam envolvimento do adorador. No AT era um duplo serviço divino: um dirigido ao Seu povo e outro dirigido às outras nações (Sl 67). Deus quer ser adorado pelos Seus no serviço que estes prestam ao próximo. Este foi o motivo pelo qual os profetas criticaram o culto da antiga aliança (Is 1.11-15): o povo desejava comparecer diante de Deus,receber Dele todos os benefícios do culto, mas não O servia fazendo o bem ao próximo. Culto não é ato ritual, mas ato de vida. O ato de culto deve expressar-se em gestos eficientes, concretos e claros em nossa relação com o próximo. Este é o serviço do povo a Deus, que em nada precisa de nossos serviços, mas que por misericordiosa graça nos chama para que sejamos participantes de Sua obra neste mundo. IV. No exílio Desse período em diante, as informações são mais escassas. Todavia, sabemos que não havia templo, não havia sacrifício, não havia sacerdócio. Em meio ao caos, à desesperança e ao temor, Deus enviou profetas como Ezequiel para encorajar Seu povo a se voltar para Ele e cultuá-Lo, pois era o Deus fiel à aliança. O grupo de israelitas que se reunia no exílio começou o que depois ficou conhecido como “sinagoga”. V. A era pós-exílica É o período de Esdras e Neemias. O povo de Israel voltou do exílio babilônico. Houve um retorno à Lei de Deus (Torah), que começou a ser lida perante o povo. O templo foi restaurado, os sacerdotes voltaram à atividade, os sacrifícios e as ofertas tornaram a ser feitos. Conforme o prof. Marcos Alexandre Faria (Faculdade Teológica Batista de Brasília), estas são algumas influências do exílio babilônico: 1. a figura do rei desaparece; 2. o cativeiro se torna um meio de purificação e ressurgimento da religião dos judeus; 3. as profecias de Jeremias tiveram grande influência; 4. finda a idolatria (estavam no meio de uma nação extremamente idólatra); 5. acaba a monarquia (fica na esperança do Messias - o descendente de Davi virá!); 6. o sumo sacerdote, auxiliado pelos escribas, assume a liderança do povo; 7. Esdras, o sacerdote, convida o povo a voltar para a Palavra (Ed 7.10); 8. o povo gira em torno da Lei: viver de acordo com a Lei passa a ser um estilo de vida; 9. começa o que seria mais tarde a sinagoga - o que se tornou modelo para as igrejas no NT. É o início do chamado “Judaísmo”, ou seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, formado a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo (Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a circuncisão e as leis alimentares. VI. Resumo do culto no AT Encontramos três princípios nessas cinco épocas. 1. Adoração (Gn 8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6) O culto era centralizado em Deus, que reivindica e espera isso de Seu povo. Honramos ao Senhor quando O adoramos pelo que Ele é. Deus não está limitado a experiências humanas, as quais não podem determinar ou governar o tipo de liturgia do culto prestado ao Senhor. O Salmo 93 diz que Ele está revestido de majestade. Deus é glorioso, é sublime, é belo na Sua santidade. Devemos adorá-Lo no Seu esplendor e na Sua beleza. É com essa concepção que devemos adorar ao Senhor. O culto no AT é a resposta da criatura: a. à glória do Criador revelada (Sl 19). Deus é o Altíssimo (Sl 83.18), o Deus que vê (Gn 16.13), escudo (Sl 84.11); b. aos atos salvíficos de Deus (Êx 15; Sl 105); c. à ação bondosa de seu Criador (Mq 6.8; Is 1.13-17; Lv 10.1-2). 2. Oração e confissão (Jó 1.5; Lv 16.15-16; 1Cr 16.39-40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3) O pecado tinha que ser coberto, a expiação, a propiciação foi feita por Cristo, em nosso favor. Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para aquilo que Cristo iria fazer. No Antigo Testamento, não havia culto nem adoração sem sacrifícios; não havia culto sem altar. Para nós, não há culto sem o significado da cruz, não há culto sem Jesus Cristo, o que foi imolado e que agora reina. Além disso, a adoração devia também incluir ofertas, e os sacrifícios deviam expressar gratidão, devoção, desejo de comunhão e meditação, prontidão, e voluntariedade para compartilhar coisas materiais com os sacerdotes, os levitas, os pobres e as viúvas. Não havia lugar para a mesquinhez no culto. 3. Instrução (Gn 4.7; Dt 31.9-13; 2Cr 34.30; Ne 8.8) Este é o meio pelo qual Deus revela Sua vontade. A pregação não pode ser relegada aos momentos finais do culto. Ela não é matéria para ser apenas descrita ou comentada, mas deve ser explicada (Ne 8.3,7-8,12). Deus fala, o homem se cala, medita e responde. Com a pregação fiel e revestida de autoridade da Palavra, Deus é honrado e glorificado, os descrentes são desafiados, os crentes são edificados, e a igreja é fortalecida. A adoração genuína também deve ser fruto de correto entendimento da lei, justiça e misericórdia de Deus, reconhecendo-O assim como Ele Se revela nas Escrituras. Sem a Palavra não há adoração e não importa quão emocionantes sejam os demais atos do culto. Conclusão John H. Armstrong acusa grande parte da adoração moderna de ser McAdoração, ou seja, ele a compara a um “lanche popular”, algo produzido em escala industrial para satisfazer a alguns consumidores. A perspectiva do AT não vê o culto público como focalizado na esperteza ou criatividade humana, mas na santidade de Deus. aplicação Somos uma geração centralizada no homem, mas a igreja não pode tornar-se antropocêntrica. A distração e o entretenimento da nossa era tecnológica não podem tornar-se o centro. Nosso desejo por santidade deve ser maior que nosso desejo por felicidade. O culto pode e deve, sim, ser agradável às pessoas, mas com base na instrução bíblica apresentada e não no grau de satisfação pessoal alcançado. Que possamos dizer: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória” (Sl 115.1). 3 O culto no Novo Testamento Pr. Silas Arbolato da Cunha texto básico Salmo 96.7-9 versículo-chave Romanos 12.1-2 “Portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, peço que ofereçam o seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Este é o culto racional de vocês. E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você conhecerá os princípios do culto no Antigo Testamento. leia a Bíblia diariamente seg Mt 5.23-26 ter Ef 5.19-21 qua Hb 10.24,25 qui Mt 21.12-17 sex Jo 4.19-26 sáb Is 1.11-15 dom 1Co 14.20-25 Não há limites no que se refere a quão longe algumas igrejas avançarão no propósito de se tornarem relevantes e modernas em seus cultos. Qual a verdadeira adoração? Quais os elementos do culto neotestamentário? Culto é uma questão de forma ou de essência? A verdadeira adoração sugerida na frase de Jesus à mulher samaritana (Jo 4.23) envolve tanto o intelecto quanto as emoções e salienta sua centralidade em Deus, não no adorador. Cada aspecto do culto tem de ser agradável a Deus e estar em harmonia com a Sua Palavra. Embora o critério adequado para avaliação do culto seja esse, o culto pode também ser agradável ao adorador. O que o Novo Testamento tem a nos ensinar? Assim como no Antigo Testamento, a igreja primitiva continuou olhando para a adoração como uma atividade diária e constante. Atos 2.46-47 ensina que culto acontece a todo momento e em todos os lugares, no templo e de casa em casa. No Novo Testamento, encontramos as três dimensões do culto: pessoal, familiar e público. Não é um episódio apenas. Ao terminar a liturgia do templo, deve começar a liturgia da vida. I. O culto pessoal Culto não é ritual, melodia, formas, estética, beleza, palavras, cânticos, dogmas, símbolos, ofertas ou qualquer outro detalhe que lhe possamos atribuir. Culto, antes de tudo, é vida em ação. Culto é um ato de resposta à ação bondosa de Deus, que nos chamou com finalidade bem clara: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). Por isso, aquele que se relaciona com Deus deve lembrar que o culto a Deus é o fruto natural (no sentido de normal) da comunhão com Jesus Cristo. A compreensão do cristão, que cultua a Deus e pratica serviços religiosos, deve estar indissoluvelmente ligada à manutenção de cuidados com os mais necessitados. Isso faz da vida daqueles que servem a Deusexpressão e reflexo daquilo que é apregoado e vivenciado pelo cultuante. O cultuante deve fazer para os outros o que crê que Deus faz consigo. Essa é uma afirmação importante de verdadeiro cristianismo, que acaba atribuindo expressão e sinceridade às ofertas e demais atos de dedicação. Os atos cúlticos são expressões de gratidão por tudo o que Deus proporciona, manifestações de arrependimento pelos atos pecaminosos cometidos, expressões de fé e fidelidade, além de testemunhos eloquentes da busca da vontade de Deus. Isto é gerador de progresso, já que provoca a inclusão daqueles que, outrora excluídos por sua condição, encontram no fiel o cuidado e a proteção. Assim acontecia na igreja primitiva. II. O culto em casa A igreja neotestamentária estava também assentada sobre os pequenos grupos. Era a igreja de todos os dias, no templo e nas casas. A palavra grega oikos (casa) ocorre mais de 10 vezes no NT, algumas delas referindo-se a um grupo de pessoas usando uma casa para reunir-se periodicamente. • At 2.46 A ceia do Senhor era celebrada em cada casa na sua refeição. • At 5.42 A casa do convertido era usada como local de adoração e ensino, identificando-o como cristão na comunidade. • At 20.20 Equilíbrio do programa - ensinando tanto na reunião pública quanto na familiar. • Rm 16.3,5 Priscila e Áquila recebiam na casa deles um grupo. A igreja cristã de Roma era composta desses vários grupos nos lares. • 1Co 16.19 Quando estavam em Éfeso, Áquila e Priscila também recebiam a igreja na casa deles. Assim vivia a igreja cristã: durante a semana a igreja se reunia nas casas e, no dia do Senhor, a reunião ocorria num só local – o templo. Veja também Colossenses 4.15 e Filemom 2. III. O culto no templo Segundo Atos 20.7, entendemos que o primeiro dia da semana era o dia em que a igreja apostólica se reunia para partir o pão – celebrar a ordenança da ceia. Esta ceia era entendida como um ato de comunhão com o Senhor (1Co 10.14-22), era tomada quando toda a congregação se reunia, como um ato de fraternidade entre os irmãos. 1Coríntios 11.17-22 mostra o que NÃO se deve fazer em reuniões como essa. Ainda na carta aos coríntios, o apóstolo Paulo os instrui a que fizessem suas ofertas, sistematicamente, no primeiro dia da semana, deixando implícito que esse era o dia em que eles deveriam se reunir para adoração (1Co 16.2). Notemos também que as reuniões regulares da igreja primitiva não visavam a propósitos evangelísticos, e sim primordialmente ao encorajamento mútuo e à adoração. Por essa razão, o autor de Hebreus escreve: “Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras. Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima” (Hb 10.24-25). Por serem reuniões públicas, havia ocasiões em que os incrédulos vinham às reuniões dos crentes, mas isso era considerado apenas uma possibilidade (1Co 14.23). O evangelismo, segundo o texto de Atos 2, era feito no contexto da vida diária, à medida que os crentes propagavam o evangelho. Uma característica que não estava presente no culto neotestamentário era o pragmatismo. Uma decisão pragmática é aquela tomada não pela essência, mas pelo efeito causado na maioria do povo. No que diz respeito ao culto, a aplicação desse princípio pode ser desastrosa, pois o juiz passa a ser o grupo de pessoas e não o Espírito Santo. O culto público é a semelhança mais próxima que podemos ter do céu, enquanto estamos aqui na terra. IV. Elementos do culto neotestamentário 1. Leitura e pregação da Palavra (Cl 3.16; 2Tm 4.2) A mensagem deve expor e esclarecer um texto bíblico numa linguagem contemporânea e para a realidade do mundo de hoje. Segundo Klaus Douglass, a mensagem tem sete funções: a. explicar e esclarecer verdades profundas da fé; b. dar orientações sobre como a maneira de viver e agir como cristãos; c. edificar a igreja; d. levar pessoas à fé; e. fortalecer a fé; f. consolar e animar os que estão em dificuldades; g. tirar pessoas da sua inércia. A esta suficiência das Escrituras no culto cristão os reformadores chamaram de princípio regulador do culto, que não deve se preocupar com coisas sem importância. Na adoração coletiva, a pregação da Palavra é essencial. Em nosso texto- base lemos que as atividades da igreja do Novo Testamento eram centralizadas “na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Em seu livro Entre Dois Mundos, John Stott afirmou: “A Palavra e a adoração pertencem indissoluvelmente uma à outra. Toda a adoração é uma resposta inteligente e amável à revelação de Deus, porque é a adoração do seu nome. Portanto, a adoração aceitável é impossível sem a pregação. Pregar é tornar conhecido o nome de Deus, e adorar é louvar o nome do Senhor sobre o qual fomos informados. Ao invés de ser uma intrusão alienígena à adoração, o ler e o pregar a Palavra são realmente indispensáveis à adoração.” 2. Oração (Ef 5.20; 1Tm 2.8; At 2.42) As orações podem ser de adoração, invocação, confissão, petição, agradecimento, intercessão, e devem ser dirigidas a Deus. 3. Hinos e cânticos espirituais (Cl 3.16; Hb 13.15) A música pode, às vezes, nos comover pela beleza da melodia, mas esse sentimento, por si só, não é adoração. A música deve ter verdades bíblicas contidas em suas linhas para que seja um recurso legítimo e fomente a verdadeira adoração. A música: a. expressa nossa relação com Deus(Hb 13.15); b. deve caracterizar nossa comunhão com os irmãos e contribuir como veículo de proclamação da verdade de Deus(Ef 5.19; Cl 3.16). 4. Serviço mútuo (At 2.45; Cl 3.16) Essencialmente, na Bíblia, culto é serviço, algo que fazemos para outros. Primeiramente, o culto cristão é um ato divino. Respondemos ao favor de Deus concedido a nós, Seus filhos. Ele veio ao nosso encontro, chamou-nos, aceitou-nos, deu-nos o Seu perdão e nos trouxe à Sua presença. À medida que, corretamente motivados, servimos o nosso próximo, estamos servindo a Deus. Conclusão Nós, que em resposta à ação bondosa de Deus amamos a Cristo e cremos na suficiência da Sua Palavra, não podemos moldar nossa adoração aos estilos e preferências de um mundo escravo do pecado e de suas paixões. Nosso objetivo principal deve ser adorar em espírito e em verdade. Para isto, as Escrituras precisam regular o nosso culto, a nossa adoração. Tudo em nossos cultos deve conduzir o adorador a um conhecimento mais profundo de Deus. Como afirma Augustus Nicodemos Lopes, “é importante reconhecer... que o Espírito age principalmente a favor dos interesses de Cristo, visando glorificá-Lo e exaltá-Lo. Esse princípio aplica-se também ao culto cristão. Esse princípio litúrgico precisa ser resgatado: o culto é voltado para Deus. É teocêntrico – e nisso, cristocêntrico, não antropocêntrico. Nada mais deve ocupar o lugar de Cristo no culto.” aplicação “Onde brilha o Sol da Justiça, não há lugar para o brilho de outras estrelas.” 4 A teologia do culto Pr. José Humberto de Oliveira texto básico João 4.19-24 versículo-chave João 4.24 “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” alvo da lição Ao estudar esta lição, como adorador, você vai aprender a refletir sobre a pessoa de Deus. Ao fazer assim, o culto oferecido terá teologia bíblica e verdadeira. leia a Bíblia diariamente seg Sl 50.1-23 ter Is 1.10-17 qua Am 5.21-24 qui Ml 1.6-14 sex Êx 34.1-17 sáb Is 44.9-28 dom Sl 115.1-18 O que vem à sua mente quando você lê ou ouve a palavra “teologia”? Certa feita ouvi alguém perguntar: “Será que culto tem que ter teologia?” Acompanhe esta definição: “Teologia é o estudo que tem por objetivo perceber, compreender e interpretar a Deus, dentro do caminho indicado pelo próprio Deus”. Foi Karl Barth quem escreveu esse conceito que, dentre tantos outros que conhecemos, corresponde ao que precisamos. E o culto? “Culto é o lugar e o momento do encontro entre Deus e o Seu povo” (J.J. von Allmen). Vamos ajuntar: a teologia do cultoestuda como o Ser de Deus Se relaciona com Seu povo enquanto este O adora. I. O culto é necessário A teologia do culto aponta para a necessidade do culto. Por que devemos cultuar a Deus? Baseados no texto de Allmen, sete fatores mostram por que o culto é necessário. 1. Foi instituído por Deus e por Ele ordenado Ao celebrar o culto, a igreja não inventa coisa alguma, ela simplesmente obedece. Há vários convites feitos pelos salmistas. a. Salmo 95.1-2 – “Venham, cantemos ao Senhor com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro com ações de graça, vitoriemo- lo com salmos.” b. Salmo 100.4 – “Entrem por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendam-lhe graças e bendigam o seu nome.” c. Salmo 147.1 – “Bom e amável é cantar louvores ao nosso Deus; fica-lhe bem o cântico de louvor.” 2. Foi confirmado pelo Senhor Jesus Cristo “Adore o Senhor, seu Deus, e preste culto somente a ele” (Mt 4.10). É suficiente. 3. É uma evidência da salvação e da libertação A alma salva e liberta quer cantar. A primeira coisa que os israelitas fizeram após a travessia do mar Vermelho foi cantar (Êx 15). A melhor confirmação disso são aqueles que, conforme a narrativa dos evangelhos, foram objeto dos milagres de Cristo: o paralítico (Lc 5.25), a mulher enferma(Lc 13.13), o leproso (Lc 17.15), o cego de Jericó (Lc 18.43). Todos esses louvaram e adoraram a Deus após terem recebido o toque do Senhor. 4. É um dos meios de evangelização A maioria das pessoas tem entregado a vida a Jesus em um domingo à noite. Vale ressaltar que Deus usa não somente a pregação, mas também os cânticos, os testemunhos, a comunhão para evangelizar as pessoas durante o culto. 5. É um dos meios de comunhão fraternal A maioria dos crentes encontra seus irmãos em Cristo no culto. É o principal evento de uma igreja evangélica e, por isso, torna-se naturalmente o momento de maior encontro. Como outras lições vão tratar da comunhão entre irmãos no culto, não é preciso dizer mais aqui. 6. É um dos meios de crescimento espiritual do corpo de Cristo A palavra de Deus alimenta o povo de Deus e, como em todo processo alimentar, a nutrição é o objetivo principal. O crescimento vem por meio de todos os atos do culto. 7. É um dos meios de obedecer aos mandamentos da palavra de Deus O culto proporciona o momento e o local ideal para o povo de Deus obedecer aos mandamentos da Palavra, tais como: louvor, dízimos e ofertas, intercessão, oração, meditação, estudo da Palavra, evangelização, exercício dos dons, serviço, ensino, etc. II. O culto é teocêntrico As pessoas podem cultuar várias coisas e até pessoas. Mas o crente em Jesus cultua o Deus Criador. O Senhor é o centro, Ele está no centro. Martinho Lutero disse: “Ter um Deus é cultuá-Lo”. 1. Que quer dizer a palavra “Deus”? a. Ideia grega – Nossa palavra em português “Deus” vem do grego theos, que significa a “divindade suprema”. b. Ideia hebraica – Deus, em hebraico, é Elohim. A raiz EL, palavra muito antiga e geral, significando “Deus”, pertence ao dialeto semítico, e seu significado original é “forte”, “poderoso”. Então, EL é um Ser mais forte e mais poderoso que o homem. c. O nome de Deus – YHWH é o nome mais elevado de Deus, o nome pessoal de Deus, o nome da Aliança (Êx 6.3). Ocorre cerca de 8.820 vezes no AT; nas versões ARA e NAA traduzido por SENHOR. Segundo a Bíblia, esse nome se encontra na boca humana pela primeira vez em Gênesis 4.1 e o sentido literal é “Aquele que existe em Si”, ou “Aquele que faz existir” (Êx 3.14). O conceito principal é o da existência sem uma origem causadora, o que nos lembra João 5.26. 2. Deus é espírito (Jo 4.24; 1.18; 1Tm 1.17; 6.16) Isto é, em Sua substância nada há que seja matéria – é puro espírito. Espírito é realidade, mas invisível e imaterial. Dizer-se que Deus é espírito é o mesmo que dizer que Deus, em Sua essência, é incorpóreo e invisível. O fato de Deus ser espírito não O impede de manifestar-Se em forma visível (Jo 1.32; Hb 1.7; ver Êx 11.27; Hb 11.27). 3. Deus é luz (1Jo 1.5) O ensino básico é o de santidade e integridade absoluta (Sl 27.1; 84.11; Is 60.20; Mq 7.8; Ap 22.5; Jo 8.12). 4. Deus é amor (1Jo 4.7) Ele é a fonte de todo amor verdadeiro (Dt 7.7-8; Jo 3.16; Rm 5.8). 5. Deus é único (1Tm 2.5) Há um só Deus. Essa é a verdade que recebe maior destaque em toda a Bíblia. E Jesus a confirmou em Marcos 12.29 (Dt 6.4-5; Is 44.6; 45.22; Jo 17.3; 1Co 8.4-6; Ef 4.6). 6. Deus é pessoa O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). O homem tem personalidade e Quem o criou também tem. Em Gênesis, encontramos Deus e o homem na mais estreita comunhão. Para que haja comunhão é essencial haver de ambos os lados personalidade independente. O homem não pode manter comunhão com mera influência ou força impessoal. A personalidade é caracterizada por: conhecimento próprio, sentimento, vontade e inteligência. Deus tem essas características (Êx 3.14; Jr 29.11; Sl 33.5; 115.3). Devemos notar a diferença:o homem tem essas características em grau finito, Deus as tem em grau infinito. III. O culto é verdadeiro Sabemos que várias vezes o Senhor rejeitou e desprezou culto no Antigo Testamento. O exemplo de Caim é clássico (Gn 4.1-7). Mas há outros textos que comprovam esta afirmação (Sl 50.9; 51.17-19; Pv 15.8; Is 1.10- 17; Jr 6.20; 14.12; Am 5.21-24; Ml 1.8; Mt 5.21-26; Mc 7.6-7). Nosso propósito é analisar: João 4.19-22. Nesse encontro de Jesus com a mulher samaritana, podemos aprender algumas lições preciosas sobre o verdadeiro adorador. 1. Vida pessoal (Jo 4.19) O verdadeiro adorador sabe que sua vida pessoal é conhecida por Deus. A mulher samaritana teve sua vida conjugal revelada pela onisciência do Messias (Jo 4.16-18). Sua surpresa a levou a uma confissão: “Agora eu sei que o senhor é um profeta!”. Que relação existe entre a vida do adorador e a adoração? 2. Local de adoração (Jo 4.20-21) O verdadeiro adorador sabe que o local da adoração pode, muitas vezes, ser de pouca importância. Há pessoas que não conseguem conversar sobre religião com outras de convicções diferentes sem tocar nos pontos em que diferem. Quando um judeu e um samaritano conversavam sobre religião, um dos principais pontos em questão entre as duas comunidades tinha de ser ventilado: Que lugar o Deus de Israel havia escolhido entre Suas tribos para que ali habitasse o Seu nome? O texto decisivo era Deuteronômio 12.5. O texto, todavia, não especifica que lugar Deus havia escolhido. Ele precisa ser descoberto. Judeus e samaritanos tiraram conclusões diferentes. Os judeus o fixaram em Jerusalém; os samaritanos, no monte Gerizim, que domina Siquém - para o qual podiam olhar enquanto conversavam no poço. O tempo da discussão sobre a preferência do monte Gerizim ou Sião havia terminado. Uma nova ordem estava sendo iniciada, para a qual não é onde as pessoas adoram a Deus que importa, mas como O adoram. aplicação Será que ainda hoje os filhos de Deus discutem sobre o melhor lugar para adoração? O que dizer dos grupos que se acham “donos” da verdadeira música evangélica no Brasil? O que dizer daqueles que pensam deter o único e verdadeiro estilo de louvor que Deus pode receber? 3. Adoração e conhecimento (Jo 4.22) O verdadeiro adorador sabe que a adoração deve ser feita com o conhecimento que vem somente por meio da salvação em Jesus. Somente aqueles que passaram pelo verdadeiro processo do novo nascimento, que tiveram os olhos de seu coração iluminados pelo evangelho de Jesus Cristo podem produzir uma verdadeira adoração. Às vezes, há tanta música chamada evangélica, que não apresenta o mínimo do evangelho puro e autêntico. Até que ponto temos de usar a linguagem do mundo para alcançar as pessoas? Martyn Lloyd-Jones escreveu: “A glória do Evangelho é que, quando a Igreja é absolutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai. É então que o mundo se sente inclinado a ouvir a mensagem, embora talvez no princípio a odeie”. A influência dos cristãos na sociedade depende da sua diferença e não daidentidade. 4. Adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23-24) O verdadeiro adorador sabe que o Pai deve ser adorado em espírito e em verdade. Fala-se tanto sobre esse versículo! Há tantas músicas baseadas nesse texto! Mas, afinal, o que ele significa? Já vimos que Deus é espírito. Não somente um espírito entre outros, mas o próprio Deus é espírito puro. Por isso, o culto no qual Ele tem prazer é espiritual. A proibição do segundo mandamento: “Não faça para você imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra... Não adore essas coisas, nem preste culto a elas” (Êx 20.4-5), tem a sua razão de ser na verdadeira natureza de Deus. a. Adorar a Deus em espírito significa adorá-Lo exatamente como Ele é. Não apenas excluindo totalmente a ideia de olhar para uma imagem (ainda que ela seja bonita e de ouro), mas também exaltando os atributos de Deus, ou seja, falando da Sua autoexistência, autossuficiência, eternidade, imutabilidade, infinidade, onisciência, onipotência, onipresença, soberania, sabedoria, bondade, graça, misericórdia, longanimidade, santidade, justiça, fidelidade, etc. b. Adorar a Deus em verdade significa ter sinceridade e autenticidade naquilo que se faz. Uma boa ilustração está em Mateus 15.8: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. Jesus falou da oferta que Deus não pode receber (Mt 5.21-26). É bem simples a questão: é verdade, na minha vida, o que estou cantando, lendo ou fazendo no culto? Conclusão Jesus afirmou que o Pai procura adoradores que O adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23). Isso se deve a dois fatores: primeiro, o fato de termos sido criados para o louvor da glória de Deus; segundo, a própria natureza do Deus a quem adoramos (“santo, santo, santo”) exige que assim O adoremos. aplicação “Se você sair da igreja com sua fé mais forte, a sua esperança mais acesa, o seu amor mais profundo, a sua compaixão mais ampla, o seu coração mais puro, e a sua vontade mais firme na vontade de Deus, então você realmente está cultuando.” (Tony Gray) 5 A organização do culto Pr. Luiz César Nunes de Araújo texto básico 1Coríntios 14.26-40 versículo-chave 1Coríntios 14.40 “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você entenderá a necessidade de se fazer o melhor em qualquer situação, principalmente ao organizar um culto a Deus, seja na igreja ou em casa. leia a Bíblia diariamente seg Sl 100.1-5 ter Rm 12.1-2 qua Rm 12.3-8 qui Rm 12.9-20 sex 2Cr 9.1-6 sáb 1Co 14.26-40 dom 1Tm 4.6-16 Talvez os irmãos se lembrem de algum culto em que alguém se apresenta para cantar e diz: “Irmãos, não reparem se eu não estou bem preparado para cantar, estou cantando é para o Senhor”. Será que isso é coerente? O que é para o Senhor pode ser mal preparado? É claro que não! Também é preciso que nos preparemos bem quando convidamos irmãos em Cristo e amigos para um culto a Deus em nosso lar (culto de ação de graças, por exemplo). I. “Tudo seja feito com decência e ordem” Sabemos que nosso Deus exige ordem e não suporta confusão (1Co 14.33). Vejamos isso no Antigo e no Novo Testamentos. 1. Um culto bem preparado no Antigo Testamento Basta olharmos os detalhes tanto da construção do tabernáculo como do cerimonial do culto no Antigo Testamento para vermos como Deus aprecia o culto bem preparado. Davi, por exemplo, era de um zelo sem medida quanto ao culto ao Senhor. Tudo devia ser muito organizado, com os sacerdotes distribuídos em todas as funções. Havia ali uma organização sacerdotal para o serviço do Senhor: os porteiros, os instrumentistas, os sacrificadores, os assistentes, os cantores, os tesoureiros, etc. (1Cr 25-27). Também Salomão tinha um cuidado especial com o culto. A rainha de Sabá se mostrou muito impressionada com a ordem do serviço prestado ao Senhor (2Cr 9.1-6). 2. Ordem no culto no Novo Testamento O próprio Senhor Jesus nos convida a servir ao Senhor com todo o nosso coração, alma, força e entendimento (Lc 10.27). O apóstolo Paulo orienta a que sejamos muito zelosos com as coisas de Deus (Rm 12.11). Aos coríntios, o apóstolo fala de decência e da ordem necessária no culto (1Co 14.40). “Até hoje não consegui descobrir nenhuma contradição entre o culto ser agradável a Deus e atraente para as pessoas. Será que na Bíblia Deus não nos é apresentado como um Deus atraente para as pessoas?” (Klaus Douglass) O culto, então, precisa ser organizado, preparado com muito zelo. Isto não significa que devemos ser inflexíveis com o programa, mas, no que estiver a nosso alcance, devemos fazer o melhor para Deus, usando os dons que Ele nos dá (Ec 9.10). Ao realizar-se um culto no lar, os cuidados são os mesmos. O formato do culto será diferente, uma vez que o ambiente não é a igreja (prédio), mas a liturgia, a reverência, a organização precisam ser alvo de esmero da parte dos organizadores. II. Dez mandamentos para um culto bem organizado Vejamos algumas sugestões sobre oferecermos um culto bem organizado a Deus, seja na igreja ou no lar. A maioria delas está no livro Celebrando o Amor de Deus (Editora Evangélica Esperança) de Klaus Douglass. 1. Ambiente Providencie para que o ambiente do culto esteja em ordem. Os responsáveis pelo culto devem observar se os lugares para sentar estão confortáveis e limpos, se a iluminação é suficiente, se a sonorização está adequada e se os instrumentos estão prontos. Enfim, se tudo está em ordem. Se o culto é no lar, deve-se lembrar das crianças: providenciar pessoas para ficarem com os pequenos, a fim de que tenham um tempo adequado para eles. 2. Programação Prepare o programa do culto com antecedência. Confirme se as músicas, recepcionistas e conselheiros estão preparados. Se possível, imprima o programa e distribua a cada participante. Cuide, porém, para que o culto não se torne previsível e pouco atraente. Nos lares, certamente o ambiente estará mais descontraído, contudo a mesma orientação descrita para o culto na igreja é útil. Que nada seja feito de qualquer maneira (Jr 48.10). 3. Liderança O líder (pastor ou não) deve estar no local um bom tempo antes do culto. Só assim ele poderá se preparar para os imprevistos, conversar sem correria sobre os últimos detalhes do culto. O tempo antes e depois do culto são importantes para que o líder tenha um contato mais próximo com as pessoas, sejam suas ovelhas ou não (convidados, não cristãos). Jesus nos dá exemplo da importância de dar atenção às pessoas (Lc 18.35-40). 4. Música Escolha uma música animada e empolgante para começar o culto. São diversos os tipos e pessoas que vão a um culto; e cada uma tem uma necessidade, uma expectativa. Certamente, ninguém vai para se entristecer. Então, inicie o culto animada, descontraída e atraentemente, demonstrando a alegria que é ser cristão. A música é excelente instrumento para isso. Quantos salmos Davi cantou alegrando-se no Senhor! (Sl 40.3; 144.9) 5. Participação dos membros Permita que várias pessoas participem do programa do culto. As partes do culto (leitura da Bíblia, louvor, intercessão, avisos) devem ser realizadas por pessoas diferentes. Isso quebra possível monotonia e permite que dons sejam exercidos. 6. Tema Planeje o culto em volta de um tema. Ter um tema explícito facilita a organização do culto, seja onde for. Assim, todas as ações serão realizadas visando o mesmo objetivo, favorecendo os adoradores. 7. Avisos Reduza o número de avisos no culto. Os avisos podem ser expostos em projetor multimídia após o culto, ou impressos, de acordo com a cultura da igreja. Destaques, programações especiais podem ser enfatizados e depois diga estas palavras mágicas: “Todos os outros avisos estão no boletim”. Nos cultos nos lares, os horários dos serviços na igreja devem ser dados para informar aos amigos visitantes. Muitas pessoas chegam à igreja após terem ido a um culto no lar de um amigo ou parente. 8. Ofertas Cuidado com as ofertas no culto realizado na igreja. Klaus Douglass orienta que devemos ser muito discretos nessa questão.Conquanto ofertar também seja culto (2Co 9.7), devemos cuidar para que o momento não seja constrangedor para convidados e visitantes. 9. Encerrando o culto Incentive cada pessoa a procurar alguém que não conhece ainda e o cumprimente, estabeleça contato, converse. Os cristãos devem mostrar receptividade aos visitantes e não crentes (estejam reunidos onde estiverem: na igreja ou nos lares). 10. Recepção Todos devem sentir que foram bem recebidos. Os crentes devem estar preparados para lidar com os visitantes e desconhecidos. É papel da igreja instruir seus membros sobre a maneira de agir nesses momentos. Assim, se comportarão naturalmente, seja em culto na igreja ou no lar, atraindo outros a Cristo (At 2.47). Proporcione uma oportunidade antes, durante ou após o culto, para que as pessoas que quiserem deem um abraço fraternal no próximo. Seja sensível e deixe isso à vontade dos presentes, já que pode haver aqueles que se sintam constrangidos. Conclusão Nosso Senhor é perfeito, e tudo que fazemos para Ele deve buscar a perfeição (Ef 5.1). O culto a Deus tem de agradar a Ele, primeiramente. É um momento também de apresentarmos aos ainda não alcançados a alegria que é ter Jesus como Senhor de nossa vida. O culto é para Deus, mas, por meio dele, muitas almas podem ser sensibilizadas à voz do Espírito Santo. aplicação Que nossos cultos sejam reverentes, realizados com ordem e decência, mas que sejam alegres, atraentes, revelando o verdadeiro espírito cristão! 6 Os participantes do culto Pr. João Batista Cavalcante texto básico Hebreus 10.19-25 versículo-chave Hebreus 10.22 “Aproximemo-nos, com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você, como adorador, refletirá sobre sua identidade e será encorajado a uma atitude de humildade, reverência e gratidão diante do privilégio que o culto cristão representa para ele. leia a Bíblia diariamente seg Mt 5.23-24 ter Is 1.10-17 qua 1Jo 3.11-15 qui Jo 15.14-15 sex 1Co 13.1-3 sáb Ef 2.8-10 dom Rm 12.1-3 Sendo seres humanos e religiosos, somos marcados pela necessidade de adorar, pela propensão a tal prática e pela capacidade natural de pensar sobre o que fazemos. Como adoradores, estamos inevitavelmente adotando alguma forma de culto, pensada ou não, consciente ou não. Se a maneira que adotamos corresponde aos anseios do Deus a quem adoramos, então o que fazemos Lhe é aceitável, e tudo está bem. Mesmo assim, há uma enorme distância entre a adoção de uma forma de culto com consciência, maturidade e responsabilidade, e algo que acontece apenas “por acaso”, porque “aconteceu de ser assim... da maneira correta”. Do outro lado, se o que fazemos não é aceitável a Deus, então estamos envolvidos numa enorme perda de tempo, esforço e energia, enganados e sendo desagradáveis a Deus. Na lição de hoje, vamos estudar os participantes do culto. Desejamos refletir sobre quem são eles, o que devem saber e como devem se portar ao se apresentarem perante o Senhor, para se tornar parte de um evento a que chamamos de culto. I. Os participantes do culto são humanos Sabemos bem que toda a criação adora o Senhor. A Bíblia diz que os montes batem palmas, os animais e as aves do campo celebram a Deus (Sl 19.1). Se entendermos adoração e louvor como toda a forma de exaltação e proclamação da grandeza de Deus, então toda a manifestação da criação grandiosa de nosso Deus está, naturalmente, testemunhando Suas qualidades maravilhosas. Do outro lado, entendendo que o culto é também um evento, então o culto é uma atividade de humanos. Na verdade, toda a criação adora, mas só os humanos podem pensar sobre sua ação de adorar, e também mudar formas, criar métodos e estilos e usar diferentes conteúdos, já que essa é uma das marcas que nos distinguem dos demais seres criados. Muito pode ser dito a respeito do participante do culto. Vamos destacar dois elementos importantes que ajudam a entender o tipo de pessoas que participam do culto. 1. Pessoas com história de vida Devemos entender que todos somos seres históricos: pessoas com passado, presente e futuro. Os que cultuam são crianças, adolescentes, jovens, adultos. Veja a pergunta de Jesus a respeito dos meninos que estavam cantando: “Hosana ao Filho de Davi!”: “Vocês nunca leram: ‘Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste o perfeito louvor’?” (Mt 21.15-16; citação de Sl 8.2). Todos acumulamos experiências da vida que, combinadas com nossas características, formam o nosso histórico de vida. Trazemos para o culto nosso passado com alegrias e frustrações. Também trazemos para o culto a realidade atual – tudo que ocupa nossa mente no dia a dia da vida. Isso inclui pensar sobre quem somos, quais são nossas ocupações, quais e como são nossos relacionamentos e os papéis que exercemos na vida. Trazemos ainda para o culto expectativas acerca do futuro, inclusive sonhos, planos, ansiedades e perspectivas. 2. Pessoas com as marcas de sua natureza essencial Nós, os participantes do culto, somos seres humanos à imagem e semelhança de Deus, nosso Senhor. Fomos afetados diretamente pela queda da humanidade e tornamo-nos objeto do amor de nosso Senhor, que deu o Seu Filho para possibilitar a salvação (Gn 3; Jo 3.16). Sempre que nos reunimos para cultuar, devemos estar conscientes de que está sendo formada uma reunião de pecadores. Por essa razão somos orientados a “tirar as sandálias dos pés” (Êx 3.5), oramos“em nome de Jesus” (Cl 3.17), e dependemos da mediação do Espírito Santo de Deus até mesmo para orar, pois “não sabemos orar como convém”. O culto deve ser feito em humildade, temor e tremor, pois trata-se de pecadores que entram com ousadia perante o Senhor, mediante o caminho aberto pela morte de Cristo (Hb 10.19). II. Os participantes do culto são coerentes Sabemos que há pessoas que ainda não nasceram de novo e participam do culto. Geralmente entendemos que essas pessoas testemunham e reconhecem os feitos extraordinários de Deus, da mesma forma como a natureza (montes, rios, plantas e animais) faz coro com as evidências da grandeza de Deus. Temos o clássico caso de Nicodemos, que era doutor na lei, mas precisava nascer de novo (Jo 3.3). Há, ainda, aquilo que chamamos de “graça comum”, e nesse sentido toda a humanidade é alcançada pela presença do Deus (Is 6.3). Há diversos exemplos no Antigo e no Novo Testamento que nos apresentam “gentios” envolvidos no culto. Basta que nos lembremos dos ajuntamentos em que o Senhor Jesus ensinava e fazia milagres, ou dos ajuntamentos da igreja primitiva, para que nos demos conta desse fato (1Pe 2.12). Sabemos, com certeza, que outra importante marca do culto que agrada ao Senhor é a coerência entre a maneira como vivemos diariamente e nossa manifestação na adoração. O culto é reflexo de nossa crença e de nosso compromisso com Deus. Hebreus 10.22 claramente inclui uma ordem em que somos convidados ao culto como resultado de termos “o coração purificado de má consciência, e o corpo lavado com água pura”. Há diversos exemplos e textos bíblicos que tratam dessa questão. Veja, por exemplo, a maneira como Deus rejeita o culto de Caim (Gn 4.5), e o ensino de 1 João 3.11-15 acerca da maneira como devemos amar nossos irmãos antes de expressarmos culto (Mt 5.23-24). O Salmo 51é também excelente exemplo de como acertar com Deus nossa vida antes de oferecermos a Ele o culto em forma de sacrifício. O Antigo Testamento, especialmente nos ensinos dos Profetas, é repleto de sérias advertências contra a incoerência de um povo que prestava culto sem vida íntegra que pudesse agradar a Deus (Is 1.10-17).Um sério perigo para o qual fomos alertados pelo próprio Senhor Jesus é o de adorarmos ao Senhor com os lábios, mas tendo o coração longe de Deus (ver Is 29.13 e Mc 7.6-7). III. Os participantes de um culto são parte de um grupo Somos parte de uma comunidade que adora. O culto é exercício congregacional (Hb 10.24-25). Cantamos, oramos, ouvimos a pregação da palavra de Deus. Sendopessoas que adoram em comunidade, podemos facilmente ser guiados de forma errada, conduzidos para um caminho que não é o do verdadeiro adorador. Nesse caso, podemos ser cúmplices de um projeto desastroso e inútil. Corremos ainda o risco de ser manipulados por alguém que deveria servir ao Senhor no trabalho de conduzir em adoração. Como evento que ocorre em grupo, o culto é oportunidade para edificação mútua, momento de fazer algo em comum. Embora possamos orar no interior de nosso quarto (Mt 6.6), quando falamos em culto na igreja, estamos falando em ajuntamento de pelo menos duas ou três pessoas concordando em oração (Mt 18.20). Além dos diversos exemplos do Antigo Testamento que demonstram o valor de estarmos “unidos e reunidos” para o culto (basta lembrar as festas planejadas pelo Senhor para reunir o Seu povo – Lv 23.1 e seguintes), devemos ressaltar que diversas das funções básicas da igreja foram planejadas para ocorrer em culto coletivo. Reunimo-nos para celebrar o Senhor, para interceder pelo povo de Deus (especialmente pelos que sofrem), para disciplinar os que se desviam da vida cristã adequada, para a celebração da ceia do Senhor, para o ensino e assim por diante (At 6.1-4; 12.11-12; 15.6, 22). A igreja primitiva perseverava unânime (At 2.42-47). Enquanto individualmente representamos partes isoladas do corpo de Cristo que atuam em conformidade com os seus talentos e dons, é na expressão de grupo que mais de perto expressamos o ministério de edificação mútua. Vale a pena dar uma olhada em 1Coríntios 12. Não há justificativa para a atitude de alguns irmãos que abandonam a sua congregação (Hb 10.25) e passam a “assistir culto” pela televisão, ou passear pelas igrejas e pelos eventos religiosos. O ensinamento bíblico claro é que devemos ter compromisso com uma congregação, e junto com a igreja prestarmos culto ao Senhor. Conclusão Finalmente, os participantes do culto são pessoas que aguardam o dia especial da vinda de Cristo (Hb 10.25) e anseiam participar nos céus da mais perfeita expressão de culto que se pode imaginar (Ap 5.6-14). Aqui vemos a participação em um grande culto com “milhões de milhões e milhares de milhares” – “toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar... dizendo: ‘Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio para todo o sempre’... Também os anciãos se prostraram e adoraram”(Ap 5.11-14). Além disso, a adoração verdadeira inclui integralmente a pessoa do adorador. Essa inclusão significa que a mente (inteligência, razão), os sentimentos (emoções) e ação (força) tomam parte do culto cristão. Não há justificativa para o fato de alguém separar o culto como se fossem duas ou três igrejas cultuando separadamente (ver Ef 2.11-22; 4.1-6). Toda a nossa expressão de culto deve tomar dois cuidados especiais: primeiro, o de jamais dividir o corpo que presta culto a Deus (cultuamos como igreja, corpo de Cristo); o segundo é o de jamais dividir o culto que o corpo de Cristo presta ao Senhor. 7 Os dirigentes do culto Pr. João Batista Cavalcante texto básico 1Coríntios 14.26-33 versículo-chave 1Coríntios 14.40 “(no culto) Tudo... seja feito com decência e ordem.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você será alertado para a importância do papel dos dirigentes do culto, orientando esses irmãos e irmãs para que exerçam sua função com conhecimento e zelo. leia a Bíblia diariamente seg 1Co 14.1-8 ter 1Co 14.19-25 qua Hb 9.23-28 qui Hb 10.19-25 sex Ef 4.1-6 sáb Ef 4.7-16 dom Ef 2.11-22 O culto coletivo, quase inevitavelmente, pressupõe dirigente e dirigidos. Alguém precisa organizar o culto, suas partes e atividades, para que outros possam seguir o que é proposto. O modelo dos sacerdotes no Antigo Testamento foi seguido pelo trabalho dos levitas, com destaque para Asafe, o líder de louvor nos tempos do rei Davi. Os salmistas não apenas buscavam pessoalmente o Senhor como, muitas vezes, também lideravam o povo para o louvor que deve ser dado ao Senhor, inclusive com salmos responsivos, cânticos de procissão para a Casa do Senhor, convite ao arrependimento e retorno ao Senhor. A liderança evangélica apresentada no Novo Testamento é essencialmente um convite à adoração e ao culto que é devido ao nome do Senhor. Essa foi a prioridade assumida pelos apóstolos quando viram o crescimento da igreja (At 7). Como líderes cristãos, somos muitas vezes revestidos da autoridade e da função de conduzir o povo perante o Senhor. Que grande responsabilidade! Para onde estamos conduzindo o povo? Como estamos fazendo isso? Devemos entender sempre a seriedade do trabalho daqueles que assumem a tarefa de ir à frente, dar exemplo, orientar o assunto, definir a forma, e convidar outros a irem para onde eles mesmos estão indo: a presença do Senhor, a quem adoramos! Há alguns fundamentos que devem ser refletidos por todos nós que compomos a igreja do Senhor, e especialmente por todos aqueles que conduzem o povo em culto ao Senhor. I. Alguém que cultua Há princípios básicos para aqueles que vão dirigir o povo num culto verdadeiramente bíblico. 1. Para onde olhamos quando dirigimos o culto O primeiro fundamento neste estudo diz respeito à direção (rumo) que olhamos quando dirigimos o culto. Há igrejas em que o dirigente do culto se vira para o altar, da mesma maneira como as outras pessoas, quando se dirigem a Deus em oração ou louvor. Talvez seja um exagero porque eles creem que Deus está concretamente no altar (assim como também estaria no pão e no vinho). Nós entendemos que não há necessidade de uma visão tão literal e concreta do que significa a presença de Deus. Do outro lado, há grande perigo de engano quando dirigimos o culto olhando para o povo. Além do risco de nos esquecermos de que estamos perante o Senhor, ainda “atuamos” como se estivéssemos nos apresentando (dando um espetáculo) para a congregação. 2. O dirigente do culto é uma pessoa que adora Precisamos saber que a primeira qualidade fundamental do dirigente do culto é que seja ele mesmo uma pessoa que adora. O sacerdote, no tempo do Antigo Testamento, primeiro sacrificava pelos seus próprios pecados, para só então sacrificar pelos pecados do povo (Lv 16.11). Deve estar consciente da presença do Senhor, reverenciá-Lo e servi-Lo, dando sempre a glória devida ao único que merece culto: nosso Deus e Senhor. Ainda que não precisemos dar as costas para o povo (pois estamos nos comunicando com esse povo), carecemos de lucidez para perceber com segurança a presença bendita do Senhor. Somos os primeiros a “tirar as sandálias dos pés” (Êx 3.5), os primeiros a perceber a dimensão do ato de aproximar-nos perante o Santo dos Santos “pelo novo e vivo caminho” (Hb 10.20) que nos foi aberto mediante a morte de Jesus Cristo. 3. O dirigente não é o objeto do culto Fique bem claro: não somos o objeto do culto, estrelas de um show “evangélico” (o Senhor nos livre de tamanha abominação!). Não somos também “animadores de auditório” esforçando-nos para agradar ao povo consumista e exigente deste século. Somos “povo do povo”, crentes com os crentes, que comparecem diante de Deus para cultuar o nome do Senhor e honrar a Sua glória. II. Alguém que lidera Outro fundamento importante diz respeito ao fato de que nos tornamos uma referência para as pessoas que cultuam: somos os líderes. Pesa sobre o dirigente do culto o fato de que há uma autoridade investida. As pessoas acreditam que o dirigente é um “ministro de Deus”(At 26.16; 1Co 11.23). Elas creem que o dirigente conhece os caminhos do Reino, e que, caminhando sob a liderança dele, certamente estarão caminhando para o lugar certo e da maneira certa perante o Senhor. As pessoas cantam o que o dirigente escolhe para se cantar, posicionam-se como lhes é sugerido que fiquem, dizem “amém” à oração que o dirigente profere. Elas creem que atendendo à mensagem que é pregada estarão agradando a Deus. Raramente têm espaço (ou preparo) para questionar o conteúdo, a forma, ou qualquer detalhe do culto. Em muitas ocasiões, “usamos”um irmão jovem, ou mesmo um adolescente (em alguns casos um recém-convertido), que vai à frente e conduz o povo em culto, e dá “lições de moral”, exorta o povo, manda levantar, assentar-se, falar ou deixar de falar – tudo com a autoridade delegada pelo pastor, pelo “ministro de louvor” ou pela congregação da igreja. O trabalho principal do dirigente do culto é captar os sentimentos e os desejos das pessoas que compõem a igreja, e ajudá-las a se expressarem de forma adequada perante o Senhor. Ele é uma pessoa que vai à frente (literalmente, um ancião) e leva outros consigo (Hb 13.7, 17). Sua oração não é individual, mas coletiva. Não usa a oportunidade à frente do povo para se perceber um privilegiado e imprimir seus gostos pessoais, seus pedidos individuais e suas angústias, mas se coloca em posição de interpretar o povo perante o Senhor e trazer ao povo a Palavra desse mesmo Senhor (1Co 14.3). Além de conhecer profundamente o povo a quem lidera, o dirigente do culto deve ter autoridade espiritual, transparência e fidelidade para representá-lo perante Deus. Nesse sentido, todo o trabalho de direção de culto é sacerdotal e deve ser exercido com temor e tremor perante Deus. III. Alguém que ministra Um terceiro e importante fundamento neste estudo sobre a pessoa do dirigente do culto é lembrar-se de que ele é um servo – uma pessoa que ministra. Conforme o Dr. Shedd, em seu importante livro Adoração Bíblica, a adoração da igreja cumprirá seu objetivo se seguir os seguintes princípios: 1. O louvor “vocaliza” a dignidade, a beleza da pessoa de Deus e a perfeição do Seu caráter. Deve, ainda, convidar todo homem a atribuir glória ao Pai maravilhoso (Sl 46.10). 2. A confissão do pecado que cometemos externa o reconhecimento da nossa indignidade e declara nosso arrependimento pela rebelião contra a expressa vontade de Deus... e confia no Seu imediato e imerecido perdão (1Jo 1.9). 3. Nossa oração procura assimilar os pensamentos de Deus; expressa petições de acordo com Seus conhecidos desejos. Amor genuíno funde os desejos dos que buscam o Reino e a vontade única de Deus. 4. A mensagem, ouvida ou lida, suscita pensamentos de gratidão e encorajamento. Serão veículos de transformação de inimigos em amigos que a Ele buscarão agradar (Jo 15.14-15). 5. A música atrai o coração para a beleza de Deus revelada na criação, na redenção e na regeneração, refletindo assim a harmonia do universo por Ele criado. Conclusão Seria difícil imaginar uma tarefa mais grandiosa e honrosa do que aquela que é confiada aos dirigentes do culto. Do ponto de vista da igreja, trata-se de uma enorme confiança depositada na pessoa que a lidera perante o Senhor. É a igreja quem concede autoridade ao crente, num ato de confiança naquilo que vai falar ou fazer. Do ponto de vista do dirigente, trata-se de uma tarefa extremamente solene de comparecer diante do Senhor, com temor e tremor, desejando agradar e honrar a Deus. aplicação Os dirigentes do culto e todos os membros da igreja devem investir tempo, oração e preparo para que ofereçam o melhor de seu trabalho para louvar e honrar o Senhor. Quanto mais adequada for a visão que temos acerca de quem é o nosso Deus, e quanto mais conscientes formos da honra conferida aos que se aproximam do santuário de Deus para culto, melhor será nossa compreensão do investimento emocional e espiritual de nossa vida nesse ministério de direção do culto. Ao Senhor, honra, glória e louvor! 8 A pregação no culto Pr. Jessé Ferreira Bispo texto básico Neemias 8.1-9 versículo-chave Tiago 1.22 “Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai se conscientizar do valor da pregação e se sentirá motivado a assumir algumas responsabilidades no culto a Deus. leia a Bíblia diariamente seg At 2.14-41 ter At 20.7-12 qua Ne 8.1-9 qui Tg 1.22-25 sex Is 6.8 sáb At 22.1-21 dom At 7.1-53 Estudaremos nesta lição o valor que a pregação da palavra de Deus tem para Seu povo. Tanto na história do povo judeu, como na da igreja, ela é considerada uma parte particular no culto a Deus. Deus fala ao Seu povo por meio dela. Um bom exemplo é o de Spurgeon, um dos mais importantes pregadores da igreja. Ele foi alcançado para Cristo no culto de uma pequena igreja, pela pregação de um simples sapateiro. Nestes dois milênios de existência da igreja, fica evidente a importância do papel da pregação para que o evangelho chegasse até nós. Ela sempre foi parte dominante do culto. Há registros de que em muitas ocasiões o culto a Deus se restringia a alguns cânticos, orações e a pregação, sendo o último elemento dominante. Sem dúvida a pregação é um grande instrumento para Deus falar com o homem. Como é maravilhoso observar que Ele usa homens imperfeitos, pecadores e com muitas falhas, para transmitir Sua Palavra perfeita e infalível! Não podemos ignorar o poder do Espírito Santo por trás de todo pregador do evangelho. Como disse corretamente Lloyd-Jones, a verdadeira pregação, no fim das contas, é Deus atuando. Não se trata de um homem meramente articulando palavras, mas Deus usando-o. Vamos observar nesta lição alguns elementos que são muito importantes para esta solene parte do culto evangélico. I. A reverência para ouvir a pregação Os muçulmanos fazem do momento de culto a Alá um momento solene. Ficam descalços, ajoelham-se e fazem profundo silêncio para o culto. O povo de Israel também aprendeu que é um momento de silêncio e de elevar seus pensamentos a Deus. No período da reconstrução de Jerusalém, Esdras leu o Livro da Lei em um culto ao ar livre, em uma praça para toda a congregação (Ne 8.1-9). É interessante observar que: 1. Esdras usou o serviço do púlpito do romper da manhã até o meio-dia; 2. o povo tinha ouvidos atentos e entendia a mensagem; 3. o povo permaneceu de pé por aproximadamente seis horas; 4. após o serviço, o povo levantou as mãos, inclinou o rosto em terra e adorou ao Senhor. Certamente todas as partes do culto: os cânticos, as orações, os testemunhos dos feitos de Deus, devem ser apresentados como sacrifício de aroma agradável ao Senhor. Porém, a mensagem é um momento sublime. Nada deve tirar a atenção do que Deus tem a dizer a mim, especificamente. Não é momento de conversa, de mandar um recado para o dirigente do culto, nem mesmo de desviar meu pensamento para outra coisa que não seja a mensagem que está sendo pregada. Devemos sair com o nosso coração ardendo, com o peso da responsabilidade de pôr em prática o que ouvimos. aplicação Será que tenho o coração aberto para ouvir a mensagem de Deus quando vou ao culto? Meus pensamentos estão completamente concentrados na pregação? II. O preparo para ouvir a pregação Há grande valor no crente que cultiva uma vida de oração em favor deste serviço do culto. A história nos revela que grande parte dos avivamentos do mundo foi fruto de crentes que desenvolveram o hábito de orar em favor da pregação da palavra de Deus. Devemos pedir que Deus fale conosco, revelando nossos pecados, mostrando Seus propósitos, e, acima de tudo, buscando a possibilidade em conhecê-Lo mais. Entre outras coisas, devemos pedir a Deus: 1. capacidade para o pregador ter uma vida de santidade; 2. que Seu Espírito instrua o pregador no que deve ser dito; 3. que tanto eu como os demais ouvintes possamos ouvir e aplicar a mensagem. Nem sempre a mensagem é algo que o pregador quer dizer e seus ouvintes querem ouvir. Mas devemos pedir que Deus fale o que Ele quer nos dizer; 4. que nada venha a distrair os que vão ouvir a mensagem. Grande parte do preparo da pregação está sob a responsabilidade do pregador. Ele deve ter tempo para ouvir o que Deus tem a dizer. Tem que estudar com profundidade, e por um bom período, as Escrituras. Deve ler muitas vezes os textos que vai pregar; ter um profundo preparo em oração para ser somente instrumento nas mãos do Espírito Santo; ter um único objetivo ao final da pregação: saber que foi apenas instrumento nas mãos de Deus. Se houver alguma honra, ela deve serdedicada exclusivamente a Deus. Depois que a mensagem for pregada, devemos continuar a orar, pedindo a Deus que o coração, tanto dos ouvintes como do próprio pregador, seja como a boa terra na qual foi lançada a semente. Que a pregação venha a produzir muitos ebons frutos! aplicação Reconheço o poder que a oração tem sobre a pregação? Estou disposto a orar e até a jejuar para que o púlpito da igreja na qual congrego seja um lugar onde o próprio Deus fale com o Seu povo, e converta o coração dos pecadores? III. A aplicação da pregação Um bom princípio para poder pôr em prática o que ouvimos da mensagem pregada é ter um bloco de anotações para registrar seus pontos. Frequentemente quem está atento será confrontado por Deus. Há lições que exigem ações práticas de nossa parte, como: pedir perdão a alguém, visitar um doente, evangelizar um amigo. Conta-se que um pregador trouxe uma mensagem aos crentes de sua igreja. Na semana seguinte, ele pregou a mesma mensagem. Na terceira semana, voltou a pregar a mesma mensagem. Alguns líderes da igreja procuraram o pastor para saber se havia algum problema para ele pregar a mesma mensagem por várias semanas. O pregador respondeu que estava fazendo isso porque durante aquelas semanas não havia observado mudanças em relação à mensagem pregada na vida dos crentes da igreja. Se observarmos, veremos que os profetas fizeram isso. Alguns por muitas décadas. A palavra de Deus deve produzir mudanças em nossa vida. As pessoas que convivem conosco têm de observar que a cada dia somos mais parecidos com Cristo. Tiago condena, em sua carta, quem apenas ouve e não põe em prática os ensinamentos da palavra de Deus. E diz que essa pessoa engana a si mesma. aplicação Quais as mudanças que observo em minha vida nestas últimas semanas em decorrência da pregação da palavra de Deus? Como posso ser mais praticante dos ensinos do evangelho em meu viver diário? Conclusão A igreja contemporânea tem perdido a consciência da relevância da pregação da palavra de Deus no momento do culto público. Muitos têm dedicado um espaço de tempo muito curto para este importante serviço. O povo de Israel passou cerca de seis horas de pé ouvindo a pregação, inclusive as crianças (Ne 8.1-9). Na cidade de Trôade, Paulo dedicou pelos menos seis horas à exortação bíblica. E isto durante toda a madrugada (At 20.7-12). Nosso incentivo ao final desta lição é pedir a Deus que: 1. fale com Seu povo pela pregação; 2. capacite os pregadores para essa sublime tarefa; 3. capacite os ouvintes a viver Seus propósitos; 4. possamos consagrar um tempo adequado em nossos cultos para ouvi-Lo. Lembre-se de que o objetivo do culto é agradar a Deus. É muito positivo quando Seu povo O alegra obedecendo ao que Ele fala. A Bíblia ensina que obedecer é melhor que sacrificar (1Sm 15.22). 9 A música no culto Pr. Wilson Nunes texto básico Salmo 150.1-6 versículo-chave Êxodo 15.2 “O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Este é o meu Deus; portanto, eu o louvarei; ele é o Deus de meu pai; por isso, o exaltarei.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você entenderá a importância da música no culto, assim como o cuidado com que ela deve ser escolhida para louvar a Deus adequadamente. leia a Bíblia diariamente seg Jó 38.4,7 ter 1Cr 23.5 qua 2Cr 5.12-14 qui Ef 5.19-20 sex Cl 3.16 sáb Tg 5.13 dom Ap 14.2-3 A música é um meio universal de expressão. Em todas as culturas, em todas as épocas, a música sempre esteve presente. Ela foi criada por Deus. Desde o ato criativo já podemos ver a presença da música(Jó 38.4, 7). A música sempre ocupou papel fundamental no culto de adoração a Deus. Salmos, o “livro dos louvores”, é o mais extenso da Bíblia. No culto do Antigo Testamento, havia quatro mil músicos levitas e 288 cantores empregados para louvar a Deus. Além disso, o texto bíblico registra que mais de cem sacerdotes eram responsáveis pelo serviço com um instrumento (cf. 1Cr 23.5; 25.7; 2Cr 5.12-13). Só essas grandezas já mostram a importância que a Bíblia dá à música no culto a Deus. Quanto mais minimizamos a música reduzindo-a a período muito breve, quanto mais permitimos que essa parte do culto se torne sem graça e a preparamos de forma desleixada, tanto mais nos distanciamos do padrão bíblico. Por ser um assunto importante, abordar este tema exige cuidado e sensibilidade. Talvez nenhum outro setor do serviço religioso provoque tanta tensão e tantas manifestações apaixonadas quanto esse, que, muitas vezes, acaba causando divisão entre as gerações. A música não pode ser fator de discórdia, e sim de união. Portanto, nosso propósito não é discutir o estilo da música que deve ser usada no culto, se o melhor seriam hinos tradicionais, músicas clássicas ou músicas modernas. Argumentos existem de todos os lados e já foram usados noutras épocas. Cremos, no entanto, que existem alguns princípios gerais com os quais todos concordam, sobre os quais podemos construir nosso conceito musical para o culto na igreja. I. Que é música Segundo a Enciclopédia Britânica Barsa, “Música é a arte de coordenar fenômenos acústicos para produzir efeitos estéticos”. Mas essa arte, que é patrimônio da humanidade, não produz o mesmo efeito estético em todos. Isso porque as culturas, assim com as experiências, são diferentes. Um exemplo clássico pode ser notado na reação dos ocidentais escutando música oriental e vice- versa. Embora músicas de países como China, Índia, Países Árabes possam nos parecer tecnicamente interessantes, podem nos parecer incompreensíveis esteticamente ou não nos trazer prazer pleno. Contudo, elas são significativas para os membros das culturas daqueles países. Precisamos entender que música é simplesmente uma sequência de notas em determinado ritmo e que em si ela é neutra, nem boa nem má. II. Que é música sacra É interessante observar que a Bíblia não determina as músicas, os instrumentos e o estilo da música que deve ser usado no culto. O ritmo não é relevante. O que faz com que ela seja sacra são os textos, a mensagem que veicula (letra). Mas se é verdade que não devemos defender um único tipo de ritmo como música espiritual, por outro lado, também é verdade que precisamos parar de afirmar que qualquer música é sacra em si mesma. De fato, existem algumas características importantes que marcam a sua natureza sacra. Os princípios a seguir nos indicam os efeitos que ela deve produzir no culto para que seja considerada sacra ou espiritual. 1. A música deve edificar a comunhão (2Cr 5.12-14) Este texto é um dos mais bonitos sobre o que a música pode produzir em um culto. Ela tem a tarefa de gerar unidade na diversidade dos participantes do culto. Sempre que isso acontece, a presença de Deus é experimentada, de forma bem perceptível, como uma nuvem que se põe sobre o povo de Deus. A música congregacional deve ser uma oportunidade de unir as vozes para expressar sentimento, esperança e gratidão de todos a Deus. Como Jowett criticou: “Muitas músicas se caracterizam por individualismo exagerado que as torna impróprias para uso geral no culto público. O culto público não é um meio de graça em que cada um pode afirmar a sua individualidade e auferir auxílio só para si. Não se deve supor que a congregação é uma porção de unidades isoladas, cada qual tendo em vista algo particular e pessoal a buscar.” Com isso ele sugere que a música ideal para o culto público é aquela que privilegia as letras escritas no plural (nós, para nós, por nós, etc.) em vez da que emprega apenas o singular. 2. A música deve anunciar (Cl 3.16-17) Este texto nos dá o princípio que a música precisa servir à Palavra e preparar a congregação para ouvi-la. A música é um meio muito eficaz para realçar a proclamação no culto. Versículos bíblicos, confissões de fé e de confiança em Deus, até apelos e convites para decisões, como também afirmações doutrinárias podem ser transformados em música, e por meio dela alcançar as profundezas do nosso ser. Nesse aspecto, o músico cristão precisa fazer de tudo para que sua música
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